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R$ 21,90

PESO POSITIVO NA BALANÇA Apesar de recessão na economia brasileira, agronegócio movimenta mais de R$ 61 bilhões em Santa Catarina

N° 12

Outubro, Novembro e Dezembro de 2016

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Leia nesta edição 10. importação de suÍnos Possibilidade de abrir o mercado para importação de carne alerta produtores

18. menos burocracia Plano Agro+ quer implantar medidas para simplificar ações e modernizar o agronegócio

20. tilápia aliada da saúde Pesquisa utiliza couro do peixe como curativo no tratamento de queimaduras

26. sem chuva Levantamento aponta 2016 como o ano mais quente da história. Previsão é de estiagem

28. jovens preferem campo Curso Técnico em Agronegócio atrai jovens para permanecerem em propriedades

08. nosso vale mais verde Viveiro florestal tem meta de produzir 50 mil mudas por ano para distribuição gratuita 4

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14. produtividade em alta Com mais de 700 mil em empregos diretos agronegócio representa 29% do PIB catarinense

24. Queijos rumo ao rio Roberto Dinamite inicia tratativas para a compra de lacticínios do Vale de Braço do Norte


artigo

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Combatendo a praga da burocracia

Brasil já perpetrou vários esforços para reduzir o absurdo que representa a burocracia na vida das pessoas, das famílias e das empresas. Uma das iniciativas mais notáveis foi a criação do Ministério da Desburocratização, na forma de uma secretaria do poder executivo federal que existiu de 1979 a 1986 com o objetivo de diminuir o impacto da estrutura burocrática na economia e vida social brasileiras. Foi um período de avanços no qual foram criados os Juizados de Pequenas Causas e o Estatuto da Microempresa. Hélio Beltrão, o primeiro dos três ministros daquela pasta, prelecionava que “o brasileiro é simples e confiante. A administração pública é que herdou do passado e entronizou em seus regulamentos a centralização, a desconfiança e a complicação. A presunção da desonestidade, além de absurda e injusta, atrasa e encarece a atividade privada e governamental”. Algumas décadas depois, o Ministério da Agricultura lança o arrojado programa AGRO + ancorado em 69 medidas voltadas à redução da burocracia e à busca de maior eficiência na gestão pública. Produtores e empresas rurais, indústrias de processamento de grãos, carnes e lácteos, exportadores e todos os agentes econômicos da imensa cadeia produtiva do agronegócio não suportam mais a dimensão e o absurdo da burocracia estatal. Além das variáveis imprevisíveis do setor - clima, mercado etc - os produtores rurais e os empresários sofrem com exigências incoerentes, caras, absurdas, procrastinadoras e absolutamente inúteis. Uma das linhas do programa é agilizar o comércio de produtos agropecuários, modernizando todas as estruturas, simplificando os processos de gestão e abrindo o País para o mundo. O sucesso dessas medidas resultará em mais empregos e renda para o país. A participação do Brasil no comércio mundial agrícola deve crescer de 7% para 10%

expediente Diretores Fernando Freitas | SC 01435-JP Melito Schlickmann Magno Schlickmann Melquior Schlickmann Departamento Comercial Mara de Oliveira Coordenação de jornalismo Suellen Souza - editora | SC: 44851-JP Colunista Diogo Schotten Becker – coordenador

POR Mário Lanznaster Autor é presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vicepresidente para o agronegócio da Fiesc

em cinco anos, o que representará o ingresso de mais de US$ 30 bilhões na economia brasileira. Meu otimismo com esse programa é sua gênese: foi elaborado a partir de 315 demandas enviadas ao Mapa e de consultas a 88 entidades do setor produtivo. O AGRO+ tem três objetivos: transparência e parcerias, melhoria do processo regulatório e normas técnicas e facilitação do comércio exterior. Entre as medidas, estão o fim da reinspeção em portos e carregamentos vindos de unidades com Serviço de Inspeção Federal (SIF); o lançamento do sistema de rótulos e produtos de origem animal; a alteração da temperatura de congelamento da carne suína (-18ºC para -12ºC); a revisão de regras de certificação fitossanitárias; e o aceite de laudos digitais também em espanhol e inglês. Essas medidas vão modernizar e dinamizar a administração do Ministério, sem perda do rigor com a defesa sanitária. Acredita-se que a desburocratização permitirá ao setor privado e ao governo um ganho de eficiência calculado em R$ 1 bilhão ao ano, o que representa 0,2% do faturamento anual do agronegócio (cerca de R$ 500 bilhões). Como diz o slogan, “queremos um Brasil mais simples para quem produz e mais forte para competir”

Departamento de Criação Pricila Canedo Gabriela Rousseng Departamento Financeiro Ezequiel Philippi Revisão Ortográfica Sidiana Santos Assinaturas Zula Coradelli Fone: |48| 3651 2700 Av. Felipe Schmidt, 2244. Sala 13. Centro - Braço do Norte - Santa Catarina CEP: 88750-000 contato@negocioagro.com.br

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NegócioAGRO é uma publicação bimestral da FM3 Líder em Comunicação. Tem sua circulação dirigida ao produtor rural, casas agropecuárias da Comarca de Braço do Norte e as empresas que distribuem aqui seus produtos ou prestam serviço. Garanta o recebimento de seu exemplar: Assinatura anual: R$ 120,00.

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Milho Os preços internos do milho estão em queda em quase todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Na última semana, vendedores estiveram mais dispostos para negociar e, com isso, elevaram a oferta doméstica. Essa postura está atrelada a forte queda das exportações e ao aumento das importações. Com as recentes baixas, os valores do cereal estão próximos dos menores patamares de 2016, observados em janeiro/16. Na sexta-feira, 11, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas - SP) fechou a R$ 39,33/saca de 60 kg, queda de 3,15% frente a sexta anterior, 4. Para as próximas semanas, estimativas oficiais reforçam a possibilidade de crescimento na oferta.

Soja

diogo schotten becker

As frequentes chuvas em regiões produtoras de soja na Argentina vêm deixando produtores daquele país atentos quanto a um possível atraso no cultivo da oleaginosa. Esse cenário, somado a forte alta do dólar na última semana, elevou o interesse de produtores brasileiros em negociar o volume remanescente da safra 2015/16 e parte da temporada 2016/17. Assim, os preços da soja subiram em muitas regiões brasileiras nos últimos sete dias.

