Abrente nº 47

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Vozeiro de Primeira Linha

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Ano XIII • Nº 47 • Segunda jeira • Janeiro, Fevereiro e Março de 2008

Lodeiro, Sem título, 1986

Avançando na conquista do futuro

Editorial Os últimos meses estám a ser difíceis para a imensa maioria da classe trabalhadora. A inflaçom provocada polo constante incremento de produtos básicos –leite, pam, carne, fruta– coincide com o congelamento salarial e contrasta os cada vez maiores lucros das grandes empresas e da banca. A maioria social assiste a umha evidente perda da sua capacidade de compra, e os sectores mais fracos do povo trabalhador galego, a juventude e reformad@s, padecem os efeitos mais duros da “crise económica” com que o capitalismo, de forma cíclica, realiza ajustamentos. Quase 700 mil galegas e galegos subsistem com menos de 600 euros por mês. A exclusom social e a pobreza é um fenómeno em aumento. Nos dous últimos anos, incrementou em 18%. Embora o desemprego tenha experimentado umha reduçom, este fenómeno vai acompanhado por umha precarizaçom inimaginável do mercado laboral, com enormes jornadas laborais, contratos fictícios, horas extras praticamente gratuitas, cortes aos direitos, atmosfera de permanente intimidaçom nos centros de trabalho, que permitem umha plena impunidade aos empresários para aumentarem o lucro à custa da sobre-exploraçom d@s assalariad@s. É tam elevada a obscenidade, que nos seus meios de comunicaçom nem ocultam os multimilionários lucros que ano após ano atingem. A carência de ferramentas de defesa e combate operário é um drama quotidiano que facilita a ofensiva burguesa. A ausência de um verdadeiro sindicalismo combativo, assemblear, democrático e anticapitalista, a inexistência de organizaçons revolucionárias com apoio de massas que apresente ba-

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Sumário 3 ABORTO: Eleger para ser livres Berta Lopes Permui

4-5 PSOE: a outra cara da direita espanhola Carlos Morais

6 No reino do votar e calar: democracia vigiada de baixa intensidade Maurício Castro

7 Colômbia: insurgência, troca e confluência alternativa Narciso Isa Conde

8 366 dias de dissidência, 366 murais de subversom

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EDITORIAL

talhas globais e promova a confluência de luitas possibilita este cenário de alienaçom e embrutecimento que permite mais e mais abusos. Como nom podia ser de outro jeito, o incremento da pobreza e a queda do nível de vida é proporcional ao aumento da riqueza. A burguesia galega está a fazer o seu particular agosto com o aumento da sobre-exploraçom e as restriçons permanentes nos direitos laborais da classe operária. As oito pessoas consideradas mais ricas da Galiza, as que possuem um património conjunto superior aos 31.105 milhons de euros, vírom como a suas fortunas cresciam ao longo de 2007. Amáncio Ortega, Manuel Jove, Rosalia Mera, Jacinto Rei, Carmela Arias, José Manuel Loureda, José António Castro e Dolores Ortega possuem um capital superior ao património e aforros de centenas de milhares de trabalhadoras e trabalhadores junt@s. Os seus interesses estám blindados e permanentemente som melhorados e alargados polas legislaçons aprovadas polos políticos profissionais do PSOE, PP, BNG ou IU, que defendem a economia de mercado e, portanto, a injustiça social sobre a qual alicerça. As actuais forças institucionais, sem excepçom, som instrumentos ao serviço da burguesia. Actualmente, a classe operária carece de representaçom institucional. Necessita-a para que a esquerda independentista poda consolidar o seu projecto emergente, convertendo-se na ferramenta de combate e luita das camadas populares galegas. A memória colectiva da classe trabalhadora ensina que só a luita organizada e unitária permitiu avançar e conquistar direitos. @s trabalhadores e trabalhadoras nom podemos depositar a mais mínima esperança nos resultados eleitorais do jogo parlamentar burguês. A nossa emancipaçom como classe, naçom e género será resultado de um processo de transformaçom em que de forma maciça e entusiasta participemos. A Revoluçom

Galega é o único horizonte possível e viável para superarmos tanto sofrimento, humilhaçom e desesperança. A resignaçom e as vias escapistas tam só favorecem a perpetuaçom da dominaçom. A luita foi, é e será o único caminho. Os bons resultados da CIG nas eleiçons sindicais de 2007, convertendo-se na segunda força sindical da Comunidade Autónoma, é umha boa noticia para a classe operária galega. Mas nom devemos lançar foguetes, pois a orientaçom hegemónica da direcçom da central é um obstáculo para avançar. A sua linha aparentemente mais mobilizadora e menos pactista, em relaçom a outras etapas e obviamente ao sindicalismo amarelo espanhol, nom pode ocultar a carência de vontade real do seu mastodôntico aparelho burocrático para empregar os imensos recursos e influência social em construir um movimento de massas contra a carestia da vida, pola recuperaçom dois direitos perdidos, como primeiro passo para umha ofensiva de classe mais ampla que consiga injectar moral entre o mundo do Trabalho e vitórias concretas e contínuas em sectores e centros de trabalho. A manifestaçom do passado 21 de Fevereiro é um exemplo desta concepçom burocrática do sindicalismo. Nom se pode convocar umha mobilizaçom nacional em dia laborável com a única intençom de movimentar a um terço d@s delegad@s sindicais para fazer de conta que se fai, sair na foto e aparentar. Assim nom se vai a nengures. É necessário outro modelo de sindicalismo, mobilizador, que gere consciência, active o proletariado e realmente pressione o patronato, a Junta e o governo espanhol. Mas, para que isto seja possível, é imprescindível que a central sindical tenha umha plena autonomia da direcçom política do regionalismo e garanta a pluralidade ideológica da classe operária galega. Os sindicatos devem ser ferramentas de luita e combate, nom apêndices sociais das forças políticas reformistas.

Mobilizaçom popular contra o governo autonómico PSOE-BNG

A repressom em aumento Paralelamente às tendências descritas, o Estado espanhol tem incrementado a repressom contra o movimento popular galego. As detençons de jovens independentistas da comarca de Compostela acusados de acçons de sabotagem, de militantes de NÓS-UP do Condado por injúrias à Coroa, de activistas antirrepressivos e de solidariedade com @s pres@s políticos em Vigo e Corunha, e de estudantes da universidade compostelana por exercerem a liberdade de expressom, as constantes cargas policiais contra as mobilizaçons operárias e populares, nom som factos isolados coincidentes num período de tempo. Apresentam umha linha de continuidade caracterizada polo endurecimento da repressom espanhola contra a dissidência galega, com diversos objectivos. Conjunturalmente, está vinculado com as eleiçons do 9 de Março. PSOEPP estám interessados em favorecer um permanente clima de alarme social por puro cálculo eleitoralista. As detençons de dous membros de AGIR em meados de Fevereiro, e posteriormente de mais três estudantes, foi estimulada pola campanha mediático-policial de intoxicaçom sobre os sucessos de boicotagem ao acto político de Maria San Gil na faculdade de Economia de Compostela.

A exemplar acçom democrática promovida polo estudantado independentista foi sobredimensionada pola imprensa burguesa e empregada partidariamente na dialéctica eleitoral do regime, provocando um clima de linchamento que transbordou todas as linhas vermelhas do imaginável. Mas o incremento repressivo é umha resposta estrutural à iniciativa política e social da esquerda independentista e dos movimentos sociais. O Estado espanhol, portanto os seus partidos tradicionais, mas também o autonomismo colaboracionista de Quintana e Paco Rodrigues, pretendem com sançons e castigos exemplarizantes evitar a consolidaçom dos espaços de luita e combate que levam desenvolvendo-se na Galiza à margem da política-espectáculo. É necessário impedir a configuraçom desse imprescindível espaço plural anticapitalista e soberanista que coordene e alargue as luitas e vertebre esse movimento popular em ascenso que nom se sente representado polo PP-PSOE-BNG. O sucesso da manifestaçom de 17 de Fevereiro, promovida pola plataforma “Galiza nom se vende”, constata este fenómeno. A indignaçom colectiva de amplos sectores populares nom foi amansada pola domesticaçom da dirigência autonomista do BNG. Os movimentos sociais tenhem vida própria

e assim o demonstrárom, enchendo por completo a praça da Quintá, apesar de nom contarem com o palco que cada 25 de Julho ajuda a enchê-la, ao ocupar 1/4 da mesma. Desta vez, contra vento e maré, contra a manipulaçom e silenciamento mediático; contra os três partidos parlamentares e sem o apoio dos principais sindicatos operários, a Galiza voltou a demonstrar que há energia para defender os recursos naturais da predaçom e os espaços naturais e urbanos de especuladores urbanísticos e energéticos. Umha grande massa formada por numerosas entidades sobretodo locais e comarcais, mas também nacionais, apresentárom-se como verdadeira oposiçom à fraude política e institucional protagonizada nos últimos três anos polo PSOE e o BNG, perfeitos continuadores da linha neoliberal, nepótica e espoliadora do PP. Daí que a palavra de ordem mais coreada na manifestaçom co fosse precisamente: ‘Governe quem governe, Galiza nom se vende’.

