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Novembro e Dezembro de 2014 www.negocioagro.com.br

N° 02

A volta por cima da carne suína Depois de enfrentar forte crise, suinocultura mostra sinais de fortalecimento com a valorização do mercado interno e abertura cada vez maior do mercado internacional


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Leia nesta edição 06. giro pelo campo Diogo Becker traz as novidades do mercado agrícola

08. Entrevista Arley Felippe fala sobre o mercado do leite e traz uma análise do valor pago ao produtor

20. fumicultura Instabilidade do tempo preocupa e pode gerar quebra na produção

32. De volta às origens Após sair de casa pra trabalhar no Centro, filho de suinocultor retorna para atividade rural

36. conservação de solo Estudos preliminares e conhecimento da área e clima são essenciais para a boa produtividade

26. da desova à entrega Para o sucesso na produção, atividade requer experiência e dedicação por parte dos piscicultores

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12. Matéria da Capa Suinocultura em alta e a abertura do mercado exterior para a região

30. De olho no Jersey Braçonortenses fazem intercâmbio com colombianos que estão interessados na produção local


caro leitor,

expediente

mercado de suínos vivencia um momento de grande visibilidade e importância. Sendo que os preços pagos pelo quilograma do suíno vivo estão cerca de 30% acima do valor no mesmo período do ano passado. A baixa oferta do animal, consumo em alta, grande quantidade exportada e a valorização das outras carnes também contribuem para o aumento dos preços. O mercado do leite, atualmente, está mais turbulento. O aumento da captação do leite em todos os Estados brasileiros e no mercado mundial contribui para o crescimento da oferta do produto e a consequente baixa nos valores pagos aos produtores neste último mês.Todavia, o mercado já dá sinais de estabilização dos preços nos atuais patamares. Na agricultura, superamos inúmeros desafios: produtividade, ataques de pragas e doenças, seca, granizo, enfim. Entretanto, estamos perdendo despercebidamente nosso maior recurso a cada chuva que passa: o solo. As formas convencionais de cultivo, aragem, subsolagem, gradagem utilização intensa de tratores e máquinas pesadas, terão de ser abandonadas ou utilizadas de forma racional, para que, com o passar dos anos, não tenhamos que abandonar as atuais áreas de cultivo em virtude, principalmente, da baixa produtividade. Para os piscicultores da região, o ano agrícola começou recentemente. É época de povoamento dos açudes e, para garantir uma excelente produtividade, a escolha dos alevinos é um dos principais pontos a serem observados. A possibilidade de passar um dia de campo fascina inúmeras pessoas, principalmente moradores de grandes cidades. Por outro lado, esta é uma oportunidade de renda para famílias do interior, que podem propiciar aos turistas conhecer o dia a dia do campo, a gastronomia e os costumes. Com isso, a produção orgânica também vem ganhando espaço com o crescente surgimento de consumidores preocupados com o que se tem à mesa. Estes e muitos outros assuntos estão nas próximas páginas da revista NegócioAGRO, que chega a sua segunda edição. Tenha uma excelente leitura!

Diretor Executivo Fernando Freitas

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Departamento Comercial Mara de Oliveira Redação Suellen Souza - editora / SC: 44851-JP Samira Pereira Colunistas Diogo Schotten Becker – coordenador Departamento de Criação Jéssica Simiano Gabriela Rousseng Departamento Financeiro Ezequiel Philippi Fotografias Odáirson Antonello Revisão Ortográfica Maria Vanete Stang Coan Assinaturas Zula Coradelli Fone: |48| 3651 2700 Av. Felipe Schmidt, 2244. Sala 13. Centro - Braço do Norte - Santa Catarina CEP: 88750-000 contato@negocioagro.com.br

Diogo Schotten Becker

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40. Agricultura orgânica O exemplo de quem conquistou o mercado produzindo alimentos livres de agrotóxicos

NegócioAGRO é uma publicação bimestral da Folha o Jornal Editora Ltda – ME, CPNJ: 01.749.601/0001-64. Tem sua circulação dirigida ao produtor rural, casas agropecuárias da Comarca de Braço do Norte e as empresas que distribuem aqui seus produtos ou prestam serviço. Garanta o recebimento de seu exemplar: Assinatura anual: R$ 58,00.

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Milho I Mês marcado por forte volatilidade das cotações de milho durante os pregões diários na Bolsa de Chicago, devido à influência da colheita da safra dos Estados Unidos, que permanece em atraso, mas com uma boa recuperação em relação à semana anterior, saindo de 46,0% para 65,0%, porém, ainda abaixo dos 73,0%, que é a média dos últimos 05 anos, para o mesmo período. Além disso, a demanda mais aquecida pelo etanol e os movimentos altistas/ baixistas das cotações de soja e farelo de soja, também exerceram influência nos preços do cereal na Bolsa. No entanto, as cotações em Chicago permanecem nos patamares de em US$ 3,67/bushel (US$ 144,63). Na Argentina, o excesso de chuvas vem atrasando o plantio do milho, no entanto, nada ainda preocupante em se tratando de produção, visto que as áreas semeadas estão com um bom desenvolvimento.

diogo schotten becker - Formado em Gestão de Agronegócios pela Unisul.

Milho II Diante das recentes altas em Chicago e com o aumento da cotação do dólar, visto que há uma expectativa do mercado em relação à economia brasileira, bem como à próxima equipe econômica, os preços internos inverteram as posições de um mês atrás, quando as cotações estavam muito baixas, havendo, ainda, necessidade de intervenção do Governo Federal. As cotações em todas as regiões, inclusive em Mato Grosso, já estão acima do preço mínimo. No Paraná, as cotações de milho ao produtor estão variando de R$ 18,00 a 20,00/60 Kg balcão e, no Mato Grosso, de R$ 14,50 a 18,00/60Kg, no disponível. Esta situação de certa forma tem influenciado positivamente as exportações brasileiras, que estão mantendo o ritmo da semana anterior, em torno de 139,0 mil toneladas/dia, podendo atingir, até o final de novembro, 3,0 milhões de toneladas e, com isso, atingir, ainda 19,5 milhões de toneladas estimadas para fevereiro de 2014 a janeiro de 2015.

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giro pelo campo

- Especialização em Gestão de Empresas pelo Unibave. - Cursando Engenharia Agronômica pelo Unibave. Atualmente é produtor de suínos e gado de leite, professor do colégio agrícola e ex-diretor de agricultura de Braço do Norte. Fone: (48) 9634 6259 contato@negocioagro.com.br

Carne suína As exportações brasileiras de carne suína in natura totalizaram 36 mil toneladas em setembro, volume 1,4% maior que o de agosto, mas ainda 9,8% inferior ao de setembro do ano passado, segundo dados da Secex. No acumulado de julho a setembro, as vendas externas do produto somaram 106 mil toneladas, 18% a menos que em igual intervalo de 2013. Apesar das quedas, agentes seguem na expectativa de que os embarques de carne suína se intensificarão nos próximos meses.

Relação de Troca e Insumos Os recordes de preços do suíno vivo, combinados às quedas nos valores do milho continuaram elevando o poder de compra de suinocultores em setembro. No encerramento do mês, a relação de troca de suíno por milho foi a mais favorável ao produtor, considerando-se toda a série histórica do Cepea para o animal vivo. Levantamento da equipe Grãos/Cepea indica que a pressão sobre os valores do milho veio do excedente interno e do aumento dos estoques mundiais, especialmente dos Estados Unidos.


Trigo A ocorrência de seca em várias regiões produtoras de trigo fez a produtividade do cereal recuar nesta safra. Brasil e Austrália estão entre os prejudicados. Os australianos vão ter redução da safra para 18 milhões de toneladas, 1 milhão a menos do que a estimativa anterior. Já no Brasil, houve perda de qualidade do produto. Devido a essa queda, as apostas do mercado internacional são que o país terá de importar pelo menos 7 milhões de toneladas nesta safra para complementar a demanda interna. A produção mundial de trigo fica em 720 milhões de toneladas, para um consumo mundial de 722 milhões, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Sobe A carne de frango começa a recuperar preços neste mês, no atacado, com alta superior à bovina e à suína. Apesar deste aumento, a carne de frango perde muito para as demais nas últimas semanas, quando se comparam os reajustes de cada uma. Pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) indica que a defasagem da carne de frango, em relação à de suína e à bovina, é a maior desde 2004, quando o órgão iniciou essa comparação.

Lançamento No mês de setembro aconteceu em Braço do Norte o lançamento da revista NegócioAGRO no Restaurante do Simão. Mais de 80 convidados participaram do lançamento entre produtores e empresários do setor. O evento contou com a presença do secretário de Estado de Agricultura e Pesca, Airton Spies, que ministrou uma palestra aos presentes. Entre as frases citadas, destacam-se: “Com a profissionalização da cadeia leiteira haverá choro e ranger de dentes, entretanto temos que nos manter firmes no propósito” e “Santa Catarina é o que mais investe na Agricultura, 3% do PIB do Estado, porque já sabemos que o retorno é certo.”

Como está Apenas 76% da área que será destinada à soja em Mato Grosso já foi semeada até a 1ª quinzena de novembro. No mesmo período do ano passado, esse percentual era de 86%, segundo a entidade.