Soja II A safra de soja norteamericana não para de subir. Os dados do dia (9) de novembro do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicam, agora, uma produção de 118,7 milhões de toneladas. A produção média, por hectare, será de 58,8 sacas.

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giro pelo campo

- Formado em Gestão de Agronegócios pela Unisul. - Especialização em Gestão de Empresas pelo Unibave. - Cursando Engenharia Agronômica pelo Unibave. Atualmente é produtor de suínos e gado de leite, professor do colégio agrícola e ex-diretor de agricultura de Braço do Norte. Fone: (48) 9634 6259 contato@negocioagro.com.br

Trigo A divulgação pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos - Usda das novas estimativas de produção mundial de trigo em 2016/17 no mês de outubro, identificou que o volume de produção estimado elevou-se de 735,0 milhões para 744,4 milhões de toneladas, ou seja, 27,9% acima dos volumes colhidos em 2015/16.

Feijão comum preto O produto segue com demanda retraída e preços estáveis, com o mercado sendo abastecido com volumes mais significativos da Argentina, China e Bolívia. No mercado atacadista de São Paulo o produto extra segue bastante escasso, cotado, em média, a R$ 277,50.

2ª Estimativa de Safra A estimativa da safra 2016/17 de grãos pode variar de 210,9 a 215,1 milhões de toneladas, de acordo com o 2º levantamento da safra, divulgado nesta quintafeira (10), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O crescimento da produção poderá ser de até 15,6% em relação à safra anterior, que foi de 186,1 milhões.

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Área plantada Á previsão de ampliação da área total plantada, deve se situarse entre 58,5 e 59,7 milhões de hectares, o que representa um crescimento de até 2,3%, se comparada com a safra 2015/16. Com exceção do algodão e do amendoim primeira safra, todas as demais culturas de primeira safra tiveram incremento de área plantada.

Safra de Inverno 2016

Suínos Preço melhor? A tonelada de carne suína foi a US$ 2.630 no mês de novembro, 19% mais do que há um ano. As receitas já somam US$ 1,2 bilhão neste ano, segundo a ABPA (associação do setor).

Para a safra de inverno 2016, o trigo é o destaque e a produção deverá ser de 6,3 milhões de toneladas, ou seja, 14,5% superior à safra passada. No caso da cevada, há uma leve redução de área, mas a produção será de 331 mil toneladas, com a recuperação da produtividade. A canola e o triticale também apresentaram aumento de área e produtividade. A primeira deve produzir 75 mil toneladas e o segundo, 65,7 mil toneladas.

Acima do esperado O setor de suinocultura não esperava exportar tanto como está exportando. Até outubro, foram 615 mil toneladas, 38% acima do volume de janeiro a outubro do ano passado.

Estação Quarentenária de Cananéia

Continua

O ritmo acelerado continua neste mês, quando as exportações poderão atingir 60 mil toneladas apenas com carne “in natura”.

O ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) inaugurou dia 10 de novembro, uma nova unidade de suínos na Estação Quarentenária da Ilha de Cananéia (SP) – referência em quarentena animal no país. A obra teve custo de R$ 2,5 milhões e foi feita por meio de parceria público-privada (PPP) com a Associação Brasileira de Empresas de Genética de Suínos (Abegs) e a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). O ministério fornecerá a mão de obra e a segurança à unidade.

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Mudas ao seu alcance

Viveiro, com sede em Braço do Norte, quer ter uma produção anual de 50 mil mudas

Viveiro, que faz parte do Projeto Nosso Vale mais Verde, vai oferecer mudas gratuitamente à população de Braço do Norte. Previsão de início da distribuição é para janeiro

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raço do Norte ganhou, em agosto deste ano, um viveiro de mudas florestais. A iniciativa é uma parceira da Administração Municipal, com a Moldurarte, Santa Luzia, Cerbranorte e Afubra e faz parte do Projeto Nosso Vale mais Verde, da Secretaria da Agricultura. Com as mudas plantadas e em desenvolvimento, a previsão é que a distribuição, que será gratuita, inicie em janeiro de 2017. De acordo com Alison Pereira da Silva, engenheiro agrônomo da Se-

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cretaria da Agricultura, além da educação ambiental, o viveiro tem como finalidade contribuir com o desenvolvimento de áreas degradadas. “Quando montamos o projeto, tivemos a preocupação em buscar parceiros para que eles trouxessem a sociedade para dentro dessa preocupação ambiental, e o viveiro serve para os trabalhos de educação ambiental, com as escolas, por exemplo, além da produção das mudas de árvores nativas para a recuperação de áreas degradadas e que serão fornecidas

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gratuitamente as pessoas interessadas, como agricultores e empresas”, destaca Alison. Segundo Alison, essa ação é voltada para a sociedade e aberta ao público. “A princípio pensamos em fazer dentro do município, mas também pode ser estendido a nível de região, já que as empresas também atuam em toda a região. Então, se Deus quiser, dessa sementinha que plantamos, vai crescer, frutificar e vai espalhar essas sementes para outros municípios”, ressalta Alison.


Produção anual será de 50 mil mudas O objetivo do viveiro de Braço do Norte é produzir 50 mil mudas por ano. No entanto, vários fatores terão que colaborar para alcançar a meta. “Como começamos a produção em agosto, neste ano, atingimos 10 mil mudas de árvores. Acredito que até agosto do ano que vem, quando vamos celebrar o primeiro ano, vamos chegar ao nosso objetivo”, acrescenta o engenheiro agrônomo. As mudas que estão hoje no viveiro já germinaram, mas ainda não estão a ponto de entrega para a população. “Elas ainda não atingiram o tamanho ideal, não cresceram o suficiente que seria de 70 a 90 centímetros. Acredito que em meados de janeiro elas estarão prontas”, completa. A partir daí, as pessoas interessadas nas mudas ou em visitar o viveiro devem procurar a Secretaria de Agricultura para os procedimentos.