Nom votar A inexistência de umha candidatura de esquerda independentista e os semelhantes projectos políticos representados polo PP, PSOE, BNG e IU nom permitem mais opçom que nom participar nas eleiçons de 9 de Março. Primeira Linha solicita aos sectores mais avançados da classe operária, à juventude rebelde, aos activistas sociais, às mulheres, ao povo trabalhador em geral, que nom votem, exercendo umha abstençom consciente, pois, ganhe quem ganhar, nesse dia nós vamos perder.

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Berta Lopes Permui

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ABORTO: Eleger para ser livres

Desde a chegada ao governo espanhol do PSOE em 2004, a social-democracia logrou administrar as pílulas necessárias para anestesiar multitude de consciências populares, conseguindo que ao longo destes últimos anos reinasse numha parte importante dos agentes que conformam os movimentos sociais umha tensa calma capaz de gorar o ascenso das luitas feministas, concretamente as relacionadas com a defesa da libertaçom sexual a partir de umha posiçom realmente revolucionária, emancipadora e de esquerda. E é que a bateria de medidas sociais lançadas ao longo desta última legislatura polo governo espanhol, complementada polo governo autonómico polo bipartido, estavam unicamente destinadas a paralisar o importante movimento de massas articulado ao calor da ofensiva do Partido Popular. Era necessário vender-se, apresentar um novo talante, para tranqüilizar consciências, mas com a máxima precauçom para nom transbordar a linha que separa as medidas destinadas “a fazer tragável o intragável” e aquelas outras que questionariam alicerces fundamentais que sustentam a caricatura democrática da democracia espanhola. É por isto que é possível aprovar umha lei que permite a equiparaçom de pares homossexuais e heterossexuais no que di respeito ao casamento, mas nom há debate possível quando falamos de um dereito básico para as mulheres como o aborto, que nom é mais do que decidir sobre o seu próprio corpo e o seu direito reprodutivo. Deste jeito, os limites do talante ficárom em evidência, nom pola primeira vez, com o balom sonda lançado por meios de comunicaçom afins ao PSOE sobre um possível alargamento da lei de prazos. A reacçom da caverna política e mediática foi em vao. Zapatero tinha já tinha claro que o alargamento dos supostos do aborto ficava muito aquém dessa linha que ocultam com tanto esmero. Era já hora de pisar o freio e evitar que as mulheres atingissem mais direitos dos estritamente necessários. Como sempre nesta estratégia, as mulheres trabalhadoras som as que mais tenhem que perder.

Todo vale se nom temos que decidir sobre nós mesmas O problema é que todo o que se relaciona com a conquista de direitos para as mulheres trabalhadoras parece arder nas maos de quem o manipula. É e que

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ANÁLISE

para qualquer estadista deve resultar difícil questionar e legislar para dar cabo da situaçom de opressom estrutural que sofremos as mulheres e à vez manter intacto o sistema terrorista-patriarcal. Tam que difícil torna impossível. O PSOE sabe disso e daí que reduza a sua actuaçom a fortalecer a falsa consciência necessária para manter a sociedade adormecida e convencida de que se fai o possível para lograr condiçons de igualdade com os homens. Um dos temas tabu por excelência é a sexualidade e, portanto, o direito a decidir sobre o nosso corpo e assim se demonstrou nestes últimos meses, quando o debate sobre o aborto voltou a vir à tona da actualidade. No Estado espanhol, o aborto foi despenalizado no ano 1985, recolhendo dentro do Código Penal os três supostos que amparam a mulher para abortar: 1) que a gravidez poda supor grave perigo para a vida ou perigo físico ou psicológico da mulher, 2) que a gravidez seja produto de umha violaçom denunciada e 3) graves falhas físicas ou psiquicas do feto. Além de que esta lei permite a objecçom de consciência, o aborto está tipificado no Código Penal tanto para quem o realiza como para as mulheres que livre e voluntariamente se submetem à IVE fora dos três supostos já mencionados. Trata-se de umha lei excessivamente restrita, sobretodo nos prazos que recolhe, e tam ambígua que converte o aborto num autêntico negócio para as clínicas privadas que realizam esta intervençom. No capitalismo patriarco-burguês, as leis estám desenhadas em contra da liberdade reprodutiva, sexual, moral, física e laboral das mulheres trabalhadoras, porque esse é um dos principais esteios que sustentam o capitalismo. É obvio que a burguesia nom comunga a cem por cem com a ideologia que apregoa e que tem sempre os seus mecanismos para nom ter que passar polas misérias que passa o povo. Na Galiza, umha mulher da classe trabalhadora que fica grávida e decide nom

continuar adiante com a gravidez tem que passar um exame-julgamento psicológico, tendo que dar conta da sua situaçom a vári@s profissionais antes de que se decida se lhe concedem ou nom a possibilidade de interromper a gravidez. No melhor dos casos, vai com recomendaçom para umha das escassas clínicas localizada no prédio de algumha das ruas mais concorridas das cidades da Galiza, em que todo @ que passa pola rua pode julgá-la porque sabe que nesse andar aonde ela vai se dedicam exclusivamente a IVE´s. Esta operaçom tem um custo de entre 300 e 700€, dependendo das condiçons sanitárias que forem escolhidas, o que supom moitas vezes mais do que umha trabalhadora ganha de salário num mês. Após a intervençom, as mulheres nom recebem apoio sanitário, psicológico ou emocional algum. Este seria o melhor dos casos. No pior, a mulher grávida estaria obrigada a abortar no estrangeiro ou em clínicas clandestinas de escassa fiabilidade. É ridículo pensar que na classe burguesa passem estas cousas. Elas já contam com as clínicas de confiança em que se realizam as intervençons com direito à intimidade, sem julgamentos e cobertas polo seu seguro privado. Nom é casual que se umha mulher morre por causa de um aborto mal práticado, que se umha jovem de nom mais de 15 anos fica grávida e tem que perder o resto da sua vida dedicando-se ao cuidado da família, ou que umha mulher de escassos recursos tenha que parir um quarto filh@ que nom poderá manter, sejam sempre da classe trabalhadora.

Sexualidade, até quando vamos calar Falar de sexualidade é falar do proibido. Esta é umha das razons de que na Galiza acudam a solicitar a pílula pós-coital quase 1.600 jovens cada mês, que o número de abortos entre adolescentes esteja

em 2.500 anuais ou que 1 em cada 3 abortos lhe seja praticado a mulheres menores de 25 anos. A preocupaçom sobre o aborto na Galiza deberia girar mais em torno da escassa formaçom e conhecimento em materia de sexualidade e tipos de sexualidades entre a nossa populaçom, especialmente @s jovens. Vivemos num contexto hiper-sexualizado onde tele-novelas, filmes, publicidade, revistas e todo um mundo de informaçom que nos rodeia nos vende umha sexualidade machista, submisa e superficial, dando lugar a que se perpetue umha ideia obsoleta de sexo e sexualidade. Além do mais, esta informaçom vem acompanhada de umha mensagem de moral catolicista que tam existosamente se foi instaurando na sociedade e subjaz no subconsciente colectivo que rege as normas morais. Este conjunto de condiçons propiciam que nom se fale de sexualidade nos diferentes espaços de socializaçom, tanto na envolvente familiar como na escolar e inclusive na social, polo qual nom existe umha formaçom correcta sobre sexualidades e prevençom e, em todo o caso, essa informaçom nom chega directamente através dos canais mais comuns de aprendizagem, tendo que ser procurada, o que dificulta ainda mais este espaço de conhecimento. Enquanto as jovens e os jovens galegos nom receberem umha educaçom sexual integral desde os primeiros anos de vida, os problemas, já nom só de gravidezes nom desejadas, como também de doenças sexualmente transmissíveis, serám umha constante na juventude galega e 2.500 moças galegas mais cada ano verám-se na obrigaçom de se submeterem a um aborto.

