1
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL CURSO DE JORNALISMO
FRANCELLE MACHADO VIEGAS
BACKSTREET’S BACK: A cobertura jornalística on-line, tradicional e segmentada, dos shows dos Backstreet Boys no Brasil em 2015.
Porto Alegre 2015
2
FRANCELLE MACHADO VIEGAS
BACKSTREET’S BACK: A cobertura jornalística on-line, tradicional e segmentada, dos shows dos Backstreet Boys no Brasil em 2015.
Monografia apresentada à Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, como requisito para obtenção do grau de graduação em Jornalismo.
Orientadora: Profa. Dra. Paula Regina Puhl
Porto Alegre 2015
3
FRANCELLE MACHADO VIEGAS
BACKSTREET’S BACK: A cobertura jornalística on-line, tradicional e segmentada, dos shows dos Backstreet Boys no Brasil em 2015.
Monografia apresentada à Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, como requisito para obtenção do grau de graduação em Jornalismo.
Aprovada em _____ de ___________________ de ________. BANCA EXAMINADORA:
__________________________________
Orientadora: Dra. Paula Regina Puhl __________________________________
Profa. Dra. Neka Machado
__________________________________
Profa. Karen Sica da Cunha
Porto Alegre 2015
4
Este trabalho é dedicado, primeiramente, à minha mãe Vera. Meu pilar de sustentação, meu exemplo de força e Girl Power, minha companheira no amor pelos Backstreet Boys, “my safest place to hide”.
Também dedico esta monografia a todos os fãs dos Backstreet Boys que, assim como eu, realizaram seu sonho e cantaram junto na In A World Like This Tour, em 2015.
Dedico esta pesquisa, ainda, aos cinco norte-americanos que se fazem presentes na minha vida e na minha história, mesmo que de tão longe, pela força de sua música. Nick, Kevin, Brian, Howie e AJ, this one goes out to you.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, Vera e Júlio, por tudo. Neste momento, agradeço pela confiança de ambos na minha capacidade de produzir um trabalho desta dimensão. Mas não apenas no decorrer da monografia, como durante todo o curso, os agradeço por todo o apoio, nas mais diversas formas em que foi demonstrado (financeiro, moral, dentre tantas outras). Em especial, agradeço a minha mãe pelo interesse, presença, dedicação e amor constantes, que fortaleceram a minha disposição em levar a pesquisa adiante e me motivaram a entregar o melhor conteúdo que eu pudesse produzir. Ao meu namorado, Frederico, por me acalmar a cada crise de nervosismo, pela preocupação com a minha saúde nas vezes em que eu contava sobre o tempo que passei escrevendo sem parar, por comemorar comigo cada etapa vencida, pelo poder único de me fazer rir e esquecer todos os problemas em menos de um minuto e, principalmente, pelas demonstrações de amor, carinho, cuidado e amizade que vêm desde o primeiro semestre do curso. In a world like this, i’ve got you. À minha orientadora, Paula Puhl, pela motivação que foi ampliada a cada orientação, me proporcionando força para não duvidar do meu potencial e ainda mais vontade de seguir em frente. Agradeço, ainda, pela paciência com todos os meus questionamentos e incertezas, por abraçar a minha ideia desde o projeto e pela ajuda em cada momento onde dicas preciosas clarearam os meus pensamentos. Não posso deixar de agradecer, também, por algo que fez toda a diferença no resultado deste trabalho: Paula, muito obrigado por ter me ajudado a organizar as tarefas e manter a calma, não deixando brechas para que a minha ansiedade diminuísse o rendimento e a qualidade do trabalho. À professora Glafira Furtado, por acreditar na minha ideia desde que esta não parecia muito clara nem para mim mesma, e também pelas conversas animadas sobre o show dos Backstreet Boys em Porto Alegre. Aos integrantes do Backstreet Boys, Nick Carter, Brian Littrell, Howie Dorough, AJ McLean e Kevin Richardson, os quais são, muito além de parte do objeto de estudo, inspirações para a minha vida e parte da minha história. You left a permanent stain on my heart. You're never leaving it.
6
Quando as paredes começarem a se fechar, e seu coração estiver congelando, mostre a eles do que você é feito. Quando a luz do sol estiver desaparecendo, o mundo estará esperando por você. Só mostre a eles do que você é feito.
Backstreet Boys (Letra de “Show’ Em What You’re Made Of")
7
RESUMO
A monografia pretende compreender como é elaborada a cobertura jornalística de um mesmo evento cultural, por dois portais de notícias da Internet voltados a diferentes públicos. Utilizando a vinda do grupo Backstreet Boys ao Brasil em 2015 como objeto de estudo, a investigação proposta nesta monografia busca o conhecimento das características e linguagens utilizadas em um portal on-line tradicional e outro segmentado. Procura, ainda, comparar a cobertura dos eventos que foi realizada pelos sites selecionados, G1 (tradicional) e POPline (segmentado), traçando diferenças entre ambos e inferindo, ao final da análise, qual tipo de cobertura se faz mais eficaz na transmissão da informação ao público interessado no evento cultural. Para alcançar o objetivo proposto, são analisadas as duas coberturas, duas notícias publicadas pelo portal POPline e duas publicadas pelo portal G1 nos dias 9 e 13 de junho, sendo estas sobre os primeiros shows da turnê do grupo musical no Rio de Janeiro e em São Paulo. As notícias são examinadas de acordo com o protocolo metodológico de análise de cobertura jornalística elaborado por Gislene Silva e Flávia Dourado Maia (2011), e os principais eixos que norteiam a monografia – jornalismo cultural e webjornalismo – são fundamentados, ainda nos primeiros capítulos, com embasamento teórico em autores da área da comunicação e de jornalismo digital, através dos procedimentos metodológicos de pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. Conclui-se que o portal POPline, por dialogar diretamente com os fãs e admiradores dos Backstreet Boys, informou sobre o evento cultural de forma mais eficaz e que, mesmo o portal G1 tendo grande experiência jornalística, ainda precisa aprimorar a valorização dos assuntos referentes a cultura, os quais são transmitidos em coberturas padronizadas e superficiais ao público, não informando por completo.
PALAVRAS-CHAVE: jornalística.
Backstreet
Boys.
Comunicação.
On-Line.
Cobertura
8
ABSTRACT
The monograph intends to understand how it is elaborate journalistic coverage of the same cultural event, by two Internet news portals destined at different audiences. Using the coming of the Backstreet Boys to Brazil group in 2015 as an object of study, research proposed in this monograph seeks knowledge of the characteristics and languages used in a traditional online portal and other segmented. Seek, also, compare the coverage of events that was held by the selected sites, G1 (traditional) and POPline (segmented), tracing differences between them and inferring at the end of the analysis, what type of coverage is most effective in conveying information the public interested in the cultural event. To achieve the proposed objective, are analyzed the two coverages and two reports published by POPline portal and two published by G1 portal on 9 and 13 June, which are on the first shows of the musical group tour in Rio de Janeiro and Sao Paulo. The news are assessed according to the methodological protocol journalistic coverage analysis prepared by Gislene Silva and Flavia Dourado Maia (2011), and the principal axes that guide the monograph cultural journalism and web journalism - are founded, still in the early chapters, with theoretical basis authors in the area of communication and digital journalism, through methodological procedures of bibliographic and documentary research. It is concluded that the POPline portal, by the fact of dialogue directly with fans and admirers of the Backstreet Boys, reported on the cultural event more effectively and that, even the portal G1 having great journalistic experience, still need to improve the valuation of subjects related to culture, which are transmitted in standardized and superficial coverages to the public, not informing altogether.
KEY WORDS: Backstreet Boys. Communication. Online. Journalistic Coverage.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Notícia sobre a vinda do BSB ao Brasil – G1, 25 de fevereiro de 2015 Figura 2: Notícia sobre a vinda do BSB ao Brasil – POPline, 25 de fevereiro de 2015 Quadro 1 - Notícias publicadas pelos portais no período entre março e início de junho Quadro 2 - Notícias publicadas pelo portal G1 no período de realização dos shows no Brasil Quadro 3 - Notícias publicadas pelo portal POPline no período de realização dos shows no Brasil Figura 3: Matéria sobre show dos BSB no Rio de Janeiro – G1, 09 de junho de 2015 Figura 4: Página principal do portal G1, em 09 de junho de 2015 Figura 5: Matéria sobre show dos BSB no Rio de Janeiro – POPline, 09 de junho de 2015 Figura 6: Página principal do portal POPline, em 09 de junho de 2015 Figura 7: Matéria sobre show dos BSB em São Paulo – G1, 13 de junho de 2015 Figura 8: Página principal do portal G1, em 13 de junho de 2015 Figura 9: Matéria sobre show dos BSB em São Paulo – POPline, 13 de junho de 2015
10
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12
2
A CULTURA E O JORNALISMO CULTURAL ................................................. 17
2.1 CULTURA: SIGNIFICADOS E CONCEITOS .................................................... 17 2.2 JORNALISMO CULTURAL: CONTEXTOS E DEFINIÇÕES ............................. 27 2.2.1 Características do jornalismo cultural ......................................................... 32 2.2.2 Gêneros do jornalismo cultural .................................................................... 39 2.2.3 O perfil do jornalista de cultura .................................................................... 42
3
A INTERNET E O JORNALISMO NA PLATAFORMA WEB ........................... 46
3.1 INTERNET: CARACTERÍSTICAS E INFLUÊNCIAS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .......................................................................................................... 46 3.1.1 A cultura da Internet ...................................................................................... 49 3.2 A INTERNET COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO............................................. 52 3.3 JORNALISMO ON-LINE: CONTEXTO E CARACTERÍSTICAS ........................ 56 3.3.1 Alternativas para a prática do jornalismo on-line ....................................... 64 3.3.2 Particularidades do jornalista on-line .......................................................... 69
4
A COBERTURA JORNALÍSTICA DOS SHOWS DOS BACKSTREET BOYS
NO BRASIL EM 2015 ............................................................................................... 73 4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 73 4.2 COBERTURA JORNALÍSTICA: FUNÇÕES E CARACTERÍSTICAS ................ 77 4.2.1 Um breve histórico dos portais de notícia G1 e POPline ........................... 80 4.2.2 Backstreet Boys: história e relevância para a música pop ........................ 82 4.3 ANÁLISE DA COBERTURA JORNALÍSTICA: G1 E POPLINE ........................ 87 4.3.1 Material jornalístico publicado pelos portais G1 e POPline entre fevereiro e junho de 2015, sobre a vinda da turnê dos Backstreet Boys ao Brasil ........... 88 4.4 ANÁLISE DAS REPORTAGENS SELECIONADAS .......................................... 95 4.4.1 Matéria 1 – “No Rio, Backstreet Boys garantem que ‘brasileiras são as mais apaixonadas’” – G1 ........................................................................................ 95
11
4.4.2 Matéria 2 – “Backstreet Boys voltam a declarar amor pelos fãs brasileiros em show no Rio de Janeiro” - POPline ............................................................... 101 4.4.3 Matéria 3 – “Backstreet Boys se apresentam em SP de olho no futuro e em ‘bundas’” – G1 ................................................................................................. 106 4.4.4 Matéria 4 – “Backstreet Boys no Brasil: AJ ganha atenção (e o coração) dos fãs em São Paulo” - POPline......................................................................... 111 4.5 COMPARAÇÃO ENTRE PORTAIS E CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A ANÁLISE DA COBERTURA JORNALÍSTICA ......................................................... 115
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 121
REFERÊNCIAS............................................................................................... 126
ANEXOS ......................................................................................................... 139
12
1 INTRODUÇÃO Em junho de 2015, o grupo musical Backstreet Boys veio ao Brasil para a realização de oito apresentações da turnê intitulada In A World Like This. A vinda de uma banda internacional ao Brasil configura-se como tipo de acontecimento passível de se transformar em notícia, seja em qualquer tipo de veículo, pelo critério jornalístico de proximidade. Assim, encontram-se, seguidamente, notícias a respeito da vinda de grupos estrangeiros ao Brasil em qualquer veículo jornalístico, sendo este tipo de notícia pertencente à área do jornalismo cultural, por se tratar de assuntos relacionados à música. O jornalismo cultural praticado em veículos impressos possui algumas limitações que vão do pouco espaço físico no papel à dificuldade em fugir da regra da “agenda”, no caso dos veículos tradicionais. Com a evolução da Internet, porém, o jornalismo dedicado à área cultural vem ganhando mais espaço e, ainda, mais possibilidades de produção e aperfeiçoamento para as notícias. As características intrínsecas a plataforma da web viabilizam a produção de uma cobertura pormenorizada de eventos culturais, as quais podem ser constituídas por notícias simples ou até resenhas opinativas, utilizando a liberdade de gêneros jornalísticos que é própria do jornalismo de cultura. Compreendendo a Internet como uma plataforma onde o jornalismo cultural desenvolve-se com mais liberdade, e enxergando o potencial jornalístico dos assuntos relacionados à esfera cultural, a motivação para esta pesquisa veio do interesse em investigar a forma como um assunto referente a cultura é noticiado por um portal on-line tradicional e outro segmentado. Neste trabalho, entende-se como portal de notícias tradicional aquele que se direciona ao maior público-alvo possível, publicando matérias sobre qualquer assunto e dividindo seu conteúdo em editorias, recriando com o desenvolvimento e as características do ambiente on-line um tipo de jornalismo que agrega variadas temáticas, tal como o realizado, também, por veículos impressos. Por outro lado, o portal de notícias segmentado é visto, nesta monografia, como uma ramificação jornalística direcionada a um público específico, que não trabalha com editorias e mantém o foco em uma temática, noticiando a quem já possui conhecimento prévio sobre os assuntos informados. Este tipo de jornalismo vem ganhando maior espaço na web, com a possibilidade da criação de
13
mais portais sobre diversos assuntos, sejam culturais ou de qualquer outra área do jornalismo. Sendo o G1 um portal tradicional e o POPline um portal segmentado, direcionado especificamente aos fãs de música pop, entende-se que a forma como um mesmo fato é noticiado pode sofrer alterações motivadas pelo público-alvo de ambos os portais, e, ainda, pelo conhecimento cultural prévio do próprio jornalista designado a escrever sobre o assunto. Desta maneira, a presente monografia faz uma comparação entre as coberturas realizadas pelos dois portais a respeito dos shows do grupo Backstreet Boys no Brasil em 2015, analisando a linguagem utilizada e as características do jornalismo cultural praticado pelo G1 e pelo POPline. O objetivo desta pesquisa é compreender as diferenças e semelhanças entre as coberturas, as particularidades de cada tipo de portal e, ainda, o ponto de vista dos jornalistas sobre o que é ou não passível de se tornar uma notícia. A escolha por analisar os portais G1 e POPline se deve às seguintes razões: o G1 é um dos sites mais lembrados pelo público para a legitimação de fatos noticiados. Além disso, é um dos portais de notícias mais acessados do país, e pode-se dizer o mesmo do POPline, quando a procura é por notícias específicas sobre música pop. A escolha dos sites também se deve ao tempo de existência dos portais, que foram lançados em 2006 (POPline em julho e G1 em setembro). Assim, ambos os sites têm um longo tempo de experiência e evolução na publicação de conteúdos. Em relação ao evento cultural analisado – os shows dos Backstreet Boys no Brasil -, ambos os portais também proporcionaram materiais suficientes para a composição do trabalho. O evento cultural selecionado para a análise, sendo este a vinda dos Backstreet Boys ao Brasil para a realização de oito shows, foi determinado pelo interesse da autora pelo grupo musical. Porém, um critério ainda mais significativo na escolha do evento foi a atualidade das notícias, visto que os shows aconteceram no mesmo ano de produção do trabalho, o que proporcionou material recente e colaborou para que a autora tivesse maior percepção acerca da extensão e intensidade da cobertura realizada pela imprensa brasileira sobre o assunto.
14
A presente monografia é desenvolvida em três capítulos. O primeiro capítulo busca elucidar o conceito de cultura, mantendo o foco na maneira como esta é apreendida pela comunicação. Além disso, expõe como a mídia transmite a cultura para o público massificado, abordando temas como a Indústria Cultural e a cultura da mídia, dentre outros tópicos que auxiliam no conhecimento das bases do significado da cultura. Finalmente, aborda o jornalismo cultural, descrevendo-o como área segmentada de produção jornalística, expondo seu contexto histórico e pontuando suas principais características. São mencionados, ainda, os gêneros jornalísticos
que
se
ajustam
ao
jornalismo
cultural
e
as
habilidades
e
responsabilidades de um jornalista que trabalha na área ou editoria cultural. O referencial teórico deste capítulo baseia-se, em seu primeiro momento, em autores da área da comunicação como Lúcia Santaella (2003a, 2003b), Fábio Gomes (2009), John Thompson (2009) e Douglas Kellner (2001). Ao abordar o jornalismo cultural, autores do próprio campo colaboram na reflexão sobre a prática e sua importância como influência para o público, dentre eles estão Daniel Piza (2009), Franthiesco Ballerini (2015), Dora Santos Silva (2012) e Marina de Magalhães Souza (2009). Os gêneros jornalísticos expostos nesta parte do trabalho são amparados pelos autores José Marques de Melo e Francisco de Assis (2010). O capítulo seguinte refere-se à Internet, partindo de sua origem e contexto histórico e seguindo para sua utilização como meio de comunicação entre usuários. Atenta-se, aí, para a influência dos internautas na formação e evolução da rede, ocasionando o que Manuel Castells (2003, 2004, 2006) chama de cultura da Internet, uma cultura que é trazida pelos próprios usuários e torna-se pertencente e unificada ao ambiente on-line. É verificada, de forma mais detalhada, a utilização da web para a prática do jornalismo. Conceitua-se o histórico e o crescimento do jornalismo on-line, assim como suas particularidades como plataforma de disseminação de informações e as diferentes alternativas para o exercício do jornalismo profissional e cidadão. Por último, a definição de um perfil do jornalista profissional que trabalha na web é abordado. O jornalismo praticado on-line pode receber diferentes terminologias e, sendo assim, é necessário salientar que, na presente monografia, apenas dois termos são utilizados: webjornalismo e jornalismo on-line. Estes foram escolhidos por entrarem em concordância com o sentido que se quer exprimir a respeito do jornalismo praticado na Internet, não deixando margens
15
para equívocos em relação ao significado das expressões. Para o referencial teórico do segundo capítulo, foram utilizados - além de Manuel Castells - autores das áreas da comunicação e do jornalismo digital, tais como Pollyana Ferrari (2010), Luís Monteiro (2001), José Benedito Pinho (2003), Wilson Dizard Jr. (2000), Magaly Prado (2011) e Luciana Mielniczuk (2003). O último capítulo da monografia apresenta a análise da cobertura jornalística sobre os oito shows dos Backstreet Boys no Brasil, realizada pelos portais G1 e POPline, no período de fevereiro a junho de 2015. Os procedimentos metodológicos adotados no decorrer do trabalho são a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, que fornecem a base teórica necessária para a compreensão dos eixos que fundamentam a monografia. No último capítulo, especialmente, Ida Regina Stumpf (2006) e Antonio Carlos Gil (2008) auxiliam no esclarecimento sobre as duas técnicas de pesquisa e a cobertura jornalística é conceituada com embasamento na reflexão dos autores Patrick Charaudeau (2006) e Cárlida Emerim e Antonio Brasil (2011). Tal entendimento teórico sobre o que consiste uma cobertura jornalística é aliado, para a realização da análise, ao protocolo metodológico elaborado por Gislene Silva e Flávia Dourado Maia (2011), que propõe visualizar uma matéria jornalística através de três olhares diferentes: um que observe as marcas da apuração, outro que verifique as marcas da composição do produto jornalístico e, ainda, uma visão acerca dos aspectos sócio-histórico-culturais em que uma matéria é produzida. O procedimento metodológico foi escolhido para guiar a análise desta monografia, por se tratar de um protocolo metodológico direcionado precisamente à cobertura jornalística. Através de olhares diversificados, que são divididos em três níveis de análise por Silva e Maia (2011), as coberturas realizadas pelos sites de notícias G1 e POPline são investigadas primeiramente em conjunto, e, após, em profundidade através do “recorte” de duas matérias publicadas em cada portal. As matérias escolhidas são as publicadas após o primeiro show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro e em São Paulo, na turnê In A World Like This. As notícias foram publicadas em ambos os portais, consecutivamente, nos dias 9 e 13 de junho de 2015. Ao final do capítulo, as conclusões obtidas após a análise são expostas, indicando a linguagem, as peculiaridades e o comportamento de cada portal em relação a
16
cobertura dos shows da boyband norte-americana no Brasil. Desta forma, infere-se qual deles desempenhou com maior êxito a função de fonte de informação sobre o assunto ao público interessado. No cenário atual, onde o jornalismo cultural se expande ao ambiente on-line e se fraciona entre editoria de grandes portais ou temática única em sites especializados, é relevante um estudo sobre a forma como bens simbólicos culturais são transformados em notícia em portais tradicionais e segmentados. Assim, é possível observar como ambos constroem um fato jornalístico e qual deles cumpre efetivamente o papel de fonte de informação ao público. Comparando a cobertura em torno de um mesmo evento, é possível perceber quais os enfoques dados pelos portais e o quanto os diferentes públicos influenciam na construção das notícias. Através da pesquisa proposta neste trabalho, é oportunizada uma reflexão acerca da visão das redações sobre o jornalismo cultural, que mesmo desempenhando um papel secundário para a grande imprensa, é uma área do jornalismo que requer tratamento competente e minucioso, assim como qualquer outra editoria trabalhada pela imprensa.
17
2 A CULTURA E O JORNALISMO CULTURAL Antes de proceder a uma análise da cobertura jornalística acerca de um evento cultural, é importante compreender as características do jornalismo cultural, além da forma como este é trabalhado e o seu lugar na sociedade. Antes, é preciso verificar qual o sentido de cultura que é assimilado e integrado no presente trabalho, visto que cultura é um termo que agrega múltiplos significados. Assim, neste capítulo, o primeiro segmento explicita o que é a cultura, no âmbito em que é compreendida pelo jornalismo, e também expõe a forma como a mídia trabalha e altera o significado de cultura para o público de massa, que é o receptor da informação publicada pelos veículos de comunicação. Posteriormente, o jornalismo cultural é apresentado e elucidado sob o "guarda-chuva" do jornalismo generalizado. Ainda nesse segundo segmento, suas características são expostas, assim como a forma como ele é trabalhado pelos veículos, a importância que tem na informação e entretenimento do público, e, ainda, as responsabilidades e atributos de um profissional atuante na área do jornalismo que é voltada ao meio cultural.
2.1 CULTURA: SIGNIFICADOS E CONCEITOS A palavra cultura deriva do latim, e em seu significado original, referia-se a agricultura, ao ato de cultivar o solo (SANTAELLA, 2003a). Porém, Dora Santos Silva (2012) diz que, com o passar dos séculos, inúmeros outros significados foram atribuídos ao termo, sugeridos por diferentes áreas do saber, como a Filosofia, Antropologia, Ciências da Comunicação, Sociologia, Semiótica, Economia e Política. Dentre as diferentes formas de explorar o significado de cultura, a associação do termo à sociedade só se tornou corrente, de acordo com Gomes (2009), na segunda metade do século XVIII. Inserida nessa perspectiva, uma visão válida acerca da cultura é a apontada por Lúcia Santaella (2003a, p. 31): ela inclui todos os elementos do legado humano maduro que foi adquirido através do seu grupo pela aprendizagem consciente, ou por processos de condicionamento – técnicas de várias espécies, sociais ou institucionais, crenças, modos padronizados de conduta. A cultura, enfim, pode ser
18
contrastada com materiais brutos, interiores ou exteriores, dos quais ela deriva. Recursos apresentados pelo mundo natural são formatados para vir ao encontro de necessidades existentes.
Até o século XIX, o termo cultura abrangia as artes, a literatura, a filosofia e a ciência, mas, como observa Silva (2012), o conceito foi ampliado a partir do século XX, passando a relacionar-se com os modos de viver e pensar em uma sociedade. Tais formas de pensamento, códigos e padrões culturais da sociedade foram segmentados de forma clara, até meados do século XIX, entre cultura erudita de elite e cultura popular (SANTAELLA, 2003a). Nessa época, a cultura considerada refinada só chegava à elite, pois, como explica Silva (2012), as camadas mais desfavorecidas da população eram iletradas e não tinham acesso a livros, pinturas, concertos musicais ou qualquer outro tipo de produto cultural. Essa realidade só mudaria com o que Lúcia Santaella chama de advento da cultura de massas. Silva (2012) explica que tal surgimento ocorre após a segunda revolução industrial, quando aparecem e tomam força as primeiras formas de midiatização da cultura, por conta do aparecimento de novas tecnologias, como o cinema, o rádio, a fotografia e, posteriormente, a televisão. Ao mesmo tempo que a alta burguesia tenta preservar a cultura que os distingue socialmente, as classes populares são alimentadas pela cultura de massas, gerando manifestações artísticas híbridas que servem como factor de aproximação entre os diversos grupos sociais. (SILVA, 2012, p. 39).
Para John Thompson (2009), a comunicação de massa pode ser definida como produção e difusão de produtos culturais com valor de mercado associado, através da transmissão e do armazenamento da informação. Porém, o autor compreende o termo “massa”, no contexto da comunicação, por um conceito diferente do comumente disseminado, de que veículos de comunicação massificada são unicamente os consumidos por uma grande quantidade de público. Thompson alerta que o importante é entender a ideia de comunicação de massa como um produto (de mídia) que está disponível a um grande público, mesmo que não seja consumido por todos os que têm acesso a ele.
19
Ainda na busca por uma definição da expressão “massa”, Elias Canetti (2005, citado por BARROS; PERES; LOPES, 2011, p. 81) determina alguns traços comuns do público-alvo da comunicação de massa. Ele diz que: 1) ela [a sociedade de massa] é formada por um grupo homogêneo de indivíduos, ou seja, por um grupo de pessoas que, mesmo vivendo em locais diferentes ou pertencendo a classes sociais distintas, possuem características semelhantes; 2) é composta por pessoas que não se conhecem, que estão espacialmente distantes uma das outras e que, por isso, possuem poucas oportunidades de interagir entre si; e, por fim, 3) a massa não dispõe de estrutura organizacional, de lideranças, de regras de comportamento ou de tradições.
Barros, Peres e Lopes (2011) apontam que esse público-alvo, de indivíduos considerados como isolados, anônimos e inertes, seria facilmente controlado, manipulado e induzido a agir de acordo com a vontade e a forte influência exercida pela mídia. Mas é preciso salientar que, quando se fala de um público massivo, a classificação de “massa” não é, unicamente, direcionada para uma coletividade interessada nos meios de comunicação. Denis McQuail (2013) assegura a ideia de que o termo massa pode ser utilizado para definir qualquer tipo de formação social, independentemente da comunicação da mídia, sendo um público de massa qualquer coletividade com interesses ou predileções em comum, como, por exemplo, consumidores na expressão “mercado de massa” e eleitores quando se fala de “eleitorado de massa”. Após delinear os significados alternativos da expressão “massa”, deve-se frisar a proposta de enxergar a dada expressão, no presente trabalho, unicamente na perspectiva da comunicação midiática e cultural direcionada a grandes públicos. Ainda de acordo com McQuail (2013), o século XX é considerado como a primeira era da mídia de massa, e uma de suas principais características, para Thompson (2009), é a via de mão única dos veículos na transmissão da informação. Ele ressalta que, de qualquer maneira, o público é um influenciador da mídia no sentido de ter o poder de escolha do veículo onde irá se informar, ou ainda opinar acerca do produto midiático que consome. Todavia, na maioria do tempo, os
20
veículos massificados estabelecem um relação onde o emissor e o receptor têm seus lugares estritamente determinados. Outras características teóricas da comunicação direcionada às massas, no conceito de McQuail (2013), se referem ao processo da transmissão de informação ao público. Ele indica que há um fluxo unidirecional de comunicação, onde a relação da mídia com o público é impessoal e anônima, e diz que a mídia mercantiliza os produtos (no caso da cultura, os bens simbólicos), pensando no público no âmbito dos interesses do mercado e promovendo uma distribuição de conteúdo em larga escala. Voltando à questão da divisão de culturas, e a consequente alteração destas por conta da massificação, Dominique Wolton (2004) aponta uma mudança na classificação das culturas, tendo em vista o período atual. De duas culturas predominantes, como já citado anteriormente neste trabalho, o autor anuncia quatro tipos. Seriam elas: a cultura “de elite”, a cultura média, a cultura popular e as culturas particulares. Wolton explica que a cultura de elite, em tempos de indústria cultural, perde seu lugar para a cultura média, a qual se configura como a cultura mais focada nas tendências atuais e hegemônica entre a sociedade. Ela “nasce” através das mudanças políticas, econômicas e sociais que aconteceram na última metade do século passado. Tem-se, ainda, a cultura popular, que atualmente não tem as mesmas características de outrora e perdeu público pelos mesmos motivos que levaram a cultura média a se disseminar com facilidade. Além disso, a cultura popular sofre com a desvalorização – e ainda os preconceitos - aos meios populares. Por último, as culturas particulares, que antigamente eram ligadas à cultura popular e hoje distinguem-se pela exaltação às diferenças – mulheres, população negra e outras minorias. Wolton (2004) assegura ainda que há uma explosão destas culturas, e hoje, a cultura média toma o lugar da cultura popular, inclusive na quantidade de público adepto, dos tempos antigos. No período de hegemonia da comunicação de massa, o público receptor da informação era visto como passivo, inerte, sem capacidade para criticar produtos que, com a massificação, passaram a ser gerados visando não apenas a arte, mas o mercado. A teoria da Indústria Cultural, proposta pelos filósofos Max Horkheimer e Theodor Adorno, faz uma crítica a esse tipo de cultura de consumo, como explica
21
Dora Santos Silva (2012, p. 28): “Se a cultura de consumo segue uma estratégia de venda com o objetivo de distrair um público massivo, menos esclarecido, o nível de qualidade da oferta é reduzida, provocando apatia e empobrecimento estético”. A visão dos filósofos é contestada por Franthiesco Ballerini (2015, p. 37-38), que pensa ser “simplista qualificar o público de massa como homogêneo e indiferenciado”. Para Ballerini, mesmo que uma determinada camada da população tenha semelhanças, não há como desconsiderar as particularidades dessas pessoas, seus sentimentos e desejos diferenciados. Dessa forma, deve-se compreender que a comunicação massificada, ainda que remeta a uma inércia do público receptor, poderá causar interpretações variadas diante do mesmo estímulo, pois cada pessoa tem características e pensamentos próprios. John Thompson (2009) tem uma visão parecida com a de Ballerini, e afirma que os indivíduos, ao receberem as mensagens transmitidas pelos meios de comunicação, trazem essa mensagem para o seu contexto sócio-histórico, interpretando-as ativamente e relacionando-as com outros aspectos de suas vidas. Thompson acredita que a chamada “massa” tem a capacidade, sim, de receber as mensagens midiáticas através de um processo ativo, crítico e socialmente diferenciado. Para uma maior compreensão do que os filósofos Adorno e Horkheimer entendem por Indústria Cultural, recorre-se a explicação de Silva (2012), acerca de quais setores são englobados nesse conceito. Seriam eles: veículos de mídia impressa (jornais, revistas, livros, etc.), tecnologia audiovisual (cinema e televisão), música e indústria fonográfica (discos), videogames, Internet, design, arquitetura, artes visuais e performativas, moda, esporte, publicidade e turismo cultural [...]. É pertinente citar a diferença entre os termos “cultura de massa” e “indústria cultural”, assinalados por Adorno (1967 citado por WOLF, 2012), para que não ocorra equívocos diante do significado de cada um, no contexto da indústria cultural e ao ser mencionado neste trabalho. Para os filósofos, a expressão cultura de massa faz alusão a uma cultura que nasce com a massa da população, espontaneamente, através da arte popular. Dessa forma, não deve ser confundido com o termo indústria cultural, que trata da cultura criada através de padrões planejados para que agradem o público, garantindo lucro certo ao mercado. Adorno reitera: “A novidade que esta [indústria cultural] oferece continuamente é apenas a
22
representação, em formas sempre diferentes, de algo igual [...]” (1967, citado por WOLF, 2012, p. 76). Complementando a visão de Adorno e Horkheimer, Mauro Wolf (2012, p. 76-77) frisa: “A máquina da indústria cultural gira sem sair do lugar: ela mesma determina o consumo e exclui tudo o que é novo, que se configura como risco inútil, tendo elegido com primazia a eficácia dos seus produtos”. No presente trabalho, ambas as definições – “cultura de massa” e “indústria cultural” – serão utilizadas, sob a circunstância de que outros autores utilizados no embasamento teórico da pesquisa divergem a respeito dos dois termos para o mesmo sentido. Assim como o surgimento das primeiras formas de midiatização da cultura foram os responsáveis pela disseminação da cultura de massa, a visão acerca do que se caracteriza como cultura mudou consideravelmente, como assegura Silva (2012), a partir dos anos 70, após o surgimento e difusão dos media. Com a televisão e a imprensa, e ainda com museus, bibliotecas e demais indústrias culturais, a “cultura dos media” se distingue da cultura de massas por conta da introdução do público a uma tendência de segmentação e diversificação no consumo de bens simbólicos, características de uma comunicação diferenciada da massificada, a qual era unilateral e hegemônica na sociedade. A partir da cultura das mídias, a qual é “possibilitada pela criação de equipamentos como a fita cassete, o videocassete, as fotocopiadoras, os aparelhos de som portáteis e a TV a cabo” (GOMES, 2009, p. 6), é introduzido um consumo mais individualizado, onde o usuário começa a criar o hábito de buscar pela informação. Ele passa a ter, a partir daí, autonomia para escolher a programação na tv ou qualquer outro tipo de conteúdo ao invés de esperar que este venha por grandes veículos midiáticos massivos. A passividade da cultura de massa dá lugar à interação da cultura das mídias. Dessa maneira, como acredita Lúcia Santaella (2003a), a cultura das mídias acaba sendo precursora, uma forma introdutória para a chegada dos meios digitais e da cibercultura – tema que será abordado, mais tarde, neste trabalho. Dentre os já citados equipamentos que motivaram o início da cultura das mídias, talvez o mais importante seja o microcomputador pessoal, de acordo com Santaella (2003a), pois a partir da disseminação do aparato tecnológico, que começou nos anos 80,
23
modificou-se a estrutura tradicional de emissor e receptor. O receptor, agora usuário, passou a produzir e emitir conteúdos midiáticos. Santaella (2003a, p. 81-82) explica o comportamento do receptor/usuário em relação à cultura das mídias: Na medida em que o usuário foi aprendendo a falar com as telas, através dos computadores, telecomandos, gravadores de vídeo e câmeras caseiras, seus hábitos exclusivos de consumismo automático passaram a conviver com hábitos mais autônomos de discriminação e escolhas próprias. Nascia aí a cultura da velocidade e das redes que veio trazendo consigo a necessidade de simultaneamente acelerar e humanizar a nossa interação com as máquinas.
Denis McQuail (2013) enxerga, nas novas tecnologias, uma forma alternativa potencial para a comunicação. Para ele, a comunicação de massa continua igual no sentido da disseminação de informação em ”mão única” e em um fluxo de larga escala, mas acredita que hoje não há mais uma mídia tradicional, visto que a mídia, no geral, “recebeu a complementação de novos meios de comunicação (principalmente a Internet e a tecnologia móvel), e novos tipos de conteúdo e fluxo são transmitidos ao mesmo tempo [...]” (MCQUAIL, 2013, p. 14). É interessante destacar que, ainda conforme Santaella (2003a), até o aparecimento da cultura digital, não há uma linearidade na passagem de uma era cultural para a outra, pois as culturas de massa e da mídia se sobrepõem, misturando-se. Neste sentido, Douglas Kellner (2001) vê a cultura da mídia como parte inerente à cultura de massa, tendo como diferença e particularidade a análise da forma como a cultura é disseminada, e não apenas seu conteúdo. Kellner aponta que A expressão “cultura da mídia” tem a vantagem de designar tanto a natureza quanto a forma das produções da indústria cultural (ou seja, a cultura) e seu modo de produção e distribuição (ou seja, tecnologias e indústrias da mídia). Com isso, evitam-se termos ideológicos como “cultura de massa” e “cultura popular” e se chama a atenção para o circuito de produção, distribuição e recepção por meio do qual a cultura da mídia é produzida, distribuída e consumida. Essa expressão derruba as barreiras artificiais entre os campos dos estudos de cultura, mídia e comunicações e chama a atenção para a
24
interconexão entre cultura e meios de comunicações na constituição da cultura da mídia, desfazendo assim distinções reificadas entre “cultura” e “comunicação” (KELLNER, 2001, p. 52).