Viveiro fica localizado na Rua José Waterkemper, no bairro Vila Nova

Empresas da região apoiam o projeto A ação recebe o apoio de empresas de Braço do Norte, entre elas a Santa Luzia e a Moldurarte. De acordo com o gerente de gestão de pessoas, Jaison Heidemann, a empresa sempre teve grande preocupação com a proteção e recuperação ambiental. “O nosso principal objetivo é tentar mudar a consciência das pessoas, para que se preocupem com a preservação do meio ambiente. A Santa Luzia há bastante tempo se preocupa com a parte ambiental, por isso abraçamos essa causa, que é de extrema importância para a região, além disso, a parceria com as escolas é essencial, pois a educação da escola é primordial para que o futuro seja diferente. E por se tratar de mudas nativas torna-se mais importante ainda, porque na região não existe nenhum projeto que cultive esse tipo de árvore”, declara Jaison, que conta que já foram plantadas oito mil sementes, de várias espécies no viveiro

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IMPORTAÇÃO DE CARNE SUÍNA

Sinal de alerta é aceso em Santa Catarina

Informação de que o Brasil pode importar carne suína dos Estados Unidos tem tirado o sono dos produtores. Lideranças afirmam que ação não causará grandes impactos

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ano de 2016 será lembrado como um dos piores na história da suinocultura catarinense. O alto custo de produção e a baixa remuneração paga pelo quilo do suíno tornaram mais difíceis a vida de centenas de produtores que, desde o início do ano, operam sem margem de lucro. O cenário político e econômico pelo qual o Brasil atravessa frustra qualquer expectativa de reação de preços da proteína, já que o país contabiliza mais de 12 milhões de desempregados, fator que conspira para a retração do consumo no mercado interno. Com o atual cenário desanimador na atividade, as notícias ruins não param de surgir.

Recentemente, a informação de que o Brasil pode importar carne suína dos Estados Unidos tem tirado o sono dos produtores de Santa Catarina, mesmo com muitas lideranças do setor afirmando que a abertura de mercado não causará grandes impactos. Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as negociações já estão adiantadas para que os norte-americanos se tornem exportadores para o mercado brasileiro. O diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado de Santa Catarina (Sindicarne/SC), Ricardo de Gouvêa, compartilha da ideia de que a abertura de mercado da carne suína norte-americana para o Brasil trata-se de reciprocidade, uma vez que o

Brasil está habilitado a exportar para os Estados Unidos. “Acreditamos que eles não farão concorrência com a nossa proteína no mercado interno. Nós podemos exportar para os Estados Unidos, mas mandamos uma quantidade pequena de carne. Contudo, ter o mercado aberto com os Estados Unidos é muito importante, pois comprova a qualidade da nossa proteína”, avalia. O secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, também acredita que a carne suína dos Estados Unidos não terá competitividade no mercado brasileiro. “Nos destacamos por fazer cortes mais selecionados. Lá eles produzem carne com mais gordura, que não tem competitividade no mercado nacional”, garante o secretário.

Autoridades acreditam que carne norte-americana não terá como competir com a produção brasileira

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Longo caminho Em entrevista à Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), o vice-presidente técnico da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Rui Vargas, pondera que o interesse dos Estados Unidos em exportar carne suína para o Brasil foi um tema que gerou muita polêmica em torno dos possíveis impactos na cadeia produtiva. “Há uma intenção dos Estados Unidos em aprovar plantas para exportar ao Brasil. O caminho

é bastante longo nas questões sanitárias, avaliações das plantas e nos acordos entre os dois países. Mesmo com a habilitação, a distância entre você estar aprovado e vender é bastante longa e cheia de etapas a serem cumpridas”, analisa. Vargas cita que desde 2010 o Brasil está apto para exportar carne suína aos Estados Unidos, mas os norte-americanos não figuram sequer entre os 10 maiores clientes dos brasileiros. “Se o

Brasil quiser manter a característica de país exportador de carne suína, o Brasil precisa permitir o comércio em via dupla”, orienta o vice-presidente técnico da ABPA que enfatiza que a preocupação do suinocultor e demais segmentos do sistema produtivo é com o aumento do consumo da carne suína no fim deste ano. “Precisamos trabalhar com o marketing da carne suína brasileira, que é de qualidade e está em um preço bom”, completa.

Abertura de mercado preocupa a ACCS Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos teme os impactos que exportação pode causar A abertura de mercado da carne suína norte-americana para o Brasil é vista com receio pelo presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi. Para ele, se a transação for consolidada, Santa Catarina sentirá os impactos negativos. “Perdemos competividade devido ao alto custo de produção que o Brasil tem. Com preços mais competitivos fora do país, as grandes redes de supermercados poderão importar carne suína para abastecer suas gôndolas. Estamos preocupados e vemos que nossas lideranças políticas precisam tomar atitudes para que essa abertura não ocorra”, garante. A ACCS encaminhou um ofício para todas as lideranças do setor para que a importação da carne suína dos Estados Unidos seja barrada. “Entendemos que o comércio precisa ser livre e é uma mão de duas vias. Precisamos que o Brasil importe outros produtos dos Estados Unidos, mas não a carne suína”, alerta Lorenzi. Na opinião do presidente da Cooperativa Central Aurora, Mário Lanznaster, o alto preço do milho, componente que corresponde a 70% da ração animal de aves e suínos, ameaça o atual modelo produtivo em Santa Catarina. “A saca do milho posto em Chapecó custa para nós R$ 42. É vantagem produzir suínos e aves nos Estados Unidos onde o milho custa R$ 27. Se a gente fosse comparar, daria para trazer carne dos Estados Unidos. Não pensamos em fazer isso ainda, mas se analisarmos o lado econômico, não existe outra saída. As agroindústrias não conseguem repassar o custo de produção para o consumidor”, analisa.

Com custo de produção maior, produtores brasileiros estão apreensivos com a possível importação www.negocioagro.com.br

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Processo migratório da produção A suinocultura do Sul do Brasil estará ameaçada caso produtores e agroindústrias não consigam comprar milho em preços melhores. “Se isso não acontecer o nosso negócio é ir criar suínos onde o milho é mais barato”, diz Lanznaster, citando os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul como alternativas para a criação de suínos. O presidente da Cooperativa Central Aurora aponta que uma das alternativas para baratear o frete do milho seria ligar os estados produtores do cereal com as unidades federativas consumidoras através de ferrovias. “Faz mais de oito anos que se fala aos governantes sobre a

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necessidade de uma ferrovia, mas a situação não anda”, lembra Lanznaster que enaltece a mão-de-obra de Santa Catarina, mas reitera que o alto custo de produção pode alterar a dinâmica produtiva na suinocultura. “Não se investe mais aqui no Sul. Apenas complementamos algumas unidades, o forte do investimento não vai ser aqui. O governo já disse para nós que não está com vontade de montar a ferrovia. Nós temos duas saídas: ou produzimos suínos no Brasil central ou trazemos carne suína dos Estados Unidos, onde o milho é mais barato”, revela o presidente da Aurora.

