Revista Maria Bonita

Page 1

Maria Bonita

VOCÊ BRASILEIRA

MB DO MÊS

Maria Bonita - Ano 1 Edição 1 - Abril 2015

“O que a pessoa fala dói mais que um tapa na cara”. Telma, mãe divorciada, 42 anos

CABELOS CRESPOS

SEXO Sex-shop, 50 Tons de Cinza e Tinder

FITNESS EM CASA

SAÚDE As doenças que mais atingem as mulheres




Maria Bonita Maria Bonita

VOCÊ BRASILEIRA NO TABLETVOCÊ E NABRASILEIRA INTERNET

www.mariabonita.com.br


Maria, maria... É com muita felicidade que apresentamos a primeira edição da revista “Maria Bonita”. Essa revista vem com o intuito de ser sua companheira, aquela que não te julga, mas que te entende e tenta te mostrar, que, apesar dos desaios do dia a dia, sempre é possível ter um momento para pensar em si mesma. Não que iremos tentar te encaixar em padrão todo quadradinho, mas vamos ajudar você a aceitar todas as curvas do seu corpo, os cachos do seu cabelo e mostrar que os seus direitos são válidos e que você não só pode, como deve, correr atrás deles. Sabemos que todos queremos que a próxima geração seja mais tolerante e gentil, para isso, podemos ajudar a educar os seus ilhos sem nenhum preconceito. Estamos atentas com a situação de violência doméstica que milhares de mulheres passam, por isso, temos conselhos e explicações sobre o seu direito de ir à Delegacia da Mulher, não importa qual seja a agressão, verbal, psicológica e física. Mas, não vamos deixar de lado, que a nossa Maria

Editorial Bonita (você, leitora!) também gosta de se sentir bem consigo mesma e com o mundo. Por isso, por que não descobrir que o seu cabelo é muito mais poderoso do que você imagina? Ou que com trocas simples e baratas, a sua alimentação se tornará bem mais saudável? Essa é a nossa revista Maria Bonita, que como bem diz o seu nome, quer te trazer força, coragem e a certeza que você é bonita e que vale a pena! Seja muito bem vinda ao nosso mundo e que aqui você possa encontrar a verdadeira amizade daquela que é tão brasileira como você. Maria, Maria Mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha É preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania De ter fé na vida

MB

Índice Maria Bonita do mês 44 -Telma Cássia Simões Gladis A nossa Maria Bonita conta quais são os desaios do seu dia a dia

Carreira & Economia 36 - Regulamentação domésticas 72 - Sem tempo de parada 74 - Mulheres de sucesso 83 - Economia fácil

Saúde e Mente 8 - Conheça-te a ti mesmo 14 - Não é frescura, não. É doença! 25 - Estou grávida, e agora? Tem mais! 28 - Alerta Vermelho 48 - Na frente das câmeras - Ensaio 32 - Sexo sem neura 6 - Atualidades 33 - Artigo 12 - Lidi Lisboa - Entrevista 40 - Dia a dia mais saudável Nossas redatoras foram as modelos 38 - Minha casa Conheça a trajetória da atriz dessa edição 42 - Mulheres no mundo 56 - Ficção Beleza & Identidade 57 - Tecnologia Família & Relacionamentos 07 - Pele saudável 63 - Mulheres revolucionárias 58 - Antes só do que mal acompanhada 18 - É crespo sim, e natural! 77 - Opinião 22 - Do cinema ao escritório 64 - Guarda compartilhada 78 - Filmes sobre... 34 - Corpo ativo 80 - Cultura 66 - O bom exemplo vem de casa 61 - Mitos e verdades sobre 50 tons de cinza 82 - Receitas 68 - Desaio em casa 84 - Horóscopo 70 - E se a bolsa da sua amiga for um sex shop 86 - Crônica

expediente

Esta revista é um produto experimental da disciplina de jornalismo impresso III, ministrada por Mauro de Souza Ventura, e da disciplina

Coordenação do Curso de Jornalismo Francisco Rolfsen Belda

de planejamento gráico III, ministrada por Jaqueline Esther Schiavoni

Equipe: Andrey Seisdedos, Francielle Kuamoto

Reitor

Heloisa Kennerly, Jaqueline Galdino, João Pedro Ferreira ,

Julio César Durigan

Julia Bacelar, Isabela Giordan, Isabelle Hofmann, Leícia Ferreira,

Diretor da FAAC

Pedro Cardoso, Willy Delvalle

Nilson Ghirardello

Modelo da capa: Karol Lombardi

Chefe Departamento de Comunicação Social

Foto Capa: Letícia Ferreira

Juarez Tadeu de Paulo Xavier

Diagramação: João Pedro Ferreira

www.mariabonita.com.br| 5


Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

es

d Atualida

Por HELOÍSA KENNERLY

Feminicídio No dia 9 de março a presidenta Dilma sancionou uma nova lei que torna mais duras as penas para homicídio decorrente de violência doméstica. Até então, casos de assassinato de mulheres por maridos, namorados, familiares ou pessoas próximas eram tratados como homicídio simples ou crime passional. Com a nova lei, crimes que se caracterizem como feminicídio terão agravante e os responsáveis não poderão ser liberados após pagar fiança, além de poder serem condenados de 12 a 30 anos de prisão.

Homeopatia não funciona Estudo publicado pelo Conselho Nacional de Pesquisa em Saúde e Medicina (NHMRC na sigla em inglês) da Austrália chegou a conclusão de que homeopatia não funciona para o tratamento de doenças. Segundo o relatório, os medicamentos homeopáticos seriam tão eficientes quanto placebos. A organização australiana chegou a essa conclusão após analisar cerca de 225 artigos sobre o assunto.

Vacina HPV A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, liberou a vacina contra o HPV (papilomavírus humano) para meninas a partir de 9 anos sem limite de idade. A imunização era então permitida somente em jovens entre 10 e 25 anos. A vacina tem eficácia de mais de 90% e protege contra o câncer do colo do útero, dentre outros problemas acarretados pelo vírus HPV. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a OMS, cerca de 69 milhões de mulheres no Brasil correm o risco de desenvolver o câncer do colo do útero.

Imagem: PAHO/Flickr

Aborto no Senado A descriminalização da interrupção da gravidez até 12 semanas poderá ser discutida no Senado nas próximas semanas. A ideia foi uma sugestão popular que foi aprovada como pauta após receber mais de 20 mil assinaturas de apoio. Atualmente, a proposta é discutida pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado. Na América Latina, o Uruguai legalizou o aborto até as 12 semanas em 2012 e a presidenta chilena Michelle Bachelet prometeu legalizar o aborto com Chile ainda esse ano.

6 | maria bonita| Abril 2015


Por FRANCIELLE KUAMOTO

Beleza

D

iante da correria e das inúmeras tarefas cotidianas, os cuidados com a pele facial muitas vezes são deixadas de lado. Mas, para ter uma aparência saudável, a pele precisa de alguns cuidados diários que são práticos e que não vão tomar muito do seu tempo. Especialistas dizem que uma rotina de limpeza e cuidado da pele previne o surgimento da acne, diminui a oleosidade da pele e retarda o aparecimento de algumas marcas como as pintas. Conversamos com alguns profissionais para conhecer algumas dicas do que fazer e evitar! O dermatologista Julis Remet, especialista em dermatologia clínica e cosmiatria, diz que uma pele saudável precisa de vitamina D e por isso é fundamental tomar sol. Mas é importante não esquecer o uso do protetor solar (R$30,00, em média) diariamente para proteger contra os riscos que a exposição excessiva pode causar, como o envelhecimento e as manchas. Ele também atenta a importância de evitar o banho de sol entre 9h e 15h nos estados do Norte e Nordeste e entre 10h e 16h no Centro-Sul. Além disso, ele ressalta que “os produtos devem ser escolhidos de acordo com o tipo de pele e a idade”. A dermatologista Carolina Pontes, especialista em Cirurgia dermatológica pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que manter uma dieta saudável também é muito importante para aumentar a hidratação da pele.

R$ 11,49 R$ 44,15

R$ 10

Alimentos como tomate, aspargos e melancia impedem os danos causados pelos radicais livres, pois contém licopeno, um poderoso antioxidante Ela também alerta que o cigarro é considerado o principal causador de rugas no rosto, especialmente nas mulheres, já que a nicotina produz uma enzima que destrói as fibras que formam o colágeno, substância proteica das fibras da pele. A também dermatologista Sofia Ferro, especialista em tratamentos a Laser e estética, ressalta a importância do uso de hidratantes (R$ 10,00, em média) para manter a umidade da pele e evitar ressecamentos. “Se a pele for sensível, o ideal é utilizar hidratantes específicos para prevenir irritação na pele” acrescenta. Ela recomenda que a aplicação de hidratantes na pele, tanto de manhã quanto à noite, seja feita logo após o banho.

R$ 32,39

R$ 27,30

www.mariabonita.com.br| 7


Conhece-te a ti mesmo! Compreender o seu próprio corpo faz parte da construção de sua identidade

Por ISABELLE HOFFMANN

O

corpo perfeito e a mente sã. Essas são duas grandes preocupações da maioria das pessoas. A busca por uma aparência dentro dos padrões e a luta para fugir do estresse do dia a dia são vistas como normais, atualmente. Porém, é difícil encontrar uma associação entre corpo e mente, entender como eles atuam juntos e como essa relação é importante para as mulheres. Por isso, o modo de ver e sentir seu corpo muda quando você passa a entender que, nele, tudo

está interligado, deixando de lado a ideia de que ele é apenas uma “casca” para se viver. É importante compreender que as emoções não se separam do resto do seu corpo e que guardar dentro de si os medos, as mágoas e traumas complexos pode interferir em seu organismo. Desse modo, o corpo é uma extensão direta da mente. Ao conhecer melhor o próprio corpo através da consciência corporal, também é possível conseguir expressar melhor o que sente.

Ilustração: WebDesignHot

Saúde


Autoconhecimento Na verdade, cabe a cada um entender a ligação entre seu corpo e sua mente, criando a possibilidade de uma vida melhor e fazendo suas escolhas e decisões de forma individual, sem depender da sociedade. “Imagem pessoal é muito mais que a roupa que você veste, é a soma de quem você é, da sua vida e da sociedade em que vive. Ter essa consciência faz com que ela seja uma ferramenta poderosa para alcançar seus objetivos, pois aumenta a autoestima, a segurança e a credibilidade. Ter a aparência correta abre muitas portas”, explica Fernanda Fuscaldo, consultora de imagem. Ou seja, a forma como você se apresenta expressa sua imagem influencia como os outros irão interagir com você. Para as mulheres que acreditam não serem bonitas ou estarem no padrão da sociedade, Fernanda diz que o conceito de beleza é universal, mas não tem a ver com gosto pessoal, peso ou tipo de cabelo de cada um e, sim, com equilíbrio. “A intenção é buscar o equilíbrio da silhueta, o que é agradável aos olhos e, logo, belo. Uma das técnicas usadas pelos consultores é a de ilusão de ótica, onde vamos chamar atenção para os pontos fortes de cada mulher”, acrescenta. Além disso, o comportamento (etiqueta, civilidade e protocolo) e a forma de comunicação (dicção e linguagem corporal), são formados pelo meio onde você vive, pela sua família, pelo local de trabalho e por tudo que convive. “A imagem, para ser coerente e consistente, deve refletir quem a mulher é no todo. A moda é uma oferta e o estilo tem a ver com personalidade, estilo de vida e gostos. Ele se aprimora ao longo da vida, mas não troca a cada estação”, ensina a profissional. Seu estilo vira sua marca registrada e as pessoas te reconhecem por ele, pois isso te representa. Portanto, faça escolhas que te façam se sentir bem e não o que a sociedade ou alguém específico precisam.

O que a consultora de imagem faz?

Ajuda a mulher a perceber sua imagem e seus impactos nela mesma, nos outros e em seus objetivos. “De forma mais simples, é compreender quem é a pessoa, onde ela quer chegar e traduzir tudo isso em aparência, no que ela veste, em cores, cortes de cabelo etc”, explica Fernanda Fuscaldo. Consultoria: Fernanda Fuscaldo, consultora de imagem; Márcia Mathias, psicóloga e diretora da Associação Brasileira de Hipnose (ASBH); Caroline Gomes, designer

A Universidade de Harvard realizou uma pesquisa constatando que, no mundo dos negócios, a aparência é tão importante quanto a formação e a experiência profissional. Psicológico em dia Estamos em uma sociedade que sofre influência do culto ao corpo. E isso atinge, principalmente, as mulheres que se preocupam com a estética corporal. “Quando isso acontece, ocorre um conflito entre o corpo real e o corpo ideal, estimulando a busca de dietas e cirurgias plásticas, que podem afetar positivamente ou negativamente a saúde física e mental”, explica Márcia Mathias, psicóloga e diretora da Associação Brasileira de Hipnose (ASBH). Segundo a profissional, tudo começa na adolescência, quando a menina pensa em fazer parte de um grupo ou seguir ídolos. “A adolescente, quando se olha no espelho, percebe que não é mais uma criança e nem adulta, tornando-se um momento perigoso, pois ela busca no outro sua imagem perfeita e, muitas vezes, surgem as distorções corporais. É um momento de construção através do corpo para as dimensões sócio-afetivas”, acrescenta Márcia. Ou seja, é preciso tomar cuidado como você se enxerga e vê seu próprio corpo, pois isso pode acarretar problemas graves e interferir na representação mental do próprio corpo, o que afeta inconscientemente as relações com ele e com o mundo externo. “No consultório surgem casos que o padrão estético influencia negativamente a imagem corporal. Utilizamos testes para detectar o sentimento de angustia e distorções na autoimagem, que criam um conflito interno e causa desordens psíquicas, podendo se arrastar até a vida adulta. Isso porque a sociedade trata a mente e o corpo como coisas separadas, fazendo com que pertençamos a grupos específicos como o dos esportistas ou dos nerds. Detectamos que chega a hora de fazer as pazes com o corpo, aceitando-se e transformando somente o que lhe incomoda com respeito e responsabilidade, sabendo que perfeição não existe”, finaliza Márcia. Por isso, tente conhecer seu corpo, seus limites e passe a aceitar o que você é. Cada mulher é diferente da outra e possui suas qualidades e seus defeitos. Invista mais em você para que essa ligação entre mente e corpo se fortaleça e você consiga “ficar de bem” consigo mesma. www.mariabonita.com.br| 9


Diário de bordo Pensando em tudo isso, Caroline Gomes, junto com sua amiga Marina Wang - que se formaram em Design no começo de 2014, fizeram um projeto de conclusão de curso (TCC) pensando em algo que englobasse o corpo como meio de expressão e comunicação. “O trabalho recebeu o nome de Inconfissões, pois queríamos expressar nossos questionamentos pessoais através do corpo aliado ao design e à performance”, explica Caroline. Para isso, o processo de criação foi uma investigação pessoal e, através de várias experimentações, elas expandiram a consciência corporal que tinham, entendendo melhor o corpo e também a forma como ele é inserido na sociedade. Esses experimentos tinham a intenção de tirá-las de suas zonas de conforto, ou seja, exercícios que não elas fariam normalmente. “O objetivo era vivenciar outros estados do nosso próprio corpo, ampliando a percepção corporal para que, dessa forma, con­seguissemos alcançar um conhecimento pessoal maior”, acrescenta a designer. Para entendermos um pouco melhor, ela compartilhou algumas dessas experiências. Confira! Imagem ausente Proposta: Ficar 2 semanas sem ver a própria imagem. Tirar os espelhos do banheiro, do quarto e evitar o próprio reflexo no dia a dia. Resultado: Achamos esse exercício um dos mais difíceis, incômodo. Mesmo sem os espelhos de casa, percebemos que a cidade é cheia de reflexos e estamos acostumados a nos olhar. Ao mesmo tempo, a ausência gerou um desconforto, pois não sabiamos se estávamos bem ar­rumadas ou não, a falta de maquiagem para uma festa causou insegurança e não colocamos uma roupa diferente - usamos o que já sabiamos que funcionava. Com isso, percebemos que essa necessidade de se arrumar é, principalmente, para os outros do que para nós mesmos, como se estivessemos nos moldando. Um dia de silêncio Proposta: Passar o dia em silêncio, mas também em reclusão e sem comunicação (mundo digital, celular, televisão, tentar não ler, escrever ou desenhar). Passar um dia só, consigo mesma. Resultado: O resultado foi um pouco diferente do esperado, nós não conseguimos ficar o dia todo reclusas, sentimos a necessidade de nos comunicar - mesmo sem usar a fala. Evitamos escrever ou usar gestos, mais isso acabou acontecendo. Foi interessante perceber o quanto a fala é a base da nossa comuniação, pois ao tentar nos comunicar através de gestos ou expressões, nos sentimos limitadas, como se não estivessemos conseguindo dizer o que queríamos. 10 | maria bonita| Abril 2015


Troca de casas Proposta: Trocar de casa por duas semanas, levando apenas a roupa do corpo, escova de dente, algumas roupas íntimas e o computador. Resultado: Ao decorrer das semanas percebemos que essa experiência seria mais intensa do que imaginávamos. Durante esse tempo, entendemos o quão apegadas somos àquilo que é nosso, coisas que passam despercebidas no dia a dia, como a roupa, a pasta de dente, a altura da cama e algo que fez uma tremenda diferença para nós duas - a luminária que fica ao lado da nossa cama. Nesse exercício também sentimos um pouco a “falta de identidade” - as fotografias na parede não eram nossas, a rotina da casa era diferente - houve um afastamendo de nós mesmos, das coisas das quais somos apegadas - da nossa essência. Pelos pelos Proposta: Não se depilar durante o período do TCC. Resultado: Uma atitude simples. Porém, alguns meses depois, percebemos que incomodou não só a nós mesmas, por não estarmos acostumadas a ver nossos pelos crescerem, como incomodou ainda mais as pessoas ao redor. Algo interessante foi ver a atitude das pessoas diante de nossa experiência. Por fim, achamos essa vivência muito válida. Foi uma questão muito mais interna do que esperavamos. É importante lembrar que não tínhamos a intenção de mudar o conceito de beleza (ou higiene) de ninguém, apenas mostrar que ter pelos, não é, ao menos não deveria ser, algo repugnante. Deveria ser encarado como algo indiferente, assim como o tamanho dos cabelos e das unhas de alguém. Conclusão: Depois de quase um ano de experiências, conseguimos entender melhor nosso corpo e aceitá-lo como uma parte viva de nós mesmo, não apenas um invólucro. A partir desses experimentos, percebemos que a estética foi uma das coisas mais trabalhadas no projeto e que mais nos incomodou. A proposta do espelho e a da depilação foram as mais significativas, pois trouxeram resultados inesperados, foram coisas que mexeram com o nosso interior e com a forma como somos vistas no meio social. Enfim, percebemos que desapegar da nossa imagem não é tão simples assim, principalmente a que passamos para os outros. Percebemos que não nos conhecemos tão bem até vivenciarmos situações realmente estranhas. Quando somos imersos no desconhecido é que realmente começamos a enxergar nossa essência, o nosso eu mais profundo. www.mariabonita.com.br| 11


ta s i v e r t n E

LIDI LISBOA Com quase 15 anos de carreira, a atriz mantém a simplicidade e busca novos desafios na profissão Por JAQUELINE GALDINO 12| maria bonita| Abril 2015


E

la tinha apenas 16 anos quando estreou na tevê, na novela A Padroeira, em 2001 e mostrou que com esforço e dedicação é possível realizar nossos sonhos. Foi assim que Lidi Lisboa conseguiu se firmar na carreira de atriz. Hoje, aos 30 anos de idade, ela s que acabou de se despedir de sua personagem Kelly, em Império, se sente satisfeita por chegar aonde chegou. Desapegada e com vontade de crescer sempre mais, ela não teme os desafios. “Sou de Guaíra, interior do Paraná, morei muitos anos em São Paulo e amo a cidade, mas vou para onde tem trabalho. Já consegui muitas coisas boas, mas ainda tenho muito trabalho pela frente e espero um dia poder ajudar mais a minha família”, revela. A carreira começou com o teatro, na escola. A morena gostou de atuar e começou a estudar para a carreira, fazendo curso profissionalizante, até as oportunidades de trabalho surgirem. Mesmo com a carreira consolidada e ao fim de sua sétima novela, a atriz mantém os pés no chão. “Tenho meus valores. Não tenho medo do sucesso, é só saber lidar com ele. Continuo aprendendo”, afirma a atriz. Como toda profissional, ela tem planos e metas para a carreira. Para os futuros papéis ela sonha com personagens diferenciados. Quando perguntada sobre qual perfil gostaria de fazer, Lidi é direta: “creio que todo ator gosta de desafios. São tantas as possibilidades. Uma vilã, uma policial, uma psicopata, uma ciumenta possessiva, tudo isso seria bem legal. Quem sabe?”. Corpo e Beleza A profissão de atriz exige um cuidado redobrado com o corpo e aparência, por causa das caracterizações das personagens. “Minha dermatologista me indicou uma base fator 30 para a pele morena. Para o dia a dia ela é ótima. Uso também um clareador de orelhas que também suaviza as rugas e

as linhas de expressão. Minha pele do rosto é oleosa, passo filtro solar fator 50 duas vezes por dia no mínimo, mesmo à noite, pois a além do sol, a luz branca também é nociva”, comenta. Os cuidados também se estendem para todo o corpo com cosméticos e muitos exercícios. “Minha pele do corpo é bem seca e uso hidratante corporal intensivo. Estou malhando 3 vezes por semana e faço meia hora de atividades aeróbicas. Uma vez por semana também faço drenagem”, declara. Para o dia a dia, Lidi investe numa produção básica, sem chamar muito a atenção e valorizando sua beleza natural. “No dia a dia, rímel e blush não podem faltar. Gosto de roupas confortáveis durante o dia. Adoro jeans e camisetas despojada que deixa o ombro de fora. Para os eventos noturnos, depende da ocasião. Se for uma roupa ousada, gosto da maquiagem bem marcante”. A alimentação é outro ponto chave da atriz para se sentir bem com o seu corpo. Em excelente forma, ela pondera bem o que coloca no prato em cada refeição: “costumo comer alimentos integrais e, de preferência, sem glúten. Pela manhã, eu tomo suco verde em jejum e bebo bastante água durante o dia. Cortei o refrigerante e nunca deixo faltar suco de tomate em casa. É ótimo para saúde”, enfatiza. Planos Futuros Na vida amorosa, Lidi está em uma relação estável: “Atualmente, moro com meu ‘namorido’. Não pretendo ter filhos agora, já tenho dois cachorros e eles dão trabalho suficiente. O momento agora é foco no trabalho!”. Com o fim da novela, a atriz que também tem experiência em teatro, investe em sua carreira no cinema. “Estarei nos filmes “Ninguém Ama Ninguém Por Mais de 2 horas”, com direção Clóvis Mello e “Coração dos Outros”, do diretor Dimitri Kozma”, finaliza.

