Especial
Pinheiral
Um caminho para o desenvolvimento
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sistiu de ver a obra pronta, e a atenção das autoridades, que atenderam ao pedido. Portanto, o mais sensato que se pode dizer da rodovia que será inaugurada na manhã deste sábado, 15 de fevereiro, é que ela chega como alívio para as pessoas que se deslocam diariamente entre Pinheiral e Braço do Norte. Também para a economia da localidade e do município, pois os produtos que agora são escoados mais rapidamente e não perdem qualidade no transporte. No entanto, como aguerrida e sonhadora, a comunidade de Pinheiral já dá mostras que quer mais. Quer ver mais sinalização e lombadas na rodovia. Quer também a pavimentação com Rio Fortuna, Armazém e com a comunidade de Rio Santo Antônio. Impossível? Não para esta comunidade que luta unida e não desiste tão facilmente.
Expediente: Caderno Especial da Folha o Jornal, Pinheiral Jornalista responsável Suellen Souza (0044851/SC) suellen@folhaojornal.com.br
Não pode ser vendido separadamente
Textos Késsia Meurer kessia@folhaojornal.com.br
Tiragem: 4 mil exemplares Impressão: Gráfica Soller
Encartado em Folha o Jornal
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uatro anos de trabalho, quase 20 de pedidos, muitas lutas, união e determinação marcam a história da pavimentação da BRN-424, a Rodovia Monsenhor Gregório Locks. O que para muitos era considerado uma loucura, quando o então vereador Silvestre Della Giustina, o “Pipa”, um dos representantes da comunidade na Câmara de Vereadores nos anos 90, demonstrava o desejo de ver o asfalto pronto, hoje é motivo de comemoração. Foram inúmeras as vezes que a reportagem da Folha subiu à comunidade para cobrir problemas na rodovia. Chuvas deixavam a estrada intransitável, caminhões atolados, ruas alagadas. Quando não era a poeira que atrapalhava a visão dos motoristas. Mas, a realização deste sonho só foi possível graças à luta do povo, que nunca de-
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Lei do ano 2000 denomina a BRN-424 como Estrada Geral Monsenhor Gregório Locks Com a conclusão da pavimentação da BRN-424, a curiosidade é sobre quem será homenageado e emprestará o nome para a via. Mas, a estrada possui denominação há 14 anos. A lei 1659, de 14 de setembro de 2000, denomina Estrada Geral Monsenhor Gregório Locks a rodovia municipal que parte do final da Rua Deputado Frederico Kuerten até a comunidade de Pinheiral. Já o trecho que corta o centro da comunidade, leva o nome de João Turazzi. Segundo o secretário de Planejamento de Braço do Norte, Charles Bianchini, a homenagem deve permanecer e não há previsão de que outro nome seja empregado no local. Mas se a comunidade reivindicar, o pedido deve ser levado em consideração,
esclarece Charles. “Acredito que irão respeitar a homenagem ao Monsenhor, até pela importante atuação”, pontua. O morador Francisco Buss, o “Chico”, lembra que a homenagem merece ser resgatada. “A lei está esquecida entre os moradores e é preciso que o nome seja sempre lembrado”, comenta. Quanto à mudança de nome, Chico diz que todos são merecedores de emprestar o nome para a rodovia, pois de uma forma ou outra, contribuíram e contribuem para o desenvolvimento do Pinheiral. “Especialmente aqueles que lutaram e pagaram pela confecção do novo projeto. Mas não podemos nos esquecer de quem um dia lutou pelos primeiros passos do desenvolvimento, que foi o padre”.
Quem é Monsenhor Gregório Locks Monsenhor foi o único pároco que morou no Pinheiral. Um padre rigoroso, que contribuiu com o desenvolvimento e com a história da comunidade. Foi o principal articulador da implantação do telefone no Pinheiral. Sua credibilidade e persistência junto às autoridades da época reuniram forças e fatores que resultaram nesta conquista, que no momento foi um grande salto para o desenvolvimento. Sua influência religiosa resultou, junto à comunidade, na construção da Gruta Nossa Senhora de Fátima, existente até hoje, e na Casa Paroquial que hoje dá lugar à capela mortuária, que leva também o nome de Monsenhor. Anexo ao local, há uma sala onde são ministradas as doutrinas da igreja católica para as crianças.