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Relação Rússia x Brasil

O presidente da Cooperativa Central Aurora prevê que a Rússia, principal compradora de carne suína brasileira, pode diminuir o volume de importação por causa de acordos comerciais firmados, mas que não foram cumpridos. “Há quatro ou cinco meses a ex-ministra Kátia Abreu foi para a Rússia e se comprometeu em importar trigo e peixe da Rússia para o Brasil. Em contrapartida, eles comprariam carne suína brasileira. O Brasil não comprou trigo e nem peixe da Rússia. A Rússia já está cortando alguns frigoríficos do Brasil”, explica Lanznaster


produtores joel e AlexAndrA junkherr, locAlidAde de são josé dA reservA, sAntA cruz do sul/rs.

Ano

Após Ano, reforçAmos A crençA de que A grAnde

responsável pelo desenvolvimento dA culturA do tAbAco é essA pAlAvrA e o que elA representA pArA nós.

e são os

nossos pArceiros, produtores de tAbAco, que reforçAm esse significAdo AtrAvés do tempo.

por isso, hoje, nAdA

mAis justo do que prestArmos umA homenAgem A eles, que são os Alicerces dA empresA desde o seu início.

28/10 - Dia Do ProDutor De tabaco.

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á tempos o agronegócio vem segurando a balança comercial do país e a cada dia mostra a sua importância dentro do contexto de desenvolvimento da nação. Isto acontece mesmo com os problemas de logística e infraestrutura enfrentados pelo setor, que acaba perdendo competitividade e, de certo modo, não podendo crescer da forma que tem capacidade. O crescimento da economia catarinense tem sido impulsionado pelo setor agrícola nos últimos anos. Prova disso é que recentemente o Governo do Estado iniciou campanha de valorização do agronegócio catarinense. O setor se mantém competitivo em tempos de crise econômica e faz de Santa Catarina referência mundial em qualidade e sanidade dos rebanhos e produtos. Com mais de 700 mil empregos diretos, o agronegócio movimenta mais de R$ 61 bilhões, ou seja, 29% do Produto Interno Bruto (PIB) catarinense. Mesmo com apenas 1,12% do território nacional, Santa Catarina se consolida como grande produtor de alimentos e prova que as pequenas propriedades podem gerar renda e desenvolvimento. O estado tem quase 90% das propriedades rurais classificadas como de agricultura familiar e ainda assim é o primeiro produtor nacional de suínos, cebola, alho, ostras, mexilhões e pescados. O segundo maior produtor de aves, tabaco e arroz e está entre os maiores produtores de mel, banana e leite. Internacionalmente, Santa Catarina é reconhecido pela excelência sanitária de seus rebanhos. Hoje, é o único estado brasileiro livre de febre aftosa sem vacinação e, junto com o Rio Grande do Sul, é zona livre de peste suína clássica, com certificação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Títulos que dão ao estado acesso aos mercados mais competitivos do mundo, como Japão e Estados Unidos, que dão exclusividade para carne suína produzida em Santa Catarina.

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Pequeno, mas produtivo Agronegócio movimenta R$ 61 bilhões na economia catarinense

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Programas aumentam a competitividade Para fomentar a cadeia produtiva em Santa Catarina, o Governo do Estado investe em Programas que aumentam a competitividade e a qualidade de vida dos produtores rurais. “Nós reconhecemos a importância de quem produz nosso alimento. Se, hoje, Santa Catarina é referência no setor agropecuário é porque temos produtores dedicados, que trabalham incansavelmente e que buscam sempre melhorar. Os agricultores encontram na Secretaria e em suas em-

presas vinculadas um apoio para que possam investir, inovar e prosperar”, afirma. O Governo do Estado oferece aos produtores rurais catarinenses programas de fomento, aquisição de terras e regularização fundiária da Secretaria da Agricultura. Além do Fundo Estadual de Sanidade Animal (Fundesa) que indeniza os produtores pelo abate sanitário de animais acometidos por febre aftosa e outras doenças infecto-contagiosas contempladas em progra-

mas de controle sanitário do Estado. A Secretaria da Agricultura atua ainda na defesa sanitária animal e vegetal, pesquisa agropecuária, extensão rural, assistência técnica e comercialização de hortifrutigranjeiros, através de suas empresas vinculadas: Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e Centrais de Abastecimento do Estado de Santa Catarina (Ceasa/SC)

Agronegócio movimenta 29% do Produto Interno Bruto (PIB) catarinense

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2016 com bons números Valor Bruto da Produção Agropecuária Catarinense deve superar R$ 28 bilhões neste ano

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Brasil vive um ano de turbulências e fragilidades econômicas. Constantemente, os veículos de comunicação falam da acentuada queda de empregos, salários, produção industrial e nas vendas do comércio. Há três anos, a inflação não demonstra tendência de queda, o que implica na manutenção, pelo menos, das taxas de juros atuais. A falta de confiança agrava este quadro, com consequências sobre a quantidade de bens que os consumidores desejam comprar. Os gastos do Governo são contidos. Logo, o nível de endividamento das famílias, torna pouco provável uma expansão do consumo e, a recessão econômica atual não estimula a realização de investimentos privados na produção. Todas essas questões preocupam os

brasileiros que vivenciam momentos de tensão. Em meio a este cenário, o agronegócio sobrevive e traz esperança ao trabalhador rural. O Estado de Santa Catarina ocupa o quinto lugar em produção de alimentos no país e tem conquistado novas oportunidades nas atividades agropecuárias. A agropecuária catarinense deve encerrar o ano de 2016 com faturamento estimado em R$ 28,94 bilhões. O número representa o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), ou seja, o faturamento dos principais produtos da agropecuária em 2016. As estimativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento são de que o Valor Bruto da Produção Agropecuária do Brasil chegue a R$ 518,1 bilhões, e a região Sul deve ser responsável por

NO ESTADO, o faturamento das lavouras é de R$ 12,3 bilhões, quase 7% a mais do que no ano passado

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quase 30% desse total, este é o terceiro melhor resultado desde 1989. No Brasil, as lavouras representam R$ 337 bilhões e a pecuária, R$ 180,8 bilhões. Já em Santa Catarina, o faturamento das lavouras é de R$ 12,3 bilhões, quase 7% a mais do que no ano passado, os principais produtos são maçã, fumo, cebola, banana e arroz. A pecuária catarinense deve arrecadar R$ 16,5 bilhões, sendo alavancada pela produção de suínos, aves e leite. Excluindo os efeitos da inflação, Santa Catarina teve uma queda de apenas 0,1% no Valor Bruto da Produção em comparação com 2015. No mesmo período, o VBP Agropecuário do Brasil caiu 2,6%, mostrando que a agropecuária catarinense teve um desempenho melhor do que a média nacional.


