O Pedroso nº 33

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Análise: A situaçom do Milhadoiro

Ano IX • nº 33 • Abril, Maio e Junho de 2008

vozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela

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oPedro o

O Pedroso entrevista Joaquim Lôpez “Xocas” Baterista de The Homens e directivo da associaçom vicinal do Castinheirinho

A fictícia pax compostelana Como é possível que umha cidade da dimensom de Compostela, com quase cem mil habitantes recenseadas/os e cerca de 35 mil mais durante o ano académico mantenha esta virtual estabilidade social? Como avaliarmos a ausência de conflituosidade quando os bairros estám desatendidos, os serviços públicos som deficientes, e a preocupaçom municipal está concentrada em converter Compostela num enorme parque temático orientado ao turismo médio-alto? Como interpretarmos a falta de vozes críticas a respeito da poluiçom ambiental, do caos circulatório, da especulaçom urbanística, da privatizaçom dos serviços e incremento dos preços da água, do lixo, do transporte? Como se pode entender que a Cámara Municipal do PSOE-BNG combata o exercício da liberdade de expressom e permita estados de excepçom como nas datas prévias ao Dia da Pátria com umha abafante presença policial em ruas e praças entre umha aparente passividade popular? Como é factível que as iniciativas socioculturais autogeridas nom recebam subsídios nem ajudas municipais e o Concelho apoie a aberraçom das faraónicas obras da Cidade da Cultura? Como pode ser que existam ensurdecedores silêncios perante a espanholizaçom das festas por parte daqueles

sectores populares comprometidos com a nossa língua e cultura nacional? Como se pode permitir que o PSOE-BNG autorizem as obras ilegais do edifício da SGAE e mantenham umha enorme rigidez à hora de autorizar obras nas vivendas particulares do povo trabalhador? Porque FINSA pode contaminar impunemente? Porque o Sar e o Sarela continuam poluídos? Porque nom emerge o mal-estar de milhares de compostelanas e compostelanos que chegam com dificuldade a fim de mês, que realizam jornadas laborais extenuantes com salários de miséria, com contratos precários? Que acontece para que o movimento vicinal esteja completamente desaparecido? Compostela converteu-se num paraíso, numha idílica cidade onde já nom é necessário reivindicar nada? Estas perguntas e reflexons, e muitas outras semelhantes, som habituais entre as pessoas a quem nom nos satisfai o modelo de cidade que na última década está paulatinamente a se implementar na capital da Galiza. Obviamente a complexidade do tema nom permite umha explicaçom simples e satisfatória. Mas sem lugar a dúvidas para podermos entender porque chegamos a esta situaçom devemos ter em conta umha série de factores determinantes. Continua na página 2

www.nosgaliza.org


Vem da página 1

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Boa parte das e dos líderes e principais activistas do movimento associativo compostelano fôrom cooptadas/os polas instituiçons, incorporando-se às forças políticas oficiais do regime ou passando a serem

simples assalariadas/os de entidades burocráticas subsidiadas polas instituiçons municipais e autonómicas. Nom se pode desconsiderar a carência de autonomia política da prática totalidade das associaçons vicinais

e de parte do denominado associacionismo de base, que formalmente existe na cidade. Todas, salvo algumha excepçom que confirma a regra, estám subsidiadas por Rajói. A Cámara Municipal financia as associaçons, as suas actividades, e mesmo facilitando dotá-las de funcionários para que assim nom protestem, para tê-las domesticadas, adormecidas. É óbvio! Mas também é certo que a nossa cidade carece de tradiçom reivindicativa por parte dos movimentos sociais vicinais. Excepto na etapa dos primeiros anos do pós-franquismo quando tivérom certa vitalidade, nas três últimas décadas praticamente mantivérom um perfil baixo à hora de exigir direitos e reivindicaçons. Se a isto acrescentamos a incorporaçom à lógica institucional de parte dos quadros e activistas políticos e sociais mais activos à hora de questionar as políticas neoliberais e o modelo de cidade iniciado por Gerardo Esteves e continuado por Bugalho, temos outra coordenada imprescindível para entendermos esta fictícia e virtual satisfaçom popular.

Mas nom se pode completar esta reflexom que procura ser útil para introduzir um revulsivo à hora de modificar umha realidade insatisfatória e negativa para a imensa maioria das compostelanas e compostelanos sem destacar a preocupante fraqueza, dispersom e fragmentaçom das entidades, espaços, organizaçons, núcleos de pessoas que nem nos sentimos representadas/os polas três forças políticas que ocupam o Concelho, nem coincidimos com o modelo de cidade que tentam impor. Mas sem darmos passos firmes e decididos tendentes a modificar umha realidade em que sim podemos incidir e mediante umha pressom sustentada modificar, Compostela está irremediavelmente condenada a ser na vindoura década umha cidade para ricos e turistas, moldada sob os mesquinhos e excludentes interesses de empresários/as da hotelaria, da indústria turística e dos lobbys urbanísticos-especulativos. Nom o devemos permitir. Dependerá dos sectores mais activos do povo trabalhador evitá-lo.

A nossa homenagem ao Ramom Muntxaraz, um dos que luitam toda a vida Na madrugada do Domingo 29 de Junho, com 61 anos de idade, após umha batalha contra umha grave doença, falecia em Compostela Ramom Muntxaraz. Boa parte da sua vida militante e profissional estivo vinculada ao Hospital Psiquiátrico de Conjo e a capital desta naçom que tanto amou. Nestes momentos tristes, ante a perda de um companheiro, NÓS-UP quer reconhecer-lhe o muito que durante tantos anos fijo para a nossa causa comum e manifestar o respeito que a sua memória, doravante, vai merecer para nós. A sua trajectória é umha mostra de entrega, generosidade e compromisso com as causas da emancipaçom nacional da Galiza e da derrota do capitalismo.