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entrevista

Pecuaristas não podem ter medo de produzir mais leite Ex-presidente do Sindileite/SC, Arley Felippe faz uma análise do mercado atual do leite e explica a variação no preço do produto Arley traça um panorama do atual mercado de leite , que tem o preço estabilizado após queda

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rley José Felippe é diretor da Áurea Alimentos e foi presidente até 2012 do Sindicato das Indústrias de Laticínio e Derivados do Leite do Estado de Santa Catarina (Sindileite/SC). Durante seis anos presidiu o Conseleite, uma associação civil que reúne representantes de produtores rurais de leite do Estado e de indústrias de laticínios que processam a matéria-prima. O Conselho é

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paritário, ou seja, o número de representantes dos produtores rurais é igual ao número de representantes das indústrias. Nele se discute entre outras coisas o preço médio que deve ser praticado pelo mercado. O empresário de Braço do Norte, nesta entrevista, traça um panorama do atual mercado do leite que, para ele, permanece estável, após o preço sofrer uma queda, o que chamou de adequação ao mercado internacional.


Como está o mercado do leite em nosso Vale? Quanto realmente é produzido e beneficiado aqui? Como é a fatia de mercado, o que vai para o quê? Arley Felippe - A produção de leite em nosso Vale está ainda muito pequena, apesar do crescimento anual ser bem significativo. Mas, se compararmos com outras regiões produtoras, temos muito a crescer. Também há de se ressaltar que se voltarmos no tempo, vamos lembrar que há 20 anos quem produzia mil litros por dia era considerado um grande produtor e tinha um alto poder aquisitivo. Mas hoje, com a globalização, este produtor é considerado pequeno. Naquela época ele também não tinha investimentos com refrigerador a granel, ordenha canalizada e produtos de limpeza para estes equipamentos. Até mesmo o seu estilo de vida era mais humilde. Antes, por exemplo, o produtor andava de carro popular, hoje, dirige uma potente camionete. Agora, felizmente, o produtor tem conforto, internet e tecnologia para produzir leite com mais facilidade. Porém, tudo isso tem um preço. Quanto ao leite produzido no Vale, atualmente a região do sul de Santa Catarina produz mais de 500 mil litros de leite por dia e cerca de 80% é utilizado para a industrialização do queijo. Posso garantir que a maioria das agroindústrias da região sente a falta da matéria-prima. Isso faz com que os outros custos fixos das indústrias se tornem alto. Para tornar este custo menor, ou seja, terem uma melhor produtividade, as agroindústrias buscam a matéria-prima em outras regiões, o que realmente faz a diferença no custo, porque o leite tem praticamente o mesmo preço em todas as regiões produtoras pelo Brasil. O alerta foi feito no mês de abril deste ano pelo Conseleite: a situação favorável dos preços deveria ser comemorada pelos produtores com parcimônia, pois, o mercado consumidor apresentava sinais claros de enfraquecimento da demanda interna de lácteos. E, em plena

Muitos laticínios de nossa região não ampliam a sua produção por falta de matéria-prima

entressafra, observou-se uma queda no preço do produto. Quais foram os principais motivos da diminuição no valor pago ao produtor? Arley Felippe - O Conseleite já tinha conhecimento do alto preço que o produtor vinha recebendo pelo leite, e o mercado internacional não tinha a mesma tendência. O leite em pó, que chegou a ser produzido a 5,50 dólares o quilo, vinha baixando e muito rápido. Hoje está cotado a 3,50 dólares o quilo no mercado internacional. Lembro que para fazer um quilo de leite em pó são necessários de 8,4 a 10 litros de leite. Não estamos nem falando da mão de obra envolvida, embalagens, impostos, fretes... quanto vale no mercado esta realidade? No sul do país, para se ter uma ideia, temos cerca de 10 fabricantes de leite em pó que, neste momento de preço baixo, diminuem a produção de leite em pó e passam a fabricar queijo, leite longa vida e outros derivados, migrando para o merca-

do local, enquanto que o leite em pó era praticamente destinado ao mercado internacional. Isso explica, em boa parte, a baixa no preço não só na região, mas em todo o Brasil. Resumindo, os fabricantes de produtos lácteos deixaram de produzir o leite em pó que era exportado, para atender ao meracdo interno com outros produtos, fazendo com que aumente a oferta nas prateleiras, diminuindo assim o preço dos produtos, devido a concorrência. Produto mais barato nos mercados, significa menos valor pago ao produtor. Até que ponto os casos de leite adulterados em Santa Catarina tiveram reflexo na queda do valor pago no leite ao produtor? Arley Felippe - Talvez os casos de adulteração do leite no Estado aceleraram a queda do preço ao produtor, porque Santa Catarina é um grande exportador de leite para outros estados. Mas, se não fosse isso, o preço também baixaria, porque, repito, quem dita o preço é o mercado internacional. Como ter garantia que o leite entregue pelo produtor e beneficiado por nossas empresas é bom para o consumo humano? Arley Felippe - As empresas que cumprem a legislação em vigor precisam coletar amostras diárias do leite na propriedade para analisar a qualidade que compõem seis itens: células bacterianas, somáticas, sólidos totais, proteínas, gorduras, alizarol, antibióticos, resfriamento e acidez dornic. No caso das adulterações do leite do Oeste que foram comercializados para longas distâncias, ou seja, para outros Estados, o problema pode ser detectado no resfriamento e no teste de alizarol. Quais as formas que as empresas locais encontram para bonificar o produtor que apresente um leite de melhor qualidade? Arley Felippe - A partir da criação do Conseleite, foram estabelecidas três faixas de qualidade do leite: o padrão, abaixo do padrão e acima do padrão. Para ser padrão, o leite deve ter menos de 300 mil bacté-

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rias, 500 mil células somáticas, acusar menos de 18 dornic, mais de 8,4% sólidos totais, 2,9% proteína e 3,1% gordura. Com base nestes números as empresas criaram parâmetros para suas tabelas de bonificação. Quem tem melhor qualidade, recebe mais, quem apresenta um leite ruim, é punido e recebe menos. Qual a tendência do mercado de leite para os próximos meses? Arley Felippe – Não há como prever com exatidão. Porém, com a globalização e as informações online, o mercado está cada vez mais atualizado e isso faz com que o produtor tome as decisões mais rápidas. Quando sinaliza uma queda no preço, o produtor reduz a alimentação do gado, consome menos produtos agropecuários e, automaticamente, reduz o custo de sua produção. Desta forma, reduz também a produção e a oferta. Assim há um equilíbrio melhor. Isso acontece nos países de mercado aberto, sem subsídios. Que recado você deixa ao produtor de leite? Arley Felippe - Que não tenha medo em aumentar sua produção. Muitos pecuaristas leiteiros acham que entregando mais produto, o preço baixará. Isso não é verdade. Muitos laticínios de nossa região não ampliam a sua produção por falta de matéria-prima. Produzindo mais leite, as agroindústrias contratarão mais mão de obra e ampliarão suas unidades fabris. Mercado para o leite existe

O gráfico mostra a evolução dos preços do leite em pó integral no leilão GDT (Global Dairy Trade) e nos mercados Europeu e da Oceania, de acordo com dados quinzenais levantados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Produção da região é usada, em boa parte, nos lacticínicios do Vale

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Ap贸s crise, suinocultores vivem os bons momentos do mercado

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Depois da tempestade... a calmaria Difícil período vivenciado em 2012 fez alguns produtores desistirem da atividade. Outros, no entanto, viram na dificuldade a chance de se reestruturar e buscar novas opções à propriedade

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e os suinocultores da região pudessem apagar da memória algum período da vida profissional, com certeza a maioria deles escolheria o ano de 2012. Há dois anos, o Brasil passou por aquela que muitos alegam ter sido a pior crise do setor. O baixo custo de venda do animal, aliado ao aumento de aproximadamente 100% nos insumos, como o milho e a soja, fez com que boa parte dos suinocultores desistisse da atividade. Abatedouros foram fechados e animais passaram fome, aumentando a preocupação daqueles que tinham na atividade a principal fonte de renda. O vice-presidente de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal

(ABPA), Rui Eduardo Saldanha Vargas, lembra-se da dificuldade enfrentada durante o período. “A demanda interna estava baixa e os preços no mercado internacional não remuneravam satisfatoriamente. Houve, na ocasião, um desequilíbrio muito grande na cadeia produtora de suínos. Os profissionais, especialmente os de Santa Catarina, passaram a aferir margens menores na comercialização”, conta, explicando que somente a partir do segundo semestre de 2013 a situação começou a ser regularizada. “O preço dos insumos baixou, em contrapartida, aumentou o consumo da carne no país e os valores internacionais também melhoraram”, salienta Vargas. Os suinocultores que decidiram

permanecer no setor viram, pouco a pouco, as coisas voltarem ao normal. Graças ao equilíbrio entre oferta e demanda, o mercado tornou-se favorável, trazendo novas possibilidades à suinocultura regional. Contribuiu para este quadro, de acordo com o vice-presidente da ABPA, a redução de 3% a 4% da produção nacional. “A maioria das empresas deixou de repor o número de matrizes anteriormente à crise de 2012. Assim, com a redução no volume de abate, houve o equilíbrio entre oferta e procura. Além disso, a Rússia passou a demandar mais carne suína, os preços internacionais subiram e, desde então, o consumo interno tem estado em um bom patamar”, alega o vice-presidente.