Compreendendo o ponto de vista do autor, de que a cultura da mídia é, mesmo com uma visão mais abrangente do processo de formação e difusão de informação, uma parte pertencente à cultura de massa, deve-se destacar que, nessa perspectiva, não apenas os noticiários e a informação transmitida ao público são responsáveis pela influência que a mídia exerce sobre ele. A partir da cultura da mídia, o que é considerado como entretenimento e ficção – a própria cultura no contexto das indústrias culturais – passa a ser visto, de acordo com Kellner (2001), como forte influenciador de indivíduos e grupos, pois esta se adapta ao cotidiano, as preocupações e sonhos do público receptor das mensagens. Visto que a cultura da mídia possui várias características em comum com a cultura de massa, deve-se apontar quando que a forma de analisar a disseminação de cultura pela mídia se tornou o que se denomina “cultura de mídia”. Kellner (2001) diz que, como um fenômeno histórico, esta é relativamente recente. Ele enfatiza que, mesmo com o surgimento das novas formas da indústria cultural (cinema, rádio, revistas, histórias em quadrinhos, propaganda e imprensa) sendo registrado na década de 40, a explosão da cultura da mídia viria após a disseminação da televisão, no período pós-guerra (década de 70), quando outras formas de comunicação foram surgindo em contrapartida com os meios massificados. “A TV a cabo e por satélite, o videocassete e outras tecnologias de entretenimento doméstico, além do computador pessoal – mais recentemente – aceleraram a disseminação e o aumento do poder da cultura veiculada pela mídia” (KELLNER, 2001, p. 26). Comparando ainda a cultura da mídia com a cultura de massa, é interessante destacar o ponto de vista de Douglas Kellner (2001), onde ele observa que a cultura da mídia é feita de forma industrial, tendo em seus produtos – sistemas de rádio e reprodução de som, filmes, imprensa e, principalmente, a televisão - mercadorias que visam o lucro. Além disso, a cultura da mídia, assim como a cultura de massa, “organiza-se com base no modelo de produção de massa e é produzida para a
25
massa de acordo com tipos (gêneros), segundo fórmulas, códigos e normas convencionais” (KELLNER, 2001, p.9). O mesmo autor ressalta a ideia de que a mídia tem forte influência na formação da identidade, das opiniões e comportamentos dos indivíduos. Através do poderoso apelo visual e auditivo dos veículos - em especial da televisão - que provoca diferentes emoções e sentimentos nos receptores, e ainda utilizando-se sempre de tecnologias avançadas, os meios de comunicação conseguem fornecer o material necessário para inserir as pessoas nas “sociedades tecnocapitalistas contemporâneas, produzindo uma nova forma de cultura global” (KELLNER, 2001, p. 9). A mídia consegue, dessa forma, exercer um papel pedagógico sobre o público massificado, ensinando-os o que é certo ou errado, bonito ou feio, no que se deve acreditar ou como se deve pensar a respeito de qualquer assunto. Tal interferência dos veículos midiáticos tem como aliado principal a cultura de consumo, e afeta diretamente, também, nos valores pessoais dos receptores, visto que, em muitos casos, os exemplos – ou ainda, os ídolos - no sentido dos valores ou forma de pensar das pessoas são celebridades ao invés da família ou da escola. Apesar da influência da cultura midiática parecer tão dominante na sociedade, Kellner (2001) adverte que o público têm capacidade para resistir as mensagens dominantes da mídia, criando uma leitura através de seu próprio prisma e sua própria experiência frente à cultura. Evitando, desta maneira, a dita “manipulação” exercida pelos meios de comunicação de massa, e criando significados próprios para as informações culturais recebidas. Ele ressalta que a própria mídia fornece “matéria-prima” para que, ao invés de apenas concordar com a mensagem recebida, o público faça oposição aos ideais arraigados na sociedade. Tudo depende da forma como os indivíduos recebem e acatam ou rejeitam a cultura disseminada pelos veículos. Para Kellner, a sociedade e a cultura são terrenos de disputa, onde as produções culturais nascem e produzem efeitos em determinados contextos. Além da recepção, a própria forma como é transmitida uma mensagem faz a diferença na utilidade ou não desta para os receptores. Para o teórico, a cultura disseminada pela mídia pode ajudar ou prejudicar ainda mais o convívio do público em sociedade, por seu poder de dispersão e influência:
26
A cultura da mídia pode constituir um entrave para a democracia quando reproduz discursos reacionários, promovendo o racismo, o preconceito de sexo, idade, classe e outros, mas também pode propiciar o avanço dos interesses dos grupos oprimidos quando ataca coisas como as formas de segregação racial ou sexual, ou quando, pelo menos, as enfraquece com representações mais positivas de raça e sexo (KELLNER, 2001, p. 13).
Com as transformações proporcionadas pelas novas tecnologias, ainda no período pré-cibercultura, a cultura de mídia se tornou, como sugere Santaella (2003b), uma cultura do disponível e do transitório. Tais classificações se devem ao fato de os videogames, os filmes disponíveis em locadoras ou mesmo os players de música (os conhecidos walkmans) ofertarem uma maior liberdade aos receptores. Filmes, músicas ou qualquer tipo de conteúdo passou a estar sempre disponível, e sem depender diretamente de um veículo de comunicação de massa para ser exibido ao público. Porém, é útil lembrar que, assim como afirma Dominique Wolton (2004), a mídia segmentada é um subconjunto da mídia mais abrangente, e não um tipo de mídia separada ou uma evolução da mídia generalista. Dessa forma, é apenas uma parte integrante da mídia de massa, direcionada para um público segmentado. Como será esclarecido a seguir, a tendência da segmentação, trazida pela cultura de mídias, faz parte da essência do jornalismo cultural, que é definido, assim como em outras áreas trabalhadas pelo jornalismo, pelo fracionamento do público interessado ou não em receber as notícias difundidas por ele. Público esse que, de acordo com Nelson Hoineff (2007), têm forte tendência a experienciar um consumo cada vez mais especializado, e disseminar as informações consumidas em pequenos grupos sociais de interesses em comum. Essa segmentação das áreas do jornalismo, em tempos de grande avanço da Internet, faz com que o jornalismo cultural tenha transmissão aperfeiçoada, sendo dirigido a um público-alvo já instigado a saber sobre o conteúdo. Por último, é relevante esclarecer que, mesmo que tenham sido apresentadas até aqui como etapas diferentes – e claramente delimitadas - de divulgação de bens simbólicos pela mídia aos receptores, a cultura de massas e a cultura da mídia são, como nas palavras de Santaella (2003b), “formas de comunicação e de cultura, em
27
um caldeamento denso e híbrido”, e estão conectadas nos tempos atuais, coexistindo juntamente com o advento da cibercultura, cujas especificidades serão aprofundadas ainda neste trabalho. Após a delimitação do que se entende por cultura nesta monografia, parte-se para o esclarecimento sobre o jornalismo que abrange a área dos produtos e bens culturais. 2.2 JORNALISMO CULTURAL: CONTEXTOS E DEFINIÇÕES O jornalismo cultural é a área que se dedica a buscar fatos noticiáveis dentro do universo da cultura, abrangendo música, literatura, cinema, televisão, teatro, artes plásticas e arquitetura. Mais recentemente, a partir dos anos 90, conforme Daniel Piza (2009), passou a abranger notícias sobre moda, gastronomia e design. Porém, apesar de serem definidas com clareza, neste trabalho, as áreas da indústria cultural cingidas pelo jornalismo, é necessário saber que estas não são estáticas. Quando se pondera a respeito do que o jornalismo enxerga como cultura, é necessário observar pensamentos como o de Franthiesco Ballerini (2015), que afirma que a visão de cultura é subjetiva e sujeita a múltiplas interpretações. Dessa forma, a busca por uma rotulação mais exata do jornalismo cultural pode cair na superficialidade. Geane Alzamora (2009) destaca ainda que deve-se considerar o fato de que, nos meios de comunicação de massa, os critérios que transformam acontecimentos culturais em notícias são bastante flexíveis, e, às vezes, até mesmo as intenções comunicativas dos veículos são levadas em conta no investimento de interesse jornalístico. Piza (2009) ainda destaca que esta abertura de fronteiras acerca dos assuntos abarcados pelo jornalismo cultural é um ganho para a área, no sentido que Seu papel, como já foi dito, nunca foi apenas o de anunciar e comentar as obras lançadas nas sete artes, mas também refletir (sobre) o comportamento, os novos hábitos sociais, os contatos com a realidade político- econômica da qual a cultura é parte ao mesmo tempo integrante e autônoma. (PIZA, 2009, p.57)
28
Inserindo o jornalismo cultural em seu contexto histórico, Sérgio Luiz Gadini (2003) afirma que não há um marco histórico que determine a gênese do jornalismo dedicado ao universo da cultura, tanto em nível mundial quanto nacional. Ballerini (2015), em concordância com Gadini, salienta ainda a dificuldade existente na busca por informações a respeito da história do jornalismo cultural em regiões do mundo como o Oriente e a África, pois não há material acadêmico que se dedique a explorar o surgimento e a consolidação deste em locais além da Europa e dos Estados Unidos. Frente a essa dificuldade na definição de uma data-chave para o início do jornalismo da área cultural, Ballerini propõe como marco indispensável ao princípio da atividade, a invenção do tipo móvel de impressão, criado por Johannes Gutemberg em 1450. O autor explica que, a partir do aumento da possibilidade de impressão, trabalhos artísticos como os relacionados a literatura foram incentivados, gerando material passível de crítica literária e, por consequência, abrindo as portas para um jornalismo dedicado a essas críticas. A crítica cultural nasceu, assim, no século XVII e tinha como objetivo principal “legitimar a condição burguesa contra o Estado absolutista” (BALLERINI, 2015, p. 16), em um cenário de transformações sociais da época, onde a burguesia ganhava poder político, e estabelecia, como espaço de afirmação discursiva desse poder, meios impressos como jornais e revistas. Porém, ainda sob o pensamento de Ballerini (2015), foi no século XVIII que a crítica cultural - não apenas de literatura, mas também de outras áreas culturais e artísticas - ganhou força, por conta da “propagação de teatros e museus nas cidades europeias. A crítica tornou-se um prolongamento
das
conversas
travadas
entre
aristocratas
e
intelectuais
frequentadores desses ambientes” (BALLERINI, 2015, p. 16). Sendo a crítica a responsável pela origem do jornalismo dedicado a cultura, Franthiesco Ballerini (2015) demarca o ano de 1711 como uma das datas mais emblemáticas para a atividade. Neste ano, a revista The Spectator foi fundada pelos ingleses Joseph Addison e Richard Steele, adotando o propósito de “tirar a filosofia dos gabinetes e bibliotecas, escolas e faculdades, e levar para clubes e assembleias, casas de chá e cafés” (PIZA, 2009, p. 11). Através da The Spectator, que se popularizou rapidamente em Londres, os ensaístas e demais colaboradores da publicação conseguiram incentivar, no público, o hábito da leitura e do
29
conhecimento de produtos culturais. Ballerini (2015) ressalta que a The Spectator não foi a primeira manifestação do jornalismo cultural criada em nível mundial, mas esta é considerada de extrema importância tanto por ele quanto por outros autores como Piza (2009), por conta de sua abrangência e êxito no objetivo de informar sobre os bens simbólicos e culturais. No século XVIII, ainda em conformidade com Ballerini (2015), a crítica ocupava a quase totalidade do que era publicado sobre cultura nos veículos impressos. No final deste século, começaram a delinearem-se os gêneros jornalísticos, mas a aplicação destes nas redações só se daria no século XX. Ballerini (2015) explica que o jornalismo cultural, especialmente o praticado no Ocidente, tornou-se, ainda no século XX, menos opinativo, mudando o foco principal para as notícias sobre entretenimento e bens culturais de consumo. Ainda na mesma época, o jornalismo de cultura, que era claramente influenciado pelas questões políticas, econômicas e sociais do período, começa a receber os primeiros profissionais formados e dedicados exclusivamente às publicações, substituindo profissionais que antes exerciam outra profissão paralelamente ao jornalismo. O século XX é, também, o período em que uma nova forma de se praticar o jornalismo cultural é apresentada, como destaca Geane Alzamora (2009). A revista The New Yorker, que surgiu em 1925 e é considerada um ícone do jornalismo cultural, impulsionou a disseminação do chamado jornalismo literário. Este não deve ser confundido com jornalismo de literatura, e é, de acordo com Piza (2009), uma forma jornalística que se utiliza de recursos da literatura – como descrições detalhadas e muitos diálogos, por exemplo – para chamar a atenção do leitor para a notícia. Ao final do século XX, o meio acadêmico começou a demonstrar interesse pelo jornalismo cultural, pesquisando suas especificidades. Neste âmbito, é pertinente destacar os estudos do pesquisador espanhol Amparo Tuñón San Martín, citado por Franthiesco Ballerini (2015), que situa o jornalismo de cultura em três paradigmas
básicos:
cultura/informação,
cultura/conhecimento
e
cultura/acontecimento: Por cultura/informação, entendemos que o autor se refere aos cadernos diários de cultura e às notícias instantâneas na
30
Internet. Por cultura/conhecimento, ao perfil das revistas culturais e dos cadernos dominicais. E, por cultura/acontecimento, aos chamados roteiros, guias e serviços, publicados principalmente às sextas-feiras (BALLERINI, 2015, p. 20).
Chegando ao século 21, Geane Alzamora (2009, p. 41) destaca que o jornalismo cultural, na década de 90, “passou a se caracterizar menos pelo debate de ideias que pelo entretenimento e, em especial, pelo culto às celebridades”. Desta maneira, Alzamora diz que o jornalismo informativo assumiu uma maior importância nas redações, e a forma de escrita dos textos passou a caracterizar-se por uma padronização de abordagens. Assim, o século XXI deixa uma marca no jornalismo cultural: o afastamento do cunho “polêmico” da crítica cultural e a aproximação cada vez maior a um tipo de notícias despretensiosas, que não têm poder de provocar a opinião do leitor. Além disso, Alzamora (2009) ressalta que um dos momentos cruciais da mesma década para o jornalismo cultural – assim como para todo o jornalismo – foi o impacto sociocultural causado pela chegada e difusão da Internet. O advento, de acordo com a autora, permite que mais conteúdos culturais sejam transformados em notícia, por blogs não necessariamente jornalísticos, com uma abrangência tal como acontecia com o jornalismo cultural profissional no decorrer do século XX. No Brasil, o jornalismo cultural demorou a se desenvolver, devido a condição social do país que era, no século XVII, ainda escravocrata. Ballerini (2015), Piza (2009) e Gadini (2003) concordam a respeito de que a difusão do jornalismo cultural no Brasil inicia apenas no final do século XIX, quando os jornais começam a ceder espaço para conteúdos culturais, ainda com características predominantes da expressão literária. Dessa maneira, o início do jornalismo cultural no país é marcado pela presença maciça de escritores como, por exemplo, Machado de Assis, e, também, como afirma Ballerini (2015, p. 21) por uma clara divisão nas páginas dos jornais: “um fio horizontal preto separava, em cima, política e economia – mais sisudas – do rodapé, que continha textos mais leves, comentários sobre livros e outras manifestações artísticas”. Neste período, em que o Brasil sofria pela escravidão e analfabetismo mesmo nas classes dominantes, Gadini (2003) aponta que os veículos de comunicação tinham pouquíssima penetração em camadas
31
sociais fora as elites masculinas e letradas. Assim, não era possível dizer que o jornalismo cultural exercia um alcance massificado ou plural nesse período. Ainda de acordo com Gadini (2003), o jornalismo e a literatura se confundiam nas páginas culturais dos jornais até o início do século XX, e nesse período, existia uma valorização excessiva do conteúdo estrangeiro – em especial o europeu – em detrimento ao conteúdo artístico e cultural brasileiro. Valorização excessiva que se explica pela escassez, tanto de indústria e mercado cultural, quanto de público consumidor dessa cultura. Ambos só começaram a tomar forma no Brasil, também, a partir do início do século XX. Ao longo do mesmo século, o mercado cultural se expandiu, e Ballerini (2015) explica que o jornalismo cultural, acompanhando o mesmo ritmo do mercado, deixou de ser apenas literário e passou a agregar matérias sobre novas mídias, como o cinema, por exemplo. Assim, nesse período, começaram a ser publicadas as notícias denominadas como “de serviço”, que divulgam as estreias de peças, filmes ou exposições de arte. Na década de 50, Ballerini (2015) diz que o jornalismo cultural impresso começou a incorporar os suplementos literários, dedicados a uma leitura em ritmo desacelerado nos finais de semana. A partir daí, os textos jornalísticos sobre o universo cultural iniciaram uma divisão em dois estilos: os textos curtos e fáceis de ler, que eram publicados durante a semana, e os textos complexos e longos para os cadernos – ou suplementos – do final de semana, para um leitor mais paciente e disposto a lê-los. Já nos anos 70, a crítica cultural mais forte começou a ser substituída por um tipo de crítica mais suave, em estilo de resenha para uma consulta rápida. Ballerini (2015, p. 29) ainda afirma que nessa década, “a opinião começa a perder força para a notícia – especialmente com a implantação já generalizada do lide no jornalismo impresso -, o que transforma o perfil dos suplementos culturais”. Nos anos 80, o jornalismo cultural começou a delinear-se da maneira como o conhecemos na atualidade. Trazendo a predominância da agenda cultural e deixando a crítica em segundo plano, “aos poucos, os cadernos diários de cultura e entretenimento passam a dedicar pelo menos metade de seu espaço a roteiros, guias e serviços – como programação de cinema, teatro, TV, colunas sociais, horóscopo, palavras cruzadas, quadrinhos, etc.” (BALLERINI, 2015, p. 30). Já na
32
última década do século XX, a mudança notável na prática do jornalismo de cultura foi a influência sofrida por este em relação a novos formatos de disseminação de cultura, como a TV por assinatura e a Internet, que passaram a indicar pautas1 aos cadernos culturais. Neste trabalho, ainda se elucidará mais detalhes acerca da participação ativa da Internet no jornalismo cultural, mas por enquanto é interessante frisar a opinião de Franthiesco Ballerini (2015) a respeito da cogitada “dominação” da Internet sobre os veículos impressos, e a visão apocalíptica da consequente extinção destes: para Ballerini (2015, p. 31), “a história da imprensa mostra que as novidades agregam as formas existentes sem excluí-las”. Após o detalhamento de aspectos históricos e contextuais, é importante compreender as características e a forma como a cultura é trabalhada como notícia nas redações. Por isso, o capítulo prossegue abordando os demais conceitos e definições sobre o jornalismo cultural.
2.2.1 Características do jornalismo cultural O jornalismo de cultura é um tipo de jornalismo especializado, focado em um público-alvo segmentado. Como afirma Dora Santos Silva (2012), é uma das áreas englobadas pelo jornalismo, sendo trabalhada da mesma maneira como o jornalismo esportivo, político ou econômico, por exemplo. Ela frisa que o jornalismo cultural é realizado sob as mesmas circunstâncias e critérios aos quais as outras áreas (ou editorias) são submetidas, e que este trabalha harmonizando as práticas do jornalismo geral com as do jornalismo especializado e, ainda, do próprio jornalismo cultural. É interessante frisar o fato de que o jornalismo cultural, mesmo já sendo uma área segmentada, pode segmentar-se ainda mais, como ressalta Marina de Magalhães Souza (2009), possibilitando a especialização de um jornalista ou de um meio de comunicação em áreas como cultura popular, folclore, música, teatro, cinema, literatura, artes plásticas, dentre outros. Esta segmentação se faz benéfica ao jornalismo cultural, de acordo com Ballerini (2015), por oportunizar um exercício do jornalismo mais “aprofundado, reflexivo e não meramente informativo, à base do
1
Pauta, no jargão jornalístico, é um assunto que tem capacidade para transformar-se em notícia (PATERNOSTRO, 1999).
33
lide e do release. Afinal, jornalismo cultural de qualidade é, antes de tudo, reflexão” (BALLERINI, 2015, p. 56). Inserido no amplo cenário do jornalismo generalizado, Piza (2009), em contraponto à visão de Silva, julga incorreto comparar o jornalismo cultural ao jornalismo trabalhado em outras áreas, frente às suas características sui generis, que serão esmiuçadas no presente trabalho e diferenciam-se de outras áreas do jornalismo. Ele reforça que “há uma riqueza de temas e implicações no jornalismo cultural que [...] não combina com seu tratamento segmentado; afinal, a cultura está em tudo, é de sua essência misturar assuntos e atravessar linguagens” (PIZA, 2009, p. 7). Uma das características da cultura, sob o ponto de vista jornalístico, está na presença de elementos culturais em várias outras áreas do jornalismo, como nas já citadas áreas esportiva, econômica ou política, como afirma Ballerini (2015). O autor defende, assim, que há traços de cultura em qualquer outra área/editoria, e mesmo uma notícia da área de política poderia ser trabalhada através do ponto de vista cultural. Esse fator poderia tornar desnecessário o uso do termo “jornalismo cultural” para separar e delimitar a cultura em uma única área de atuação jornalística, porém, o uso da expressão e mesmo dessa delimitação é necessária pela “necessidade industrial e editorial de criar fronteiras entre essas áreas” (BALLERINI, 2015, p. 44). O jornalismo cultural aparece em veículos impressos, normalmente, como uma editoria durante a semana e, no caso dos jornais, em cadernos especiais (chamados também de suplementos) aos finais de semana. Na Internet, como acredita Piza (2009), há um importante caminho alternativo para o jornalismo de cultura. No espaço on-line, este aparece em editorias de grandes portais de notícias, e ainda ganha mais espaço em sites e blogs direcionados para um público segmentado, visto que “incontáveis sites se dedicam a livros, artes e ideias, formando fóruns e prestando serviços de uma forma que a imprensa escrita não pode, por falta de espaço” (PIZA, 2009, p. 31). Serão detalhadas, ainda neste trabalho, as demais peculiaridades do uso da Internet pelo jornalismo. Nesta “missão” de informar seu público-alvo, e com o espaço reduzido das editorias de cultura nos veículos impressos, faz-se conveniente destacar a importância dos suplementos, ou cadernos especiais, direcionados à cultura. Se dentro dos jornais (e, em alguns casos, de revistas) a editoria de cultura ocupa um
34
espaço restrito, onde observamos a já conhecida submissão à agenda cultural em uma linguagem direcionada às massas, são nos cadernos especiais que os veículos impressos têm a chance de explorar o potencial jornalístico da cultura. Ainda no ponto de vista de Piza (2009), é através de entrevistas aprofundadas, reportagens maiores e uma abordagem mais direcionada ao público interessado diretamente no tema, que os também denominados segundos cadernos estabelecem uma relação do jornal com os leitores, relação esta que faz do caderno cultural um dos preferidos de uma significativa parcela de público, incluindo até mesmo jovens que desejam seguir a profissão de jornalistas. Essa visão é complementada por Silva (2012), que alerta para a necessidade de uma cobertura minuciosa acerca dos eventos culturais locais e das subculturas, fatos que rendem notícia e captam a atenção do público. Para uma melhor compreensão do espaço do jornalismo cultural nos veículos da mídia, é necessário assimilar no que consiste uma editoria e um veículo especializado. Marina de Magalhães Souza (2009) diz que editorias são as divisões por assuntos, feitas em jornais e revistas, que tratam diferentes temas de maneira generalizada, visando dispor o material para um público leigo (“traduzindo” a linguagem específica para que todos possam compreender) e sendo elaboradas pelos jornalistas da redação geral. Já no caso do jornalismo especializado – que compreende revistas, publicações especiais e suplementos de jornais, além de alguns blogs e sites na Internet – o tema é aprofundado na maneira de condução da apuração, a linguagem utilizada não precisa de tantas “traduções”, pois não é direcionada a um público leigo e as pautas são construídas por jornalistas que tenham conhecimentos técnicos e especializados na área. Seja divulgando a um público que já tenha alguma noção cultural, ou mesmo fazendo a “tradução” dos bens simbólicos para um público massificado, o jornalismo da área assume uma grande responsabilidade na educação e apreensão de conhecimento cultural de seus leitores. Neste contexto, Fabio Gomes (2009, p. 8) ajuda a conceituar o jornalismo cultural, dizendo que é o ramo do jornalismo que tem por missão informar e opinar sobre a produção e a circulação de bens culturais na sociedade. Complementarmente, o jornalismo cultural pode servir como veículo para que parte desta produção chegue ao público.
35
Assim, o jornalismo cultural é responsável, como afirma Cida Golin (2009) pela ligação do público com os bens simbólicos produzidos pela indústria cultural, visto que em alguns casos, o veículo midiático é o único meio de obtenção de informação sobre cultura para um indivíduo. A função do jornalismo cultural é desmitificar a imagem de que cultura é apenas um tipo de conteúdo rebuscado, “inatingível, exclusivo dos que leem muitos livros e acumularam muitas informações, algo sério, sem a leveza de um filme-passatempo” (PIZA, 2009, p. 46). Deste modo, um olhar jornalístico sobre a indústria cultural é necessário e fundamental, na visão de Maurício Stycer (2007), pela função que este exerce: enxergar uma lógica e fazer a ligação entre tantas novidades, assimilando o que é importante, o real significado por trás dos modismos, tendências e lançamentos que acontecem de forma frenética e necessitam de um filtro. O jornalismo de cultura, na visão de Ballerini (2015, p. 54), tem um “caráter duplo entre informação e entretenimento”, e veicula, como sustenta Silva (2012), tanto os produtos culturais que alimentam a grande mídia e são facilmente reconhecidos por esta quanto os que escapam à visão do universo do entretenimento. Para ela, o que contribui para a complexidade e heterogeneidade do jornalismo cultura é a coexistência de textos jornalísticos e exclusivamente literários ou ensaísticos nas páginas culturais de tradição que levou ao aparecimento do jornalismo literário e, a vasta gama de publicações onde “existe” jornalismo cultural, desde o suplemento de um diário a uma revista académica, e, por fim, as diferentes perspectivas de cultura que os media praticam (elite vs. massa, cultura especializada vs. cultura popular, tradição vs. modernidade, etc.) (SILVA, 2012, p. 70).
Dessa forma, o jornalismo cultural pode aparecer na forma de textos refinados ou ainda críticas literárias, mas também pode ser visto em páginas de jornais que privilegiam exclusivamente o entretenimento de “fácil e rápido consumo”. Quando falamos de entretenimento, é útil tomar conhecimento do ponto de vista de Souza (2009), que classifica como pertencentes ao campo do entretenimento a programação de filmes, televisão, emissoras de rádio, horóscopo, quadrinhos, guias de lazer e diversão, e demais atividades ligadas à indústria cultural. Ela ainda define o jornalismo cultural como a especialização do jornalismo
36
que trata das questões culturais de uma sociedade, assim como de suas manifestações, seus agentes, seus instrumentos de expressão, e ainda, a legislação e as políticas públicas e privadas de fomento. Assim, o jornalismo cultural não tem apenas a função de transmitir uma básica agenda de eventos, focando suas notícias em agendas cedidas por assessorias, mas sim, como aponta Piza (2009), de sugerir critérios de escolha dos leitores, fornecendo elementos e argumentos para que o público forme opinião sobre algum assunto. O escritor e jornalista ainda estimula que “a imprensa cultural tem o dever do senso crítico, da avaliação de cada obra cultural e das tendências que o mercado valoriza por seus interesses, e o dever de olhar para as induções simbólicas e morais que o cidadão recebe” (PIZA, 2009, p. 45), e para que possa fornecer um material livre de parcialidades, deve olhar para os produtos culturais afastando-se de qualquer tipo de preconceito ideológico. Ainda no ponto de vista de Piza, assegura-se que, da mesma maneira como qualquer outra área trabalhada pelo jornalismo, a área cultural deve ser coberta pela imprensa visando informar diretamente o seu público-alvo. Para isso, não precisa se limitar aos gostos e elementos culturais já enraizados entre os leitores para agradá-los ou ainda por receio de escapar da comodidade do tema editorial. Além disso, não deve abrir mão de tentar contribuir com a formação dos leitores, agregando informações úteis e de forma inteligente, para melhorar o repertório cultural destes. Em comparação com as outras áreas abrangidas pelo jornalismo, a cultura tem algumas particularidades na maneira de ser trabalhada como fato noticioso. Apesar disso, em um panorama geral, há sentido na proposta de Silva (2012) que tenciona pensá-lo como uma área de jornalismo igual a qualquer outra, na lógica da forma como é trabalhado nas redações. Cida Golin (2009) explica que uma das especificidades do jornalismo cultural é a circunstância deste não ser tão “preso” ao furo de notícia e ao imprevisto, mesmo estando ainda fortemente ligado à agenda do mercado cultural. O jornalismo de cultura, segundo Golin, possui outras lógicas determinantes na decisão do que é notícia. Dessa forma, há um “afrouxamento na obsessão pela atualidade, além da oferta de outros tipos de enunciados” (GOLIN, 2009, p. 27), que fazem de um suplemento cultural, por exemplo, não apenas um
37
veículo de informação, mas um artigo de colecionadores, por publicar as já citadas reportagens especializadas e independentes de um gancho na atualidade. Os critérios de noticiabilidade, também chamados de valores-notícia, definemse nas palavras de Leonel Aguiar como “um conjunto de exigências através das quais a empresa jornalística controla a quantidade e o tipo de acontecimentos para selecionar e construir discursivamente como notícia” (AGUIAR, 2009, p. 173), sendo divididos, ainda de acordo com Aguiar (citando uma distinção criada por Mauro Wolf), em valores-notícia de seleção e de construção: o primeiro, define o que é notícia, enquanto o segundo define como esta deve ser escrita e transmitida aos leitores. No jornalismo cultural, os mesmos critérios de noticiabilidade também servem para organizar e normatizar o trabalho em uma redação, assim como existe igualmente a possibilidade de exclusão de algum fato, caso este não se encaixe nos critérios estabelecidos pelas empresas jornalísticas. Porém, quando se trata de cultura, tais valores-notícia são empregados com algumas alterações e, como destaca Dora Santos Silva (2012), alguns podem assumir maior relevância ou contornos diferentes, em função das características próprias do conteúdo cultural. Na visão de Silva, o que determina o interesse em um assunto da esfera cultural é o grau de serviço público ou de satisfação que este pode provocar na audiência, provendo maior conhecimento sobre determinado tema. Deste modo, o critério de utilidade e serviço público, que também existe em outras áreas do jornalismo, é ainda mais valorizado na área cultural. Dentro dos valores-notícia aplicados ao jornalismo cultural, Silva (2012) explica que o critério da novidade se aplica ao lançamento de produtos, ou estreia de filmes e abertura de exposições, e a proximidade é refletida, obviamente, aos eventos da agenda cultural que se localizam perto do consumidor do meio de comunicação. Aí, mesmo eventos de grande importância cultural são muitas vezes descartados na seleção de fatos noticiáveis, unicamente pela distância geográfica. A atualidade é um critério que aceita transigências, pois notícias relacionadas a cultura são consideradas atuais por mais tempo do que notícias de outras editorias ou áreas, e deve-se salientar a importância da emotividade e da dramatização, ainda apontadas por Silva (2012), e que possuem um alto grau de utilidade no jornalismo
38
cultural, sendo empregadas através de imagens, sons e montagens de peças de arquivo, em acontecimentos como, por exemplo, a morte de um artista. A mesma autora diz que a emotividade ainda reforça notícias que se encaixem em outros critérios de noticiabilidade cultural, como a notoriedade, a celebridade e a familiaridade. Silva (2012) enxerga uma dupla função cultural no jornalismo, onde profissionais da área tornam um veículo de comunicação não apenas em um reprodutor, mas também um criador de cultura. Essa função de criação de conteúdo cultural se dá através de críticas e textos mais aprofundados, sendo o meio de comunicação um “um espaço de exploração e revelação da realidade literária e artística” (SILVA, 2012, p. 74), além da adaptação da arte direcionada a pequenos públicos e transmissão desta às massas, que colabora na construção da cultura deste público. Outra especificidade do jornalismo cultural que é relembrada por Silva (2012) é o leque de fontes utilizado pelos profissionais na construção das notícias. Por conta da subordinação do jornalismo de cultura na agenda da indústria cultural, as fontes utilizadas pelos profissionais acabam restringindo-se as próprias indústrias de cultura, como produtoras de cinema, companhias de teatro, galerias de arte, empresas discográficas, editoras, entre outras, e instituições públicas ou privadas como o Ministério da Cultura, museus nacionais, centros de arte e cultura oficiais, fundações, salas de exposições e etc. Silva (2012) pondera que, para o exercício de um jornalismo cultural mais reflexivo e analítico, é primordial o uso de mais fontes do que as pré-determinadas para uma cobertura superficial dos assuntos culturais, tais como livros de arte e cultura, onde o profissional adquira embasamento teórico e intelectual para um conhecimento aprofundado na área. Além disso, ela recomenda que “o jornalista cultural tem de estar constantemente atento às manifestações e tendências culturais, enfim, à sociedade que o rodeia – essa é a sua principal fonte” (SILVA, 2012, p. 82). Mesmo que o jornalismo cultural possua especificidades intrínsecas à área, é fundamental saber que ele, como área do jornalismo, não deve exagerar ou errar na maneira de tratar os fatos e a forma de noticiá-los. Ainda segundo o ponto de vista de Silva (2012), mesmo que a área permita um tratamento diferenciado e menos
39
factual ou austero a algumas pautas, o jornalismo cultural ainda deve prezar pelas qualidades do jornalismo generalizado, como a concisão, a objetividade e a clareza.
2.2.2 Gêneros do jornalismo cultural Seguindo no conceito de que o jornalismo cultural é uma área jornalística assim como qualquer outra, é necessário esclarecer que, mesmo que o universo cultural não possua o mesmo tipo de hard news que o jornalismo econômico ou político, este também é alicerçado nos mesmos gêneros jornalísticos. Dentre os gêneros estudados e propostos por José Marques de Melo e Francisco de Assis (2010) – gêneros informativo, interpretativo, opinativo, diversional e utilitário -, Isabel Swan (2012, p. 91) enquadra o jornalismo cultural, principalmente, como praticante dos gêneros a) interpretativo, com crônicas, cartuns, charges e histórias em quadrinhos; b) informativo, com textos relacionados ao cotidiano, à atualidade, em forma de reportagem e serviços de agenda cultural; c) opinativo, realizado através de colunas e editoriais.
É importante que se compreenda o jornalismo cultural através da perspectiva dos gêneros jornalísticos, para que se evidenciem as suas peculiaridades e se perceba, com clareza, quando o jornalismo tende mais a informar ou opinar sobre algum assunto, como defende Dora Santos Silva (2012). O jornalismo que trata dos aspectos culturais possui, como já comentado no presente trabalho, algumas características próprias e outras que são próprias do jornalismo na forma generalizada. Por exemplo: para as notícias em estilo hard news, há a opção do tratamento informativo, assim como pode-se utilizar uma abordagem opinativa para a crítica, que é a modalidade mais conhecida do jornalismo cultural. Lailton Alves da Costa (2010) explica que a divisão proposta por Marques de Melo – e utilizada como suporte na compreensão dos gêneros neste trabalho – é estabelecida através destas expressões porque estas facilitam a demarcação de qual o papel de determinada notícia, no momento de sua produção. Por este motivo,
40
apesar de Alves da Costa reconhecer que uma mesma notícia pode possuir várias “funções”,
mesmo
assim
existe
uma necessidade
de
classificá-las
como
predominantemente informativas, opinativas, interpretativas ou ainda de estilo diversional e utilitário. No jornalismo brasileiro, Alves da Costa (2010) afirma que os gêneros jornalísticos predominantes são o informativo e o opinativo. Para Marques de Melo (2010), dentro do gênero informativo estão as modalidades nota, notícia, reportagem e entrevista. No gênero interpretativo, há o dossiê, o perfil, a enquete e a cronologia. No opinativo, as modalidades são editorial, comentário, artigo, resenha, coluna, crônica, caricatura e carta. Há também os gêneros diversional, onde tem-se a história de interesse humano e a história colorida, e, por último, o gênero utilitário, onde encontram-se as modalidades de indicador, cotação, roteiro e serviço. O jornalismo cultural acaba apropriando-se, também, de algumas destas últimas modalidades, e em especial do conceito do jornalismo de serviço, que já é arraigado na parte dedicada a cultura, tanto nos veículos de comunicação impressos quanto nos veículos on-line. É necessária uma menção ao uso do gênero diversional pelo jornalismo cultural. O gênero diversional, como afirma Francisco de Assis (2010), é um gênero complementar, que não é amplamente utilizado no Brasil, mas ainda pode ser caracterizado como um dos gêneros existentes, ainda pelo ponto de vista de Marques de Melo (2010). Este gênero, no qual se enquadra o chamado novo jornalismo, difere-se por não buscar apenas uma difusão de informações de forma séria e sisuda, mas por fazer, como indica Assis (2010), um elo entre a informação e o entretenimento, mexendo ainda com a emoção do leitor através da forma como é trabalhado. Assim, utiliza-se de recursos peculiares da literatura e os adapta ao jornalismo – com a descrição de ambientes, o abandono do clássico lide e etc. - para narrar um tema que tenha, ao fundo, fundamentos no factual. Assim, é pertinente ressaltar que o gênero diversional não busca ser, no todo, um tipo de literatura, mesmo porque o jornalismo ampara-se na realidade e não substitui esta pela ficção. Desta maneira, como enxerga Assis (2010), o gênero diversional é um tipo de jornalismo factual, porém, possui “um tipo de texto voltado à apreciação do público, que tem a possibilidade de ocupar seu tempo livre com a leitura de tais relatos” (ASSIS, 2010, p. 151). Os recursos literários se fazem
41
importantes na conquista da atenção deste leitor, assim como na permanência do interesse dele por uma reportagem. Marques de Melo, ainda citado por Assis (2010), distingue, como duas categorias do gênero diversional, a história de interesse humano e a história colorida: A história de interesse humano oferece uma releitura de um acontecimento a partir de detalhes que possam suscitar a emoção do leitor, os quais são costurados numa narrativa bem elaborada; já a história colorida tem como tônica a descrição dos cenários onde os fatos ocorrem, suas cores e as sensações percebidas pelo repórter (ASSIS, 2010, p. 151).