Militante de diferentes organizaçons soberanistas e independentistas, sempre de esquerda, durante as últimas décadas, envolvido profissionalmente na defesa das pessoas mais marginalizadas polo cruel capitalismo espanhol, as doentes mentais, Ramom Muntxaraz constitui um exemplo do que deve ser umha ou um militante independentista e socialista galego. Por isso, nestes momentos de perda irreparável para o nosso povo trabalhador, de NÓS-Unidade Popular queremos enviar as nossas condolências à família e às amizades de Muntxaraz, junto ao nosso reconhecimento pola sua luita que, como as imprescindíveis, foi a luita de toda umha vida.

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e d i t o r i a l

O ressurgir do colectivo TransGaliza classificadas como doentes “psiquiátricas”. As prestaçons que o SERGAS tem que dar tem que ser universal, pública e gratuita. E nunca devemos ser trivializadas/os como se o nosso assunto unicamente fosse explicável em base biológica, médico/cirúrgica. Se bem algumhas pessoas desejam essa intevençom de reconstruçom genital, a maior parte nom. O que exigimos é o acompanhamento psicológico, médico/endocrinológico. Mais nom só fica aí a nossa realidade. A nível laboral? Quando uma pessoa trans começa a dar os seus passos no livre desenvolvimento da sua própria personalidade, começa a achar situaçons que tentam empurrá-la para a marginalidade, na família, no grupo social, como no ámbito laboral. Eis a angústia de olhar as portas das empresas fechadas, e todo muito agravado polo maldito Bilhete de Identidade, que só logo de dous anos de ter começado poderá mudar. O sindicalismo deve dar um novo pulo e favorecer a criaçom de comissons LGBT no seu seio, para debater aquelas situaçons de agressom, de discriminaçom nas empresas. Temos que ganharmos o espaço público.

o p i n i o m

Precisamos da piscadela de olhos das pessoas já organizadas em entidades transgressoras desta caduca sociedade. Traço uma sensaçom de nom sentir-nos, sentir-me só, sei que de nós vai depender o futuro da nossa naçom. A palavra de ordem “o corpo é nosso, nós decidimos” entronca com o nosso ser nacional. Nós somos a prova de que sim é possível a nossa própria independência. Nós sabemos por nós mesmas/os como nos reconstruirmos, como pularmos pola confluência de ser e existir. E isto é amolado pola “tranqüilidade reinante” que fai que precisemos o nomeado acompanhamento. Encontram que nom temos por que existir se nom é dentro da circunferência castrante e castradora que eles/as desenham para nós, como o cárcere do esquecimento social.

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As cousas vam mudando, a nível legislativo com avanços de visibilidade, mas com certeza com Laura Bugalho criminalizaçom governamental da nossa existência individual e colectiva. A nossa identidade que já é umha humilde revoluçom, de conquista da soberania plena, de definir-nos nós por nós mesmas, tem que ser levada a todas as ordens, sociais, económicas e políticas. Onde o SERGAS e o Parlamento da Galiza botou a decisom de nos atender ao que Madrid ditar. Logo, qual é o problema? Que se o gasto, os orçamentos, que se há outras prestaçons sanitárias que o SERGAS nom dá... quem escreve tem bem claro que a saúde pública tem que ser universal, pública e de graça, tem que atingir qualquer questom para a qual a populaçom precisar do seu apoio. Nós nom somos doentes mas precisamos de um apoio a nível médico, e por menos nom imos passar. Estamos contra da classificaçom da OMS, no seu Catálogo DSM IV somos

Editorial >>

Se a isto acrescentarmos a existência de um tecido associativo maioritariamente copado por elementos próximos a qualquer das três formaçons políticas com representaçom municipal, e o silenciamento e criminalizaçom de qualquer actividade de crítica e oposiçom que saia das estreitas margens do politicamente correcto, poderíamos concluir em que, de certo, o governo municipal está a viver numha tranqüilidade imerecida. É este um bom motivo para a reflexom. Pensar se a falta de grandes conflitos sociais na cidade de Compostela corresponde à ausência de problemas, ou bem à incapacidade dos agentes políticos opostos ao governo municipal para vertebrarem e organizarem a contestaçom. Para NÓS-Unidade Popular é evidente que na nossa cidade nom escasseiam os problemas que afectam a amplos sectores da populaçom, e que o governo da coligaçom PSOE-BNG leva avante políticas abertamente opostas aos interesses das classes trabalhadoras. Assim que a questom deve ter mais a ver com a segunda opçom, ou seja, às incapacidades de quem deveria organizar a crítica e a rebeldia. A esquerda independentista nom pode nem quer fugir da sua responsabilidade nesta situaçom. Sem dúvida parte da culpa também será nossa ao nom sabermos transmitir com suficiente efectividade as nossas mensagens. Mas em todo o caso nom se pode negar que é precisamente o MLNG um dos escassos sectores sociopolíticos activos na nossa cidade que nom ocultam nem atenuam as suas críticas; o que tem provocado umha animadversom por parte do Concelho traduzida em sançons e proibiçons. Sançons e proibiçons que também afectam a aquelas organizaçons ou associaçons de todo o tipo que se atrevem a protestar e denunciar, mas que se convertem em favoritismos e prebendas a quem sabe manter-se dentro dos limites da obediência. Para uns há acesso livre a instalaçons e recursos municipais, subsídios, ...; mas para quem nom aceita o suborno dos favores a atitude é bem diferente. Porém, embora as organizaçons políticas com representaçom institucional e os seus satélites continuem a manter a ficçom da paz social e ausência de problemas na nossa cidade; os governantes da nossa cidade podem estar bem seguros de que nom contarám jamais com a cumplicidade de NÓS-Unidade Popular.