AS PERSONAGENS DE LIDI LISBOA NA TELINHA Brásia A Padroeira (2001) Aline Malhação (2004 – 2005) Tatiana Paraíso Tropical (2007) Das Dores Paraíso (2009) Cátia Insensato Coração (2011) Gracinha Cheias de Charme (2012) Kelly Império (2014)


Ilustrações: marmushka/Flickr

Corpo e e t n e M

Não é frescura, não.

É doença!

14 | maria bonita| Abril 2015


Por ISABELA GIORDAN

S

e perguntar a Bárbara quando ela sentiu os primeiros sintomas, ela provavelmente não saberia explicar. “Fui diagnosticada com 16 anos de idade, mas sempre tive umas crises estranhas, chorava muito, desistia das coisas, não comia e quando comia vomitava”. Agora com 28, Bárbara convive há mais de 10 anos com uma das doenças derivadas do transtorno de ansiedade. “A gente fica se achando fraca e cheia de frescura, que o que sentimos não é nada, que é ‘coisa de mulher’. Como é que a gente assume pra si e para os outros que temos um transtorno?”, Cecília relutou durante muito tempo antes de finalmente aceitar que estava doente, que sua fobia era sim uma doença ao invés de “frescura, manha ou birra”. “A ansiedade por si só é uma emoção normal, vivida por todas as pessoas. Faz parte da experiência humana, é um impulso que nos auxilia a tomar determinadas decisões importantes para a sobrevivência, isto é, nos prepara para uma resposta de fuga frente a um perigo real”, explica a doutora em psiquiatria Elizeth Heldt, pesquisadora do assunto pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Entretanto, entende-se por transtorno de ansiedade quando a própria ansiedade do indivíduo se torna tão excessiva e frequente, que chega a interferir em suas relações afetivas e sociais. Apesar de poder ser causada pela genética, o transtorno de ansiedade é multifatorial, ou seja, pode ser causada por fatores emocionais, ambientais, cognitivos, assim como hereditários. Foi assim que um desses transtornos apareceu na vida de Gabriela, que com apenas 19 anos, desencadeou a doença, após a morte de um ente próximo. “Eu me sinto vivendo na ponta dum abismo, em que

às vezes eu escorrego, mas não caio. É só a sensação da queda. O mais assustador é saber que aquilo às vezes vai me invadir” conta. Segundo André Pereira, doutor em psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos maiores agravantes da ansiedade é intolerância à incerteza, dessa forma, quanto mais a pessoa for intolerante a imprecisões, maior a probabilidade dela se preocupar em demasia com o futuro, assim aumentando potencialmente a força de sua ansiedade. “Pessoas tendem a perceber a incerteza como ameaçadora, estressante e que deve ser evitada. Entretanto, como não podemos eliminar todas as incertezas a que estamos submetidos, estas pessoas se sentem impelidas a se preocuparem quando expostas a situações onde as consequências não são muito claras” esclarece o pesquisador. “Eu sempre soube que tinha algo errado, porque eu me comparava com as outras pessoas e achava estranho sentir tanta dor com tudo e não conseguir me sentir feliz” Uma das particularidades do transtorno de ansiedade é que ele pode se desmembrar, fazendo com que o indivíduo desenvolva uma ou mais doenças. Apesar de sua grande variação, algumas se desenvolvem mais comumente em adultos. As três personagens dessa reportagem, por exemplo, convivem com diferentes versões do transtorno de ansiedade. Bárbara Schrage convive há 12 anos com depressão, que, apesar de poder ser causada por outros fatores, pode derivar do transtorno de ansiedade, como é o seu caso. Já Cecília Machado de Lira sofre de agorafobia, uma fobia que faz com que ela tenha medo de sair na rua, medo das pessoas, medo

O transtorno de ansiedade é considerado um dos principais vilões das doenças mentais. Mais de 23% da população brasileira sofre com algum distúrbio causado por esse transtorno, indica pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo www.mariabonita.com.br| 15


de locais abertos e com muitas pessoas, mania de perseguição, entre tantos outros sintomas. A mais nova é Gabriela Alves, 19 anos, que desencadeou a síndrome de pânico. “A síndrome de pânico provoca ataques súbitos de ansiedade como sintomas físicos e sintomas emocionais como o medo de perder o controle, morrer ou desmaiar”, explica Dra. Elizeth. “É um demônio interno que eu não consegui matar, mas aprendi a dominar” Após anos de estudos e pesquisas sobre essa doença tão enigmática, a medicina conseguiu desenvolver alguns tratamentos que podem ajudar a manter a situação sob controle. Entre os tratamentos estão diferentes combinações terapêuticas como, por exemplo, psicofármacos (remédios, normalmente calmantes e antidepressivos) e terapia cognitivo-comportamental, uma linha da psicoterapia que consiste em um conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas, que tem a finalidade de ajudar a mudar os padrões de pensamento que levam ao desenvolvimento do transtorno. É superimportante saber discernir a diferença entre algum tipo de mania, ou sentimento, com as doenças desencadeadas pelo transtorno. “Os transtornos de ansiedade tendem a ser muito limitantes para a vida do indivíduo, que pode deixar de aceitar promoções no trabalho, por exemplo, caso tenha medo muito intenso de falar em público”, complementa Paula Ventura, doutora em ciências biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ou seja, é considerado transtorno de ansiedade tudo aquilo que interfere diretamente na vida 16 | maria bonita| Abril 2015

O mais importante é se deixar ajudar, peça ajuda e não tenha medo de falar sobre isso com as pessoas que você gosta”

do indivíduo, em qualquer tipo de relação. Entretanto, é importante que a pessoa procure um médico especialista, assim ele poderá indicar qual é o melhor tratamento para cada diagnóstico.

“Eu diria que sua mente pode ser sua pior inimiga, torná-la sua aliada é difícil e uma luta constante, mas que todos conseguem. A superação é todo dia. Dome suas crises pra não deixá -las te domar” Algo em comum entre as nossas três personagens, além do transtorno de ansiedade, é que cada uma terá que lutar contra o descaso da sociedade. Já que, normalmente, doenças mentais são consideradas como “birra, manha ou frescura”, mas não são! São doenças tão importantes quanto às outras que, sem o tratamento adequado, pode levar o paciente a atitudes extremas como, por exemplo, o suicídio. “Tenho uma doença e que precisa de cuidados! O mais importante é se deixar ajudar, peça ajuda, vá atrás de um tratamento e não tenha medo de falar sobre isso com as pessoas que você gosta, porque se elas gostam mesmo de você, vão lidar com isso e te ajudar, dai a gente fica bem rapidinho”, aconselha Bárbara, que, mesmo após várias recaídas, com o tratamento correto, exercícios físicos e meditação encontrou em si segurança e há dois anos não tem crises fortes de depressão. Então, da próxima vez que disserem pra você que o que você tem é frescura, levante o rosto, mostre toda a sua coragem e diga em alto e bom som: Não é frescura, não! É doença!



Foto: Letícia Ferreira

e

d Identida

É crespo sim, e natural! Na internet, meninas ao redor do mundo incentivam e ensinar como cuidar do cabelo crespo e, sem querer, estão recriando novos padrões de beleza. Por LETÍCIA FERREIRA

C

omo é, na maioria das vezes, o cabelo das mulheres que atuam ou trabalham na frente das câmeras na TV brasileira? Ao responder essa pergunta, você irá perceber que o cabelo crespo na TV e em tantos outros espaços sociais que frequentamos é um algo raro. Ele sempre está escondido ou se transformou. Virou cabelo liso ou algum cacho definido. Deixou de ser natural para ser outra coisa que atenda aos padrões de beleza. E essa trajetória, infelizmente, é repetida com muita frequência. 18| maria bonita| Abril 2015

Hoje, não só no Brasil, vivemos em um grande movimento de retomada do cabelo crespo, liderado por mulheres e meninas que decidiram deixar de alisar seus cabelos e resolveram contar suas histórias na internet, e ensinar outras meninas como fazer o mesmo. Elas, hoje, motivam brasileiras, africanas e garotas europeias a aceitarem a forma do cabelo com que nasceram. A Maria Bonita foi atrás de várias meninas e mulheres que nasceram com o cabelo crespo para que pudessem contar um pouco das suas histórias e como convivem

com o cabelo natural. A Sara Belasco, analista administrativo de 23 anos foi uma delas. Assim como outras entrevistadas, para ela, a motivação para alisar o cabelo está relacionada a fatores externos, como a falta de representações de cabelo crespo nos meios de comunicação. Ela e outras meninas se inspiravam no que estava disponível: as mulheres de cabelo liso. “A minha mãe já fazia isso [alisamento] no cabelo dela, ela passou isso pra mim. Então, na escola, pra eu me identificar mais com o pessoal do meu meio,


Foto: Letícia Ferreira

“Nos últimos anos as mulheres negras estão aceitando mais sua beleza natural, e retornar ao cabelo crespo tem sido um movimento coletivo e importante para a auto estima”, Karol Lombardi

eu também alisava o cabelo”, comentou Sara. Como não é algo natural para o cabelo crespo e para qualquer tipo de cabelo, o efeito prolongado e recorrente de produtos químicoscomo escovas progressivas, permanentes afro - geram consequências. Na maioria dos casos, o surgimento de buracos na raiz do cabelo e quedas em quantidades assustadoras são o grande impulso para a mudança. A história não foi diferente no caso da estudante de Letras de 21 anos, Karol Lombardi. “Quando tirei o mega hair (aplicação de outro cabelo na raiz do cabelo crespo alisado) encontrei o meu cabelo todo quebrado e sem vida, e foi nesse momento que decidi não mais

sufocar minhas próprias raízes, decidi que usaria o meu cabelo natural”. Isso aos 18 anos, quando Karol resolveu realizar o big chop. Desde então ela não usa mais produtos químicos para modifica a estrutura dos cabelos. O BIG CHOP é um dos momentos mais difíceis do ponto de vista da experiência social e de autoestima para uma pessoa que decide deixar de usar produtos químicos. Em tradução livre, BIG CHOP significa “grande corte”. O processo se inicia quase sempre da mesma forma: a pessoa decide que não quer mais usar um produto químico e isso pode ter vários motivos. No caso do cabelo crespo, a principal

motivação é a queda e perda de cabelo. Depois disso,as pessoas começam a usar o cabelo de formas alternativas, que suportam o cabelo natural que começará a nascer e o cabelo quimicamente tratado que ainda está na extensão dos fios. Esse período é chamado de transição. Duranye a transição, chapinhas, tranças e outras técnicas não funcionam mais. O cabelo natural crescente não consegue conviver com a parte alisada. Além da queda de cabelo extrema, para Sara, vivenciar outros espaços sociais a ajudou a tomar a grande decisão: “Aos 18 anos eu comecei a trabalhar, e conheci pessoas que utilizavam o cabelo crespo. Eu via nas peswww.mariabonita.com.br| 19


Foto: Letícia Ferreira

Camila Pinheiro, integrante da Frente Feminina de Hip Hop de Bauru

soas e falava: ‘que bonito o cabelo dela’. Convivendo com essas pessoas comecei a conhecer histórias e mudei o meu pensamento”. Estar preparada para encarar as pessoas com quem você convive e até andar na rua com o cabelo crespo natural é necessário para não fragilizar a autoestima. “Eu sinto que para essas pessoas que me rodeiam foi um baita de um choque quando eu cheguei com um cabelo tão curto e crespo, ninguém nunca tinha me visto daquele jeito. Foi engraçada a reação das senhoras mais velhas, elas estranharam ao ponto de pensar que eu tinha mudado de lado na opção sexual” conta Karol Lombardi sobre as situações vividas após o big chop. Karol, ao assumiu o cabelo crespo, além de chocar as pessoas a sua volta, conseguiu influenciar outras meninas. “É bem bacana você ver que conseguiu mudar a opinião das pessoas sobre cabelo afro pelo 20 | maria bonita| Abril 2015

simples fato de ser convicta da sua decisão e manter o seu cabelo armado apesar das críticas. Isso desconstruiu a ideia de que cabelo crespo é duro, descobriram na minha cabeça um cabelo tão macio quanto algodão, lindo, enroladinho e muito cheiroso”. Além da falta de representação social desse tipo de cabelo, a oferta de produtos e profissionais específicos para este tipo de cabelo também é escassa. “Hoje eu não tenho confiança pra ir a lugar para cortar o meu cabelo. Na questão da finalização, qualquer lugar ou salão que você vá a finalização é escova e chapinha, então não tem um lugar onde alguém vai finalizar o meu cabelo e irá deixá-lo natural”, conta Sara Belasco. Como não há um mercado voltado para este cabelo, a solução é aprender a fazer o que é melhor para o cabelo crespo se relacionando com ele, segundo Sara. “. A maioria das coisas eu faço em casa.

Uso coisas naturais, como frutas, essas coisas caseiras. Também, durante a transição eu aprendi que isso é melhor para o meu cabelo do que os produtos industrializados”. A comunidade de blogueiras de cabelo crespo tem transformado a identidade de muitas meninas. Foi um dos fatores que impulsionou Sara: “Me ajudou muito quando decidi deixar o cabelo natural, porque eu não conhecia, não sabia cuidar do meu cabelo. Eu procurei blogs, aprendi muita coisa onde as meninas ensinam como cuidar. Isso é muito positivo e ajudar a gente que quer ser natural, a se aceitar”. A Karol é uma dessas meninas. Ela escreveu sobre o processo de transição no blog “Caraminholas de Karola”. . Para Sara, “o cabelo crespo não é feio, ele não é ruim como muitas pessoas dizem. Ele é um cabelo bonito se souber cuidar, se tiver paciência. O que falta mesmo é informação e coragem”.


Imagem: Letícia Ferreira

O olhar de quem vem de fora

O

zias Japhette é natural de Benin, país localizado na região sudoeste do continente africano, com cerca de 6.789.917 habitantes, segundo o site da embaixada beninense em Brasília. Japhette, assim como outros africanos, estudand no Brasil pelo convênio PEC-G do governo Federal. Depois de passar um ano na Universidade de Brasília aprendendo português, hoje Japhette estuda Design Gráfico na UNESP de Bauru. Conversamos com ela para conhecer um pouco da realidade da mulher beninense e suas impressões sobre o cabelo crespo no Brasil.

Pra você, por que as mulheres brasileiras alisam o cabelo crespo? No Brasil, as mulheres alisam porque querem um cabelo parecido com o do branco. Lá, as mulheres alisam para poder trançar. Pra facilitar a aplicação de modelos mais sofisticados de trança [...] é uma questão de necessidade. Como a mídia no Benin representa a mulher negra? Como é a televisão lá? Pra gente é normal uma jornalista ou uma apresentadora ter uma trança. Lá, a gente não tem essa questão do padrão da TV, mas nos nós também nos inspiramos em tendências internacionais, sem esquecer as nossas raízes. Você já me disse que é estranho sair de turbante aqui no Brasil. Como é isso? No início até eu fiquei chateada. As pessoas me olhavam

de um jeito, e eu perguntava se eu estava suja, se tinha alguma coisa errada comigo. Mas eu acabei entendendo que tem a questão na ignorância. Do jeito que a pessoa olha, você consegue “ler” um certo ódio. Às vezes dói, tô acostumada, Lá (no Benin) não tem isso. Quando você voltou para o Benin no final do ano, o que disseram do seu cabelo natural? Lá, o cabelo black power não é esteticamente agradável.A minha mãe diz que a minha vó usa o cabelo igual ao meu (natural) e ela, naquela época, gostavam disso - do cabelo natural. Como você vê esse movimento de valorização do cabelo natural, principalmente na internet? Hoje existe uma luta, uma luta que não é só de classe social, mas uma luta pelo padrão da beleza. Essa luta já existia aqui, mas lá (no Benin) não existe. Foi uma coisa que eu descobri aqui, hoje eu estou nessa luta. www.mariabonita.com.br| 21


Moda

Do cinema ao escritório Ouse e quebre as regras! Saiba como ser uma It Maria Bonita Girl apostando em peças coringas.

C&A R$ 69,90 Por FRANCIELLE KUAMOTO

H

oje em dia, estar bem vestida é pré-requisito para todas as mulheres. Mas comprar roupas e acessórios novos toda semana não é uma opção, né amiga? A gente te mostra como acertar no look, investindo em peças chaves e gastando pouco!

Animal Print pode sim! Combine com peças lisas e com tons mais neutros

ALI EXPRESS R$ 29,19 22 | maria bonita| Abril 2015


Acessórios sempre são bem vindos, mas lembre de não exagerar. Muita informação junta pode poluir ao invés de valorizar o seu look.

Procure não comprar nada por impulso sem pensar antes no seu guarda-roupa. Mantenha o foco na peça coringa! Uma economizada no shopping pode fazer uma grande diferença no fim do mês.

ALI EXPRESS R$ 14,88

Com jeans não tem erro! Junte tons diferentes de jeans para combina-los com mais harmonia.

Escolha uma peça que preferencialmente siga uma linha mais casual-chique pra poder usar tanto em passeios quanto no trabalho.

Fotos: Divulgação Preços encontrados em Abril/2015

C&A R$ 149 www.mariabonita.com.br| 23


Blusa em cetim é uma peça muito coringa

Pense no seu guarda-roupa e monte todas as possíveis combinações que possam ser feitas com essa peça coringa.

C&A R$ 69,90

traz Saia Lápis o sofisticaçã ke ao seu loo silhueta acentua a

medo Não tenha as! de estamp em alta Elas estão uita e trazem m ade personalid

ZARA R$ 58,37 24 | maria bonita| Abril 2015


Saúde

Estou grávida, e agora?

Cuidados e dicas essenciais para ter uma gravidez tranquila Por ANDREY SEISDEDOS

O

período da gravidez representa uma etapa singular e especial da vida de uma mulher. Por conta disso, algumas modificações vão ocorrendo; o corpo ganha novas formas, os hormônios ficam desregulados e até mesmo o humor é alterado. Devido a essas alterações, muitas mulheres têm medo de engravidar hoje em dia. Elas ainda apresentam diversas dúvidas sobre o assunto, principalmente as mamães de primeira viagem. Segundo o ginecologista e obstetra José Luis Crivellin, para ter uma gravidez tranquila e saudável, tanto para você quanto para seu futuro bebê, algumas preocupações devem ser levadas em conta. “Fazer o pré-natal e todos os exames de rotina, ter cuidado com a alimentação, o ganho de peso e alguns cuidados em relação à pele”, explica. Em nossa primeira edição, procuramos solucionar as principais dúvidas das futuras mamães para que vocês aproveitem ao máximo esse momento único da vida. www.mariabonita.com.br| 25


Como sei que estou grávida? “O primeiro sintoma de gravidez é o atraso da menstruação. Diante disso, a confirmação deve ser feita com o teste sanguíneo, que detectará o aumento da concentração do hormônio b-hCG. Em seguida, deve ser feita uma ultrassonografia precoce, que irá fornecer informações essenciais sobre a datação e o desenvolvimento adequado da gestação”, esclarece a ginecologista e obstetra Ludmila Bercaire. Segundo Ludmila, alguns sintomas comuns durante esse período também podem ser indicativos de gravidez. “Aumento do volume mamário, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, tontura e cansaço”, explica.