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Abençoada por São Francisco Xavier, a localidade abriga cerca de 350 famílias e conta com grupo para preparar jovens
IGREJA foi construída em 1972
A localidade de Pinheiral pertence ao município de Braço do Norte e tem como padroeiro São Francisco Xavier. Tradicionalmente, a festa em honra ao santo acontece no primeiro final de semana de dezembro. No segundo sábado de janeiro, a comunidade realiza o Baile da Juventude, que em 2014 chegou à 24º edição. A terra de São Francisco Xavier abriga aproximadamente 350 famílias, em uma população estimada em 2,5 mil habitantes. São 1,5 mil veículos emplacados que circulam pela localidade, sendo 120 caminhões e furgões refrigerados. Acredita-se que mais de 200 tratores atendam estas famílias.
Na educação, Pinheiral sedia o Centro de Educação Infantil Mundo Encantado e a Escola de Educação Básica Jacob Luiz Neibel. Para atender a comunidade, ainda que precariamente, dispõe de uma unidade básica de saúde. Sede de 25 empresas, entre figoríficos e lacticínios, a localidade tem cerca de 200 propriedades criadoras de suínos, todos conciliando a criação do gado de leite. Segundo relatos de moradores para o livro O Verde Vale do Rio Braço do Norte, de Jucelly Lotin, o primeiro professor apareceu em 1900. Já a estrada só tomou forma em 1946. A nova igreja teria sido construída em 1972.
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Religiosidade Para homenagear o padroeiro São Francisco Xavier, a comunidade se reúne em uma procissão motorizada, que teve início em 1993, sendo realizada todos os anos. Em 2013, realizado pela manhã, o desfile ganhou o nome carinhoso de “Buzinaço do Chico”. Por muitos anos, a localidade foi abençoada pelo padre Monsenhor Gregório Loks, único pároco que morou na comunidade. Na época, foi quem idealizou boa parte da estrutura da comunidade. Atualmente, a igreja da localidade pertence à Paróquia São Marcos, de Rio Fortuna e as missas são celebradas pelos padres desse município vizinho.
Comprometimento desde jovem O Clube 4S foi fundado em 1968 para melhor preparar os jovens que trabalham na agropecuária, através de novas técnicas de plantio e colheita. Com cerca de 40 sócios, o grupo desenvolve trabalhos dentro da comunidade de Pinheiral, entre os quais destacam-se: limpeza e manutenção
do jardim da igreja, campeonatos de futebol de salão entre turmas, participação na liturgia através de apresentações de Natal, Páscoa e outras ocasiões, serviços voluntários nas festas realizadas pela comunidade, e a criação de um coral composto por membros do clube.
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Comunidade se reuniu e pagou para refazer projeto e não perder obra
VALMOR Turrazi, ex-vereador, é uma das lideranças envolvidas na conquista da obra
As solicitações incansáveis para a obra de pavimentação na BRN-424 tiveram início há pelo menos 17 anos. Os primeiros anseios de ver a rodovia ser coberta pela capa asfáltica são de 1997. O ex-vereador Silvestre Della Giustina, o “Pipa” (em memória), pediu em sessão itinerante da Câmara de Vereadores no Pinheiral que a Prefeitura buscasse ao menos realizar o projeto para a pavimentação. Na mesma sessão entregou um abaixo-assinado para a realização da obra. Diversas lideranças abraçaram a causa pela pavimentação e os pedidos, anos depois, também foram feitos pelo ex-vereador Nivaldo Ricken. Junto aos demais moradores, do Pinheiral, representantes da comunidade uniram forças para realizar os pedidos às autoridades estaduais. O ex-vereador Valmor Turazzi, uma das lideranças que também sonhava com a obra, lembra a forte união da comunidade para a realização de um sonho em comum: transitar pelos 12,7 quilômetros - que liga a comunidade até o Centro de Braço do Norte - sobre asfalto. “Foram idas e vindas até Florianópolis para
clamar pela pavimentação e resolver questões burocráticas. Fomos sempre confiantes para trazer notícias boas para os moradores, mas, infelizmente, houve entraves e também foi preciso fazer uma readequação ao projeto inicial”, explana Turazzi. O projeto – confeccionado pela empresa Sinaliza -, foi entregue à administração municipal em julho de 2009. No entanto, para ter o plano dentro das normas do programa federal ProPav-Rural, foram necessárias mudanças. Sem recursos suficientes, a comunidade teve que ajudar e bancou os R$ 45 mil necessários para a modificação. Três meses depois o projeto readequado foi entregue ao Secretário Regional, na época Gelson Luiz Padilha. “Se não ajudássemos, seria difícil ter conseguido o aval das autoridades. Foi uma grande vergonha ter que pagarmos, porque mostra o deslize do governo. Mas, unidos, mostramos força, porque acreditamos que o sonho daria certo”, argumenta o comerciante Aldo Philippe, um dos engajadores em prol da pavimentação.