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O passado 9 de Julho o congresso local do PP de Compostela reelegia, por umha apertada margem de apenas 6% dos votos, Gerardo Conde Roa como o seu presidente. Com esta eleiçom acabava um período de interinidade em que, durante dous anos, a direcçom do partido de direitas na nossa cidade estivo em maos de umha gestora. Porém, a escassa diferença entre as duas listas que competiam pola liderança, parece anunciar que ainda fica muito para que este partido no nível local consiga superar as divisons e fraccionalismos que limitam a sua actividade. Ainda mais se tivermos em conta que o confronto a nível local convive com as luitas intestinais generalizadas a nível estatal. Por outra banda, no grupo municipal do BNG também houvo umha importante mudança nos últimos meses, ao se demitir o que até finais de Maio deste ano era porta-voz municipal e candidato à presidência, para além de primeiro tenente de alcalde, Nestor Rego. Esta demissom surpreendente, que o próprio Rego justificou em base a motivos puramente pessoais; embora nom pareça estar ligada a nengum conflito aberto no seio da organizaçom frentista, provoca umha situaçom de certa interinidade no seio do BNG em Compostela. Parece pois, que o presidente Sanches Bugalho goza da mesma sorte ou “baraka” que alguns tertulianos espanhóis lhe atribuem ao seu chefe, Zapatero. Umha sorte consistente nom tanto em acertar nas decisons políticas que se tomam, mas na incapacidade do adversário para fazer-lhe frente. Porque nom som poucos os aspectos a criticar da política levada avante polo governo municipal de Compostela. Danefasta situaçom em que se acham grande parte dos núcleos da zona rural do concelho, passando pola fixaçom turistificadora da política de orientaçom e promoçom económica municipal, até a suicida obsessom no apoio ao monstruoso projecto da Cidade da Cultura. Por empregar um expressom coloquial, ao senhor Bugalho poderia-se “dar canha” da oposiçom utilizando mil e um argumentos. Mas na oposiçom neste momento estám mais ocupados em pelejar entre elas e eles mesmos, e o BNG nom pode permitir-se fazer oposiçom de verdade enquanto fai parte do governo (embora nalgum momento faga acenos).

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Somos umha minoria, que junto a outras minorias significamos umha maioria qualificada, que reivindica, que briga no dia a dia, que se estrutura nos caminhos que nos fôrom roubados. Denunciamos aqueles e aquelas que da sua ignoráncia, cabestrismo, fascismo nom nos desejam ver.

Laura Bugalho é activista LGBT


O Pedroso entrevista

Entrevista >>

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Joaquim Lôpez “Xocas” Baterista de The Homens e directivo da associaçom vicinal do Castinheirinho

Comecemos pola tua faceta artística. Como vês a situaçom e as perspectivas da música galega... e em galego, claro? Acho que o momento actual da música galega criativamente é bastante interessante sobre todo polo caminho para a normalidade na utilizaçom da língua próprio na maior parte dos estilos musicais. Hoje em dia podemos escuitar (ou ouvir) umha grande variedade de estilos musicais em galego, do pop ao hipe-hope. Os avanços tecnológicos e a difusom a través da rede fam possível ter acesso imediato a qualquer música do mundo, para umha cultura como a nossa é prioritário poder aproveitar estes canais de comunicaçom frente aos canais de distribuiçom musical controlados polas grandes multinacionais que respondem a um critério exclusivamente económico. Estám a criar-se certas estruturas que podemos qualificar como positivas para apoiar a música ao vivo e os circuitos musicais no país. Mas também devemos tomar estas iniciativas como um ponto de partida, há que melhorar o funcionamento e continuar a criar estruturas que fomentem a música galega e a cultura em geral. No contexto do país podemos dizer que o momento é efervescente e que, como nunca antes, há umha cena musical galega apoiada por pequenos circuitos musicais. Mas o caso de Compostela é absolutamente contrário, as políticas municipais desenvolvidas nos últimos anos proibírom a música em locais e em espaços públicos, sob um suposto civismo. O modelo socialista da Barcelona hiperturistificada e “cívica” está a impor-se em Compostela, onde a música ao vivo só se pode ouvir nas programaçons municipais, sob um conceito bastante despótico da programaçom cultural em geral.

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“Corremos o risco de nos convertermos em mais umha comunidade-dormitório, e a política municipal assim o marca, construçom e especulaçom imobiliária sem investimento em infra-estruturas e serviços” Fás parte do movimento associativo vicinal no Castinheirinho, cuja associaçom tem fama de independência e activismo. É mesmo assim? É, sim. A Associaçom Vicinal o Castinheiro há mais de 25 anos que trabalha e luita polos interesses da vizinhança, e fai-no de um jeito independente e activo. Manter umha estrutura deste tipo durante tantos anos sem se corromper e sem olhar mais