Quando devo fazer o ultrassom? A ultrassonografia é um exame muito importante realizado para avaliar o crescimento e o bem estar de seu bebê. O ideal é procurar o seu obstetra, que irá decidir de acordo com a evolução da sua gravidez, a necessidade e o momento ideal para realizar as ultrassonografias. No entanto, existem dois momentos cruciais para realizar o exame. “Os exames de ultrassonografia mais importantes são o morfológico de primeiro e de segundo trimestre. O primeiro 26 | maria bonita| Abril 2015

deve ser feito entre 11 e 14 semanas e o segundo preferencialmente entre 20 e 24 semanas. Estes exames são essenciais para avaliar a formação adequada da anatomia fetal”, esclarece a doutora.

O que mudará em meu corpo? “Existe um aumento dos estrogênios e da progesterona durante a gravidez, o que leva a modificações pelo corpo todo”, informa José Luis. “Há ganho de peso, perda da curvatura da cintura, inchaço [decorrente da retenção de líquidos] e aumento do tamanho das mamas. Também são frequentes alterações de pele, como o aumento da pigmentação, podendo resultar em manchas no rosto [melasma] e escurecimento da linha alba, que vai desde o púbis até o limite superior do abdômen, passando pelo umbigo”, explica Ludmila.

Quanto vou engordar durante a gestação? “De nove a doze quilos. Nove quilos correspondem ao compartimento materno fetal, que a mãe irá perder após o parto. Os outros três quilos são considerados normais como reserva materna, que serão gastos durante a amamentação. Isso se a mulher fizer um bom acompanhamento pré-natal, atividade física e tendo uma boa alimentação”, orienta José Luis. Estou me sentindo inchada. É comum? “Um leve inchaço, especialmente no final da gravidez, é normal devido ao aumento de progesterona, um hormônio essencial para a manutenção da gravidez”, afirma Ludmila. A ginecologista ainda afirma que, caso esse inchaço aumente muito, é importante avisar o seu obstetra. “Existe o risco de doenças associadas, especialmente as Síndromes Hipertensivas durante a gestação”, ressalta.

Até que mês poderei dirigir? “Se for uma gestão de baixo risco, até o nono mês. Se for de alto risco, seguir a orientação do seu obstetra. É importante que a mulher use cinto de segurança durante a gravidez”, esclarece José Luis. O que é o pré-matal? “O pré-natal é uma sequência de consultas médicas e exames que visam o acompanhamento adequado da evolução da gestação e a prevenção de doenças tanto para a mãe quanto para o seu bebê”, responde Ludmila. O pré-natal é um modo de


demonstrar amor pelo bebê e de evitar complicações que podem trazer, inclusive, o parto prematuro e o aborto espontâneo. Posso fazer sexo durante a gravidez? Sim. O sexo é liberado durante a gestação, pois ele não machuca o feto. É desaconselhável em casos mais específicos, como a ocorrência de sangramentos e contrações. Uma recomendação é que o casal encontre posições que sejam mais confortáveis de acordo com o desenvolvimento da gestação.

Posso fazer atividade física? “Sim. A partir de 12 semanas de gestação está liberada a realização de atividade física de baixo impacto (caminhada, yoga, pilates, hidroginástica), quem podem ser feitas até o final da gestação. Os exercícios de impacto (corrida, musculação, jump) trazem riscos à gestação em decorrência do risco de aborto” explica José Luis. Posso praticar pilates? Sim. Segundo a fisioterapeuta Tyla Perosso de Souza, ele é indicado após o primeiro trimestre da gravidez e para mulheres que tenham liberação médica, sem fatores de risco à gestação. “Os principais benefícios do pilates são: aliviar as dores nas costas e nas pernas causada pelo aumento do peso, estimular a circulação sanguínea para reduzir o edema [inchaço] e evitar picos de pressão alta. O pilates também prepara para o parto”. A partir de quando poderei saber o sexo do bebê? O mais comum é descobrir o sexo do bebê depois da 16ª semana de gravidez, com a ajuda do ultrassom e dependendo da posição do feto. Porém, existem exames mais específicos que podem descobrir isso antes, a partir do segundo mês. Quantas semanas a minha gravidez pode durar? “O limite considerado pela maioria dos obstetras e hospitais é de 41 semanas de gravidez. Vale lembrar que entre 40 e 41 semanas, a avaliação obstétrica deve ser mais frequente e o bem estar fetal deve ser avaliado a, pelo menos, cada dois dias”, explica Ludmila.maturo e o aborto espontâneo.

Alimentação Saudável Durante a gravidez, é muito importante que você faça um acompanhamento nutricional, pois seu corpo passará por um período de novas necessidades orgânicas. “A gestante precisa de uma dieta que contenha nutrientes essenciais para o seu organismo e para o crescimento e desenvolvimento do feto”, explica a nutricionista Marcela Mendes. Para isso, você deve incluir em seu cardápio pelo menos um alimento de cada grupo da pirâmide alimentar. “Deve-se realizar seis refeições balanceadas por dia e ingerir por volta de 1,5 a 2 litros de líquidos diariamente, como água e sucos (preferencialmente orgânicos), nos intervalos entre as refeições”, orienta a nutricionista. De acordo com Marcela, a princípio, não é preciso proibir a gestante de comer nada, mas é fundamental ela ter extremo cuidado para evitar maiores complicações e manter uma gravidez saudável. “Apesar disso, alguns alimentos devem ser ingeridos com cautela ou evitados quando possível”, acrescenta. Alimentos ricos em proteínas, vitaminas e fibras são os mais indicados.

Indicados

Fontes de proteína animal (ovos e carnes) e vegetal (feijões, grãos, ervilha), fontes de vitaminas e fibras (frutas e vegetais), fontes de carboidratos (pão, arroz, cereais - sobretudo os integrais), ácido fólico (vegetais verdes escuros, como brócolis, couve e espinafre) e cálcio (leite e seus derivados, bebidas de soja).

Evitados

Café (e demais produtos com cafeína), bebida energética, bebida alcoólica, refrigerantes (e demais bebidas gaseificadas), bebidas light, diet e zero, carne seca, bacalhau, adoçantes a base de sacarina, salsicha, presunto, salame e demais embutidos, ovo cru, peixes e frutos do mar crus, carne bovina mal passada ou crua e fígado. www.mariabonita.com.br| 27


Saúde

Alerta vermelho Doenças femininas devem ser levadas a sério e a prevenção é essencial Por JULIA BACELAR

A

s pressões do dia a dia, somadas à correria, falta de tempo para se cuidar e doses grandes de estresse estão fazendo com que cada vez mais mulheres sejam diagnosticadas com doenças que podem causar infertilidade ou, até mesmo, levar à morte. Por isso, saber reconhecer os sintomas característicos das principais doenças tornou-se fundamental para um diagnóstico precoce e para que o tratamento possa ser o mais eficaz possível. Listamos abaixo três doenças que as brasileiras precisam ficar de olho e esclarecemos algumas dúvidas sobre elas.

Câncer de mama Segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, o câncer de mama é um tumor maligno, formado pelo desenvolvimento de células desordenadas, e caracteriza-se pelo surgimento de nódulos na mamas ou na região das axilas que podem provocar 28 | maria bonita| Abril 2015

alteração no tamanho e na forma dos seios, causar irritações na pele ou secreção pelo mamilo. Por não existir uma causa específica para essa doença é preciso ficar atenta aos fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento desse tipo de câncer. São eles: • Idade: mulheres acima dos 50 anos correm mais risco; • Histórico familiar; • Excesso de peso; • Elevado consumo de álcool; • Sedentarismo; • Não ter filhos ou ter depois dos 30 anos; • Ciclo menstrual: mulheres que menstruaram antes dos 12 anos ou que entraram na menopausa após os 55 anos têm maior chance de ter câncer de mama. Diagnóstico e prevenção De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, as taxas de mortalidade para esse tipo de doença ainda continuam elevadas, muito provavelmente porque, quando diagnosticada, ela já encontra-se em um estágio

avançado. Por isso, é tão importante realizar os exames regularmente, pois a detecção precoce do câncer aumenta as chances de cura da paciente. “O diagnóstico é feito com auxílio de exames de imagem como a mamografia, ultrassonografia mamária e biópsia do nódulo”, afirma o ginecologista Rogério Felizi. Já o tratamento varia conforme o tipo e o local em que o nódulo está. As formas mais comuns são: quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia (para bloquear a ação dos hormônios femininos), e a cirurgia parcial (retirada do tumor) ou mastectomia (retirada completa da mama). Recomenda-se a todas as mulheres ir, pelo menos uma vez por ano, ao ginecologista, mesmo aquelas que não têm uma vida sexual ativa. A primeira mamografia deve ser feita aos 40 anos e dai em diante o médico recomendará a frequência com que cada mulher deve fazer o exame, levando em consideração as particularidades de cada paciente. Outra forma importante de prevenção é o autoexame das mamas, realizado pela própria mulher após o fim do período menstrual.


Imagem: BestGFX.me


Imagem: BestGFX.me

O câncer de mama é a primeira causa de morte entre a população feminina do Brasil e, para o ano de 2014, foram estimados 57.120 novos casos da doença, segundo dados do INCA. Endometriose

Aumento do fluxo menstrual, cólicas intensa que pioram a cada mês, dor na região abdominal, infertilidade e dor durante a relação sexual são alguns dos sintomas que as mulheres precisam ficar alertas, pois elas podem estar sofrendo com a endometriose. A doença caracteriza-se pela presença do endométrio - tecido que reveste o interior do útero fora da cavidade uterina, isto é, ele pode mover-se para outros órgãos da pelve, como trompas, ovários, intestinos e bexiga. Entendendo a doença Todos os meses, antes da mulher menstruar, o endométrio fica mais espesso para que o óvulo, se fecundado possa implantar-se nele. 30| maria bonita| Abril 2015

Porém, quando não há gravidez, esse endométrio que aumentou de tamanho descama e é expelido na menstruação. Só que, em alguns casos, um pouco desse sangue migra no sentido oposto e cai nos ovários ou na cavidade abdominal, causando a lesão endometriótica. As causas desse comportamento ainda são desconhecidas pelos ginecologistas, entretanto, sabe-se que há um risco maior da doença aparecer em mulheres que tenham um histórico familiar. Atenção aos sintomas Se não tratada a endometriose pode levar à infertilidade e, por ser uma doença difícil de diagnosticar através do exame físico realizado durante a consulta ginecológica, é importante que a mulher fique atenta aos sintomas e procure um

médico para relatar qualquer situação atípica ou outros problemas que possam estar relacionados ao mal. “Entre os exames utilizados para o diagnóstico de endometriose podemos destacar a ultrassonografia transvaginal, a ressonância magnética da pélvis e a videolaparoscopia”, comenta Rogério. Já o tratamento pode ser através de medicamentos ou cirurgia, sendo que cada um deles possui a sua especificidade e cabe ao ginecologista avaliar o caso de cada paciente. “Os medicamentos têm como objetivo diminuir os focos da doença através do uso de hormônios”, afirma o ginecologista Marcos Arcader. E não se esqueça de ir sempre ao ginecologista e fazer todos os exames regularmente, pois essas doenças podem matar, mas também podem ser prevenidas quando o diagnóstico precoce é realizado.


Imagem: BestGFX.me

Segundo estatísticas do INCA, o câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

De olho no HPV!

Segundo o ginecologista Rogério Felizi, outra doença importante para ser destacada é a infecção pelo vírus do HPV que pode dar-se através do contato sexual, seja vaginal, oral ou anal. Atualmente, o HPV atinge aproximadamente 70% das mulheres em idade fértil e é o principal responsável pelwos casos de câncer de colo de útero. A principal ferramenta de prevenção é o uso de preservativos que ainda protegem contra as outras DSTs e através da vacinação. Consultoria: Rogério Felizi, ginecologista e obstetra; Marcos Arcader, ginecologista Fonte: Instituto Nacional do Câncer (INCA)

Câncer de colo de útero Também conhecido como câncer cervical, esse tipo provoca uma lesão intrauterina que acomete principalmente mulheres que foram infectadas pelo Papilomavírus Humano (HPV). Por ser uma doença lenta, podendo levar de 10 a 20 para se manifestar, os sintomas aparecem quando o tumor já está em estágio avançado. Estes podem surgir na forma de corrimentos, sangramento após o ato sexual e dor pélvica. Para detectar o câncer de colo de útero é necessário a realização do exame ginecológico preventivo, o Papanicolau, que pode ser complementado com colposcopia e a realização de uma biópsia para confirmar o diagnóstico. Quanto antes a paciente for diagnosticada com a doença mais chances de cura ela terá. O tratamento pode ser realizado através de cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, escolhidos de acordo com a paciente, seu modo de vida (o desejo de ter filhos) e com o estágio no qual o câncer encontra-se. A cirurgia consiste na retirada do tumor e, ocasionalmente, na retirada do útero e da porção superior da vagina. Já o tratamento por radioterapia tem a finalidade de reduzir o volume tumoral e melhorar o local, para depois realizar a radioterapia interna, enquanto que a quimioterapia é indicada para tumores em estágios avançados da doença. www.mariabonita.com.br| 31


Sexo sem neura!

Saúde Por ANDREY SEISDEDOS

Conheça alguns dos métodos contraceptivos mais populares no Brasil

S

exo é muito gostoso. No entanto, esse momento prazeroso pode resultar em muita dor de cabeça. Ao praticar sexo sem qualquer tipo de prevenção você pode contrair uma doença sexualmente transmissível (DST) ou ter uma gravidez indesejada. Para evitar que isso aconteça, é indicado o uso de métodos contraceptivos aliados à utilização do preservativo, única medida eficaz contra as DST’s. Existem muitos métodos no mercado hoje em dia. Segundo o governo federal, oito deles estão disponíveis gratuitamente em postos de saúde. O ginecologista Marcelo Steiner diz que eles “podem ser divididos em hormonais e não hormonais, e classifi-

cados de curta ou longa duração”. É fundamental procurar ajuda médica para escolher qual método é mais eficaz para você com base em sua saúde. Segundo Marcelo, não há um método que seja “o” melhor para todas as mulheres. “A decisão deve ser feita entre o médico e a paciente, frente às condições e preferências específicas de cada uma. O mais eficiente é aquele que fornece boa eficácia e apresenta boa adaptação da mulher”, afirma. Confira alguns dos métodos contraceptivos mais utilizados pelas mulheres e fique de olho para praticar sexo sem esquentar a cabeça.

Preservativo O modelo masculino é uma “capa” de látex que encobre o pênis, retendo os espermatozoides, que não entram no corpo da mulher. O modelo feminino vai dentro da vagina, pode ser inserido até oito horas antes da relação e tem a mesma função protetora. Verifique se o preservativo não está furado antes da relação e descarte-o após o uso.

Adesivo contraceptivo Colado mensalmente na pele, libera hormônios diretamente na corrente sanguínea, assim como a pílula. O adesivo dura uma semana e deve ser substituído até três vezes antes da menstruação.

Dispositivo Intrauterino (DIU) Trata-se de uma estrutura de metal inserida dentro da mulher por um ginecologista, que pode ficar até cinco anos em seu interior e impede que espermatozoides cheguem ao óvulo. Não é recomendado para mulheres com anemia severa, pois aumenta o fluxo menstrual, podendo agravar a doença.

Pílula Com taxa de eficácia maior que 98%, é um comprimido que deve ser ingerido oralmente todos os dias. Os hormônios contidos na pílula irão inibir a ovulação e evitar a gravidez. Embora seja muito eficaz, a mulher tem que ministrá-lo de modo correto.

Injeção contraceptiva É uma injeção hormonal que pode ser ministrada mensalmente ou trimestralmente. São aplicadas via intramuscular no bumbum e tem a mesma função que a pílula. Consultoria Marcelo Steiner, ginecologista. Fonte: Governo Federal

32| maria bonita| Abril 2015


Com que roupa eu vou ?

Artigo

Letícia Ferreira é estudante de Jornalismo na UNESP Bauru

D

ecidir o que vestir para nós, mulheres, é, em vários momentos, um desafio. Além de usarmos as roupas como forma de expressão, existe uma expectativa social de que a mulher sempre está “linda” e “arrumada”. Neste sentido, escolher o que vestir é, também, um exercício quase que obrigatório de aceitação do próprio corpo e manutenção da auto-estima. No mundo do trabalho, a expectativa posta sob as mulheres não é muito diferente. Mesmo sem instruções claras, nós já assimilamos que há um tipo de roupa para participar de uma entrevista de emprego, por exemplo, que não é bom trocar de roupa no trabalho e sair com um modelo considerado extravagante. E o uniforme? Além das regras sociais não explícitas no ambiente de trabalho, precisamos pensar nas necessidades e exigências legais para exercício de uma determinada função. Há cargos onde é importante e necessário ter o vestuário fornecido pelo empregador, já que todas as pessoas que trabalharem em uma determinada área deverão usá-lo. E não

só pela vontade de quem emprega, mas por uma cultura da profissão ou exigência legal. É o caso de quem trabalho com enfermagem, laticínios, fabricas de diversos segmentos. Há casos - principalmente entre nós, mulheres - onde é pressuposto que algumas roupas não são adequadas para o ambiente de trabalho pela impressão que podem causar em outros pessoas. É por isso que até mesmo o uso de saias longas ou abaixo do joelho são proibidas em algumas empresas. Babás, diaristas e empregadas domesticas também são obrigadas, muitas vezes, a usar roupas brancas, o que não é algo necessário para as atividades que exercem. Nessas situações, muitas mulheres não sabem como dialogar com o empregador, por medo de serem demitidas ou receber algum tipo de retalhação. Por isso é importante que cada uma de nós saiba reconhecer as necessidades do ambiente de trabalho que frequentamos, e usar este conhecimento para expressar nossas insatisfações. Explicar como a imposição de um vestuário podem nos deixar desconfortáveis ou constrangidas durante a jornada de trabalho, e assim comprometer o desenvolvimento das nossas atividades. www.mariabonita.com.br| 33


Fitness Com uma corda Um dos exercícios que trabalha um grande número de músculos é pular corda. A personal trainer ensina como potencializar os exercícios caseiros de forma simples: “após uma série completa de cada exercício, pule corda durante um minuto antes de começar a série da próxima atividade”. Faça Iniciantes: fazer o dois ciclos completos sem descanso. Intermediários: fazer 3 ciclos completos sem descanso. Avançados: fazer 5 e no final pular corda por 5 minutos.