Inserido no jornalismo cultural (inclusive o on-line, que fará parte da análise presente neste trabalho), o gênero diversional aparece com mais frequência em notícias que não têm um caráter obrigatoriamente informativo, e que seriam às vezes até descartáveis pelo prisma jornalístico, mas que ganham os sites de grandes portais ou aparecem nas páginas culturais e de agenda dos jornais impressos. Como exemplos, têm-se as notícias sobre celebridades, por serem puramente pertencentes ao entretenimento, e ainda matérias escritas após a ida do repórter a algum show ou peça de teatro, em que os detalhes do local, de relatos dos fãs ou ainda do comportamento do artista é descrito detalhadamente, com o claro propósito de “transportar” o leitor para o evento que é noticiado. No jornalismo cultural, como afirma Silva (2012), estão presentes alguns gêneros comumente escassos em outras áreas trabalhadas pelo jornalismo. Dentre eles a autora cita a biografia, o perfil, a necrologia, as efemérides e a crítica. Ela ainda enfatiza que outras modalidades intrínsecas ao jornalismo são também incluídas nas páginas culturais, como a reportagem e a notícia por exemplo. Para Fabio Gomes (2009), algumas modalidades pertencentes aos gêneros jornalísticos acabam se tornando intrínsecas ao jornalismo cultural, por serem utilizadas em demasia por este. São elas a resenha, no gênero informativo, e o comentário, a crítica e o ensaio, no gênero opinativo. No dia-a-dia das redações, e focando no jornalismo de cultura, Silva (2012) salienta que algumas técnicas de redação comuns ao jornalismo, como a pirâmide invertida e o limite de linhas nos parágrafos, não tem obrigatoriedade em serem aplicadas, e o uso ou não destas é definido pelos veículos de comunicação.
42
O jornalismo cultural, frente a outras áreas do jornalismo, possui, assim, um leque maior de opções nos gêneros jornalísticos, podendo mesclar entre gêneros e modalidades, produzindo notícias que obedeçam a chamada pirâmide invertida do lide assim como escrevendo críticas aprofundadas sobre produtos e bens culturais. Visto que a cultura possui algumas características intrínsecas como área do jornalismo, é interessante observar o papel do jornalista na construção da notícia sobre produtos e bens culturais, assim como o perfil desejado em um profissional que se dedique ao desempenho da atividade.
2.2.3 O perfil do jornalista de cultura Atualmente, com o auxílio da Internet, a oferta de conteúdo informativo relacionado a cultura é imensurável, e a cada momento surgem novos blogs e sites, conduzidos até mesmo por pessoas sem formação em jornalismo, mas que se disponham a informar e opinar sobre música, cinema, literatura e etc. Os pontos positivos e negativos dos recursos tecnológicos utilizados em prol do jornalismo cultural serão apresentados ao longo do presente trabalho, mas por enquanto, será ressaltada a necessidade do conhecimento de um profissional do jornalismo na disseminação de informação cultural. A presença de um profissional é importante, como afirma Isabelle Anchieta (2009), pois ele tem a capacidade de selecionar o que deve virar notícia assim como a forma de transmitir essa informação. O jornalista conforma, desta maneira, uma perspectiva dos acontecimentos, e se torna responsável pelos fatos que “existem” publicamente para a sociedade. Tem a incumbência de “traduzir uma realidade complexa em formas simbólicas acessíveis, sem que com isso empobreça a informação – sendo simples, sem ser simplório” (ANCHIETA, 2009, p. 64), e para isso, deve investir em sua habilidade de pesquisar, apurar e investigar, além da habilidade de refletir e identificar o que é relevante ou não dentre todos os fatos passíveis de tornarem-se notícia. Além destas, outras habilidades próprias do jornalista cultural devem ser, segundo Isabel Swan (2012), o acompanhamento contínuo do que é produzido de forma local na área em que este seja especialista – seja na música, cinema ou qualquer outra área cultural -, além da atenção constante no que é produzido
43
culturalmente em outros países, para que o jornalista tenha a capacidade e a “bagagem cultural” para traçar paralelos entre o Brasil e o exterior. De acordo com Dora Santos Silva (2012, p. 130-131), é necessário, ainda, que o profissional esteja sempre atento ao que os rodeia, “as novas tendências da cultura, as mudanças e transformações
culturais,
as
subculturas
e
etc.”.
Ainda
é
necessário
o
distanciamento, em parte, de algumas normas já enraizadas no jornalismo geral, como acredita Franthiesco Ballerini (2015). Para o autor, o jornalista cultural deve ter uma sensibilidade diferenciada para analisar o conteúdo cultural que chega às suas mãos, e deve, para isso, afastar-se da visão fria e burocrática que é praticada pelo jornalista de outras áreas, ao mesmo tempo em que deve dosar a influência do gosto pessoal do profissional na seleção dos assuntos noticiáveis, pois, como afirma Daniel Piza (2009), não se pode confundir o gosto cultural pessoal com as avaliações estéticas dos bens culturais que são transmitidos ao público. András Szantó (2007, p. 37) admite que o jornalismo ligado ao universo da cultura “é a especialização jornalística de mais baixo status na maioria das redações”, pois os veículos de comunicação, na maioria das vezes, não valorizam, nem enxergam como prioridade, os produtos artísticos e culturais. Dessa maneira, Piza (2009) reconhece que as outras áreas do jornalismo enxergam os jornalistas de cultura com uma série de preconceitos, principalmente por suporem que a cultura não requer tanto esforço de trabalho do profissional. Por essa visão distorcida dos profissionais e dos veículos, Daisy Bregantini (2015) explica que, quando há enxugamento nas redações, as editorias de cultura são as primeiras a sofrerem cortes, restando poucos profissionais. O resultado disso, como expõe Nísio Teixeira (2009), é a produção de textos curtos voltados para um entretenimento superficial. Além das redações, os ambientes de formação dos novos jornalistas também os lançam ao mercado de trabalho com pouca bagagem cultural, como afirma Maria Hirszman (2007). A opinião de Hirszman é compartilhada por Silva (2012), que vê a pouca preparação dos jornalistas como algo que deriva da falta de conhecimento e preparo para a rotina de atenção às novidades, frequente estudo e intenso trabalho. Tudo isto agravado pelas novas plataformas e mídias, que exigem um profissional ainda mais conectado.
44
Tal formação equivocada do profissional, aliado ao desdém pela área mantido nas redações, faz com que se precise relembrar a capacidade do jornalismo e do profissional que trabalha com um vasto universo cultural. O profissional precisa se diferenciar e, como afirma Teixeira Coelho (2007) encontrar uma voz própria dentro do jornalismo, para ser um verdadeiro jornalista cultural, e não apenas um jornalista que é responsável por um caderno de cultura.
Para Coelho (2007, p. 25), o
jornalista profissional deve ser “especialista não apenas no assunto que está tratando, mas um especialista no modo de abordar aquele assunto”. Com essa característica, Anchieta (2009) ressalta que o profissional poderá compreender que o conteúdo cultural ultrapassa o mainstream2, escapando à limitação temática imposta pela agenda de eventos e os releases, e compreendendo o sentido forte da cultura. Para isso, a autora acredita que é preciso abandonar preconceitos ou ainda, em uma visão compartilhada por Silva (2012), escapar da rotulação entre “alta” ou “baixa” cultura, visto que atualmente todas as formas de cultura são coexistentes. Esses conceitos delimitadores da cultura são ultrapassados, e atrasam a atualização e evolução na forma de enxergar a cultura pelas redações jornalísticas. Além disso, um benefício adicional em livrar-se de qualquer preconceito em relação ao tratamento jornalístico da cultura, é o fato de o jornalista ter uma mente aberta para tratar de assuntos culturais através de outros pontos de vista, como salienta Silva (2012). A autora conclui que “a cultura é uma indústria e portanto também deve ser abordada do ponto de vista económico e político (e não apenas na vertente da criação artística ou do entretenimento)” (SILVA, 2012, p. 136). Com essa mente destituída de preconceitos, o jornalista poderá, ainda, ir além da idealização fechada de um perfil de público, que é construído nas redações. Isto é descrito por Humberto Werneck (2007) como algo preocupante, pois fecha as possibilidades de abordagem dos assuntos, e faz com os meios de comunicação transmitam apenas o básico da informação, voltada unicamente para aquele leitor-modelo, enquanto poderiam trabalhar em torno da qualidade, surpreendendo seu público.
2
Humberto Werneck (2007, p. 67) conceitua o mainstream como a “corrente principal da produção cultural”. Ele alerta para que o jornalismo não se torne escravo dessa corrente mainstream, largamente divulgado pela agenda de eventos, que pauta o jornalismo das redações mais descuidadas.
45
Neste capítulo, foram esclarecidos os conceitos de cultura e jornalismo cultural, sob o prisma da comunicação e do jornalismo. O objetivo desta parte da monografia foi tentar esclarecer como a cultura está relacionada com o jornalismo. Além disso, foram abordadas as características do jornalismo cultural, o desenvolvimento da área atrelada ao jornalismo, quais os atributos e funções de um profissional da área, e, ainda, a função e a importância que este exerce como disseminador de informações e também de entretenimento. O próximo capítulo abordará a Internet e sua influência sobre a forma de comunicação entre mídia e sociedade, assim como o webjornalismo, visto como uma nova forma de difusão de informações para um público que, agora, habitua-se a buscar conteúdo e não apenas aguardar por ele. Tal entendimento é necessário pela razão desta pesquisa utilizar, como fonte, reportagens disponibilizadas on-line sobre a cobertura dos shows dos Backstreet Boys no Brasil em 2015.
46
3 A INTERNET E O JORNALISMO NA PLATAFORMA WEB O capítulo 3 do presente trabalho aborda a plataforma web como ferramenta auxiliar para a prática do jornalismo, seja este na forma profissional e harmonizado às novas possibilidades da Internet, ou, ainda, feito pelo próprio público, que deixa de ser rotulado como receptor e passa a compartilhar informações. Em um primeiro momento, o nascimento da Internet como uma plataforma de comunicação é exposto, assim como a cultura que é moldada em torno dela, a qual tem sua origem nos hábitos culturais já vivenciados pelos próprios internautas que colaboram na “construção” da rede mundial de computadores. Após esclarecer detalhes históricos da formação da Internet, um segundo item a situa como uma das grandes transformações no desenvolvimento dos meios de comunicação. A última parte deste capítulo aborda a Internet integrada ao jornalismo profissional, contextualizando sobre o início da prática do webjornalismo e suas características particulares, assim como indicando as alternativas para o jornalismo profissional e cidadão que são oferecidas pela plataforma web. Além disso, são mencionadas as particularidades imprescindíveis ao profissional que produz notícias para veículos voltados ao ambiente on-line.
3.1 INTERNET: CARACTERÍSTICAS E INFLUÊNCIAS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO O termo Internet deriva da expressão de origem inglesa “Interaction or interconnection between computer networks” (PINHO, 2003), que, em tradução livre, significa interação ou interligação entre redes de computadores. De fato, a Internet é uma rede mundial de computadores, e, nas palavras de José Benedito Pinho (2003, p. 41) tem por objetivo “compartilhar a informação e, em situações especiais, também recursos computacionais”. O que se constitui como singularidade da Internet, para Manuel Castells (2004), é o fato de ela permitir, pela primeira vez, a comunicação de muitos para muitos e em nível global. De acordo com Castells (2004, p. 15), “a Internet constitui actualmente a base tecnológica da forma organizacional que caracteriza a Era da Informação: a rede”. Esta rede, como define
47
o autor, é formada por um conjunto de nós interligados, e apesar de o termo “rede” remeter a formas de atividades humanas antigas, a expressão adquire novo significado ao transfigurar-se nas redes de informação da Internet. Nas palavras de Castells (2006, p. 82), “a criação e o desenvolvimento da Internet nas três últimas décadas do século XX foram consequência de uma fusão singular de estratégia militar, grande cooperação científica, iniciativa tecnológica e inovação contracultural”. O contexto histórico em que se originou a Internet foi durante a Guerra Fria, ainda na década de 50, quando o primeiro satélite espacial artificial dos Estados Unidos – chamado Sputnik - foi lançado em órbita e, no mesmo período, o então presidente norte-americano, Dwight Eisenhower, anunciou a criação do Advanced Research Projects Agency (ARPA) - em tradução livre, Agência de Projetos de Pesquisa Avançada -, ligada ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos (PINHO, 2003). A missão da ARPA era, nas palavras de Pinho (2003, p. 21), “pesquisar e desenvolver alta tecnologia para aplicações militares”. Neste intuito, militares e cientistas norte-americanos buscaram desenvolver uma forma de comunicação que não corresse o risco de falhar, mesmo em caso de explosões nucleares no Pentágono ou nas bases militares. Assim, surgiu a ARPANET, lançada oficialmente, de acordo com Castells (2006), em 1º de setembro de 1969. Com apenas quatro conexões, espalhadas em universidades e centros de pesquisa dos Estados Unidos, os cientistas responsáveis pela criação da rede mantiveram contato, já pela internet, para reportarem as falhas que encontrassem na nova tecnologia (PINHO, 2003), mas a certa altura, como explica Castells (2006), tornou-se difícil delimitar o conteúdo das conversações entre os cientistas, de forma que assuntos profissionais e pessoais misturavam-se. Assim, foi necessária uma divisão da rede entre a “ARPANET, dedicada a fins científicos, e a MILNET, orientada diretamente às aplicações militares” (CASTELLS, 2006, p. 83). Paralelamente à ARPANET, porém utilizando o seu sistema como suporte, a National Science Foundation (NSF) – em tradução livre, Fundação Nacional de Ciência - estabeleceu uma rede própria de informática em 1984. Com o fim da ARPANET, em 1990, a NSFNET tomou o lugar da anterior como principal suporte de Internet, desvencilhando-se, enfim, do controle
48
governamental (CASTELLS, 2004) e de qualquer autoridade supervisora. Em 1995, a NSF encerrou suas atividades, e a Internet passou a ser privatizada. A partir daí, a web começou a se desenvolver rapidamente, já contando com uma rede global de redes de informática, e com a possibilidade de adaptar-se às necessidades do público e o aumento no acesso destes à comunicação em rede. Nesse período de transição entre as décadas de 80 e 90, o cenário geral do desenvolvimento da Internet era, nas palavras de Pollyana Ferrari (2010, p. 16), composto por “muitos computadores conectados, mas principalmente computadores acadêmicos instalados em laboratórios e centros de pesquisa. A Internet não tinha a cara amigável que todos conhecem hoje”, e apenas quem tivesse noções de informática era capaz de lidar com as máquinas e as redes. Castells (2006) expõe que, nestas condições, o acesso às informações por meio da Internet era complicado para os mais leigos. Visando facilitar o acesso à Internet para um público maior, um grupo de pesquisadores liderado por Tim Berners Lee e Robert Cailliau, criou o que Castells (2006) chama de teia mundial: a World Wide Web (WWW, e em tradução livre, rede mundial de computadores). Castells (2006) diz que o WWW tem a função de sistematizar os sites da Internet através de seu conteúdo de informação, e não pela localização. Assim, quando os primeiros navegadores de Internet – em especial o Mosaic, primeiro navegador pré-Netscape da história da Internet, criado em 1993 por Mark Andressen (FERRARI, 2010) - começaram a ser desenvolvidos, o WWW foi adotado como forma padrão de difusão de arquivos, documentos e sites na Internet, tendo um crescimento contínuo desde então. A linguagem utilizada na comunicação dentro das redes da World Wide Web é o hipertexto, que organiza o acesso às informações e é operacionalizado através da linguagem de programação HTML (MONTEIRO, 2001) – HyperText Markup Language, em tradução livre, linguagem de marcação de hipertexto. Nesta estrutura, ainda de acordo com Monteiro, os documentos, que podem ser de texto, imagem ou som, podem estabelecer vínculos com outros documentos através de links, que vão guiando o leitor a navegar por entre eles, sem precisar seguir alguma ordem obrigatória de leitura. Através do sistema de hipertextos, é possível evidenciar uma
49
das características principais da internet: a não linearidade dos conteúdos, que não prende o internauta em uma regra de início, meio e fim. No Brasil, o início da Internet se deu em 1995, de acordo com Monteiro (2001), quando o governo começou a investir em uma infra-estrutura adequada e a definir parâmetros para as empresas privadas que fossem responsáveis pela prestação do serviço. Entre 1996 e 1997, ainda de acordo com o autor, o crescimento da Internet no país foi rápido: segundo dados divulgados por Monteiro (2001), em janeiro de 1996 o número de usuários da web era de 170 mil, enquanto em dezembro de 1997 a quantidade aumentou para 1,3 milhão. Em todo o mundo, Ferrari (2010) comenta que o número de internautas aumentou de 1,7 milhão em 1993, para vinte milhões em 1997. A mesma autora também destaca que, junto com o crescimento acelerado do WWW, os portais de notícia e sites de busca nasceram e aprimoraram suas páginas on-line, visando manter a atenção e acesso constante deste, nos primórdios da web.
3.1.1 A cultura da internet De acordo com Manuel Castells (2006), vivenciamos, no final do século XX, um momento de transformação na nossa “cultura material”, por causa de um novo paradigma tecnológico, organizado, como afirma o autor, em torno da tecnologia da informação. Intitulada de Revolução da Tecnologia da Informação por Castells (2006), o que caracteriza esta transformação não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso (CASTELLS, 2006, p. 69.).
O ciclo exposto por Castells tem seu cumprimento descomplicado no atual paradigma tecnológico, o que causa, por consequência, uma amplificação do seu poder graças à difusão em larga escala desta tecnologia. Na medida em que a Internet desenvolve-se em uma arquitetura informática de livre acesso, seus usuários foram, historicamente, os responsáveis diretos pela produção da tecnologia
50
da web (CASTELLS, 2003), “em um processo de feedback [...] que está na base do dinamismo e do desenvolvimento da Internet” (CASTELLS, 2003, p. 259). Assim, estes assumem o comando e podem fazer com que usuários e produtores transformem-se em um só sujeito. Desta forma, na visão de Castells (2006), os computadores e demais sistemas de comunicação se tornam amplificadores e extensões da mente humana. Tendo em vista que o usuário exerce tamanha influência sobre o desenvolvimento e demais aspectos da web, Castells (2004) propõe que a Internet e seus produtores originam uma cultura, pois, no ponto de vista do autor, “os sistemas tecnológicos produzem-se socialmente e a produção social é determinada pela cultura” (CASTELLS, 2004, p. 55.). Sendo assim, a Internet insere-se nesta perspectiva e ganha forma cultural através da cultura já originada por seus produtores. Antes de uma explicação pormenorizada a respeito dos estratos da Cultura da Internet, é válido compreender a visão de cultura compartilha por Castells (2004, p. 55): Por cultura entendo um conjunto de crenças e valores que formam o comportamento. Os esquemas de comportamento repetitivos geram costumes que se impõem perante as instituições assim como perante as organizações sociais informais. [...] Apesar de se manifestar de forma explícita, a cultura é uma construção colectiva que transcende as preferências individuais e influencia as actividades das pessoas que pertencem a essa cultura, no caso, os utilizadores/produtores da Internet.
Após a determinação do conceito de cultura assimilado por Castells (2004), deve-se destacar que a ideia de Cultura da Internet proposta pelo autor se divide em quatro estratos sobrepostos: cultura tecnomeritocrática, cultura hacker, cultura comunitária virtual e cultura empreendedora. A cultura tecnomeritocrática, segundo o autor, surge a partir da ciência e do mundo acadêmico, e busca a excelência cientifica e tecnológica, a cultura hacker têm sua colaboração no sentido de afastar a tecnologia de poderes superiores, mantendo-a aberta e livre à edição dos produtores/utilizadores, e também os fortalecendo. A cultura comunitária virtual consiste na formação de comunidades on-line, responsável pela ligação dos
51
usuários da rede, que se apropria dos valores tecnológicos mas não os utiliza, obrigatoriamente, para tratar sobre assuntos relacionados à tecnologia, e sim, para fortalecer a vida social on-line. Por fim, tem-se a cultura empreendedora, formada por usuários que, na visão de Castells (2004), enxergaram mais além e trabalharam o poder da Internet para obter lucro financeiro através da tecnologia. Graças a esta última categoria de cultura da Internet, o autor destaca que o computador se tornou um eixo de comunicação na vida das pessoas. A respeito dos quatro estratos da Cultura da Internet, Castells (2004, p. 83) os posiciona de maneira complementar uns aos outros: A Cultura da Internet é uma cultura construída sobre a crença tecnocrática no progresso humano através da tecnologia, praticada por comunidades de hackers que prosperam num ambiente de criatividade tecnológica livre e aberta, assente em redes virtuais, dedicadas a reinventar a sociedade, e materializada por empreendedores capitalistas na maneira como a nova economia opera.
Tendo o esclarecimento acerca da importância dos internautas no desenvolvimento e na cultura da rede mundial, é importante salientar a menção de Castells (2003) a respeito do conceito da Internet como alienador de seus usuários. O autor afirma que, sendo os usuários os grandes responsáveis por moldar a web no produto final em que ela se define, são estes mesmos usuários que transferem o comportamento deles para a rede, onde tais comportamentos são ampliados e potencializados.
Castells
(2003)
assegura
que
a
web
não
modifica
os
comportamentos inerentes às pessoas. Ao invés disso, os desenvolve, não alterando significativamente a personalidade dos indivíduos, a ponto de considerarse uma alienação ou uma causa de isolamento destes em relação a sociedade fora do mundo on-line. A Internet, nas palavras de Castells (2003, p. 286), “é sociedade, expressa os processos sociais, os interesses sociais, os valores sociais, as instituições sociais”. Longe de causar mudanças negativas no comportamento dos internautas, Castells (2003) ainda realça que a Internet é um meio de comunicação, interação e organização social.
52
A internet é – e será ainda mais – o meio de comunicação e de relação essencial sobre o qual se baseia uma nova forma de sociedade que nós já vivemos – aquela que eu chamo de sociedade em rede (CASTELLS, 2003, p. 256).
Observando a Internet neste contexto comunicacional, é indispensável, para o andamento do presente trabalho, discorrer sobre as características da web, mais especificamente na aplicabilidade desta como suporte para a comunicação.
3.2 A INTERNET COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO Dentre as grandes mudanças nas tecnologias de comunicação de massa, Wilson Dizard Jr. (2000) cita, em primeiro lugar, o surgimento das impressoras e do papel de jornal, responsáveis pela construção da primeira mídia de massa, nas palavras do autor. Em segundo lugar, Dizard cita a introdução da transmissão por ondas eletromagnéticas, que favoreceu a origem da televisão e o rádio. Como a terceira grande mudança, ele coloca “a produção, armazenagem e distribuição de informação e entretenimento estruturadas em computadores” (DIZARD, 2000, p. 54). Nas palavras de Dizard (2000), esta tecnologia da mediação dos computadores possibilita que todas as formas de produção de informação sejam centralizadas em um único espaço, e isto provoca a reestruturação de mídias antigas. Esta alteração, que é caracterizada por um alcance global, de acordo com Castells (2006, p. 414), “está mudando e mudará para sempre a nossa cultura”. A Internet, ainda de acordo com Dizard (2000), promove a ampliação de serviços de informação e entretenimento para audiências maiores, principalmente por estar se tornando mais “amigável” para o internauta, na modernização e simplificação constante do acesso a qualquer tipo de público, mesmo os mais leigos em informática. Assim, Dizard (2000, p. 25) afirma que “o poder da Internet está baseado na sua habilidade de superar as barreiras que limitavam o acesso de uma enorme massa de informações para os consumidores comuns”. Alcançando a uma vasta coletividade, a Internet se torna, na opinião de Gustavo Cardoso (2007), um meio de comunicação de massa. Para Cardoso, é um equívoco não considera-la como tal, apenas por esta não chegar a grandes audiências da mesma forma já conhecida como os outros meios massificados os
53
atingem. O autor explica que, à medida que uma informação é lançada à Internet, ela vai sendo compartilhada entre os internautas, e se torna, dessa maneira, difundida entre milhares de pessoas. Por fim, todo este público será redirecionado ao ponto de origem da informação, e como fim deste processo, todos – ou ao menos uma grande quantidade de público – terá acesso a mesma informação. Mesmo porque, como diz Castells (2004, p. 151), “a Internet parece ter um efeito positivo na interacção social e tende a aumentar o grau de exposição a outras fontes de informação”. Cardoso (2007) pensa, baseado neste conceito, que o internauta é um leitor ativo das informações nos veículos on-line. Além disso, como já argumentado anteriormente neste trabalho, John Thompson (2009) avalia que a ideia da comunicação de massa é a de um produto de mídia que está disponível a um grande público, mesmo que não seja, obrigatoriamente, consumido por todos que têm acesso a ele. Assim, levando em conta o pensamento de Thompson, a Internet pode se encaixar na ideia expressa por Cardoso (2007), de que esta faz parte dos chamados mass media. Porém, é necessário atentar para a observação proposta por Monteiro (2001), a respeito de algumas características da Internet que não se encaixam no conceito dos meios de comunicação de massa. Para o autor, ao mesmo tempo em que é possível praticar uma comunicação direcionada às massas, a própria Internet incentiva, também, que qualquer pessoa, portando seu próprio computador e compartilhando a rede on-line, produza e disponibilize conteúdos para a mesma audiência que qualquer outra mídia de massa estaria propensa a atingir. Desta maneira, como indicam Carlos Castilho e Francisco Fialho (2009, p. 123), “a comunicação deixa de ser um processo unidirecional e horizontal, para se transformar em um sistema rizomático, no qual já não é mais possível identificar o emissor e o receptor”. Além disso, Monteiro (2001) também observa que, graças a característica do hipertexto na web, esta promove interatividade e faz do internauta um receptor ativo, que busca pela informação e determina o quanto de conteúdo quer receber. Monteiro vê esta característica como distintiva entre o usuário e o espectador, denominação dada aos receptores de outras mídias de massa. Em conformidade com a opinião de Monteiro, Dizard (2000) complementa a ideia da Internet como
54
oportunizadora de interatividade com os usuários, assegurando que “essa capacidade acrescenta uma nova dimensão notável ao atual padrão da mídia de massa, que se baseia em produtos unidirecionais entregues por uma fonte centralizada – jornal, canal de TV ou um estúdio de Hollywood” (DIZARD, 2000, p. 40). Compreendendo
a
Internet
como
um
meio
que
conforma
várias
possibilidades, e que permite uma forma de disseminação de informação tanto em um único sentido quanto na forma de comunicação direta entre usuários, retorna-se às convicções de Monteiro (2001), que vê a Internet como um meio “híbrido” de comunicação, a qual é criada como um ambiente de comunicação interpessoal, mas que também comporta a forma de comunicação de massa, dependendo da maneira como se utiliza a rede. Para Monteiro, é válido considerar a Internet, por essa característica híbrida, uma tecnologia revolucionária que transforma o cenário da comunicação. É relevante, após o conhecimento do potencial da Internet na vertente comunicacional, compreender as características particulares da web que colaboram com sua usabilidade nesta esfera. Pinho (2003) define alguns aspectos em que a rede mundial se diferencia de outros veículos de comunicação tradicionais. Primeiramente, Pinho cita a não-linearidade, já abordada neste trabalho, que faz com que o conteúdo da página on-line suscite a certeza de que o leitor encontrará no site a informação que deseja, visto que ele não lerá todo o conteúdo disponível se não tiver esse desejo despertado. Também existe a fisiologia, que Pinho (2003) explica como a influência da leitura em uma tela de computador na visão humana. Por forçar as vistas e não ser tão confortável quanto o papel, os textos voltados para páginas on-line devem ser, de acordo com um estudo divulgado pelo autor, 50% mais curtos do que os textos projetados para meios físicos, como jornais e revistas. A instantaneidade também é uma característica da Internet, e mesmo não tendo sido conquistada primeiramente por ela (pois a TV e o rádio foram os responsáveis por consagrar essa forma de transmissão de informação), é um dos grandes destaques da rede on-line, e mudou, de acordo com o autor, até mesmo o significado do furo de notícia no jornalismo – área onde a influência da Internet ainda será abordada neste capítulo.
55
Pinho (2003) ainda cita a dirigibilidade, que consiste na facilidade da web em guiar a informação exatamente ao público que se deseja; a qualificação dos usuários, que é responsável por conferir à Internet certo caráter de idoneidade nas informações que dissemina; os custos de produção e de veiculação, que são irrisórios perto dos valores de outras mídias como a televisão ou jornais impressos; a interatividade, também já comentada ainda neste capítulo, e que é obviamente superior do que em outros meios; a pessoalidade, que consiste na relação direta do usuário com o transmissor da informação, visto que o usuário sente-se mais próximo do computador pessoal do que de uma televisão; e a acessibilidade, que é um dos fatores onde a Internet mais se diferencia de outras mídias, pois apenas uma página da web tem a capacidade de permanecer 24 horas on-line, ao contrário de um programa de televisão, por exemplo, que possui determinado tempo no ar. Por último, Pinho (2003) ainda cita uma última característica, também já comentada no decorrer deste capítulo, que é o fator do receptor ativo, sempre à procura da informação. Antes de uma abordagem mais detalhada acerca da Internet e sua usabilidade para o jornalismo, é valida uma menção aos potenciais usuários da web. De acordo com a pesquisa mais recente sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no país em 2013, a tendência registrada segue sendo de crescimento no número de domicílios que possuem um computador, e foi constatado que, no ano de realização da pesquisa, 49% dos domicílios já possuíam computadores de mesa, portáteis ou, ainda tablets. Destes, 43% com acesso à Internet. Na perspectiva populacional, a pesquisa aponta que 51% dos brasileiros acessam a rede mundial de computadores, e entre os usuários, 60% compartilham conteúdos (de texto, imagem ou vídeo) na web, enquanto 77% acessam redes sociais, por onde, de alguma maneira, consomem conteúdo informativo. O comportamento do leitor em relação a textos jornalísticos e páginas dedicadas
às
notícias
serão
ainda
detalhados,
juntamente
com
especificidades do jornalismo praticado na web, no decorrer deste capítulo.
outras
56
3.3 JORNALISMO ON-LINE: CONTEXTO E CARACTERÍSTICAS As primeiras investidas de grandes empresas jornalísticas na plataforma online datam ainda da década de 70, quando o jornal norte-americano New York Times disponibilizou versões completas e resumidas de artigos atuais ou de edições físicas – anteriores para assinantes do conteúdo (DIZARD, 2000). Esse tipo de serviço, aderido por vários outros jornais, avançou juntamente com a Internet e graças a serviços de comércio on-line, como afirma Luciana Moherdaui (2002). No Brasil, Magaly Prado (2011) afirma que a explosão do webjornalismo aconteceu apenas no final da década de 90, mesmo período em que a Internet começou a ser vista pelos profissionais do jornalismo – superestimadamente, segundo a autora - como área de potencial lucro econômico, e o preconceito originado pela falta de conhecimento acerca da plataforma, que marcou o período de chegada da Internet nas redações brasileiras, finalmente dissipou-se na mentalidade dos jornalistas. O primeiro veículo jornalístico a experimentar o potencial comunicativo da web, de acordo com Pollyana Ferrari (2010) foi o Jornal do Brasil, lançado em maio de 1995, e pioneiro na realização de uma cobertura exclusivamente on-line. No mesmo ano, de acordo com Moherdaui (2002), o jornal Folha de S. Paulo investiu ainda mais pesado na plataforma da web, e criou o Universo On-line (mais conhecido como UOL), site que agregava conteúdo jornalístico e acesso à web, com o uso de provedores. Ainda nos primórdios da integração do jornalismo à web, o conteúdo publicado nos veículos impressos era adaptado e repassado para o on-line, como afirma Prado (2011). A autora acrescenta que o design dos sites era demasiado simples, e as fotos que acompanhavam os textos, muito pesadas e incômodas na hora do carregamento das páginas. Além disso, o que hoje representa a maior característica do jornalismo on-line, não era ainda exercido pelos veículos na Internet, naquela época: a notícia publicada e atualizada em tempo real. Prado (2011) conta que a frequência de atualização dos sites jornalísticos era baixa, as páginas não eram atualizadas durante o dia e, em muitos casos, apenas as notícias consideradas como principais eram publicadas. Ferrari (2010) afirma que só posteriormente os veículos começaram a investir em sites mais interativos e personalizados.
57
Para que se compreenda melhor as fases de transição do webjornalismo, recorre-se à categorização elaborada por Luciana Mielniczuk (2003). A autora distingue o jornalismo realizado na Internet em três momentos: “produtos de primeira geração ou fase da transposição; produtos de segunda geração ou fase da metáfora e produtos de terceira geração ou fase do webjornalismo” (MIELNICZUK, 2003, p. 31). O webjornalismo de primeira geração é definido pela autora como a forma – já comentada no presente trabalho - de simplesmente transpor o material originário do impresso para o site na Internet, sem a preocupação de atualizá-lo frequentemente ou modificar a rotina da redação para adaptar-se ás diferenças do novo veículo. Como salienta Mielniczuk (2003, p. 33), neste período “a disponibilização de informaçãoes jornalísticas na web fica restrita à possibilidade de ocupar um espaço, sem explorá-lo, enquanto um meio que apresenta características específicas”. A segunda geração do jornalismo na web é pertencente ao período do final da década de 90, quando o aperfeiçoamento dos computadores e da estrutura técnica da Internet levou as grandes empresas jornalísticas a prestarem maior atenção aos sites de seus jornais, e começarem, ainda que timidamente, a explorar os recursos disponibilizados pela web e pelo hipertexto na produção de notícias e reportagens on-line. Mielniczuk (2003) denomina esse momento como a “fase da metáfora” pois, mesmo que explorando links em meio às notícias ou o uso do e-mail na comunicação com os leitores, o veículo impresso ainda serve como grande referência para a realização do jornalismo on-line. Esta referência é vista por Mielniczuk como uma metáfora do impresso praticada na Internet. Neste período, apesar de a web já possuir um lugar na rotina de produção das redações, “A tendência ainda é a existência de produtos vinculados não só ao modelo do jornal impresso enquanto produto, mas também às empresas jornalísticas cuja credibilidade
e
rentabilidade
estavam
associadas
ao
jornalismo
impresso”
(MIELNICZUK, 2003, p. 33). No atual período do webjornalismo, a nomeada terceira geração expressa por Mielniczuk (2003) é caracterizada, principalmente, pela maior utilização dos recursos tecnológicos da Internet na elaboração de produtos jornalísticos. Neste momento, o potencial da web, já largamente explorado, é associado ao jornalismo para que se
58
produzam conteúdos multimídia, interativos e que utilizem o hipertexto como um aliado para complementar a narrativa dos fatos. Luciana Mielniczuk (2003) ressalta que as três fases mencionadas não são isoladas ou estagnadas, não excluem uma às outras, e dizem respeito à trajetória do conjunto de experiências do webjornalismo, não a evolução individual dos veículos on-line. Ao contrário, a autora diz que “podemos encontrar publicações jornalísticas para a web que se enquadram em diferentes gerações e, em uma mesma publicação, pode-se encontrar aspectos que remetem a estágios distintos” (MIELNICZUK, 2003, p. 31). Entre o final dos anos 90 e o início do século XXI, os sites de conteúdo – que nasceram, em grande parte, dentro de empresas jornalísticas – cresceram na web, de acordo com Pollyana Ferrari (2010). Para a autora, os chamados portais, juntamente com a expansão da telefonia fixa, foram os responsáveis pelo crescimento repentino e vertiginoso do número de internautas brasileiros. Isto porque em casos de portais como o já citado UOL, ou mesmo o Terra e principalmente o IG, era oferecido, além do conteúdo informativo, um serviço de provedores gratuitos de Internet, o que se tornou um poderoso atrativo para o público. Focando, porém, nos portais como veículos jornalísticos, Ferrari (2010, p. 29-30) auxilia na definição dos sites de conteúdo: Os portais tentam atrair e manter a atenção do internauta ao apresentar, na página inicial, chamadas para conteúdos díspares, de várias áreas e de várias origens. [...] A estruturação de um portal exige a organização dos dados e um código visual, tarefas desafiadoras o suficiente para deixar de cabelo em pé qualquer jornalista sem experiência na área.