“As políticas municipais desenvolvidas nos últimos anos proibírom a música em locais e em espaços públicos, sob um suposto civismo” que para os interesses da vizinhança e o bem colectivo, nom dos partidos políticos, é para sentir-se mui orgulhoso. Além disto o Castinheirinho a través nom só da associaçom vicinal mas de todos os colectivos associativos que trabalham no bairro, foi sempre um foco mobilizador para a cidade e a comarca de Compostela. A vossa paróquia está a sofrer profundas mudanças nos últimos anos, com a construçom de novas vias de comunicaçom de forte impacto, auto-estrada, periférico, AVE. Como está a afectar isto à freguesia? A urbanizaçom do bairro, a chegada do AVE e a densidade de tránsito

que suportamos som os principais problemas que encontramos hoje. A construçom de milheiros de vivendas vam mudar radicalmente as estruturas do bairro, tanto a nível social como infra-estrutural. Polo que estamos a luitar é porque esta urbanizaçom seja integradora, que venha acompanhada das estruturas e dotaçons necessárias para podermos realizar a nossa vida no bairro sem termos que depender a 100% do centro da cidade. Quer dizer, à construçom de espaços de lazer apropriados com um centro social com capacidade, de escolas e centros de ensino para todas as idades, de centros para as nossas idosas e idosos... Em especial o AVE atavessará o coraçom da paróquia. Como vê a vizinhança o progresso das obras. Mesmo que as obras nom tenham chegado, a preocupaçom existe porque a fenda que o actual caminho de ferro marca na paróquia vai incrementar de umha maneira brutal. A Associaçom Vicinal já reclamou no seu dia o soterramento dos caminhos de ferro para que esta fenda artificial, com grande impacto sonoro e visual e de grande perigosidade, seja eliminada e nesse sentido trabalharemos para o conseguirmos. Também se está a construir umha nova urbanizaçom. Como consideras que afectará o ambiente social e a personalidade de umha comunidade periurbana como a vossa? Nom é tam-só umha urbanizaçom, som vários os polígonos de vivendas que em breve espaço de tempo serám construídos. Para umha comunidade como a nossa é um momento muito importante e decisivo. Hoje em dia somos umha comunidade avelhentada, mas com umha forte identidade e coesom grupal. Manter essa identidade é um dos objetivos polos quais

se está a trabalhar. Para isso é fundamental criar espaços apropriados de relaçom sociocultural e fornecer serviços básicos a toda aquela/e que morar no bairro. Além disso o colectivo associativo jogará um papel fundamental expandindo a sua oferta de actividades a toda a nova vizinhança. Corremos o risco de nos convertermos em mais umha comunidade-dormitório, e a política municipal assim o marca, construçom e especulaçom imobiliária sem investimento em infra-estruturas e serviços. Também há uns anos que abriu um grande centro comercial perto de aqui. Como tem afectado à vida económica e aos hábitos de compra da vizinhança? O problema das grandes áreas nom é exclusivo do nosso bairro mas é um fenómeno a nível global. O assentamento de um capitalismo feroz, a perda de poder político dos estados frente às grandes corporaçons multinacionais, revertem em políticas que nom apoiam nem o consumo responsável e sustentável nem o pequeno comércio fazendo que cada dia se construam mais centros deste tipo. Na Corunha construirám o que dim o maior de Europa, nas Cancelas já levarom um monte por diante, todo com uns investimentos de capital enorme, em troca de prometer grandes alternativas de lazer quando nom som mais que lugares para incentivarem a compra de produtos que realmente nom se precisam. Haveria que pesquisar seriamente quanto dinheiro ponhem as cámaras municipais para poderem ter um Carrefour ou um IKEA no seu município porque parece ser que ultimamente som questons prioritárias na política municipal.


A situaçom do Milhadoiro

verem competências. Para começarmos nengum sinal adverte da existência desta entidade a que da auto-estrada ou a capital só se pode aceder por umha única rotunda que também serve de acesso a um dos polígonos industriais mais grandes da comarca. O tráfego pesado obstrui a estrada que a atravessa com o arrufo das dúzias de milhares de viaturas que discorrem em ambos os sentidos pola única via de comunicaçom existente, nom em vao a N-550 é umha das principais artérias da capital galega e o polígono um dos mais puxantes da zona. Umha barreira, como nom, de cimento, fende os dous sentidos da estrada, por mor dos prédios de seis alturas construídos nas beiras, para forçar um dos desportos de risco mais praticados nesta urbe: o chouto do valo entre o tránsito. Só nos passos de peons morre o valado para que uns semáforos pulem polo nomeado desporto local ao tardarem cinco ou seis minutos de relógio em dar o passo ao viandante. Entre o bulir barulhento de camions e o fluxo incansável de carros e motos, ao pé da própria barreira física de cimento, semelha que houvesse umha intençom clara de partir em dous o núcleo urbano para empecer o contacto entre a vizinhança de umha e doutra beira como se fossem duas comunidades diferenciadas e conflitivas. Surpreendentemente ao deixar a zona urbana, indo para Padrom, um pode reparar num acceso à recente auto-estrada Compostela-Briom polo que facilmente poderia desviarse o tránsito pesado da N-550 de estar habilitado para tal efeito e devidamente sinalizado. Também qualquer pode espantar-se ao deambular na proximidade desta auto-estrada ao polígono e ver que ninguém se lembrou de lhe fazer umha saída para o mesmo com o que o tránsito industrial se deixaria de acumular na única porta de entrada desta povoaçom.

autocarros Calo de toda a vida que nem sequer tenhem os horários nas paragens e que se atascam de todo caminho da rua da Rosa compostelana, ponto de non plus ultra para os seus usuários. Desta maneira, para alcançarmos a zona Norte de Compostela mediante a combinaçom com o transporte urbano podemos passar três quartos de hora folgados. Esta brilhante planificaçom para dar um pulo ao emprego do veículo particular complementa-se com a N-550 para manter o afastamento das duas metades do Milhadoiro através do engarrafamento do tránsito, aumentar o perigo na vida dos vizinhos e vizinhas e fornecer mais ganho às estaçons de serviço e às oficinas mecánicas. Apesar da inexistência de zonas verdes, o que acentua a imagem cinzenta deste núcleo urbano, está cheio de cativas e cativos a enredarem polas praças ou a baterem uns contra os outros na insuficiente piscina situada ao pé do polígono industrial. Aqui 12% da populaçom recenseada é menor de dez anos e 24% anda entre os dez e os vinte e nove, logo é um dos lugares com a populaçom mais nova de toda a Galiza. Assim e todo nom há escola secundária e de bacharelato e as raparigas e rapazes tenhen que ir a Compostela ao nom poderem completar os estudos no mesmo ambiente onde fôrom iniciados e onde vivem. Pola mesma, o de construir para diante sem calcular as necessidades educativas que se iam gerar levou à politica de remendos actual e, apesar das ampliaçons até ao limite do centro existente ou de pôr em funcionamento umha nova escola no