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MORADORES solicitam lombada em trecho no Baixo Pinheiral
Com asfalto pronto, medo é de motoristas que se arriscam em alta velocidade na rodovia municipal Com a pavimentação asfáltica pronta, o excesso de velocidade na BRN-424 já preocupa os moradores. Lombadas e melhor sinalização estão entre os pedidos de quem um dia lutou para ver o tão sonhado asfalto interligando o Centro e a comunidade. Um dos pedidos para a colocação de lombadas é no Baixo Pinheiral. No local há uma creche, comércio, residências e um
posto de combustíveis. Para o empresário Édio Della Giustina, junto do benefício há o malefício. “Os motoristas devem ter muita consciência, pois não queremos ver pessoas acidentadas em uma rodovia recém-inaugurada. Por isso, solicitamos também a instalação de lombadas na comunidade, pois há um fluxo de pedestres moderado e é preciso respeitar”, opina Édio, que mora em Pinhei-
ral há mais de 30 anos. A moradora Vera Peron compartilha o mesmo desejo. “Com a estrada de chão os motoristas se preocupam em trafegar devagar. Agora, devem fazer isso mais ainda, porque com o asfalto o perigo aumenta. Há uma creche e comércio próximos à rodovia e para chegar até lá precisamos de segurança”, descreve Vera e acrescenta que a BRN-424 deve
ter sinalização em tachões refletivos. Apesar dos pedidos, os moradores não deixam de comemorar a colocação da pavimentação asfáltica na rodovia. “Felizmente acabou com a poeira e esperamos, agora, por ainda mais desenvolvimento da comunidade. É um grande sonho concretizado e só temos a agradecer”, enaltece Édio Della Giustina.
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MOTORISTAS enfrentavam dificuldades para transitar em rodovia em dias de chuva
Da lama ao asfalto: etapas da pavimentação
POEIRA também era um dos problemas enfrentados por usuários da BRN-424 por mais de 20 anos
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ENTRE Pinheiral e Braço do Norte são 12,5 quilômetros asfaltados
EMPRESA trabalhou durante quatro anos para entregar as duas etapas de pavimentação
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Aloísio Vandresen, 88 anos, fez pedido especial para o então governador, Luiz Henrique da Silveira, e comemora conquista
AO lado da esposa, Aloísio exibe, orgulhoso, a foto com o ex-governador no dia do pedido
Foram inúmeros os pedidos feitos dos moradores do Pinheiral ao ex-governador Luiz Henrique da Silveira para a pavimentação da BRN-424. Entre eles, o do aposentado Aloísio Vandresen, que mora na comunidade desde 1971, e fez um apelo inusitado ao político. Aloísio lançou a Luiz Henrique um grande desafio: não gostaria de morrer sem ver o asfalto pronto. O pedido foi feito em 2009, durante a inauguração do sistema de esgoto sanitário da Casan em Gravatal. O ex-governador respondeu que o morador ia ver o asfalto pronto, sim. No ano seguinte, Luiz Henrique visitaria Pinheiral para assinar a ordem de serviço. Aloísio não esconde a felicidade em ter o desejo realizado. “Há 43 anos, começamos a sonhar com asfalto, pois a estrada vivia esburacada. Muitos riam, não acreditavam,
mas aconteceu. A comunidade só tem a comemorar”, declara. Em junho de 2012, Aloísio viu a primeira etapa ser inaugurada. Agora, em fevereiro de 2014, celebra junto da comunidade a conclusão de todo o trecho pavimentado. “Hoje estou com 88 anos e o asfalto está aí. Pedimos à pessoa certa. Há políticos sem boa vontade, mas é só querer fazer. Dinheiro tem. O povo paga, então merece”, menciona emocionado. Aloísio enfatiza que o pedido ao ex-governador não poderia ter sido diferente. “Merecemos. Lembro de quando vim morar aqui. A comunidade era pequena. Hoje é grande, forte, um lugar de povo trabalhador, empreendedor. O Luiz Henrique fez o que é nosso de direito. Por isso, a comunidade está feliz e agradece a ele e a todos que lutaram pela realização da obra”, complementa.