A partir do segundo semestre de 2013, situação do mercado começou a ser regularizada

Houve, na ocasião, um desequilíbrio muito grande na cadeia produtora de suínos. Os profissionais, especialmente os de Santa Catarina, passaram a aferir margens menores na comercialização” Rui Eduardo Saldanha Vargas

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Momento que já é favorável tende a melhorar ainda mais

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esde o segundo semestre de 2013, o cenário da suinocultura catarinense vem em uma constante melhora e a expectativa é de que o preço pago pelo quilo do animal vivo ao produtor ultrapasse os R$ 5, em breve. O suinocultor, após passar por grandes dificuldades, colhe os frutos por não ter desistido da atividade. O presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Lousivânio de Lorenzi, enfatiza que o profissional da área é merecedor de reconhecimento. “São vitoriosos. Conseguiram colocar em dia o passivo financeiro que havia sido contraído durante o período”, aponta. Lorenzi acredita na estabilidade do preço daqui em diante. “Temos um bom volume de exportações. Sabemos que o Japão está comprando uma quantidade maior e lá o mercado é garantido. Com a abertura para a África do Sul, temos ótimas perspectivas a partir de 2015”, aponta o presidente da ACCS que avalia ainda a aproximação do fim de ano como fator positivo

para o crescimento do consumo. “Os estoques são maiores e a tendência do preço é aumentar, diferente de outras épocas do ano. Também visualizamos a redução de custos para o suinocultor, já que há um grande número de milho e farelo de soja estocado. Não há espaço para tamanha armazenagem, portanto, a oferta de grãos aumenta e o custo para o produtor diminui”, salienta Lorenzi. O preço do dólar, que está elevado, também é motivo de comemoração para os exportadores. “Sabemos que o mercado é assim. Passamos por altos e baixos, mas estamos sempre em busca de novas possibilidades para nos livrar das crises. Mesmo já estando num período bastante atrativo, ainda enxergamos uma leve melhora daqui para frente. Diversos fatores conspiram para isso”, salienta. Para animar ainda mais os produtores, pelo sétimo ano consecutivo Santa Catarina recebeu a certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa

sem vacinação. Por conta disso, diferentes países têm se interessado pelo produto catarinense. O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, comenta que a carne suína brasileira está no centro das atenções dos mercados internacionais e que Santa Catarina se destaca. “Somente de janeiro a setembro deste ano, os catarinenses exportaram 155.766 toneladas, de um total de 362.165 toneladas no Brasil. Ou seja, quase metade do que foi levado para o exterior. Em receita, isso significa que o Estado obteve mais de US$ 520 milhões de um total de US$ 1,13 bilhão”, explana. O aumento da demanda, conta o presidente, faz com que os produtores catarinenses tenham bons resultados na hora da comercialização do animal. “Este é um excelente momento para exportação. Além disso, é possível desfrutar do consumo e dos preços no mercado interno, que estão igualmente bons”, evidencia Turra.

Até setembro deste ano foram exportados mais de 155 mil toneladas de carne suína

“Este é um excelente momento para exportação. Além disso, é possível desfrutar do consumo e dos preços no mercado interno, que estão igualmente bons” Francisco Turra

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Momento é de investimento e cuidados com sanidade

Hora de modernizaR a propriedade Mas quem pensa que o aquecimento do mercado é motivo para descanso, está enganado. Este é o momento certo para investir na propriedade e tomar ainda mais cuidados com relação à sanidade e à biossegurança dos animais. Conforme o presidente do Núcleo Regional Sul da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Adir Engel, por conta da crise, muitos produtores ficaram com a granja sucateada e com dívidas. Daí surge a necessidade de, aos poucos, investir em tecnologia. Para Adir, mesmo que o momento e as projeções de futuro para o setor sejam bons, esta não é hora de ampliar ou de construir. “Os suinocultores têm que colocar a casa em ordem, modernizar as instalações e fazer uma reserva financeira. Estou envolvido com o agronegócio há anos e sempre fui muito otimista com o setor, apresar das dificuldades enfrentadas. Produzir alimento num país como o nosso, com grandes chances de crescimento, com condições de mercado e com área livre, nos faz acre-

ditar e planejar. Crises sempre existiram e continuarão existindo, o que precisamos é nos preparar para enfrentá-las”, comenta. O presidente da Associação Catarinense, Lousivanio De Lorenzi, concorda com a afirmação de Engel. Para ele, o produtor não deve pestanejar em investir em tecnologia. Além de aumentar a produção, isso agrega valor ao produto final. “Os investimentos fazem o suinocultor produzir mais a um custo abaixo do normal”, evidencia, lembrando que, além disso, é necessário se atentar à biossegurança da propriedade. Adotar normas e procedimentos no intuito de evitar a entrada de agentes infecciosos, como vírus, bactérias, fungos e parasitas é essencial para controlar a disseminação de pragas e enfermidades. Conforme Lorenzi, de nada adianta ter animais saudáveis e livres de febre aftosa sem vacinação, se é permitido o contato do plantel com pessoas que desconhecem as exigências e os riscos da atividade. “Não podemos colocar

em risco um status que levamos tantos anos para alcançar”, expõe, contando que além de disseminar a questão de biossegurança, já se começa a falar do bem-estar animal. “Dentro de alguns anos, essa exigência virá forte. E quando vier, os produtores terão de se adaptar e adaptar a propriedade, para não perder mercado”, enfatiza.

Adir: Produzir alimento num país como o nosso, nos faz acreditar e planejar

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Em 2013, Notable foi habilitado para exportação da carne suína

Carne tipo exportação

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esmo enfrentando a forte crise do ano de 2012, muitas empresas resolveram continuar trabalhando com o agronegócio. Uma delas foi o Frigorífico Catarinense - Notable, instalado no município de Grão-Pará, que entrou numa nova fase após o difícil período. Isso porque, em 2013, a empresa foi habilitada a exportar carne suína ao Japão. Em entrevista à revista NegócioAGRO, o diretor Edson Wiggers fala sobre o processo de exportação e as expectativas com relação à nova possibilidade que se abre.

O Frigorífico Catarinense abriu as portas, em setembro de 2006, com o intuito de entrar no mercado nacional e internacional de carne suína com uma marca forte. Como iniciou este história e por que tentar o mercado oriental? Edson Wiggers - Meu sonho, à época, era construir um frigorífico que pudesse absorver parte da grande produção regional de suínos, 16

que era levada para abatedouros de outras cidades. Isso otimizaria a cadeia produtiva, reduzindo custos com transporte e melhorando a qualidade da carne, já que o animal ficaria menos tempo em exposição ao estresse causado pelas longas viagens. Após a empresa estar solidificada no mercado, iniciamos os trabalhos para que pudéssemos exportar carne suína para o Japão. Foram dois anos de negociações, até que, em 2013, re-

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cebemos a notícia de que estávamos habilitados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para exportar aquele país. Quais as principais exigências do governo japonês para com a carne suína produzida no Brasil? Edson Wiggers - O Japão é o maior importador de carne suína do mundo e, para garantir a saúde dos consumidores, o governo é extremamente rigoroso no que tange à qualidade e procedência dos produtos exportados. A exigência é grande em todas as esferas que envolvem o processo. Existem, por exemplo, padrões de cortes exclusivos para o mercado japonês e não podemos fugir deles. Além disso, eles exigem que o Estado de Santa Catarina esteja completamente livre de febre aftosa sem vacinação. Após um período de forte crise,


Edson Wiggers acredita que o momento ĂŠ ideal para produtor se modernizar

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quais são as perspectivas para a exportação neste momento? Edson Wiggers - Passamos por um momento de muita dificuldade no setor, mas estamos diante, agora, de um cenário estabilizado. O produtor está recuperado e apostando em novas possibilidades, já que o mercado está aquecido, a demanda aumentou e o câmbio também está favorável. Este é o momento certo para o suinocultor se organizar e organizar a propriedade. É a hora de modernizar o sistema com o qual trabalha, optando pela qualidade e, consequentemente, pela inovação e tecnologia. Dessa forma, aumentando ainda mais os controles sanitários, garantimos uma posição de destaque para a carne de Santa Catarina. O nosso Estado tem um status sanitário privilegiado e o mercado japonês é considerado vantajoso. Isso deve servir de estímulo para que outras empresas busquem a certificação para ingressar neste atrativo mercado consumidor. É um processo demorado, burocrático e permanente, sim. Tanto é que levamos dois anos para conseguir a habilitação e as atualizações nunca param, elas são constantes. Mas, para quem trabalha com suinocultura, vale investir e se enquadrar às exigências.

O mercado brasileiro de carne suína encerrou outubro com boas notícias. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de carne suína no mês tiveram uma receita de US$ 183 milhões, um incremento de 39,6% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, os embarques somam 350 toneladas.