passado ano, volta a haver massificaçom para o próximo o que fai que de imediato cumpra um outro centro para satisfazer a demanda de escolarizaçom. O plano urbanístico (sim, há um) é tam apropriado que chanta um grande quartel da Guarda Civil ao pé da Galescola para que as e os miúdos convivam com as armas das forças da ordem e fitem atentamente para as cenas que se produzam com os detidos, nada mais educativo para umha criança. Mas por outra banda, existe umha vila enfrentada à aparente cidade dormitório, umha vila que se chama o Milhadoiro, rechamante na sinalizaçom a spray em quanto letreiro puder indicá-lo. Umha vila que no último ano cortou repetidas vezes o tránsito da sua avenida principal, a de Rosalia de Castro. Primeiro pola morte de umha nena atropelada por um camiom num passo de peons, para exigir a propriedade vicinal sobre as suas próprias ruas e a fim do passo mortífero da N-55O polo meio da nossa vila, porque é nossa, da gente que vivemos nela. Depois para recalcarmos e comprovarmos a efectiva presença das forças de segurança quando som os peons e nom os carros que detenhem o passo. A seguir, em três ocasions, fôrom as nais, pais e crianças da nossa vila quem empecêrom o fluir da principal avenida para que todas/os soubessem da situaçom de desleixo a que se abandonara a educaçom das suas filhas e filhos por parte de umha administraçom torpe e alheia. A nossa vila quere ser comunidade, deixar de ser caos de colmeia formigonada e sentir-se vila de vez, vizinhança, povo junto ao redor da cacharela do Sam Joám que ardeu no ano passado após anos de desapariçom, juntança colectiva que se ordena para comer as castanhas do magusto, para festejar o entruido ou a festa da nossa língua. É essa vontade de ser já daqui a que nos unifica numha povoaçom com identidade própria, venhamos de onde vinhermos e tivermos a pele e os olhos da cor que for, somos daqui e é esta diversidade de procedências a que nos achega devagar entre nós próprias e próprios. O facto de que a nossa vila seja o principal núcleo populacional do concelho a que pertencemos e que a capital administrativa do mesmo esteja noutra parte, com todas as consequências que isto tem, origina umha sensaçom de ausência de instituiçons e de abandono generalizada. Eis as bases em que se alicerça uma nova concepçom do público que vai crecendo largamente, na qual é a gente a que tem que decidir e ser partícipe das políticas que padece e goza, que nom quer interferências de instituiçons alheias e alheadas na sua realidade sem consulta e que acredita em si mesma para se organizar e defender. Eis as já 3.000 assinaturas pola expulsom da N-550 da nossa vila, eis Seidom, com nome do velho lugar que foi para articular a vila nova que há de ser erguida desde a base.

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Mais ainda se pode ficar mais pampo ao descobrir que nom há nengum caminho pedonal nem ciclovia que comunique com Compostela apesar de que Conjo ou a Rocha distem a pouco mais de um quilómetro. Com a mesma tampouco chega aqui o serviço de autocarros urbanos de Compostela. Pola vez deles, existem os

Análise >>

que hoje trava coma um cam doente nas nádegas institucionais. Por umha banda um núcleo urbano de mais de 11.000 habitantes recenseados/as, lembremos, só os recenseados, do que qualquer visitante alheio à nossa comarca concluiria em que há anos que foi esquecido por todas as administraçons que sobre ele ti-

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O Milhadoiro, vai caminho de fazer honra à etimologia do seu nome: humiliatorio. Nascido da especulaçom urbanística, da construçom sem controlo nem planificaçom qualquer que arrasou Seidom, a Madalena e o Milhadoiro, os antigos lugares da paróquia de Vidoído sobre os quais se ergue, umha simples olhadela avonda para que a palavra caos abrolhe nos miolos do visitante. E é que para o cobiçoso olhar dos senhores do tijolo, aquele monte que atravessava o Caminho Português e mais a N-550, mesmo no lindeiro do caríssimo e problemático solo do concelho compostelano e ainda tam perto da cidade, de ter um governo municipal que se maravilhasse com o cintilar falso das alfaias de lata que lhe pudessem oferecer havia de ser a idoneidade materializada. Com o tempo ganhou corpo aquela nova entidade surgida a rente de umha das principais estradas de Compostela e arrecantada entre os limites municipais de Compostela, Ames e Teio. Folga falar da generosa contribuiçom a este monumento ao dinheiro fácil dos oportunistas de toda a casta que se valêrom dos preços cósmicos da habitaçom em Compostela para engaiolar as classes populares que procuravam alternativas nas proximidades. Encher o bolso e mais os cofres municipais foi a palavra de ordem no ainda recente boom da construçom a base de amontoar-nos a nós: classe operária, imigrantes e baixo funcionariado no enxame de formigom. As necessidades que essa populaçom em crescimento gerasse era algo que se deixava para depois, para quando houvesse tempo, sítio e ainda mais dinheiro. No entanto, o ritmo da construçom aumentou sem que ninguém figesse contas sérias sobre os serviços que havia de gerar tanta gente. E assim batemos com a realidade

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O Pedroso agradece à Associaçom Vicinal Seidom do Milhadoiro a análise sobre a realidade e reivindicaçons das pessoas que habitam a a principal cidade dormitório de Compostela, paradigma do que nom deve ser um modelo urbanístico a imitar


Municipal >>

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Solidariedade com os três do Eixo Sete meses após a grande mobilizaçom popular em apoio de Simom Marques, José Monteira e Jesus Montoiro as promessas do PSOE caírom em saco roto. O indulto continua sem chegar. NÓS-UP considera necessário aprofundar na pressom social para que os três do Eixo podam recuperar a plena normalidade laboral e familiar. É hora de voltar a sair à rua e denunciar a hipocrisia do partido do governo espanhol, a atitude canalhesca do PP e a posiçom timorata do BNG.