PECUÁRIA catarinense deve arrecadar R$ 16,5 bilhões

Valores pagos pelos produtos vendidos O secretário adjunto de Estado da Agricultura e da Pesca, Airton Spies, explica que o Valor Bruto da Produção Agropecuária revela apenas o que foi pago aos agricultores e pecuaristas pelos produtos vendidos. “Quando incluímos o valor gerado por toda cadeia produtiva, somando os insumos, serviços e as riquezas geradas pela industrialização das matérias primas, o agronegócio tem uma participação superior a 21% no Pro-

duto Interno Bruto do Brasil e de aproximadamente 29% no PIB catarinense”, afirma. Spies ressalta ainda que a agropecuária não está imune à crise financeira que afeta o país, mas os números revelam que em Santa Catarina a queda na produção do agronegócio foi menor do que a média nacional. “A reação catarinense se deve à grande diversidade de atividades agrícolas e agregação de valor pelas

agroindústrias. Assim como, a força do cooperativismo, setor que cresceu 11% em faturamento bruto no último ano”. O VBP de Santa Catarina se destaca em produtos como cebola (R$ 887,8 milhões), maçã (R$ 2,13 bilhões) e suínos (R$ 3,6 bilhões), tendo o maior faturamento do país. E no fumo (R$ 1,6 bilhões) e frangos (R$ 8,7 bilhões), que garantem o segundo maior faturamento do Brasil

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Parceria para desburocratizar a agricultura

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Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Frente Parlamentar da Desburocratização da Câmara dos Deputados, com 215 integrantes, e o Conselho de Secretários Estaduais de Agricultura (Conseagri) firmaram em outubro, em Brasília, uma parceria para acelerar a implantação de medidas voltadas à desburocratização, à simplificação e à modernização do agronegócio, como prevê o Plano Agro+, lançado em agosto deste ano pelo governo federal. Segundo o secretário da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, a burocracia é um dos prin-

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ALTERAÇÃO da temperatura de congelamento da carne suína é uma das mudanças anunciadas

Plano Agro+ firma parceria para acelerar a implantação de medidas voltadas à desburocratização, à simplificação e à modernização do agronegócio

cipais gargalos do agronegócio brasileiro. “A morosidade para conseguir licenças ambientais, inspeções sanitárias e autorizações acabam inviabilizando muitos negócios. Algumas leis que regulam o setor têm mais de 50 anos. É preciso ter agilidade, pois o agronegócio segue a velocidade do mercado e não dos Governos. Precisamos achar um meio-termo para sermos ágeis sem comprometer a qualidade e a segurança dos nossos produtos”, avalia Sopelsa. Para o presidente da Frente da Desburocratização, deputado Valdir Colatto, o Brasil está travado e é preciso fazer alguma coisa. Segundo ele, a decisão pioneira do Mapa é um exemplo

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que deve ser seguido pelos demais ministérios. “A burocracia aumenta o chamado Custo Brasil, que precisa diminuir para que o país seja competitivo frente aos grandes mercados internacionais”, comenta Colatto que diz ainda que o engajamento para a desburocratização tem que ser feito sem medo. “Vamos ajudar a modernizar a legislação”, garantiu. O custo anual da burocracia para o país é de R$ 46,3 bilhões, ou seja, 25% do Produto Interno Bruto (PIB). Como exemplo de entrave, o deputado disse que um navio demora 30 dias para carregar e descarregar no Brasil. Na Coreia do Sul, o processo é feito em apenas um dia.


Projeto deve representar economia Estimativas preliminares indicam que o Agro+ pode representar economia de até R$ 1 bilhão com a simplificação de procedimentos na cadeia do agronegócio. “Seremos mais eficientes se buscarmos soluções em conjunto”, destacou o secretário-executivo do Mapa, Eumar Novacki. De acordo com o presidente do Conseagri e secretário da Agricultura de Minas Gerais, João Cruz, alguns estados já estão realizando esforços para implantar programas similares ao Agro+. “A defesa

agropecuária é o tema mais recorrente nas discussões. Os problemas já foram identificados e agora buscaremos as soluções. As administrações estaduais precisam participar da elaboração das políticas públicas”, enfatizou. O secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luis Rangel, assinalou que os pontos nevrálgicos para o Mapa na implementação do Agro+ é o Sistema Brasileiro de Inspeção (Sisbi) nas unidades da Federação. “Também é preciso que o setor privado cumpra seu papel na fiscalização agropecuária”, ressaltou Rangel.

O Agro+ deverá atender aproximadamente 350 demandas do setor agropecuário até o final do ano, adiantou Novacki. O plano objetiva eliminar a burocracia para facilitar a vida dos produtores, mantendo a qualidade e a sanidade dos produtos. Uma das áreas mais focadas no Agro+ é a de inspeção de produtos de origem animal. As medidas adotadas para a fiscalização visam reduzir tempo de inspeção, o custo das empresas, o que, consequentemente, deve resultar em preços mais acessíveis aos consumidores.