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“O asfalto leva desenvolvimento para as pequenas cidades e representa ganho em qualidade de vida para os moradores da região. É também um incentivo para o desenvolvimento, ajudando a atrair mais empresas para o local, gerando empregos e oportunidades para as novas gerações”, Raimundo Colombo, governador de Santa Catarina.
“A obra de pavimentação irá promover o desenvolvimento da comunidade, que está em constante crescimento. É uma conquista de muitas lideranças e o Governo trabalhou muito para que isso acontecesse. A organização e o envolvimento dos moradores foram essenciais”, José Nei Alberton Ascari, deputado estadual.
“Com a pavimentação asfáltica, a comunidade ganha em três pontos: a melhoria do acesso entre o Centro e o Pinheiral, escoamento da produção e a segurança em transitar pela rodovia. A comunidade se envolveu integralmente e isso mostra a união da localidade”, Roberto Kuerten Marcelino, secretário Regional de Braço do Norte.
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“É uma obra tão sonhada pela comunidade e pela administração de Braço do Norte que irá alavancar o potencial econômico. Após a primeira etapa concluída, tivemos a certeza de que o Pinheiral caminhava rumo ao desenvolvimento, pois mais empresas foram se instalaram nas proximidades. Com isso, esperamos que a comunidade e região cresçam cada vez mais” Ademir Matos, prefeito Braço do Norte.
“O próximo passo é o desenvolvimento. É o que esperamos. Temos grande potencial para crescer e abrigar mais empresas. Com a pavimentação as comunidades serão mais valorizadas”, Bertilo Boing, agricultor.
“É uma obra que só traz benefícios para o Pinheiral. O acesso melhorou muito e, como a comunidade tem muitas empresas, há uma frota que depende todo dia de uma boa estrada para trafegar”, José Roberto Uliano Alberton, empresário.
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Filhos de Basílio Peron, um dos primeiros suinocultores, seguiram profissão
PROFISSÃO é um orgulho para José
Por volta da década de 50, a suinocultura nascia no Pinheiral e, aliado ao setor, a comunidade dava os primeiros passos para a abertura dos frigoríficos. Hoje são várias empresas no setor que, ao lado de lacticínios e a produção leiteira impulsionam a economia industrial da comunidade. O produtor Basílio Peron foi um dos primeiros braçonortenses a trabalhar com a criação de suínos. O empenho e dedicação foram seguidos pelos nove filhos que cresceram em meio ao abatedouro da família. Mesmo com o falecimento do pai, seguiram a profissão ensinada pelo patriarca e hoje mantêm frigoríficos na comunidade. José Peron, 51 anos, é o
segundo filho entre os cinco irmãos homens. Vilson, Célio e outros dois que já faleceram, completam a família masculina. Mas, há espaço para as mulheres também. Lenir, Araci, Tereza e Celina formam o quadro dos nove filhos de Basílio. José lembra que, quando pequenos, todos ajudavam no abatedouro. “Matávamos porco na segunda-feira e no dia seguinte era feita a feira. Na quinta a gente abatia o suíno e os vendíamos na sexta-feira. Era puxado, mas gostávamos daquela rotina”, descreve José. Os filhos foram crescendo e, com isso, a vontade de seguir os próprios caminhos. A inspiração para abrir o próprio negócio, veio do pai, Basílio. Dos nove irmãos,
apenas uma das mulheres não seguiu no ramo. “Cresci nos negócios do meu pai e era o que eu sabia fazer. Não gostava de ir pra roça, então tive a ideia de abrir um pequeno frigorífico no começo dos anos 90”, recorda José, que no início trabalhou em parceria com o irmão Célio, mas desvinculou-se das atividades conjuntas anos depois. No empreendimento de José, os produtos embutidos são derivados do abate terceirizado de 90 suínos por semana. “É um produto diferenciado, com valor no mercado. A carne suína tem sabor individual e buscamos aguçar ainda mais com os derivados”, complementa o empreendedor, que mantém a tradição familiar.