Corpo Ativo Mantenha o corpo saudável com exercícios fáceis de fazer em casa Por JAQUELINE GALDINO

P

raticar exercícios físicos com regularidade é um dos segredos para uma boa saúde e uma melhor qualidade de vida. Com a correria do dia a dia, muitas vezes não dá tempo de frequentar a academia ou até mesmo reservar uma hora para caminhar ou correr. Uma solução para movimentar os músculos de forma simples é aproveitar o tempo que se passa em casa. É possível manter o corpo ativo sem gastar muito na academia, usando materiais acessíveis. O foco principal da atividade física não precisa ser a perda de peso. “Mesmo que você esteja em dia com a balança é importante manter a prática de exercícios a fim de manter a resistência muscular e o preparo físico. É esse vigor que ajuda você a resistir a um dia atarefado. Se exercitar é uma das formas de garantir vida longa”, ressalta a personal Iva Bittencourt. Benefícios Ter uma regularidade na prática de exercícios trazem muitos benefícios para o corpo, como a diminuição do risco de doenças cardíacas, pressão alta, diabetes, obesidade e osteoporose. Além dis-

34 | mariabonita | Abril 2015

so, há uma melhora nos níveis de colesterol e na qualidade do sono, evitando a insônia. Quando colocamos o físico em atividade constante é liberado em nosso corpo o hormônio da serotonina, responsável pela sensação de bem-estar. Antes de entrar de vez no ritmo da malhação, é preciso preparar o corpo para a atividade física. Não deixe de se consultar com um médico para receber orientações adequadas. Alongamento Para que os exercícios façam efeito e não causem dores por causa das atividades, o alongamento tem que ser a primeira etapa de qualquer atividade física, desde uma simples caminhada até uma maratona completa. Ele é capaz de melhorar a flexibilidade do corpo e pode até minimizar os riscos de lesões. Para um bom alongamento e preciso ficar atenta ao ritmo da respiração e a postura da coluna. “Quando iniciar os primeiros movimentos, trabalhe as juntas e os membros do corpo. Mãos, braços, pernas, pés, pescoço e lombar devem ser aquecidos no alongamento” é o que indica a especialista. Fonte: Iva Bittencourt – Personal Trainer CREF SP 0006551


Faça em casa! Iva Bittencourt ensina alguns exercícios simples com séries fáceis de fazer

1

2

Para definir braços

Para definir as pernas

Exercício: Rosca bíceps com sacos de feijão

Exercício: Agachamento aberto com saco de arroz

Passo a passo: Em pé com os pés afastados, mantendo a mesma largura do quadril, segure firme dois sacos de feijão com os braços estendidos a frente do corpo e próximo das coxas, flexione (dobre) os braços aproximando do peito até próximo do ombro e retorne esticando quase até o final, aproximando-o das coxas. Repita o movimento até o final da série e descanse 40 segundos. Iniciantes: 2 séries de 12 vezes por duas semanas e aumente para 3 séries de 10 vezes durante um mês e passe para o intermediário. Intermediário: 3 séries de 15 vezes por um mês e passe para o avançado Avançado: 5 séries de 20 vezes. Mantenha pelo tempo que achar necessário

Passo a passo: De pé com os pés afastados e pernas abertas mais do que a largura do quadril, segure firme dois sacos de arroz de 1 kg. Com os braços cruzados na frente do peito flexione (dobre) os joelhos e desça até formar um ângulo de 90 graus e volte estendendo quase até o final e repita até terminar a série. Iniciantes: 3 séries de 12 vezes por duas semanas com 1kg de arroz. Aumente para 3 séries de 15 vezes, por um mês usando sacos de 2 kg de arroz e passe para o intermediário Intermediário: 3 séries de 20 vezes por um mês com 2 kg de arroz e passe para o avançado Avançado: 5 séries de 25 vezes aumentando para um saco de arroz de 5 kg. Mantenha pelo tempo que achar necessário www.mariabonita.com.br | 35


tos

rei Meus di

Regulamentação doméstica A trajetória pela qual empregadas domésticas perpassaram ao longo dos anos rumo à mudança para um cenário político, social e econômico mais justo

Por PEDRO CARDOSO

O

empregado doméstico sempre foi uma categoria singular no Brasil, à qual tradicionalmente são contestados os direitos reservados a outros tipos de empregados. Faxineiras, babás, cozinheiros, vigias, jardineiros, entre outros, essa classe trabalhista foi adquirindo aos poucos os direitos que hoje possui, o que ainda não lhe assegurou, todavia, equiparidade de tratamento com o empregado comum. Acrescente o fato de que esse trabalhador do lar seja do sexo feminino e a discrepância histórico-social aumenta drasticamente. No Brasil Colonial, cabia às escravas toda a responsabilidade da manutenção da casa-grande e, em seus afazeres domésticos, muitas ainda eram obrigadas a se deitarem com seus senhores. Nos períodos posteriores à abolição da escravatura, as condições dessas mulheres foram melhorando. Sem dúvidas, ainda eram abusadas social e fisicamente por seus patrões, entretanto já estavam sob um certo resguardo jurídico. Atualmente, as domésticas já começam a conquistar espaço e obter direitos que outrora estavam reservados a outros trabalhadores. Em abril de 2013, foi promulgada a Proposta de Emenda à Constituição que ficou conhecida como PEC das Domésticas. O texto aprovado garante, para os empregados domésticos, 16 dos 33 direitos trabalhistas já assegurados aos demais trabalhadores, tanto

36| maria bonita| Abril 2015


NOVOS DIREITOS EM VIGOR

(desde abril de 2013) - Recebimento de um salário mínimo ao mês inclusive a quem recebe remuneração variável; - Pagamento garantido por lei (o patrão não poderá deixar de pagar o salário em hipótese alguma); - Jornada de trabalho de 8 horas diárias e 44 horas semanais; - Hora extra; - Respeito às normas de segurança de higiene, saúde e segurança no trabalho; - Reconhecimento de acordos e convenções coletivas dos trabalhadores; - Proibição de diferenças de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil; - Proibição de discriminação em relação ao portador de deficiência; - Proibição do trabalho noturno, perigoso ou insalubre ao trabalhador menor de 16 anos. os residentes nas cidades quanto aqueles que vivem em zonas rurais. Por exemplo, salário mínimo, férias de 30 dias remuneradas, licença maternidade, INSS, horas extras. Outros passam a valer assim que a lei for regulamentada, como seguro-desemprego (em casos de desemprego involuntário), Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), adicional noturno, dentro outros benefícios. O advogado José Antônio Martins esclarece que a promulgação da PEC deve ser motivo de muita celebração por parte das empregadas domésticas. “A questão da aprovação da PEC vai muito além dos benefícios concedidos, uma vez que tange na quebra de paradigmas jurídicos e equalização ao relação aos direitos de outros trabalhadores”. Juliane Silvino, 45, trabalha como faxineira desde os 21 anos. Passou por diversos locais de trabalho: igreja, lojas, edifícios comerciais e residências. Atualmente, está registrada como doméstica numa residência. Para ela, o trabalho de doméstica foi alterado substancialmente ao longo dos anos. “Na época

NOVOS DIREITOS A APROVAR - Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) obrigatório; - Salário-família; - Adicional noturno; - Seguro contra acidente de trabalho; - Auxílio-creche e pré-escola para filhos e dependentes até 5 anos de idade; - Indenização em demissão sem justa causa

em que comecei, não havia nada, o salário mínimo era horroroso e os benefícios eram pouquíssimos. Apesar do salario atual ainda ser muito baixo para o sustento de uma família, os benefícios aumentaram demais. Hoje em dia, é difícil uma empregada sair desamparada em caso de demissão”. Certamente, ainda falta muito no que diz respeito à uma legislação trabalhista ideal das empregadas domésticas. Contudo, é possível notar a força com que essa classe vêm se posicionando ao longo dos anos no cenário político brasileiro, reivindicando seu próprio espaço e clamando por benefícios que deveriam lhes ser de direito. Após 2 anos do projeto, o documento que regulariza a PEC já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, porém o texto ainda precisa passar pelo Senado e o prazo para a conclusão da proposta é incerto. Só depois de aprovada pelos senadores é que a regulamentação poderá ser sancionada pela Presidência da República. Às domésticas de todo o Brasil, resta esperar que a lei não demore mais 2 anos para ser inteiramente aprovada. www.mariabonita.com.br|37


a s a C a h n Mi

10

dicas de limpeza e organização

Mais praticidade para o seu dia a dia

Por JULIA BACELAR

Q

uem não gosta de ter uma casa bem arrumada e aconchegante? Porém, nem sempre é possível perder muito tempo na organização ou na limpeza, ainda mais com a correria do dia a dia. Pensando nisso, a consultora Carolina Fernandez, especialista em atividades domésticas, separou algumas dicas para você que quer fazer tudo mais rápido e com praticidade. Anote ai!

1

Limpar sujeiras difíceis Sabe quando você derrama algo no sofá ou no tapete e não pode lavá-los? Basta preparar uma solução de bicarbonato de sódio e água e aplicar sobre o local sujo. Depois, é só utilizar um aspirador de pó para manter sempre limpo e livre de poeira. Tirar cheiros fortes

Por estarem sempre fechados, alguns guarda-roupas ficam com um cheiro ruim. Nesse caso, recomenda-se passar um pano levemente umedecido com uma solução de vinagre e água. Já para o microondas, coloque essa mesma solução em um recipiente, ligue em potência alta, por cerca de 2 a 3 minutos. Para higienizar a geladeira, aplique a mistura de água e bicarbonato de sódio na parte amarela da esponja para não danificar o eletrodoméstico.

3

38 | maria bonita| Abril 2015

Sem mofo nas paredes

2

“Faça uma solução de 1 parte de alvejante com cloro para 3 partes de água e esfregue o local com uma escova de cerdas duras e enxágue. Uma boa dica é utilizar produtos específicos como spray antibacteriano removedor de mofo para evitar que ele volte e também para tirar qualquer resquício que tenha permanecido”, explica a consultora.


4

Arrumando o guarda-roupa Para facilitar a organização, as camisas podem ser dobradas e separadas por cor, manga curta ou comprida e dobradas em um tamanho padrão. Uma dica é arrumar em forma de rolo somente aquelas que forem de tecido que não amarrota, deixando sempre a peça com algum detalhe para cima facilitando a identificação. “Utilize sempre uma mesma escala de cores para organizar a ordem das suas roupas na gaveta. Assim, você nunca terá dificuldade para encontrar o que precisa. Deixe as peças de uso mais frequente nos espaços mais acessíveis, mas lembre-se de fazer o rodízio, caso contrário, seu armário terá peças muito usadas e outras com etiquetas”, recomenda a profissional.

5

Sem manchas de café

Não precisa se desesperar quando derrubar um pouco de café na roupa! Basta umedecer a peça em água morna e esfregar a mancha com bicarbonato de sódio, deixando que ele seja absorvido o máximo possível antes de enxaguar.

7

Para melhor aproveitar o seu detergente, acrescente algumas gotas de vinagre no recipiente e misture bem. O vinagre potencializa o poder de desengordurar, além de proporcionar um brilho extra às louças e panelas.

8

Sem bagunça na cozinha

Usar tábuas de carne

Para organizar separe uma ou duas prateleiras e organize todos eles juntinhos. Em uma prateleira guarde os potes de vidro empilhados (do maior para o menor) e as tampas separadamente.

Use a metade de um limão e um pouco de sal para esfregar a superfície da tábua (pode ser de madeira ou plástico). Depois é só utilizar o sabão normalmente.

10

6

Mais eficaz

9

Maquiagem segura

Deixe sua necessaire no guarda-roupas. No banheiro não é indicado por haver alteração de temperatura e umidade constante, o que provavelmente vai fazer com que sua maquiagem dure menos.

As prateleiras são os espaços mais versáteis do seu armário. Nelas você pode guardar desde roupas, até bolsas e acessórios Organizando o quarto das crianças “Separe os brinquedos em cestos com cores variadas, mas se a criança já souber ler, etiquetar é uma boa alternativa também. Outra solução são as caixas organizadoras, mas transparentes, pois assim a visibilidade é boa e fica fácil de encontrar o que se procura. Carrinhos em um espaço, jogos em outro e assim por diante”, comenta.

Consultoria: Carolina Fernandez, sócia-fundadora da C2M RH Consultoria

www.mariabonita.com.br| 39


Saúde

Dia a dia mais saudável

Simples trocas e alguns novos hábitos podem transformar (e muito) o corpo humano Por PEDRO CARDOSO

A

tualmente, a busca por um corpo saudável tem levado cada vez mais pessoas à pratica de exercícios físicos. Seja em academias, seja ao ar livre, essa geração fitness busca aliar saúde e estética corporal. Entretanto, o que muitos esquecem é que o primeiro passo para a construção e manutenção da saúde corpórea começa pela alimentação. É unanimidade entre especialistas que a alimentação é parte fundamental, senão principal, daqueles que visam estar com saúde duradoura. A nutricionista Carmen Mara Domingues aponta que ter hábitos alimentares saudáveis não significa fazer uma alimentação restritiva ou monótona. Segundo ela, um dos pilares fundamentais para uma alimentação saudável é a variedade. Quanto mais varia-

40| maria bonita| Abril 2015

da for a sua seleção alimentar, melhor. Segundo Carmen, diferentes alimentos contribuem com diferentes nutrientes, de modo a enriquecer o dia alimentar de cada pessoa. “Gosto de explicar para meus pacientes que hábitos alimentares mais saudáveis não significa abandonar aqueles alimentos menos saudáveis de que eles tanto gostam; o importante é que o consumo desses alimentos constitua a exceção e não a regra do dia a dia alimentar.” Produtos hortícolas, frutos, cereais e leguminosas são alimentos ricos em fibra, vitaminas, sais minerais e com baixo teor de gordura, e por isso, devem ser os “alimentos base” do quotidiano de cada indivíduo. Isto é, a maior parte das calorias consumidas diariamente devem ser provenien-

tes destes alimentos de origem vegetal. Fazer uma alimentação saudável deve ser encarada como uma oportunidade para expandir o leque de escolhas e experimentar novos pratos. Deste modo, hábitos alimentares são enriquecidos e evita-se que a alimentação se torne rotineira e monótona. Por outro lado, é fundamental procurar obter um equilíbrio entre a energia que se consome e a energia que se gasta – ou seja, não se deve consumir mais energia do que aquela que se consegue gastar, caso contrário haverá acumulação de gordura e aumento de peso. Assim, quanto menos energia gastar no seu dia a dia, menos calorias deve ser consumida, e vice-versa. A tabela a seguir ilustra de que forma é possível trocar alguns alimentos por outros mais saudáveis.


ENTRAM: Alimentos Integrais SAEM: Alimentos refinados (pão, macarrão, arroz, biscoitos, dentre outros) O alimento integral mantêm as fibras, as vitaminas e os minerais intactos, pois não passa pelo processo de refinamento.

ENTRAM: Diferentes tipos de óleos (oliva, milho, girassol , canola) SAI: Óleo de soja O alimento integral mantêm as fibras, as vitaminas e os minerais intactos, pois não passa pelo processo de refinamento.

ENTRA: Aveia SAEM: Cereais açucarados SEU AL CERE

Por carregarem uma grande quantidade de açúcar, o consumo excessivo de cereais pode provocar obesidade e diabetes. Já a aveia conta com diversos minerais e fibras solúveis, que ajudam no bom funcionamento intestinal e na redução da absorção do LDL (colesterol ruim).

ENTRAM: Sucos naturais SAEM: Refrigerantes e sucos industrializados Sucos naturais, além de fontes minerais, possuem concentração de açúcar ,muito menor se comparada aos néctares e refrigerantes. Além disso, essas bebidas carregam muitos conservantes e altas concentrações de sódio, o que aumenta o risco para hipertensão e doenças renais.

ENTRAM: Temperos naturais SAEM: Sal e temperos industrializados A troca dos temperos industrializados e do sal de cozinha por outros naturais, como alho, cebola, limão, ervas aromáticas, contribui significativamente para a redução do colesterol e diminui chances de hipertensão, pedra nos rins e retenção de líquidos www.mariabonita.com.br|41


MULHER

NO MUNDO

JAPÃO Por FRANCIELLE KUAMOTO

N

esta seção, vamos apresentar quem é a mulher no mundo. Cada mês um país diferente será abordado. A primeira edição vai até o outro lado do mundo para compartilhar com as leitoras quem é a mulher no Japão! Após uma viagem de 28 horas e que apesar do inverno frio, da neve e da exaustão, fui recebida com muito respeito e atenção. Por aqui, as regras são levadas muito a sério. A sociedade parece se mover como um formigueiro, em que cada ação visa o cuidado e o bom funcionamento do coletivo. Fiquei surpresa ao observar que não há marcas de vandalismo ou qualquer representação de desordem nas

42| maria bonita| Abril 2015

ruas de Tóquio, Karuizawa, Gunma, Chiba, Osaka, Takasaki, Yokohama e, provavelmente, nas outras muitas cidades desse outro mundo. A moda, estilo, aparência, são características bastante explicitas, principalmente na capital, Tóquio, em que muitas mulheres parecem ter saído de revistas. E não é uma preocupação só das mais novas, mas de mulheres de qualquer idade! Curiosamente, esse cuidado e fascínio pela beleza não é padronizado, existem "tipos" de roupas, penteados e maquiagens que caracterizam as "tribos" fashions. Identifiquei três perfis dominantes por aqui: as patricinhas, as lolitas e as "coloridas"! As mulheres executivas eram tão pouquíssimas. Conversando com algumas mulheres daqui descobri que todo esse investimento visa o casamento! A maioria delas finaliza a formação acadêmica no segundo grau. Higo Kazuko, 43, professora de japonês para estrangeiros, mora na capital e ressaltou que a sociedade japonesa ainda prioriza o gênero masculino e, por isso, muitas mulheres desistem do cenário profissional (por isso que a minoria das mulheres usa roupa social). A ocupação e permanência no mercado de trabalho é temporária; a mulher japonesa trabalha até conquistar o matrimônio e começar a ter filhos. Nas escolas primarias, só vi mães, e a maioria era bastante jovem. Ela, mesmo sendo casada e tendo dois filhos pequenos, trabalha meio período todos os dias. Kazuko ainda acrescentou que recebe muito bem por ser uma educadora. Talvez em um país tão disciplinado e correto como o Japão, profissionais da educação sejam muito mais reconhecidos. Andando pelas ruas de Gunma, uma cidadezinha no interior, conheci uma artesã. Yoshikawa Noriko, 45, pinta lenços de seda e me convidou para acompanhar um dia de seu trabalho. Ela dedica a vida ao trabalho, que é lindo, e diz que está realizada por-


que faz o que sempre sonhou desde os seus 16 anos. Então pergunto sobre casamento. Bom, parece não ter sido uma boa pergunta. Depois disso, muito do que eu queria perguntar ficou pra uma outra oportunidade, pois tive receio de ofendê-la outra vez. Em terras em que um simples "olá" mal expressado pode trazer problemas, preferi me conter um pouco mais. Em outra cidade do interior, Chiba, conheci uma mulher no mercadinho em frente ao hotel em que eu estava. Mamiko Hashimoto, 44, falou um pouco sobre educação financeira e disse que os impostos estão tão elevados que é preciso economizar de alguma forma para compensar no final do mês. Ela disse que reduziu a porção de mistura da alimentação diária; se antes ela comprava três, hoje ela compra uma só. Ela acredita que as mulheres que trabalham no Japão passam por algumas situações de necessidade, já que não são sustentadas pelos homens. Ela é mãe solteira, tem duas filhas já adultas e trabalha de domingo a domingo como caixa no mercado. Outra figura marcante que conheci foi uma vendedora de lembrancinhas em Shibamata, Ayako Sakai, 35. De Nagasaki, ela abandonou a vida de escritório para trabalhar em uma profissão que tivesse contato com turistas. Ela é uma mulher bastante expressiva que agradeceu pela entrevista, pois tem como um de seus objetivos ser uma celebridade turística. Acrescentou rindo que agora já é famosa na França e no Brasil. Diferente da maioria das mulheres no Japão, ela afirmou que não pararia de trabalhar mesmo se se casasse, pois o trabalho pra ela é uma forma de definir o seu lugar no mundo. Apesar de existir uma espécie de papel social para a mulher japonesa, as mulheres que conheci são parte de uma minoria que se mantêm de certa forma. Acho que nem mesmo elas se colocam nessa posição de militância, mas representam uma parcela da sociedade japonesa que se sustenta com essa força. Para a administração do tempo, dinheiro, do trabalho, da casa, da saúde e da família, a mulher se coloca de forma representativa seja como esposa e/ou profissional. Mesmo aqui do outro lado do mundo, em uma realidade extrema e absurdamente diferente da nossa, a mulher reflete confiança e exibe sua graça e delicadeza. A imagem da mulher pelo mundo pode ter ou não semelhanças (e nós vamos descobrir!), no Japão, apesar das diferenças no propósito pessoal, muito se vê da mulher brasileira. A força e a simpatia se mostram bastante definidas. Fotos: Francielle Kuamoto

www.mariabonita.com.br|43


Imagens: Willy Delvalle

ês

MB do m

“Sou uma mulher normal” Pouco tempo para os filhos. Nada para si

Por WILLY DELVALLE

Q

uatro filhos. Divorciada. 42 anos. Trabalho de manhã, à tarde e à noite. De domingo a domingo. Casa no fundo da funilaria dos pais. Num passado recente, um casamento de 21 difíceis anos com um viciado em drogas. Sem a ajuda dele, hoje sacrifica o tempo com os filhos para tentar lhes garantir o sustento. Ela prefere que seja assim. É a forma que essa mulher se orgulha de não lhes faltar nada. Você vai conhecer agora as alegrias, sonhos, frustrações e desafios de Telma Cássia Simões Gladi, a Maria Bonita do Mês. 44 | maria bonita| Abril 2015

‘Mãe, vamos embora, que a gente não suporta mais’ O divórcio foi uma decisão tomada por Telma há cinco anos. Era o que a família mais queria, conta ela. O marido consumia “todo tipo de droga que você imaginar”, explica. O clima em casa havia ficado insuportável, ainda mais quando ele começou a beber. “Durante vários anos, você vai tentando ajudar a pessoa, e nunca melhora”, conta. Não havia agressão física, “mas a agressão verbal é pior”, desabafa. As discussões eram constantes: “chegou um momento que eu tinha medo que ele chegasse


em casa. Eu tinha medo de fazer uma comida que ele não gostasse”. E a confusão tomou conta: “Chegou uma época que eu achei que a culpa de ele estar daquele jeito era minha. Meu ex-marido sempre teve uma mulher que trabalhou a vida toda, que não deixava faltar nada, fazia tudo ao mesmo tempo. E a pessoa não te dá um pingo de valor?” questiona. “Você fica doente, vai se desvalorizando, não sentindo vontade de viver. Acha que não é nada, que não presta pra nada. Hoje em dia eu fico pensando: ‘como eu consegui passar por tudo isso?”, reflete. A situação começou a mudar quando “meus filhos me colocaram na parede: ‘mãe, vamos embora, que a gente não suporta mais’”, relembra. Telma estava grávida quando veio a gota d’água. Estava carregando Miguel, seu caçula, então com dois meses de gestação: “Eu era uma pessoa extremamente fiel. Um certo dia, numa discussão, ele (o então marido) falou que o filho que eu estava esperando não era dele. O que a pessoa fala dói mais que um tapa na cara. Eu vi que ele não acreditava na minha pessoa. Eu ia levar mais um filho a passar por tudo aquilo que os dois (gêmeos) tinham passado. Você acha que, se em 21 anos não melhorou, (ele) iria melhorar?” Telma decidiu por um ponto final naquela história. “Com uma mão na frente, outra atrás”, ela se divorciou. “Sem trabalho, sem dinheiro, sem nada”, foi viver em um cômodo ao fundo da funilaria da casa dos pais, que construiu com a ajuda de conhecidos e amigos. Os (vários) jeitos de ganhar a vida

to ela passa as roupas. De manhã, Telma já acorda esgotada. Questionada, responde: “é porque a noite foi pior”. Cinco ou seis horas de sono não são páreis para tanto tempo de trabalho, de uma casa e famílias para apaziguar. “Apaziguar bastante coisa” Na visão de Telma, ela faz parte de três etapas da vida: a da filha casada, hoje com 23 anos. “Ela tem os filhos dela, que eu tenho que ajudar quando precisa. Os problemas da casa dela acabam caindo na minha também”, relata. Depois, os gêmeos, de 15 anos: “como é um casal, cada um tem um jeito de pensar e de agir. O que um tem quieto demais, o outro tem a cabeça aberta demais”. Além deles, a fase do caçula, de 5 anos, “que precisa de atenção, da histórica pra contar”, completa. Pergunto se ela conta: “Isso!”, responde. “Quando eu não durmo contando...”, brinca. “Tem que ser mãe dos quatro do mesmo jeito”, avalia. Há também o pai, funileiro, aposentado. A mãe, não se aposentou, mas tem a saúde muito frágil. Recentemente, passou por graves problemas cardíacos. Em um dos dias que conversaríamos com Telma, sua mãe, dona Marisa, desmaiou, bateu a cabeça e precisou levar dez pontos. Em situações como essa, é a Telma que corre para os hospitais com a mãe. Ela tem um irmão, que, no entanto, mora em Piracicaba. Sobra pra ela. “Passamos uma barreira na vida”, diz Telma, relembrando os difíceis anos de fragilidade que a mãe vem enfrentando.