Depois da habilitação para iniciar o processo de exportação, quais as perspectivas para o Frigorífico Catarinense? Edson Wiggers - Hoje a empresa conta com capacidade instalada para abater até 180 suínos por hora e já temos o projeto de expansão aprovado pelo Ministério da Agricultura para abate de mais de 26 mil suínos por mês. Atualmente este número chega a 15 mil mensais, o que representa mais de mil toneladas. Felizmente estamos instalados em uma região estratégica, com um dos melhores plantéis de suínos do Brasil. O Vale produz mais de 2 mil quilos por dia. Tudo isso em um raio de apenas 20 quilômetros. Por conta destes números, geramos atualmente cerca de 100 empregos diretos e mais de 300 indiretos. Contamos, ainda, com aproximadamente 250 produtores de suínos parceiros. Além das duas câmaras de resfriamento de carcaças estamos construindo mais uma. São dois túneis de congelamento e duas câmaras de estocagem. Temos habilitação para exportar para mais de 80 países e trabalhamos diretamente com Hong Kong, Geórgia, Armênia e Trinidad e Tobago, além dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina

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Principais destinos da carne suína do Brasil* - Rússia: 129,499 toneladas - Hong Kong: 82.528 toneladas - Angola: 38.658 toneladas - Cingapura: 25.762 - Uruguai: 15.926 toneladas - Geórgia: 7.506 toneladas - Chile: 6.035 toneladas - Argentina: 5.803 toneladas - Albânia: 5.253 toneladas - Moldávia: 5.117 toneladas - Outros: 40.040 toneladas *Período entre janeiro e setembro de 2014)


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Somente nas microrregiões de Tubarão e de Braço do Norte, 4,1 mil fumicultores produzem cerca 25 mil toneladas de fumo todos os anos

Colheita do fumo preocupa Por conta do clima adverso registrado durante o desenvolvimento da planta, expectativa é de que a produção seja menor que a do ano passado

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Brasil produz, em média, 730 toneladas de tabaco anualmente. Destes, cerca de 8% são provenientes das terras do Sul do Estado de Santa Catarina. Municípios como Grão-Pará e Orleans, por exemplo, são considerados grandes produtores, sendo a atividade, em boa parte dos casos, a única fonte de renda de centenas de famílias. Uma das culturas mais antigas no Brasil, a fumicultura tem representação significativa no movimento da economia. Somente nas microrregiões de Tubarão e de Braço do Norte, 4,1 mil produtores plantam aproximadamente 10 mil hectares, totalizando cerca 25 mil toneladas colhidas todos os anos. Os dados impressionam e mostram o quanto a indústria fumageira ainda 20

tem força na região. Conforme o inspetor da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) de Braço do Norte, Hilário Boeing, no litoral Sul catarinense existem cerca de 10 mil produtores de tabaco. “Somente o município de Grão-Pará tem mais de 700. Um número bastante expressivo”, avalia. A safra deste ano já está em processo de colheita e até o final de outubro, entre 15% a 17% das plantas já haviam sido retiradas do campo, recebendo a preparação adequada para serem encaminhadas à indústria. Conforme Boeing, o clima adverso registrado durante a plantação e no desenvolvimento das folhas deve interferir no resultado da safra. “O granizo esteve dentro no normal, mas o excesso de chuva, em alguns momentos, e o forte calor

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em outros, comprometeram parte da plantação. Quando há muita água, perdemos a raiz, e quando o sol é quente, as folhas queimam. São situações diferentes, mas que interferem igualmente no resultado final”, explica. O fumo que começou a ser plantado no mês de julho deve ter uma colheita inferior à do ano passado na região de Braço do Norte, quando os números finais chegaram à casa dos 2,8 mil quilos colhidos por hectare. “Provavelmente não chegaremos a esta quantidade, mas ainda é cedo para definir o resultado da safra. Os fumicultores devem encerrar o trabalho no mês de janeiro e, até lá, muita coisa pode acontecer. Na agricultura, nunca se sabe como será o amanhã, o clima é que define isso”, explana Boeing.


Atividade movimenta a economia sul brasileira

Hilário acredita que produção seja menor comparada à safra passada devido ao clima

Disseminar informações sobre a importância social e econômica da atividade fumageira. Este é o objetivo do presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, ao dar continuidade ao trabalho que foi iniciado pelo pai, em 1955. A Associação, que hoje atua nos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, dá o apoio necessário aos agricultores familiares que têm no cultivo do tabaco a principal fonte de renda para a manutenção de suas propriedades. Benício lembra que no Brasil existem quase 160 mil produtores que, multiplicados pela média familiar de 4,3 pessoas, elevam para 688 mil o número de pessoas que dependem da fumicultura para sobreviver. Estas famílias geraram, através da fumicultura,

no ano de 2013, R$ 10 bilhões em tributos e mais de R$ 3 bilhões na geração de divisas. A receita bruta obtida pelos fumicultores, na safra de 2012/2013, girou na casa dos R$ 5 bilhões, um número bastante expressivo. “Para se ter ideia da lucratividade da atividade, se os fumicultores, que cultivaram 372 mil hectares de tabaco, o que gerou uma receita de mais de R$ 5 bilhões, tivessem cultivado soja, a área necessária para atingir a mesma receita chegaria a quase 1,5 milhão de hectares. Muitas pessoas ainda não têm noção do quanto a fumicultura é importante para a economia brasileira. A movimentação é enorme, o que garante a qualidade de vida e o bem-estar a milhares de produtores”, explana o presidente da Associação.

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Fumicultura exige dedicação integral Embora o fumo comece a ser plantado em julho e a colheita encerre em janeiro do ano seguinte, o processo de produção perdura pelos 12 meses. É um trabalho incessante, que nunca para, e que exige uma série de cuidados por parte do fumicultor. Tudo inicia com a produção das mudas em canteiro. Essa fase consiste na construção de um espaço ideal, enchimento das bandejas, semeação, adubação, plantio e poda das mudas. Somente após 60 dias, aproximadamente, elas atingem o ponto adequado para serem levadas à lavoura. Antes de serem plantadas, no entanto, o fumicultor deve preparar o solo para recebê-las, fazendo a adubação de base. As mudas são transplantadas e

aí se inicia o trato com a adubação de cobertura e de reposição, se necessário, assim como controle de pragas e de doenças. Após 70 dias, em média, inicia a capação, que é a quebra da parte superior da planta, com o objetivo de evitar que os nutrientes sejam enviados para as flores e sementes, fazendo-os serem utilizados pelas folhas. Assim, elas se desenvolvem mais, com maior peso e qualidade. “Plantar fumo exige atenção e muita dedicação por parte do produtor. Não é apenas despejar a muda na terra e esperá-la crescer. É um processo que leva o ano todo”, explana Boing, ao contar que somente após 10 dias da capação, em média, é iniciada a colheita, Cerca de 70 dias após o plantio, se inicia a capação e a quebra da parte superior da planta

observando, sempre, a maturação das folhas. “O fumo é considerado maduro quando as folhas inferiores ficam com o talo esbranquiçado e se quebram fácil, além de começar a aparecer as manchas necróticas”, conta. Todo o processo de colheita é feito de forma manual, em sucessivas vezes, começando sempre pelas folhas que estão embaixo e, chegando, por último, às de cima. Só então as folhas do fumo são acomodadas nas estufas, onde sofrem o processo de cura, ou seja, perdem água, mudam a cor e passam por uma série de transformações bioquímicas. São estas mudanças as responsáveis pelas características de sabor específico às diferentes marcas de cigarro

Você sabia? A fumicultura é uma das culturas mais antigas do Brasil. Na época do descobrimento, os espanhóis e portugueses observaram que a planta já era utilizada pelos indígenas em seus rituais. No entanto, foram os franceses que iniciaram o uso do fumo, em 1556, seguidos pelos demais povos europeus. No início, as folhas eram utilizadas para fins medicinais e, mais tarde, na fabricação de cigarros e charutos. Neste contexto surge a primeira empresa fumageira brasileira, a companhia Souza Cruz, que já soma uma história de mais de 100 anos. Contudo, o maior impulso industrial para a produção aconteceu a partir da década de 60. Nesta época foi iniciada a implantação das estufas. Atualmente, a produção brasileira de fumo se concentra, em maior parte, nos três estados do sul, que totalizam cerca de 95% do total. O restante está em Alagoas, Bahia, Ceará e São Paulo.