Propaganda anónima promovida polos contrários ao indulto

“Festas do Apóstolo” 08

Política cultural literalmente de fogo de artifício Chega mais um ano o dia da Pátria Galega, para muitas e muitos compostelanos apenas o Apóstolo. As festas... da cidade? Como todos os anos NÓS-UP tem que criticar um programa de festas que tem características que já passárom a ser “tradicionais”: o elitismo, a cultura enlatada, o esbanjamento de fundos públicos, etc No entanto deste ano em Rajói parece que figérom caso a umha pequena parte dos nossos conselhos e nom vam martirizar-nos mais com tanto “triunfito” e tanta espanholada, a música lusófona vai ter um papel. Mas a que preço? Mudou mais algumha cousa? Enquanto se proíbem as tam tradicionais e populares cacharelas do 24 de Junho, limita-se a liberdade de expressom e blinda-se a Cidade Velha ao povo: Praça da Quintá e Praça do Obradoiro fechadas para concertos por um preço médio de 25 € por pessoa e concerto! Política cultural digna de um governo de “progressista “ e “nacionalista”. Em Compostela já começamos a estar tam habituadas e habituados a estas desfaçatezes que parece que já nada nos vai surpreender. Vivemos numha cidade que nos últimos dias é umha cidade policial, que nos criminaliza, que converte as próprias vizinhas e vizinhos num estorvo para o turismo. Esse turismo a quem realmente vam dirigidas estas festas. Apesar dessa feliz ou infeliz coincidência com o dia da nossa Naçom, em Compostela, a capital galega, o nosso concelho nom fará nengum tipo de comemoraçom específica, estarám mui ocupadas e ocupados indo à missa

com os representantes mais rançosos do oligarquia do reino. Proíbirom-nos fazer cacharelas com a escusa de que se estragavam as lousas das ruas e eles plantam-lhe lume à fachada da catedral. Fecham a Cidade Velha aos movimentos sociais, depois deixam montar umha feira pseudo-medieval de umha empresa que nem se digna a colocar a informaçom na nossa língua e eles fecham nada mais e nada menos que o Obradoiro e a Quintá. Gastarám milhares de euros, dos nossos euros, num programa de festas desorbitado, mostrando-nos literalmente que a sua visom da cultura é a do fogo de artifício. A nossa identidade, a que se reivindicará nestes mesmos dias nas ruas da cidade, apesar de todos os impedimentos colocados, será relegada ao folclore. A música galega e em galego, a cena musical alternativa, a cultura autogerida nom tem cabimento, nom há lugar para ela. Neste ano 2008 as “Festas do Apóstolo” voltam a ser um paradigma do modelo de cidade polo qual trabalham na nossa instituiçom municipal. O modelo de cidade dos ricos, da hiperturistificaçom, dos mausoléus para a cultura enlatada. Que burla é essa? A cidade é nossa, nom de Bugalho e a sua comparsa. 25 de Julho é o dia da Pátria Galega, por umhas festas populares e galegas!

Como vem sendo habitual nos últimos anos coincidindo com a jornadas de luita juvenil do 24 de Julho e com as mobilizaçons soberanistas do Dia da Pátria o Estado espanhol ocupa policialmente Compostela. Um estado de excepçom fai da capital da Galiza umha cidade militarizada que dificulta ainda mais o exercício da liberdade de expressom e circulaçom. Com a presença contínua da unidade de intervençom da polícia espanhola em pontos centrais e a realizaçom de controlos nas entradas da cidade o governo do PSOE pretende dissuadir a participaçom popular nas jornadas parióticas e revolucionárias de 24 e 25 de Julho. Com esta intolerável e abafante ocupaçom policial o Regime pretende intimidar a militáncia da esquerda independentista à hora de informar dos actos do Dia Nacional da Galiza.

bitrárias, a requisiçom de material e propaganda política, a pressom sobre a militáncia da esquerda independentista, embora dificulta nom impossibilita visibilizar que somos umha naçom que luita polos seus direitos negados por Espanha e o Capital.

Mas tal como vem acontecendo ano após ano a eficácia desta exibiçom de força por parte das autoridades espanholas nom logra o seu verdadeiro fim. Os espectaculares controlos, a injustificada presença de fardados e veículos das forças repressivas em praças e ruas, as identificaçons ar-

Embora a Cámara Municipal e os meios de comunicaçom teimem em ocultar esta realidade focando-se na projecçom das espanholíssimas festas do Apóstolo as e os turistas que nos visitem saberám que o 24 e o 25 de Julho além de dias de festa também o som de luita .