PARCERIA que acelerar a implantação de medidas voltadas à simplificação e à modernização do agronegócio

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Transparência O Agro+ tem três objetivos: transparência e parcerias, melhoria do processo regulatório e normas técnicas e facilitação do comércio exterior. Entre as medidas, estão o fim da reinspeção em portos e carregamentos vindos de unidades com Serviço de Inspeção Federal (SIF); o lançamento do sistema de rótulos e produtos de origem animal; a alteração da temperatura de congelamento da carne suína (-18ºC para -12ºC); a revisão de regras de certificação fitossanitárias; e o aceite de laudos digitais também em espanhol e inglês “Essas medidas vão modernizar e

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dinamizar a administração do Mapa, sem que haja perda do rigor com a defesa sanitária”, reforçou o secretário-executivo do Mapa, Eumar Novacki. “Temos um dos mais respeitados serviços de defesa agropecuária do mundo, como mostra o recente acordo de equivalência sanitária com os Estados Unidos para o comércio de carne bovina in natura. O que estamos fazendo agora é aumentar a confiança no setor produtivo, que terá a responsabilidade, por exemplo, de fazer o registro online de seus produtos. Ou seja, o Mapa não vai interferir nisso, mas permanecerá exercendo

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sua fiscalização.” Segundo Novacki, as 69 medidas destinadas à desburocratização vão permitir que o setor privado e o governo tenham um ganho de eficiência calculado em R$ 1 bilhão ao ano, o que representa 0,2% do faturamento anual do agronegócio (cerca de R$ 500 bilhões). “Vamos estimular o setor produtivo a crescer mais, sempre de modo sustentável, com respeito ao meio ambiente. Como diz o ministro Maggi, nosso grande desafio é transformar a riqueza do agronegócio em mais oportunidades, o que significa geração de emprego e renda.”


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Dinamite de olho nos queijos da região

DINAMITE fez contatos com empresários da região

Craque do Vasco quer estabelecer relação comercial e levar queijos da região para vender no Rio de Janeiro

A

qualidade dos queijos da região chamou a atenção do craque do Vasco Roberto Dinamite. Empresário do ramo alimentício, o ídolo do Vasco visitou a região no dia 11 de novembro, em busca de contatos profissionais para viabilizar a comercialização de queijos do Vale no Rio de Janeiro. Acompanhado do prefeito eleito de Braço do Norte, Roberto Kuerten Marcelino, o “Beto” (PSD), pelo presidente da Feagro, Adir Engel, e pelo vereador eleito Jacinto Perin (PSD), Dinamite visitou a empresa Darolt, de Rio Fortuna. Lá conversou com o empresário Vilmar Wiggers e apresentou a sua ideia. “Tenho aqui grandes amigos e procurei me informar sobre a região e o potencial que

ela tem. Dentro disso, temos um grande potencial e uma demanda de queijos no Rio de Janeiro, por isso estamos aqui conversando com os empresários para ver a possibilidade de isso se tornar realidade. Se abriu uma conversa que acho que é interessante para todos. Vamos ver se num futuro bem próximo podemos levar os produtos da região para o Rio”, declara Roberto Dinamite. O empresário Vilmar Wiggers adiantou que a Darolt hoje já vende para o Rio de Janeiro e as conversações devem continuar para ver a viabilidade da comercialização ser ampliada. De acordo com Beto, Dinamite atua como empresário e tem projetos para a área de laticínios. “Infelizmente, em Braço do Norte, das cinco empresas de

laticínios existentes, apenas a Áurea Alimentos tem o Sistema de Inspeção Federal (SIF) - o que permite enviar produtos para fora de Santa Catarina - porém, ela não atua neste mercado de queijos, que é o foco do Roberto”, explica Beto que lembra que a Darolt compra leite de produtores de Braço do Norte. Conforme Adir Engel, a Darolt sempre foi parceira da Feagro e, por isso, foi uma das cotadas para as conversas. “Além de apresentar um produto da nossa região, não podemos esquecer que a empresa compra leite de produtores de Braço do Norte, então, em caso de negociação, isso movimenta, sem dúvida nenhuma, nossa economia”, lembra Adir que afirma que as negociações continuam firmes após a visita do craque à região

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Aliada

Couro da tilápia é usado contra queimaduras Pesquisadores brasileiros utilizam a pele da tilápia como curativo no tratamento de lesões das queimaduras

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onhecida por sua saborosa carne e pelos atributos zootécnicos e nutritivos, a tilápia vira agora protagonista também no campo da saúde. Uma pesquisa inédita utiliza a pele do peixe como alternativa de curativo biológico para o tratamento de queimaduras. O estudo, desenvolvido por pesquisadores do Ceará, Pernambuco e Goiás, oferece inúmeras vantagens frente ao tratamento tradicional, de acordo com o cirurgião plástico coordenador da pesquisa, Edmar Maciel. A tilápia é um peixe resistente às doenças, cresce rápido e é fácil de criar. Por isso, é muito consumida no país. A carne tem valor comercial, mas quase sempre vai para o lixo. Durante os estudos, os pesquisadores descobriram que a resistência da pele do peixe é muito

semelhante à da pele humana. “Na rede pública do Brasil, o tratamento de queimaduras é feito com uma pomada ou creme a base de sulfadiazina de prata, que é um antimicrobiano. Essa pomada só age por 24 horas e a cada 24 horas tem que ser removida, num processo de limpeza da área com sabão apropriado e um curativo. Isso causa dor ao paciente que tem de tomar anestesia ou analgésicos, interferindo no processo de cicatrização”, explica o médico. “O que a pele faz, e isso não é específico da pele da tilápia - outras peles como a humana, como a pele do cão, do porco - é aderir ao leito da ferida. Grudando, faz um tamponamento do leito e, com isso, evita a contaminação de fora para dentro da ferida. Isso evita que o paciente perca líquidos (plasma e

ALÉM da saborosa carne e atributos nutritivos, tilápia vira aliada no tratamento de queimaduras

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proteína) e, com isso, não espolie o paciente. Aí sim, diminui a troca de curativos, a dor e o trabalho da equipe - que não tem que fazer limpeza e curativos diariamente - e, consequentemente, os custos do tratamento”, ressalta. Segundo o médico, na Europa e Estados Unidos o tratamento de queimados já é feito com pele homóloga (humana) ou heteróloga (animal). Mas o desenvolvimento de um curativo biológico com base em animais aquáticos é inédito no mundo e já se encontra na segunda fase clínica, com testes em seres humanos, no tratamento de pacientes do Núcleo de Queimados do IJF. A pesquisa vem sendo realizada há mais de dois anos, no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC).