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Ovo líquido é aposta de avicultores do Vale Família Locks, de Braço do Norte, aguarda a autorização para construir a nova edificação onde se dará o beneficiamento do produto

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ai, mãe e três filhos. Cinco pessoas unidas em torno de um único objetivo: crescer juntos, profissionalmente, dando apoio um ao outro quando for preciso. Assim trabalha a família Locks, residente em Braço do Norte, que viu na avicultura a chance de prosperar. No mesmo espaço eles fazem o serviço administrativo e o financeiro, o burocrático e o prático. “Aqui, não nos diferenciamos em nada. Somos cinco, mas como se fosse um só, trabalhando com afinco para ver a empresa crescer e se fortalecer cada vez mais”, conta Lindsay Locks, filha do casal Gregório Locks e Ivonete Lembeck Locks. No ramo da avicultura há cerca de 20 anos, a família resolveu não estagnar no tempo e ousar. A ideia era buscar uma alternativa para o maior desafio encontrado no setor: aumentar o prazo de validade do alimento, já que em 21 dias os ovos vencem. “Estudamos bastante e percebemos que quando o ovo é pasteuriza-

do, dependendo do processo, é possível aumentar sua validade para até 45 dias. Isso evita um grande desperdício, especialmente às empresas que o utilizam como matéria-prima”, explana. A partir do conhecimento sobre a técnica e sobre as possibilidades oportunizadas por ela, a família Locks passou a investir no beneficiamento do ovo líquido pasteurizado. A decisão foi tomada há cerca de um ano e, agora, eles aguardam a autorização para a construção do espaço. O primeiro passo, conta Lindsay, foi estudar todo o processo produtivo. Só assim é possível classificar quais os derivados do ovo in natura terão mais saída no mercado. “Podemos transformá-lo em mais de 10 tipos de produtos, como clara com sal, só a clara, só a gema, os dois misturados, entre outras opções”, pontua. O trabalho só se iniciará quando a construção e o maquinário estiverem prontos, bem como a empresa estiver de acordo com as normas do Ministério da Na avicultura há cerca de 20 anos, a família Locks resolveu não estagnar no tempo e ousar

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“Aqui, não nos diferenciamos em nada. Somos cinco, mas como se fosse um só, trabalhando com afinco para ver a empresa crescer e se fortalecer cada vez mais” Lindsay Locks Agricultura. Por ser este um processo bastante extenso, a expectativa da família é começar a pasteurização no fim de 2015. A produção inicial será de 100 litros/ quilos por hora, utilizando matéria-prima de avicultores da região. “Somos uma empresa de pequeno porte, se comparada a grandes marcas. Por conta disso, pretendemos iniciar a comercialização nos municípios onde já trabalhamos com o ovo in natura, para depois expandir as vendas para a região sul e norte de Santa Catarina”, comenta. Hoje, a produção da empresa é de aproximadamente 3,6 mil ovos por dia. Em um espaço automatizado e moderno, cerca de 15 colaboradores prestam serviços à família Locks. “Iniciamos com três funcionários e este número já cresceu consideravelmente. Como vivemos numa era tecnológica, não podemos parar no tempo. O investimento acontece a todo momento, com valores expressivos, no intuito de oferecer o melhor ao nosso consumidor”, expõe. “Todo ano compramos um equipamento novo, temos alguma ideia diferente. A empresa está sempre mudando e, consequentemente, aumentando no tamanho e no número de colaboradores”, completa.


Alta rentabilidade e zero desperdício O benefício do ovo líquido é comprovado facilmente pelas indústrias alimentícias. O desperdício com relação ao produto é reduzido a praticamente zero, já que a pasteurização evita perdas com ovos trincados ou quebrados. O formato também garante a segurança alimentar, diminui a mão de obra para a quebra e a preocupação com o destino correto das cascas. Além disso, o produto não contém conservantes ou glúten, podendo ser consumido por até 24 horas depois de aberto. Conforme os equipamentos utilizados e o processo e fabricação, a durabilidade do ovo líquido pode variar entre sete e 45 dias. “Após a quebra do ovo, filtragem e pasteurização, os produtos são envasados e etiquetados. Não é um processo simples, embora seja todo mecanizado”, explana Lindsay, lembrando que durante o procedimento são eliminados todos os micro-organismos presentes no ovo in natura, o que garante uma alimentação segura e livre de bactérias, a exemplo da salmonella.

Composição do ovo 1 Ácidos graxos saturados, ácidos graxos insaturados, 20 aminoácidos, 14 minerais, 12 vitaminas, Carotenoides.

2 Vitaminas B12, Folato, Vitaminas A, D, E, K

3 Aminoácidos/Proteínas (20% das proteínas que necessitamos diariamente é proporcionada por um ovo)

4 Fosfatidilcolina (também chamada de Lecitina)

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5 Carotenóides Luteína / Zeaxantina, que diminuem a incidência de doença cardiovascular, diminuem a degeneração macular nos olhos (relacionada com a idade), faz prevenção de catarata e de retinose pigmentar. Ou seja, melhora a visão e previne doenças oftálmicas degenerativas.

7 6 Leucina, aminoácido que diminui o espaço para a gordura porque mantém a massa magra.

A clara abriga uma proteína chamada albumina, importante para o crescimento, formação de enzimas e que dá saciedade.

Mocinho ou vilão? Beneficiamento e trasformação do ovo deve evitar o desperdício

Outras organizações também preveem no beneficiamento Não apenas a família Locks está investindo no beneficiamento de ovo líquido. Na região, outras organizações já se mobilizam para adentrar neste mercado. Também à espera da aprovação do Ministério da Agricultura, a Cooperovos aguarda pela viabilização do projeto. Localizada em São Ludgero, a Cooperativa dos Produtores de Ovos tem a seu favor a vocação à avicultura do município, já que ele é o maior produtor de ovos de frango do Estado de Santa Catarina. São mais de 100 granjas produtoras, com um plantel de mais de um milhão de aves, que produzem cerca de 18 milhões de ovos por mês.

Por conter em sua gema aproximadamente 213mg de colesterol, por muito tempo o ovo foi considerado o vilão da dieta saudável e sua ingestão era limitada a no máximo duas vezes por semana. Hoje, depois de vários estudos, o vilão virou mocinho e sua ingestão é recomendada no café da manhã, almoço, jantar e até no lanche. Não há limites para ingerir o segundo alimento mais completo do mundo. Isso mesmo! Segundo o cardiologista e nutrólogo Lair Ribeiro, o ovo reúne todos os nutrientes necessários à vida e por isso é o segundo alimento mais completo do mundo, perdendo apenas para o leite materno.

Porcentagem de absorção de proteínas de cada alimento Leite Materno 49%

Carne, peixe e frango 32%

Ovo (clara+gema) 48%

Produtos láteos 16%

Fórmulas de aminoácidos as melhores não chegam a 30%

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Para a tilápia nilótica a dica é criar entre 600 e 800 alevinos por metro quadrado

Da desova à entrega: o trabalho na criação de alevinos Para o sucesso na produção, atividade requer experiência e dedicação por parte dos piscicultores

C

riar, acompanhar a desova, fazer a sexagem, alimentar... Trabalhar com alevinos não é fácil. A tarefa exige paciência e dedicação do criador, já que o principal objetivo, além de transformar os filhotes em animais produtivos, é fazer a reversão do sexo para obtenção apenas de peixes machos. Este processo é essencial para a excelência na criação, já que as fêmeas tendem a infestar o açude com a desova natural de mais de 200 filhotes mensais. E nestas horas, quanto mais experiência ao criador, melhor. Só assim os peixes crescerão saudáveis, em um espaço apropriado e com a quantidade de oxigênio e de alimento ideal. Tudo inicia ainda na desova. Conforme o médico veterinário da Epagri, Albertino Zamparetti, para cada espécie existe um cardume de peixes denominado “Plantel formador”, onde ficam os animais reprodutores. Esta reprodução, explica, pode ser feita de forma natural, semiartificial ou artificial, dependendo do peixe a ser trabalhado e das circunstâncias. “Na natural, há o acasalamento 26

dos peixes. A fêmea, e aqui falo da tilápia, desova numa proporção de duas fêmeas para cada macho”, enumera o veterinário. Enquanto isso, no processo semiartificial realiza-se a indução hormonal com a aplicação de extrato hipofisário. A seguir, acontece a desova de maneira natural. “Já na artificial, é realizada a indução hormonal e posteriormente acontece a extrusão dos óvulos, a fecundação e a incubação. Após a eclosão, o criador tem as pós-larvas. Com a absorção do saco vitelíneo, elas transformam-se em larvas, que são levadas para os viveiros especialmente preparados para seu desenvolvimento”, explica Zamparetti. Então, inicia uma das principais fases do processo de criação. É a reversão do sexo. O representante Erno Kowalski explica que se não houver a reversão, o açude tende a ter cerca de 70% a 80% de fêmeas. “Durante o período em que fica com a ovada na boca, ela perde peso e a produtividade, não se alimenta, além do que utiliza o oxigênio disponível. Cada uma é capaz de colocar cerca de

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200 filhotes por mês. É um número excessivo, que se em demasia infesta o ambiente produtivo, impossibilitando a criação de bons peixes”, explica. O processo de reversão é feito por meio de hormônio e leva no mínimo 25 dias. Somente aí, e quando o animal estiver com pelo menos 2,5 centímetros, ele pode ser entregue para a venda. Kowalski explica que o ideal é o piscicultor tratar dos alevinos em um tanque adubado e, de preferência, tapado por uma tela. “Antes de colocá-los no espaço, é possível fazer a contagem e trabalhar com exatidão a quantidade de alimento, especialmente. Dessa forma, a perda chega, no máximo, a 5% dos animais, o que faz a diferença na hora do abate”, conta ele. Para a tilápia nilótica - espécie que tem a maior densidade na região do Vale de Braço do Norte - a dica é criar entre 600 e 800 alevinos por metro quadrado. Já para a carpa capim, este número diminui para 300, no máximo, no mesmo espaço. A sobrevivência dos animais entre o estágio de larva e de alevino é de aproximadamente 70%.


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Normalmente o tempo de formação do alevino dura entre 30 e 40 dias. Neste período os peixes estão biologicamente formados. O seu hábito alimentar será definido de acordo com a espécie.