Atacar a repressom machista a partir de umha luita global As crianças som o investimento de futuro do capitalismo, e nom pode permitir

que as mulheres decidam fornecer ou nom à sociedade dessa mao de obra que garante a perpetuaçom do sistema social. A mulher é o ser humano mais completo capaz de criar vida e é portanto o único meio com que o capitalismo conta para poder satisfazer a sua necessidade de human@s. Portanto, a sociedade patriarco-burguesa deve arrincar à mulher o direito a decidir sobre o seu próprio corpo, o que implica nom poder decidir sobre o seu futuro o seu modo de vida e o seu direito reprodutivo. Os partidos do regime mostram as suas armas mais eficazes, os mass media, e, através de notícias sensacionalistas como que há mulheres que abortam voluntariamente aos 8 meses, criam um estado de opiniom contrário a qualquer defesa dos direitos das mulheres. A isto se soma a Conferência Episcopal, que vê no debate gerado a oportunidade de deitar um pouco mais de cimento nos pilares da sua doutrina, que começava a abalar; assim, enquanto continuem a declarar o aborto como assassinato, menos mulheres terám a tentaçom. O controlo reprodutivo é um direito com que toda mulher deve contar como mais um passo no caminho da luita pola plena emancipaçom, e negar este direito é marcar ainda mais a repressom, submissom e discriminaçom das mulheres. Há que deitar fora de vez argumentos contra do aborto como que é um assassinato ou que se existe umha lei que permita o aborto este vai ser utilizado como método anticonceptivo, ideia absurda pola carga física e emocional que implica esta intervençom. Há que luitar, portanto, contra esses argumentos, que justificam umha lei discriminatória. É inadmissível que o aborto esteja recolhido no Código Penal, deve estar recolhido como um direito que se poda exercer livremente de forma gratuita na sanidade pública e sem que exista por parte dos profissonais objecçom de consciência. A campanha contra o aborto nom se pode extrair, em nengum caso, de umha ofensiva geral contra os povos, as mulheres e a classe trabalhadora. Do mesmo jeito, a luita por um direito irrenunciável nom pode ser isolada de umha luita global pola emancipaçom nacional e social de género. Berta Lopes Permui é membro do Comité Central de Primeira Linha

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Da génese ao Congresso de Suresnes O PSOE, um partido com umha longa tradiçom histórica e influência no movimento operário, foi fundado em 1879 seguindo as directrizes da I Internacional, a AIT, mas desde praticamente a sua génese foi umha organizaçom tendente ao pactismo e proclive à participaçom eleitoral, obsessionado com atingir representaçom e reconhecimento institucional, e integrar-se no emergente e restrito sistema parlamentar burguês de inícios do século XX. Este reformismo que fai parte do seu ADN provocou que, poucas décadas após o seu nascimento, e como conseqüência da vaga de euforia provocada pola vitória da Revoluçom bolchevique de 1917, um reduzido sector da organizaçom, configurado basicamente por militáncia das Juventudes Socialistas, constituísse, em Abril de 1920, as bases do Partido Comunista, acusando a direcçom do PSOE de colaboracionismo de classe. Nom erravam no diagnóstico. O PSOE nunca foi umha força revolucionária, embora de forma conjuntural tenha participado –sem grande entusiasmo e sempre com enormes divisons e reticências internas– na greve geral revolucionária de 1917, na insurreiçom de 1934 ou na mais retórica que real radicalizaçom encabeçada por Largo Caballero em 1936. De facto, o PSOE mantivo umha estreita colaboraçom com a ditadura de Primo de Rivera (1923-1930) que permitiu evitar a repressom, e a sua posterior aliança com a burguesia liberal foi decisiva para instaurar e ‘consolidar’ a República burguesa emanada do 14 de Abril de 1931. Após a derrota da Guerra Civil e a infrutuosa e infame tentativa de pactuar com Franco umha saída ‘negociada’ à guerra de classes de 1936-39, a custa de excluir e condenar à ilegalizaçom às organizaçons revolucionárias e reformistas de esquerda, o PSOE sofreu um processo de crise constante até se converter num pequeno partido de quadros no exílio sem praticamente a mais mínima relaçom e influência com o ‘interior’. O PSOE nom só nom participou activamente na guerra de guerrilhas dos anos quarenta, como tampouco incidiu na resistência e luita de massas, nem no processo de reconfiguraçom da auto-organizaçom operária, juvenil e popular que tivo lugar a partir da segunda metade da década de sessenta. No movimento estudantil de 1967-68 na Universidade compostelana ou nas luitas operárias de Ferrol e Vigo de 1972, ninguém lembra se havia ou nom militantes do PSOE.

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Carlos Morais

Contrariamente às promesas e esperanças depositadas por amplos sectores populares, a vitória eleitoral do PSOE em Outubro de 1982 incumpriu a prática totalidade do morno programa do ‘mundança’ com que Felipe González atingiu a histórica maioria absoluta. O turnismo com a UCD era determinante para consolidar o actual regime emanado do franquismo, ‘superando’ o susto do 23F. Os acordos da denominada ‘Transiçom’ entre sectores franquistas e a esquerda reformista, sob a tutelagem da Casa Branca e as fundaçons alemás, tinham desenhado e pactuado um plano estratégico que facilitasse a restauraçom bourbónica e a continuidade do sistema consistente em legalizar o PCE e as organizaçons de massas próximas, em troca de neutralizar o movimento operário e os movimentos de libertaçom nacional das naçons oprimidas polo Estado espanhol. Embora a improvisaçom fosse permanente na hora de realizar os ajustamentos imprescindíveis, para assim evitar que os sectores mais duros do franquismo gorassem o que o grande capital pretendia –avançar na imprescindível modernizaçom de parte das caducas estruturas do capitalismo espanhol e acelerar a integraçom de Espanha nos organismos imperialistas aos quais o isolacionismo do búnquer fascista e as inércias herdadas por Adolfo Suárez tinham evitado entrar: NATO e CEE– para assim alargar e perpetuar a dominaçom, os passos dados entre inícios da década de setenta e a vitória do PSOE de 1982 faziam parte de um plano perfeitamente elaborado.

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OPINIOM

PSOE: a outra cara d

A reuniom de parte do antifranquismo na Alemanha em 1962, que o franquismo carimbou como o ‘contubérnio de Munique’, é o ponto de partida de um processo cristalizado no XXVI Congresso, realizado em Suresnes em Outubro de 1974, onde o tandem Felipe González-Alfonso Guerra, dous jovens advogados oportunistas andaluzes, sem escrúpulos e com grandes ambiçons, substitui de forma anti-estatutária e sem garantias democráticas a velha guarda encabeçada por Rodolfo Llopis, seguindo as directrizes da multimilionária fundaçom social-democrata alemá Friedrich Ebert. O objectivo era converter gradualmente um minúsculo partido social-democrata sem representaçom nem introduçom –dados oficiais do próprio PSOE reconhecem que este Congresso representava 3.586 militantes, dos que 1.038 estavam no exílio– na grande força política da “esquerda espanhola” para assim desactivar o carrillismo, a versom hispana do eurocomunismo, e garantir umha ordenada reforma política que evitasse o exercício do direito de autodeterminaçom da Galiza, País Basco e Catalunha, e a superaçom da economia de mercado, ou seja, impor a continuidade do regime legitimando a legalidade da vitória de 1939. Milhons de marcos e de dólares fôrom injectados para atingir o que o imperialismo e o grande capital queriam. Mas as inércias e a imprescindível prudência provocam e recomendam que o programa de “ruptura democrática” e as resoluçons aprovadas ainda recolham claramente as principais reivindicaçons do antifranquismo em matéria de liberdades individuais e colectivas das que o PSOE nom se desprendeu até 1977. A permissividade do regime franquista com um PSOE completamente domesticado e reconstruído à medida das necessidades a médiolongo prazo, permite que realize em Madrid, com absoluta normalidade, o XXVII Congresso, em Dezembro de 1976, apadrinhado por Mitterrand, Willy Brant, Mário Soares e Oloff Palme, os capos da social-democracia europeia, enquando as forças políticas opositoras, sem excepçom, continuavam a ser ilegais, padecendo a repressom encabeçada por Manuel Fraga e Martín Villa. Previamente, a UGT também tinha realizado um conclave semelhante, o seu XXX Congresso, para incorporar umha parte da classe obreira nos acordos da Transiçom plasmados nos Pactos da Moncloa de Outubro de 1977, que disciplinam o movimento operário e renunciam à luita de classes, cooptando as suas elites mediante suculentos salários e todo o tipo de privilégios. Porém o processo, sendo fulgurante, nom estivo exento de dificuldades. No XXVIII Congresso –Maio de 1979– Felipe González realiza umha manobra táctica, demitindo após nom ter logrado que o congresso retirasse a definiçom marxista do partido. Algo mais simbólico que real, mas essencial para avançar no aggiornamento que reclamavam os vencedores da Guerra Civil. Porém, um congresso extraordinário realizado imediatamente, em Setembro desse ano, logra o objectivo, ficando definitivamente aberta a plena transformaçom do partido fundado por Pablo Iglesias numha das principais instituiçons da actual democracia burguesa, numha maquinária eleitoral inspirada no socialliberalismo.