‘‘

Telma passou a viver com os três filhos. A mais velha, então com 18 anos, havia acabado de se casar. Montou um brechó: “comecei a pedir roupas para todas as pessoas que eu conhecia. Até que não tinha lugar mais para colocar as roupas”. O comércio funcionava na casa dela aos finais de semana, após dias fazendo faxina na casa de clientes de vários bairros, e passando suas roupas, na casa deles ou na sua. No entanto, no turbilhão de atividades, “não dava tempo”, explica Telma, e o brechó fechou. Nesse período, trabalhou como caixa de uma padaria. Saiu e foi para uma rádio, onde trabalha até hoje, seis horas por dia, de manhã. À tarde, continua indo fazer faxina em casas pela cidade, ou passando roupas de clientes em sua casa, não importa se é sábado ou se é domingo. Na chegada do final de semana, a família se reúne em volta de Telma para conversar, enquan-

O que a pessoa fala dói mais que um tapa na cara”

O que fica para a Telma mulher? “Muita canseira”, responde, rindo. Passear com amigos ou sozinha? “Muito difícil”, afirma. O espaço que tem para si é quando vai à igreja, com os filhos e os pais: “Família, casa, problema, conta pra pagar, mercado pra fazer”. Namorar? “É complicado”, revela. “Sinto falta de uma pessoa, mais como um amigo, um companheiro, que me entenda, que converse comigo”, desabafa. “Até agora não tive essa oportunidade. Mas sem sair de casa, vai ser difícil”, conclui. www.mariabonita.com.br| 45


A avó ajuda a cuidar de Miguel. Foi pensando nele que Telma resolveu dar uma guinada: divorciou-se, saindo “com uma mão na frente, outra atrás” “Na vizinhança, a maioria é casado e casado não quero, obrigada! Na igreja, também já procurei, mas não achei nada de interessante”, confessa. Toda semana, Telma vai à igreja. É talvez o único momento que ela tem para ela mesma: “Lá, eu sinto muita paz. Um alívio. Uma força pra eu passar por tudo que eu passo, acreditando que o dia de amanhã vai ser melhor. E tem sido”.

Orgulho e auto-crítica “Eu acho que mulher não precisa de homem pra viver”, acredita Telma. “Eu prefiro eu sozinha batalhando do que alguém do meu lado. Um pouco também é orgulho. Eu não gosto de ninguém falando pra mim ‘eu te dei tal coisa, fiz tal coisa por você’. Gosto de eu correr atrás. Errar ou acertar. Eu me criticar”, descreve-se.

Pensamentos e a vida Momentos e definições

Saldo positivo A primeira regra de ouro para manter o orçamento em ordem é não gastar mais do que recebe. Parece simples seguir essa lógica, mas é mais fácil extrapolar os limites sem perceber. “Atente-se aos valores das despesas fixas e de novas parcelas que fizer. Pense sempre no montante que irá receber e se 46 | maria bonita| Abril 2015

ele é suficiente para pagar todas as despesas programadas e ainda sobrar para uma poupança e reserva de emergência”, analisa o economista. É importante manter o saldo da conta sempre positivo. Se o dinheiro não está rendendo, hora de pensar numa economia ou corte de gastos.


Vaidade “Não sou muito vaidosa. Minhas filhas falam ‘mãe do céu! Faz uma chapinha, passa uma maquiagem’. As duas são muito vaidosas. A gêmea não sai sem fazer chapinha”. Saúde “Vai bem. O corre-corre do dia a dia faz com que eu, às vezes, não aguente algumas coisas. Tenho hipertensão. Os medicamentos, eu tomo. Dieta, a gente às vezes foge da regra”. Momento mais alegre da vida “O nascimento dos meus filhos. Os gêmeos principalmente. Pensar que você conseguiu gerar durante nove meses duas crianças é muito emocionante”. Momento mais prazeroso da vida “Momento que eu estou em comunhão com meus filhos. Foi muito bonito o dia que meus filhos se batizaram nas águas. É muito prazeroso ver que não estão no mundo. Que não preciso passar noites em claro”. Temperamento dos filhos “Meio forte. Mistura do gênio forte da mãe e do gênio um pouco mais forte do pai. Eles são respeitadores. O que eu falo para os meus filhos é meio que lei. Talvez porque não tem diálogo (com o pai). Também gosto de escutar o que eles falam. Nem sempre a gente acerta. A gente é humano, a gente erra”. Um conselho para as mulheres casadas “Lutem pelos seus casamentos, se eles valerem à pena. Se não valer à pena, como o meu, acaba com a nossa autoestima. Você deixa de ser a mulher que você é, para ser a esposa. Fica sem vontade de ser o que você é realmente”.

Um conselho para as mulheres solteiras “Conheça bem a pessoa que você vai conviver. A mulher é muito movida ao coração. Só que não vê a razão. O cara sendo trabalhador, que te respeite, principalmente, te dê o carinho que você merece não precisa ser milionário. Os dois lutam juntos e conseguem. Aquela história que os opostos se atraem, eu não acredito muito. Você tem que procurar pessoas que pensem mais ou menos como você”. A ideia que me fortalece “Acredito que no futuro as coisas vão melhorar pra mim. Preciso de uma casa. Ao mesmo tempo, não posso pagar aluguel. Guardar dinheiro, não dá, em função do que eu ganho. Já me inscrevi em vários lugares. Vou lutar para que meus filhos façam o que eu nunca fiz”. Arrependimento “Não tem. Tudo que eu fiz sempre foi com a cabeça bem centrada no que sempre pensei”. Dói “Ver as vezes que eu queria ser um pouquinho mais mãe, amiga, estar ali mais tempo do que eu estou. Tem dia que eles precisam muito de mim e eu não estou. Procuro ir em reunião de escola, festas que eles gostariam que eu fosse. O que eu posso fazer estou fazendo”. Telma “Às vezes é chata. Fala demais e coisa que não deve falar. Depois que ela pensa. Sou muito direta, não gosto de mandar recado. Não tenho medo de quase nada. Se tiver que bater de frente, eu bato. Não mexe com meus filhos, não, que o bicho pega! Pessoa do bem. Calma. O que eu puder ajudar o próximo, eu ajudo. Não sou tão super-mulher-maravilha, sou uma pessoa normal”.

www.mariabonita.com.br| 47


Ensaio

Na frente das câmeras FOTOS POR ISABELA GIORDAN E LETÍCIA FERREIRA

N

ós, mulheres que trabalhamos na produção da revista Maria Bonita decidimos enfrentar as câmeras para encorajar você, nossa leitora. Reservamos este espaço de ensaios fotográficos na revista para mostrar a cada edição uma Maria Bonita diferente. A nossa intenção, com isso, é te convidar a aceitar a si mesma, o seu corpo, as suas formas, o que você é . Claro que isso não é fácil. Até mesmo entre nós, as Marias Bonitas da redação, houve um grande esforça para te encorajar e aceitar a nossa imagem na câmera. Decidimos despir a nossa vergonha e pensar que todas nós somos bonitas do jeito que somos, na nossa diversidade. E você, está disposta a fazer o mesmo? Inscreva-se no nosso site www.mariabonita.com.br . No próximo mês pode ser você.

48 | maria bonita| Abril 2015



48 | maria bonita| Abril 2015


www.mariabonita.com.br| 49




52 | maria bonita| Abril 2015


www.mariabonita.com.br| 53


Ficção

PEDRO CARDOSO é estudante de Jornalismo na UNESP Bauru

Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2009. Minha mãe, Tô sem nada. Tô precisando de um dinheiro rápido. As contas estão pra chegar e tô na secura. A patroa me dispensou de trabalhar o mês. Está apurada com dinheiro e, agora, só me quer uma vez por semana. Vai me pagar como diarista. “ Quer dizer que volto à vida de faxina? ” – lamentei, lembrando das dores na coluna de subir em parede pra tirar a cortina dos trilhos, aspirar o carpete, torcer as toalhas, tudinho num único dia! Dona Odete torceu o nariz. “ Olha, gisele, não tem jeito: é assim, é assim mesmo ”, foi dizendo com a mão alisando a toalha. Acho que entendi. É pegar ou largar. Mas eu tenho lá escolha, mãe? Enquanto não achar uma casa de família de novo, tenho que cobrir os dias como faxineira. Se a senhora me faz favor, manda um dinheiro pela Teresinha. Manda pelo menos cinquenta que é para pagar o cartão da loja. Eu fiz crediário achando que dava. Mas não deu. É celular novo, que faz de tudo. “ Smart sei lá o quê ”, mas é coisa fina, mãe. Se a senhora não quiser pedir nada a Teresinha, então manda pelo Reginaldo. Desde que a Madalena ficou grávida que a Teresinha me culpa: “Você é influência ruim, levou minha menina pro caminho do mal”. “ Mulher que fica biscateando pela rua até de madrugada não se dá ao respeito ”. Vê se pode! Ir num baile não quer dizer levar para o mal, não é, mãe? Ela que quis fazer o que fez. Podia ter acontecido com qualquer uma, mas aconteceu com a Madá... Ai mãe, outra hora a gente conversa. Sua benção,

gisele

56| mariabonita | Abril 2015


Tecnolog ia

Vai dar namoro? Aplicativos de relacionamento se tornaram a chave-secreta para conhecer a sua “cara metade” sem precisar sair de casa

Por ISABELA GIORDAN

T

rabalho, casa, filhos... com tanta coisa para se preocupar, quase não há tempo para um relacionamento, não é mesmo? Mais difícil que isso, é conseguir um espaço na agente para a paquera! Entretanto, na era dos smartphones, o celular

pode se tornar o um dos maiores aliados da conquista. Além dos aplicativos comuns como, por exemplo, Facebook, Instagram e WhatsApp, outras redes sociais surgiram para conquistar um espaço no coração dos eternos apaixonados.

Mas, se engana quem pensa que esses aplicativos servem apenas para namoro. Se você quer conhecer pessoas novas, amigos ou alguém só para jogar papo fora sem precisar sair de casa, é a hora perfeita para entrar na onda das redes sociais do amor.

TOP 3: Redes sociais de relacionamento Tinder Considerado um dos favoritos, o Tinder propõe juntar as “cara metades” a partir de dados de localização e as afinidades de cada usuário, tudo isso analisando o perfil do Facebook de cada um. Após criar uma conta nessa rede, o usuário responde perguntas que vão definir o seu interesse no momento, e, então, o próprio Tinder mostra as “opções” podem dar mais certo! Preço: gratuito Disponibilidade: iOS e Android,

Badoo Originalmente uma rede social de relacionamentos, a sua versão em aplicativo permite que pessoas com interesses em comum possam trocar mensagens. É possível filtrar a sua pesquisa por sexo, interesses, região, entre outros. Além disso, é possível entrar no perfil dos usuários e comentar ou votar em fotos nas fotos mais atraentes. Preço: gratuito Disponibilidade: iOs. Android, Windows Phone e Blackberry

Blendr Além de poder conversar com pessoas próximas a você, é possível conhecer usuários do mundo todo, ou seja, além da conquista, é possível fazer amigos em outros continentes. São mais de 180 milhões de cadastros. Com as opções de escolha a partir da afinidade ou localização, essa rede social também permite que as pessoas conversem por chat. Preço: gratuito Disponibilidade: iOS e Android www.mariabonita.com.br| 57


Foto: Alex Silva/Flickr

amentos n o i c a l e R

ANTES DO QUE

SÓ MAL ACOMPANHADA

Por HELOÍSA KENNERLY

C

ostuma-se pensar que um relacionamento tóxico e abusivo é apenas aquela situação clássica: uma pessoa trata mal sua parceira (o), agride fisicamente e sexualmente e tem ciúmes doentio. A verdade é que as coisas não são tão óbvias assim. Muitas atitudes abusivas podem estar disfarçadas de carinho ou amor e às vezes nem mesmo a vítima sabe o que está acontecendo. A psicóloga Giselle Dechen explica que esse tipo de relacionamento está mais ligado a vínculos emocionais. “Eu defino como relações que nos fazem mal mas que temos ganhos secundários e por isso mantemos. Por exemplo, mulheres que são agredidas verbalmente e/ou fisicamente, mas, em contrapartida, se sentem seguras e cuidadas”, diz Dechen. Para um relacionamento se 58 | maria bonita| Abril 2015

tornar tóxico, nem sempre é necessário uma agressão verbal ou física, apenas que uma das partes assuma o controle da relação. Juliana* relatou como passou meses em um relacionamento tóxico em parte, diz ela, por sua baixa auto estima. “ “Ele dizia que não queria nada sério, mas tinha atitudes que demonstravam o contrário, porém sempre que eu apertava, vinha com desculpas. Enquanto ficava comigo, começou a namorar outra e traiu ela comigo. Eu era apaixonada e ele me tinha na palma da mão. Ele me ganhava pela carência, sabia meus pontos fracos e jogava com eles. Eu demorei muito pra me libertar”, conta Juliana, que relata ter sentido muita vergonha na época por não dar um fim na situação. “Ele dizia que eu era dele, que não adiantava eu fugir, que meu destino era ficar

com ele”, desabafa. Somente com a ajuda de amigos e muito amor próprio que ela diz ter conseguido sair do relacionamento. “Eu comparo com um vício em drogas. Por mais que as pessoas falem, que você saiba que faz mal, tu tem necessidade daquilo”, diz Juliana. Hoje, ela afirma ter recuperado a auto-estima e estar mais feliz.

Como identificar e sair de uma relação tóxica A Maria Bonita pediu pela internet que algumas pessoas contassem suas histórias e em todas elas há um mesmo fator: a pessoa abusiva é controladora. Um estudo** da Universidade do Minho (Portugal) descreve que as relações abusivas e violentas são acompanhadas por controle de


uma das partes (se a relação é heterossexual esse papel é assumido pelo homem na maioria das vezes) e tentativas de resistência por parte de quem sofre. O isolamento social e a destruição da auto-estima são recursos do abusador, que tenta enfraquecer a vítima para ter mais controle sobre ela. Para saber se está em uma relação tóxica, é necessário fazer uma reflexão e pesar os prós e contras, além de pensar nas expectativas para o futuro. “O esperado é que os

relacionamentos tragam mais benefícios do que malefícios, mais paz do que estresse”, afirma a psicóloga. Sair de um relacionamento abusivo não é fácil e muitas vezes é um processo longo. Mesmo perceber que está em um é difícil. Tomar uma atitude sobre isso muitas vezes requer ajuda de um profissional e apoio de família e amigos. Dechen aconselha a buscar fontes de prazer fora da relação, como hobbies, exercícios e viagens. Traçar planos e objetivos de

vida também é importante: “Saiba muito bem o que você quer pra si, se preciso for busque ajuda de um profissional para fazer esta descoberta. E o mais importante: só você tem o controle da sua vida, quando entendemos isso conseguimos ser felizes”, conclui Dechen. *Todos os nomes das personagens desta reportagem foram presevadas por questões de segurança e privacidade ** “Violência nas relações de intimidade: estudo sobre a mudança psicoterapêutica da mulher”, por Marlene Matos, publicado em 2006.

E quando é caso de polícia? Isabela* se apaixonou quando tinha quinze anos por um homem mais velho, já com vinte e três anos. A relação ia bem, até ela fazer qualquer coisa que não gostasse, desde conversar com garotos na escola até ter um caderno de infância com o nome de um garoto escrito. “[Ele]Me afastou de todas as pessoas, por eu ser bissexual ele também não confiava nas minhas amigas”, relata Isabela. Os abusos eram frequentes: “Defendia ele cegamente, embora eu soubesse que tinha algo errado, mas ele era ‘o cara que me salvou da merda’ E eu devia gratidão, sabe? Eu acreditava nisso”, conta Isabela. Em determinado momento, ele abusou sexualmente dela e a chantageava. Após desenvolver um transtorno de ansiedade e precisar de terapia, Isabela começou a perceber, com a ajuda da psicóloga e da família, o quanto seu namorado fazia mal para ela. Porém, quando terminou com ele os problemas aumentaram. No início ele insistiu para voltarem o namoro e foi se tornando mais violento. “Teve uma noite que eu

estava nem lembro onde, e quando fui pra casa, ele começou a me seguir... Daí liguei pra polícia e falei que meu ex estava me seguindo e o policial falou pra eu procurar um conhecido porque eles tinham coisa mais importante pra resolver e estavam sem viatura”, conta Isabela. As perseguições aumentaram, assim como as ameaças. Foram necessários dois boletins de ocorrência para que ele a deixasse em paz. A Lei Maria da Penha prevê como violência qualquer ação que cause dano psicológico, patrimonial e físico, dentre outros. Se

Boletim de ocorrência

uma pessoa sofre perseguições, chantagens, isolamento social, exploração ela pode denunciar amparada pela lei. O professor em direito civil, Fabriccio Sicchierolli Posocco, explica que a lei abarca até casos que não sejam uma relação de marido e mulher. “A Lei Maria da Penha se aplica a qualquer relação de convívio familiar, ou ainda em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida. As relações pessoais enunciadas nessa lei independem de orientação sexual”, explica o advogado. “Não importando o sexo, as vítimas de violência física ou psicológica devem denunciar sempre a agressão. Vale deixar claro que qualquer tipo de violência é injustificável e não pode ser escondida ou acobertada, pois pode gerar mais violência. Denuncie e mostre que você sabe valorizar os seus direitos e a sua personalidade”, aconselha Fabriccio. Denunciar pode ser difícil, mas acima de tudo, é necessário respeitar a si mesma e prevenir que aconteça o mesmo com outras pessoas. www.mariabonita.com.br| 59


Relato anônimo de quem já sofreu com um relacionamento abusivo

C

Foto: Hammontam Photography/Flickr

omeçamos a namorar no meu aniversário de dezessete anos. Ele foi meu primeiro namoro. No começo era uma cara bacana, acho que normal, como todo namorado. Mas só nos três primeiros meses. Eu me pegava chorando muito, todos os dias por algo que ele falava ou fazia. No começo, não entendia porquê chorava tanto, mas achava que era normal, coisa de namorado. Eu era bem inexperiente. Eu gostava dele. De certa forma, ele me passava segurança, pois parecia gostar realmente de mim. Mas depois de um tempo, ele começou a fazer algumas coisas que eu só fui perceber depois que eram extremamente controladoras e abusivas. Eu comecei a me afastar da minha família, dos meus amigos e achar que só ele poderia cuidar de mim e me fazer feliz. Mas não contava para ninguém os motivos. Eu não podia ter amigos, até mesmo da família dele ele tinha ciúmes. Ele não gostava de sair comigo

na rua, pois dizia que os homens ficavam olhando pros meus seios e que eu deveria ter vergonha disso. Ele me proibia de ouvir músicas que não fossem as que remetessem a nós dois, se ouvisse outras ele achava que eu estava pensando em outro cara. Não demorou para que eu me apaixonasse por outra pessoa, um amigo de anos. Embora eu nunca o tenha traído, eu fui sincera e disse que queria terminar a relação, pois estava apaixonada por outra pessoa. Ele descobriu quem era e a partir de então, passou a me fazer ameaças. Eu, com medo, afastei o amigo completamente da minha vida, e continuei o relacionamento com essa pessoa, de certa forma coagida. Depois desse episódio qualquer coisa que eu fazia, qualquer ideia que eu desse para terminarmos, ele ameaçava esse meu amigo. E dizia que tudo aquilo era minha culpa: desde o jeito como ele me tratava até os olhares que os caras me davam. A relação só se deteriorou e ele começou a me agredir verbalmente cada vez mais e acabar com meu psicológico. Com muita dificuldade, pois ele não me deixava em paz, consegui terminar o relacionamento. Quase procurei a polícia, pois ele começou a me sufocar, a me seguir e encurralar para me ter de volta. Ameaçou tirar a vida do meu amigo, mas eu não tive mais medo, pois meu amigo tinha mudado de cidade. Começou a me ofender, falando que eu não encontraria ninguém, mas eu encontrei forças e disse que não

me importaria, contanto que não tivesse que estar com ele. Então ele percebeu que não tinha mais poder sobre mim e começou a me tratar bem, mas eu estava decidida e não acreditaria na mudança dele, não daquela vez. O saldo dessa relação abusiva de mais de dois anos foi uma auto estima dilacerada, uma sensação de falta de pertencimento, de rejeição por parte da minha família, um terror de homens absurdo. Meu marido sofreu muito com isso, mas foi perseverante. Eu sempre achava que ele estava fingindo e uma hora ou outra mostraria as garras. Foram anos de tortura mental e sufocamento. Seria difícil não ter sequelas. Minha família não gostava dele de jeito nenhum. Achavam ele estranho, mas eu defendia. A gente fica cega. Não percebe. Ficava meio que apaixonada, meio que coagida. Era estranho, sabe? Eu me sentia ameaçada. Se terminasse com ele, parecia que ninguém mais iria me querer. Há oito anos terminamos, há oito anos esse cara me assombra. Anos mais tarde, eu percebi um padrão. Fui ler sobre o assunto e percebi o quanto eles eram todos iguais. Tinha muito machismo, eu percebia que ele se incomodava com as minhas conquistas. Por exemplo, quando passei na universidade federal ele achou ruim. Ele tinha raiva quando eu conseguia alguma coisa no trabalho, dizia que não se casaria comigo se eu tivesse que trabalhar mais de quatro horas por dia. Ele queria acabar com os meus sonhos.