Espécies adequadas à região do Vale dE Braço do Norte: - Tilápia Nilótica (Oreochromis Niloticus) - Carpa comum tipo escama e tipo espelho (Cyprinus Carpio) - Carpa cabeça grande (Aristichthys Nobilis) - Carpa capim (Ctenopharyngodon Idella) - Jundiá (Rhamdia Quellem) - Pacú (Piaractus Mesopotamicus )

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Cuidados são essenciais para evitar o sugirmento de bastérias oportunistas

Cuidado com doenças e água é essencial

Você sabia?

Uma série de doenças pode acometer os peixes e a grande maioria delas é causada por bactérias oportunistas. Conforme o veterinário da Epagri, Albertino Zamparetti, quando se trabalha em baixa densidade e com água de boa qualidade, dificilmente as enfermidades aparecem. “Se o produtor opta por trabalhar com uma quantidade elevada de animais, fatalmente terá problemas de qualidade do ambiente. O que se deve ter em mente é que tratar estes animais é muito complicado. Peixe doente não se alimenta, portanto, não come ração, que é a melhor maneira de fornecer o antibiótico necessário”, explica o profissional. Para evitar tais problemas, além de criar uma quantidade não exacerbada, é extremamente necessário ter alguns cuidados com a água. “É nela que os animais vivem, portanto, a água é o grande segredo para o sucesso da atividade”, explana. O piscicultor deve atentar-se ao oxigênio dissolvido. “O ideal é manter sempre acima de 5 mg/L e com a temperatura entre 25 graus e 32 graus. A amônia total tem de se manter abaixo dos 2 mg/L, além de outros parâmetros, como nitrito, nitrato, fósforo, etc”, conta.

A piscicultura surgiu na China, há cerca de 4 mil anos, onde também se desenvolveu o consórcio entre peixes e outros animais (búfalos e porcos), com a finalidade de melhorar a qualidade da água. Na Europa a atividade só começou a partir do século 14, com os monges que criavam carpas nos mosteiros a fim de consumi-las nos momentos de abstinência de carnes vermelhas. Já na América do Sul, a Argentina foi o primeiro país a trabalhar com criação de peixes, importando os primeiros reprodutores de carpa comum e carpa espelho no ano de 1870. No Brasil, a atividade só chegou em 1939, quando surgiu a primeira estação de piscicultura do país em Pirassununga (São Paulo), após um estudo sobre a desova do Dourado, iniciado 10 anos antes. Desde então, a atividade vem se desenvolvendo em ritmo acelerado (aproximadamente 30% ao ano) no Brasil. Somente a Associação dos Piscicultores de Orleans (APO), que integra o Alto Vale do Braço do Norte e conta com criadores dos municípios de Orleans, São Ludgero, Braço do Norte, Grão-Pará, Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima, Armazém e São Martinho, registrou, no ano passado, o abate de quase seis mil toneladas de peixes. Hoje, no Estado, com relação à produção de peixes, a região já ultrapassa o Alto Vale do Itajaí.

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Pecuaristas colombianos DE OLHO NO gado do Vale Comitiva virá a Braço do Norte retribuir visita e conhecer o trabalho desenvolvido com a raça Jersey

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vocação para a pecuária do município de Braço do Norte está ultrapassando as fronteiras internacionais. Desta vez, são os colombianos os interessados nos animais e nos melhoramentos genéticos realizados pelos criadores da região do Vale. Melhoramentos, estes, que contribuem para que os animais cresçam mais resistentes e produtivos. Sabendo deste interesse, e no intuito de divulgar a espécie e os benefícios de adotá-la nas propriedades rurais, um dos pioneiros da criação de Jersey na região, Edésio Oenning, e o consultor Vitor Müller, viajaram para a Colômbia, no mês de setembro. Prospectando negócios, eles permaneceram no país sul-americano por 10 dias. Durante este tempo, participaram, também, do Congresso Internacional de Leite Foncegan. No país tradicionalmente agrícola, mais de 80% do solo são destinados à pecuária, enquanto a agricultura toma apenas 7%. A pesquisa feita pelo Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dane) da Colômbia aponta, também, que o seu rebanho bovino alcançou, no ano passado, mais de 20 milhões de cabeças de gado, sendo 2,5 milhões de gado leiteiro. Isso gerou mais de 13 milhões de litros de leite, o que significa um aumento de 1% com relação ao ano anterior.

“Após tantos anos de trabalho com os animais, destacamo-nos como referência mundial neste assunto” Edesio Oenning

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Grupo viajou para a Colombia em um intercâmbio de informações

Após o período no país, Müller percebeu que uma das maiores diferenças entre a bovinocultura brasileira e a colombiana está no valor pago pelo leite da raça Jersey, justamente devido às características de melhor gordura e proteína. “Por conta disso, eles trabalham muito com melhoramento genético. Outra diferença importante é que quando há muito produto e o preço do leite cai, o próprio Governo subsidia os produtores. Isso faz a atividade ser bastante interessante”, comenta. Além disso, todo o gado é controlado. “Ele têm dados em mãos e sabem onde querem chegar e como. Nós, aqui do Brasil, temos poucas informações e é raro quem faz um controle leiteiro”, complementa. Conforme os dados colhidos pelos catarinenses, a Colômbia tem um plantel de aproximadamente 1,2 milhões holandesas, 500 mil Jersey e 700 mil mestiças, que resultam do cruzamento de duas ou três raças. “Eles ainda estão iniciando neste ramo, mas já verificamos que são muito mais organizados que os brasileiros”, pontua. Oenning completa a informação, lembrando que a maioria dos pecuaristas de lá trabalha, ainda, com gados de corte, especialmente com as raças americanas e europeias. De acordo com o produtor

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braçonortense, a população é adepta à doutrina do progresso, sempre visando às melhores oportunidades para movimentar a economia e alavancar a renda. O interesse pelo Jersey surgiu por conta dessa visão de futuro, após análises sobre a produtividade e a qualidade leiteira do animal. “O Jersey tende a se desenvolver muito bem no país, principalmente porque lá as terras são bastante férteis. Os colombianos já trabalham com outras raças leiteiras, mas a procura pela nossa tem aumentando consideravelmente”, conta, ao lembrar que uma comitiva deve vir a Braço do Norte durante a próxima edição da Feagro. A partir deste interesse, algumas empresas brasileiras já estão entrando em contato e se instalando em solos colombianos. No entanto, como a região do Vale é a que tem maior concentração da raça no Brasil, ela será referência sobre a criação e sobre melhoramentos genéticos nos animais. “Eles perceberam a qualidade que tem o nosso animal e estão vindo atrás. Querem fechar negócios e levar para o seu país aquilo que temos de melhor em desenvolvimento da raça Jersey. Após tantos anos de trabalho com os animais, destacamo-nos como referência mundial neste assunto”, aponta Oenning.


Rendimento leiteiro é superior ao de outras raças Edésio Oenning teve a vida marcada pelo trabalho na terra. A paixão pela pecuária e pela agricultura já o fez viajar por mais de 20 países, sempre em busca de novidades e melhorias para os dois setores. Primeiro pecuarista a trazer para Braço do Norte gados Jersey com registro, em 1981 resolveu investir na área. Começou o trabalho com 25 vacas e um touro. Anos depois, implantou a transferência embrionária e a fertilização in vitro nos animais. A raça se adaptou à região, bem como a região aceitou a nova possibilidade que se criava à pecuária. “Deu certo principalmente por conta das pequenas propriedades familiares. O Jersey é um animal fácil de tratar e se ambienta a diferentes solos e climas. Ele vai em busca do alimento na montanha, por exemplo, não é necessário levar a comida até ele”, enfatiza. Outro fator imprescindível para a adaptação foi a união da suinocultura com a bovinocultura, por meio da utilização dos dejetos dos porcos nas pastagens. “As duas culturas se completaram e contribuíram para o desenvolvimento de ambas. Por isso a quantidade de laticínios por aqui. Cerca de 98% do leite utilizado nas empresas provêm do Jersey. O rendimento dele chega a ser 15% maior que o de outras raças”, avalia. Por conta disso, emenda, é que Braço do Norte ruma ao título de Capital Brasileira do Gado Jersey. “Eu me arrisco a dizer, ainda, que somos a maior produtora da América Latina e no mundo só perdemos para os Estados Unidos”, alega Oennig.