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Atividades rurais e indústrias de beneficiamento integram potência econômica de Pinheiral Responsável por pelo menos metade da arrecadação municipal, a comunidade de Pinheiral mantém um potencial econômico sustentado principalmente por indústrias de beneficiamento de leite e de carnes, além da agricultura, tendo como destaque a suinocultura e o gado leiteiro. Mas, percorrendo os caminhos da comunidade do interior é possível descobrir outras fontes de renda, como a da família de Zélia Uliano Alberton, que mora há mais de 70 anos na localidade. O sustendo do lar provém da fumicultura, atividade que integra a rotina dos familiares há duas gerações. Zélia ajudava os pais na produção e, atualmen-
te, o filho e o sobrinho somam forças para colaborar no cultivo anual de 20 mil pés de fumo. “Cresci no meio da atividade e vou permanecer até o fim. É trabalhoso, mas nos dá o sustento necessário. Já tentamos outras opções da agricultura, mas não deram certo. Aqui nos realizamos”, opina Zélia. Debaixo de um sol escaldante em uma tarde de janeiro, Zélia aproveitava a folga para saborear melancia, em meio ao plantio, ao lado do filho Adalto e do sobrinho Dionísio. Porém, tinham que voltar ao trabalho, atentos a cada pé de fumo que entre três meses será entregue a uma empresa de beneficiamento. “A colheita é o passo mais
difícil, pois é demorada e leva dias. Para plantar 20 mil pés de fumo levamos um dia, com uso de máquinas agrícolas”, detalha Adalto. A expectativa para esse ano é a qualidade e ótima produtividade. No início de janeiro, cerca de 100 quilos de fumo estavam prontos na estufa para serem destinados a uma empresa regional. “É só uma parte do que colhemos até agora. Quando tudo for colhido e colocado na estufa para secar, mandamos para a firma. O lado positivo da fumicultura é o pagamento no dia combinado. Sempre recebemos corretamente e isso nos incentiva a continuar na atividade”, completa a matriarca Zélia.
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Pesquisa é realizada pela administração de Braço do Norte. Normas referem-se as construções às margens da via Para garantir a segurança nas construções que se instalam às margens da BRN424 e estabelecer padrões, a administração de Braço do Norte realiza estudo para confeccionar um projeto de normas. No Plano Diretor, a extensão da rodovia municipal não se enquadra nas diretrizes, pois apenas estabelece parâmetros urbanísticos e de
ocupação urbana. Ao construir a sua casa em Pinheiral, a atendente Djovana Wilke Buss escolheu a dedo o local: uma propriedade às margens da rodovia. “Escolhemos o terreno pela pavimentação, além de ser perto de onde trabalho”, comenta. Sem ter normas específicas que norteassem a constru-
ção, Djovana contou com ajuda do engenheiro civil da família. “Há dúvidas porque não se sabe ao certo o recuo que é preciso deixar. Muitas casas são próximas do asfalto, outras deixam um grande espaço entre a residência e a via”, discorre. Em casos como este, o secretário de Planejamento, Charles Bianchini, enfatiza
ESTUDO é realizado para normatizar construções às margens da rodovia
que o estudo é uma necessidade, pois a rodovia tem um fluxo crescente. “Enquanto a pavimentação foi realizada, a rodovia era responsabilidade do Estado. Após passar ao município novamente, podemos implantar as normas que estão sendo pesquisadas”, esclarece. A engenheira civil da prefeitura, Valdilene Werner
Bittencourt, acrescenta que a faixa de domínio deverá ser diferente entre as zonas urbanas estabelecidas no Plano Diretor e a área rural ao longo da rodovia. “Nas margens municipal, a intenção é estabelecer um recuo maior do que existe hoje no espaço urbano, que é em média quatro metros entre a construção e a estrada”.