Foram anos de tortura mental e sufocamento. Seria difícil não ter sequelas. A gente fica cega... Ficava meio apaixonada, meio coagida” 60| maria bonita| Abril 2015


Sexo

Mitos e verdades de

CINQUENTA

TONS DE CINZA

A história de Christian Grey e Anastasia Steele conquistou fãs, mas será que esse mundo de amor, sexo e BDSM realmente existem?

Por ISABELA GIORDAN Com uma trama repleta de mistérios, dúvidas, romance e sexo, muito sexo, o livro “Cinquenta Tons de Cinza”, lançado no Brasil em 2012, ganhou o coração e a cabeceira de milhares de pessoas. A história do empresário multimilionário Christian Grey e de sua “submissa” Anastasia Steele fez tanto sucesso, que a trilogia foi adaptada para o cinema, sendo a primeira parte lançada em fevereiro de 2015. Um dos pontos chaves do livro é o sexo, mas, segundo a doutora em

psicologia clínica e cultura Giovanna Abreu, esse não é motivo principal do sucesso de vendas e sim a transformação do personagem principal. “Christian tem questões muito mal resolvidas desde sua infância, o que o torna alguém com muita dificuldade de convívio social. O amor que ele sente por Anastasia parece terapêutico aos olhos de algumas leitoras, pois o relacionamento deles foi sua mais eficaz terapia”, explica. Apesar disso, é impossível negar que o sexo tenha a sua parcela de

culpa no sucesso do best seller, já que toda a descoberta sexual de “Ana” são descritas detalhadamente, além da abordagem do BDSM (sigla utilizada para bondage, dominação, sadismo e masoquismo), mundo para o qual Anastasia tenta entrar, a fim de conquistar e descobrir os mistérios de Christian, Mas será que tudo isso é verdade? A Maria Bonita vasculhou o mundo de “50 Tons de Cinza” para tirar as suas dúvidas! Descubra o que é mito e o que é verdade na trama criada por E. L. James: www.mariabonita.com.br| 61


Ana tem um orgasmo durante o seu sono, apenas por sonhar com Christian. Isso é possível? VERDADE. A doutora em psicologia clínica explica que durante o sono, o nosso cérebro continua trabalhando, permitindo que o psicológico possa experimentar as mais diversas sensações, entre elas, o orgasmo. Durante o sono REM, um dos mais importantes durante o estado de descanso, o cérebro determina que um maior fluxo de sangue percorra os órgãos sexuais, fazendo com que o corpo reaja e, em algumas mulheres, desencadeie o orgasmo. A forma em que o BDSM é retratado no livro é igual a o que acontece no mundo real? MENTIRA. Antes de tudo, é importante lembrar que a trilogia não se trata de um manual do BDSM. “O sexo se dá dessa forma pelo fato de Christian, por conta de seus traumas de infância, não conseguir ser tocado. Na verdade, o que se percebe são relações sexuais com componentes próprios de relações BDSM, se isso for possível”, explica a psicóloga.

É possível ter vários orgasmos durante a primeira vez e ainda assim sentir dor durante a penetração como aconteceu com Anastasia? VERDADE. Apesar de ser algo realmente bem difícil, é possível sentir prazer e dor durante a primeira relação sexual. “Muitas mulheres relatam que sentiram tanto dor quanto prazer em suas primeiras relações”, conta Giovanna Abreu. Tudo depende do envolvimento da mulher com o parceiro e também se ela está nervosa ou não.

Imagens: Universal Pictures/Divulgação

Christian possui uma obsessão por Anastasia, controlando seus passos, com quem ela fala, seus amigos, tudo com a desculpa de ser uma forma de proteção. Isso é saudável? MENTIRA. Esse tipo de relacionamento não é saudável ou normal para qualquer casal. Uma relação não deve passar esse sentimento de posse, coisa que Christian faz com Ana várias vezes durante a história. “Isso só demonstraria o nível de submissão ao qual a personagem se coloca. Além disso, ela permanece atuando como alguém que não é dona do próprio corpo e que se coloca em qualquer tipo de situação porque não suporta desagradá-lo, com medo que ele vá embora”, adverte Giovanna Abreu.

Muitas pessoas consideram o conteúdo do livro machista, já que Ana é oprimida por Christian na maioria das cenas, tendo que se submeter a qualquer decisão sua e em qualquer situação. Isso é considerado verdade? VERDADE. O fato de o empresário ser totalmente machista em suas ações, muitas vezes, dá ao romance com Anastasia o aspecto de um relacionamento tóxico. Christian faz com que Anastasia seja submetida a várias opressões para “manter o seu amor”. Cenas em que ele não considera a sua opinião, ou que faz com que ela se sinta culpada por coisas que não são do seu controle, são exemplos claros do machismo enraizado no personagem principal. Além disso, durante a trama, Christian é tido em várias cenas como um “homem salvador”, ou seja, o responsável por salvar Ana de qualquer carência que ela possa ter, levantando novamente a ideia de que mulheres só podem ser felizes e completas se tiverem um homem ao seu lado, uma das maiores mentiras criadas pelo machismo.

62 | maria bonita| Abril 2015


Mulheres revolucionárias

História

Elas mudaram a história Por JOÃO PEDRO FERREIRA

O

s livros de história deixam bem claro que o machismo não começou nos tempos atuais. A mulher sempre teve importância excluída ou foi considerada como fator coadjuvante da história. Conheça agora algumas das mulheres que enfrentaram a barreira do preconceito, se destacaram e modificaram a história de um grupo, da ciência e de seu país.

Quer se aprofundar? Você pode ler...

As Mulheres e os Silêncios da História Autora: Michele Perrot Editora: EDUSC

100 Mulheres que Mudaram a História do Mundo Autor: Gail Meyer Rolka Editora: Ediouro Imagens: Divulgação e Creative Commons

Marie Curie Nasceu em Varsóvia, Polônia (1867) Esta mulher é um dos maiores nomes da Química e Física. Foi a primeira a ganhar um prêmio Nobel e também a primeira a receber duas vezes o prêmio. Suas pesquisas resultaram na descoberta dos elementos polônio e rádio. Ada Lovelace Nasceu em Londres, Reino Unido (1815) Ela é considerada a primeira programadora do mundo. Ela é reconhecida atualmente por ter escrito o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina. Foi a mãe de Ada que a incentivou nos estudos da Matemática. Luíza Mahin Local e data de nascimento incertos Foi mãe do abolicionista e poeta Luís Gama. Relatos contam que Luíza esteve por trás das principais revoltas negras de Salvador no século XIX, entre elas a Revolta dos Malês. Caso os negros tivessem vencido a batalha, Luíza seria considerada a Rainha da Bahia. Ela também sempre recusou negar suas raízes e ser batizada ou seguir os dogmas cristãos. Malala Yousafzai Nasceu em Swat, Paquistão (1997) Vencedora do Prêmio Nobel de 2014, também foi a pessoa mais jovem a receber o prêmio. Malala é ativista e luta pelos direitos das mulheres e de acesso a educação no Paquistão, para que a jovens tenham permissão de frequentar escolas. Em 2012, sofreu um atentado e levou três tiros, o que gerou protestos e repercussão internacional. Dilma Rousseff Nasceu em Belo Horizonte, MG (1947) Esta é a mulher mais conhecida da lista para nós brasileiros, afinal ela é a nossa atual e primeira presidenta (sim, com A no final) da República. Ela foi um dos nomes da resistência contra a ditadura militar, sendo presa e torturada. www.mariabonita.com.br| 63


Família

Guarda compartilhada: problema ou solução? A lei da guarda compartilhada já está em vigor, mas muitas dúvidas prevalecem. Conversamos com especialistas para entender melhor como será a vida de mães, pais e filhos sob essa lei. Por HELOÍSA KENNERLY

A

s mudanças recentes na lei que coloca a guarda compartilhada como primeira opção para os pais ainda tem sido motivos de muitas dúvidas entre mães. Apesar de a nova lei não anular direitos como pensão alimentícia nem obrigar uma criança a ter duas casas, há a preocupação de essa medida contribuir para o aumento de violência doméstica e conflitos entre os pais.

64| maria bonita| Abril 2015

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, em 2011 apenas 5,4% dos pais dividiam a guarda do filho. O número vinha crescendo desde 2001, mas a maior parte das crianças ainda eram cuidadas pela mãe, apesar de a Constituição não especificar para qual dos pais a guarda unilateral seria concedida. A lei 13.058 aprovada em dezembro de 2014 muda a forma

como é conduzida a justiça em casos de divórcio com filhos ou briga pela guarda. Segundo o doutor em Sociologia e professor da Universidade Paulista “Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Carlo Napolitano, a lei simplesmente divide a responsabilidades da educação e criação dos filhos entre os pais. “A ideia dessa lei é que os dois participem, o pai e a mãe, da vida da criança”. A lei também abrange mães sol-


teiras, que, uma vez reconhecida a paternidade, compartilhará a guarda do filho com o genitor. A advogada Cecília Helena Ziccardi Teixeira de Carvalho, a lei pode ser benéfica no sentido de aumentar a participação paterna na criação dos filhos. “No futuro, com o amadurecimento dos pais, o novo regime os incentivará a um dialogo e convivência mais sadia em benefício dos filhos comuns”, afirma. A jornalista fundadora do blog Grávida, Estado Civil Mãe (Solteira) e atual colunista do site da revista Pais & Filhos, Flávia Werlang, considera a lei um pouco vaga e uma forma ineficiente de coibir a alienação parental (isolamento da criança por um dos pais). “Acho que o judiciário deveria ter investido, isso sim, em ferramentas para capacitar seus profissionais para trabalhar estas questões, além de analisar melhor os casos, encaminhar mais as situações de conflito para verificação de psicólogos, acompanhamentos caso a caso”, frisa Flávia.

A preocupação maior é com falta de preparo do judiciário, uma vez que isso pode afetar diretamente a vida familiar. “Infelizmente da maneira como foi redigida, poderá haver interpretações equivocadas, já que dispõe que na guarda compartilhada deverá haver uma divisão equilibrada do tempo da criança entre o pai e a mãe”, diz Cecília. A advogada se preocupa com a possibilidade de juízes se equivocarem e decidirem pela guarda alternada, que, nesse caso, seria muito prejudicial à criança. Já Napolitano é mais tranquilo quanto à questão: “Uma criança precisa de rotina, o juiz deve saber disso e terá bom senso ao tomar uma decisão.”. Outro receio recorrente é de

‘‘

a lei obrigar crianças vítimas de abuso paterno a conviverem com seus agressores. “São vidas decididas por uma escuta contaminada antes que a pessoa possa mostrar fatos e se defender. Nisso, muitas vezes estão inseridos os casos de ameaça psicológica”, diz Flávia. Napolitano afirma que se houver denúncias prévias, o juiz poderá uma decisão mais concisa, afastando o agressor da família. “Seria uma ação temerária da mãe não comunicar o juiz de abusos. Tem que abrir o jogo. Numa avaliação psicossocial facilmente se descobre isso. Então o psicólogo informa o juiz para não conceder a guarda ao pai por ter histórico de abuso”, explica.

No futuro, com o amadurecimento dos pais, o novo regime os incentivará a um dialogo e convivência mais sadia em benefício dos filhos comuns”


Imagem: Stockvault

Família

O exemplo que vem de casa Repensar as próprias atitudes preconceituosas faz parte do processo de criação dos filhos Por JOÃO PEDRO FERREIRA

B

ullying, exclusão e brigas em escolas. Quantas vezes situações assim já foram presenciadas e negligenciadas? Mais uma vez, uma morte foi necessária para que a sociedade comece a refletir sobre qual discurso nossas crianças e adolescentes estão reproduzindo fora de casa. Um menino de 14 anos foi a última vítima. Envolvido em uma briga em uma escola pública de Ferraz de Vasconcelos (SP), negada oficialmente pela Secretaria da Educação, o garoto passou mal horas após a briga e entrou em coma, falecendo no dia 09 de março. Segundo a reportagem do Portal R7, testemunhas ouviram os agressores falarem ao menino: “vai, seu filho de viado”. Peterson teria pedido mais respeitos aos seus pais, um casal homossexual. Acabou sendo agredido. Onde o preconceito começa? Como as férias são essenciais e a empresa não pode pSe o seu filho estivesse entre os agressores, você se chocaria? Se perguntaria que tipo de educação você está dando? O que deu errado? Talvez o erro comece com o seu próprio comportamento. 66| maria bonita| Abril 2015

“A vida é feita de transmissão de valores e ser ou não preconceituoso tem relação direta com a perspectiva ética das famílias e o que elas ensinam e aprendem entre si, no seu cotidiano”, explica Lucimar Rosa Dias, doutora em Educação e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Tudo pode começar naquele jantar de família, em que a religião de um parente próximo é tema de piadas ofensivas e que deslegetimem a crença da pessoa. Ou então, naquela piada racista sobre alguém do trabalho. É preciso cuidado com o que se diz. Muitas vezes pensa-se que que um exemplo ruim não está sendo dado. Lucimar exemplifica o caso com uma situação que presenciou: “Uma vez estava sentada em um café e ouvi a conversa entre duas mulheres que falavam de seus netos, ambas brancas, uma delas comenta que a neta queria uma boneca preta de presente e ela disse a neta: ‘para que uma boneca “preta” se você é branca?’ Talvez a avó não tenha consciência que esteja ensinando preconceito racial à sua neta, mas obviamente que a consequência desse questionamento pode levar a neta que ainda é pequena a pensar que há alguma coisa errada em sendo branca gostar de negros,


sustentando uma distinção na relação entre grupos étnico-raciais.” Ensine a tolerância Ter diferentes ideias de criação dos seus filhos é normal. O problema começa quando os pais colocam a sua ideia como a única correta e tornam inadequadas as outras formas de ser, as considerando como menores ou piores. Isso dá a impressão de que “se as pessoas concordam comigo, isso faz delas pessoas iguais a mim e por isso merecedoras de respeito. Se há discordância, então posso humilhá-las e destratá-las”, pontua a pedagoga.

expressa na diversidade étnica, racial, de gênero, religiosa, etc.”. Quando um comportamento preconceituoso atinge diretamente uma criança, é necessário tomar uma atitude rápida que acolha imediatamente quem sofreu e mostre para quem praticou que aquilo não foi aprovado pelo grupo e pelo professor. Além disso, “é preciso pensar estratégias pedagógicas” e “organizar uma ação sistemática para abordar o tema”. “Não há educação sem reflexão na escola e na família, acho que este é o primeiro passo”, conclui Lucimar.

Educação em casa Como realizar uma intervenção educacional quando percebo que meu filho está tendo atitudes preconceituosas? Para Lucimar, dentro do âmbito familiar a repreensão é direta e imediata. A família deve ser incisiva, sem agressão e honesta, dizendo com clareza porque aquela atitude é reprovável. Entretanto, mais uma vez é preciso repensar os exemplos que estão sendo dados por toda a família pai e mãe, avós, etc. - e os repertórios sociais disponíveis para que as crianças cresçam e construam valores que contemplem o respeito ao outro. Educação na escola É complicado fazer uma recomendação generalizada, mas a escola que quer superar as atitudes de discriminação e preconceito não pode deixar de problematizá-la. Lucimar diz que “as escolas podem ajudar na medida em que incluem no seu fazer pedagógico o combate [ao preconceito] como princípio educativo”. Esse combate vai além de normatizações morais e prescritivas do tipo: “não discrimine” “discriminar é feio”. A relação entre as pessoas que constituem os ambientes escolares devem ser conduzidas a interações respeitosas, nas quais as diferenças devem ser valorizadas. Para que isso se torne realidade, a escola deve pensar desde a composição de sua equipe, com o maior grau possível de diversidade, até a organização e escolha dos materiais. A escola só atua no combate aos mais diversos preconceitos se ela é na sua estrutura, no seu currículo e na composição da sua equipe um “exemplo vivo de respeito à diversidade que se www.mariabonita.com.br| 67


C

Família

rianças com dificuldade de aprendizagem na escola, má alfabetização e falta de concentração podem ser vistas pelos pais e professores como desinteressadas e, até mesmo, preguiçosas. No entanto, o desempenho negativo na sala de aula pode ser sinal de um distúrbio cada vez mais comum no mundo. O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) atinge de 3 a 5% das crianças e é um problema que se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. E mesmo sendo alvo de muitos estudos, ele ainda gera dúvidas em muitos pais. Por isso, falamos com especialistas para tentar tirar algumas delas. Confira! Aprenda a reconhecer

Desafio em casa! Saiba como lidar com o Déficit de Atenção em crianças Por ISABELLE HOFFMANN 68| maria bonita| Abril 2015

Nem sempre a falta de atenção e a agitação exagerada em sala de aula é um fator decisivo para diagnosticar o TDAH. “Quando a criança, por exemplo, possui graves necessidades escolares, repetiu o ano, não aprende a ler e a escrever direito, é importante que ela seja avaliada para saber se não possui problemas de aprendizagem ou mesmo se existe alguma questão emocional ou educacional envolvida em seu comportamento”, explica a psicóloga Janaina Seixas. Dentro da escola, por exemplo, as crianças portadoras do déficit terão mais dificuldade em ficar sentadas na carteira, falarão muito e serão mais barulhentas. “São aquelas que interrompem as aulas ou brincadeiras, ocasionando problemas com professores e com colegas de classe”, acrescenta a profissional. Mas é importante ter cuidado para não confundir o por-


tador de TDAH com uma criança ativa, brincalhona e esperta, pois são situações diferentes. “A criança já nasce com o transtorno, que vai se desenvolvendo e, para fazer o diagnóstico, os médicos levam em conta os sintomas, que devem aparecer em ambientes diferentes, sendo comum que ocorram em casa e na escola”, ensina Juliette Vital, pedagoga e especialista em psicopedagogia. Dessa forma, os pais devem ficar atentos aos seguintes sintomas nas crianças: • Inquietude: move os pés, mãos e o corpo sem um objetivo claro. Levanta-se, salta e corre quando tem que estar sentado. • Aborrecimento e excitação excessivos e incontroláveis: não consegue brincar de forma tranquila, não respeita a vez dos outros e excita-se e se aborrece com frequência. • Grau acentuado de impulsividade: age antes de pensar e respon-

de antes que terminem a pergunta. • Falta de concentração: não é atento aos detalhes, nem à organização e as instruções. • Falta de persistência: além de não terminar as tarefas, evita as que necessitam um esforço contínuo. • Dificuldades: tem problemas para organizar-se e manter a atenção. • Desatenção: distrai-se com muita facilidade e esquece-se do que tem para fazer. Apoio familiar Logo no início do diagnóstico, é comum que os pais fiquem com dúvidas e demorem a acreditar que seus filhos tenham mesmo o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Porém, é importante o conhecimento da doença e a aceitação do problema para uma melhor qualidade de vida para a criança e a família. “Após a confirmação, é necessária a adoção de

medidas que proporcionem um novo direcionamento para a educação da criança na escola, em casa e em outros ambientes de convívio social que ela frequente. Devendo haver um envolvimento completo da família, providenciando a atenção de acordo com as necessidades do filho, baseando-se na compreensão, perseverança e paciência”, diz Janaína. Embora os problemas possam ser muitos, os pais devem mostrar interesse em torno da educação do filho e manter uma comunicação com os professores. Além disso, a rotina é muito importante, como horários determinados para o estudo, alimentação, higiene, lazer e descanso. Desta maneira, segundo a profissional, os pais evitam conflitos muito comuns, preservando a afetividade e a convivência familiar. Consultoria: Janaina Seixas, psicóloga; Juliette Vital, pedagoga e especialista em psicopedagogia. Fontes: Associação Brasileira do Déficit de Atenção e Instituto Paulista de Déficit de Atenção.