Sobre a raça Jersey De pequeno porte, o gado Jersey se adapta bem às regiões de alta e de baixa temperatura. Originário da Ilha de Jersey, na Grã-Betanha, que fica localizada entre a Inglaterra e a França, o animal é conhecido por ser um grande produtor de leite. Entre os benefícios da criação aos pecuaristas destacam-se o comportamento reprodutivo, a diferença racial, a adaptação e o leite mais rentável. Entenda: - Seu leite é de alta qualidade para o consumo humano - O leite do Jersey contém mais gordura, mais proteína e mais cálcio que o leite comum - Devido ao menor tamanho corporal, pode-se aumentar a carga animal por hectare - Se alimentam a um custo menor - São animais mais dóceis - São mais precoces, acelerando o ingresso na vida produtiva - Tem grande facilidade de parto - Adaptam-se a qualquer tipo de sistema ou clima - É mais tolerante ao calor que outras raças

Colombia investe em plantel, mas quer seguir exemplo de Braço do Norte

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Em busca de um espaço fora da loucura da cidade Claudinei Della Giustina resolveu tentar a vida no Centro, mas percebeu que a vocação para a pecuária era maior

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infância de Claudinei Della Giustina foi marcada pela vivência no campo. Ele e os irmãos cresceram em meio aos animais e plantações. Livres para correr, para brincar, sem quaisquer tipos de preocupação. À época, o pai, Edemar Della Giustina, criava aves e suínos e passava aos filhos, de forma carinhosa e didática, a importância do trabalho no campo. De produzir alimentos com qualidade, oferecendo à população o que de melhor o meio rural tem. Além de transmitir, por meio da pecuária e da agricultura, os nutrientes necessários para manter a saúde dos consumidores. Em meio a essa realidade, Claudinei cresceu, se desenvolveu e estudou, mas com o tempo decidiu mudar de vida. Aos 18 anos, a exemplo de muitos jovens da sua idade, saiu de casa. Deixou o campo, os animais, o meio rural e partiu em busca de novos desafios na área central da cidade de Braço do Norte. Abriu um salão de beleza junto da esposa e pelos oito anos seguintes se dedicou inteiramente ao novo negócio. “O meu objetivo era justamente esse, tentar algo diferente, iniciar uma nova atividade”, conta, ao lembrar-se do quanto gostava da profissão de cabeleireiro. “Era bom, mas com o tempo fui percebendo que a rentabilidade estava abaixo daquela que eu tanto almejava”, pontua. Foi quase uma década de trabalho na cidade. Contudo, a vocação para o campo falou mais alto. “Optamos por mais uma reviravolta em nossas vidas. Vendemos o salão e compramos um pedaço de terra na comunidade de São João do Rio Maior, em Urussanga. Decidimos mudar, de novo. Só que dessa vez, foi pra valer”, explana. Relembrando da infância e de todos os aprendizados que recebeu dos pais, Claudinei decidiu investir na pecuária. Adquiriu alguns suínos e cabeças de gado, aumentando pouco a pouco a produção. Hoje, sete anos após o retorno, o 32

pecuarista conta com aproximadamente 300 suínos e 100 bovinos. “Apesar dos altos e baixos, de passar por crises e ter dificuldades na criação, eu resolvi ficar. Cresci no campo e vejo que esse é o meu lugar. A cidade nos abre outras possibilidades, mas quem conhece a vida na roça, a liberdade que ela proporciona, a chance de lidar diretamente com a natureza, sabe o quanto é prazeroso e compensador”, fala. Para o pai de Claudinei, a decisão do filho em dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela família é motivo de orgulho. “Nós levamos o alimento para os consumidores, e por meio deles oferecemos saúde e qualidade de vida. A gratificação é muito grande ao ver que o Claudinei resolveu seguir os passos dos pais”, pontua, ao lembrar que os outros dois filhos também seguem pelo mesmo caminho. “A pecuária sempre foi muito presente nas nossas vidas. É fonte de renda, de trabalho e de orgulho”, classifica.

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Claudinei trocou o trabalho no salão de beleza pela vida no campo e na pecuária

“A cidade nos abre outras possibilidades, mas quem conhece a vida na roça, a liberdade que ela proporciona, a chance de lidar diretamente com a natureza, sabe o quanto é prazeroso e compensador” Claudinei Della Giustina


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Êxodo rural Turismo rural é aposta para a manutenção dos jovens no campo caI pela O êxodo rural é um processo mundial, que ganhou força no Brasil nas décadas de 70 e 80, quando os grandes movimentos migratórios aconteciam por conta da mecanização da agricultura e da expulsão da mão de obra do campo. Geralmente é impulsionado por duas questões principais. A primeira é a econômica, e a segunda, a cultural. É isso o que diz o historiador e engenheiro agrônomo da Epagri, Sérgio Roberto Maestrelli. “O agente de mudança principal é o financeiro. Os jovens almejam a libertação econômica, ter um salário fixo no começo do mês”, expõe. Outra questão importante é a cultural. De acordo com Maestrelli, muitas vezes a agricultura é tida como uma profissão inferior às demais. “O produtor se sente diminuído, já que foi enquadrado num perfil de pessoa simples, que não deu certo em nenhuma outra atividade. Mas isso é uma visão do passado. Hoje, o que permanece é o bom profissional. O bom médico, o bom engenheiro, o bom produtor de queijo, o bom suinocultor... Não há espaço para meio termo”, destaca o engenheiro. Nos últimos anos, segundo levantamentos do censo demográfico, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de moradores do campo que mudaram para a cidade diminuiu, embora o dado continue sendo significativo. “As pessoas devem encarar o espaço rural como possibilidade de desenvolver

outras atividades, como turismo, comércio, pesque-pague, pequenas indústrias. Hoje, o campo é palco de inúmeras atividades que podem tornar-se fontes de renda”, expõe. Para ele, o êxodo rural, principalmente entre os jovens, deve ser tratado como uma questão prioritária quando se discute a manutenção da cultura e das tradições. “Quando se fala em êxodo, lembra-se do mero deslocamento de pessoas do campo para a cidade. Mas a grande tragédia vai muito além dessa mudança. Em cada curva do trajeto, o produtor vai perdendo seus usos, costumes, tradições, identidade. A história vai sendo vagarosa e silenciosamente sepultada”, fala.

“Em cada curva do trajeto, o produtor vai perdendo seus usos, costumes, tradições, identidade. A história vai sendo vagarosa e silenciosamente sepultada” Sérgio Roberto Maestrelli

Turismo rural é uma das opções para manter os jovens no campo

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metade

O último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano de 2010, aponta que o número de pessoas que moram em áreas rurais do país continua diminuindo, porém, em um ritmo bem menor que nos anos anteriores. De acordo com a pesquisa, entre os anos 2000 e 2010, a população rural do Brasil perdeu cerca de 2 milhões de pessoas. Isso representa metade do registrado na década anterior, que foi 4 milhões. Até o ano 2000, a média de habitantes que deixavam a zona rural era de 1,31% ao ano. No censo de 2010 este número caiu para 0,65%


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Conservação dos solos: aquém do ideal Estudos preliminares e conhecimento sobre a área e clima são essenciais para a boa produtividade

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rabalhar com a terra é mais que o simples arar, plantar e colher. É tarefa difícil, que exige cuidados e, sobretudo, conhecimento para entender as suas particularidades e vocações, bem como saber qual cultura se familiarizará melhor com o relevo e com as condições climáticas. Afinal de contas, respeitar a natureza e as suas preferências é o mínimo para alcançar o sucesso em qualquer que seja a atividade. O especialista em manejo de solos, Gracioso Marcon, explica que a grande maioria dos agricultores e pecuaristas ainda não compreende a importância da conservação da terra. De acordo com Marcon, o primeiro passo para que o solo ofereça a totalidade dos seus benefícios é o correto planejamento. “Desde a parte conservacionista até as necessidades biológicas, estradas, encostas e canais, tudo deve ser avaliado com antecedência, para que o terreno continue proporcionando aquilo que o proprietário espera. Normalmente, com o passar do tempo, a terra diminui a produtividade. Isso acontece pela sua má utilização”, comenta. Marcon conta que, por causa do desconhecimento sobre o assunto, a realidade se afasta cada vez mais daquilo que é ideal. “Os agricultores plantam morro abaixo, causando um impacto ambiental enorme. Quando compram um trator, por exemplo, muitas vezes sem preparo algum, saem remexendo todo o solo. Isso atrapalha na sua conservação, diminuindo a produtividade ano a ano”, explana. “Se para dirigir um carro é necessário ter a carteira de motorista, por que não ter uma exigência deste tipo para quem conduz um implemento agrícola?”, questiona. Para o especialista, a tecnologia, que deveria auxiliar no processo de conservação, tem ocupado um papel contrário ao esperado. “Parece que estamos regredindo. A mecanização aliada à falta de preparo causa sérios danos à terra. No passado, as áreas acidentadas eram tratadas com a tração animal, uma forma muito mais fácil de acompanhar o relevo. Hoje, a situação mudou muito e para pior”, comenta.

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Área de potencial processo erosivo com solo descoberto, processo de revolvimento intenso e fora das curvas de nível, propício para a formação de valos.


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Compactação deve ser evitada Três pontos são essenciais na conservação do solo: conhecimento, inspiração e transpiração – suar a camisa para que a terra produza. As práticas conservacionistas e de manejo pregam que o produtor rural deve olhar para a terra de dentro para fora e não de fora para dentro. “É necessário observar o seu uso, cultivo e aptidão. Também é importante verificar as limitações, se o solo é duro ou compactado, e a melhor forma de manejo. Só então é possível discutir terraceamento, aplicação de calcário, entre outras ações”, conta Marcon. A compactação é um dos problemas mais comuns e deve ser evitada ao máximo. Isso porque a planta precisa dos microorganismos bons que residem no solo. Se ele for compactado, o oxigênio da terra diminui e, consequentemen-

te, os seres vivos presentes no local acabam morrendo. “Alguns produtores preparam a terra quando ela ainda está molhada, passando o trator sem dó. Isso não pode ser feito em hipótese alguma. Acabar com o oxigênio é diminuir a qualidade e a quantidade da produção”, evidencia. Para ter uma boa safra, lembra Marcon, não se deve abrir mão de boas plantas e do estudo do clima, solo e manejo. “O agricultor precisa escolher a melhor semente, de acordo com o seu uso, entender sobre o clima, se preocupar com a parte clínica, física e biológica e manejar de forma correta, aplicando fertilizante somente quando for preciso e na quantidade indicada. Tomando estes cuidados, com certeza ele terá um resultado final bastante atrativo”, destaca

Área de sistema de Plantio Direto (SPD) com boa cobertura de palhada, baixo revolvimento, plantio e curvas de nível.