Alicerce do novo regime A participaçom do PSOE nos pactos da Transiçom e na configuraçom da arquitectura jurídico-político-institucional sobre a qual assenta foi promovida polo imperialismo e a reacçom, primeiro forçando o cisma de Llopis e, posteriormente, injectando fundos económicos para construir praticamente do

Quatro anos mimando a Igreja católica

O PSOE sempre da mao do Capital

zero umha enorme maquinaria eleitoral que o converteu nas eleiçons de Junho de 1977, após a sua legalizaçom em Fevereiro, no segundo partido com representaçom institucional no Congresso espanhol dos Deputados. O resto foi canja. O PCE –que também sucumbiu ao pacto ofertado polos responsáveis da brutal repressom que padeceu a sua militáncia– pola sua natureza e trajectória de força reformista de matriz estalinista ficou fora de jogo, sendo susbtituído polo PSOE. Enquanto boa parte da militáncia desencantada pola traiçom da sua direcçom optava por sair em massa, milhares de quadros carrillistas iniciárom um rápido deslocamento para o PSOE. O efeito chamada estava vinculado com as enormes possibilidades de progressom e ascenso social. Umha boa parte dos dirigentes do actual partido de Zapatero é configurado por ex-comunistas. Primeiro nutriu-se da deserçom em massa de 1977-80, e depois da hemorragia permanente acelerada logo da vitória de Felipe González em 1982 e a crise permanente do PCE que mesmo provocou a

expulsom de Carrillo e seguidores em 1985. O actual presidente da Junta da Galiza ou a presidenta do parlamentinho autonómico som paradigmas deste fenómeno. O PSOE participou activamente na elaboraçom da actual Constituiçom monárquica de 1978, que sanciona a sagrada unidade espanhola, a economia de mercado e o sistema patriarcal. O PSOE foi fundamental na hora de neutralizar as luitas sociais, operárias, populares, nacionais, juvenis, das mulheres, que sacudiam os últimos anos do franquismo e os primeiros do franquismo sem Franco. Sem ele o actual regime nom se teria consolidado.

Do 23 F à vitória de 1982 A vitória com maioria absoluta em Outubro de 1982 –vinte meses depois do autogolpe de estado do 23 de Fevereiro, facto imprescindível para legitimar a Juan Carlos de Bourbon e consolidar o actual regime– foi decisiva para culminar parte do processo iniciado em Munique e concretizado em Su-

resnes. A tradiçom e arraigo histórico das siglas na consciência operária e popular facilitariam aplicar os duros ajustamentos laborais que o capitalismo espanhol e a sua integraçom na CEE exigiam. O felipismo com a inestimável colaboraçom da UGT impujo umha dura reconversom industrial que provocou na Galiza a destruiçom de boa parte dos sectores estratégicos da economia nacional (sector naval, siderúrgico, agropecuário, pesca) aplicando a receita neoliberal das reformas laborais permanentes que precarizárom o emprego e desarmárom a capacidade de combate e resistência da classe trabalhadora facilitando a paulatina perda de direitos e conquistas atingidas na década de setenta. Os intermináveis catorze anos de felipismo, basicamente as três primeiras legislaturas, caracterizárom-se pola repressom contra o movimento operário e os movimentos de libertaçom nacional, destacando a utilizaçom da guerra suja, o terrorismo de Estado contra a insurgência basca mediante a criaçom dos GAL. Mas nom só. Fôrom os

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da direita espanhola

PSOE-PP dous projectos do mesmo modelo

Um partido em plena sintonia com o exército franquista

anos da corrupçom generalizada, do abuso de poder permanente, da prepotência ilimitada, do corte das liberdades, da fagocitaçom e repressom contra os movimentos sociais, do enriquecimento express e sem pudor –conhecidos polo termo espanhol ‘pelotazo’– dos dirigentes e das suas famílias, o que Petras caracterizou como o “socialismo espanhol caminho de Marbella”. O PSOE, contrariamente ao recolhido no programa eleitoral com que venceu em 1982, após umha obscena campanha de manipulaçom com referendo incluído, incorporou o Estado espanhol na NATO em 1986; foi quem mimou o exército mediante o permanente incremento dos gastos militares e a sua modernizaçom realizando liftings contínuos, mas conservando a oficialidade e a doutrina golpista, encarcerando centenas de jovens objectores e insubmissos, actualizando o acordo militar com os EUA, que permite a permanência das bases militares. Mas também colaborando abertamente com os a ofensiva imperialista do militarismo norte-

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americano, que dá início à “nova desordem internacional” na primeira guerra contra o Iraque de 1991, enviando tropas e emprestando o apoio logístico imprescindível para bombardear a populaçom civil de Bagdade e das grandes urbes iraquianas. As quatro legislaturas do felipismo fôrom as que reforçárom o projecto imperialista espanhol, estigmatizando o direito de autodeterminaçom e criando as condiçons sociais que permitírom que amplas fracçons operárias e populares assumissem acriticamente o discurso mais beligerante e xenófobo da burguesia contra as naçons trabalhadoras da periferia do Estado. O PSOE sempre foi umha força política espanholista, centralista e chauvinista, mas a etapa de Felipe González, de Rodríguez Ibarra, José Bono ou Paco Vázquez, foi determinante para gerar o actual clima social de embrutecimento das massas espanholas e da sua alienante alinhamento com o inquietante e grotesco discurso da mitologia racista que sincretiza Covadonga e Altapuerca com Ortega y Gasset e Azaña.

Mitos e fetiches da etapa de Zapatero Após o parêntese provocado pola ajustada derrota de 1996, que abriu as duas legislaturas consecutivas do PP, o PSOE viveu a sua particular travessia do deserto. A demissom de Felipe González em Junho de 1997 (XXXIV Congresso) como líder do partido agudizou a profunda crise, que a fugaz etapa de Joaquín Almunia nom logrou superar até que em Junho de 2000 é eleito Rodríguez Zapatero Secretário-Geral com um discurso regeneracionista e umha política virtual e vazia de gestos oportunistas que procuravam recuperar o terreno perdido polo felipismo. Contrariamente às tendências de intençom de voto, e fundamentalmente pola grosseira manipulaçom com que Aznar-Acebes gerírom os atentados nas estaçons de comboio madrilenas nos dias prévios às eleiçons, o PSOE atinge umha inesperada maioria relativa em Março de 2004, que lhe permite governar posteriormente com o apoio pontual de IU, ERC, PNV e BNG até 2007, e no último treito