Uma das características reconhecidas na maioria dos portais é o fato de estes serem sites com extensa variedade de serviços, entre eles e-mail, provedor de Internet (principalmente na década de 90), ferramentas de busca ou ainda bate-papo em tempo real, mas, como frisa Ferrari (2010), o grande atrativo destas páginas para o público é o conteúdo jornalístico que carregam. Assim, ainda na opinião de Ferrari, os portais assumem o comportamento de um novo tipo de mídia de massa, na medida em que recebem uma vasta quantidade de público conectado ao mesmo tempo. Dizard (2000), em concordância com o ponto de vista de Ferrari, afirma que
59
as redes estão disponíveis e servem a grandes públicos que possuem necessidades de informação específicas. Desta forma, a tecnologia da Internet acaba por mudar a forma de operação e as finalidades da comunicação de massa, assim, entrando em uma competição direta com outros meios de comunicação de massa tradicionais. Os fatores que diferenciam a web de outros meios de comunicação serão expostos ainda neste capítulo. A década de 90 foi o período caracterizado pela realização das primeiras experiências significativas das empresas jornalísticas junto à Internet, mas se naquela época a web era um território de testes e um terreno desconhecido para os jornalistas, nos anos 2000 o jornalismo on-line brasileiro ganhou impulso rapidamente (PRADO, 2011). Em uma época de Internet sem redes sociais, Ferrari (2010) afirma que os portais foram peça importante nesse apogeu da mídia on-line, principalmente entre os anos de 1998 e 2000. Ainda neste período, como conta Prado (2011), começam a surgir os sites de notícias produzidos especificamente para a web, e o primeiro deles é o Último Segundo, do IG. Prado destaca a ousadia deste site, visto que todos os outros já colocados no ar, na época, eram vinculados a veículos tradicionais. Este seria apenas o primeiro de muitos outros sites desvinculados da grande mídia a tomarem seu espaço na rede. Dizard (2000, p. 235) salienta que “na virada do século, todos os diários de grande circulação estavam representados na Internet, ao lado de centenas de publicações menores”. Para Dizard, os jornais individuais começaram a investir pesado na Internet, buscando expor seus artigos para ganhar assinaturas e arrecadar alguma renda oriunda de publicidade. Além dos portais, o jornalismo delineia-se na rede mundial através de outros formatos, especificados por Pinho (2003) como os sites de jornais e revistas impressas que migraram para a web, sites de agências de notícias, sites noticiosos especializados e, ainda, em sites de instituições e empresas comerciais. Tão plural quanto os formatos do jornalismo praticado na plataforma on-line, são também as terminologias utilizadas para conceituá-lo. Mielniczuk (2003) explica que ainda não existe um consenso geral a respeito de uma expressão correta, e esta pode variar de acordo com o país. Os autores norte-americanos, em um
60
exemplo citado pela autora, denominam a prática como “jornalismo on-line” ou “jornalismo digital”, enquanto os espanhóis a chamam de “jornalismo eletrônico”. Pode-se, ainda de acordo com Mielniczuk, utilizar as expressões “jornalismo multimídia” ou “ciberjornalismo”.
Dentre as fontes utilizadas na pesquisa de
conteúdo para este trabalho, também foi observada a utilização do termo “webjornalismo”. Visto que, como destaca Mielniczuk (2003), algumas terminologias podem ser amplas demais ou mesmo equivocadas, é necessário explicitar o que estas realmente significam. Nas palavras de Mielniczuk (2003, p. 27): jornalismo eletrônico é aquele que utiliza de equipamento e recursos eletrônicos; jornalismo digital ou jornalismo multimídia é aquele que emprega tecnologia digital, também todo e qualquer procedimento que implica no tratamento de dados em forma de bits; ciberjornalismo é aquele que envolve tecnologias que utilizam o ciberespaço; jornalismo on-line é aquele desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo real; e webjornalismo é aquele que diz respeito à utilização de uma parte específica da Internet, que é a web. Frente a tantas definições, Mielniczuk afirma ainda que estas foram estabelecidas aplicando-se à produção e também na disseminação da informação jornalística. Ainda é preciso frisar que, na ideia exposta pela autora, as expressões não são excludentes, e ao contrário disso, os produtos jornalísticos podem enquadrar-se em várias delas, concomitantemente. Além disso, os termos encontram-se inseridos uns aos outros, de forma que algumas expressões são mais abrangentes e outras mais delimitadoras. Nesta ordem de abrangência, Mielniczuk (2003) classifica (da mais abrangente para a mais delimitada): jornalismo eletrônico, jornalismo digital, ciberjornalismo, jornalismo on-line e webjornalismo. No
presente
trabalho,
os
termos
frequentemente
utilizados
serão
webjornalismo e jornalismo on-line, por estes entrarem em concordância com a intenção de discorrer, de forma centralizada, sobre o jornalismo praticado em páginas hospedadas na rede mundial de computadores, a Internet. O jornalismo realizado na web é definido por Carlos Castilho (2005, p. 234) como “uma modalidade de jornalismo que adapta os valores tradicionais da
61
profissão ao espaço cibernético e toda a cultura informativa que começa a ser construída na Internet”. Complementando esta ideia, pode-se entender a contribuição da Internet, no âmbito da prática do jornalismo, como uma síntese de todas as mídias, que conserva as vantagens visuais da televisão, assim como a mobilidade do rádio e a capacidade de detalhamento e análise dos veículos impressos, tendo como qualidades adicionais a interatividade e a inclinação para o multimídia (PINHO, 2003). Antes de examinar a forma como um fato se transforma em notícia no jornalismo on-line, é interessante apontar as características fundamentais do webjornalismo, citadas por Luciana Mielniczuk (2003), que servem, de acordo com a autora, para contemplar as possibilidades oferecidas pela Internet ao jornalismo. São elas: 1) Interatividade: já comentada no presente trabalho, consiste na capacidade de entrar em contato com os internautas visitantes de um site através de ferramentas como e-mail, chat, fórum de discussões e etc.; 2) Customização do conteúdo ou personalização: é definida pela autora como uma individualização dos produtos jornalísticos, realizada de acordo com os gostos e preferências do leitor internauta. Tal personalização ainda pode ser entendida tanto como uma alteração nas notícias da página home de um site em função dos hábitos de leitura do internauta, quanto pela possibilidade deste acompanhar o texto publicado no site de forma não linear; 3) Hipertextualidade: característica intrínseca à própria Internet, consiste na interconexão de textos através de links, tendo a capacidade de guiar o leitor on-line para textos secundários ou conteúdos relacionados ao mesmo assunto, tais como outros sites ou materiais de arquivo, como exemplifica Mielniczuk; 4) Multimidialidade ou convergência: constitui-se, de acordo com a autora, na confluência entre mídias tradicionais, como imagem, texto e som, buscando a complementação entre estas para uma narração mais completa acerca de um fato jornalístico. Mielniczuk (2003) aponta esta como a possibilidade da Internet menos utilizada pelos sites jornalísticos brasileiros;
62
5) Memória: é a capacidade, também inerente à rede mundial, de conservar as informações dentro das páginas da web, tornando ainda maior a quantidade de conteúdo disponível ao internauta. Tal característica modifica, na opinião de Mielniczuk (2003), a forma de produção e de recepção do material jornalístico; 6) Instantaneidade ou atualização contínua: a já conhecida característica fundamental da Internet, que se constitui na capacidade de atualização de uma notícia em tempo real. A autora salienta que tais características não são – e não têm obrigatoriedade em ser – praticadas em todos os veículos de comunicação que aderem às páginas na web. Porém, a classificação de Mielniczuk (2003) serve como base para uma noção do que a Internet se predispõe a oferecer para o trabalho jornalístico, como ferramentas de complementação para as narrativas informativas. Assim, com a exposição deste panorama geral de especificidades da web, mantendo o foco direto no jornalismo, propicia-se uma averiguação a respeito da forma como um fato de potencial noticioso é abordado pelos veículos on-line. Como afirma Castilho (2005), o jornalismo on-line continua sendo jornalismo, assim como a atividade praticada em outros formatos de mídia. Os objetivos e valores não mudam, porque estes relacionam-se com o caráter social da informação (CASTILHO, 2005), e além disso, como afirma Leonel Aguiar (2009), os critérios de noticiabilidade e os valores-notícia, já conceituados neste trabalho e há muito tempo consagrados nos veículos impressos, não perdem sua validade frente à Internet. Porém, é inviável pensar na Internet como um ambiente estritamente igual à plataforma do impresso, no que se refere ao exercício do jornalismo. O jornalismo praticado na web diferencia-se das demais formas tradicionais pela forma com que trata os dados e pelas relações que estabelece com o usuário. Thaïs de Mendonça Jorge, Fábio Henrique Pereira e Zélia Leal Adghirni (2009, p. 78) realçam que “a diferença essencial entre jornalistas da mídia tradicional e da mídia digital está no ritmo das rotinas produtivas”, pois, de acordo com os autores, mesmo com uma forma de coletar informações que se assemelha à da mídia tradicional, o jornalismo
63
on-line exige uma pressão muito maior sobre o deadline3, colocando, às vezes, o repórter no papel de editor da própria matéria. Tudo para fazer com que a notícia vá para a rede de maneira mais rápida, já que mesmo alguns minutos fazem a diferença frente à concorrência. Posteriormente, ainda neste capítulo, serão abordadas às características e responsabilidades de um jornalista da web, mas, por enquanto, o objetivo é enfatizar a maneira de se trabalhar uma notícia publicável na Internet. Nesse aspecto, Luciana Moherdaui (2000) acredita que o texto para a web deve ser mais contextualizado, para atender à hipertextualidade da Internet, e o jornalista deve se preocupar em elaborar uma matéria atraente, que desperte o desejo de saber mais no internauta, visto que a oferta de matérias é superior em um site de notícias online. Além disso, a autora ainda especifica que o jornalismo on-line não tem restrição de tempo e espaço, além de admitir a multiplicidade de formatos e linguagens, como já averiguado dentre as características citadas, ainda neste capítulo, por Mielniczuk (2003). Ainda antes da publicação de uma matéria, um outro momento da rotina de produção da notícia que sofre alterações frente à Internet é o da escolha das pautas. Castilho (2005) observa que nas redações de veículos tradicionais e impressos, as ideias de pautas são repassadas aos repórteres por seus editores, e o “caminho” percorrido pela pauta em uma redação acabava aí. Hoje, o que se vê, ainda de acordo com o autor, é uma pauta definida pelo próprio público, através da interação destes com o veículo e do maior conhecimento do que acontece no estado, no país ou mesmo no mundo, através de poucos cliques. Além disso, Castilho (2005) cita como uma consequência da inserção do jornalismo na web, o fato de a notícia não ser mais um produto acabado, que rende desdobramentos em outras matérias menores e encerra-se rapidamente. Com a Internet, a notícia passa a ser um produto em construção permanente, podendo ser atualizado a todo tempo e não perdendo, ao menos completamente, seu valor jornalístico.
3
Deadline, no jargão jornalístico, é o horário limite para a entrega de uma pauta já transformada em matéria, ou ainda uma página, para o editor do veículo no qual o repórter trabalha. A existência de um deadline, ou seja, um tempo limite, permite que uma matéria esteja pronta com antecedência, não correndo o risco de ficar de fora do veículo por problemas relacionados a atraso (PATERNOSTRO, 1999).
64
Com a web, até mesmo a apuração da notícia sofre alterações, e, como afirma Ferrari (2010), não se faz necessária uma busca por informações que obrigue o jornalista sair da redação, dado que o material necessário para apurar uma pauta vem ao repórter através da Internet. Além disso, ainda nas palavras de Ferrari (2010), o leque de assuntos que rendem pautas é ampliado na web, pois, diferentemente de veículos impressos ou direcionados à grande massa, a rede tem a capacidade de falar com várias “tribos” diferentes, sem se prender ao compromisso do impresso – ou ainda da televisão e do rádio – de conversar com a maior quantidade de indivíduos através de uma única reportagem. Assim, a concepção das notícias partem de um grupo grande para grupos pequenos, ou até mesmo para um indivíduo, mudando a forma de fazer uma cobertura jornalística e mudando, ainda, a forma de fazer jornalismo.
3.3.1 Alternativas para a prática do jornalismo on-line A possibilidade do uso de variados formatos midiáticos em uma narrativa é uma das características da Internet, e colabora com novas formas de se fazer jornalismo. No caso da convergência, conceitualizada ainda neste capítulo, é interessante destacar que esta não representa apenas a soma de duas ou mais formas de conteúdos jornalísticos (texto, áudio e vídeo), mas sim uma integração destes formatos – oriundos da mídia tradicional - na produção de uma narrativa jornalística que seja complementada pelo suporte da plataforma web (AGUIAR, 2009). Integrando tais formatos, Prado (2011, p. 146) explica que a notícia ganha em contexto e aprofundamento, pois “o vídeo e/ou o áudio podem trazer emoção, estados de espírito e, assim, agregar informação visual e auditiva complementando a reportagem”. Porém, para que o recurso da multimidialidade seja produtivo em um veículo jornalístico, é interessante observar que, assim como afirma Suzana Barbosa (2009), a convergência é, em outras palavras, uma integração das redações. Desta forma, ainda de acordo com Barbosa, deve ser implementada em um veículo de acordo com a cultura e as características próprias da empresa, e não por motivos que incluam o corte de gastos e de postos de trabalho. Neste sentido, Marcelo
65
Kischinhevsky (2009) adverte que, em algumas redações convergentes, há profissionais trabalhando com dificuldades de adaptação, sendo obrigados a tornarem-se multimídia apressadamente, ou ainda cobrindo uma mesma pauta para vários meios de comunicação sem remuneração condizente ou qualquer outra gratificação. Para que a convergência seja positiva ao olhar de todos os envolvidos – jornalistas, empresa e público consumidor da informação – Kischinhevsky (2009) aponta, como requisitos necessários para a prática desta pelos veículos, a criação de uma nova cultura profissional “em que o trabalho colaborativo seja uma construção
coletiva,
e
não
uma
imposição
do
departamento
financeiro”
(Kischinhevsky, 2009, p. 72). Com o tempo e a experiência que serão ainda adquiridos pelos profissionais, no que se refere à convergência, o autor acredita que o jornalismo feito para a web ainda deverá construir seu lugar, consertando problemas como os já citados. Afinal, como analisa Barbosa (2009, p. 38), a convergência “é um processo em constante evolução”. Além das transformações causadas pela Internet na prática do jornalismo profissional, a rede também apresentou uma nova forma de difusão de notícias, onde o emissor é o próprio público. No presente trabalho, discorreu-se a respeito da importância do internauta até mesmo na concepção da rede mundial, e com tamanha participação on-line, este público se tornou também atuante na disseminação de informações através de redes sociais e blogs, exercitando um jornalismo não profissional. Os blogs configuram-se, desde seu surgimento, como um espaço social diverso e democrático, cujo objetivo é propiciar a expressão pessoal, interação e informação noticiosa. O conteúdo publicado nestes representa diretamente a opinião do autor, e a plataforma oferece, ainda, espaço para interação com os visitantes, que comentam e abrem discussões acerca dos assuntos tratados nos posts (BRAGA, 2009). Os blogs têm, como afirma Prado (2011), uma linguagem própria que transmite caráter pessoal através do uso de emoticons e gírias, e a autora destaca, ainda, a intensa necessidade de atualizações que a plataforma demanda. De acordo com Prado, a atualização constante é uma das características primordiais desses veículos, os quais fazem parte do processo de “inversão” da produção de conteúdo na web. Assim, apesar de os blogs possuírem como marca certa leveza no
66
tratamento da informação, a rapidez entre uma publicação e outra é fundamental para garantir um público de leitores fieis, em um cenário onde o blog é acessível a qualquer internauta e está presente em quantidades abundantes na web. Um blog pode ser mantido por um profissional do jornalismo ou mesmo por qualquer internauta que se disponha a “alimentá-lo” com posts diários ou, ao menos, em grande frequência. Porém, apesar de ganharem credibilidade rapidamente, devido ao nome do jornalista envolvido, Prado (2011) alerta para o risco de os blogs profissionais possuírem conteúdos engessados, presos à ideologia e às normas da empresa para a qual trabalham. Visto que um benefício dos blogs, ainda na visão da autora, é a liberdade de expressão que seus autores adquirem por não atrelarem-se às empresas jornalísticas, os internautas que se tornam blogueiros representam, desta maneira, uma nova forma de disseminar notícias. Os blogueiros, nas palavras de Prado (2011), não precisam, obrigatoriamente, seguir as regras de uma redação jornalística, mas mesmo assim, devem buscar a veracidade dos fatos que divulgam. O leitor destes blogs deve, assim como em qualquer outra mídia, buscar blogs que possuam credibilidade. Veículos que se diferem dos ligados aos grandes nomes da imprensa são necessários na Internet, de acordo com Adriana Braga (2009, p. 149), por existir uma “demanda social por pontos de vista díspares e múltiplos acerca dos fatos, ao contrário da abreviação da pluralidade de informação praticada por muitos veículos”. Desta forma, os blogs são positivos para a disseminação de informações, também por privilegiarem uma hierarquização dos assuntos conforme estes interessam e atingem o público, ao invés da ordem de importância estabelecida dentro de uma redação profissional (PRADO, 2011). Prado (2011) explica que, no início, os blogs eram apenas diários pessoais sem qualquer cunho informativo direto, e após a explosão destes no meio on-line, surgiram blogs segmentados em variados assuntos, que vão desde blogs educativos e literários até os mantidos por jornalistas profissionais. A autora diz que os blogs possibilitaram o nascimento do poder de participação dos internautas – amadores no
67
jornalismo - que desejam informar. Nascendo junto com os blogs, deste modo, o jornalismo cidadão. Por parte dos jornalistas profissionais, Prado conta, ainda, que “houve uma corrida atrás de blogueiros por parte dos portais. Esse movimento ocorreu por causa da audiência e do formato textual” (PRADO, 2011, p. 169), quando as grandes empresas jornalísticas perceberam o potencial dos blogs e foram atraídos à plataforma, também, por conta da simplicidade e agilidade na publicação de novas notícias. Tais características aproximam o jornalismo, de acordo com Prado, do “sonho” de vencer o tempo na disponibilização de novos conteúdos. O jornalismo profissional praticado através da plataforma dos blogs é legitimado, quase que instantaneamente, pelo prestígio do próprio jornalista ou da empresa que está ligada a ele. No caso do jornalismo cidadão, praticado por internautas, a credibilidade é conquistada de forma mais laboriosa. Nesse sentido, Braga (2009) complementa que a Internet, responsável pela democratização da liberdade de expressão a todos, propicia, simultaneamente, a postagem de conteúdos sem moderação e a desconfiança por parte dos leitores. A autora destaca dois processos utilizados na legitimação de blogs não profissionais, o primeiro a partir de números e o segundo a partir do conhecimento por parte de outros blogueiros de renome. Na legitimação por números, Braga (2009) explica que se estabelece a credibilidade de um blog através da contagem dos visitantes e dos comentários registrados na página, além da incidência – e quantidade – de citações em outros blogs e páginas conhecidas. Já na legitimação através dos conhecidos, o reconhecimento de um blog acontece através da indicação de outro blogueiro, já legitimado na web, ou ainda através do reconhecimento do público em geral. Prado (2011) constata que não existe mais uma distinção entre o produtor de mídia e o consumidor. Além dos blogs, qualquer internauta pode expressar sua opinião – ainda antes desta alcançar a imprensa tradicional – através das redes sociais. Em poucas palavras no Twitter ou com o auxílio de fotos e vídeos no Facebook, é possível exercer o jornalismo cidadão portando apenas um celular com acesso à Internet. Assim, como explica ainda Prado (2011) os fluxos de transmissão de informação, que antes eram integralmente unidirecionais, passam a ser multidirecionais, feitos de muitos para muitos dentro da rede.
68
Com o fortalecimento das redes sociais, Prado (2011) explica que estas se tornam território adequado para o debate de temas diversos, os quais talvez não tivessem relevância para outros meios de comunicação e provavelmente nem seriam cobertos por esta imprensa. A autora ainda exemplifica, com o Twitter, uma importância das redes sociais que pode ser aplicada, hoje, a outras redes como o Facebook, por exemplo: Prado (2011) salienta que através destes espaços on-line, os usuários comentam e ampliam a discussão em torno de uma notícia, fazendo com que esta repercuta ainda mais na web e, desta forma, motivando uma nova forma de debater os assuntos cotidianos. Esta rede de publicação e compartilhamento de notícias em tempo real estimula, de acordo com Castilho e Fialho (2009), uma avalanche de informações, onde as notícias já não são disseminadas apenas por veículos jornalísticos profissionais, mas por qualquer internauta, como já mencionado anteriormente neste capítulo. Nas palavras dos autores, esta descentralização da fonte das informações e a intensa participação dos internautas neste processo podem ser nomeadas como uma “nuvem informativa”, expressão esta concebida por Thomas Wander Val – citado pelos dois autores – para designar grandes volumes de informação incluídos em um determinado espaço físico. A nuvem informativa recebeu este nome em alusão ao conceito da computação em nuvem, que é caracterizada pela criação de softwares e bancos de dados que não se concentram em um único computador, mas sim na rede, sendo possível o acesso através de qualquer computador. Neste cenário de empoderamento das redes sociais para a prática de um jornalismo cidadão, Castilho e Fialho (2009, p. 142) complementam: Na era digital, a sobrevivência das empresas jornalísticas, de maneira geral, passou a depender de uma crescente simbiose, em proporções variáveis, entre publicações impressas e virtuais e a web. O público consumidor deu lugar às comunidades de leitores, cuja informação já não depende mais exclusivamente dos jornais impressos. [...] Portanto, a colaboração entre profissionais do jornalismo e membros de comunidades é inevitável e mutuamente interessante.
Desta maneira, os grandes veículos de comunicação enxergam potencial participativo nas redes sociais e começam a fomentar a interação com seus leitores, através do envio de conteúdos que incluem fotos, vídeos, ideias para pautas e até
69
mesmo textos jornalísticos prontos. No caso do último, os textos passam por uma checagem feita por jornalistas profissionais e são lançados nos portais de grandes veículos jornalísticos (PRADO, 2011). Frente ao avanço das redes sociais e, consequentemente, do jornalismo participativo, as empresas jornalísticas, no ponto de vista de Prado (2011), abrem as portas para o exercício do jornalismo cidadão, impondo limites e realizando uma mediação dentre os conteúdos, porém, ainda assim, explorando as novas possibilidades.
3.3.2 Particularidades do jornalista on-line Como já mencionado neste capítulo, a grande quantidade de fontes de informação localizadas na Internet invocam uma mediação, e esta deve vir de alguém que tenha condições para atestar a legitimidade – ou não - das informações publicadas na web. O jornalista profissional faz-se necessário, desta forma, mesmo em tempos onde a notícia não é produto pertencente apenas às grandes redações. Jorge, Pereira e Adghirni (2009, p. 76) afirmam que “a produção e a distribuição das notícias em rede a partir da inovação da Internet revolucionaram a trajetória do jornalismo e as rotinas do jornalista”, e sendo assim, os autores sinalizam para a exigência de um novo perfil profissional, frente ao cenário de expansão on-line, por parte das empresas jornalísticas. Desta forma, Ferrari (2010) esclarece que o jornalismo on-line tem, como desafios, o preparo das redações como um todo, e ainda dos jornalistas em particular, visando o conhecimento e o aprendizado acerca de como os profissionais utilizarão e viverão em meio às transformações sociais causadas pela tecnologia. Jorge, Pereira e Adghirni (2009, p. 88) definem o perfil do jornalista em tempos de alterações nas rotinas de produção da informação: O jornalista multimídia será o jornalista capaz de trabalhar com mais de uma mídia – e isso quase todos o são – e, sobretudo, será aquele que tem poderes para pensar qual será a melhor mídia para veicular a mensagem que ele selecionou, processou e hierarquizou para melhor mostrar a quem o lê, assiste ou ouve.
70
Assim, ainda na visão dos autores, compreende-se que o perfil de jornalista desejado para trabalhar com a web é aquele profissional que não se preocupa, apenas, em escrever um bom texto e produzir uma matéria com qualidade, mas que pensa também na estrutura da notícia quando for publicada on-line e nos recursos de hipertexto que poderão complementá-la, adaptando-a para a plataforma web. Prado (2011) acrescenta que, quanto mais o jornalista investir nas possibilidades ofertadas pelo on-line, maior garantia ele tem de conquistar e agradar o leitor, podendo até fidelizá-lo. A rotina de produção de conteúdos em uma redação focada na web é, segundo Jorge, Pereira e Adghirni (2009), parecida com uma redação direcionada aos veículos impressos, no que se refere às primeiras fases de coleta da informação – pauta, apuração e redação. Porém, o deadline na Internet exerce maior pressão sobre o profissional, pois, com notícias publicadas em tempo real, o prazo de validade da informação é ainda mais curto do que seria em veículos impressos. Com a necessidade de manterem-se constantemente informados, os jornalistas da web devem permanecer conectados todo o tempo, seja para buscar informações na rede ou, ainda, para contatar suas fontes e editores. É preciso ressaltar, ainda sobre a pressão que o deadline exerce nos jornalistas on-line, que os profissionais não devem prescindir, em momento algum, da pesquisa de dados e da checagem dos materiais apurados. De acordo com Ferrari (2010), a pressa para publicar uma notícia antes dos sites concorrentes acaba levando jornalistas a cometerem erros graves em publicações. Tal regra vale para qualquer conteúdo publicado em qualquer veículo de comunicação, e, como frisa Ferrari (2010, p. 53): Achar que o mais importante é oferecer as últimas notícias o mais rápido possível é um grande equívoco do meio. Os leitores raramente percebem quem foi o primeiro a dar a notícia – e, na verdade, nem se importam com isso. Uma notícia superficial, incompleta ou descontextualizada causa péssima impressão. É sempre melhor colocá-la no ar com qualidade, ainda que dez minutos depois dos concorrentes.
O jornalismo multimídia exige, nas palavras de Ferrari (2010, p. 40), “domínios de vários apetrechos tecnológicos, olhar de editor de fotografia e uma agilidade impensável nos veículos impressos”. Também é necessário, no ponto de
71
vista de Ferrari (2010), que o profissional saiba contextualizar a informação, conheça softwares de tratamento de imagem, saiba utilizar as redes sociais, crie hierarquias de importância para a notícia e, diante da questão recém abordada do deadline, seja rápido no raciocínio e entenda o conceito de instantaneidade, além de possuir uma boa bagagem histórica. Possuindo tais aptidões, o jornalista da web terá a capacidade de buscar variadas formas para contar uma história e prender o internauta ao seu texto, compreendendo, ainda, o funcionamento do “quebra-cabeça” que é um site na Internet, onde cada elemento tem uma razão específica para estar onde está, sejam fotos, vídeos, textos ou demais tipos de conteúdos (FERRARI, 2010). Perante o aperfeiçoamento da tecnologia, Jorge, Pereira e Adghirni (2009) ressaltam que o jornalista profissional deve provar – ainda mais - a importância do fator humano na produção da informação, e, para este fim, devem buscar o aperfeiçoamento de seus conhecimentos e o acolhimento às novas tecnologias, que servem, no final das contas, como qualquer outro meio de comunicação, na função de “mediador entre a mensagem que quer passar e a melhor recepção possível para fazer-se entender” (JORGE, PEREIRA, ADGHIRNI, 2009, p. 88). Este capítulo teve o propósito de explorar as características da Internet, tendo esta sido exposta em seu contexto histórico e ainda analisada sob o enfoque comunicacional. Em um segundo momento, buscou-se observar as especificidades da Internet que colaboram para que esta seja não apenas incorporada às redações, mas torne-se uma eficiente aliada na produção de conteúdos jornalísticos. Para isto, foram detalhadas as características do jornalismo realizado para a plataforma web, e, posteriormente, analisou-se as alternativas para o exercício do jornalismo cidadão e profissional – em blogs e redes sociais, as particularidades do jornalista que se adapta para trabalhar na área, assim como a necessidade da presença do profissional em meio a um cenário onde a notícia não “pertence” apenas às empresas jornalísticas. Tendo sido elucidados, ainda nos primeiros capítulos, o que é jornalismo cultural e como funciona o jornalismo praticado on-line, parte-se, em um próximo momento, para a análise da cobertura jornalística realizada por dois portais de
72
notícias diferenciados – G1 e POPline – a respeito dos shows do grupo musical Backstreet Boys no Brasil, em junho de 2015. Sendo esta a finalidade principal do trabalho, a análise visa compreender como um portal tradicional e outro segmentado abordam um mesmo fato, identificando, também, a linguagem utilizada pelos portais em notícias relacionadas à área cultural.
73
4 A COBERTURA JORNALÍSTICA DOS SHOWS DOS BACKSTREET BOYS NO BRASIL EM 2015 O quarto capítulo deste trabalho dá forma à análise da cobertura jornalística feita pelos portais G1 e POPline sobre os oito shows realizados pelos Backstreet Boys no Brasil, em junho de 2015. As notícias observadas pela autora são as publicadas pelos dois sites de notícias no período de fevereiro a junho de 2015. Dentre todo o conteúdo jornalístico levantado, duas matérias de cada portal são analisadas particularmente, de acordo com o protocolo metodológico de análise de cobertura proposto por Silva e Maia (2011). A análise verifica as características de cada portal, no que se refere à comunicação dos fatos ao público-alvo de cada um, e ainda investiga as diferenças e semelhanças no teor dos fatos considerados como notícia pelos jornalistas de cada portal.
4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para a realização da análise proposta na presente monografia, foi feita uma pesquisa bibliográfica e documental. Através destes, adquire-se o embasamento necessário para a compreensão do plano geral no qual se insere o objeto de estudo. A pesquisa bibliográfica consiste, na visão de Ida Regina Stumpf (2006), em um planejamento que visa a identificação, localização e obtenção de bibliografia, ou seja, de literatura e documentos pertinentes sobre um determinado assunto. Este é útil, ainda segundo Stumpf (2006), para evidenciar o pensamento de autores a respeito do assunto, complementando, de forma consistente, as ideias e opiniões expressas pelo pesquisador. As fontes para uma pesquisa bibliográfica são, além dos livros de leitura corrente, obras de referência (que não necessitam, obrigatoriamente, de uma leitura do início ao fim), teses e dissertações, periódicos científicos, anais de encontros científicos e periódicos de indexação e resumo (GIL, 2008). A finalidade da pesquisa bibliográfica, de acordo com Marconi e Lakatos (2009), é familiarizar o pesquisador a todo o conteúdo já publicado sobre o tema de estudo. O referencial teórico empregado à pesquisa bibliográfica deste trabalho
74
conta com autores da área da comunicação, que, através de livros, teses, dissertações e artigos, contribuem no entendimento de dois eixos da monografia: a cultura como área trabalhada pelo jornalismo e, ainda, a prática do jornalismo cultural na plataforma da Internet. Complementando a pesquisa bibliográfica, este trabalho faz uso da pesquisa documental, que apesar de manter semelhanças com a primeira, diferencia-se na natureza das fontes. Gil (2008) explica que, na pesquisa documental, os materiais utilizados não receberam, ainda, um tratamento analítico. Estes podem ser, ainda segundo o autor, de primeira mão, quando ainda não receberam nenhum tipo de tratamento analítico – documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações e etc. – ou ainda de segunda mão, quando já passaram por algum tipo de análise – relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas e etc. Para complementar a pesquisa realizada neste trabalho, são utilizados sites, fotografias, revistas e filmes (documentários). Documentos de primeira mão (com exceção dos documentários em vídeo) que auxiliam, principalmente, na apresentação do grupo musical Backstreet Boys e sua relevância como fato jornalístico, e, ainda, na descrição dos dois portais de notícias on-line que serão analisados. A pesquisa proposta neste trabalho será amparada no protocolo metodológico de análise de cobertura jornalística, produzido por Gislene Silva e Flávia Dourado Maia (2011). No protocolo, que se apresenta como uma metodologia voltada para o campo do jornalismo, Silva e Maia preconizam que o processo de produção da notícia deixa marcas no produto final. Assim, através de uma visão mais aberta sobre o acontecimento jornalístico, realiza-se um estudo através da apuração, composição e disposição para a leitura de um texto jornalístico, onde as autoras afirmam ser possível reconstituir, através das marcas organizacionais, o caminho percorrido pelo jornalista – e também pelo veículo ao qual ele é contratado – na construção do material informativo. O objetivo das autoras ao aplicar o protocolo metodológico em um objeto de estudo, é “identificar e tipificar as especificidades da atividade jornalística, mapeando tendências e possíveis lacunas na obtenção, averiguação e apresentação das notícias” (SILVA e MAIA, 2011, p. 26).
75
A análise da cobertura jornalística proposta por Silva e Maia (2011) é dividida em três níveis: marcas da apuração, marcas da composição do produto e aspectos da caracterização contextual. No primeiro nível, observa-se isoladamente a matéria jornalística, no segundo nível, a esfera de recursos visuais em que a matéria está inserida é levada em conta na análise, e, no terceiro nível, a visão sobre a matéria é amplificada ao contexto sócio-histórico-cultural em que esta é elaborada, observando-se, ainda, os aspectos organizações que influem no teor dos textos noticiosos. Colocando em prática o protocolo metodológico elaborado por Silva e Maia (2011), é necessária a verificação, dentro da notícia, de alguns tópicos. No primeiro nível da análise, verifica-se a assinatura do repórter, o local de apuração e as fontes consultadas. No segundo nível, observa-se o gênero jornalístico do texto, a localização do texto na página e os recursos visuais adicionais. No terceiro e último nível, amplia-se a visão para as características internas do veículo jornalístico – como as rotinas produtivas da redação, o público-alvo, o formato do produto e etc. e externas da produção do conteúdo – conjuntura sócio-histórica-cultural envolvida na visão do jornalista sobre o fato. No presente trabalho, o protocolo metodológico de análise de cobertura jornalística proposto por Silva e Maia (2011), que é originalmente destinado aos textos jornalísticos impressos, é adaptado para textos informativos originados na web. É necessário, desta maneira, relembrar as especificidades do webjornalismo que o diferenciam da atividade praticada em veículos impressos. De acordo com Mielniczuk (2003), a Internet permite o uso de várias mídias (fotos, textos e vídeos) de forma integrada e complementar. Esta característica, juntamente à atualização constante – em tempo real – de últimas notícias e à hipertextualidade, faz com que a Internet represente uma forma distinta de atividade jornalística. Ainda assim, o método de Silva e Maia (2011) é integrado à presente pesquisa, mesmo esta tratando de notícias publicadas on-line, pelo motivo da permanência dos fundamentos do jornalismo seja em qualquer formato ou plataforma. Neste sentido, retorna-se ao ponto de vista de Castilho (2005), quando o autor afirma que os objetivos e valores do jornalismo não mudam na web. Considera-se, ainda, a opinião
76
exposta por Aguiar (2009), de que os critérios de noticiabilidade consagrados nos veículos impressos não perdem sua validade na Internet. A predileção pelo estudo do conteúdo jornalístico de portais on-line reserva motivos intencionais. Compreende-se, primeiramente, que coberturas relacionadas à esfera cultural são mais frequentes em veículos on-line do que em impressos, onde, normalmente, costuma ser publicada apenas uma nota ou notícia a respeito. Os motivos que justifiquem diferentes espaços dedicados ao jornalismo cultural podem ir desde o espaço físico que é maior nos veículos on-line do que em impressos, até a possibilidade da existência de portais on-line dedicados exclusivamente aos conteúdos culturais, diferentemente das editorias no suporte físico. No caso específico da vinda do grupo Backstreet Boys ao Brasil em junho de 2015, os veículos impressos destacaram mais informações em dois momentos: quando a banda informou que viria ao Brasil (ainda em fevereiro) e após a realização de cada um dos oito shows realizados no país (já no mês de junho). Falando de forma mais abrangente, o jornalismo cultural (seja em uma única notícia ou em uma grande cobertura) tem ganhado maior espaço na Internet do que em veículos impressos, por motivos que vão desde a limitação imposta pela própria plataforma dos jornais e revistas, os quais obviamente possuem menor espaço em comparação com uma página da web, ou ainda por falta de interesse editorial das empresas jornalísticas. A Internet, então, está sendo considerada como o espaço onde a informação relacionada ao universo cultural é mais facilmente encontrada e disseminada, tanto por portais quanto por blogs ou redes sociais. Neste trabalho, a escolha objetiva pelos portais de notícias G1 e POPline, excluindo um olhar acerca de redes sociais e blogs, se deve à intenção de manter o foco da investigação no jornalismo cultural praticado por veículos profissionais e de grande abrangência na web. Assim, este trabalho faz uma análise da cobertura jornalística sobre a vinda dos Backstreet Boys ao Brasil em 2015, realizada por um site de notícias tradicional e direcionado a diversos públicos (portal G1) e, ainda, por outro site de notícias segmentado, direcionado a um tipo de público em específico (portal POPline).
77
Visto que o objetivo principal desta monografia é analisar uma cobertura jornalística, entende-se que é importante conceituar e compreender o que se constitui como uma cobertura, dentro do campo do jornalismo, conforme será apresentado a seguir.