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Moradores planejam próximos pedidos para pavimentações Quem um dia passou pelo percurso de quase 13 quilômetros entre Braço do Norte e Pinheiral lembra-se da poeira, buracos e falta de infraestrutura da rodovia BRN-424. Três anos após o início da obra, concluída entre duas etapas, moradores comemoram a tão esperada melhoria e fazem planos que podem alavancar ainda mais o potencial da comunidade. Os pedidos próximos são de pavimentações que interligam a comunidade a outras localidades, como a comunidade de Rio Santo Antônio e as cidades de Rio Fortuna e Armazém, um dos anseios é de Bianca Wensing Becker, do Produtos D’Nona. Por muitas vezes os caminhões da empresa ficaram obstruídos na
rodovia até Braço do Norte. “Os motoristas alternavam as estradas e, para cortar o caminho sem ter que correr o perigo de ficarem encalhados na rodovia, utilizavam a estrada para Armazém com destino à BR-101”, relembra Bianca. Na rotina do empreendimento, o anseio de Bianca seria a pavimentação do Pinheiral até a Cidade Amiga. “Enquanto que na época o trecho era de areão até Braço do Norte, era possível chegar mais rápido até Armazém passando também por estrada de chão. Se for pavimentado, o acesso também será agilizado”, argumenta. Para o morador e empresário José Roberto Uliano, o “Beto”, o caminho entre a comunidade
e Rio Fortuna, cerca de 10 quilômetros, também poderia ser pavimentado. “Muitas pessoas da cidade passam por aqui, têm familiares. Mas toda estrada de areão, quando chove, apresenta problemas. Com o asfalto no local, facilitaria o acesso ao Pinheiral pelos dois lados, para quem vem por Braço do Norte e para quem vem por Rio Fortuna. Todos ficariam satisfeitos”, opina Beto. A agricultora Zenaide Warmeling frisa que é importante também interligar as comunidades de Braço do Norte, o que representa a valorização de quem mora na cidade. O anseio da moradora do Pinheiral é ver a capa asfáltica entre o Pinheiral e o bairro Rio Santo Antônio.
ESTRADA que liga Pinheiral até Rio Fortuna
ACESSO pela comunidades de Rio Santo Antônio
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Moradores acreditam na melhoria de serviços. Administração afirma que dentro da legalidade não há impedimentos Com aproximadamente 350 famílias, a comunidade de Pinheiral é lembrada especialmente pela sua importância econômica para o município. A conquista da pavimentação entre o Centro da cidade até a comunidade aguça os olhares para que o local um dia possa se tornar um distrito. A Administração municipal avalia que há possibilidades e solicitações já foram feitas pelos moradores. Segundo o prefeito Ademir Matos (PMDB), dentro da legalidade não há impedimentos para tornar Pinheiral um distrito. “No entanto, não haverá muitas mudanças para a comunidade. A vantagem é ter serviço público e privado oferecido diretamente no local, como uma agência dos Correios, cartório e banco”, explica Ademir. A auxiliar de serviços gerais Lenir Monteiro trabalha há 10 anos na Escola de Educação Básica Jacob Luiz Neibel e acredita que a comu-
nidade tem que reivindicar a possibilidade de tornar-se um distrito. “Com a pavimentação, a tendência é de crescimento. Mais empresas poderão implantar-se aqui e, para facilitar os serviços, poderia ser um distrito. Nem precisaríamos nos deslocar todo dia até o Centro para fazer serviços essenciais, como retirar uma encomenda na agência dos Correios”, comenta. O comerciante Jaison Voss questiona a infraestrutura da comunidade para o distrito ser implantado. “Há os prós e os contras. Seria bom, teríamos melhorias nos serviços da saúde e podíamos ter um atendimento bancário aqui mesmo. Mas, a comunidade é pequena e acredito que não há tantas chances de se tornar um distrito, pois mesmo com o potencial das empresas, a arrecadação não é tão elevada”, acredita Jaison, sem saber que a comunidade é responsável por quase metade da arrecadação municipal.
Serviços básicos em análise Com a subdivisão territorial de Braço do Norte, Pinheiral como distrito poderia ter uma subprefeitura e se tornar apta a receber recursos para serem investidos apenas na localidade. O prefeito Ademir Matos esclarece que mesmo como bairro, Pinheiral tem toda a atenção do Executivo. “Tanto que estamos providenciando uma parceria com os Correios para instalar uma agência na comunidade e ainda este ano será construída uma unidade de saúde Estratégia Saúde da Família no local”, complementa o alcaide.
COM desenvolvimento, comunidade pensa em se tornar distrito