Bom começo e resultados satisfatórios De acordo com os pesquisadores, logo nas primeiras etapas do estudo, a utilização clínica da pele da tilápia mostrou-se promissora, tendo em vista as semelhanças do material com a pele humana, como grau de umidade, alta qualidade de colágeno e resistência. Testes em animais terrestres também descartaram possíveis riscos de contaminação com a nova técnica. Foram onze etapas até a pesquisa ser apresentada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do MInistério da Saúde, em dezembro de 2015. A primeira etapa clínica da pesquisa, iniciada em humanos sadios para estudar se a pele de tilápia causava alergia ou sensibilidade, teve excelentes resultados, segundo os pesquisadores. O curativo biológico é feito de forma artesanal e passa por processos de limpeza, descontaminação, resfriamento e preservação. Depois desses cuidados, pode ser usada durante dois anos. Após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Anvisa, o estudo em humanos queimados foi iniciado no IJF no segundo semestre deste ano. Dos trinta pacientes com queimaduras de 2º grau que aceitaram receber o novo tratamento, 23 já tiveram alta hospitalar. Até o final de 2016, outros 30 deverão ser submetidos ao tratamento com o curativo biológico

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CLIMA

Prepare a sua reserva de água Previsão da Epagri/Ciram apontam chuvas na média ou abaixo da média em todo o Estado

A

s culturas de verão precisam de água para se desenvolver. Então, já vá preparando a sua reserva de água para regar a sua produção, pois se depender das chuvas, o agricultor pode perder a lavoura. Segundo a previsão Epagri/Ciram para os próximos meses, o ano termina com chuva na média a abaixo da média climática em Santa Catarina. Pelos dados apresentados, a chuva estará concentrada em períodos curtos, em alguns minutos ou horas do dia. Já nos meses de dezembro e janeiro os volumes mensais de chuva diminuem em relação a novembro. “Ressalta-se que no verão, além dos temporais associados a sistemas meteorológicos de maior escala, como frentes frias e Complexos Convectivos de Mesoescala (CCMs), são frequentes as trovoadas de verão com forte atividade elétrica (raios), granizo e vento localizado”, o alerta órgão do Estado. Apesar de novembro ainda ter massas de ar frio chegando ao Sul do Brasil, trazendo frio e temperaturas baixas a Santa Catarina, o que ainda pode causar geada fraca no Planalto Sul, entre dezembro e janeiro a expectativa é de muito calor. Neste período, a previsão é de maior amplitude térmica diária, ou seja, a diferença entre a temperatura mínima e máxima do dia. Diante disso, teremos temperatura amena ou mais baixa para época do ano no início do dia e bastante elevada à tarde. As previsões apontam ainda que os ciclones extratropicais continuam frequentes em novembro e dezembro, o que intensifica o vento no litoral e deixa o mar agitado com ressaca e perigo para a navegação no Litoral.

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Eventos de chuva intensa, em curto espaço de tempo, podem ocorrer em qualquer época do ano. Por isso, ressaltase a importância do acompanhamento diário da previsão do tempo.


2016 pode ser o ano mais quente da história, aponta ONU Segundo o levantamento, as temperaturas registradas entre janeiro e setembro de 2016 ficaram 0,88°C mais altas do que a média entre 1961 e 1990 (14ºC) A Organização Meteorológica Mundial (OMM), subordinada à ONU, divulgou um estudo que aponta que 2016 “provavelmente” seja o ano mais quente da história, superando o recorde batido em 2015. De acordo com dados preliminares apresentados, o aumento da temperatura global neste ano será 1,2°C acima dos níveis préindustriais. Segundo o levantamento, as temperaturas registradas entre janeiro e setembro de 2016 ficaram 0,88°C mais altas do que a média entre 1961 e 1990 (14ºC). A média é adotada como referência para acompanhar as temperaturas. O pico de temperatura foi registrado

nos primeiros meses do ano devido à intensidade registrada em 2015 e 2016 do fenômeno conhecido como El Niño, que provoca o aquecimento da temperatura das águas em alguns pontos do Oceano Pacífico. O calor oceânico decorrente deste fenômeno contribuiu também para o branqueamento dos recifes de coral e a elevação do nível do mar acima do normal, informou a OMM. — Um planeta com temperatura em média mais elevada ajudar a trazer maior frequência e intensidade os extremos do tempo. Para diminuir o aquecimento da Terra ao longo dos anos é importante a conscientização de todos, principalmente dos países

mais desenvolvidos na troca da energia atual por uma mais limpa que reduza a quantidade de gases que compõe o efeito estufa natural do planeta — reforça o meteorologista Leandro Puchalski. “Em áreas árticas da Rússia, as temperaturas ficaram 6°C a 7°C acima da média de longo prazo. Em muitas outras regiões árticas e subárticas na Rússia, no Alasca e no noroeste canadense a média foi ultrapassada em pelo menos 3°C”, disse por meio de nota o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. O secretário acrescenta que o aumento na frequência de enchentes e de ondas de calor, bem como o aumento do nível do mar, se devem a essas alterações climáticas

COM previsão de altas temperaturas e estiagem, produtores devem ficar atentos www.negocioagro.com.br

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Oportunidade de ficar no campo Curso Técnico em Agronegócio faz transformação na gestão e comercialização nas propriedades rurais

F

ormar profissionais habilitados na aplicação dos procedimentos de gestão e de comercialização do agronegócio, visando os diferentes segmentos e cadeias produtivas da agropecuária brasileira. Esse é o principal objetivo do curso técnico de nível médio em Agronegócio da rede e-Tec, o primeiro oferecido na modalidade a distância pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Em Santa Catarina é desenvolvido por meio do Sistema Faesc/Senar-SC em seis polos de apoio presencial: São Joaquim, São José, Fraiburgo, Braço do Norte, Seara e Campo Alegre. O curso é totalmente gratuito tem duração de dois anos com carga horária de 1.230 horas, sendo 20% de aulas presenciais. Os polos contam com espaço

para o desenvolvimento de atividades presenciais e por meio de parcerias com propriedades rurais, empresas agropecuárias e agroindústrias realizam atividades práticas. A coordenadora do curso em Santa Catarina, Katia Zanela, expôs que os alunos têm encontros quinzenais nos polos, além de visitas técnicas. Para ingressar o aluno precisa passar por um processo seletivo”, salienta. Em 2016 encerram as primeiras turmas de Santa Catarina, e serão formados 75 técnicos em Agronegócio. De acordo com o presidente do Sistema Faesc/Senar-SC, José Zeferino Pedrozo, o curso possibilita o reconhecimento da realidade do meio rural e as peculiaridades das atividades produtivas do agronegócio brasileiro. “O profissional

conclui o curso apto para identificar as principais potencialidades, limitações e desafios futuros das cadeias produtivas do agronegócio brasileiro”, avalia Pedrozo. O superintendente do Senar/SC, Gilmar Antônio Zanluchi, observa que o Técnico em Agronegócio analisa problemas em sistemas e processos de gestão e de produção agropecuária e reconhece quais as melhorias na qualidade dos produtos e serviços necessárias em cada propriedade rural. “A partir disso, é possível empregar técnicas de organização e distribuição eficiente do trabalho e dos recursos produtivos, visando a racionalização de processos, economia de custos e a maximização dos resultados”, complementa.