4.2 COBERTURA JORNALÍSTICA: FUNÇÕES E CARACTERÍSTICAS Um acontecimento, por si só, não caracteriza uma notícia. Como afirma Patrick Charaudeau (2006), um acontecimento não existe antes que seja assim identificado e eleito como um acontecimento. Assim, o autor complementa que um fato só adquire tal significado através do discurso midiático. O jornalismo exerce, aí, o poder de transfigurar fatos do cotidiano em notícias. Desta forma, Charaudeau (2006, p. 132) compreende a notícia como “um conjunto de informações que se relaciona a um mesmo espaço temático, tendo um caráter de novidade, proveniente de uma determinada fonte e podendo ser diversamente tratado”. Charaudeau (2006) chama a atenção, ainda, ao significado da expressão notícia. Para ele, é incorreto limitar o termo “notícia” apenas ao que é novo, como sugere a própria expressão, pois as notícias podem prolongar-se no tempo, sendo enriquecidas posteriormente através das denominadas notícias “suítes”4. Permanecendo no ponto de vista de Charaudeau (2006), acerca da existência de continuidade em uma notícia, parte-se para o entendimento do que é uma cobertura jornalística, e como esta pode trabalhar as notícias (incluindo as suítes) nos veículos. Cárlida Emerim e Antonio Brasil (2011) definem uma cobertura como o trabalho de reportagem que acontece no local do acontecimento a ser noticiado, de acordo com os manuais de redação das empresas jornalistas. Porém, os autores reconhecem que, na prática, os próprios jornalistas entendem uma cobertura como todo o trabalho de reportagem que desdobre o fato em diferentes perspectivas e faça uma abordagem aprofundada sobre o assunto, desenvolvendo o tema central deste.
4
Suíte, no jargão jornalístico, é “a sequência que se dá a um assunto quando a notícia é quente e continua a despertar interesse” (PATERNOSTRO, 1999, p. 151). É, assim, uma notícia que se configura como continuação da primeira, onde o acontecimento é exposto pela primeira vez.
78
De acordo com Emerim e Brasil (2011), uma cobertura jornalística pode ser dividida em duas formas de compreensão, sendo uma mais conceitual – chamada de grande cobertura - e outra temporal – chamada de cobertura grande. No caso da compreensão conceitual, a grande cobertura é aquela que se dedica a mostrar um acontecimento de forma aprofundada, exibindo todas as perspectivas possíveis até que estas se esgotem. Pela compreensão temporal, a cobertura grande é aquela que dura longo período de tempo, enquanto o assunto ainda tiver a capacidade de render novas pautas. É pertinente salientar que, na visão dos autores, ambas as formas de compreensão da cobertura jornalística não precisam ser realizadas, obrigatoriamente, de forma isolada. Elas podem, ao invés disso, misturar-se, dependendo do acontecimento que estiver sendo trabalhado como notícia, moldando-se, assim, uma cobertura desdobrada em profundidade e que perdure na mídia por um longo período. Além das classificações e conceitos já explicitados, Emerim e Brasil (2011) apontam outra particularidade da cobertura jornalística. Para os autores, uma cobertura pode ser produzida de forma retrospectiva ou prospectiva. No caso da cobertura retrospectiva, estas são ocasionadas pelo próprio acontecimento que se transforma em notícia. Diferentemente, a cobertura prospectiva é planejada e realizada antes mesmo que o fato noticiável ocorra, como em casos de eventos com data demarcada ou que aconteçam uma vez por ano, por exemplo. Os autores destacam que os responsáveis por determinar quais assuntos podem render uma grande cobertura são os próprios jornalistas, e sumarizando as especificidades da produção, Emerim e Brasil (2011, p. 5) ressaltam que uma cobertura é formada “por fatos que tem maior relevância e abrangência para a sociedade. Ou seja, notícias que mexem com a rotina das pessoas, que suscitam o interesse e se tornam temas principais da sociedade”. Aproximando o conceito proposto por Emerim e Brasil (2011) ao tema de pesquisa da presente monografia, é importante salientar as características da cobertura jornalística que foi realizada pelos portais de notícia on-line POPline e G1, sobre os oito shows apresentados pelo grupo musical Backstreet Boys no Brasil, em junho de 2015. Ambos os portais produziram uma cobertura grande dos eventos, pois começaram a noticiar sobre a confirmação da vinda do grupo ao país ainda em
79
fevereiro de 2015, e o acontecimento permaneceu na mídia até o mês de junho do mesmo ano, quando os oito shows foram realizados e o grupo deixou o Brasil. Podese definir a cobertura do G1 e do POPline como prospectivas, de acordo com o conceito de Emerim e Brasil (2011), visto que os shows do grupo viraram notícia meses antes de serem efetivamente realizados. É relevante a execução de uma análise da cobertura dos dois portais a respeito dos shows do grupo norte-americano, pois, ainda na concepção proposta por Emerim e Brasil (2011), no momento em que o grupo resolve trazer os shows da turnê mundial – intitulada In A World Like This - para o Brasil, a turnê dos Backstreet Boys se torna um assunto mais próximo, que pode mexer com a rotina de parte do público e atrai maior interesse dos que conhecem e são fãs da banda. A vinda da turnê mundial dos Backstreet Boys ao país foi escolhida como acontecimento base para a análise por três motivos: primeiro, pelo grupo não ser alvo frequente da cobertura jornalística por parte da imprensa nacional, salvo quando um fato envolve o grupo e shows deles no Brasil. Segundo, a afinidade e interesse da autora deste trabalho pelo grupo musical, fator que facilitou no conhecimento prévio de algumas informações sobre os cantores e, ainda, na busca pelos portais que cobriram de forma significativa a vinda da turnê In A World Like This ao país. O terceiro motivo é a quantidade de material jornalístico publicado a respeito dos shows da turnê e da vinda do grupo ao Brasil, fator que proporciona segurança ao estudo, pela vasta quantidade de notícias passíveis de análise. A escolha pelos dois portais de notícia é constituída pelo critério intencional da autora, que buscou um portal pertencente a um veículo tradicional de jornalismo – o G1 – e outro portal em estilo segmentado, especializado em cultura pop – o POPline. Comparando as notícias publicadas no G1 e no POPline sobre a vinda dos Backstreet Boys ao Brasil, a monografia busca elucidar detalhes como o espaço dado ao mesmo assunto em ambos os portais, assim como as linguagens próprias do meio tradicional e do meio especializado ao construir o fato jornalístico. É
importante
relembrar,
acerca
dos
veículos
on-line,
que
mesmo
diferenciando-se dos meios impressos em algumas especificidades, a web realiza uma apuração jornalística tal como a produzida para qualquer outro formato do
80
jornalismo, como já abordado anteriormente neste trabalho. Desta forma, é possível realizar a análise de um veículo on-line observando as mesmas características que seriam observadas em um meio impresso, ou ainda em jornais destinados à televisão e ao rádio. A seguir, serão expostas demais características e um breve contexto dos portais de notícias analisados e, posteriormente, será apresentado o grupo musical Backstreet Boys, tendo em vista sua representatividade e relevância no universo da música pop, por conta dos 22 anos de carreira do grupo e, ainda, da venda de mais de 130 milhões de álbuns.
4.2.1 Um breve histórico dos portais de notícia G1 e POPline Antes da análise das notícias publicadas nos dois portais, é válido adquirir uma noção histórica de ambos, compreendendo também o grau de relevância que os diferencia em meio a tantos outros portais on-line. O G1 é um portal de notícias pertencente ao Grupo Globo, que está no ar desde setembro de 2006. Sendo exclusivamente on-line, não atua em nenhum outro tipo de plataforma física, e, como afirma Alice Bentzen Fonseca Assumpção e Ana Luisa Marzano Amaral (2009), o portal possui uma redação em São Paulo, além de outras duas sucursais no Rio de Janeiro e em Brasília. De acordo com o Mídia Kit5, o G1 recebe, em média, mais de 411 milhões de páginas vistas por mês, sendo 24,3 milhões de visitantes únicos. Incluído neste número, 29% dos visitantes têm entre 25 e 34 anos, e 24% têm entre 15 e 24 anos, configurando, assim, uma maioria de acessos vinda de adolescentes e jovens adultos. O portal disponibiliza notícias oriundas de outras empresas do Grupo Globo e a partir de 20106 integrou redações das sucursais estaduais da Rede Globo. O G1 foi selecionado como veículo passível de análise no presente trabalho, por este pertencer a uma das grandes empresas de comunicação do Brasil, o que resulta em maior poder de legitimidade e confiança por parte dos internautas em 5
Mídia Kit – G1. Disponível em: <http://anuncie.globo.com/redeglobo/sites/noticias/g1/home.html>. Acesso em: 11 out. 2015. 6 Wikipedia – G1. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/G1>. Acesso em: 11 out. 2015.
81
relação ao portal. Assim como já abordado no capítulo sobre webjornalismo, com a presença de muitos sites informativos, muitos destes acabam por perder sua credibilidade, e alguns, como o próprio G1, destacam-se em prol do nome de grandes empresas jornalísticas que os sustentam. O portal segmentado abordado no presente trabalho, o POPline, é especializado em notícias sobre música – e artistas – do gênero pop. O POPline entrou no ar em julho de 2006, ainda como uma rádio on-line. A partir de 2008, se tornou um portal de notícias, e, no decorrer de sua trajetória, era mantido por parcerias com outras grandes empresas de comunicação voltadas à esfera cultural, dentre elas Vírgula/Jovem Pan, MTV e Mix. Em 2015, o site encerrou a parceria com o Grupo Mix, tornando-se independente na web. De acordo com o diretor de conteúdo e operações do POPline, Flávio Saturnino7, o site possui – no mês de outubro de 2015, enquanto é produzida a presente monografia – cerca de 500 mil acessos diários; durante o ano de 2014, o site contabilizou mais de 140 milhões de acessos8. Com uma equipe de onze profissionais, incluindo cinco jornalistas e dois colunistas, o portal POPline é um dos sites mais lembrados quando o internauta procura por notícias sobre música pop, aparecendo inclusive como primeira opção na página de pesquisas Google, quando busca-se pelos termos “portal, música, pop”. O portal POPline foi selecionado como o segundo veículo para a análise, pela razão de o portal possuir a experiência de nove anos no ar, sendo considerado uma das referências na web quando se pensa em notícias sobre o universo pop. O portal, também, dedicou-se em realizar uma cobertura completa sobre os shows dos Backstreet Boys no Brasil, fornecendo uma cobertura jornalística cultural passível de análise. É importante destacar que, apesar de ambos os portais possuírem uma forte presença nas redes sociais mais populares entre os internautas (Facebook, Twitter, Instagram), o objeto de estudo deste trabalho não inclui posts oriundos das redes
7
Informações obtidas através do perfil de Flávio Saturnino na rede social Facebook. Disponível em: <https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=376477509228624&id=100005991345656>. Acesso em: 14 out. 2015. 8 Informação obtida através da página do portal POPline. Disponível em: <http://www.portalpopline.com.br/sobre/>. Acesso em: 14 out. 2015.
82
sociais do G1 ou do POPline. O objetivo da monografia é manter o foco no jornalismo realizado dentro dos portais on-line, considerando que o conteúdo publicado nas redes sociais é o mesmo que foi produzido, originalmente, para o site, sendo apenas replicado em outras mídias. Desde o mês de fevereiro até o mês de junho, foram publicadas, ao todo, 13 notícias no portal G1 sobre a vinda dos Backstreet Boys ao Brasil, desde quando o grupo anunciou as primeiras datas dos shows até os dias seguintes à realização do último show no país e, consequentemente, a partida dos cantores para a Argentina, país seguinte no cronograma da turnê In A World Like This. Neste mesmo período, e sobre o mesmo assunto, o portal POPline publicou 16 notícias. Dentre esse material jornalístico, o trabalho analisará duas matérias de ambos os portais, sendo estas publicadas nos dias 9 e 13 de junho, respectivamente, sobre os shows da boyband no Rio de Janeiro e em São Paulo. Após a compreensão de quais materiais serão utilizados nesta análise, partese para a definição sobre quem são os Backstreet Boys, os principais personagens ao centro do material jornalístico publicado pelos veículos.
4.2.2 Backstreet Boys: história e relevância para a música pop Os Backstreet Boys são um grupo musical de gênero pop, sendo categorizados, também, como uma boyband. O grupo, originado em 1993 na cidade de Orlando, nos Estados Unidos, é formado pelos cantores Nick Carter, Brian Littrell, Howie Dorough, Kevin Richardson e A.J. McLean. O termo boyband é designado às bandas formadas por homens adolescentes ou jovens, que cantam músicas do gênero pop e fazem performances que incluem coreografias de dança em seus shows. Mesmo não sendo os precursores do formato, os Backstreet Boys são conhecidos como a maior boyband em atividade. De acordo com a revista Billboard9, os Backstreet Boys são, também, a segunda maior boyband da história, perdendo apenas para o grupo Boyz II Men.
9
10 Biggest Boy Bands (1987 – 2012). Billboard, 27 mar. 2012. Disponível em: <http://www.billboard.com/articles/list/502728/10-biggest-boy-bands-1987-2012>. Acesso em: 14 out. 2015.
83
O grupo, que no momento da realização desta monografia contabiliza 22 anos de carreira, foi influenciado por grupos vocais dos anos 60 e 70, como afirma o integrante Kevin Richardson (BACKSTREET Boys: Backstories Concert10), e deu início ao que Silvio Essinger (2008) classifica como uma onda mundial de lançamento de boybands na década de 90. A.J. McLean conta, em documentário mais recente11 sobre a boyband, que os Backstreet Boys já venderam, mundialmente, mais de 130 milhões de cópias de seus oito álbuns de estúdio e, ainda, de uma coletânea. Por consequência, o grupo também acumula prêmios relativos ao desempenho positivo dos álbuns vendidos. Entre os prêmios12, estão quatro (Artista do Ano, Álbum do Ano, Álbum de Artista do Ano e Álbum de Grupo do ano) ganhos de uma só vez no Billboard Music Awards de 1999, Grupo Musical Favorito ganho no People’s Choice Awards de 2000, Melhor Grupo ganho no MTV Europe Music Awards de 2000, e, ainda, uma nomeação ao Grammy Awards de 1999 na categoria Melhor Artista Novo. Além destes e outros prêmios recebidos ao longo da carreira, os Backstreet Boys ainda ganharam a chave da cidade de Orlando (cidade natal do grupo) no dia 7 de outubro de 1998, data que agora é chamada de “Backstreet Boys Day” no município, e chegaram ao topo da lista classificatória BillBoard 20013 com os álbuns Millennium e Black & Blue, consecutivamente em 1999 e 2000. No ano de 2009, os Backstreet Boys ganharam espaço no Guinness Book – livro dos recordes – pela vendagem do CD Millennium, que quebrou o recorde de vendas de um álbum na primeira semana de lançamento, em 1999, tendo vendido 1.134.000 cópias em sete dias. Antes mesmo de o grupo norte-americano ser conhecido mundialmente, ainda no início de sua divulgação na Europa, Brian Littrell conta (no documentário BACKSTREET Boys: Show’Em What You’re Made Of), que a boyband vendeu 14 milhões de cópias do primeiro CD homônimo. Nos Estados Unidos, o 10
BACKSTREET Boys: Backstories Concert. Brasil: Works, [1998?]. 1 DVD (80 min), widescreen, color. Produzido por Visual Entertainment. 11 BACKSTREET BOYS: Show’Em What You’re Made Of. Direção e Produção: Stephen Kijak. Intérpretes: Brian Littrell, Nick Carter, AJ McLean, Kevin Richardson, Howie Dorough. Música: Backstreet Boys. Brasil: Paris Filmes, 2015. 2 DVDs (109 min), widescreen, color. Produzido por Pulse Films e K-BAHN, LLC. 12 Informação obtida em página comemorativa oficial do grupo. Backstreet Boys: Celebration of 20 Years. Disponível em: <http://timeline.backstreetboys.com/>. Acesso em: 2 nov. 2015. 13 RETTIG, James. Backstreet Boys Announce New Studio Album and Summer Tour. Billboard, New York, 15 mai. 2013. Disponível em: < http://www.billboard.com/articles/columns/pop-shop/1562292/backstreet-boysannounce-new-studio-album-and-summer-tour>. Acesso em: 2 nov. 2015.
84
reconhecimento veio apenas com o lançamento do segundo CD, que no resto do mundo foi intitulado Backstreet’s Back, e nos Estados Unidos, por ser o álbum de estreia do grupo, foi homônimo. No país de origem dos Backstreet Boys, o sucesso em larga escala chegou com o terceiro CD, Millennium, em 1999. Já no Brasil, o que era chamado de “Backstreet Mania” pelas revistas teen dos anos 90 foi registrado desde os primeiros álbuns. Na classificação da ABPD14 (Associação Brasileira de Produtores de Discos), os CDs Backstreet Boys (1996) e Black & Blue (2000) foram certificados como disco de ouro e de platina, enquanto Backstreet’s Back (1997) e Millennium (1999) ganharam certificações de disco de ouro, de platina e de platina duplo, e, por último, a coletânea Greatest Hits: Chapter One também recebeu uma certificação de disco de platina. Até o ano de 2013, os Backstreet Boys haviam visitado o Brasil em outras três turnês, dos álbuns Black & Blue, Unbreakable e This Is Us, consecutivamente nos anos de 2001, 2009 e 2011. Em 2013, quando o grupo completou 20 anos de carreira, Nick, Kevin, Brian, A.J. e Howie foram presenteados com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, e no mesmo ano, lançaram o álbum de estúdio In A World Like This, primeiro após a volta do integrante Kevin Richardson (que havia deixado a banda em 2006, retornando em 2012). O CD ainda foi o primeiro gravado sob o selo próprio da boyband – K-BAHN Record Label – após o rompimento do contrato com a gravadora que os acompanhava desde o início da carreira. O CD foi lançado oficialmente no dia 30 de julho de 2013, e a turnê mundial de divulgação - que ficou conhecida, também, como turnê comemorativa dos 20 anos - começou em 2 de agosto do mesmo ano, pela américa do norte. Ao todo, a In A World Like This Tour passou, em ordem de realização dos shows, pelos países15: China (onde uma prévia da turnê foi realizada ainda entre os meses de maio e junho de 2013 16), Estados Unidos, Canadá, Japão, Portugal, Espanha, Itália, Polônia, Belarus, Rússia, Alemanha, Finlândia, Noruega, Suécia, Dinamarca, França, Suíça, Bélgica, Holanda, Irlanda, Escócia, Inglaterra, Hong Kong, Macau, Taiwan, Singapura, Malásia,
14
Informação obtida na página oficial da Associação Brasileira de Produtores de Discos. Disponível em: < http://www.abpd.org.br/home/certificados/?busca_artista=backstreet+boys>. Acesso em: 2 nov. 2015. 15 WIKIPEDIA. In A World Like This Tour. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/In_a_World_Like_This_Tour>. Acesso em: 2 nov. 2015. 16 NAN, Chen. Backstreet Boys kick off world tour in China. China Daily, S.l., 22 jan. 2013. Disponível em: < http://www.chinadaily.com.cn/china/2013-01/22/content_16157793.htm>. Acesso em: 2 nov. 2015.
85
Filipinas, Tailândia, Austrália, Nova Zelândia, Israel, Brasil, Argentina, Chile e México. A turnê, que teve ao todo 176 shows, realizou 8 destes em cinco cidades brasileiras, no mês de junho de 2015. Os Backstreet Boys se apresentaram no Recife (dia 6), no Rio de Janeiro (dias 8 e 11), em Belo Horizonte (dia 9), em São Paulo (dias 12, 13 e 14), e, por último, em Porto Alegre (dia 15). Inicialmente, a In A World Like This Tour traria o grupo ao país para cinco apresentações, mas a rápida venda dos ingressos e a grande demanda dos fãs do grupo fizeram com que fossem incluídas mais três datas adicionais17, sendo duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro. As músicas tocadas nos shows incluíram desde as composições mais conhecidas, como I Want It That Way e As Long As You Love Me, até músicas do CD mais recente, como Show’Em What You’re Made Of e Love Somebody. O clima proposto pela boyband na In A World Like This Tour foi de um show atual e comemorativo, onde a ideia era festejar as músicas novas ao mesmo tempo em que se relembrava a década de 90, em uma homenagem ao período em que o grupo se firmou na indústria musical. A imprensa brasileira divulgou a notícia da vinda da turnê, e ainda noticiou sobre os shows extras e após a realização de alguns dos shows, sendo estes cobertos, em alguns casos, por veículos próximos aos locais de realização dos shows. Com mais de duas décadas de carreira, os Backstreet Boys concentram uma numerosa base de fãs. Levando em conta os seguidores das redes sociais da boyband, observa-se que 10.998.554 fãs curtiram a página do grupo no Facebook18, enquanto 839.695 fãs seguem os cantores no Twitter19 e, ainda, 660.316 inscreveram-se no Instagram20 da boyband. Deve-se ressaltar que os números até agora informados se referem ao contexto mundial de fãs do grupo, por se tratarem de redes sociais oficiais dos Backstreet Boys. Realçando a base de fãs brasileira da
17
Com shows lotados, Backstreet Boys terá datas extras em SP e Rio. UOL, São Paulo, 26 mar. 2015. Disponível em: < http://guia.uol.com.br/noticias/2015/03/26/com-ingressos-esgotados-backstreet-boys-fara-show-extraem-sp-e-rio.htm>. Acesso em: 2 nov. 2015. 18 Backstreet Boys. Página do Facebook. Disponível em: <https://www.facebook.com/backstreetboys>. Acesso em: 4 nov. 2015. 19 Backstreet Boys. Página do Twitter. Disponível em: <https://twitter.com/backstreetboys>. Acesso em: 4 nov. 2015. 20 Backstreet Boys. Página do Instagram. Disponível em: <https://instagram.com/backstreetboys/>. Acesso em 4 nov. 2015.
86
banda, é possível contabilizar um número de admiradores através da página do Facebook de um dos maiores sites brasileiros dedicados a eles: na página Backstreet Boys Brasil21, contabilizam-se 10.549 curtidas. Em outros grupos no Facebook que são bastante divulgados entre os fãs, constatam-se 4.505 membros no grupo brasileiro BSB Fan Club Don’t Stop Dreaming, 4.758 membros no Backstreet Boys ONLY e ainda 6.150 participantes do grupo intitulado Backstreet Boys (Brasil). Lembrando que os números informados a respeito da base de fãs da boyband foram levantados pela autora da monografia no dia 4 de novembro de 2015, e podem mudar – para mais ou para menos – a qualquer momento. Entende-se que a coletividade que curte ou segue os Backstreet Boys nas redes sociais abrange desde admiradores do trabalho da banda até fãs “fiéis” que buscam informações mais aprofundadas sobre o grupo. Ambos os tipos de público possuem conhecimentos prévios sobre a banda, sejam desde os mais simples como o nome dos integrantes e de algumas músicas, quanto, ainda, dados mais detalhados como o ano de lançamento de outros CDs e outras turnês que passaram pelo Brasil. Os números levantados colaboram para a visão de um público-alvo a quem se destinam as notícias publicadas sobre a vinda da turnê In A World Like This ao Brasil, incluindo as notícias analisadas a seguir, nesta monografia.
21
Backstreet Boys Brasil. Página do Facebook. Disponível em: <https://www.facebook.com/BSBBR>. Acesso em: 4 nov. 2015.
87
4.3 ANÁLISE DA COBERTURA JORNALÍSTICA: G1 E POPLINE Para a análise da cobertura foram escolhidos quatro textos jornalísticos, sendo dois publicados pelo portal G1 e outros dois publicados pelo portal POPline, sobre a vinda da turnê dos Backstreet Boys ao Brasil. O propósito é investigar a forma como um mesmo acontecimento da área cultural é tratado por um veículo online tradicional e outro especializado, direcionado a um público segmentado. Através de tal investigação, será observada, ainda, a linguagem utilizada por cada portal, em sua cobertura, para alcançar o público-alvo das notícias: desde fãs do grupo até as demais pessoas interessadas em saber sobre os shows deles. A turnê mundial dos Backstreet Boys, como já abordado, viria ao Brasil inicialmente para cinco shows, sendo adicionados, posteriormente, mais três shows extras: dois em São Paulo e um no Rio de Janeiro. Por estas cidades terem recebido shows extras e, por consequência, maior atenção da mídia, ambos os portais analisados publicaram textos no dia seguinte ao primeiro show realizado tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. Assim, a autora selecionou as matérias publicadas nos dias 9 e 13 de junho, por serem, estas, sobre os mesmos eventos com a abordagem de ambos os sites. Tal aspecto possibilita, ao final do presente capítulo, uma comparação entre o conteúdo e a linguagem trabalhada no jornalismo cultural praticado pelos portais G1 e POPline. Como já informado no item 4.1 desta monografia, a análise da cobertura feita pelos portais G1 e POPline sobre os shows dos Backstreet Boys no Brasil é amparada no protocolo metodológico elaborado por Silva e Maia (2011). Desta maneira, a análise segue as três etapas definidas no protocolo: marcas da apuração, marcas da composição do produto e aspectos do contexto de produção. Na primeira fase da análise, é apresentado um panorama geral a respeito das notícias publicadas entre fevereiro e junho de 2015, período em que a vinda do grupo pop ao Brasil foi notícia nos dois portais. Após, são analisadas as quatro matérias selecionadas pela autora a partir do protocolo metodológico de Silva e Maia (2011). Finalmente, comparam-se as diferenças e semelhanças na linguagem do material jornalístico dos portais G1 e POPline.
88
4.3.1 Material jornalístico publicado pelos portais G1 e POPline entre fevereiro e junho de 2015, sobre a vinda da turnê dos Backstreet Boys ao Brasil Meses antes de o grupo norte-americano chegar em solo brasileiro, ainda em fevereiro, o anúncio oficial de que a turnê mundial passaria pelo país foi notícia em muitos veículos on-line, inclusive nos portais G1 e POPline. No dia 25 de fevereiro, ambos os portais escreveram textos curtos e diretos, informando sobre datas e locais onde o grupo se apresentaria.
Figura 1: Notícia sobre a vinda do BSB ao Brasil – G1, 25 de fevereiro de 2015
Fonte: Backstreet Boys anuncia que vai fazer turnê no Brasil em junho. G1, São Paulo, 25 fev. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/02/backstreet-boys-anuncia-que-vai-fazerturne-no-brasil-em-junho.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
No G1, a notícia foi publicada na editoria Música, às 15h10min (atualizada às 16h20min), com cinco parágrafos curtos e uma linha de apoio que destaca as cidades onde o grupo se apresenta, juntamente aos valores dos ingressos. O texto conta sobre o anúncio feito oficialmente pela boyband e informa, ainda, que os cantores vêm ao país com a formação original para apresentar a turnê de promoção do álbum mais recente. Além disso, são informados apenas os valores dos ingressos (e ainda, que estes não estão à venda) e os locais onde os shows acontecerão. A notícia não possui assinatura de um jornalista, apenas a indicação de que foi escrita pela redação do veículo localizada em São Paulo. A imagem que
89
ilustra a matéria foi retirada de uma agência de notícias, e mostra os Backstreet Boys na celebração feita quando o grupo ganhou uma estrela na Calçada da Fama, em 2013. Sendo elaborada em caráter de serviço, ao final da notícia há, ainda, um box com as informações necessárias sobre todos os cinco shows, informando sobre locais de compra de ingressos, data, hora, local e classificação etária do show. A notícia completa do portal G1 pode ser conferida no Anexo A.
Figura 2: Notícia sobre a vinda do BSB ao Brasil – POPline, 25 de fevereiro de 2015
Fonte: TORRES, Leonardo. Backstreet Boys anunciam cinco shows no Brasil para junho. POPline, S.l., 25 fev. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/backstreet-boys-anunciam-cincoshows-no-brasil-para-junho/>. Acesso em: 17 out. 2015.
Na notícia publicada pelo portal POPline, o texto foi ainda mais curto, tendo apenas três parágrafos. A informação foi a mesma já divulgada pelo G1, no POPline, sendo expostas apenas as datas e locais dos shows, além do fato de esta ser a primeira vez que o grupo vem ao Brasil, desde que Kevin Richardson voltou a cantar com os Backstreet Boys. A ilustração da matéria é um videoclipe de uma das músicas da boyband, intitulada I Want It That Way, além de uma imagem da banda que é padronizada pelo site no topo de cada notícia que se refira aos cantores. A notícia foi publicada às 13h18min e assinada pelo jornalista Leonardo Torres. A notícia completa do portal POPline pode ser conferida no Anexo B.
90
Observando as duas notícias, mesmo não utilizando, ainda, o protocolo metodológico de Silva e Maia (2011), percebe-se a preocupação do repórter do G1 em ambientar o leitor a respeito de quem são os Backstreet Boys, visto que detalhes como o sucesso da banda na década de 1990, os nomes dos integrantes e a quantidade de álbuns vendidos são citados. A matéria do POPline, ao contrário, demonstra que a redação do veículo segmentado, além de obter a notícia antes do veículo tradicional, noticiou ao público interessado em música pop cerca de duas horas antes, não necessitando explicar quem é a banda, apenas o fato de que eles viriam ao Brasil. Por motivos como esse, nota-se que o texto publicado no POPline é ainda menor do que o publicado no portal do G1. Após a “explosão” do anúncio oficial feito pelo grupo, ambos os portais passaram cerca de um mês sem publicar notícias novas a respeito da vinda da turnê In A World Like This ao país. Abaixo, o Quadro 1 expõe a relação de matérias publicadas pelos portais G1 e POPline, no período após a divulgação dos shows no país até a chegada da banda ao Brasil, no dia 5 de junho.
Quadro 1 – Notícias publicadas pelos portais no período entre março e início de junho G1 G1 POPline
26/03 03/06 23/03
POPline
24/03
POPline
25/03
22
Backstreet Boys fará shows extras em São Paulo e Rio na turnê de junho 23 Backstreet Boys participarão de 'after party' com fãs em Porto Alegre Ingressos para melhores setores dos shows dos Backstreet Boys no Brasil 24 esgotam rapidamente Produtora registra mais de 30 mil acessos em venda de ingressos para shows 25 dos Backstreet Boys no Brasil 26 Produtora anuncia dois shows extras dos Backstreet Boys no Brasil
22
Fonte: Backstreet Boys fará shows extras em São Paulo e Rio na turnê em junho. G1, São Paulo, 26 mar. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/03/backstreet-boys-fara-shows-extras-emsao-paulo-e-rio-na-turne-de-junho.html>. Acesso em: 17 out. 2015. 23 Fonte: Backstreet Boys participarão de ‘after party’ com fãs em Porto Alegre. G1, Rio Grande do Sul, 3 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/musica/noticia/2015/06/backstreet-boysparticiparao-de-after-party-com-fas-em-porto-alegre.html>. Acesso em: 17 out. 2015. 24
Fonte: TORRES, Leonardo. Ingressos para melhores setores dos shows dos Backstreet Boys no Brasil esgotam rapidamente. POPline, S.l., 23 mar. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/ingressos-paramelhores-setores-dos-shows-dos-backstreet-boys-no-brasil-esgotam-rapidamente/>. Acesso em: 17 out. 2015. 25 Fonte: TORRES, Leonardo. Produtora registra mais de 30 mil acessos em venda de ingressos para shows dos Backstreet Boys no Brasil. POPline, S.l., 24 mar. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/produtora-registra-mais-de-30-mil-acessos-em-venda-de-ingressos-parashows-dos-backstreet-boys-no-brasil/>. Acesso em: 17 out. 2015. 26 Fonte: OLIVEIRA, Ricardo. Produtora anuncia dois shows extras dos Backstreet Boys no Brasil. POPline, S.l., 25 mar. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/produtora-anuncia-dois-shows-extras-dosbackstreet-boys-no-brasil/>. Acesso em: 17 out. 2015.
91
POPline
26/03
POPline POPline
15/04 03/06
POPline
05/06
Venda de ingressos para shows extras dos Backstreet Boys no Brasil começa 27 amanhã 28 Backstreet Boys marcam segundo show extra em São Paulo Backstreet Boys cobram mais de R$ 700 em ingresso para festinhas com fãs no 29 Brasil 30 Backstreet Boys têm problema com voo para chegar ao Brasil Fonte: Autora (2015)
Por meio das notícias publicadas pelos portais e expostas no Quadro 1, percebe-se que o G1 fez uma cobertura mais direta, falando apenas sobre os shows extras e a realização de uma festa (chamada de after party) com os fãs de Porto Alegre. No caso do POPline, as notícias sobre a turnê do grupo no Brasil foram mais frequentes, informando especialmente sobre a venda dos ingressos para os shows. Tendo a noção do material jornalístico disseminado nos portais antes da chegada da banda ao país, é relevante, também, conferir a cobertura produzida pelos portais G1 e POPline no período em que o grupo se apresentava em cinco cidades brasileiras. No portal G1, observou-se que a cobertura realizada manteve duas das principais características da Internet citadas por Mielniczuk (2003): multimidialidade e hipertextualidade. Nas notícias do portal, há grande conexão entre textos, imagens e vídeos, possuindo, ainda, links para galerias de fotos e para outras notícias relacionadas aos Backstreet Boys. O portal POPline, em contrapartida, recompensa a pouca utilização de tais recursos por conta de textos imersivos no ambiente dos shows, assinados por integrantes da equipe do portal que presenciaram os eventos e contaram sua experiência através de reportagens mais aprofundadas.
27
Fonte: FAIA, Amanda. Venda de ingressos para shows extras dos Backstreet Boys no Brasil começa amanhã. POPline, S.l., 26 mar. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/venda-de-ingressos-parashows-extras-dos-backstreet-boys-no-brasil-comeca-amanha/>. Acesso em: 17 out. 2015. 28 Fonte: TORRES, Leonardo. Backstreet Boys marcam segundo show extra em São Paulo. POPline, S.l., 15 abr. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/backstreet-boys-marcam-segundo-show-extra-emsao-paulo/>. Acesso em: 17 out. 2015. 29 Fonte: TORRES, Leonardo. Backstreet Boys cobram mais de R$ 700 em ingresso para festinhas com fãs no Brasil. POPline, S.l., 3 jun. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/backstreet-boys-cobrammais-de-r-700-em-ingresso-para-festinhas-com-fas-no-brasil/>. Acesso em: 17 out. 2015. 30 Fonte: TORRES, Leonardo. Backstreet Boys têm problema com voo para chegar ao Brasil. POPline, S.l., 5 jun. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/backstreet-boys-tem-problema-com-voo-parachegar-ao-brasil/>. Acesso em: 17 out. 2015.
92
Abaixo, nos Quadros 2 e 3, são apresentadas as matérias publicadas pelos portais G1 e POPline durante o mês de junho de 2015, período de realização dos oito shows da boyband no Brasil. Quadro 2 – Notícias publicadas pelo portal G1 no período de realização dos shows no Brasil 09/06 11/06 13/06 13/06 15/06 15/06 15/06 15/06 16/06 17/06
31
No Rio, Backstreet Boys garantem que 'brasileiras são as mais apaixonadas' 32 Vídeo interativo: Você sabe tudo sobre Backstreet Boys? 33 Backstreet Boys se apresentam em SP de olho no futuro e em 'bundas' 34 FOTOS: Backstreet Boys se apresentam em SP 35 Backstreet Boys encerra turnê brasileira com show em Porto Alegre 36 Backstreet Boys fazem pedidos 'light' para camarim em Porto Alegre; veja 37 De pé quebrado a longa viagem, vale tudo para ver o Backstreet Boys 38 Fãs voltam à adolescência em show dos Backstreet Boys em Porto Alegre 39 Trio dos Backstreet Boys leva fãs à loucura em casa noturna após show 40 Blog Pop e Arte: Qual Backstreet Boy envelheceu melhor? Fonte: Autora (2015)
31
Fonte: GONÇALVES, Andressa; VIDINHAS, Susan. No Rio, Backstreet Boys garantem que 'brasileiras são as mais apaixonadas'. G1, Rio de Janeiro, 9 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/06/no-rio-backstreet-boys-garantem-que-brasileiras-sao-maisapaixonadas.html>. Acesso em: 17 out. 2015. 32 Fonte: PAULO, Paula Paiva. Vídeo interativo: Você sabe tudo sobre Backstreet Boys? G1, S.l., 11 jun. 2015. Disponível em: <http://especiais.g1.globo.com/videos-interativos/#!/musica/voce-sabe-tudo-sobre-backstreetboys>. Acesso em: 17 out. 2015. 33 Fonte: SOTO, Cesar. Backstreet Boys se apresentam em SP de olho no futuro e em 'bundas'. G1, São Paulo, 13 jun. 2015. Disponível em: < http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/06/backstreet-boys-se-apresentam-nodia-dos-namorados-de-olho-no-futuro-e-em-bundas.html>. Acesso em: 17 out. 2015. 34 Fonte: MORAES, Flavio. FOTOS: Backstreet Boys se apresentam em SP. G1, S.l., 13 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/fotos/2015/06/fotos-backstreet-boys-se-apresentam-em-sp.html#F1667050>. Acesso em: 17 out. 2015. 35 Fonte: Backstreet Boys encerra turnê brasileira com show em Porto Alegre. G1, Rio Grande do Sul, 15 jun. 2015. Disponível em: < http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/musica/noticia/2015/06/backstreet-boysencerra-turne-brasileira-com-show-em-porto-alegre.html>. Acesso em: 17 out. 2015. 36 Fonte: Backstreet Boys fazem pedidos 'light' para camarim em Porto Alegre; veja. G1, Rio Grande do Sul, 15 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/musica/noticia/2015/06/backstreet-boysfazem-pedidos-light-para-camarim-em-porto-alegre-veja.html>. Acesso em: 17 out. 2015. 37 Fonte: De pé quebrado a longa viagem, vale tudo para ver o Backstreet Boys. G1, Rio Grande do Sul, 15 jun. 2015. Disponível em: < http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/musica/noticia/2015/06/de-pe-quebradolonga-viagem-vale-tudo-para-ver-o-backstreet-boys-no-rs.html>. Acesso em: 17 out. 2015. 38 Fonte: HAAS, Gabriela. Fãs voltam à adolescência em show dos Backstreet Boys em Porto Alegre. G1, Rio Grande do Sul, 15 jun. 2015. Disponível em: < http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/06/fasvoltam-adolescencia-em-show-dos-backstreet-boys-em-porto-alegre.html>. Acesso em: 17 out. 2015. 39 Fonte: HAAS, Gabriela. Trio dos Backstreet Boys leva fãs à loucura em casa noturna após show. G1, Rio Grande do Sul, 16 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/06/triodos-backstreet-boys-leva-fas-loucura-em-casa-noturna-apos-show.html>. Acesso em: 17 out. 2015. 40 Fonte: SOTO, Cesar. Blog Pop e Arte: Qual Backstreet Boy envelheceu melhor? G1, S.l., 17 jun. 2015. Disponível em: < http://g1.globo.com/pop-arte/blog/quem-curte-o-blog-de-fa-clube/post/qual-backstreet-boyenvelheceu-melhor.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
93
Quadro 3 – Notícias publicadas pelo portal POPline no período de realização dos shows no Brasil 07/06 08/06 08/06 09/06 11/06 13/06 16/06
Backstreet Boys no Brasil: com grupo completo, quinteto nos leva para uma 41 viagem de duas décadas em duas horas Backstreet Boys no Brasil: antes de shows, cantores passeiam pelo Rio de 42 Janeiro Backstreet Boys no Brasil: Nick Carter curte praia no Rio de Janeiro com fãs na 43 sua cola Backstreet Boys voltam a declarar amor pelos fãs brasileiros em show no Rio de 44 Janeiro Backstreet Boys no Brasil: Kevin Richardson leva a mulher para conhecer o 45 Cristo Redentor Backstreet Boys no Brasil: AJ ganha atenção (e o coração) das fãs em São 46 Paulo Backstreet Boys se despedem do Brasil após dez dias de estadia e oito shows 47 realizados Fonte: Autora (2015)
Observando os Quadros 2 e 3, percebe-se que o G1 manteve certo foco em notícias que “conversassem” com o público geral, seja através das próprias matérias que falam diretamente sobre os fãs do grupo ou ainda por meio de vídeos interativos destinados aos internautas. O portal POPline, por outro lado, enfocou o próprio grupo em suas matérias, contando sobre o dia-a-dia e as atividades realizadas pelos cantores, além de, obviamente, comentar sobre os shows em textos mais longos.