com acordos mais sólidos com CiU. Mas a política aplicada polo PSOE nestes últimos quatro anos nom difere susbtancialmente da do PP. Em matéria socioeconómica e nos direitos das naçons submetidas, ZP foi continuísta. Nom derrogou nengumha das leis de excepçom aplicadas contra a esquerda independentista basca (Lei de Partidos) que ilegalizou Batasuna e fechou jornais, nem as reformas laborais que embaratecêrom o despedimento e precarizárom ao máximo o mercado laboral. Durante os primeiros dous anos tentou procurar umha falsa saída à articulaçom territorial centralista espanhola abrindo umha via de negociaçom com ETA, e aparentou querer respeitar os acordos do Parlament da Catalunha a respeito do novo Estatut. Nem umha cousa nem a outra. Tam só pretendia ganhar tempo. Desactivar o conflito. Dividir as forças soberanistas. Incumpriu os préacordos atingidos com a organizaçom armada basca e nom respeitou a decisom soberana da cámara autonómica catalá. Porém aprofundou na via repressiva contra o independentismo basco, e também contra o galego, com dúzias de detençons e milionárias multas, permitindo a impunidade policial e as práticas habituais de torturas nas esquadras e quartéis, alargando o processo de ilegalizaçom das forças políticas da esquerda abertzale –ANV e de EHAK–, detendo a prática totalidade da sua direcçom política. As condiçons de vida e as condiçons laborais da classe trabalhadora piorárom enquanto o grande capital, a banca, bateu recordes nos seus lucros. Continuou a privatizar os serviços públicos e a dar cobertura às políticas predadoras das multinacionais espanholas na América Latina. O deslocamento discursivo do PP para parámetros próximos ou mesmo integrados na extrema-direita tem contribuido para gerar umha atmosfera subjectiva que facilita caracterizar de progressista e considerar com sensibilidade social a Zapatero e a sua continuísta acçom de governo. Os grotescos protestos da reacçom ocupando a rua contra a iminente ruptura de Espanha, contra o submetimento frente ao terrorismo, a claudicaçom frente ao laicismo destrutor da família, a moral e os valores católicos, tenhem paradoxalmente sido o melhor aliado do PSOE para manter essa imagem virtual que Zapatero tanto cultiva: homem tolerante e firme, de sólidos princípios progressistas, preocupado polos problemas da gente. Pura superstiçom! Nada mais afastado da realidade. A retirada das tropas do Iraque foi imprescindível para consolidar um governo permanentemente deslegitimado polo PP e os meios de comunicaçom ao seu serviço, e o reconhecimento formal de certos direitos universais sem distinçom da orientaçom sexual foi a pequena quota necessária para seduzir aos sectores “progressistas” das classes médias. Mas, no fim de contas, nem umha cousa nem a outra pom em perigo o sistema nem os acordos da Transiçom. Embora a fracçom mais conservadora da mesma obstaculizasse o seu governo, o PSOE aplicou umha política neoliberal e centralista que nom incomodou a sério a burguesia. Congelou o alargamento do direito ao aborto e satisfijo todas as reivindicaçons da Igreja católica até o extremo de enviar representaçom à beatificaçom no Vaticano dos “mártires da Cruzada”. Contentou Washington, reforçando a presença militar no Afeganistám e intervindo no Líbano, exercendo de subpotência imperialista. A sua proposta de “aliança de civilizaçons” nom passa de umha atractiva declaraçom de boas intençons sem base algumha, um brinde ao sol, pois nom ques-

tiona as injustas relaçons internacionais que provocam boa parte do conflito que Zapatero com boas palavras e muito marqueting pretende solucionar. Hoje, a escassas semanas das eleiçons ao Parlamento espanhol, nom existem razons para que esses sectores sociais configurados por activistas dos movimentos sociais, sindicalistas, jovens rebeldes, veteran@s luitadores/as, o que se denomina a esquerda volátil –imprescindível para que o PSOE mantenha resultados similares aos de 2004– volte novamente a emprestar o seu apoio eleitoral como o “mal menor”. PSOE e PP som as duas caras da mesma moeda, defendem interesses similares, mas com estilos e formas diferentes. Nom existe justificaçom, a partir de posiçons de esquerda e soberanistas, para votar em Zapatero, no primeiro governo que permitiu a um nazi participar num desfile militar desde a Segunda Guerra mundial. É puro fetichismo considerar o PSOE umha força claramente distinta a do PP. Som dous cancros distintos, com sintomas diferentes, mas a fim de contas dous cancros mortíferos para os interesses da Naçom Galega, da sus classe trabalhadora e para as mulheres. Que o juiz Grande-Marlaska nom tenha reparo em reconhecer publicamente no vozeiro em papel do Grupo Prisa a sua homossexualidade e que o seu companheiro sentimental é euskaldum nom o converte numha pessoa comprometida com os mais elementares valores democráticos. Fai parte do aparelho do Estado espanhol e, portanto, é inimigo da liberdade da naçom galega e das suas classes trabalhadoras. Que Maria Teresa Fernández de la Vega, a Vice-Presidenta do Governo espanhol, cultive a estética do feminismo burguês, e tampouco tenha reparo em arejar a sua orientaçom sexual contrária as mais estritas normas do integrismo católico, nom converte em positiva a sua política neoliberal e chauvinista. Margaret Thatcher ou Condoleezza Rice som mulheres que ocupárom e ocupam grandes responsabilidades na cena internacional, mas pola suas simples condiçons de mulheres nom aplicárom políticas favoráveis aos oprimid@s da Terra. Eis um dos mitos e fetiches sobre os quais alicerça o discurso posmodernista que envenenou boa parte da esquerda social e política espanhola, também a galega, inclusive correntes soberanistas, que tende a optar pola errónea política do “mal menor”.

Nada que ganhar nem que perder no dia 9 de Março Contrariamente aos insistentes discursos do PSOE e do PP, os resultados das vindouras eleiçons nom vam modificar substancialmente a realidade. A esquerda independentista nada pode aguardar do 9 de Março. A campanha de medo, agitando o fantasma do franquismo e o espectro do radicalismo e carência de patriotismo, que PSOE e PP empregam nom passa de ser dous falaces e clónicos discursos que alimentam a farsa da democracia espanhola. Zapatero e Rajói levam meses competindo à hora de empregar mao dura na repressom contra a esquerda independentista basca para aranhar votos entre o centrodireita. As suas promessas nom passam disso, meras promessas eleitorais que ficarám esquecidas na gaveta o 10 de Março. Que diferenças existem entre Bono e Esperança Aguirre?, entre Solbes e Pizarro? Francamente nengumha. Portanto, porque deve a esquerda política e social tirar as castanhas do lume ao PSOE? Que poderosas razons justificam ter que optar por Zapatero frente a Rajoi? Obviamente nengumha. A Revoluçom Galega nom deve perder nem um só minuto nesta disquisiçom metafísica nem alinhar com nengumha das duas grandes forças sistémicas da actual ditadura burguesa responsável pola nossa opressom e carência de liberdade nacional. Carlos Morias é Secretário-Geral de Primeira Linha

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Os galegos e as galegas que tenhem algum grau de compromisso social para a transformaçom do mundo, através da incidência nas condiçons de existência no seu próprio país, levam uns meses de intensa actividade, de mobilizaçom, denúncia e solidariedade no seio de diferentes movimentos sociais que, em diferentes níveis, representam preciosas ferramentas da autodefesa. A poucas pessoas minimamente críticas, minimamente conscientes, estranhará a reacçom habitual das instituiçons ‘garantes da democracia’ perante quem quer assumir algumha responsabilidade directa em qualquer aspecto da vida social que lhe di respeito. Poderíamos falar de centenas de conflitos, localizados nos mais variados lugares e sectores, acontecidos nas últimas décadas, definidos polo seu carácter inerente em relaçom à economia de mercado e ao capitalismo como sistema. Sindicalistas, vizinhanças, ambientalistas, mulheres, juventude, estudantes, independentistas... a lista é ampla e a repressom estende-se num leque de possibilidades: - a ‘preventiva’, em forma de videovigiláncia nas ruas, de Lei para o Impulso da Sociedade da Informaçom (LISI); de perseguiçons, assédios, ‘conversas’ com patrons, pressons às famílias, advertências anónimas... disso sabe bem a militáncia e base social independentista actual; - a ‘física’, em forma de violência policial, quase sempre impune, em convocatórias de todo o tipo, padecida por quem exerce o direito de manifestaçom com algum afám reivindicativo; - a ‘sobrevinda’, habitualmente resultado do exercício da democracia participativa, tam difícil de engolir polo sistema, e plasmada em multas, detençons, julgamentos, torturas, prisom preventiva indefinida e linchamentos mediáticos vários. Nengumha das três violentas variantes anteriores é incompatível com as restantes. Qualquer activista social, qualquer pessoa envolvida em protestos ou campa-

Maurício Castro

OPINIOM

No reino do votar e calar: democracia vigiada de baixa intensidade

nhas concretas pola melhoria de um dos numerosos ámbitos precarizados por esta ‘democracia’ de mercado, habitante das traseiras do decorado de cores e tecnologia digital, sabe do controlo tecido em volta do activismo, e nom só através da polícia. A mensagem do sistema é clara: “Vota e cala. Nós faremos o resto”.