Atenção! É muito importante que o diagnóstico seja feito por profissionais especializados. Os remédios para hiperatividade, especificamente, não devem ser ingeridos por crianças que não têm TDAH, pois possuem uma anfetamina de tarja preta que pode, em alguns casos, provocar crises de ansiedade, surtos psicóticos, problemas nos rins, insônia, perda de apetite, dor abdominal e alteração da pressão arterial e da frequência cardíaca.

10 mandamentos para os pais 1. Procure sempre reforçar os aspectos positivos da criança, parabenizando por seus acertos; 2. Dê instruções claras e objetivas, facilitando o entendimento; 3. Incentive a criança a terminar aquilo que já iniciou; 4. Seja presente no âmbito escolar do filho, assim fica mais fácil saber como está o desempenho em diversos aspectos de sua vida; 5. Estimule a autonomia da criança, incentivando-a a realizar certas atividades, mas sempre de acordo com sua idade;

6. Por mais corrido e atribulado que seja o dia a dia, tenha tempo para interagir e brincar com seu filho; 7. Tente manter o ambiente doméstico organizado; 8. Crie uma rotina diária consistente, ou seja, com horários bem estabelecidos e pouco variáveis; 9. Tenha conversas frequentes com a criança e pergunte como ela se sente e se acredita que alguma coisa deve mudar; 10. Quando a criança fizer algo inapropriado, diga que foi errado e explique como seria a maneira mais correta de se fazer. www.mariabonita.com.br| 69


Sexo

E se a bolsa da sua amiga for um sexy shop? Por LETÍCIA FERREIRA

É

difícil ousar ou inventar algo diferente para diversificar uma relação sexual e, ainda, passar longe do julgamento alheio. Agora, imagine que além de comprar lingerie, perfumes, cosméticos e outros produtos de beleza, aquela sua amiga do trabalho, da faculdade também vende produtos eróticos. E olha que não se trata apenas de um vibrador - também pode ser - mas produtos mais simples, que esquentam, gelam, causam sensações diferenciadas, que podem te fazer sentir um tipo de prazer que você nunca imaginou. Hoje, este tipo de compra realizada com uma consultora (as populares sacoleiras – um termo considerado pejorativo no

70| maria bonita| Abril 2015

setor) é algo promissor no Brasil. Segundo a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual, a venda direita - feita com uma consultora - já representa 18% das vendas do setor. E é simples entender o por quê. A Maria, uma estudante universitária de 22 anos, pediu a reportagem para não ser identificada, e ela tem bons motivos. O mundo erótico não era um tabu quando a nossa entrevistada comprou o seu primeiro acessório erótico. “Eu já tinha ido a um sexy shop, mas nunca comprei nada. Eu fui para olhar, com amigas e tudo mais”. Mesmo conhecendo o ambiente de uma loja especializada, Maria comprou o seu primeiro


‘‘

Para as pessoas, não é normal todo mundo comprar em um sexy shop, o que deveria ser. Maria, estudante universitária de 22 anos.

sobre os produtos. As vendas só não continuaram porque muitas pessoas não pagavam os produtos que adquiriam, e o laço de amizade impedia que Samantha realizasse cobranças constantes. Esse tipo de venda no setor erótico ganhou destaque no Brasil com o filme “De pernas para o ar”, lançado em 2011. “Quando o primeiro filme foi lançado, cerca de três milhões e meio de espectadores tiveram o primeiro contato com um sexy shop. Conhecerem esse tipo de loja pela tela do cinema”, destacou a presidente da ABEME. A personagem principal da trama, interpretada por Ingrid Guimarães, é demitida, e resolve ajudar uma amiga em seu negócio de produtos eróticos. A intenção é transformar o pequeno negócio em uma rede de lojas. O filme ajudou a destacar um setor já expressivo que, até então, não era reconhecido como uma área comercial relevante. Hoje, o Brasil sedia a 4ª feira erótica mais visitada do mundo e a primeira da América Latina (35.000) segundo a ABEME, além de um grande distribuidor de Belo Horizonte. Segundo a presidente da Associação, revendedores de Portugal e Angola costumam visitar o Brasil em busca de novos produtos e cursos profissionalizantes. Para Paula Aguiar, “quem tem sucesso no setor, em primeiro lugar, são as pessoas mais capacitadas. Não tem como vender o que você não acredita, o que você não conhece”.

Imagem: Willy Delvalle

acessório com uma amiga de infância, que passou a vender produtos eróticos para complementar a renda mensal, algo comum entre as consultoras do ramo, segundo a presidente da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual (ABEME), Paula Aguiar, publicitária, escritora e consultora de negócios para o mercado erótico. Mesmo sendo uma jovem que supostamente vive em um ambiente mais “liberal e receptivo”, Maria foi motivo de piada entre os amigos do curso universitário que frequenta e as pessoas com quem mora em uma república. É por isso que, para ela, a venda direta, realizada por uma consultora, apresenta diversas vantagens: “Você olha o que você quer, você avalia. Na loja, eu acho pior, é muita coisa pra você olhar. Em casa você pode ver com mais tempo, você pesquisa, é mais prático”. Para as consultoras do setor, saber explicar como o produto é usado é um diferencial. A vendedora de produtos de revestimento Samantha Indrigo, de 25 anos, vendeu produtos eróticos como consultora por mais de um ano. “Dependendo do produto, eu conseguia mais de 150% de lucro. Se você souber pesquisa e souber qual é o produto bom - tiver “feeling” e entender porque, às vezes as pessoas não compram porque têm aquele pré-conceito, não compram por não saber como funciona”. Samantha começou a vender produtos eróticos de maneira direta quando uma amiga resolveu repassar o estoque. Ela viu, então, uma oportunidade de diversificar a sua renda mensal e entrou no negócio. “Eu sempre vendia para as pessoas mais próximas e, acredito eu, por ter uma mente aberta, pessoas que você nem imagina me procuravam para comprar, porque eu sempre tive sigilo total, sempre fui muito certa”. Mesmo que as mulheres tenham presença majoritária entre o público consumidor de produtos eróticos (68% em lojas físicas, 55% na internet, 90% entre as pessoas que compram com consultoras), grande parte dos clientes de Samantha eram homens que procuravam, principalmente, a opinião feminina da consultora

www.mariabonita.com.br|71


Imagem: Victor Hanacek/PicJumbo

o Trabalh

Sem tempo de parada Medo de se ausentar do trabalho e perder espaço assusta 38% dos profisionais Por JOÃO PEDRO FERREIRA

E

m um mercado de trabalho tão competitivo, garantir a estabilidade funcional é um desafio a ser conquistado todos os dias, mostrando empenho e dedicação. Mas como demonstrar vontade longe, afastado do trabalho? A partir desta dúvida que 38% dos profissionais admtiram ter receio em tirar férias, segundo pesquisa da Associação Internacional de Gestão de Stress no Brasil (ISMA-BR). A pesquisa indicou que os funcionários sentem medo de perderem decisões importantes, mudanças de cargos, enxugamentos e o medo de não fazerem falta no local de trabalho. Para a mulher, além das férias, ainda existe o afastamento por licença-maternidade, em que são concedidos, no mínimo, 120 dias de folga. São quatro meses longe das funções, um período muito grande do ano e que adiciona uma preocupação a mais em um período tão importante como a gestação. Especialistas na área de relacionamentos trabalhistas indicam que três pontos são fundamentais para acabar com esse “terror” das férias: feedback da empresa, planejamento e autoconfiança.

Um colaborador que está cansado, infeliz e não tira seu período de férias por medo, acaba centralizando essa decisão e com o tempo se torna improdutivo. A empresa perde com isso, e, por meio do gestor da área, precisa identificar, orientar e desenvolver esse profissional, explica Edna Bedani, vice-presidente de Conhecimento e Aprendizagem da Associação Brasileira de Recursos Humanos em São Paulo. Para Edna, “é inadmissível fazer a gestão de pessoas sem pensar que cada colaborador precisa ter um back-up e um sucessor, até porque em qualquer dia pode acontecer algo que o impeça de ir ao trabalho e a empresa não pode parar, alguém precisa conduzir as atividades. A empresa precisa ter uma cultura de dar feedback ao colaborador, para que ele entenda o quanto ele é importante para a empresa, e ele deve ser responsável e profissional. Estando ou não na empresa, o trabalho precisa acontecer.” Organização é a chave da confiança Como as férias são essenciais e a empresa não pode

6 ações para fazer antes de se ausentar do trabalho: - Antes de sair, dar apoio anterior às pessoas que ficarão em seu lugar; - Desenvolver outros colaboradores para auxiliarem os substitutos quando necessário; - Deixar organizado todo o planejamento, com tarefas orientadas para conquista dos resultados e indicadores estratégicos da empresa; - Ensinar aos substitutos sobre como resolver problemas de maneira eficaz e a quem eles devem recorrer em caso de emergência; - Definir prioridades da equipe e o foco deste período de ausência; - Potencializar os bons hábitos dos liderados. 72| maria bonita| Abril 2015


parar, demonstrar que está interessada em deixar tudo planejado e programado durante sua ausência é um indicativo de sua responsabilidade e confiança no seu trabalho para o gestor. É claro que existe a chance de alguém fazer as coisas melhor do que você, e que a empresa perceba que sua ausência não faz tanta falta, mas todos estão propensos a isso, inclusive trabalhando todos os dias. Por isso é importante se dedicar sempre e mostrar que você é uma peça importante na engrenagem. Antes de sair de férias, alguns passos são importantes (veja o box) para deixar tudo certo e que o serviço continue funcionando, criando confiança na equipe e não sobrecarregando ninguém, pois também não é certo deixar todo o peso de suas responsabilidades em cima de alguém da sua equipe para mostrar como você faz falta. Na sua volta, os problemas gerados podem recair sobre você. Há tempo certo para ser mãe… e líder? Alline Develis atua na área de desenvolvimento web há anos em uma empresa da cidade de Bauru (SP). Segundo ela, no curso de sistemas da informação não são muitas as mulheres atuando: “Na minha sala tinha apenas 5 mulheres”. Com inúmeros desafios profissionais que surgem no setor da tecnologia, Alline acredita que muitas mulheres sejam mais motivadas a entrar nesta área. Voltando de férias recentemente, ela diz que não sentiu nenhuma mudança significativa relacionada ao trabalho que executava: “O que me deu segurança foi o fato de que a equipe onde eu trabalho já estar ‘enxuta’, ou seja, todas as pessoas que estão lá são necessárias para atender

aos serviços solicitados.” Questionada sobre se existe um “tempo ideal” para ser mãe, a profissional acredita que a maioria das mulheres têm adiado a decisão de ser mãe para focarem na carreira profissional, na busca de novos desafios e remunerações mais atrativas. Na visão dela, o momento certo para engravidar é na faixa entre 30 e 40 anos, onde, paralelamente uma mulher desta idade já tem uma carreira mais estabilizada. Mas ao se tornarem mães, algumas mulheres pensam em parar e se dedicar somente ao bebê. Segundo a especialista em gestão estratégica de pessoas Allessandra Ferreira, isso acontece pelo medo de não dar conta de duas responsabilidades tão grandes: “ela quer na verdade poupar todas as suas energias para dedicar 100% de atenção para sua cria”. Allessandra diz que esse medo é percebido principalmente na primeira gestação. Depois do primeiro filho, a mulher acaba percebendo que é boa o suficiente para cuidar de suas tarefas com a mesma intensidade e já tem estratégias para lidar com isso. Para as mamães de primeira viagem a dica é fazer um planejamento que contemple as próprias expectativas em relação a cada um dos papéis: profissional e mãe.Também é importante buscar aliados e dar apoio a estas pessoas que a substituirão em alguma atividade. Desta maneira, as tarefas ficarão organizadas previamente e a mulher poderá usufruir dos momentos de descanso com mais tranquilidade. Allesandra finaliza: “Além disso, a mulher jamais deve permitir que o medo a paralise e, sobretudo, precisa voltar com energia total”.

PESQUISA Dos 678 profissionais entrevistados em Porto Alegre e São Paulo, 38% indicaram medo de tirar férias. Confira as razões: 46% decisões importantes podem ser tomadas na empresa durante suas férias 32% possibilidade de mudanças de cargo ou responsabilidades devido às fusões e aos enxugamentos 19% enxugamento na empresa 3% ninguém sentir a falta do profissional em férias www.mariabonita.com.br| 73


Imagem: Willy Delvalle

Negócios

Mulheres de Sucesso Empreendedoras revelam seus segredos

Por WILLY DELVALLE

O

Brasil já tem mais de cinco milhões de mulheres empreendedoras, segundo um recente levantamento do Serasa Experian. Uma delas é Lilian Schimanski, dona de um dos mais respeitados orquidários de Maripá (PR), a Cidade das Orquídeas. No ramo dos empreendimentos, também está Alessandra Gavioli, vendedora de espetinhos em um bairro de Bauru (SP), com clientes dos mais fiéis: “aqui é um sucesso”, elogia. Seja no comércio, em casa, na família e no casamento, elas parecem conciliar tudo. As duas são autônomas, mas o trabalho supera as oito horas por dia do que seria um emprego formal. No orquidário, que existe há mais de sete anos, Lilian conta que já veio gen-

74| maria bonita| Abril 2015

te até da China para conhecer as espécies que ela vende. As premiadas orquídeas do “Raio de Sol”, como dona Lilian batizou o lugar, chamam atenção em diversos festivais do estado. Anunciar na internet é uma de suas estratégias mais eficientes. Na barraca de Alessandra, clientes chegam toda hora; homens, mulheres, com ou sem crianças, para comer ali mesmo ou levar os espetos para casa, para servir de mistura. O cheiro da fumaça é a melhor propaganda, que acaba atraindo quem entra e sai do supermercado que fica próximo dali. O negócio já dura quase dois anos. Como é de se esperar, elas não reclamam:


“dá pra viver bem. Eu não pararia pra trabalhar em outro serviço de jeito nenhum”, confessa Alessandra. “Se um dia eu não puder mais trabalhar com orquídeas, vou ser uma colecionadora”, planeja Lilian. Para tocar os empreendimentos, as duas mulheres contam com a ajuda da família. É o perfil dos empreendedoras da classe C, segundo uma pesquisa do Instituto Data Popular: um negócio que, além de melhorar a renda da família, possa empregá-la. “Quando a gente sai de férias, alguém tem que ficar (para cuidar das centenas de orquídeas). Se ninguém puder, a família não tira

férias”, conta Lilian. Segundo ela, foi a filha, que se formou em Engenharia Agrônoma, quem deu o “ponta-pé inicial”. A jovem ainda ajuda no negócio, no entanto, trabalha na prefeitura, onde sua função é também cuidar de orquídeas, só que nos locais públicos da cidade. No caso de Alessandra, as funções são mais divididas entre a família: cada um tem um ponto. O marido, Elias, vende espetinhos em uma barraca em outro bairro da cidade, assim como um dos filhos dele (Alessandra e o marido são casados pela segunda vez, cada um “apenas” com filhos do primeiro casamento). Alessandra leva os dois para os pontos onde ficam, ajuda na montagem, mas no ponto dela, monta tudo sozinha: “tem gente que me diz ‘nossa, eu tiro

‘‘

Eu não pararia pra trabalhar em outro serviço de jeito nenhum”, diz Alessandra Imagem: Willy Delvalle

‘‘

Se um dia eu não puder mais trabalhar com orquídeas, vou ser uma colecionadora”, planeja Lilian

www.mariabonita.com.br|75


76| maria bonita| Abril 2015

Imagem: Willy Delvalle

Lilian Schimanski em seu orquidário, “Raio de Sol” Imagem: Reprodução/VivaOeste

o chapéu pra você’. (…) Nos primeiros dois meses, ele (o marido) me ajudava. Depois eu peguei o jeito”. Perto das onze da noite, ela desmonta tudo e vai pra casa, em Tibiriçá, distrito a cerca de meia hora de Bauru. Quando chega, ainda tem que descarregar todo o material do carro. Dormir? Só depois da meia-noite. No dia seguinte, enquanto o marido tempera as carnes, Alessandra tem mais trabalho: cuidar da casa, do filho pequeno de Elias, fazer as compras no mercado, levar o menino para a escola e recomeçar a venda na barraca de espetinhos. A filha, já com quinze anos, dá uma mãozinha. “Mas, às vezes, reclama”, revela Alessandra. Lilian também não faz por menos: cria bovinos. Sua casa fica em uma área rural. Com a produção de leite e queijo, ela incrementa a renda da família, mas esse dinheiro é inferior ao que ela ganha com o “Raio do Sol”: “tem pessoas que ficam admiradas, fazem as contas sobre como eu posso ganhar muito mais em 75 metros quadrados do que numa área dez vezes maior (onde ficam as vacas)”. Para Lilian, uma pessoa que ficaria surpresa, se estivesse viva, seria sua mãe. É que a família inteira passou a maior parte da vida trabalhando na roça. Primeiro, no Rio Grande do Sul, onde Lilian nasceu. Depois, em Maripá. Alessandra saiu pequena de Penápolis (SP) para Bauru (SP), onde quase sempre foi vendedora: “comecei vendendo roupa, depois comésticos. Viajava pra São Paulo pra pegar a mercadoria e vendia aqui. Para algumas amigas, no bar da minha mãe... (os homens eram a maioria dos clientes). Vendia de tudo: bolsa, meia, cueca”. Por outro lado, ela conta que tinha que ficar correndo atrás dos clientes para pagarem, já que acreditavam que ela era obrigada a vender fiado. Alessandra se estressou e resolveu mudar de vida. Agora, além dos espetinhos, ela faz uma faculdade semipresencial e lê, sempre que sobra um tempinho. Já leu livros como “O Cortiço” e “O Código da Vinci”. Porém, seu gênero preferido é do tipo “Comer, Rezar, Amar”. Ao olhar para trás, ambas se orgulham. “Eu me sinto bem feliz. Só basta gostar e querer trabalhar. Com muita garra, dá certo”, aconselha Lilian. “Eu me sinto uma mulher de sucesso”, completa Alessandra.

Orquídea de Lilian premiada em festival regional


Vergonha do poder?

A

mulher da classe C tem cada vez mais poder nas famílias brasileiras. Especialistas dizem que o futuro do país depende delas. Mas diante dessa nova situação, muitas ainda não se adaptaram à sua realidade e há aquelas que até mentem sobre sua verdadeira situação para parecerem um pouco mais “normais”, um pouco menos poderosas, um pouco menos o que são. Uma projeção do grupo Goldman Sachs diz que a classe C vai fazer a economia brasileira ser a quarta maior do mundo até 2050. Como? Pelo consumo, que será fortemente determinado pela mulher. Em 2011, 70% dos gastos familiares da classe C já eram determinados pelas mulheres, segundo um estudo da Editora Abril e Data Popular. Porém, o poder vai além do dinheiro. A mulher tem voz sobre outras questões da família. Em uma entrevista, a idealizadora do portal “Tempo de Mulher”, jornalista e feminista Ana Paula Padrão, afirmou: “a mulher tem o poder do dinheiro, da decisão do consumo e ainda o perfil para manter a

Artigo Willy Delvalle é reporter na 94 FM Bauru e estudante de Jornalismo na UNESP harmonia familiar a ponto de chegar a mentir quando ganha mais do que o marido para não lhe tirar o papel de provedor”. Há também o caso daquelas que preferem dizer que ganharam algo do marido, sendo que, na verdade, foram elas mesmas que compraram. Esse ganho de poder não se deu de um dia para o outro. Mas também não faz muito tempo: foi só nas últimas décadas que a mulher conquistou efetivamente a possibilidade de sair de casa para trabalhar. No Código Civil do fim dos anos 1910, mulheres casadas eram classificadas como “incapazes”. Diante desse contexto, suportar a carga de séculos de machismo frente a algumas décadas de transformação não é tarefa fácil, ainda mais em uma sociedade patriarcal como mais cedo ou mais tarde deixará de ser a sociedade brasileira. No entanto, as mulheres em geral, talvez ainda mais as mulheres da classe C, suportam tantas cargas, conciliando-as com tanta maestria, que não é difícil imaginar que essa batalha será ganha. E precisa ser já.

www.mariabonita.com.br| 77


...

e Filmes sobr

s a t i u M s a m r fo r o m de a Histórias de derreter o coração! Por ANDREY SEISDEDOS

Q

uem nunca imaginou viver uma verdadeira e linda história de amor, digna de um conto de fadas? Ter alguém com quem compartilhar os momentos mais felizes da vida. E porque não as tristezas também? Mas, quem disse que um verdadeiro amor precisa ser, necessariamente, um romance entre um homem e uma mulher? Muitas relações do nosso dia a dia podem se mostrar tão dignas e muito mais cheias de amor e acabamos que nem as percebemos. O amor tem várias formas e manifestações, nos cercando a todo momento. Basta abrir os olhos, reparar um pouquinho mais e começar a valorizá-las. Em nossa primeira edição, trazemos filmes com inspiradoras histórias de amor envolvendo pais, mães, irmãs, animais de estimação e casais, que irão trazer uma nova percepção sobre as suas relações cotidianas. Muitas vezes você tem uma história de amor, só que ainda não a enxergou como ela merece. Pegue a pipoca, alguns lencinhos e confira nossas indicações! 78 I maria bonita | Abril 2015

FROZEN Ano: 2013 Direção: Chris Buck e Jennifer Lee Quem nunca ouviu que um ato de amor verdadeiro pode salvar uma pessoa? Elsa é a poderosa rainha de Arendelle que nasceu com poderes de gelo. Depois de aprisionar o reino em um inverno eterno, Elsa foge, se abrigando nas mais frias montanhas. Sua irmã, Anna, embarca em uma aventura ao lado de Kristoff e da rena Sven para encontrar Elsa e salvar Arendelle. Frozen é uma história que fala sobre não desistir, ser quem você é e ainda coloca as irmãs à prova, para mostrar como o amor e a cumplicidade entre elas podem ser mais fortes do que qualquer coisa.


