Alexandra Kollontai: a bolchevique feminista

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Alexandra Kollontai foi umha destacada figura de movimento socialista russo. Nascida numha família aristocrática liberal endinheirada de origem ucraniana, russa e finlandesa, Kollontai foi educada em russo e finlandês, e aprendeu sendo mui nova a falar com fluidez distintas línguas o que nom só foi útil para o movimento revolucionário, mas que a levou cara umha carreira no serviço diplomático soviético. Jogou um papel fundamental forçando ao movimento socialista russo a que organizasse um trabalho especial entre as mulheres e organizando ela própria movimentos de massas de mulheres trabalhadoras e camponesas. Foi a autora dumha grande parte da primeira legislaçom social da república Soviética.

Aproximaçom das ideias marxistas Kollontai começou o seu trabalho político dando aulas de tarde aos e às trabalhadoras em Petrogrado. Enquanto levava a cabo este labor, viu-se atraída a colaborar com a Cruz Vermelha Política, umha organizaçom criada para ajudar a presas e presos políticos, participando em actividades tanto públicas como clandestinas. Em 1895, lê Mulher e Socialismo de August Bebel, o qual influiria as suas futuras ideias. Em 1896 vê pola primeira vez a face descoberta da indústria capitalista quando visita umha grande fábrica têxtil na qual o seu marido estava a instalar um sistema de ventilaçom. Nesse ano, participará activamente promovendo e subsidiando umha greve maciça do sector têxtil que sacudiu a área de Petrogrado. Já completamente comprometida com a ideologia marxista, deixa o seu marido e o seu filho para ir estudar a Zurich, onde se ligou aos revolucionários russos


exilados naquela cidade. Passou grande parte do seu tempo na universidade respondendo ao economista marxista Heinrich Herkner, que daquela já se convertera num “revisionista”. Após o seu regresso à Rússia, escreveu umha polémica crítica das tendências revisionistas promovidas por Edouard Bernstein que foi censurada. Em 1899 começa a sua actividade clandestina no Partido Operário Social-Democrata Russo. Em 1901 parte para o estrangeiro, coincidindo com Kautsky, Luxemburgo e Lafargue em Paris e com Plekhanov em Genebra.

Acçom política e revolucionária Ao voltar à Rússia, em 1903, foi neutral na divisom entre bolcheviques e mencheviques. A partir de 1905, empenhou-se em construir um movimento feminino socialista na Rússia, seguindo o modelo alemám já bastante desenvolvido na época. Em 1906, Rosa Luxemburg apresentou-na a Clara Zetkin, de quem se tornou discípula, e tomou contacto com a secçom feminina da Internacional Socialista. Nesse mesmo ano, tentou marcar umha reuniom para fundar um departamento de mulheres trabalhadoras na sede do POSD, mas os homens reagírom anunciando o seguinte aviso: “A reuniom só para mulheres foi cancelada; amanhá haverá umha reuniom só para homens”.

Exílio e definitiva bolchevique

adesom

à

fracçom

No final de 1908, após três meses evadindo o arresto, Kollontai viu-se forçada ao exílio. Até 1917 estivo fora da Rússia, ainda que muitos dos seus trabalhos fôrom publicados ali. Regressa a Rússia após a Revoluçom de Fevereiro de 1917 unindo-se a Alexander Shlyapnikov e a V. M. Molotov na luita por umha política clara de nom apoiar o governo provisório, opondose Kamenev e Estaline. Foi a primeira mulher eleita para o


Comité Executivo do Soviete de Petrogrado. Na reuniom do 4 de Abril ela era a única, além de Lenine, que apoiava a demanda de “Todo o poder aos Sovietes” e também estava do lado deste quando aposta pola insurreiçom de Outubro.

Do Governo Operária

revolucionário

à

Oposiçom

Após a vitória bolchevique, ocupa o posto de Comissária do Povo (ministra) para a Assistência Pública no primeiro Governo revolucionário. Foi a mulher mais destacada na administraçom soviética e foi conhecida por fundar a Jienodtel (primeiro departamento feminino governamental do mundo). Preparou o I Congresso das Operárias e Camponesas de toda a Rússia (1918), foi presidenta do Departamento Político da República de Crimeia e Comissária de Agitaçom e Propaganda da Ucránia (1919) e em 1920 foi eleita membra do Comité Executivo no VIII Congresso Soviético pan-russo. Neste congresso, uniu-se à Oposiçom Operária. Em 1921 escreve umha obra em que expom as posiçons dessa tendência no interior do Partido, alertando contra os "perigos de degeneraçom burocrática que ameaçam", e propondo o controlo operário das instituiçons. A Oposiçom Operária é derrotada e proibida como as demais facçons. Apesar das transformaçons sociais da época, a mulher continuava escravizada. Sendo consciente das causas da opressom feminina, o comissariado dirigido por Kollontai foi pioneiro na luita polos direitos das mulheres, ficando as suas conquistas consagradas no Código Civil aprovado polos bolcheviques em 1918: decretou-se a protecçom do Estado à maes e crianças, tornando gratuitos os cuidados nas maternidades, legalizou-se o divórcio e fijo-se do casamento um acto civil no qual as duas partes assumiam os mesmos direitos e deveres, aboliu-se a educaçom religiosa para as meninhas, as


instituiçons confessionais fôrom convertidas em centros de serviços sociais e em 1920, pola primeira vez no mundo, legalizou-se o aborto. O trabalho tornou-se obrigatório para homens e mulheres e criou-se umha rede de instituiçons de apoio à mulher, desde infantários, centros de dia, cantinas, lavandarias públicas, cozinhas colectivas, etc. Nas escolas eram servidos almorços às crianças e havia distribuiçom gratuita de livros escolares, roupa e calçado.

Atacada polas suas opinions sobre a moral sexual e envolvida nas luitas da Oposiçom Operária, acaba por ser afastada do seu cargo de comissária, mas foi nomeada embaixadora da Noruega, México e Suécia. Mantivo-se fora da Uniom Soviética durante décadas, por divergências com a política estalinista.

Queda no esquecimento No regresso a Moscovo, caiu no esquecimento. As suas ideias emancipadoras tinham sido enterradas há muito. Apenas lhe restavam os cognomes, perdidos no passado, de “Valquíria da Revoluçom” e “Alexandra, a Vermelha”. Ostracizada polo partido e polo regime, excomungada pola Igreja ortodoxa russa, reformada, morreu num pequeno apartamento, de ataque cardíaco. Foi enterrada na “ala dos diplomatas” do cemitério de Novodevitchi, onde repousa a “nomenclatura” russa.



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