Media e controlo social: a ‘festa da democracia’ A imensa quantidade de informaçom circulante nas ondas de rádio, tv, net, telefones, jornais, publicidade, etc, acaba por ocupar a atençom e formar a opiniom de umha fatia social importante, e consegue fazê-lo de maneira determinante, bloqueando boa parte das potenciais respostas sociais. Um outro sector nom menos importante fica à margem por própria autoexclusom perante o sórdido espectáculo desta democracia televisada, mentirosa e censora. É, por fim, o terceiro sector, quantitativamente inferior, que afronta de maneira crítica a mensagem única e unilateral emitida polos grandes empórios através de centenas de cabeçalhos e manchetes diferentes com um objectivo comum. Frente a semelhante reino da mentira, tenta construir espaços alternativos de comunicaçom, afogados pola pressom da desinformaçom unidireccional sistémica, cujo bombardeamento é incessante. A opiniom pública é moldada para reduzir as possibilidades de participaçom e questionamento, reduzindo-as a assistir no sofá da casa ao debate televisado entre os dous candidatos, a ‘festa da demo-

A esquerda independentista mantém permanente iniciativa sócio-política

cracia’, e a decidir se vota no mau ou no pior. As análises dos meios autodefinidos como ‘democráticos’ limitam-se a comparar a telegenia dos medíocres tecnocratas que nos governam. A comparaçom entre as políticas de um e outro nom dá para muito mais. Mas a capacidade e o profissionalismo chegam ao paroxismo na manipulaçom da dissidência social e política, convertida, por arte da intoxicaçom e do engano, em espantalho em que projectar os demos da desestabilizaçom, da ameaça ao ‘pluralismo’, do totalitarismo... através da útil criminalizaçom dos sectores que ainda nom renunciárom ao exercício do papel protagónico e activo que qualquer democracia digna de tal nome deveria reservar à participaçom social.

Perversom da ideologia e da realidade Quem defende o direito à própria identidade, à própria língua, é riscado de ‘autoritário’, acusado de pôr em risco o enriquecedor ‘bilingüismo’ que tam bons resultados tem produzido nas últimas décadas... para o espanhol. Em paralelo, se até nom há muito o galego era um traço ‘simpático’, integrante da ‘Espanha plural’, hoje, quando se enxerga a reduçom do galego a idioma minoritário face à imposiçom histórica do espanhol, o argumento das maiorias e minorias –ausente enquanto o espanhol foi claramente minoritário– ganha protagonismo na estratégia assimilista, através de um ascendente sector ultra que, a partir do centro mesmo do sistema, reivindica a derrogaçom das

leis normalizadoras, que seica deixárom de representar o consenso entre assimiladores e assimilados. Quem ainda sai às ruas para defender o direito à língua é espancado, detido e criminalizado. Mas a resistência, felizmente, persiste. Quem questiona o modelo de Estado, a figural vitalícia de um monarca antagonista da democracia, vendendo-nos um sistema medieval como paradigma do sistema parlamentar e, mesmo que o questionamento seja simbólico, é conduzido ao novo Tribunal de Ordem Pública, a Audiência Nacional, e imputado por “graves injúrias à Coroa”. Com as universidades convertidas em mais um sector para o investimento e o lucro dos bancos e as caixas, a participaçom do alunado é vista como umha ameaça, em

LIVROS Aleida March Evocación. Mi vida al lado del Che Madrid, Espasa, 2008, 242 páginas Esta cubana descendente de cataláns, militante na clandestinidade do Movimiento 26 de Julio, guerrilheira na Sierra Maestra, secretária pessoal do Che, e posteriormente casada com ele, oferece-nos nestas memórias nom só umha outra face do Comandante, a menos conhecida, a pessoal e íntima, mas também a oportunidade de viver da sua mao momentos cruciais da Revoluçom cubana e dos primeiros anos do novo Estado revolucionário. Desde a luita clandestina como enlace do M26 em Santa Clara, até o seu trabalho posterior, como secretária do Che nas suas diferentes responsabilidades, e também como impulsionadora da Federaçom de Mulheres Cubanas, passando polo seu ingresso na guerrilha na Serra do Escambray, momento em que conhece o Che, e a partir de onde lançam a ofensiva final contra o regime de Batista em Dezembro de 1958, Aleida foi sempre mui reticente na hora de falar sobre a sua vida privada com o Che. Tivérom que passar 40 anos para que se decidisse a pôr por escrito as suas lembranças, tal e como ela afirma no prologo “se lo debia a mis hijos y empecé a dejar constancia de mis recuerdos”. Na actualidade, dirige o Centro de Estudos “Che Guevara”. Umha poderia pensar que nestas páginas iríamos descobrindo um Che um bocado diferente do que temos no imaginário militante colectivo, guiado em todo momento pola ética e o ideal do homem novo, mas nom. As cartas, situaçons, momentos e mensagens pessoais que o livro nos descobre, alguns publicados pola vez primeira, mostram-nos um Che em luita e esforço constante por levar à pratica diária a ética e a justiça que apregoava, e o enorme sofrimento que algumhas decisons lhe causárom no plano pessoal. Um Che que renunciava constantemente a privilégios que, com certeza, facilitariam a sua vida e a da sua família. As suas múltiplas viagens como embaixador da Revoluçom –China, URSS, Oriente Médio, Índia, Jugoslávia, etc– que o afastavam por meses dos seus seres queridos, som o anticipo de umha decissom posterior muito mais trascendente e dolorosa, a de exportar a revoluçom lá onde houvesse possibilidades de êxito. Deixar na ilha de Cuba a família, –@s cinco filh@s, a companheira, a mae– sabendo que era muito provável nom voltar @s ver, ocasionava nom pouco sufrimento no Che, sentimento que aparece claramente reflectido nas cartas que envia a Aleida dos diferentes lugares em que se encontra. Aleida March pom a disposiçom do público cartas pessoais –entre elas umha do próprio Fidel ao Che em que o encoraja a voltar a Cuba para preparar a expediçom boliviana– fotos –hobby pouco conhecido do Che– contos, poesias, lembranças das suas viagens clandestinas a Praga e Tanzánia, quando o Che estava lá oculto, etc. Relatos da esfera privada, e também pública, de umha vida que nos aproxima de outro prisma da grande figura que foi este inesquecível combatente internacionalista. (Noa Rios Bergantinhos)

José Carlos Bermejo Barrera Para que serve a Historia de Galicia? Lóstrego, Compostela 2007. 192 páginas. É de agradecer que de, quando em vez, haja mostras de que na universidade galega ainda há vida inteligente entre o corpo docente, do qual este livro é umha prova testemunhal especialmente destacável pola sua singularidade. Quem o escreve, catedrático na Faculdade de História da USC, aproveita as menos de duascentas páginas de extensom para fazer umha série de análises críticas à volta da funçom da História como disciplina na realidade galega da actualidade. Nom se trata de umha obra focada na reflexom historiográfica, seguindo as normas dos estudos académicos, mas de umha compilaçom de dez artigos, mais um prólogo e umha introduçom do mesmo autor, escritos num estilo que os fai perfeitamente abordáveis mesmo por quem nom está familiarizado com os estudos históricos. Embora a posiçom ideológica do autor diste muito das chaves onde se situa o Abrente, é obrigatório fazer destas páginas um reconhecimento da honestidade intelectual do professor Bermejo, honestidade que constitui um bem tam escasso entre a casta intelectual galega. Ler as suas reflexons à volta de temas tais como a Cidade da Cultura, as políticas públicas de património, a mercantilizaçom da cultura ou o debate nominalista sobre a definiçom do País no fracassado projecto de reforma estatutária, permite que nos congratulemos de que, entre o mundo académico, a imbecilidade e o servilismo ainda acham resistência. Em resumo, umha leitura recomendável para tod@s @s que quigerem conhecer umha visom alternativa e radicalmente crítica com o que está a ser feito a partir do stablishment académico, em cumplicidade com o poder político, para conseguir reduzir o conhecimento histórico a um simples valor do mercado. (André Seoane)