41
Fonte: FAIA, Amanda. Backstreet Boys no Brasil: com grupo completo, quinteto nos leva para uma viagem de duas décadas em duas horas. POPline, S.l., 7 jun. 2015. Disponível em: <http://portalpopline.com.br/backstreetboys-no-brasil-com-grupo-completo-quinteto-nos-leva-para-uma-viagem-de-duas-decadas-em-duas-horas>. Acesso em: 17 out. 2015. 42
Fonte: TORRES, Leonardo. Backstreet Boys no Brasil: antes de shows, cantores passeiam pelo Rio de Janeiro. POPline, S.l., 8 jun. 2015. Disponível em: <http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-no-brasil-antes-deshows-cantores-passeiam-pelo-rio-de-janeiro>. Acesso em: 17 out. 2015. 43
Fonte: TORRES, Leonardo. Backstreet Boys no Brasil: Nick Carter curte praia no Rio de Janeiro com fãs na sua cola. POPline, S.l., 8 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-no-brasil-nickcarter-curte-praia-no-rio-de-janeiro-com-fas-na-sua-cola>. Acesso em: 17 out. 2015. 44 Fonte: DUARTE, Carol. Backstreet Boys voltam a declarar amor pelos fãs brasileiros em show no Rio de Janeiro. POPline, S.l., 9 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-voltam-adeclarar-amor-pelos-fas-brasileiros-em-show-no-rio-de-janeiro>. Acesso em: 17 out. 2015. 45 Fonte: TORRES, Leonardo. Backstreet Boys no Brasil: Kevin Richardson leva a mulher para conhecer o Cristo Redentor. POPline, S.l., 11 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-no-brasilkevin-richardson-leva-a-mulher-para-conhecer-o-cristo-redentor>. Acesso em: 17 out. 2015. 46 Fonte: PACHECO, Marília. Backstreet Boys no Brasil: AJ ganha atenção (e o coração) das fãs em São Paulo. POPline, S.l., 13 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-no-brasil-aj-ganhaatencao-e-o-coracao-das-fas-em-sao-paulo>. Acesso em: 17 out. 2015. 47 Fonte: TORRES, Leonardo. Backstreet Boys se despedem do Brasil após dez dias de estadia e oito shows realizados. POPline, S.l., 16 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-sedespedem-do-brasil-apos-dez-dias-de-estadia-e-oito-shows-realizados>. Acesso em: 17 out. 2015.
94
Desta maneira, verifica-se a intenção, na cobertura realizada pelo G1, de apresentar ao público a existência de uma quantidade considerável de fãs do grupo, em textos que se direcionam não exclusivamente a quem já conhece ou acompanha a carreira dos Backstreet Boys, mas, também, a quem não tem conhecimento da carreira do grupo e imagina, por falta deste conhecimento, que os cantores só estiveram na ativa durante a década de 1990. Neste ponto, faz-se útil relembrar o ponto de vista de Charaudeau (2006), autor que acredita no jornalismo como responsável por legitimar um acontecimento. Para o autor, um fato só é dado como verídico após ser convertido em notícia pela mídia e, assim, informado como um acontecimento. No caso dos Backstreet Boys e da cobertura realizada pelo G1, o que se percebe é um exemplo do que é exposto por Charaudeau (2006), visto que após o hiato da banda, já mencionado no item 4.2.2, a mídia reduziu o número de notícias publicadas sobre eles. Com menos informações divulgadas largamente pelos portais on-line, o público pode passar a supor que o grupo abandonou, realmente, a carreira musical. Diferentemente do que se percebe na cobertura realizada pelo portal G1, no POPline as notícias aparentam ser direcionadas a um internauta que, mesmo não sendo fã, ao menos conhece o grupo. Tal indicação a um público segmentado é perceptível através do conteúdo das notícias que, como já mencionado há pouco, não possui tanta necessidade em mostrar que o grupo “ainda tem fãs”, e informa até mesmo sobre atividades alheias à música, como os passeios feitos pelos cantores. Além do conteúdo das matérias, observa-se o uso frequente dos nomes dos integrantes dos Backstreet Boys nos títulos das matérias, o que indica que o público leitor saberá qual dos cinco cantores é o que está sendo retratado nas notícias. Por último, como já abordado ainda no início deste item, o texto do POPline revela-se curto por não haver a necessidade de ambientar o leitor acerca de quem são os cantores e porque estes são relevantes a ponto de “protagonizarem” uma notícia. Mais
tarde,
ainda
neste
capítulo,
serão
apresentadas
as
demais
especificidades das coberturas jornalísticas realizadas, tanto pelo portal G1 quanto pelo portal POPline, sobre os shows do grupo norte-americano no Brasil. Antes, porém, é indispensável seguir para uma análise das quatro matérias selecionadas previamente pela autora da monografia, sob orientação do protocolo metodológico
95
de Silva e Maia (2011). O propósito é que se possa compreender a linguagem dos veículos, no que se refere ao jornalismo cultural, através das marcas deixadas pelo processo de produção nas notícias.
4.4 ANÁLISE DAS REPORTAGENS SELECIONADAS Tendo uma compreensão sobre todo o conteúdo jornalístico publicado pelos dois portais sobre a vinda dos Backstreet Boys e a realização dos oito shows deles no Brasil, este momento do trabalho se dedica a examinar as quatro notícias selecionadas pela autora, sendo estas publicadas nos dias 9 e 13 de junho, nos portais G1 e POPline. Em cada um dos dias apontados, ambos os portais informaram sobre o primeiro show da turnê In A World Like This realizado no Rio de Janeiro e em São Paulo. Analisando notícias sobre os mesmos eventos, é possível enxergar a forma e a linguagem utilizada pelos portais para transmitir o acontecimento, assim como demais diferenças e características do jornalismo cultural exercido por um portal tradicional e outro segmentado.
4.4.1 Matéria 1 – “No Rio, Backstreet Boys garantem que 'brasileiras são as mais apaixonadas'” – G1 A primeira matéria a ser analisada foi publicada no dia 9 de junho de 2015, às 7h40min, no dia seguinte ao primeiro show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro (sendo este o segundo show da turnê em solo brasileiro), como ilustrado na Figura 3. A última atualização da matéria foi feita no dia seguinte (10 de junho) às 16h44min. A matéria completa pode ser conferida no Anexo C.
96
Figura 3: Matéria sobre show dos BSB no Rio de Janeiro – G1, 09 de junho de 2015
Fonte: GONÇALVES, Andressa; VIDINHAS, Susan. No Rio, Backstreet Boys garantem que 'brasileiras são as mais apaixonadas'. G1, Rio de Janeiro, 9 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/06/no-rio-backstreet-boys-garantem-que-brasileiras-saomais-apaixonadas.html>. Acesso em: 18 out. 2015.
Inserindo a matéria no primeiro nível analítico do protocolo metodológico de Silva e Maia (2011), observa-se que o texto é assinado pelas repórteres Andressa Gonçalves e Susan Vidinhas. O teor do texto e ainda o vídeo inserido à matéria deixam indícios de que as repórteres foram enviadas especiais do G1 ao local do show, e, desta maneira, fizeram a apuração da matéria in loco. O que facilita a cobertura jornalística de eventos, tal como foi realizado na produção desta matéria, é o fato de o G1 possuir uma redação no Rio de Janeiro, possibilitando o deslocamento do repórter. Assim, é produzida uma matéria mais aprofundada, diferenciada de outras notícias meramente informativas que costumam ser feitas no jornalismo cultural. A origem das informações é de primeira mão, visto que as repórteres foram ao local do show e, inclusive, assistiram a apresentação dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro previamente à elaboração da matéria. Ao final do texto, para informar sobre os locais e horários dos próximos shows do grupo no Brasil, são utilizadas informações de segunda mão, que podem ser provenientes de outros veículos jornalísticos, agências de notícias ou, ainda, do ciberespaço (captadas no site oficial do grupo). Não há entrevistados e, por isso, não foram utilizadas fontes para a obtenção de informações complementares. O que se observa, porém, é que as
97
repórteres utilizaram depoimentos proferidos pelos cantores durante a apresentação, enquanto eles conversavam com as fãs da plateia. Partindo para o segundo nível da análise, onde são investigadas as marcas da composição do produto, a matéria do G1 apresenta-se como uma reportagem de gênero diversional, enquadrando-se na classificação de história de interesse humano, proposta por Marques de Melo e Francisco de Assis (2010). Francisco Beltrão (1969, p. 195) define a reportagem como “o relato de uma ocorrência de interesse coletivo, testemunhada ou colhida na fonte por um jornalista e oferecida ao público, em forma especial e através dos veículos jornalísticos”, sendo, em essência, uma notícia produzida de forma mais aprofundada. É útil relembrar, acerca do gênero diversional, que Assis (2010) o entende como o gênero que trabalha com recursos da literatura para transmitir uma informação factual de forma menos séria e sisuda, fazendo um elo entre a informação e o entretenimento. Dentro do gênero diversional, a história de interesse humano é aquela escrita em detalhes, que busca mexer com a emoção do leitor. A reportagem publicada no G1, sobre o show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro, é um texto de onze parágrafos que somam 3.317 caracteres. A matéria está publicada na editoria de Música do portal G1, e possui, como destaque na página, uma frase dita pelo cantor Kevin Richardson. Na página, há um espaço para comentários, e além deste espaço, há também links para o compartilhamento da matéria nas redes sociais, que disponibilizam outras formas de interação com o leitor. Na caixa de comentários da própria página, são contabilizados 98 comentários. A página não divulga o número de compartilhamentos da notícia nas redes sociais, e no Facebook não foram postadas chamadas para a notícia. Também é interessante citar que a matéria foi destaque na página principal do portal G1, ainda no dia 9 de junho, como mostra a Figura 4.
98
Figura 4: Página principal do portal G1, em 09 de junho de 2015
Fonte: Wayback Machine. G1, Rio de Janeiro, 9 jun. 2015. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20150609182643/http://g1.globo.com/index.html>. Acesso em: 18 out. 2015.
A reportagem possui alguns recursos visuais adicionais ao texto, sendo estas fotografias e um vídeo. Uma das fotografias foi feita por Andressa Gonçalves, uma das jornalistas que cobriu o evento, e a outra foto é pertencente a outro veículo, e tem autoria de Ilan Pellenberg. O vídeo possui conteúdo diferenciado em relação ao texto, complementando-o. Este foi produzido pelas mesmas jornalistas que cobriram o primeiro show da turnê dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro. Um último recurso visual é um boxe, que na verdade é um texto posicionado ao final da matéria, de forma diferenciada para informar a parte de serviço, que se constitui dos próximos locais e datas de shows a serem realizados pela boyband. Não há infográficos, ilustrações, galeria de fotos, gráficos ou tabelas na página da reportagem. Em relação ao hipertexto, observa-se um único link, que leva o internauta para uma página com outras notícias sobre o grupo, e ainda, ao final da matéria, há links que direcionam o leitor a outras matérias produzidas sobre os Backstreet Boys. Prosseguindo para o terceiro nível da análise, considera-se os aspectos do contexto de produção, verificando o contexto sócio-histórico-cultural em que o texto foi elaborado. A reportagem de Andressa Gonçalves e Susan Vidinhas, neste sentido, apresenta a visão de quem esteve no show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro, e não é apenas uma notícia simples que anuncia o evento, realizando,
99
como já mencionado, uma cobertura diferenciada sobre o show. Visto que a primeira apresentação do grupo norte-americano no Brasil (que aconteceu no dia 6 de junho no Recife) não foi mencionada sequer como notícia de estilo “agenda”, entende-se que a cobertura diferenciada do segundo show, que ocorreu no Rio de Janeiro, só foi possível devido ao G1 possuir uma redação fixa na mesma cidade. Assim, um evento da área cultural parece não obter uma cobertura, a não ser que esta demande pouco deslocamento de jornalistas, pois tal como afirma Szantó (2007), os produtos e eventos oriundos da esfera cultural não despertam o interesse das grandes redações. O portal G1, como já informado, é um site de notícias destinado a variados tipos de públicos. As notícias publicadas sobre a vinda da turnê In A World Like This ao Brasil (expostas no Quadro 2) foram escritas de maneira que qualquer internauta compreendesse a informação. Na primeira reportagem analisada, porém, percebese uma diferença no “direcionamento” do texto, no que se refere ao público-alvo. Utilizando os nomes das músicas e dos integrantes do grupo, as repórteres contam em detalhes as reações da plateia e os momentos em que os cantores conversaram com os fãs. Tais recursos aliados ao uso do gênero diversional, moldam uma reportagem mais focada a quem tem grande interesse em sentir-se dentro do evento, sendo, este, um público segmentado que possui conhecimento prévio sobre o grupo. O gênero diversional também é constatado na reportagem por outros detalhes presentes no texto, como, por exemplo, o uso frequente de adjetivos, a abstenção ao uso de um lide convencional e parágrafos que não contam a história no estilo característico da pirâmide invertida. Há, ainda, a percepção de que a reportagem não é um tipo de texto direto, para ser lido rapidamente, e apesar de não ser muito longa no número de caracteres, demanda algum tempo de leitura mais dedicada ao internauta, pelo próprio conteúdo imersivo ao evento. Além de tais características, as repórteres não utilizam uma linguagem demasiadamente formal e séria, permitindose opinar em alguns momentos. Esse fator favorece uma aproximação com a dimensão emocional do leitor, elemento próprio do gênero diversional. A matéria caracteriza-se como pertencente à área do jornalismo cultural, e neste sentido, entra em consonância com o pensamento de Ballerini (2015), quando
100
este afirma que o jornalista cultural deve possuir uma sensibilidade diferenciada dos profissionais que trabalham em outras áreas ou editorias, e pode ainda afastar-se de uma visão fria e burocrática que é intrínseca às demais áreas do jornalismo. Assim, no jornalismo cultural permitem-se formas diferenciadas de trabalhar uma notícia, ao invés de seguir, apenas, o molde de uma “agenda cultural”. Mesmo utilizando-se de um texto aprofundado com tais peculiaridades, o jornalismo tradicional do portal G1 deixa algumas marcas na reportagem, pelo fato de as repórteres não se colocarem no ambiente, não fazendo uso de primeira pessoa e não detalhando sentimentos ou experiências pessoais. As autoras, ao mesmo tempo em que demonstram conhecer o grupo musical e elaboraram uma forma mais sensível de relatar a experiência do show, permaneceram fixas ao jornalismo profissional do portal, por não personificarem demasiadamente o texto. A matéria é complementada por um vídeo que, assim como o texto, não possui caráter informativo direto, mostrando depoimentos de fãs dos Backstreet Boys enquanto aguardavam a abertura dos portões para a entrada no show. Com o uso de um vídeo e, principalmente, de um texto que não possui caráter informativo direto, o jornalismo cultural cumpre a premissa de informar através do entretenimento. Apesar do detalhe negativo de o portal “esquecer” de Recife e do primeiro show da turnê que aconteceu no país, a reportagem analisada se faz relevante no contexto sócio-histórico-cultural em que é publicada. Tanto por parte dos fãs dos Backstreet Boys que não puderam ir ao show, até pelos admiradores curiosos para saber como a turnê In A World Like This chegaria ao Brasil, havia na época um grande interesse em uma matéria imersiva e até mesmo opinativa, que transmitisse a todos a mesma atmosfera que somente quem teve como ir ao evento teria a condição de assistir. Neste sentido, o jornalismo cultural cumpre a função exposta por Golin (2009), de informar sobre um produto cultural para um indivíduo cujo único meio de conhecer tal tipo de bem simbólico, é através dos veículos midiáticos.
101
4.4.2 Matéria 2 – “Backstreet Boys voltam a declarar amor pelos fãs brasileiros em show no Rio de Janeiro” - POPline A segunda matéria a ser analisada foi publicada também no dia 9 de junho de 2015, às 10h13min, no dia seguinte ao primeiro show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro, como ilustrado na Figura 5. A matéria não foi atualizada posteriormente, e pode ser conferida no Anexo D, ao final deste trabalho.
Figura 5: Matéria sobre show dos BSB no Rio de Janeiro – POPline, 09 de junho de 2015
Fonte: DUARTE, Carol. Backstreet Boys voltam a declarar amor pelos fãs brasileiros em show no Rio de Janeiro. POPline, S.l., 9 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreetboys-voltam-a-declarar-amor-pelos-fas-brasileiros-em-show-no-rio-de-janeiro>. Acesso em: 18 out. 2015.
No primeiro nível de análise, percebe-se que a matéria é assinada por Carol Duarte, uma integrante da equipe do portal POPline. Porém, ela não é uma das repórteres oficiais do site, e sim responsável pelo setor financeiro da página 48, fazendo com que, na produção desta matéria, seja uma enviada especial do portal. Para fins de menção à enviada especial, nesta análise, ela será denominada como jornalista, visto que, mesmo pertencendo a outro setor dentro do portal, Carol Duarte exerceu o trabalho de uma profissional do jornalismo ao cobrir o show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro. Perceptivelmente pelo conteúdo do texto, a 48
Informação obtida através da página “Sobre”, do portal POPline. Disponível em: <http://www.portalpopline.com.br/sobre>. Acesso em: 19 out. 2015.
102
jornalista teve acesso e participou do show, fazendo uma cobertura in loco do evento. Porém, não foram utilizadas outras fontes a não ser a informação de primeira mão proveniente do relato da própria jornalista. Avançando para o segundo nível da análise, onde se busca compreender as marcas de composição do produto jornalístico, observa-se que o texto é uma notícia pertencente ao gênero jornalístico opinativo, onde é narrado um fato – no caso, o evento – utilizando a modalidade de resenha. Ana Regina Rêgo e Maria Isabel Amphilo (2010, p. 103) definem a resenha como “a apreciação de uma obra, tendo por finalidade orientar seus consumidores, ou apreciadores”, sendo esta uma modalidade que pode aparecer de forma simples ou mais complexa nos veículos jornalísticos, tendo como variável o público-alvo do veículo. Como já mencionado no capítulo 2 desta monografia, o jornalismo da área cultural possui um leque maior de opções na utilização dos gêneros jornalísticos, e não é fixa ao gênero informativo, podendo mesclar entre os demais gêneros e modalidades. Além disso, como afirma Gomes (2009), alguns gêneros jornalísticos acabam sendo apropriados pelo jornalismo cultural, devido ao uso em demasia, e é este o caso da resenha. A notícia, em formato de resenha, possui um texto pequeno, com seis parágrafos que somam 3.297 caracteres. Pelo fato de o portal POPline ser segmentado e tratar apenas sobre assuntos relacionados à música pop, não há uma divisão estanque em editorias, como acontece em portais tradicionais. Desta maneira, a notícia sobre o show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro está categorizada apenas como “Notícias” e “Backstreet Boys”, visto que, dentro do portal, as notícias são distribuídas e categorizadas de acordo com o nome do cantor ou banda à qual se refere. Há, na resenha, um espaço disponível para que os leitores comentem e, ainda, links de compartilhamento da página em redes sociais. Na caixa de comentários da própria página, não são registrados comentários. A página possui um espaço para divulgação do número de compartilhamentos da notícia nas redes sociais, mas no espaço não são registrados compartilhamentos. Porém, a chamada para a matéria, publicada no Facebook, registrou 1.764 curtidas, 57 comentários e 96 compartilhamentos. O portal POPline indica, através desses números, receber maior feedback de seus visitantes através da rede social do que na própria página
103
do portal. A notícia foi destaque na página principal do portal POPline, no mesmo dia em que foi publicada, 9 de junho. Confira na Figura 6.
Figura 6: Página principal do portal POPline, em 09 de junho de 2015
Fonte: Captura de tela da página do portal POPline, feita pela autora em 9 de junho de 2015.
A notícia em formato de resenha produzida pela jornalista do portal POPline não possui recursos visuais. Quando foi publicada, era acompanhada apenas por uma foto da banda em meio ao show. A qual, atualmente, não carrega junto com a página e, por este motivo, não é exibida. O recurso de hipertextualidade, intrínseco aos veículos informativos da web, é percebido na página por um link que encaminha o leitor a uma notícia anterior, feita pelo portal após o show da boyband no Recife, e, ainda, por conta de links, localizados ao final da resenha, que encaminham o leitor a outras notícias relacionadas aos Backstreet Boys. Dentro da notícia analisada não há recursos diretos de multimidialidade. Analisando a notícia sobre o primeiro show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro publicada pelo portal POPline, sob o enfoque dos aspectos da caracterização contextual (terceiro nível da análise), é visível a aproximação com o leitor empreendida por Carol Duarte ao escrever a resenha. Tal aspecto é “permitido” no portal por este praticar um jornalismo cultural segmentado, possuindo, como público-alvo, leitores interessados no conteúdo relacionado à música pop. Assim como afirma Piza (2009), o pop exige conhecimento prévio e, nas resenhas
104
de veículos especializados, costuma-se observar o uso de termos e normas próprias, que dialogam com o leitor como um “código específico”. Assim, é importante destacar que o recurso da resenha deve ser utilizado em veículos quando seu público tem, ao menos, tais conhecimentos prévios sobre o assunto tratado no texto. Este é, claramente, o caso do portal POPline. Tratando-se, como visto, de uma resenha oriunda do jornalismo cultural segmentado, faz-se apropriada, neste caso, a produção de um texto não fixado aos padrões do jornalismo tradicional, como o uso do lide e da pirâmide invertida. É permitida ainda uma mescla entre gêneros jornalísticos, tal como praticado pelo portal POPline na cobertura dos shows da turnê In A World Like This no Brasil em 2015. Relembrando o item 4.3.1 deste trabalho, onde foram expostas as notícias publicadas pelo portal desde fevereiro até junho de 2015, é visível a publicação de notícias factuais que vão desde o estilo “agenda” - noticiando sobre datas e locais dos shows do grupo no Brasil - até notícias superficiais - que falam sobre atividades de lazer praticadas pelos integrantes do Backstreet Boys. Há, ainda, outras resenhas como a analisada neste momento do presente trabalho. As diferentes formas de elaborar a cobertura sobre um mesmo assunto, assim como a observada no portal POPline, demonstram a predisposição do jornalismo cultural já citada por Golin (2009), de não prender-se à obsessão pela atualidade do “furo de notícia” (mesmo que seja fortemente ligado à agenda cultural), abrindo espaço para outras formas de informar sobre um acontecimento jornalístico cultural. A resenha foi publicada no portal POPline no dia 9 de junho de 2015, dia seguinte ao primeiro show, no Rio de Janeiro, da atual turnê do grupo musical. Pelo site de notícias dedicar-se exclusivamente aos eventos e produtos relacionados à música pop, o primeiro show da turnê In A World Like This no Brasil, que aconteceu na cidade de Recife, já havia sido coberto na forma de texto e vídeos por uma das jornalistas oficiais do site. Assim, a notícia publicada após o segundo show do grupo no país - no Rio de Janeiro - não adquiriu cunho jornalístico direto e informativo. Ao invés disso, permitiu-se noticiar o acontecimento através de uma resenha imersiva no local do show, trazendo ao leitor um pouco da experiência que a própria jornalista teve ao presenciar o evento.
105
Como já comentado no item 2.2, devido ao maior espaço fornecido pela Internet, o jornalismo cultural adquire novas possibilidades no sentido de diferenciar a produção de conteúdos jornalísticos. Assim, há viabilidade para a criação de portais segmentados, como o POPline. Relembrando a visão positiva de Ballerini (2015) sobre tal segmentação, ele vê aí uma chance do jornalismo cultural existir de forma aprofundada e não meramente informativa ou dependente de um release. Considerando o ponto de vista de Hoineff (2007, p. 89), de que “cada um de nós está sujeito a um consumo cultural cada vez mais especializado [e] individualizado”, e ponderando, ainda, o leque maior de fontes de informação as quais um internauta está exposto ao navegar na web, se faz necessária a existência de portais segmentados que falem diretamente a um tipo de público. Através desses portais, abre-se um espaço importante para as publicações autorais, estas destinadas a expor opiniões sobre produtos da indústria cultural. Assim, pela tecnologia da Internet, é viabilizada a existência de pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto. Neste sentido, a prática do jornalismo cultural segmentado se manifesta na resenha sobre o primeiro show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro, apresentando o evento de forma personificada e oferecendo, ainda, um olhar mais sensível e singular a respeito do evento. É interessante observar, através da resenha analisada neste momento do trabalho, outra característica que diferencia o jornalismo cultural do jornalismo voltado a outras áreas. Assim como afirma Ballerini (2015), a editoria de cultura é a mais influenciada, dentre todas as editorias em um veículo jornalístico, pelos gostos pessoais e pela formação cultural adquirida pelos jornalistas. No caso da notícia em forma de resenha publicada no portal POPline, a afirmação de Ballerini (2015) se confirma, pois, como Carol Duarte afirma no próprio texto, ela foi escalada para fazer a cobertura do show do grupo no Rio de Janeiro devido a experiência em assistir shows de outras boybands. Compreende-se, a partir daí, que mesmo não sendo uma das jornalistas oficiais do portal, a enviada especial ao evento foi selecionada atendendo ao critério de conhecimento em bandas de formato e gênero musical semelhante ao dos Backstreet Boys. No jornalismo cultural, percebe-se, através da própria notícia analisada, que a chamada “bagagem” cultural faz a diferença em uma redação, e em casos como o ilustrado pelo POPline, pouco adianta um jornalista
106
possui alta formação na área, se este não conhecer previamente o assunto que necessita de cobertura.
4.4.3 Matéria 3 – “Backstreet Boys se apresentam em SP de olho no futuro e em 'bundas'” – G1 A terceira matéria a ser analisada foi publicada no dia 13 de junho de 2015, às 02h30min, no dia seguinte ao primeiro show da turnê dos Backstreet Boys em São Paulo, como ilustrado na Figura 7. A última atualização da notícia foi feita no mesmo dia, às 15h55min. A matéria pode ser conferida no Anexo E, ao final deste trabalho.
Figura 7: Matéria sobre show dos BSB em São Paulo – G1, 13 de junho de 2015
Fonte: SOTO, Cesar. Backstreet Boys se apresentam em SP de olho no futuro e em 'bundas'. G1, São Paulo, 13 jun. 2015. Disponível em: < http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/06/backstreetboys-se-apresentam-no-dia-dos-namorados-de-olho-no-futuro-e-em-bundas.html>. Acesso em: 19 out. 2015.
Referente às marcas de apuração, no primeiro nível de análise, a matéria é assinada pelo repórter Cesar Soto, da redação de São Paulo do portal G1, que foi enviado especial para cobrir o evento. De acordo com o conteúdo do texto, é presumível que o jornalista foi ao show da boyband, realizando uma cobertura in
107
loco, e escreveu a matéria pouco depois do final do evento – visto que a matéria foi publicada ainda de madrugada. A origem de todas as informações obtidas, a respeito do show, pelo repórter são de primeira mão, e não foram realizadas entrevistas de nenhum tipo para a elaboração da matéria. Assim como na outra matéria analisada e também pertencente ao portal G1, a parte final da matéria, dedicada ao serviço, busca as informações sobre os locais e datas dos próximos shows do grupo no Brasil através de informações de segunda mão. Não é possível saber, com certeza, qual a fonte destas informações, mas elas podem ter vindo de agências de notícias, outros veículos jornalísticos ou, ainda, do ciberespaço, pelo site oficial do grupo. Seguindo para o segundo nível da análise, o texto publicado pelo portal G1 sobre o primeiro show da turnê dos Backstreet Boys em São Paulo, pode ser classificado como uma notícia em formato de resenha, pertencente ao gênero opinativo, assim como a matéria do portal POPline analisada no item 4.3.3. O texto é curto, possui apenas sete parágrafos que somam pouco mais de 2 mil caracteres, e é acompanhado por um trecho de serviço da matéria, ao final do texto, onde são informados os locais e datas dos shows seguintes da turnê In A World Like This no Brasil. Na página, há um espaço para comentários, e além deste espaço, há também links para o compartilhamento da matéria nas redes sociais. Na caixa de comentários da própria página, são contabilizados 65 comentários. A página não divulga o número de compartilhamentos da notícia nas redes sociais, e no Facebook não foram postadas chamadas para a notícia. A notícia a respeito do primeiro show do grupo em São Paulo foi destaque na página principal do portal G1, no mesmo dia em que foi publicada, conforme a Figura 8.
108
Figura 8: Página principal do portal G1, em 13 de junho de 2015
Fonte: Wayback Machine. G1, Rio de Janeiro, 13 jun. 2015. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20150613153405/http://g1.globo.com/index.html>. Acesso em: 19 out. 2015.
Assim como a outra matéria já analisada do portal G1, a notícia está publicada na editoria Música e possui um trecho, elaborado pelo repórter, em que algumas músicas cantadas pela boyband no show são classificadas em quatro categorias: a primeira, a mais gritada, a mais cantada e a maior sofrência. A página do portal G1 disponibiliza um espaço para comentários e, ainda, links para o compartilhamento da notícia nas redes sociais dos internautas. Explorando o uso de recursos visuais e da multimidialidade na página da resenha, percebe-se que ela é complementada por seis fotografias de autoria de Flavio Moraes e, ainda, um vídeo, que se revela como a matéria feita sobre o show dos Backstreet Boys em São Paulo pela rede de televisão afiliada da Rede Globo no estado. Além dos já citados, não são utilizados outros recursos visuais como infográficos, tabelas ou ilustrações, por exemplo. No sentido da hipertextualidade, há um link no meio da resenha, que direciona o internauta a uma página com outras notícias relacionadas aos Backstreet Boys. Em destaque na notícia, há, ainda utilizando o recurso do hipertexto, um link que guia o leitor até uma galeria de fotos, onde estão expostas as mesmas fotografias já vistas durante a resenha e algumas outras fotos adicionais. Todas elas assinadas, também, por Flavio Moraes.
109
Após as considerações relativas aos primeiros níveis desta análise, parte-se para um terceiro nível, onde o objetivo é observar o contexto sócio-histórico-cultural e o contexto organizacional em que a produção da notícia é ambientada. A notícia do G1 sobre o primeiro show, dentre os três que foram apresentados pelos Backstreet Boys em São Paulo, foi feita com base na modalidade jornalística de resenha, e apesar de César Soto não aparentar – de acordo com o teor do texto – ser fã da boyband, ao menos o repórter se informou sobre as informações mais básicas a respeito do grupo musical, tais como: nomes dos integrantes, álbum de maior sucesso da carreira e ano em que a banda foi formada. Apesar do profissionalismo de, ao menos, pesquisar sobre o grupo antes de tecer comentários sobre o show dos mesmos, alguns pontos chamam a atenção, negativamente, na produção final da resenha. Primeiramente, o clima do show descrito pelo repórter, aos olhos de um leitor que não conheça o grupo previamente, pode parecer apenas um revival da década de 90, como se o grupo tivesse passado por um hiato na carreira e decidido por voltar a cantar apenas em 2015. Afinal, o CD que os Backstreet Boys promoviam pelos shows não foi citado na matéria e, o que é mais incorreto ainda, nem o nome da turnê do grupo foi divulgado. Outro equívoco jornalístico cometido pelo enviado especial é o uso de uma informação extremamente difícil de apurar. Em determinado momento do texto, Cesar Soto afirma que a plateia era “formada majoritariamente de mulheres mais próximas dos 30 [anos]”. Porém, esta afirmativa é empregada sem base em nenhuma informação concreta, visto que não há uma maneira de estabelecer tal porcentagem, pelo menos não em uma fila para a entrada do show ou, ainda, dentro do local da apresentação do grupo. Observa-se que a escolha do jornalista por destacar a idade das fãs do grupo foi incorreta, pois diante do evento noticiado, a informação - mesmo que esta possuísse algum embasamento - seria irrelevante. É perceptível, ainda, a distorção feita pelo jornalista a respeito de uma brincadeira
“interna”,
conhecida
apenas
por
fãs
que
já
se
informavam,
preliminarmente, sobre os shows do grupo no Brasil. No primeiro show (da turnê In A World Like This) dos Backstreet Boys no país, realizado em Recife, fãs ensinaram aos cantores a palavra “bunda” em português, por motivos desconhecidos. Durante
110
os outros shows no Brasil, em forma de brincadeira com os fãs, os integrantes da boyband repetiram as palavras que conheciam em português: olá, obrigado, o nome da cidade em que estavam e, é claro, bunda. Quem estava ciente da história (ou seja, quem é fã do grupo) poderia ler a resenha publicada no G1, sobre o show da banda em São Paulo, e não encontrar problema algum. Porém, ao público que dependia do portal como formador de opinião e não conhecia nada sobre Backstreet Boys além do que fosse divulgado pelo G1, o texto escrito por Cesar Soto é recebido com diferentes interpretações, passando uma imagem negativa da boyband. O que se mostra mais incômodo a respeito de tal escolha, é o fato da história ser ressaltada no título e na linha de apoio da resenha. Ou seja: enquanto outros portais (como o próprio POPline, por exemplo) noticiavam ou opinavam sobre o conteúdo do show, a performance do grupo e a euforia dos fãs, o G1 intitulava a notícia sobre o
mesmo assunto citando uma
brincadeira
que
nem
todos os leitores
compreenderiam e que, além disso, é passível de compreensão em outro sentido, se utilizado o termo “bunda” de forma descontextualizada. Neste sentido, é necessário relembrar o ponto de vista de Anchieta (2009), quando a autora afirma que um jornalista tem a capacidade de selecionar o que é relevante ou não para se tornar notícia, além da forma como transmitir essa informação. O jornalista é, ainda, o profissional que se torna responsável pelos fatos que “existem” publicamente, e no caso da notícia publicada no G1 sobre o show da boyband em São Paulo, o repórter se torna o responsável pela opinião negativa que alguns internautas possam adquirir a respeito do grupo musical. Uma informação mal selecionada e mal repassada ao leitor é capaz de causar efeitos negativos no público receptor. Tal efeito, no caso da resenha analisada, já é registrado através da caixa de comentários da página, onde pessoas desinformadas sobre o grupo enxergam outro sentido nas frases e fazem comentários de repúdio à banda, sem a noção de que o uso do termo “bunda” pelo quinteto foi unicamente em tom de brincadeira. Da mesma forma que foi observado no texto do G1 após o show do grupo no Rio de Janeiro, percebe-se, na resenha analisada, que a cobertura foi realizada com facilidade pelo fato de o portal possuir uma redação fixa em São Paulo. Assim, até mesmo uma galeria de fotos foi produzida sobre a apresentação, e publicada no
111
mesmo dia em que a matéria. A galeria, ao invés do texto, apresenta o show de maneira fidedigna, com uma visão próxima e privilegiada. Assim, as fotografias quando inseridas na página do texto, expõem o ambiente, o próprio grupo e os fãs, inseridos em toda a emoção e euforia presentes no evento. O contexto em que a matéria foi publicada era a reta final da turnê do grupo no Brasil, no período em que faltavam apenas mais três shows antes da partida do quinteto para o país seguinte da turnê (a Argentina): dois shows em São Paulo e um em Porto Alegre. Desta forma, pela turnê ter sido amplamente divulgada no portal G1, uma possível explicação para a abordagem equivocada a respeito do primeiro show em São Paulo pode ter sido o anseio por chamar a atenção do público generalizado a um assunto que já pudesse ser considerado “batido” para os que não se interessam pelo grupo norte-americano. De qualquer maneira, a análise da resenha publicada pelo G1 chama atenção à responsabilidade do jornalista, já apontada por Anchieta (2009) e reiterada neste momento do presente trabalho.