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Métodos De conservação se diferenciam entre si Alguns métodos de conservação do solo são utilizados para que a terra se mantenha fértil, de acordo com suas particularidades e vocação. Entre eles destacam-se: - Plantio em nível: consiste em preparar o solo para plantio, usando-o de acordo com o nível do terreno. A erosão reduz significativamente o potencial da produção, e com este método é possível diminuir a velocidade de escoamento por meio da utilização de barreiras, curvas de nível, terraços e outros artifícios adequados, baseados em estudos preliminares. - Adubação verde: significa plantar uma cultura que não tem aproveitamento econômico, apenas para manter o solo coberto, diminuindo a erosão. Normalmente se empregam culturas que aumentam a fertilidade do solo, como as leguminosas, que fixam o nitrogênio com a ajuda de determinadas bactérias. Há, também, as plantas que reduzem a compactação com suas raízes profundas. - Plantio direto: é o ato de revolver o mínimo possível o solo durante o plantio, utilizam-se plantadeiras especiais com discos de corte para não se enroscarem com a vegetação. Este método promove o mínimo desgaste do solo e de sua atividade microbiana. Uma das principais vantagens é que ele diminui a compactação das camadas mais profundas do solo em virtude da redução do uso de máquinas pesadas. - Construção de terraços ou patamares: consiste na criação de sulcos ou valas transversalmente à direção do maior declive, sendo construídos basicamente para controlar a erosão e aumentar a umidade do solo.


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Agricultura orgânica chega a sua maior idade

Agricultura orgânica requer investimento e dedicação

Exemplo de Santo Amaro da Imperatriz, que conquistou o mercado da Grande Florianópolis produzindo alimentos livres de agrotóxicos

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anto Amaro da Imperatriz é um município catarinense com pouco mais de 25 mil habitantes, distante apenas 30 quilômetros de Florianópolis. Conhecida como destino turístico por conta de suas águas termais, que brotam da terra em temperatura média de 39°C, e da natureza exuberante da Serra do Tabuleiro, a cidade também tem a economia fortemente voltada para o setor agropecuário, principalmente com a agricultura familiar. A família Voges trabalha na agricultura há várias gerações. O produtor Amilton Voges, sócio da Associação Ecológica Recanto da Natureza, recorda que o avô chegou ainda pequeno à comunidade de Vargem do Braço. “Meu avô chegou aqui com 12 anos. Meu pai tem

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hoje mais de 80. Desde que ‘nos entendemos por gente’ estamos aqui nessas terras”, diz com alegria. E foi na roça, com o uso de fertilizantes, herbicidas e outros agroquímicos que, no ano de 1990, Amilton teve uma forte intoxicação provocada pela constante aplicação de agrotóxicos na lavoura, o que lhe rendeu quase uma semana de internação hospitalar. “A experiência ruim foi o incentivo que precisávamos para buscar novas formas de cultivo, de uma maneira que preservasse a nossa saúde, o ambiente onde vivemos e também fosse saudável e atrativo para o consumidor final”, ressalta Amilton Voges. Após cursos de capacitação, pesquisas de mercado, excursões e visitas a outros

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produtores orgânicos, em 1997 a família Voges formou o Grupo Ecológico Recanto da Natureza. O apoio técnico da Epagri e a aliança com um supermercado da região foram a mola propulsora para o início do plantio orgânico de hortaliças na propriedade. Quando fecharam o primeiro contrato para entrega em supermercado, em meados de 1998, os irmãos forneceram ao comprador apenas pimentão, cenoura, rabanete e alface. Bem diferente dos dias de hoje em que se pode encontrar mais de 50 produtos com a marca Recanto da Natureza em comércios de toda a região. No início de suas atividades na agricultura orgânica, a família também participava de feiras livres, que aconteciam no pátio da Unisul Pedra Branca


e da Universidade Federal de Santa Catarina, duas vezes por semana. O crescimento gradativo do negócio fez com que a participação nas feiras ficasse inviável. “Se deslocássemos o pessoal para as feiras não teria mão de obra para preparar as entregas e processar os produtos, por exemplo. Como na feira a venda é muito variável, priorizamos entregar para os comércios, fechar mais contratos, pois desta forma o pagamento é garantido”, afirma Amilton. Nestes 18 anos de atividade, o número de parceiros também cresceu proporcionalmente ao número de vendas. A Associação Recanto da Natureza continuou com a mesma nomenclatura, mas agora já é registrada como empresa. Algumas variedades são produzidas por agricultores orgânicos das cidades vizinhas, como batata inglesa, maçã, tomate cereja e morango. Outras famílias também foram beneficiadas por

esta rede, visto que produzem já com a venda programada. Mas Amilton faz ressalvas. “Faço questão de saber a procedência do produto, a qualidade, analisar a certificação orgânica do produtor, tudo direitinho. Já teve caso de voltar uma carga inteira de abóbora, que não estava registrada na certificadora”, aponta. A vantagem de contar com os parceiros também mantém a venda regular. “Precisamos manter a entrega dos produtos o ano inteiro; por isso, com a parceria de outras famílias que produzem alimentos orgânicos conseguimos diversificar ainda mais a prateleira do supermercado com produtos saudáveis e de alta qualidade, com o rótulo Recanto da Natureza”, completa. Mas, como em toda atividade, nem tudo são flores na agricultura orgânica. Edésio Voges, responsável pela equipe de campo da empresa, afirma que o

Por que custa mais caro? Os custos para a produção agroecológica fazem com que o preço de venda também seja superior. Este é um dos principais motivos para que alguns consumidores não adotem este tipo de alimento em suas mesas. A nutricionista Elaine Azevedo, em entrevista à Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), lembrou que tudo que é melhor custa mais caro”. A qualidade superior dos produtos orgânicos justifica o preço maior que o produto convencional. “Mas um preço maior significa um preço justo, e não 100% mais caro!” Outros fatores são importantes para construir o preço destes alimentos: todo produto orgânico que vai ao supermercado deve ser embalado, pois não pode ter nenhum contato com alimentos convencionais. É mais um custo para quem comercializa orgânicos, visto que cada alimento deve sair embalado individualmente da propriedade. Como con-

sequência, por serem embalados, os produtos sofrem tributação diferenciada. O número de funcionários envolvidos no sistema também aumenta as despesas. É preciso mais pessoas no campo, para fazer à mão o que na agricultura convencional se faz com venenos e maquinário; depois, mais empregados dentro da agroindústria familiar, para embalar e rotular. A necessidade de Certificação também encarece tais alimentos, pois requer o pagamento de uma taxa anual à certificadora. Insumos certificados e próprios para esse tipo de lavoura são mais difíceis de encontrar. Quando encontrados, o custo é maior. A compra de ácaros predadores e alguns outros necessários nesse tipo de cultivo é feita pela Internet, onde é embutido também o valor do frete. Na produção orgânica o rendimento de algumas culturas é reduzido em muitoscasos, até mesmo por fatores naturais.

número de pessoas trabalhando supera o da lavoura convencional. “Precisa de no mínimo 30% mais de pessoal, o que de certa forma torna o produto mais caro. Enquanto na agricultura convencional, se passa um veneno e acaba com tudo que é indesejável, nós aqui arrancamos tudo com as mãos, com o maior cuidado. Capinamos com enxada. Preservamos o solo e, por fim, a saúde de quem planta, colhe e consome”, justifica o produtor porque o preço do produto também é diferenciado. Hoje a Associação Ecológica Recanto da Natureza tem o registro de 130 alimentos, fornecendo em média 50 produtos para 30 supermercados da região. Além de hortaliças in natura, a Recanto da Natureza também fornece frutas, verduras, legumes, grãos e produtos minimamente processados, como folhosas higienizadas e prontas para consumo e salsa e cebolinha picada.

Preservação da saúde e do meio ambiente Para Amilton Voges, o segredo do sucesso é, primeiramente, saber o que se quer; saber o caminho que pretende seguir e, principalmente, não pensar somente no retorno financeiro. “Tem que pensar primeiro na saúde. Na sua saúde, na saúde do solo, na saúde do meio ambiente. Algumas famílias aqui começaram pensando que iam ganhar muito dinheiro, e desistiram logo. Tem que pensar no futuro. Tratando bem o solo, teremos terra boa por muitos anos ainda. Se usássemos veneno, garanto que hoje nossas terras estariam acabadas. O pensamento tem que ser num todo. E com isso o sucesso vem”, receita Amilton. A Associação Ecológica Recanto da Natureza recebe excursões e visitas, desde que pré-agendadas. Para maiores informações, entrar em contato com o Escritório Municipal da Epagri de Santo Amaro da Imperatriz, no telefone 48 3665-6395, com a extensionista social Liagreice Cardoso ou com o técnico agropecuário Gerson Luiz Gessner ou na própria Associação, pelo número (48) 3015-5998.

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