Georges Labica Théorie de la violence Librairie philosophique J. Vrin, Paris, 2008. 265 páginas A violência habita a história, na que estám em urdidura indivíduos e sociedades. Ela véu de impor-se a modo de epónimo da nossa época que, ao estar marcada por o paroxismo da sua explosom quantitativa e qualitativa, enloqueceu ao fazer um repertório das suas figuras e ao exorcismar as suas malfeitorias. Mitologias, religions, filosofias, actividades artísticas, literaturas, mesmo os nossos modernos thrillers, há poucos relatos ou representaçons que nom a evoquem e que se nom fagan eco destes grandes paradigmas, como o Livro de Job, o martirológio pictural ou as demências das tragédias. Polimórfica e polissémica, ela é portadora de um sofrimento que balança entre o infligido e o suportado, o intermitente e o continuado, o acidental e o tenaz. A sua constância e o incompreensível das suas metamorfoses frustram conjuraçons e anátemas. O seu concubinato entontecido com a política desvia o juízo e sai furtivamente das redes éticas. Familiar dos sistemas, que a produzem e a reproduzem à porfia, acha-se hoje no coraçom da nossa mundialidade. As associaçons de malfeitores de que emana abandonárom os comités ocultos para sentarem nos estados–maiores, nos conselhos de administraçom e nos gabinetes ministeriais. Potanto, as legítimas resistências que provoca esta violência estrutural abrem de novo espaços para a violência emancipadora. (Domingos Antom Garcia Fernandes)

WEB

Agência Bolivariana de Imprensa http://www.abpnoticias.com O web da Coordenadora Continental Bolivariana é, sem

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lugar a dúvidas, um dos mais interessantes meios de comunicaçom na rede da esquerda revolucionária latino-americana. Aglutina um plural e emergente conjunto de forças políticas, organizaçons sociais, colectivos locais que compartilham semelhantes parámetros estratégicos na dimensom continental da luita da Grande Pátria americana e na concepçom

anticapitalista e de libertaçom nacional, mas também na utilizaçom dos meios de luita. Frente à via social-democrata que governa hoje alguns dos principais estados do continente, mas também frente os acartonados e entreguistas discursos da velha esquerda pró-soviética, a CCB, que realiza nestes dias o seu segundo

Congresso em Quito, Equador, é umha mostra palpável da recuperaçom e desenvolvimento de umha esquerda rebelde e radical na imensa Pátria de Mariátegui, do Che e Fidel, de um marxismo criativo e original adaptado às singulares e específicas condiçons de cada umha das formaçons sociais que abrangem do Rio Grande à Terra de Fogo.

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Contra o reino do votar e calar Os últimos meses mostram-nos exemplos sucessivos e evidentes de todo o anterior, e de mais cousas. Será que nom há saída para o rumo fascizante que tomam as cousas? Conseguirám as Lei de Partidos, a Audiência Nacional, a polícia e a potente rede mediática tecida polo capital espanhol para afogar de vez a emancipaçom dos povos e a liquidaçom de umha verdadeira ruptura democrática? Essa é umha possibilidade, mas a história tem demonstrado que a subversom é sempre possível. A precariedade, a pobreza, a violência institucional; em definitivo, as injustiças nom podem ser indefinidamente ocultadas ou maquilhadas com recurso à mentira mil vezes repetida e à mao dura contra quem, apesar de todo, fai frente às imposiçons e às desigualdades. A autoorganizaçom popular, o facho da defesa da nossa identidade, mantido apesar das cargas e as detençons, a vontade de ser expressada em projectos concretos de base popular galega, a solidariedade que enfrenta a repressom... som muitos os caminhos que armam a necessária revolta organizada, embora reste tanto caminho por andar. A xenófoba classe dirigente espanhola, empenhada em submeter a populaçom imigrante a um estatuto inferior, quer também obrigar a Galiza a assinar um ‘contrato de integraçom’ na Espanha capitalista, que nos condene a desparecer como naçom. Mas nom assumiremos viver, como espanhóis, no reino de votar e calar. Maurício Castro é membro do Comité Central de

Narciso Isa Conde

lugar de como um sinal de saúde de umha juventude que nom se resigna a constituir-se em mercadoria ao serviço dos ditados dos conselhos de administraçom das empresas e entidades financeiras. Os bancos som já protagonistas despudorados da adaptaçom do sistema universitário ao modelo capitalista avançado para o ensino superior. As intervençons violentas da polícia no interior das instalaçons universitárias, com decanas a assinalar com o dedo os estudantes que devem ser detidos e expulsos, fam parte da nova paisagem da universidade ‘globalizada’. A ‘grave falta’ de denunciar a utilizaçom de instalaçons académicas como espaços eleitorais gratuitos, só para os partidos mais poderosos, é perseguida com todas as armas do que ainda chamam Estado de direito. Agredidos convertidos em agressores; dirigentes reaccionários, protegidos por polícias armados ‘vítimas’ de estudantes revoltados; manifestaçons multitudinárias em defesa do território, contra a especulaçom e a predaçom urbanística e ambiental, silenciadas em perfeita harmonia polos grandes media e polos três partidos de ordem. O exercício da actividade sindical é punida policial e judicialmente, convertendo os sectores mais precarizados da classe operária em delinqüentes que ponhem em risco a paz social que tanto convém para o progresso... dos de sempre. O independentismo vê-se convertido em núcleo do eixo do mal dessa Espanha ‘das liberdades’, com bascos, cataláns e galegos no alvo dos ataques dos democratas pósfranquistas, exaltados nacionalistas espanhóis que nom acabam de ver clara a projecçom histórica da sua naçom como unidade de destino no universal. Os demos separatistas nom acabam de morrer, ameaçam com prolongar o pesadelo do bem-pensante nacionalismo espanhol, nas duas versons que exercem o turnismo com a inestimável ajuda dos respectivos regionalismos. Um sistema, em definitivo, em progressiva depauperaçom, com cada vez pior estado de saúde, pior qualidade democrática, com um ar irrespirável de controlo mediático, de asfixia dos discursos à margem dos únicos que podem ganhar, porque som os únicos que contam com o aval dos verdadeiros patrons do sistema.

INTERNACIONAL

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Colômbia: insurgência, troca e confluência alternativa

A insurgência colombiana é um referente da esquerda mundial

A insurgência colombiana, nomeadamente as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), tem-se fortalecido junto do combate político de todas as organizaçons e sectores civis, democráticos, de esquerda e progressistas. Nem o Plano Colômbia, nem o seu derivado Plano Patriota –apesar da sua forte componente militar e do apoio militar que lhe foi disponibilizado polos EUA– dérom certo no objectivo de a enfraquecer. O governo narco-paramilitar de Álvaro Uribe Vélez fracassou nas suas propagandizadas tentativas de impingir derrotas significativas à insurgência desse país; e fijo, em lugar disso, o ridículo com os seus reiterados alardes de prepotência. O governo de Uribe tem fracassado na sua tentativa de resgatar pola força umha parte dos prisioneiros de guerra e políticos em maos das FARC, provocando um desfecho sangrento que incentivou a condena nacional e internacional em contra dele, apesar dos seus grandiloqüentes esforços mediáticos para culpabilizar a mediaçom do presidente Chávez e da senadora colombiana Piedad Córdoba, que no entanto continuárom a influir nessa direcçom, contando com novos gestos positivos das FARC-EP. O governo de Álvaro Uribe nom pudo sair da crise gerada, pola descoberta das suas enormes cumplicidades com o paramilitarismo e o narcotráfico. Na Colômbia, está a madurecer umha crise de governabilidade e nesse contexto –tencionando reduzir riscos de derrocada– é que o presidente Uribe tivo que se movimentar a mostrar por momentos sinais de aceitaçom de abertura a novos espaços de discussom para a troca de prisioneiros entre ambas partes (insurgência e governo), para a seguir, logo a seguir, bloquear a concreçom da mesma.