4.4.4 Matéria 4 – “Backstreet Boys no Brasil: AJ ganha atenção (e o coração) das fãs em São Paulo” - POPline A quarta matéria a ser analisada foi publicada no dia 13 de junho de 2015, às 14h27min, no dia seguinte ao primeiro show da turnê dos Backstreet Boys em São Paulo, como ilustrado na Figura 9. A notícia não foi atualizada posteriormente e pode ser conferida no Anexo F, ao final deste trabalho.
112
Figura 9: Matéria sobre show dos BSB em São Paulo – POPline, 13 de junho de 2015
Fonte: PACHECO, Marília. Backstreet Boys no Brasil: AJ ganha atenção (e o coração) das fãs em São Paulo. POPline, S.l., 13 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boysno-brasil-aj-ganha-atencao-e-o-coracao-das-fas-em-sao-paulo>. Acesso em: 19 out. 2015.
Partindo para o primeiro nível de análise, a assinatura da matéria é de Marília Pacheco, jornalista do próprio portal POPline que foi enviada especial para cobrir o primeiro show da turnê In A World Like This realizado em São Paulo. Conforme o conteúdo do texto, o que se apreende é que a jornalista esteve presente no evento, fazendo uma cobertura in loco para o POPline. A origem das informações transmitidas ao leitor é de primeira mão. Estas são obtidas, em parte, pela bagagem cultural da jornalista como conhecedora das músicas do grupo e, no restante, pela presença dela no próprio show. Verificando as marcas da composição do produto jornalístico, já no segundo nível da análise, constata-se que o texto é uma notícia que utiliza a modalidade de resenha, pertencente ao gênero jornalístico opinativo. É, portanto, o mesmo tipo de notícia publicada pelo POPline após o show da boyband no Rio de Janeiro – e analisado no item 4.3.3 – no que se refere ao caráter de resenha opinativa, com a intenção de informar sobre o evento a um público segmentado. O texto da resenha é pequeno e direto, sendo formado por sete parágrafos que somam 2.227 caracteres. Como já mencionado, o portal POPline não é dividido em editorias, por se tratar de um site de notícias segmentado, e dessa forma, a notícia sobre o show do grupo em São Paulo está categorizada apenas como
113
“Notícia” e “Backstreet Boys”, pela razão de o portal classificar as notícias de acordo com o artista a qual ela se refere. Na página, há espaço para comentários dos leitores e, ainda, links para o compartilhamento da notícia nas redes sociais. A página possui, ainda, um espaço para divulgação do número de compartilhamentos da notícia nas redes sociais, mas no espaço não são registrados compartilhamentos. Na rede social Facebook, não foram publicadas chamadas para a matéria. Em relação aos recursos visuais, não há presença de gráficos, infográficos, ilustrações ou boxes. A notícia é complementada apenas por uma foto que não possui assinatura, a qual aparenta ter sido feita pela própria repórter. O recurso da multimidialidade não é aplicado à resenha, e o hipertexto, característico da plataforma web, é visto em dois momentos: durante a notícia, em links que indicam para matérias produzidas anteriormente ao dia 13 de junho de 2015 (relacionadas a cobertura dos shows no Recife e no Rio de Janeiro), e ao final do texto, onde links guiam o internauta para outras matérias relacionadas aos Backstreet Boys. Em relação ao terceiro nível da análise, voltado aos aspectos do contexto de produção da notícia, percebe-se, mais uma vez em uma matéria do portal POPline, a maneira informal e direta ao assunto com a qual o texto é produzido. Tal característica é possível devido ao público-alvo do portal, que é segmentado e tem alicerces culturais para entender do que se trata quando a jornalista cita, por exemplo, os nomes das músicas do grupo norte-americano. Neste momento, recorda-se o conceito exposto por Souza (2009), que vê o jornalismo cultural - sendo este já segmentado em relação as outras áreas - como uma prática do jornalismo que é capaz de segmentar-se ainda mais. No caso específico do portal POPline, o conceito de Souza (2009) é claramente ilustrado, pois o site de notícias não é apenas relacionado a cultura, em âmbito geral, mas segmenta-se, também, para a cultura pop, demandando um conhecimento prévio ainda mais singularizado por parte dos leitores do portal. Seguindo, ainda, no raciocínio a respeito do portal POPline como site de notícias segmentado, observa-se que a jornalista não dá detalhes acerca dos próximos shows a serem realizados pelo grupo no Brasil, apenas mencionando que eram dois shows em São Paulo e esquecendo, ainda, do último show em Porto Alegre. Além disso, não há uma preocupação (como a verificada no portal G1) em
114
detalhar números de álbuns vendidos ou do tempo de carreira da boyband. A irrelevância destes dados se explica, também, pelo público ao qual o portal se destina. Visto, através do item 4.3.1, que o portal POPline informou cada novo detalhe (inclusive datas de shows extras e de vendas dos ingressos) através de novas notícias, compreende-se que o leitor que acompanha o portal frequentemente já tem conhecimento sobre tais detalhes. Além disso, como já mencionado neste trabalho, o portal não segue um tipo de padrão jornalístico recorrente ao elaborar suas matérias, escrevendo desde notícias triviais com a presença de um lide, até mesmo resenhas com traços autorais e informais, como a analisada neste item do trabalho. Se tratando de uma resenha, o fato de ela ser curta e não detalhar, demasiadamente, o ambiente ou as sensações da repórter, é justificável pelo contexto cultural em que a notícia foi publicada. Em 13 de junho de 2015, após a realização do show referido na notícia, faltavam apenas três shows dos Backstreet Boys no Brasil antes que eles deixassem o país, seguindo com a turnê In A World Like This na Argentina. Neste momento, os fãs e admiradores do grupo que se informavam assiduamente pelo portal POPline já tinham a dimensão de como era o ambiente do show, ou quais eram os diferentes sentimentos vivenciados por um fã ao presenciar o evento. Assim, em uma resenha sobre o primeiro show do grupo em São Paulo, os detalhes passíveis de serem comentados eram, em grande maioria, o comportamento do grupo naquele show especificamente, ou ainda as músicas tocadas e as reações que elas causaram nos fãs paulistas. Pelo fato de o POPline cobrir a passagem do grupo pelo Brasil desde que as datas dos shows foram marcadas, publicando resenhas desde a primeira apresentação deles no país nesta turnê -, não se fez necessário detalhar tópicos que já eram conhecidos, anteriormente, pelo público-alvo do portal. Na notícia em formato de resenha feita pelo portal sobre o primeiro show da turnê dos Backstreet Boys em São Paulo, é possível observar uma falha e um acerto, se comparada à matéria sobre o mesmo assunto feita pelo portal G1. A falha cometida pela jornalista ao elaborar a resenha foi precisar a faixa etária da grande maioria dos fãs presentes no show, mesmo erro verificado na notícia do portal G1. A matéria do POPline cometeu o descuido de publicar que a maioria dos presentes no
115
evento eram mulheres e tinham mais de 25 anos de idade. É impossível fazer uma apuração precisa de tais porcentagens, e a jornalista se expressa, no texto, dando a impressão de que tenha deduzido a faixa etária e o gênero dos fãs que assistiam ao show tomando como base o próprio exemplo. Pensando em tal situação pelo prisma do jornalismo, uma atitude desse tipo indica falta de profissionalismo. O acerto de Marília Pacheco ao escrever a resenha sobre o show dos Backstreet Boys em São Paulo, foi o fato da enviada especial citar o álbum In A World Like This, que nomeia também a turnê e foi o motivo da realização dos shows do grupo no Brasil. Como verificado no item 4.3.4, a notícia publicada no portal G1 não informou os mesmos dados e, como se pôde observar, a falta do nome do álbum e da turnê deixou uma lacuna importante na matéria, por colocar de lado uma informação que, em uma notícia padrão, deveria se encontrar já no lide. Assim, na resenha publicada pelo portal POPline, a informação de que se trata de um show relativo a turnê do álbum mais recente do grupo faz a diferença, por informar qual o motivo da presença dos Backstreet Boys no país.
4.5 COMPARAÇÃO ENTRE PORTAIS E CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A ANÁLISE DA COBERTURA JORNALÍSTICA Desde o momento em que foi confirmada a vinda da turnê In A World Like This ao Brasil, o grupo Backstreet Boys ficou em evidência na mídia, tornando-se notícia em vários portais, blogs e sites jornalísticos. Entre os dois portais analisados, G1 e POPline, ambos transmitiram ao público os fatos que eram claramente passíveis de transformarem-se em notícia, sendo estes o anúncio da vinda dos Backstreet Boys ao Brasil e a realização dos shows propriamente ditos. Entretanto, considerando que o portal G1 pratica um jornalismo tradicional, enquanto o portal POPline se configura como um site de notícias em estilo especializado e segmentado, é evidente que a cobertura jornalística realizada pelos dois sites apresenta diferenças na forma de retratar os assuntos. Em relação ao conteúdo das notícias publicadas nos portais G1 e POPline, pouco muda no que ambos comentam a respeito dos shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, cidades escolhidas para a análise das notícias pós-show. Como afirma
116
Anchieta (2009), um jornalista tem a capacidade de escolher quais assuntos viram notícia e, ainda, a melhor forma de transmiti-la ao público. Desta maneira, ambos os sites optaram por resenhas comentando, de forma semelhante, como era o clima nos eventos, como os cantores interagiam com a plateia e as músicas que cantavam. Os valores-notícia de seleção e de construção delimitados por Wolf (citado por AGUIAR, 2009) são empregados às matérias analisadas e, também, a todo o conteúdo jornalístico publicado sobre a vinda dos Backstreet Boys ao Brasil, pois é perceptível, nas matérias, que os jornalistas definem quais shows recebem maior destaque como notícia e como os eventos devem ser transmitidos aos leitores dos portais. Apesar de as quatro notícias analisadas detalhadamente possuírem semelhanças, as coberturas de ambos os portais mostram-se divergentes, quando comparado um conjunto de notícias publicadas pelo G1 e pelo POPline (como foi assinalado no item 4.3.1), devido a diferença na escolha de pautas dos portais. Como observado na análise da cobertura jornalística da vinda dos Backstreet Boys ao Brasil, e especificamente através das quatro matérias publicadas nos portais, o portal G1 mantém uma preocupação constante em transmitir ao público geral que o grupo norte-americano ainda possui fãs e que estes ainda se dedicam a ir aos shows, como era observado na década de 90, quando o grupo fazia muito sucesso no Brasil. Seguindo um caminho diferente no ponto de vista jornalístico, o portal POPline dialoga, através de sua cobertura, diretamente com os fãs, informando detalhes úteis aos interessados pelos eventos e utilizando uma linguagem menos presa a formalidades. Assim, aproximando-se dos fãs da boyband, o POPline produz a cobertura de forma que eles não protagonizam a notícia, mas são o público-alvo dela. Por ser um portal segmentado e direcionado a leitores que possuem conhecimento prévio suficiente para compreender o conteúdo noticiado, o POPline se permite informar, no que se refere aos Backstreet Boys, não apenas sobre os shows da turnê In A World Like This no Brasil, mas também sobre as atividades de lazer dos integrantes do grupo enquanto eles estavam no país. Com linguagem direta ao assunto, sem precisar contextualizar sobre, por exemplo, “quem é Nick Carter”, o portal caracteriza-se pela linguagem informal e pela publicação de notícias em textos curtos, ao mesmo tempo em que mais fatos relacionados ao grupo –
117
postergados por veículos tradicionais - ganham espaço como notícia. Referente a contextualização, o portal G1 “apresenta” o grupo ao público em várias das notícias publicadas, através de informações como o tempo de carreira, a quantidade de álbuns vendidos e os nomes dos integrantes do grupo. Claramente, tal necessidade de contextualização constante se justifica pelo público-alvo visualizado pelo site, que pode não ter conhecimento sobre quem são Backstreet Boys e, assim como indica Golin (2009), talvez só tenha conhecimento sobre um show do grupo por intermédio de veículos jornalísticos. No jornalismo cultural, novas formas de transmitir uma informação são permitidas, tais como a resenha e a reportagem pertencente ao gênero diversional, ambas identificadas nas notícias analisadas sob o protocolo metodológico de Silva e Maia (2011). Ballerini (2015) afirma que a crítica perde força para a notícia a partir da década de 70, quando o lide começa a ser implementado na imprensa escrita. Na Internet, porém, a inexistência de um espaço físico de publicação possibilita que todos os formatos e gêneros jornalísticos coexistam. No caso das notícias analisadas, a resenha e a reportagem em gênero diversional do G1, assim como as resenhas do POPline, demonstram-se como resenhas suaves, de acordo com a nomenclatura utilizada pelo autor. Como frisa ainda Ballerini (2015), o jornalista da área cultural geralmente tem maior sensibilidade para conduzir a produção de uma notícia, podendo se afastar de uma visão burocrática a respeito dos assuntos. Seguindo essa máxima, os textos analisados em ambos os portais demonstraram-se imersivos no ambiente dos shows do grupo no país, detalhando o evento de forma aproximada. Porém, no caso dos textos do portal G1, apesar do tom informal das matérias, é perceptível a preservação do padrão tradicional que é peculiar ao site de notícias. Enquanto os jornalistas do POPline opinam claramente, referindo a si mesmos em primeira pessoa e exprimindo sentimentos despertados pelo evento, os jornalistas do G1 fazem o contrário, produzindo uma resenha formal. Novamente, o tipo do veículo – tradicional ou segmentado – exerce influência na forma como este enxerga e produz as notícias. Dos recursos oferecidos pela plataforma web, o portal G1 utiliza a multimidialidade nas duas matérias analisadas, e apropria-se, ainda, do hipertexto
118
em maneira despretensiosa. No caso do POPline, a multimidialidade é dispensada, dando lugar ao discurso informal e rápido, valendo-se, porém, de outra particularidade da Internet: a publicação de notícias a cada minuto, que se mantém sempre atuais. Inserido nos textos analisados, o jornalismo cultural demonstra-se, como afirma Silva (2012), uma área do jornalismo assim como qualquer outra, mantendo e harmonizando os mesmos critérios e práticas do jornalismo generalizado juntamente com as particularidades do jornalismo especializado na esfera cultural. Em todas as notícias publicadas pelos portais, incluindo as notícias analisadas neste trabalho, fica claro que há um critério de factualidade na publicação das matérias, mesmo que estas possuam apresentações diferentes. A apuração é feita da mesma maneira que seria realizada por jornalistas de outras áreas, e o que muda é apenas a configuração com que esta apuração jornalística é transmitida ao público, podendo ser formal ou informal, através de uma notícia com lide ou uma resenha, como as analisadas na presente monografia. Alguns dos critérios de noticiabilidade aplicados ao jornalismo cultural e mencionados por Silva (2012) são verificados em toda a cobertura jornalística feita pelos dois portais: o critério da novidade é visto nas primeiras notícias sobre a vinda do grupo ao Brasil, o critério da atualidade é observado nas notícias seguintes (antes de o grupo chegar ao país), o critério de proximidade é visto nas resenhas sobre os shows do Rio de Janeiro e de São Paulo, e critérios como de notoriedade e celebridade são observados em notícias do portal POPline onde atividades de lazer dos integrantes dos Backstreet Boys viram notícia. Visualizando a cobertura completa da turnê dos Backstreet Boys realizada pelos portais, considera-se que, no portal G1, é possível compreender que o grupo norte-americano vem ao Brasil para a realização de uma turnê, mas quem não possui conhecimento prévio sobre o grupo pode pensar que a vinda deles se deve apenas a um “revival” da década de 90. Exalta-se mais, nas notícias publicadas no portal tradicional, o sucesso da boyband nos anos 90 do que o álbum mais recente do grupo, lançado em 2013, que ocasionou a turnê mundial. Visto que o jornalismo é responsável por legitimar um fato como acontecimento digno de atenção (CHARAUDEAU, 2006), e que o conteúdo jornalístico cultural publicado pelos veículos deve buscar o enriquecimento do repertório de seu público-alvo (PIZA,
119
2009), o que se verifica é uma cobertura que mantém o leitor do G1 em um lugarcomum em relação ao conteúdo divulgado sobre a banda. Nesta perspectiva, a editoria de cultura do portal tradicional aparenta, pela escolha do conteúdo noticiável dentre as possíveis pautas, e também pelo teor das matérias publicadas, direcionar o conteúdo para um público desinteressado nos eventos, apresentando o grupo de forma superficial e, no caso das resenhas, buscando detalhes aquém ao show da banda na tentativa de atrair leitores ao texto por pretextos secundários. No portal POPline, porém, detalhes mais específicos sobre os shows da turnê In A World Like This são noticiados, o que se explica pelo ponto de vista de Alzamora (2009), que aponta uma flexibilidade maior, no jornalismo cultural, para a escolha dos acontecimentos que têm capacidade noticiosa, sendo que mesmo a intensão comunicativa dos veículos influenciam em tal escolha. Assim, no portal POPline, por ser segmentado, percebe-se claramente uma cobertura mais voltada aos fãs dos Backstreet Boys ou, pelo menos, aos fãs de música pop e admiradores do trabalho da banda. O portal opta, por essas razões, por transformar em notícia determinados fatos que a imprensa de massa não considera necessário informar ao público geral, como, por exemplo: informações detalhadas sobre vendas de ingressos ou o problema no voo dos integrantes da boyband quando estes viajavam para o Brasil. Através da análise das matérias publicadas sobre os shows dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro e em São Paulo, é comprovada, também, a influência exercida pelo gosto e formação cultural pessoal de um repórter na área/editoria cultural, já salientado por Ballerini (2015). Como exposto ao longo das reportagens analisadas, pelo exemplo positivo da repórter de cultura do POPline, que foi escalada para cobrir o show do grupo por ter conhecimento prévio sobre boybands, e ainda, pelo exemplo negativo do repórter do G1, que exaltou uma brincadeira interna do grupo com os fãs no título e na linha de apoio da matéria, ao invés de valorizar a apresentação dos cantores, o que demonstra um claro desinteresse do jornalista pelo evento sobre o qual foi escalado para cobrir. Por estes exemplos, demonstra-se a importância de escalar um profissional que tenha conhecimento mínimo sobre o que escreverá e, principalmente para o jornalismo cultural, que seja
120
valorizado o repertório cultural dos jornalistas em benefício do próprio veículo, como fez o portal POPline. Por último, salienta-se uma constatação observada através das reportagens analisadas. Szantó (2007) afirma que os produtos e eventos culturais não despertam o interesse da mídia, e tal ponto de vista é reconhecido através da cobertura realizada pelos dois portais. No caso do portal tradicional, percebeu-se que matérias aprofundadas só puderam ser realizadas sobre os shows dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro e em São Paulo, devido a presença de uma redação fixa do veículo nos mesmos locais. Assim, também foi realizada o que Emerim e Brasil (2011) classificam como grande cobertura por parte do G1 acerca do show da banda em Porto Alegre, por conta da presença de um veículo afiliado do portal no estado. Não foram deslocados profissionais para cobrir os eventos, quando estes demandaram maiores gastos para o veículo. Por isso, os shows do grupo em Belo Horizonte e Recife foram “esquecidos” pelo portal G1, supõe-se que por motivos financeiros que demonstram, em concordância com o ponto de vista de Szantó (2009), falta de interesse por parte do portal de notícias, que prefere deslocar repórteres para pautas de outras editorias, mesmo que, para isso, deixem de noticiar sobre um evento cultural.
No
caso
do
portal
POPline,
onde
também
foram
registrados
“esquecimentos” na cobertura dos shows, um outro motivo pode justificar a decisão tomada pelo portal. Por ser segmentado e não vinculado a grandes empresas de comunicação do país, o site pode encontrar dificuldades no acesso aos locais dos shows, e, ainda, talvez não possua estrutura para a cobertura de grandes eventos. Por isso, na cobertura da turnê dos Backstreet Boys no Brasil, acaba por cobrir mais detalhadamente os shows do grupo no Recife, no Rio de Janeiro e em São Paulo, deixando de lado os eventos realizados em Belo Horizonte e Porto Alegre.
121
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Brasil é o segundo país da América Latina no ranking49 dos que mais sediam shows nacionais e internacionais, e de acordo com informações do Ministério do Turismo, a tendência é que o consumo de shows no país cresça em 39% até 2018. Frente a essa expectativa, o jornalismo cultural deve estar cada vez mais preparado para realizar coberturas de grandes eventos culturais, sejam eles festivais de música, shows de bandas nacionais ou a vinda de bandas internacionais ao Brasil. Considerando que a plataforma da Internet não estabelece limites diretos no que se refere ao tamanho e a frequência de publicações, como acontece nos veículos impressos, a web vem se mostrando um terreno próspero para o jornalismo cultural, oportunizando uma cobertura melhor desenvolvida e aprofundada sobre eventos e produtos relacionados a cultura. Neste contexto, se fez relevante uma investigação sobre a forma como é elaborada a cobertura jornalística de um mesmo evento cultural, em dois portais de notícias on-line, sendo tais portais de estilos diferenciados: um tradicional, direcionado a um público geral, e outro especializado, direcionado a um público segmentado. O objeto de pesquisa selecionado pela autora foram as notícias publicadas nos portais G1 e POPline sobre a turnê In A World Like This, do grupo norte-americano Backstreet Boys, no Brasil. A investigação, que se delimitou como objetivo deste trabalho, foi relevante para fins de conhecimento da linguagem utilizada nos dois portais quando o assunto noticiado é referente a cultura. Sendo a editoria/área de cultura uma das mais influenciadas pelos gostos e pelo conhecimento pessoal do jornalista, também foi observado, através da comparação entre a cobertura dos shows realizada pelos dois portais, o ponto de vista que os profissionais têm acerca do que é passível ou não de se tornar notícia para o público-alvo do site. Duas perguntas nortearam esta pesquisa: 1) como é feita a cobertura de um evento cultural pelos portais de notícias? e 2) quais as diferenças e semelhanças na linguagem jornalística de um portal de notícias tradicional e outro segmentado? Para 49
Informação obtida na página do Ministério do Turismo na web. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/turismo/2014/09/brasil-ocupa-segundo-lugar-no-mercado-de-eventos-musicais>. Acesso em: 24 out. 2015.
122
a obtenção de respostas aos questionamentos levantados pela autora do trabalho, foram realizadas, primeiramente, pesquisas bibliográficas que sustentaram a parcela teórica da investigação. Através desta parte da pesquisa, foi possível explicitar no que consiste o termo cultura, como o universo cultural é trabalhado pelas redações jornalísticas, e, ainda, o crescimento da plataforma web e como a Internet auxilia nas produções jornalísticas, modificando a rotina dos profissionais e oportunizando novas formas de transmitir uma informação ao público. O último capítulo da monografia apresentou a cobertura dos dois portais em sua totalidade, e, após, realizou uma análise isolada de quatro notícias (duas do portal G1 e duas do POPline), baseada no protocolo metodológico elaborado por Silva e Maia (2011). Separadas do restante da cobertura, as quatro notícias expostas ao protocolo metodológico revelaram o teor e a linguagem do conteúdo jornalístico publicado pelos portais G1 e POPline, sobre os shows realizados pelo grupo Backstreet Boys no Brasil em 2015. Reunidas com o restante das matérias observadas nos dois portais, foi possível verificar as diferenças e semelhanças nas duas coberturas, além da extensão dos acontecimentos que foi considerada como notícia ou descartada como tal pelos mesmos portais. A escolha pelos portais G1 e POPline foi motivada pela quantidade de notícias publicadas sobre o mesmo assunto em ambos os sites e, também, pela grande abrangência destes em relação ao público-alvo de ambos. A escolha dos Backstreet Boys foi determinada pelo interesse da autora pelo grupo musical e, ainda, pela realização da turnê do grupo no Brasil exatamente no ano de realização desta monografia, o que proporcionou material jornalístico atual para a investigação. Através da análise gerada no decorrer do trabalho, foi verificado que os sites de notícias G1 e POPline possuem diferenças na forma de cobrir um mesmo evento cultural por motivos que são inerentes ao próprio estilo dos portais. Porém, além destas diferenças usuais, concluiu-se que alguns detalhes presentes na estrutura das matérias podem alterar a compreensão do público sobre a notícia. Assim como afirma Piza (2009), faz falta a presença de um olhar cultural no Brasil e, ainda, o jornalismo cultural praticado no país não é visto em sua complexidade e grandeza, sendo simplificado e reduzido a uma agenda de eventos e, ainda, a fofocas sobre celebridades que não possuem qualquer valor noticioso. Deste modo, a
123
desvalorização dos assuntos referentes à esfera cultural é prejudicial aos grandes veículos tradicionais. Neste sentido, o que se observou na cobertura do G1 foi uma falta de informação acerca da realidade atual do grupo musical Backstreet Boys. Tal desinteresse por parte do portal ocasionou notícias que focavam na idade dos integrantes do grupo, no fato de eles “ainda” terem fãs, além de considerarem dispensável a informação do álbum recente do grupo, fazendo com que a turnê parecesse uma volta da boyband à música, sendo que eles nunca pararam de cantar. As únicas notícias do portal G1 onde o nome do álbum In A World Like This foi citado foram as produzidas pela afiliada gaúcha do portal, do Grupo RBS. Nas matérias em nível nacional, a informação não foi citada. A falta de interesse no conteúdo cultural culminou, ainda, na publicação de uma das matérias analisadas, onde uma piada interna do grupo se sobressaiu ao conteúdo do show, propriamente dito, na linha de apoio e até mesmo no título da matéria publicada no portal G1. No caso do portal POPline, um problema diferente foi verificado durante a análise. Sendo o portal direcionado a um público segmentado e não pertencente a grandes
veículos
jornalísticos,
este
acaba
não
apropriando-se
de
maior
enriquecimento de informações, visto que, nas notícias analisadas, algumas informações que, mesmo sendo consideradas como banais, poderiam complementar o texto, não são informadas. Porém, mesmo com notícias curtas e objetivas, o portal segmentado conseguiu cumprir o papel de fonte de informação aos que se interessavam em saber mais a respeito da vinda da turnê dos Backstreet Boys ao Brasil em 2015. O que diferenciou o portal segmentado do portal tradicional, no sentido do jornalismo como serviço ao público-alvo, foi a rápida atualização das notícias e, ainda, as publicações que interessavam de fato aos fãs e interessados em ir aos shows, sobre a venda de ingressos e confirmação dos shows extras da banda no Brasil. Através da análise proposta no presente trabalho, foi possível constatar que o portal G1, mesmo sendo ligado a uma grande empresa de jornalismo e comunicação do país, e mesmo tendo longa experiência na cobertura realizada para a plataforma da Internet, ainda necessita aprimorar-se na editoria cultural. Falta, no conteúdo jornalístico do portal, uma valorização dos produtos e eventos culturais, que acabam por ser noticiados de forma padrão ou, no caso das resenhas, de forma descuidada
124
ou desinformada. As matérias culturais do site foram elaboradas de maneira superficial, sendo direcionadas ao mesmo público que se interessaria por conteúdos de “rápido consumo” sobre economia ou política, por exemplo. Compreende-se, aqui, que o fato de o portal G1 ser tradicional e trabalhar dividido em editorias, não impede que os profissionais busquem agradar, da mesma forma, o público mais interessado em produtos e eventos culturais. Entende-se como necessário, por estes motivos, que a editoria cultural do G1 saia do lugar-comum na forma de escolher e transformar pautas em notícias, e também que direcione seus conteúdos aos interessados pelo assunto, para que não seja apenas um agregador de notícias, porém uma fonte de informação poderosa não apenas em editorias mais “sisudas”, mas também na editoria de cultura. No caso do grupo Backstreet Boys, o G1 também revela um descuido, já que o portal não dá destaque ao trabalho mais recente do grupo, exaltando músicas lançadas pela boyband ainda na década de 90 como se fossem as únicas que eles já produziram. Em relação ao evento cultural estabelecido como objeto de análise, é perceptível que o portal POPline foi mais eficaz no sentido de informar ao público sobre os shows do grupo norte-americano no Brasil. Mesmo sendo um portal “menor” em relação ao G1, o POPline abordou o acontecimento com interesse e atenção em seus desdobramentos, visualizando a pertinência da passagem da boyband pelo Brasil, para a área do jornalismo cultural. Desta maneira, o portal segmentado informou um público-alvo que realmente se interessava pelo assunto em sua totalidade (tanto dos shows quanto dos integrantes do grupo), enquanto o portal G1 cedeu informações básicas, visualizando talvez, como público receptor destas notícias, pessoas que ainda consideram os Backstreet Boys como uma banda adolescente dos anos 90 e não têm grande interesse em informações sobre a banda. Este trabalho propôs uma análise comparativa entre dois portais de notícias da Internet, e expôs que, mesmo o G1 sendo um dos maiores sites tradicionais de notícias do Brasil, quando um acontecimento é relacionado a cultura, o portal ainda apresenta um jornalismo pouco preparado para a realização de uma cobertura aprofundada a respeito. No caso específico da vinda do grupo Backstreet Boys ao Brasil para a realização de oito shows da turnê mundial In A World Like This, o portal
125
segmentado POPline demonstrou um jornalismo voltado ao público-alvo interessado no assunto, e mesmo que o portal G1 não seja especializado somente em cultura, a eficiência da cobertura dos eventos produzida pelo POPline descortina a necessidade de os portais tradicionais pensarem a respeito da área cultural como uma editoria que merece atenção e valor, tal como qualquer outra em um veículo jornalístico. Para a área da Comunicação, este trabalho contribuiu na reflexão sobre o jornalismo cultural praticado na plataforma web, e abordou a necessidade de uma visão menos superficial a respeito da área cultural, que deve ser abordada, mesmo em redações de veículos tradicionais, de forma profissional e minuciosa, tal como a plataforma da Internet permite.
126
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Leonel. A validade dos critérios de noticiabilidade no jornalismo digital. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2009. p. 163-182.
ALZAMORA, Geane. Do texto diferenciado ao hipertexto multimidiático: perspectivas para o jornalismo cultural. In: AZZOLINO, Adriana Pessatte (Org.); et al. 7 propostas para o jornalismo cultural: reflexões e experiências. São Paulo: Miró, 2009. p. 39-52.
ANCHIETA, Isabelle. Jornalismo cultural: por uma formação que produza o encontro da clareza do jornalismo com a densidade e a complexidade da cultura. In: AZZOLINO, Adriana Pessatte (Org.); et al. 7 propostas para o jornalismo cultural: reflexões e experiências. São Paulo: Miró, 2009. p. 53-68.
ASSIS, Francisco de. Gênero Diversional. In: MELO, José Marques de; ASSIS, Francisco de (Org.); et al. Gêneros Jornalísticos no Brasil. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2010. p. 141-162.
ABPD - Associação Brasileira de Produtores de Discos. Certificados. Disponível em: < http://www.abpd.org.br/home/certificados/?busca_artista=backstreet+boys>. Acesso em: 2 nov. 2015.
ASSUMPÇÃO, Alice Bentzen Fonseca; AMARAL, Ana Luisa Marzano. A interatividade no jornalismo on-line: estudo de caso do site G1. In: XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: Intercom, 2009. Disponível em: < http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2009/resumos/R14-0211-1.pdf>. Acesso em: 11 out. 2015.
AZZOLINO, Adriana Pessatte (Org.); et al. 7 propostas para o jornalismo cultural: reflexões e experiências. São Paulo: Miró, 2009. 110 p.
127
BACKSTREET Boys. Página do Facebook. Disponível em: <https://www.facebook.com/backstreetboys>. Acesso em: 4 nov. 2015.
BACKSTREET Boys. Página do Twitter. Disponível em: <https://twitter.com/backstreetboys>. Acesso em: 4 nov. 2015.
BACKSTREET Boys. Página do Instagram. Disponível em: <https://instagram.com/backstreetboys/>. Acesso em 4 nov. 2015.
BACKSTREET Boys Brasil. Página do Facebook. Disponível em: <https://www.facebook.com/BSBBR>. Acesso em: 4 nov. 2015.
BACKSTREET Boys: Backstories Concert. Brasil: Works, [1998?]. 1 DVD (80 min), widescreen, color. Produzido por Visual Entertainment.
BACKSTREET Boys: Celebration of 20 Years. Disponível em: <http://timeline.backstreetboys.com/>. Acesso em: 2 nov. 2015.
BACKSTREET Boys encerra turnê brasileira com show em Porto Alegre. G1, Rio Grande do Sul, 15 jun. 2015. Disponível em: < http://g1.globo.com/rs/rio-grande-dosul/musica/noticia/2015/06/backstreet-boys-encerra-turne-brasileira-com-show-emporto-alegre.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
BACKSTREET Boys fazem pedidos 'light' para camarim em Porto Alegre; veja. G1, Rio Grande do Sul, 15 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grandedo-sul/musica/noticia/2015/06/backstreet-boys-fazem-pedidos-light-para-camarimem-porto-alegre-veja.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
BACKSTREET Boys fará shows extras em São Paulo e Rio na turnê em junho. G1, São Paulo, 26 mar. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/03/backstreet-boys-fara-shows-extras-emsao-paulo-e-rio-na-turne-de-junho.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
128
BACKSTREET Boys participarão de ‘after party’ com fãs em Porto Alegre. G1, Rio Grande do Sul, 3 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-dosul/musica/noticia/2015/06/backstreet-boys-participarao-de-after-party-com-fas-emporto-alegre.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
BACKSTREET Boys: Show’Em What You’re Made Of. Direção e Produção: Stephen Kijak. Intérpretes: Brian Littrell, Nick Carter, AJ McLean, Kevin Richardson, Howie Dorough. Música: Backstreet Boys. Brasil: Paris Filmes, 2015. 2 DVDs (109 min), widescreen, color. Produzido por Pulse Films e K-BAHN, LLC.
BALLERINI, Franthiesco. Jornalismo Cultural no Século 21: A história, as novas plataformas, o ensino e as tendências na prática. São Paulo: Summus, 2015. 224 p.
BARBOSA, Suzana. Convergência jornalística em curso: as iniciativas para integração de redações no Brasil. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo Online: modos de fazer. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2009. p. 35-55.
BARROS; Filho, Clovis de; PERES; Neto, Luiz; LOPES, Felipe Tavares Paes. Teorias da Comunicação em Jornalismo: reflexões sobre a mídia. Editora Saraiva, 2011. 144 p. BELTRÃO, Luiz. A imprensa informativa. São Paulo: Folco Macucci, 1969. 424 p. BILLBOARD. 10 Biggest Boy Bands (1987 – 2012). 27 mar. 2012. Disponível em: <http://www.billboard.com/articles/list/502728/10-biggest-boy-bands-1987-2012>. Acesso em: 14 out. 2015. BRAGA, Adriana. Todo mundo pode ter blog? Práticas de legitimação na blogosfera. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2009. p.147-162. BREGANTINI, Daysi. Prefácio. In: BALLERINI, Franthiesco. Jornalismo Cultural no Século 21: A história, as novas plataformas, o ensino e as tendências na prática. São Paulo: Summus, 2015. p. 11-12. CARDOSO, Gustavo. A Mídia na Sociedade em Rede. Rio de Janeiro: FGV, 2007. 528 p.
129
CASTELLS, Manuel. A Galáxia Internet: reflexões sobre Internet, negócios e sociedade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. 325 p. ______. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2006. 3 v. v.1: A Sociedade em Rede. 698 p. ______. Internet e sociedade em rede. In: MORAES, Dênis de (Org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2003. 414 p. CASTILHO, Carlos. Webjornalismo: o que é notícia no mundo on-line. In: RODRIGUES, Ernesto (Org.). No próximo bloco...: o jornalismo brasileiro na TV e na Internet. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2005. p. 231-256. ______; FIALHO, Francisco. O jornalismo ingressa na era da produção colaborativa de notícias. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2009. p. 119-146.