BRAÇO do Norte conta com uma das turmas do curso técnico em agronegócio

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Escolha pela permanência na atividade rural A jovem de Rio Fortuna, Carolina Rohling, 18 anos, concluiu o ensino médio e iniciou o curso Técnico em Agronegócio no polo presencial de Braço do Norte. A jovem auxilia os pais na propriedade rural e está cursando o primeiro semestre. Ela, resolveu, fazer o curso para expandir os conhecimentos na área de atuação. “O mais interessante são as aulas práticas. Elas facilitam o entendimento de alguns processos e possibilita o contato direto com a realidade do trabalho no campo”, observa.

Carolina afirma que o curso é ótimo e o indica para outras pessoas. “A estrutura do curso é focada na nossa realidade e isso auxilia muito na gestão das propriedades”. Mariana Bortoloso, 27 anos, está concluindo o curso no polo de Fraiburgo. Graduada em Administração e pós-graduada em Desenvolvimento Rural e Agronegócios, ela é filha e irmã de produtores rurais. “Decidi fazer o curso porque vejo que o agronegócio é muito importante em nossa região. O Técnico em Agron-

egócio me possibilitou o aprofundamento de conhecimentos. As visitas mostraram na prática a importância desse trabalho nas empresas e propriedades rurais”, avalia. A jovem trabalha em uma Cooperativa de Crédito em que a grande maioria dos associados são produtores rurais. “O curso também facilita no entendimento das propriedades rurais e as necessidades perante o crédito rural e as políticas de crédito. Sem dúvidas é uma excelente oportunidade a qual indico para todos”, completa.

O técnico em agronegócio Após a conclusão do curso o profissional torna-se especializado na execução de procedimentos de gestão do agronegócio. “O Técnico em Agronegócio está apto a trabalhar em empresas comerciais, estabelecimentos agroindustriais, serviços de assistência técnica, extensão rural e pesquisa”, salienta Katia Zanela. “Esses profissionais cumprem um importante papel como agentes de transformação por meio de técnicas inovadoras e sustentáveis, na conquista da produtividade e lucratividade, com visão empreendedora para a melhoria da qualidade de vida no meio rural”, enfatiza Pedrozo. Zanluchi ressalta que a formação no curso Técnico em Agronegócio do Senar facilita o acesso a um mercado que não para de crescer. “O meio rural está aberto a novos profissionais que estejam preparados com conhecimentos técnicos e que auxiliem no desenvolvimento das propriedades catarinenses”. Os interessados em participar do curso devem ficar atentos aos processos seletivos que abrem todos os anos no site do www.etec.senar.org. br. Dúvidas e informações podem ser obtidas nos Sindicatos Rurais dos municípios

CAROLINA escolheu o curso para expandir os seus conhecimentos

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SG

Gastronomia

Artes e Sabores Ingredientes

• 1 lombo suíno • 3 colheres (sopa) de sal • 1 colher (sopa) de óleo • Suco de 1 limão • Suco de 1 laranja • 1 xícaras (chá) de vinho branco seco • 1/2 cebolas de cabeça picadas • 2 dentes de alho • 1 colher (chá) de gengibre picado • 3 folhas de louro • 1 galho de alecrim • Ervas – manjericão, salsa, tomilho, cebolinha e hortelã • Pimenta-do-reino a gosto

Modo de Preparo:

Lombo com Ervas Finas Conhecido também como lombinho de porco, é o corte com menor índice de colesterol de todos os cortes da carne suína. Além disso, ele é muito macio e saboroso. Nesta receita preparamos essa carne molhadinha com um delicioso tempero de ervas finas que dará um toque todo especial com gostinho de vinho do porto para um jantar, almoço, ou ainda para completar sua mesa nas festas de final de ano. Será um sucesso!

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1. Tempere o pernil com o sal, o suco de limão e o suco da laranja. Reserve. 2. Bata no liquidificador o vinho, a cebola, o alho e o gengibre até que fique homogêneo. 3. Despeje sobre o pernil, acrescente o louro, o alecrim, as ervas picadas, a pimenta-do-reino e deixe marinar no refrigerador por 3 horas, virando o lombo após uma hora. 4. Leve uma panela ao fogo com o sele todos os lados do lombo. 5. Leve o lombo com a marinada em uma assadeira, cubra com papel alumínio e leve para assar no forno médio (200 ºC) pré-aquecido por cerca de 40 minutos. 6. Regue o lombo a cada 20 minutos com o molhinho que formará na assadeira e vire o lombo na metade do tempo. 7. Tire o papel alumínio e deixe dourar por 15 minutos

Conheç


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11:39

em produção de maçã

em produção de aves

em produção de cebola

Fonte: IBGE, MDIC, MTE - RAIS 2014 - Secretaria de Estado da Fazenda.

SG_0006_16B_AGRICULTURA_ANUNCIO_230x310mm.pdf

Nossa força produtiva vem da terra, do mar e das mãos de milhares de catarinenses.

É o agronegócio de Santa Catarina gerando mais de 720 mil empregos diretos e movimentando mais de R$ 61 bilhões. Santa Catarina conquistou a liderança no país em produção de diversos alimentos. Tudo isso com apenas 1,12% do território nacional. Somos o único estado brasileiro livre de febre aftosa sem vacinação, e também o único com permissão de exportar carne suína para o Japão e Estados Unidos.

Conheça os programas do Governo do Estado para impulsionar o setor, o mercado, a economia e fazer a diferença na sua vida. Acesse www.agricultura.sc.gov.br

em produção de ostras e mexilhões

em produção de alho

em produção de pescados

em produção de suínos www.negocioagro.com.br

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