A troca de prisioneiros de guerra, além do mais, poderia contribuir para criar um clima favorável à reanudaçom dos diálogos de paz com as FARC, embora certamente nom seja sinónimo dessa meta, sistematicamente sabotada pola política de guerra dos EUA, à qual se vergam Uribe e a oligarquia colombiana. As FARC-EP dixérom que o governo de Uribe nom é confiável para reabilitar os espaços de diálogos em pró da superaçom das causas de um confronto armado que dura já mais de 40 anos. Mas, ao mesmo tempo, mostrou-se proclive ao acordo humanitário de prisioneiros em condiçons de segurança para ambas as partes. Tal como o ELN. As FARC-EP fam parte das forças que na Colômbia estám a propor a renúncia de Uribe Vélez e do seu governo, insistindo na necessidade da mudança política. Mas, enquanto se consegue esse objectivo, tenhem dado mostra de quererem resolver a sério o relativo à troca, flexibilizando a sua posiçom inicial. E nesse plano incidiu a iniciativa do presidente Chávez, sugerida veementemente pola brilhante e valente congressista colombiana Piedad Córdoba, após ter captado o alto grau de isolamento e a crise que afecta ao governo de Álvaro Uribe. Chávez, consciente dessa realidade, decidiu dar umha viragem positiva em relaçom ao processo colombiano e aos planos da Administraçom Bush e do regime de Uribe. Esse passo positivo em direcçom à troca, em circunstáncias muito diferentes de aquelas que falicitárom em Caracas o seqüestro do comandante Rodrigo Granda e das que provocárom a ausência por muito tempo de delegaçons da FMLN e do ELN nesse país irmao, além de polo assinalado, pode ser explicado porque a correlaçom de forças é umha outra: cada vez mais favorável à insur-

gência e às forças que luitam por umha nova Colômbia, passando pola necessária derrota do uribismo, relevo do partidarismo tradicional em crise. Nom há dúvida que os avanços da insurgência e das forças políticas e sociais alternativas da Colômbia, junto ao declínio do governo de Álvaro Uribe, começam a dar bons frutos nos palcos nacional e internacional, expressandose por isso as constantes manobras de Uribe Vélez para torpedear reiteradas vezes os compromissos contraídos. As FARC-EP e o ELN, nos factos, de forças acusadas e estigmatizadas com o mote de narcoterroristas, tivérom de ser reconhecidas como forças beligerantes. O presidente Chávez apresentou a necessidade de formalizar essa realidade, ao qual a Administraçom Bush, o governo de Uribe e os aliados deles se resistem, apesar das ambigüidades exibidas. Isto começou a se tornar palpável a raiz da libertaçom do comandante Rodrigo Granda (Ricardo González), quando o próprio Uribe tivo, para a instrumentaçom jurídica desse passo, que deixar sem efeito momentaneamente os epítetos contra as FARC-EP e reconhecê-la como umha “organizaçom ilegal armada”. Na realidade, trata-se de muito mais do que isso: as forças insurgentes som verdadeiros guerrilheiros! Forças rebeldes, dignamente subversivas e dignamente dirigidas como factores de contrapoder face a um Estado terrorista e ao plano de intervençom militar dos EUA, destinado a conquistar a Amazonia e os seus valiosos recursos naturais. Assim vam as cousas dentro do contexto altamente contraditório e dentro de umha pugna com muitos altos e baixos em relaçom ao desfecho da troca, convertida num nó transcendente da política colombiana e em factor desencadeante de importantes mudanças na correlaçom de forças a respeito desse conflito.

E oxalá que no transcurso desse confronto político tanto os guerrilheiros e as guerrilheiras presas em prisons estatais, como os militares ou os políticos e as políticas do sistema, retidos e retidas em acampamentos das FARC e o ELN, recuperem logo e gozem a plena liberdade. O atraso e os obstáculos nessa ordem som devidos às demenciais más artes do presidente das moto-serras e do narco-paramilitarismo, sustentado polos falcons de Washington. E mais ainda: oxalá a troca inclua a liberdade de Sonia e Simón Trinidad, presos em cárcares do império, EUA, e dos agentes estado-unidenses capturados polas FARC; passo evidentemente resistido por Uribe e polos padrinhos dele do Norte. Oxalá que a beligeráncia da revoluçom bolivariana da Venezuela, alvo de ataque também dos inimigos da mudança democrática-revolucionária na Colômbia, ajude a isolar ainda mais esse regime oprobioso disfarçado de democracia, até conseguir o seu desaparecimento e substituiçom polas forças alternativas (civis e militares, insurgentes e pacíficas, eleitorais e político-militares), as quais tendem cada vez mais a confluir num mesmo intuito, embora exercendo diferentes modalidades de luita. E que quanto antes, a expectativa –carregada de anseios positivos– de um possível encontro do comandante Chávez e do comandante Marulanda, se converta em realidade, a caminho da concreçom dos projectos da Grande Colômbia e da Pátria Grande latino-caribenha, debuxados originalmente polo libertador Bolívar. Histórico abraço destes dous queridos gigantes do bolivarianismo actual! Narciso Isa Conde é dirigente de Nueva Izquierda-Círculos Caamañistas da República Dominicana

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Edita: Primeira Linha. Redacçom: Rua Costa do Vedor 47, rés-do-chao. 15703 Compostela. Galiza. Telefone: 616 868 589 / www.primeiralinha.org Conselho de Redacçom: Comité Central de Primeira Linha. Fotografia: Arquivo Abrente. Correcçom lingüística: Galizaemgalego. Maqueta: ocumodeseño. Imprime: Litonor S.A.L. Encerramento da ediçom: 22 de Fevereiro de 2008 Correspondência: Rua Costa do Vedor 47, rés-do-chao. 15703 Compostela. Galiza. Correios electrónicos: sgprimeiralinha@primeiralinha.org / primeiralinha@primeiralinha.org / Tiragem: 3.000 exemplares. Distribuiçom gratuíta. Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos sempre que se citar a fonte. Abrente nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados. Impresso em papel reciclado. Depósito Legal: C-901-1997

366 dias de dissidência, 366 murais de subversom

Desde o passado 12 de Agosto, coincidindo com a queda em combate do jovem patriota e comunista galego Moncho Reboiras, BRIGA pujo em andamento umha ambiciosa campanha de agitaçom que tem como objectivo a realizaçom de 366 murais reivindicativos no conjunto do território nacional, de Ortegal ao Minho, de Fisterra

ao Mançanal. A iniciativa finalizará a 12 de Agosto de 2008, com a realizaçom do mural 366 num acto público. Um ano de dissidência activa realizando um mural por cada dia do ano. Isto supom à vez umha declaraçom, um desafio e um convite. Umha declaraçom, porque leva ao nosso espaço próprio, as nossas ruas, o

que somos e o que defendemos, gravando em imagens as luitas que conformam o nosso projecto. Um desafio, porque defender a liberdade de expressom sai caro, porque os corpos repressivos tentam por todos os seus meios impedir que isto se leve a cabo. E, por último, um convite a participar deste ano da subversom connosco, a reflectir so-

bre se este mundo que nos arrodeia funciona tam bem como tentam fazer crer. Ao longo da história, tem havido inúmeras mudanças do sistema vigorante, e por muito que nos tentem inculcar o contrário, o capitalismo nom é nem eterno, nem inevitável. A luita é possível, é necessária mais do que nunca, e é suicida nom

participar dela. A dissidência é o único caminho, a subversom umha arma que devemos interiorizar como um acto reflexo cada um dos dias da nossa vida. Aqui reproduzimos alguns, mas recomendamos visitar o web de BRIGA, onde já som mais de 70 as fotos de murais expostas.

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XII Jornadas Independentistas Galegas

O Socialismo do século XXI a debate 11 horas. Vigência dos princípios fundacionais ·Narciso Isa Conde, dirigente de Nueva Izquierda-Círculos do marxismo para a Revoluçom do século XXI Caamañistas da República Dominicana

17 horas. Modelos de Revoluçom e ·Iñaki Gil de San Vicente, militante comunista basco construçom da alternativa socialista ·Néstor Kohan, coordenador do colectivo Amauta-Cátedra

·Elena Martínez Canals, militante do Partido Comunista Cubano e promotora da revista digital Cuba Siglo XXI

Che Guevara da Argentina

12 de Abril 2008, hotel Araguaney · Compostela

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