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006. 285 p. COELHO, Teixeira. Outros olhares. In: LINDOSO, Felipe (Org.); et al. Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus, 2007. p. 24-29. COM SHOWS LOTADOS, Backstreet Boys terá datas extras em SP e Rio. UOL, São Paulo, 26 mar. 2015. Disponível em: <http://guia.uol.com.br/noticias/2015/03/26/com-ingressos-esgotados-backstreetboys-fara-show-extra-em-sp-e-rio.htm>. Acesso em: 2 nov. 2015. COSTA, Lailton Alves da. Gêneros jornalísticos. In: MELO, José Marques de; ASSIS, Francisco de (Org.); et al. Gêneros Jornalísticos no Brasil. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2010. p. 43-83. DE PÉ QUEBRADO a longa viagem, vale tudo para ver o Backstreet Boys. G1, Rio Grande do Sul, 15 jun. 2015. Disponível em: < http://g1.globo.com/rs/rio-grande-dosul/musica/noticia/2015/06/de-pe-quebrado-longa-viagem-vale-tudo-para-ver-obackstreet-boys-no-rs.html>. Acesso em: 17 out. 2015. DIZARD Jr., Wilson. A Nova Mídia: a comunicação de massa na era da informação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. 324 p. DUARTE, Carol. Backstreet Boys voltam a declarar amor pelos fãs brasileiros em show no Rio de Janeiro. POPline, S.l., 9 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-voltam-a-declarar-amor-pelos-fasbrasileiros-em-show-no-rio-de-janeiro>. Acesso em: 17 out. 2015.
130
DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.); et al. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2006. 380 p. EMERIM, Cárlida; BRASIL, Antonio. Coberturas em telejornalismo. In: XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Anais eletrônicos... Recife: Intercom, 2011. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-1276-1.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.
ESSINGER, Silvio. Almanaque Anos 90. Rio de Janeiro: Agir, 2008. 297 p.
FAIA, Amanda. Backstreet Boys no Brasil: com grupo completo, quinteto nos leva para uma viagem de duas décadas em duas horas. POPline, S.l., 7 jun. 2015. Disponível em: <http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-no-brasil-com-grupocompleto-quinteto-nos-leva-para-uma-viagem-de-duas-decadas-em-duas-horas>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Venda de ingressos para shows extras dos Backstreet Boys no Brasil começa amanhã. POPline, S.l., 26 mar. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/venda-de-ingressos-para-shows-extras-dosbackstreet-boys-no-brasil-comeca-amanha/>. Acesso em: 17 out. 2015.
FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. São Paulo: Contexto, 2010. 128 p. GADINI, Sérgio Luiz. A cultura como notícia no jornalismo brasileiro. Cadernos de Comunicação. Série Estudos; v.8. Rio de Janeiro : Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro: Secretaria Especial de Comunicação Social, 2003. 98 p.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008. 200 p.
GOLIN, Cida. Jornalismo cultural: reflexão e prática. In: AZZOLINO, Adriana Pessatte (Org.); et al. 7 propostas para o jornalismo cultural: reflexões e experiências. São Paulo: Miró, 2009. p. 23-38.
131
GOMES, Fábio. Jornalismo cultural. Brasileirinho Produções: 2005. Disponível em: <http://www.jornalismocultural.com.br>. Acesso em: 23 ago. 2015.
GONÇALVES, Andressa; VIDINHAS, Susan. No Rio, Backstreet Boys garantem que 'brasileiras são as mais apaixonadas'. G1, Rio de Janeiro, 9 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/06/no-rio-backstreet-boys-garantemque-brasileiras-sao-mais-apaixonadas.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
HAAS, Gabriela. Fãs voltam à adolescência em show dos Backstreet Boys em Porto Alegre. G1, Rio Grande do Sul, 15 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/06/fas-voltam-adolescenciaem-show-dos-backstreet-boys-em-porto-alegre.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Trio dos Backstreet Boys leva fãs à loucura em casa noturna após show. G1, Rio Grande do Sul, 16 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/riogrande-do-sul/noticia/2015/06/trio-dos-backstreet-boys-leva-fas-loucura-em-casanoturna-apos-show.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
HERSCOVITZ, Heloiza Golbspan. Análise de conteúdo em jornalismo. In: LAGO, C e BENETTI, M. Metodologia de pesquisa em Jornalismo. Petrópolis, Vozes, 2008. 288 p.
HIRSZMAN, Maria. O aprendizado da crítica. In: LINDOSO, Felipe (Org.); et al. Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus, 2007. p. 96-97.
HOINEFF, Nelson. Escolha a dedo. In: LINDOSO, Felipe (Org.); et al. Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus, 2007. p. 88-91
JORGE, Thaïs de Mendonça; PEREIRA, Fábio Henrique; ADGHIRNI, Zélia Leal. Jornalismo na Internet: desafios e perspectivas no trinômio formação/universidade/mercado. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo Online: modos de fazer. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2009. p. 75-96
132
KELLNER, Douglas. A cultura da mídia: estudos culturais, identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru: EDUSC, c2001. 452 p.
KISCHINHEVSKY, Marcelo. Convergência nas redações: mapeando os impactos do novo cenário midiático sobre o fazer jornalístico. In: RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2009. p. 57-74.
LINDOSO, Felipe (Org.); et al. Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus, 2007. 232 p.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2009. 315 p.
MCQUAIL, Denis. Teorias da Comunicação de Massa: Série Comunicação, 6ª Edição. Penso, 2013. 556 p. Disponível em: <http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788565848350/page/29>. Acesso em: 28 ago. 2015.
MELO, José Marques de; ASSIS, Francisco de (Org.); et al. Gêneros Jornalísticos no Brasil. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2010. 331 p.
G1. Mídia Kit. Disponível em: <http://anuncie.globo.com/redeglobo/sites/noticias/g1/home.html>. Acesso em: 11 out. 2015.
MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo na web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na escrita hipertextual. 2003. 246 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Culturas Contemporânea) - Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2003.
MOHERDAUI, Luciana. Guia de estilo Web: produção e edição de notícias on-line. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2002. 147 p.
133
MONTEIRO, Luís. A internet como meio de comunicação: possibilidades e limitações. In: XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação. Anais eletrônicos... Campo Grande: Intercom, 2001. Disponível em: < http://www.portalrp.com.br/bibliotecavirtual/comunicacaovirtual/0158.pdf>. Acesso em: 17 set. 2015.
MORAES, Dênis de (Org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2003. 414 p.
MORAES, Flavio. FOTOS: Backstreet Boys se apresentam em SP. G1, S.l., 13 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/fotos/2015/06/fotos-backstreetboys-se-apresentam-em-sp.html#F1667050>. Acesso em: 17 out. 2015.
MOTTA, L. G. Análise pragmática da narrativa jornalística. In: LAGO, C e BENETTI, M. Metodologia de pesquisa em Jornalismo. Petrópolis, Vozes, 2008. 288 p.
NAN, Chen. Backstreet Boys kick off world tour in China. China Daily, S.l., 22 jan. 2013. Disponível em: < http://www.chinadaily.com.cn/china/201301/22/content_16157793.htm>. Acesso em: 2 nov. 2015.
OLIVEIRA, Ricardo. Produtora anuncia dois shows extras dos Backstreet Boys no Brasil. POPline, S.l., 25 mar. 2015. Disponível em: <http://www.portalpopline.com.br/produtora-anuncia-dois-shows-extras-dosbackstreet-boys-no-brasil/>. Acesso em: 17 out. 2015.
PACHECO, Marília. Backstreet Boys no Brasil: AJ ganha atenção (e o coração) das fãs em São Paulo. POPline, S.l., 13 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-no-brasil-aj-ganha-atencao-e-o-coracaodas-fas-em-sao-paulo>. Acesso em: 17 out. 2015.
PATERNOSTRO, Vera íris. O texto na TV: manual de telejornalismo. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 158 p.
134
PAULO, Paula Paiva. Vídeo interativo: Você sabe tudo sobre Backstreet Boys? G1, S.l., 11 jun. 2015. Disponível em: <http://especiais.g1.globo.com/videosinterativos/#!/musica/voce-sabe-tudo-sobre-backstreet-boys>. Acesso em: 17 out. 2015.
PENA, Felipe (Org.); et al. 1000 perguntas sobre Jornalismo. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 286 p.
PINHO, J. B. Jornalismo na Internet: planejamento e produção da informação online. São Paulo: Summus, 2003. 282 p. (Coleção Novas Buscas em Comunicação; v. 71).
PIZA, Daniel. Jornalismo Cultural. São Paulo: Contexto, 2009. 143 p.
PORTAL POPLINE. Sobre. Disponível em: <http://www.portalpopline.com.br/sobre/>. Acesso em: 14 out. 2015.
PRADO, Magaly. Webjornalismo. São Paulo: LTC, 2011. 272 p.
RÊGO, Ana Regina; AMPHILO, Maria Isabel. Jornalismo opinativo. In: MELO, José Marques de; ASSIS, Francisco de (Org.); et al. Gêneros Jornalísticos no Brasil. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2010. p. 95-108.
RETTIG, James. Backstreet Boys Announce New Studio Album and Summer Tour. Billboard, New York, 15 mai. 2013. Disponível em: <http://www.billboard.com/articles/columns/pop-shop/1562292/backstreet-boysannounce-new-studio-album-and-summer-tour>. Acesso em: 2 nov. 2015.
RODRIGUES, Carla (Org.). Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2009. 214 p.
135
RODRIGUES, Ernesto (Org.). No próximo bloco...: o jornalismo brasileiro na TV e na Internet. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2005. 286 p.
SANTAELLA, Lúcia. Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003a. 357 p. Disponível em: < https://identidadesculturas.files.wordpress.com/2011/05/santaella-culturas-e-artesdo-pc3b3s-humano.pdf>. Acesso em: 5 set. 2015.
______. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano. Revista FAMECOS, Porto Alegre, n. 22, p. 23-32, dez. 2003b. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/3229 /2493>. Acesso em: 3 set. 2015.
SATURNINO, Flávio. Perfil do Facebook. Disponível em: <https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=376477509228624&id=10000 5991345656>. Acesso em: 14 out. 2015.
SILVA, Dora Santos. Cultura & Jornalismo Cultural: tendências e desafios no contexto das indústrias culturais e criativas. Portugal: Formalpress, 2012. 156 p.
SILVA, Gislene e MAIA, Flávia. Análise de cobertura jornalística: um protocolo metodológico. Rumores Revista Online de Comunicação, Linguagem e Mídias. SP, v.10, n. 5, jul-dez, 2011. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/rumores/article/viewFile/7936/7333 >. Acesso em: 5 set. 2015.
SOTO, Cesar. Backstreet Boys se apresentam em SP de olho no futuro e em 'bundas'. G1, São Paulo, 13 jun. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/06/backstreet-boys-se-apresentam-no-diados-namorados-de-olho-no-futuro-e-em-bundas.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Blog Pop e Arte: Qual Backstreet Boy envelheceu melhor? G1, S.l., 17 jun. 2015. Disponível em: < http://g1.globo.com/pop-arte/blog/quem-curte-o-blog-de-faclube/post/qual-backstreet-boy-envelheceu-melhor.html>. Acesso em: 17 out. 2015.
136
SOUZA, Marina de Magalhães. Ensino do jornalismo cultural: uma proposta de inclusão social. In: AZZOLINO, Adriana Pessatte (Org.); et al. 7 propostas para o jornalismo cultural: reflexões e experiências. São Paulo: Miró, 2009. p.79-92.
STUMPF, Ida Regina. Pesquisa bibliográfica. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.); et al. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2006. 380 p.
STYCER, Maurício. Seis problemas. In: LINDOSO, Felipe (Org.); et al. Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus, 2007. p. 72-75.
SWAN, Isabel. Jornalismo cultural. In: PENA, Felipe (Org.). 1000 Perguntas sobre Jornalismo. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 91-102
SZANTÓ, András. Um quadro ambíguo. In: LINDOSO, Felipe (Org.); et al. Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus, 2007. p.36-47.
TEIXEIRA, Nísio. Desafios para a prática e o ensino do jornalismo cultural. In: AZZOLINO, Adriana Pessatte (Org.); et al. 7 propostas para o jornalismo cultural: reflexões e experiências. São Paulo: Miró, 2009. p. 93-107.
THOMPSON, John B. . Ideologia e Cultura Moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 2009. 427 p.
TORRES, Leonardo. Backstreet Boys no Brasil: antes de shows, cantores passeiam pelo Rio de Janeiro. POPline, S.l., 8 jun. 2015. Disponível em: <http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-no-brasil-antes-de-shows-cantorespasseiam-pelo-rio-de-janeiro>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Backstreet Boys no Brasil: Kevin Richardson leva a mulher para conhecer o Cristo Redentor. POPline, S.l., 11 jun. 2015. Disponível em: <
137
http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-no-brasil-kevin-richardson-leva-a-mulherpara-conhecer-o-cristo-redentor>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Backstreet Boys no Brasil: Nick Carter curte praia no Rio de Janeiro com fãs na sua cola. POPline, S.l., 8 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-no-brasil-nick-carter-curte-praia-no-riode-janeiro-com-fas-na-sua-cola>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Backstreet Boys se despedem do Brasil após dez dias de estadia e oito shows realizados. POPline, S.l., 16 jun. 2015. Disponível em: < http://portalpopline.com.br/backstreet-boys-se-despedem-do-brasil-apos-dez-diasde-estadia-e-oito-shows-realizados>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Backstreet Boys cobram mais de R$ 700 em ingresso para festinhas com fãs no Brasil. POPline, S.l., 3 jun. 2015. Disponível em: <http://www.portalpopline.com.br/backstreet-boys-cobram-mais-de-r-700-emingresso-para-festinhas-com-fas-no-brasil/>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Backstreet Boys marcam segundo show extra em São Paulo. POPline, S.l., 15 abr. 2015. Disponível em: <http://www.portalpopline.com.br/backstreet-boysmarcam-segundo-show-extra-em-sao-paulo/>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Ingressos para melhores setores dos shows dos Backstreet Boys no Brasil esgotam rapidamente. POPline, S.l., 23 mar. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/ingressos-para-melhores-setores-dos-shows-dosbackstreet-boys-no-brasil-esgotam-rapidamente/>. Acesso em: 17 out. 2015.
______. Produtora registra mais de 30 mil acessos em venda de ingressos para shows dos Backstreet Boys no Brasil. POPline, S.l., 24 mar. 2015. Disponível em: < http://www.portalpopline.com.br/produtora-registra-mais-de-30-mil-acessos-emvenda-de-ingressos-para-shows-dos-backstreet-boys-no-brasil/>. Acesso em: 17 out. 2015.
138
______. Backstreet Boys têm problema com voo para chegar ao Brasil. POPline, S.l., 5 jun. 2015. Disponível em: <http://www.portalpopline.com.br/backstreet-boystem-problema-com-voo-para-chegar-ao-brasil/>. Acesso em: 17 out. 2015.
WIKIPEDIA. G1. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/G1>. Acesso em: 11 out. 2015.
WIKIPEDIA. In A World Like This Tour. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/In_a_World_Like_This_Tour>. Acesso em: 2 nov. 2015.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação de Massa. São Paulo: Martins Fontes, 2012. 295 p.
WOLTON, Dominique. Pensar a Comunicação. Brasília: UnB, 2004. 544 p.
139
ANEXOS
ANEXO A – Notícia sobre a vinda do BSB ao Brasil – G1, 25 fev. 2015.
25/02/2015 15h10 - Atualizado em 25/02/2015 16h20
Backstreet Boys anuncia que vai fazer turnê no Brasil em junho Boyband tocará em Recife, Belo Horizonte, Rio, SP e Porto Alegre. Ingressos variam de R$ 150 a R$ 3 mil; pré-venda abre em março. Do G1, em São Paulo
Da esq. para dir., AJ McLean, Howie Dorough, Kevin Richardson, Nick Carter e Brian Littrell, do Backstreet Boys, ganham estrela número 2.495 na Calçada da Fama (Foto: Imeh Akpanudosen/Getty Images/AFP)
O Backstreet Boys anunciou nesta quarta-feira (25), em seu site oficial, que vai fazer uma turnê no Brasil em junho. A boyband veterana, que foi uma das mais populares dos anos 1990, deve se apresentar em cinco cidades: Recife , Belo Horizonte, Rio, São Paulo e Porto Alegre. Os ingressos variam de R$ 150 a R$ 3 mil (veja datas, locais e preços abaixo). Com 130 milhões de discos vendidos e 20 anos de carreira, o Backstreet Boys vem ao país com sua formação original (Brian, A.J., Howie, Nick e Kevin) para apresentar o disco mais recente, "In a world like this", que saiu em 2013.
140
De acordo com a produtora Time For Fun (T4F), vai haver pré-venda para fã-clube no Rio e em São Paulo entre os dias 12 e 15 de março. Nas outras três cidades, a pré-venda para fã-clube vai acontecer entre 19 a 22 de março. Além disso, no Rio e em São Paulo os clientes Citi e Diners Club terá pré-venda exclusiva entre os dias 16 e 22 de março. Já a a venda para o público em geral, em todas as cidades, começa em 23 de março. Ingressos para os shows de Belo Horizonte, Rio, São Paulo e Porto Alegre poderão ser adquiridos pelo site oficial (clique aqui), nas bilheterias oficiais e pontos de venda. No Recife, os ingressos estarão disponíveis na bilheteria do Chevrolet Hall e pelo site www.ingressorapido.com.br. Turnê Backstreet Boys no Brasil: Recife Quando: sábado, 6 de junho Onde: Chevrolet Hall (AV. Agamenon Magalhães, Complexo de Salgadinho, Salgadinho, Olinda) Capacidade: 10.295 pessoas Ingressos: de R$ 200 a R$ 3 mil (com meia-entrada) Classificação: de 10 a 13 anos, é permitida a entrada acompanhada de responsável; a partir dos 14 anos, é permitida a entrada sem acompanhantes Pré-venda para fã-clube: entre 19 e 22 de março Venda para o público em geral: a partir de 23 de março Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência): Av. Agamenon Magalhães, Complexo de Salgadinho, Salgadinho, Olinda Pontos de venda (com taxa de conveniência): clique aqui Pela internet (com taxa de conveniência): clique aqui Belo Horizonte Quando: terça-feira, 9 de junho Onde: Chevrolet Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, Belo Horizonte) Capacidade: 5.000 lugares Ingressos: de R$ 220 a R$ 280 (com meia-entrada) Classificação: de 10 a 13 anos, é permitida a entrada acompanhada de responsável; a partir dos 14 anos, é permitida a entrada sem acompanhantes Pré-venda para fã-clube: entre 19 e 22 de março Venda para o público em geral: a partir de 23 de março Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência): Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro, Belo Horizonte; diariamente, das 12h às 20h Pontos de venda (com taxa de conveniência): clique aqui
141
Pela internet (com taxa de conveniência): clique aqui Pelo telefone (com taxa de conveniência): 4003-5588 (válido para todo o país), das 9h às 21h, de segunda a sábado Rio Quando: quinta-feira, 11 de junho Onde: Citibank Hall (Av. Ayrton Senna, 3000, Shopping Via Parque, Barra da Tijuca) Capacidade: 8.432 lugares Ingressos: de R$ 240 a R$ 550 (com meia-entrada) Classificação: de 10 a 13 anos, é permitida a entrada acompanhada de responsável; a partir dos 14 anos, é permitida a entrada sem acompanhantes Pré-venda para fã-clube: de 12 a 15 de março Pré-venda para cartões Citi e Diners Club: de 16 a 22 de março Venda para o público em geral: a partir de 23 de março Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência): Av. Ayrton Senna, 3000, Shopping Via Parque, Barra da Tijuca; diariamente, das 12 às 20h Pontos de venda (com taxa de conveniência): clique aqui Pela internet (com taxa de conveniência): clique aqui São Paulo Quando: sexta-feira, 12 de junho Onde: Citibank Hall (Av. das Nações Unidas, 17955, Santo Amaro) Capacidade: 7.064 lugares Ingressos: de R$ 150 a R$ 600 (com meia-entrada) Classificação: de 10 a 13 anos, é permitida a entrada acompanhada de responsável; a partir dos 14 anos, é permitida a entrada sem acompanhantes Pré-venda para fã-clube: de 12 a 15 de março Pré-venda para cartões Citi e Diners Club: de 16 a 22 de março Venda para o público em geral: a partir de 23 de março Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência): Av. das Nações Unidas, 17.955, Santo Amaro; diariamente, das 12h às 20h Pontos de venda (com taxa de conveniência): clique aqui Pela internet (com taxa de conveniência): clique aqui Porto Alegre Quando: domingo, 14 de junho Onde: Pepsi On Stage (Av. Severo Dullius, 1995) Capacidade: 4.710 pessoas. Ingressos: de R$ 180 a R$ 280 (com meia-entrada)
142
Classificação: de 10 a 13 anos, é permitida a entrada acompanhada de responsável; a partir dos 14 anos, é permitida a entrada sem acompanhantes Pré-venda para fã-clube: de 19 a 22 de março Venda para o público em geral: a partir de 23 de março Bilheteria oficial (sem taxa de conveniência): Rua dos Andradas, 1001, Centro; de segundaa sexta-feira, das 11h às 19h; aos sábados, das 9h às 17h; aos domingos e feriados, a bilheteria fica fechada Pontos de venda (com taxa de conveniência): clique aqui Pela internet (com taxa de conveniência): clique aqui
143
ANEXO B – Notícia sobre a vinda do BSB ao Brasil – POPline, 25 fev. 2015.
Backstreet Boys anunciam cinco shows no Brasil para junho Em 25/02/15 às 13:18 Por: Leonardo Torres | Backstreet Boys, Yeah! Notícias
O grupo americano Backstreet Boys vai voltar ao Brasil em junho. A boyband incluiu cinco shows no país na agenda de sua turnê pela América do Sul, que também inclui datas na Argentina e no Chile. As cidades escolhidas são Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. O primeiro show será no dia 6 de junho no Chevrolet Hall, em Recife. Em seguida, o grupo cantará no Chevrolett Hall de Belo Horizonte no dia 9, no Citibank Hall do Rio no dia 11, no Citibank Hall de São Paulo no dia 12 e no Pepsi On Stage de Porto Alegre no dia 14. Os ingressos ainda não estão à venda.
Essa será a primeira vinda dos Backstreet Boys ao país desde que o integrante Kevin Richardson retornou ao grupo. Eles estão comemorando seus 20 anos de formação, e tem até um documentário para estrear nos cinemas brasileiros em abril.
144
ANEXO C – Matéria 1, publicada no G1 em 9 jun. 2015.
09/06/2015 07h40 - Atualizado em 10/06/2015 16h44
No Rio, Backstreet Boys garantem que 'brasileiras são as mais apaixonadas' Segundo show da turnê no Brasil aconteceu nessa segunda (8), na Barra. Canga do Cristo Redentor, camisa da seleção e bandeira arrancaram gritos. Andressa Gonçalves e Susan VidinhasDo G1 Rio
A regra dada por Nick Carter foi "voltarem aos 15 anos". Vinte e dois anos se passaram depois da explosão dos Backstreet Boys nos anos 90, mas a multidão que lotou o Citibank Hall, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, garante que nada mudou. Enquanto uma geração de trintões se emocionava ao lembrar dos hits do início da banda e conhecer o álbum "In a world like this", os cinco "garotos" da queridinha boyband norte-americana, literalmente, brincaram no palco durante toda a noite dessa segunda-feira (8). Antes mesmo do show começar, "Everybody" e "All I have to give" já eram gritadas pelos fãs que esperavam na fila. Alguns chegaram ao local no sábado (6) para garantir um bom lugar na plateia. A ansiedade crescia lá dentro, mas bastou o primeiro jogo de luzes para fazer a plateia esquecer o atraso de meia hora. Cada integrante teve um tempo para interagir com o público. Após abrirem a noite com "The Call", "Don't Want you back" e "Incomplete", foi Nick que deu as boas vindas. Ele afirmou que o Brasil é um dos lugares que eles mais gostam de fazer show e propos um acordo: "fiquem loucos", "percam a voz" e "voltem aos 15 anos nesta noite".
145
A maioria dos fãs cresceu com a gente e, da mesma forma que nós temos filhos, as nossas fãs também já têm filhos", disse Kevin. Depois foi a vez de Kevin Richardson conquistar a plateia. O cantor, que tinha desfalcado a formação original na última passagem da banda pelo Brasil, em 2011, foi muito bem recebido de volta. Duas ou três vezes a plateia fez coro gritando o seu nome para homenageá-lo. Ele retribuiu à altura. "Senti saudades. As fãs brasileiras são as mais apaixonadas pelo grupo. A maioria dos fãs cresceu com a gente e, da mesma forma que nós temos filhos, as nossas fãs também já têm filhos". Imitando voz de criança e desenho animado, plantando bananeira, ameaçando ir para a plateia, dançando como malandro e empinando a bunda. Foi assim que o brincalhão Brian Littrell arrancou risos do público. "Nós amamos o Rio por causa das fãs, elas são bastante receptivas". Após autografar um papel e fazer, com as mãos, um coração, o cantor fez duas perguntas ao falar do passado e futuro dos Backstreet Boys. Ele provocou as fãs perguntando se estavam cansadas e se queriam ir para casa. A plateia foi unânime dizendo que não. Já quando ele questionou se daqui a 22 anos elas voltariam num show deles, um consistente e prolongado "Yes" tomou conta do lugar. A canção "Breathe" contou com efeito especial feito pelo público a pedido de AJ McLean. Após mexer com todo o público, desde os camarotes até as pistas e dizer que as fãs brasileiras são muito bonitas e sexys, ele pediu que todos ligassem as lanternas dos seus celulares. Segundo ele, "para transformar a plateia num céu cheio de estrelas". Após a euforia de "We've got it Goin' On", música que mais levantou os oito mil fãs que lotaram a casa, os cinco se dirigiram para seus instrumentos e fizeram um momento acústico com as baladas "Drowing, 10.000 Promises e Madeleine. À capela, eles mostraram que, além da energia, descontração, coreografias e porte físico, a divisão de vozes e qualidade vocal também não ficaram pra trás. Entre as várias brincadeiras e interações com Nick Carter, Howie Doroygh também teve seu momento de destaque. Depois de dizerem que ele seria um dos únicos que continuaria dançando bem daqui um tempo, o cantor teve que se render aos clamores das fãs que gritavam seu nome. A palhinha de dança virou um rebolado. Depois, foi a vez de AJ atender o pedido e
146
requebrar. Já Nick, que não topou a dança, se certificou se "o público estava entendendo o inglês" e provocou ainda mais jogando a toalha que limpava o seu suor e água na plateia. As trocas de roupas eram intercaladas por imagens do documentário que celebra os 20 anos de carreira dos Backstreet Boys. O primeiro show da turnê no Rio de Janeiro não ficou sem homenagem à Cidade Maravilhosa. Nick abriu uma canga com a imagem do Cristo Redentor e, por várias vezes, os outros cantores balançavam a bandeira do Brasil. Além disso, Kevin também carregava, no bolso de trás da calça, uma camisa da Seleção Brasileira.
Para fechar com mais surpresa as duas últimas músicas, "Everybody" e "Larger than life", AJ subiu ao palco todo vestido de verde e amarelo.
Os Backstreet Boys fazem na noite desta segunda-feira (08/06), no Citibank Hall, na Barra da Tijuca, a primeira apresentação
no
Rio
de
Janeiro,
a
segunda
das
oito
da
atual
turnê
no
Brasil.
PELLENBERG/FRAME/ESTADÃO CONTEÚDO)
Turnê Backstreet Boys no Brasil Belo Horizonte Quando: terça-feira, 9 de junho Onde: Chevrolet Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, Belo Horizonte)
(Foto:
ILAN
147
São Paulo Quando: sexta-feira, 12 de junho, e sábado, 13 de junho (show extra) Onde: Citibank Hall (Av. das Nações Unidas, 17955, Santo Amaro) Porto Alegre Quando: segunda-feira, 15 de junho (nova data) Onde: Pepsi On Stage (Av. Severo Dullius, 1995)
Backstreet Boys em show extra no Rio de Janeiro (Foto: Andressa Gonçalves/G1)
148
ANEXO D – Matéria 2, publicada no POPline em 9 jun. 2015.
Backstreet Boys voltam a declarar amor pelos fãs brasileiros em show no Rio de Janeiro Em 09/06/15 às 10:13 Por: Redação POPLine | Backstreet Boys, Yeah! Notícias
Tenho que admitir que tive uma certa apreensão quando fui escalada para fazer a cobertura do show do Backstreet Boys para o POPline, no Rio de Janeiro. Sempre gostei de boy bands, sou da geração que viu o fenômeno Menudo e viveu intensamente a era New Kids on the Block, então quando surgiu o Backstreet Boys não dei muita importância. Achava que era apenas mais uma e que logo passaria. Nunca fui efetivamente fã do grupo, nunca comprei um álbum ou fui a um dos shows anteriores que fizeram por aqui, mas gostava das músicas, e como não vivia numa bolha, sempre soube cantar as músicas. Como tinha uma “vasta experiência” em assistir a boy bands, pois já tinha ido, como citado acima, em shows do Menudo e do New Kids on The Block e também nos shows do Five e do N’SYNC, achei que seria fácil fazer uma resenha sobre a segunda apresentação da turnê “In a World Like This” em terras brasileiras. Acreditava que seria somente mais um show de boy band. Ledo engano. Os Backstreet Boys são contagiantes. Simpáticos e com uma energia única, Nick Carter, AJ McLean, Howie Dourogh, Brian Littrell e Kevin Richardson, no alto dos seus 30/40 anos, dançam e cantam durante aproximadamente 2h de show com o fôlego que muita banda “novinha” não tem. Donos de inúmeros hits, fizeram um Citibank Hall, completamente lotado, cantar todas as faixas, as mais ou menos conhecidas e com quem assistisse ao show tivesse a impressão de ter entrado numa cápsula do tempo e voltado aos áureos anos 1990, quando o grupo surgiu. Com aproximadamente 20 minutos após o horário previsto para o início, o show começou com “The Call”, mantendo o setlist apresentado no show anterior, inclusive “10.000 Promises” noacoustic set. Assim como em Recife, Nick começou a apresentação do grupo com algumas regras: 1ª – “Divirtam-se”; 2ª – “O que acontece no show dos Backstreet Boys, fica no show dos Backstreet Boys” e a 3ª – “Voltem aos 15 anos de idade e ‘let’s get crazy'”! E o público cumpriu direitinho. É nítida a forte ligação que o grupo tem com o Brasil e eles fizeram questão de lembrar isso durante todo o show citando a primeira e apoteótica vinda deles ao Brasil há mais de 10 anos – que eles lembram como um dos momentos mais especiais nesses mais de 20 anos de carreira. Nick afirmou que o Brasil é o local favorito deles e Kevin, o mais festejado, até por ser a turnê de retorno do cantor ao grupo depois de alguns anos longe, disse que possivelmente o público brasileiro é o que mais ama os Backstreet Boys e que estamos
149
marcados permanentemente em seus corações. “You’re permanent stain in our hearts”, disse citando uma das faixas do novo álbum e cantada no show. Acessíveis, Kevin ganhou uma camisa do Brasil de uma fã, Brian ajoelhou no palco para pegar a foto de uma fã que estava na pit (área para o fã-clube dentro do palco) para autografar e Howie e AJ pegaram câmeras e celulares de quem estava na primeira fila da pista premium para fazerselfies ou filmar em close. Diferentemente do show anterior, onde todos vestiram camisas do Brasil, no Rio de Janeiro, somente AJ apareceu no palco com a roupa verde e amarelo. Realmente, agora entendo o sucesso ininterrupto e os oito shows agendados para o Brasil e se o mundo do Backstreet Boys é como eles apresentaram no palco ontem à noite, precisamos de mais! Por Carol Duarte
150
ANEXO E – Matéria 3, publicada no G1 em 13 jun. 2015.
13/06/2015 02h30 - Atualizado em 13/06/2015 15h55
Backstreet Boys se apresentam em SP de olho no futuro e em 'bundas' Grupo volta a se apresentar em São Paulo neste sábado e domingo. 'Tudo que vou conseguir pensar é em bunda, bunda, bunda', disse AJ. Cesar SotoDo G1, em São Paulo
Backstreet Boys se apresentam em SP (Foto: Flavio Moraes / G1)
É possível dizer com certeza que milhares de namorados e maridos perderam a prioridade neste dia dos namorados. Isso porque os Backstreet Boys realizavam sua primeira apresentação em São Paulo na noite desta sexta-feira (12) para um Citibank Hall lotado de fãs que provavelmente passarão o fim de semana roucas. Os "garotos da rua de trás" - que já não são mais tão jovens assim - fizeram um show carregado de energia que certamente atendeu as expectativas de um público que gritou, cantou e dançou a noite inteira. "A regra mais importante é que vocês se comportem como se tivessem 15 anos", disse Nick Carter para a platea, formada majoritariamente de mulheres mais próximas dos 30. O grupo americano, formado em 1993, conseguiu com sucesso recriar o clima de meado dos anos 1990 e início dos 2000, época em que alcançou o auge de sua fama. "Queremos que vocês festejem
151
está noite como se fosse 1999", declarou Kevin Richardson, citando o ano de lançamento de um de seus principais discos, "Millenium".
Backstreet Boys em São Paulo (Foto: Flavio Moraes / G1)
Elogios às brasileiras Os cantores não pouparam elogios às suas admiradoras brasileiras. "Estivemos em todos os cantos do mundo nestes 22 anos e posso dizer que as mulheres do Brasil são as mais lindas e sexys do planeta", afirmava AJ McLean entre uma canção e outra.
FOTOS: Backstreet Boys cantam em SP
"E não vou conseguir dormir está noite, porque tudo que vou conseguir pensar é em 'bunda, bunda, bunda'", disse, em português, sobre a parte do corpo que seria muito citada em nosso idioma no show. Sem cansar Apesar do clima nostálgico, o grupo não dá sinais de cansaço e mostra ter o desejo de continuar na estrada. "Somos espertos. Estamos tocando instrumentos agora porque provavelmente não poderemos mais 'shake our bundas' por muito tempo", confessou Howie D. Em certa parte, os cinco fazem momento "banquinhos, violões, teclado e cajon", para tocar partes alguns hits em versão mais tranquila, com quase 50 fãs no palco.
152
"Não queremos olhar para o passado. Queremos olhar para o futuro. Vocês estarão conosco daqui 22 anos?", perguntou Brian Litrell. Apesar da soma dos anos, não seria absurdo acreditar nas fãs que afirmaram que "sim" no show desta noite.
Fãs no show do Backstreet Boys em São Paulo (Foto: Flavio Moraes / G1) A primeira: ironicamente, "The call" abriu a apresentação com 30 minutos de atraso. O refrão "I will be late don't stay up and wait for me" ganha novo siginificado. A mais gritada: "Everybody" foi de longe a que levou mais fãs ao delírio. Com passinhos icônicos no clipe, foi também a mais dançada. A mais cantada: os versos de "I want it that way" foram os que encheram mais bocas e pulmões durante a apresentação. Quase não era possível ouvir os cinco. A maior sofrência: superando "Show me the meaning of being lonely", "Shape of my heart" foi a que trouxe à tona o maior número de emoções profundas. Backstreet Boys no Brasil São Paulo Quando: sábado, 13 de junho, e domingo, 14 (show extra) Onde: Citibank Hall (Av. das Nações Unidas, 17955, Santo Amaro) Ingressos esgotados Porto Alegre Quando: segunda-feira, 15 de junho (nova data) Onde: Pepsi On Stage (Av. Severo Dullius, 1995) Ingressos esgotados
153
ANEXO F – Matéria 4, publicada no POPline em 13 jun. 2015.
Backstreet Boys no Brasil: AJ ganha atenção (e o coração) das fãs em São Paulo Em 13/06/15 às 14:27 Por: Redação POPLine | Backstreet Boys, Yeah! Notícias
“Se divirtam como se tivessem 15 anos e façam uma festa como se fosse 1999,” sugeriu Kevin Richardson, que também se atrapalhou com tantos shows no Brasil e mandou um “Riooooo” para o público paulista. Mesmo com a derrapada do bonitão, o público – que em sua maioria era de mulheres 25 + (aka eu também!) – entrou no clima 90’s e se divertiu muito até o fim do show. “As Long As You Love Me” teve direito a chapéu e telão que remontava o cenário do clipe de 1997. Outras baladas do início da carreira, como “All I Have To Give”, “Quit Playing Games” e “I’ll Never Break Your Heart” realmente emocionam e fazem viajar no tempo. Os rapazes continuam super em forma, dançam muito, cantam e são muito simpáticos. Os Backstreet Boys fizeram muitas das coreografias originais, como em “We’ve Got It Going On”, “Everybody” e “Larger Than Life”. Diferente dos anos 90, eles agora tocam instrumentos em um momento do show. O set acústico (com apenas um trechinho da aguardada “Drowning”) teve direito a violões comandados por Nick, Howie D e Brian, além de Kevin no teclado e AJ com um cajón. Falando em AJ, o comentário geral foi a simpatia do rapaz, que arrancou muitos suspiros das meninas que estavam na plateia premium, pertinho do palco. AJ rasgou muitos elogios às mulheres brasileiras, “as mais bonitas de todo o mundo”, e até comentou que quando volta aos
154
Estados Unidos sente falta do “bumbum brasileiro”. Howie D também chegou bem perto do público, recebeu presentes – e usou! Se há um motivo aparente para amar ainda mais os Backstreet Boys, além dos inúmeros sucessos, é o sorriso largo no rosto dos cinco. Brian, Nick, AJ, Howie e Kevin se declararam apaixonados pelo Brasil, mais uma vez, e prometeram voltar sempre que tiverem em turnê. Os Backstreet Boys ainda se apresentam hoje e amanhã no Citibank Hall, em São Paulo. Por Marília Pacheco