NÓS-UP solicita do governo municipal do PSOE-BNG a realizaçom das gestons oportunas para o recolhimento das forças policiais, para a sua saída imediata da cidade. Nem som necessárias, nem som

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oPedro o

POLA PLENA LIBERDADE DE EXPRESSOM E CIRCULAÇOM Fora as forças de ocupaçom!

bem acolhidas por amplos sectores da vizinhança que se sente intimidada e conculcados os direitos básicos de circulaçom e expressom. NÓS-UP apela a participar na IV Jornada de Rebeliom Juvenil organizada 24 de Julho por BRIGA. A partir das 10 da noite a juventude revolu-

cionária independentista e socialista convoca manifestaçom na Praça do Toural. Posteriormente no parque de Belvis realizará um concerto. No dia a seguir terá lugar a manifestaçom unitária pola autodeterminaçom que convoca Causa Galiza às 13.30 horas na Alameda. Porém nom só cumpre participar nos actos da esquerda soberanista, é necessário explicitarmos, fazermos visível, a nossa condiçom de Naçom que as instituiçons municipais ocultam. Cumpre pendurar de janelas e varandas a bandeira nacional, plasmar em muros e paredes que somos Naçom e que temos necessidade de exercer o direito de autodeterminaçom, retirar simbologia espanhola, etc. O Dia da Pátria nom pode ser umha simples romaria, umha festa de excessos etílicos, umha processom laica, tal como a concebe o regionalismo. Para a esquerda independentista e socialista galega é um dia de luita e combate. Antes mort@s que escrav@s!.


Como cada ano, o Dia do Internacionalismo Proletário constituiu umha jornada de reivindicaçom

operária nas ruas de Compostela. NÓS-UP estivo presente na manifestaçom convocada pola CIG.

Nom ao AVE, em defesa de Serraval Após os apelos de Tourinho, José Sanches Bugalho e Caride a prol da utilizaçom da força para esmagar a resistência operária às obras do AVE nas minas de Serraval, finalmente lográrom entrar os técnicos do ADIF nas instalaçons, escoltados por máis de 150 membros das forças repressivas entre Guarda Civil e segurança privada.

NÓS-UP manifesta-se contrária ao início das obras até encontrar umha soluçom satisfactória porque provocarám perda de postos de trabalho nas minas e nas fábricas de Ferroatlántica de Cee e Sabom. Embora mantemos a nossa posiçom contrária ao AVE consideramos que a modificaçom do traçado é um mal menor para evitar a perda de empregos.

A Junta da Galiza vem de conceder à papeleira de Brandia, a madeireira Finsa, a Feiraco e à Eyrega, empresa vinculada com a canteira de Miramontes, autorizaçom ambiental integrada. Isto significa que na prática o governo autonómico dá licença às grandes empresas para poluírem. Está previsto que a Televés concedam idêntico privilégio em questom de três meses. A Direcçom Geral de Qualidade e Avaliaçom ambiental concedeu autorizaçom ambiental integrada e declaraçom de impacto ambiental para um vertedoiro de resíduos, como “melhoria do plano de restauraçom do espaço natural Canteira de Miramontes”, na paróquia de Grijoa, propriedade de Áridos CNC. A instalaçom dedicará-se à recepçom, gestom e deposiçom controlada de resíduos perigosos previamente tratados e selecionados, numha área de um milhom de metros cúbicos. A vida útil do vertedoiro estima-se entre 13 e 20 anos, e acolherá resíduos procedentes de diversas actividades industriais e da construçom. Entre

as múltiplas categorias que se especificam, figuram metais, plásticos, vidro, e composto fora de especificaçom. Quer dizer, aquele que por inadequada separaçom em origem, contem umha percentagem tam elevada de elementos nom orgánicos, que nom pode ser empregado como fertilizante. Estas quatro categorias componhem, se assimilamos a matéria orgánica ao composto, os resíduos sólidos urbanos, polo que podemos intuir que este pode ser o destino para o crescente volume de lixo que Sogama nom dá “valorizado” (incinerado) ou depositado no seu próprio vertedoiro. O documento especifica que durante a fase de obras, os camions que transportem terra ou outros materias que desprendam pó, irám tapados com umha lona. Lembremos que nas obras das Cancelas, dezenas de camions saídos das obras com umha freqüência de menos de cinco minutos durante semanas, levárom a terra do imenso desmonte sem cobrir nunca a carga para atravessarem o bairro de Vite.

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Municipal >>

NÓS-UP denunciou no 1º de Maio o aumento de preços, reclamando que os ricos paguem a crise

A Junta concede autorizaçom para poluir

Fracassou pretensom municipal de limitar a liberdade de expressom

NÓS-UP realizou VIII Cacharela Popular

acabar na Praça da Quintá onde membros do colectivo convocador dérom leitura ao manifesto. Além das clássicas palavras de ordem durante o transcurso da mobilizaçom o colectivo Panteras Rosa precintárom de maneira simbólica as portas das igrejas, à vez que colocavam um cartaz de Fechado por LGBTfobia e por Machismo.

Esta senhora tentou impor a sua própria interpretaçom da normativa em matéria de liberdade de expressom além da já de por si restritiva e antidemocrática “Ordenança Municipal de Publicidade Estática e Dinámica”. Embora solicitássemos publicamente umha rectificaçom, nem José Sanches Bugalho nem Socorro Garcia, PSOE e BNG, desautorizárom esta intolerável limitaçom da liberdade de expressom da nova aprendiz de Torquemada. Entre bandeiras da Galiza e umha faixa solicitando o direito de autodeterminaçom centos de pessoas enchêrom durante horas a praça do Matadoiro desfrutando de pam com chouriço de graça, bebidas a preços populares e música tradicional.