A VIDA É BELA

Imagen: Divulgação

Ano: 1997 Direção: Roberto Benigni Guido e sua família são levados para um campo de concentração nazista durante a Itália dos anos 1940. Para que seu filho não perdesse a inocência e para protegê-lo do horror que os cercavam, a família utilizou a imaginação para fazê-lo acreditar que eles estavam, na verdade, participando de uma grande brincadeira. O título mostra que os laços amorosos de uma família sobreviveram até mesmo a um dos momentos mais cruéis da história.

AMOR SEMPRE AO SEU LADO

Ano: 2012 Direção: Michael Haneke

Ano: 2009 Direção: Lasse Hallström

A morte á avassaladora. Quando chega, leva um ente querido, nos faz triste, mas, por outro lado, nos eterniza lembranças de momentos incríveis. Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant, 85 e 81 anos, respectivamente, ícones do cinema francês, nos mostram como o amor pode durar até o último sopro. Nesse filme comovente, conhecemos a relação de um casal de idosos que lidam com a proximidade da morte, passando pelas dificuldades diárias e, principalmente, fazendo de tudo pela pessoa que amam.

Os animais de estimação demonstram de modo muito natural o seu companheirismo, sua alegria, tristeza e todo o amor que sentem pelo parceiro humano. Sempre ao seu lado é a história verídica de amor entre um homem e seu cachorro. Depois que Parker encontra Hachiko, ainda filhote, em uma estação de trem, leva-o para casa e, rapidamente, o cão conquista toda a família. No entanto, é com Parker que ele cria um profundo laço de lealdade. Hachiko emociona, demonstrando que pode ser muito mais leal do qualquer ser humano.

www.mariabonita.com.br | 79


Imagem: Divulgação

Cultura Por ISABELLE HOFFMANN

80 | maria bonita| Abril 2015

Bem resolvido e bastante divertido, uma das grandes qualidades do filme está no roteiro e na forma como foi possível equilibrar as duas histórias e atuações diferentes. Meryl, que mostra mais uma vez porque é uma das melhores atrizes americanas da atualidade, conseguiu captar a essência da grandalhona de quase 1,90m de altura e voz de personagem de desenho animado, encarnando com perfeição um dos ícones da TV americana. Amy Adams se destaca em suas cenas de desespero na cozinha, mas, ao ser comparada com Meryl, sai perdendo. Nada que prejudique o brilho ou o charme do filme, que até inspira os mais desastrados a aprender a cozinhar. Imagem: Reprodução

Julie & Julia é, acima de tudo, um filme que mostra o amor à arte de cozinhar. Baseado em duas histórias reais, uma das grandes sacadas do filme é justamente entrelaçar as histórias das protagonistas, apesar do tempo que as separa na realidade. O longa fala da importância de ter objetivos na vida, de persistir, de mulheres obstinadas e mostra dois maridos que apoiaram, quase que incondicionalmente, suas esposas nas confusões de suas histórias. Com pitadas de humor e pequenas doses de dramas pessoais, apenas para dar um toque a mais nas protagonistas, ele torna-se um filme agradável de ver. Assim, você vai conhecer duas mulheres com nomes parecidos, apaixonadas por manteiga e “perdidas” na vida, mas salvas pelo amor à culinária. Julia Child (Meryl Streep), era casada com um diplomata, se apaixonou pela França e tornou-se uma chef de sucesso. Já Julie Powell (Amy Adams), é uma escritora frustrada, que trabalhava em uma central de apoio às vítimas do ataque de 11 de setembro, mas a sintonia com a culinária de Julia fez com que ela decidisse transformar sua vida ao preparar as 524 receitas da mestre cuca em 365 dias e relatar essa experiência em um blog.


Belle – Lesley Pearse Londres, 1910. Belle é uma jovem atrevida e inteligente, tem 15 anos e vive no porão de um bordel, mas não tem a menor ideia do que acontece lá dentro. Sua mãe, Annie, é a dona do lugar e fez questão de manter sua filha longe desse mundo, transformando-a em uma menina completamente ingênua e inocente. Porém, ao testemunhar um assassinato, ela é sequestrada e vendida pelo assassino para outro país, para trabalhar como prostituta. A partir daí, o livro narra a jornada de aceitação de Belle em relação ao que ela se tornou e o que pode fazer com isso agora. Ela nunca perde a coragem, é esperta e irá aprender a usar seu charme e inteligência para conseguir voltar para casa. E é essa força para não desistir que nos faz admirar a protagonista. As descrições da narrativa são fortes e vívidas, retratando o delicado assunto do tráfico de mulheres para prostituição. Porém, a autora consegue amenizar essas cenas ao intercalá-las com as histórias dos outros personagens, sua família e amigos que tentam de todas as formas encontrá-la. Assim, a trama se desenvolve em um ritmo angustiante e envolve o leitor, nós torcemos por Belle por conta de seu sofrimento. Lesley Pearce retrata bem os horrores desse problema e consegue dar um final digno à personagem. “- Eles eram o que a maioria das pessoas chamaria de cavalheiros - ela desabafou violentamente. - Eles têm boas roupas e linho, anéis em seus dedos. São provavelmente homens profissionais, advogados, doutores, políticos, cientistas. Homens inteligentes com dinheiro e quase certamente com mulheres e crianças em casa. Mas eles encontram prazer em estuprar uma menina até mesmo só para saber como é.”

Imagem: Reprodução

Imagem: Reprodução

A série Orange is the New Black (OITNB) trouxe uma nova proposta à TV: um forte elenco de protagonistas femininas. A intenção de mostrar ao público a rotina da protagonista Piper Chapman funciona bem, pois, sem qualquer experiência para lidar com o novo ambiente, ela procura entender mais sobre a cultura das prisões femininas, passando por mudanças em sua própria personalidade enquanto cumpre sua sentença. A grande sacada de OITNB, como é chamada pelo público, está no elenco como um todo. Ao longo dos treze capítulos da primeira temporada, conhecemos tramas protagonizadas pelas detentas carismáticas da penitenciária federal Litchfield, que oscilam entre loucura e sanidade a cada minuto. Ao abordar assuntos universais, a série consegue conquistar uma audiência diversa ao mostrar o poder e a força feminina, indicando que não é necessária a influência direta de um homem para que qualquer evento ocorra. É com muita delicadeza que o roteiro conduz os assuntos mais polêmicos – como o abuso dos oficiais masculinos sob as detentas, vício em drogas e homossexualidade – sempre adicionando uma pitada de humor para quebrar o clima. Assim, a chamada “dramédia” dá um ritmo interessante para os episódios, cativando quem está assistindo desde o início.

www.mariabonita.com.br| 81


M

uitas mulheres já fizeram algum tipo de dieta, porém elas podem não ser a melhor forma para quem deseja perder peso. Pensando nisso, Sylvia Pozzobon, blogueira do site Cozinha Fit resolveu criar opções saudáveis para quem quer comer bem, além de manter o bom funcionamento do organismo. Confira!

Receitas

Opções

Saudáveis - PARA VOCÊ Receitas fit para quem quer variar na alimentação Por JULIA BACELAR

Ingredientes: * 3 xícaras de castanhas do pará, de caju ou amêndoas com casca * Cebolinha a gosto * Sal rosa * Um paninho fino Modo de Preparo Deixe as castanhas de molho de um dia para o outro, pelo menos 12 horas. Escorra e não reaproveite a água. Coloque as castanhas no liquidificador e acrescente 3 xícaras de água filtrada. 82| maria bonita| Abril 2015

Ingredientes: * 1 ovo inteiro * 2 colheres (sopa) de tapioca hidratada * 1 colher (sopa) de sementes de chia * 2 colheres (sopa) de espinafre em pó ou um punhado de espinafre batido no liquidificador * 1 fio de óleo de coco * 1 colher (sobremesa) de requeijão light * 2 colheres (sopa) de frango desfiado cozido Modo de Preparo Misture o ovo, a tapioca, a chia e o espinafre com um batedor. Em uma frigideira untada com um pouco de óleo de coco coloque essa mistura e doure dos dois lados. Coloque o recheio de frango e requeijão e enrole. Sirva em seguida. Consultoria: Sylvia Pozzobon - Cozinha Fit

Bata o conteúdo até formar um líquido branco e homogêneo. Passe a mistura no pano branco espremendo-o com força. O resíduo que ficar dentro do pano é o que será usado para fazer o queijo. Coloque o sal e passe os resíduos da castanha em uma peneira bem fina sem apertar, para que não atravesse a peneira. Cozinhe no vapor com a tampa fechada por 2 horas. Vá sempre colocando água no fundo da panela para que não seque. Depois de duas horas, coloque em um prato, adicione a

cebolinha picada e coloque em uma forma de silicone ou potinho, sempre pressionando para que a ricota fique firme e consistente. Leve a geladeira por 2 horas coberto com plástico filme. Desenforme

com cuidado. Dica: O leite que se forma você pode usar em outras receitas, mas deve armazená-lo na geladeira por no máximo dois dias. É um leite vegetal de alta qualidade, não jogue fora. Imagem: Cozinha Fit/Reprodução

Ricota vegana temperada Tempo de Preparo: 24 horas

Panquequinha de espinafre Tempo de Preparo: 10 minutos


Economia fácil

Dinheiro

Saber administrar os gastos pode ser mais simples do que você imagina

Por JAQUELINE GALDINO

O

s preços sobem a cada dia, o custo de vida está ficando mais caro, manter a os gastos controlados parece uma luta diária. Se você vive esse dilema entre suas contas e o seu dinheiro, confira as dicas que o economista Francisco Arrighi para não entrar no vermelho, nem nos tempos de crise financeira. Saldo positivo A primeira regra de ouro para manter o orçamento em ordem é não gastar mais do que recebe. Parece simples seguir essa lógica, mas é mais fácil extrapolar os limites sem perceber. “Atente-se aos valores das despesas fixas e de novas parcelas que fizer. Pense sempre no montante que irá receber e se ele é suficiente para pagar todas as despesas programadas e ainda sobrar para uma poupança e reserva de emergência”, analisa o economista. É importante manter o saldo da conta sempre positivo. Se o dinheiro não está rendendo, hora de pensar numa economia ou corte de gastos. Cartão de crédito Se for usado sem moderação, pode ser o maior vilão do seu orçamento. “Você pode até fazer suas compras pagando com cartão de crédito, porém é preciso ter o dinheiro para pagar o valor total da fatura,

sem cair na tentação do pagamento mínimo. Se mesmo assim estiver com dificuldades em administrá-lo, vale a pena pedir a redução do seu limite pessoal para comprar. Em casos de parcelamento no cartão o especialista dá a dica: “se for parcelar uma compra, veja se a parcela cabe no seu bolso e se tem a opção sem juros. Quando o cartão de credito tiver parcelamento sem juros pode ser a melhor opção, porem quando já há previsão de juros na parcela o melhor seria o cheque especial”, conclui.

Pagando as contas O ideal é nunca pagar uma conta após a data do seu vencimento. Se o dinheiro não der para quitar todas as dívidas, será preciso escolher qual é possível pagar depois sem prejudicar gravemente o orçamento., tente negociar a alteração do vencimento colocando para uma data posterior. Se não houver essa opção, opte por pagar aquela que tem os juros mais alto por atrasos. Reserva Contas pagas, orçamento em dia e ainda sobrou um dinheiro. Com que posso gastar? Não, o certo é economizar essa quantia através de poupança ou de aplicação, “Aplicar a sobra sempre será uma das melhores opções. Considerando que são sobras de salário, o valor pode não ser grande. Nesse caso prefira sempre a poupança”, ensina Arrighi. Empréstimo x Financiamento Na hora de fazer um pagamento num valor muito alto, o ideal é ter o dinheiro a vista, toda a quantidade. “Quando não for possível pagar a vista, o financiamento sempre será melhor do que comprar com juros no cartão ou cheque especial pois há juros fixados e sempre muito menores”, explica o economista.

www.mariabonita.com.br| 83


po Horósco

TOURO SIGNO DO MÊS

(21/04 A 20/05)

Por JAQUELINE GALDINO Jeito de ser: Gosta de segurança e estabilidade, sinônimos de paz e bem-estar, para esse signo. Discreto, idealista, gosta de preservar aquilo que tem e confia apenas naquilo que pode sentir e tocar. Encara a vida de forma realista e é generoso para ajudar quem precisa, mesmo que seja apenas com conselhos ou seu ponto de vista. Uma das características desse signo é a desconfiança, por isso, demora para estreitar os laços e fortalecer as relações com quem gosta. 84 | mariabonita | Abril 2015

No amor: Por ser sensível e fiel, não gosta de aventuras e só se entrega de corpo e alma quando sente segurança ao lado de quem ama. Se empenha ao máximo para viver uma boa história de amor, por isso, quando o par quer compromisso sério, a união tem chance de ser duradoura. Touro é possessivo e costuma enfrentar problemas pelo excesso de ciúme. Trabalho: Gosta de um emprego que lhe dê estabilidade e a tranqüilidade que tanto valoriza. Por isso, agarra a oportunidade que

tem com unhas e dentes, trabalha duro e dá o melhor de si na profissão. Como não gosta de mudanças, prefere se empenhar em suas atividades para se destacar naquilo que faz. Família: Adora conviver com os familiares e os amigos, especialmente com os mais íntimos. Costuma ser o conselheiro dos mais próximos E, nos momentos que passa com as pessoas queridas, sabe demonstrar o carinho que sente por elas. Em casa, gosta de organização e muito conforto.


Áries (21/03 a 20/04)

Leão (22/07 a 22/08)

Sagitário (22/11 a 21/12)

No amor a intimidade será maior e o desejo de compartilhar também. Poderá contar com a pessoa amada para tudo, e você também estará disponível para dar colo, atenção, compreensão e muito carinho. Evite gastar por impulso e a dica é abrir uma poupança.

Suas necessidades emocionais serão supridas pelo(a) parceiro(a). Momento bom para ficar a sós com a pessoa amada. Existe a possibilidade de uma relação cheia de segredos. Ousadia e otimismo facilitarão as decisões que envolverem mudanças radicais.

A pessoa amada estará disposta a ajudar a resolver problemas, gerenciar crises com muito tato, colocando-se em segundo plano e dando o melhor de si. Mês favorável para cuidar da saúde, começando pelo dentista e ortopedista. Evite desafiar autoridades.

Touro (21/04 a 20/05)

Virgem (23/08 a 22/09)

Capricórnio (22/12 a 22/01)

Período favorável para cuidar e ser cuidada carinhosamente, com troca de confidências em clima de muita intimidade. A dica será curtir a pessoa amada em ambientes calmos, em casa, com poucas pessoas por perto. Cuide mais de si e de sua aparência.

Durante uma festa, ou em uma balada com os amigos, conhecerá uma pessoa interessante e poderá ser amor à primeira vista. O sentimento será forte, como se não pudesse viver sem ela. Rapidamente ficarão íntimos, como se já se conhecessem há anos.

Nesse período poderá impor sua vontade sobre a da pessoa amada, que ela acatará sem o menor problema. Evite tentar controlá-la demais, ou colocará a harmonia do casal a perder. Gerencie melhor as tarefas cotidianas para não entrar em estresse.

Gêmeos (21/05 a 20/06)

Libra (23/09 a 22/10)

Aquário (21/01 a 19/02)

O amor pode se mostrar de diferentes formas, e nesse mês será vivenciado de um jeito intimista e romântico Você vai querer colo, mas lembre-se que a outra pessoa também estará carente. A boa disposição física e mental ajudará a tomar decisões mais sérias.

Possível paixão com uma pessoa com quem trabalha, para solteiros(as), e para o restante momento de intimidade maior, troca de confidências e romantismo. Atenção às datas de vencimentos das contas, para evitar esquecimentos. Maior envolvimento com a família.

O mês favorece assumir compromissos, trazendo a possibilidade de noivados e tudo que isso envolve tal como despesas com a montagem de um novo lar, organização de cerimônias e de nova rotina. Vida profissional favorecida com pequenos benefícios chegando.

Câncer (21/06 a 21/07)

Escorpião (23/10 a 21/11)

Peixes (20/02 a 20/03)

Mês com grande afinidade intelectual com a pessoa amada. Haverá uma queda de braço para ver quem manda mais, mas você terá jogo de cintura para administrar essas saias justas. Aproveite que estará muito sedutora. Mês bom para aquietar-se e meditar.

Afinidade intelectual com alguém que poderá evoluir para uma relação amorosa. Num primeiro momento pensará que encontrou sua alma gêmea, tal o grau de entendimento e prazer em ficar perto. Evite compras por impulso, principalmente de livros e celular.

Paixão romântica esse mês, com a pessoa com a qual já estiver envolvida ou com alguém surgindo para agora. Evite controlar ou ser controlada sob a desculpa de que isso é amor e cuidados. Planeje o futuro para se deslocar melhor em seus caminhos. www.mariabonita.com.br | 85


Crônica Heloísa Kennerly tem 21 anos e é estudante de Jornalismo na UNESP Bauru

S

air na rua é uma coisa complicada para homens. Todos sabem que é um espaço feminino. Sair sozinho então... Mas hoje não tem jeito. Escolho roupas comportadas para evitar ser cantado. Além disso... são apenas elogios. Assim que coloco o pé na rua, recebo um olhar tarado da minha vizinha que varria a calçada. Atravesso a rua para evitar passar pelo bar. Ando de cabeça baixa, torcendo para que as mulheres que tomam uma cerveja não me vejam. “Que coisinha mais linda, ein!” grita uma delas. As outras assobiam. Acelero o passo e chego ao ponto de ônibus. Em 2013, a campanha Chega de Fiu Fiu divulgou uma pesquisa sobre cantadas de rua: 99,6% das mais de 7.500 participantes relatam ter sofrido assédio. Em comparação, poucos homens relatam ter passado por assédio feminino na rua. Quem sabe o Chay Suede passe por isso. O ônibus chega. Sento do lado de uma mulher que tem uma grande bolsa no colo. Ela me olha. Alguns minutos depois ela se mexe de um jeito estranho. Arrisco uma olhada para o lado. Ela está com uma mão dentro da calça e obviamente se masturbando. Ela me olha e pergunta: “tá gostando?”. Quero gritar, sair correndo. Meu rosto queima de humilhação e raiva. Quero reagir, mas mal consigo falar. Desço no próximo ponto e saio correndo. Passo por uma obra e várias mulheres gritam: “ê gostoso!” “vem cá com a mamãe!”. Entro em uma loja chorando. Algumas pessoas me consolam, outras dizem que é frescura. Me acalmo e saio novamente para a rua. Sei que passarei por tudo novamente, mas espero, rezo, para que não aconteça. Um filme, contado para mim desde que eu era criança passa pela minha cabeça: estou andando pela rua e um estranho me aborda, eu o ignoro, mas ele insiste. Reajo, mas ele está armado. Tento gritar, mas é tarde demais, ninguém está me vendo. Me entristece e revolta pensar que esse “filme” é 86| maria bonita| Abril 2015

De quem é a rua? totalmente baseado na realidade. Está acontecendo agora mesmo. O motivo para que o assédio público aterrorize tanto é a rapidez com que isso pode acabar em um estupro. Segundo dados de 2011 do Ministério da Saúde, 88,5% das vítimas de estupro são mulheres. Desse número, 60,5% das mulheres adultas foram estupradas por desconhecidos. Como você acha que um estuprador aborda suas vítimas? Talvez nem sempre com uma cantada na rua. Mas essa cantada é um lembrete: podemos estuprar você. Se você ainda tem dúvida: eu não sou um homem, mas às vezes desejo ter nascido um. Ou melhor: quero ser respeitada como eles. Quero andar na rua sem medo.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.