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No Sábado 28 de Junho fomos novamente a única força política que participamos com faixa própria na mobilizaçom convocada pola Federaçom de Associaçons LGBT da Galiza, Aturuxo em Compostela com motivo da celebraçom do Dia do Orgulho LGBT. A manifestaçom que partiu passadas as 18 horas da Alameda percorreu diversas ruas da Cidade Velha para

Seria cómico se nom fosse umha flagrante tentativa de restringir a liberdade de expressom que exprime a perigosa mentalidade inquisitorial da pseudo-progressia que governa a nossa cidade. Dias antes do 23 de Junho o governo municipal enviou, por escrito, a NÓS-UP umha surpreendente autorizaçom para organizar a VIII cacharela popular para festejar o solstício de Verao que tradicionalmente vimos realizando. Nesta ocasiom, e tal como já previamente de forma oral tinha manifestado umha funcionária, a vereadora responsável da “Concellería de Mobilidade e Seguridade Cidadá” (sic) Marta Álvarez-Santullano Fernández-Trigales, na reposta oficial enviada por escrito, autoriza o evento, mas “con proibición expresa de exhibir publicamente ningún tipo de pancarta”.

oPedro o

NÓS-Unidade Popular participou na mobilizaçom no Dia do Orgulho LGBT


Manifesto de NÓS-Unidade Popular no Dia da Pátria

Galiza é a nossa Naçom; obreira a nossa classe Branco, azul e vermelho as cores da nossa bandeira O Dia da Pátria de 2008 coincide com o terceiro aniversário do governo PSOEBNG na Junta da Galiza. O balanço destes mais de 1.000 dias de gestom do bipartido é desolador. Nengumha das raquíticas promessas do acordo de governo foi aplicada. A política económica, sociolaboral, cultural, ambiental, identitária do tandem Tourinho-Quintana é simplesmente continuísta à da era Fraga. As expectativas depositadas por amplos sectores sociais ficárom em simples águas de bacalhau. A mudança tranquila nom passou de umha mera palavra de ordem que só beneficia a corrupta casta burocrática e funcionarial que aplica a patir de Sam Caetano e das fundaçons privadas políticas neoliberais e regionalistas. O governinho PSOE-BNG tem cumprido exclusivamente com os desejos e as necessidades dos donos deste país, satisfazendo Madrid e Bruxelas, as multinacionais e o grande Capital, supeditando-se obedientemente ao quadro constitucional e autonómico imposto polo franquismo. Três anos perdidos, pois, na construçom nacional da Galiza. Mas este 25 de Julho também tem lugar numha conjuntura adversa e difícil para a imensa maioria social que conformamos a Naçom Galega. A grave crise económica do capitalismo está a golpear com força nas condiçons de trabalho e de vida da classe trabalhadora. O desemprego aumenta, os salários estám congelados, a precariedade laboral segue imparáveis tendências alcistas, a pobreza e a exclusom social cresce, a emigraçom é um fenómeno em alta, enquanto se incrementa a inflaçom e os preços dos alimentos de consumo básico, a electricidade, os combustíveis, as hipotecas nom deixam de subir. Nem o governo espanhol nem o seu apêndice na Comunidade Autónoma adoptam medidas de choque tendentes a paliar os efeitos da crise sobre a maioria

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oPedro o vozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela

social, optando por manter políticas neoliberais que fam recair sobre a classe trabalhadora, basicamente sobre aqueles sectores mais fracos da mesma, -a juventude, pensionistas, mulheres e imigrantes, as suas funestas consequências. Mas, enquanto isto sucede, os bancos, as companhias seguradoras, as grandes empresas, o grande capital consegue aumentar a sua obscena taxa de ganho. É necessário avançar na configuraçom de um amplo movimento social de protesto para fazer frente à insanciável voracidade da burguesia, para defender os nossos direitos laborais e as nossas condiçons de vida. A classe trabalhadora galega tem que responder com contundência e de forma maciça à crise que nos querem fazer pagar. Há que caminhar face umha greve geral. As épocas de crise, de ausência de expectativas, de falta de horizontes, de desencanto e ansiedade, som as mais proclives para projectar colectivamente em causas alheias as frustraçons individuais. Enganam-se aqueles e aquelas compatriotas que, abraçando bandeiras foráneas, fundindo-se em alegria com as cores do fascismo e do imperialismo espanhol, coincidindo com os responsáveis pola sua frustraçom em celebraçons promovidas polo regime, vam encontrar o caminho para sair do buraco ao que nos condena Espanha e o Capital. A luita é a única via para recuperarmos o nível de vida perdido, as condiçons de trabalho arrebatadas, o orgulho de sermos galeg@s, a alegria que nos roubárom. Isto na Galiza está representado pola nossa bandeira, a das cores branca, azul e vermelha. A esquerda independentista e socialista galega articulada à volta de NÓS-UP apela para que o conjunto da classe trabalhadora da Galiza secunde a mobilizaçom pola Soberania Nacional que convoca a entidade autodeterminista Causa Galiza o 25 de Julho às 13.30 horas na Alameda de Compostela. Que os ricos paguem a crise! Contra o Estatuto e a Constituiçom, adiante a luita pola autodeterminaçom! PP, PSOE, BNG a mesma merda é! Viva Galiza livre, socialista e nom patriarcal! Galiza, 25 de Julho de 2008

Conselho de Redacçom: Anjo Paz, José Dias Cadaveira, César Campos, Mari Ermida, Carlos Morais, Jacobe Ribeiro, André Seoane Antelo, Patrícia Soares Saians. Imprime: Tameiga • Edita: NÓS-Unidade Popular da Comarca de Compostela. Rua Quiroga Palácios, 42, rés-do-chao, Compostela · Galiza Tels. 881 979 561 · 609 338 370 • e-mail: nosup-compostela@nosgaliza.org • Correcçom lingüística: galizaemgalego Publicaçom trimestral de NÓS-UP da Comarca de Compostela • Distribuiçom gratuita. Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos e informaçons sempre que se citar a fonte. O Pedroso nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados. O Pedroso nº33 · Abril-Junho 2008 • Tiragem: 5.000 exemplares • Depósito Legal: C-1002-01 • Encerramento da ediçom: 15 de Julho de 2008

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