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Boletim de Comunicações Província São Francisco de Assis – RS Ano XLVIII – N. 01 – Jan.-Abr./2015

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Profissão Solene de Frei Tiago Roberto Frey


SUMÁRIO EDITORIAL ........................................................................................................................................ 2 PALAVRA DO MINISTRO PROVINCIAL ...................................................................................... 3 COMUNICAÇÕES .............................................................................................................................. 4 Da Secretaria provincial ................................................................................................................... 4 Da Animação Missionária ................................................................................................................ 4 Carta sobre a coleta para as Missões ............................................................................................ 4 Do Secretariado para as Missões e a Evangelização........................................................................ 5 Roteiro de perguntas para o diagnóstico da Ação Evangelizadora na Província ......................... 5 DA CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL.................................................................... 7 Carta ao Papa Francisco ................................................................................................................... 7 CONGRESSO NACIONAL DA VIDA CONSAGRADA ............................................................. 8 NOTA SOBRE A SITUAÇÃO DO PAÍS ....................................................................................... 8 PARTILHAS ........................................................................................................................................ 9 Frei Tiago Professa os votos Perpétuos ........................................................................................... 9 Equipes de Nossa Senhora ............................................................................................................. 10 Peregrinação à Terra Santa ............................................................................................................ 12 Biografia de Dom Oscar Romero*................................................................................................. 13 UMAS.KI.OUTRAS .......................................................................................................................... 17

EDITORIAL O ano de 2015 se apresenta como ano de realizações, mesmo em meio a dificuldades sociais, políticas e econômicas, em meio a escândalos, denúncias e investigações em nosso País. É ano da Vida Consagrada, convidando-nos o Papa a recolocar a Alegria do Evangelho em nossa vida e missão. É ano de Capítulo Geral, propondo-nos a fraternidade e a minoridade como eixos identitários de nosso carisma e de nossa vida comunitária e pessoal. É início de Ano Jubilar, congregando-nos no resgata da história provincial para animar e projetar o futuro. O BdeC quer ser instrumento de auxílio de reflexão e partilha aos irmãos e amigos neste momento, com o desejo de ampliar a luz do Senhor em nossa vida. Fraternalmente, A Equipe.

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EXPEDIENTE: BdeC Boletim de Comunicações Informativo da Província São Francisco de Assis Da Ordem dos Frades Menores no Brasil. Av. Juca Batista, 330 Bairro Ipanema 91770-000 – Porto Alegre – RS E-mail: secretariaofmrs@gmail.com Equipe responsável: Frei Arno Frelich, OFM Frei Benício Warken, OFM Frei Harri Schuh, OFM Frei Jorge Egídio Hartmann, OFM Frei Plínio Ricardo Maldaner, OFM Frei Inácio Dellazari, OFM Frei Marino Pedro Rhoden, OFM


PALAVRA DO MINISTRO PROVINCIAL Caros Confrades, Estamos vivendo tempos significativos para nossa caminhada de Frades Menores na Província São Francisco de Assis. Com o Ano da Vida Consagrada a Igreja nos desafia a redescobrir nossa Identidade de consagrados neste tempo de mudanças pelo qual passa toda a Igreja. Em nível de Ordem, vivemos o evento principal, ou seja, o Capítulo Geral com eleição do novo Ministro Geral e do novo Governo da Ordem. O Tema escolhido foi “Irmãos e menores em nosso tempo”. Já refletimos, em nossas fraternidades, sobre o significado deste tema a partir de subsídios oferecidos pela Ordem. São duas dimensões evangélicas essenciais de nossa Identidade Franciscana: a Fraternidade (Irmãos) e a Minoridade. Estar no mundo como irmãos e menores. É o primeiro anúncio. A nossa Província escolheu como tema do último Capítulo Viver a Vocação Franciscana no Mundo. Para viver nossa vocação franciscana no mundo a Ordem propõe que sejamos irmãos e menores. Há sintonia de nossa caminhada provincial com toda a Ordem. Estamos nesse contexto nos preparando para celebrar, como Província São Francisco de Assis, os 50 anos de Autonomia e 40 anos de Província. É um tempo forte para fazermos memória de nossa caminhada e ver como, ao longo desse tempo, vivemos nossa vocação no mundo, que os passos importantes e significativos damos como resposta aos desafios de cada tempo e, assim, projetar o futuro no novo tempo que vivemos. Muitos frades já estão trabalhando e vivendo esse evento importante para nossa Fraternidade Provincial. Que o Senhor seja louvado!

Segundo o Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, a Igreja cresce não por proselitismo, mas por atração. Nossas fraternidades têm a bela missão de atrair as pessoas para a vida do Evangelho. Através de nosso jeito de viver o Evangelho os outros podem se encantar pela Boa Notícia de Deus vivida e anunciada por Jesus de Nazaré. Que o Senhor nos anime e nos encoraje nessa missão e seja louvado por tudo de bom que vem realizando através de cada irmão. Com abraço fraterno

Fr. Inácio Dellazari OFM Ministro provincial

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COMUNICAÇÕES Da Secretaria provincial O Capítulo Geral da Ordem será realizado de 10 de maio a 07 de junho de 2015, em Santa Maria da Porciúncula, Assis, Itália. O Ministro provincial, Frei Inácio participará do Capítulo, visitando nos dias antecedentes os confrades que estão na Terra Santa, retornando no dia 10 de junho. Relembrando datas da Agenda provincial: MAIO: 24 – Pentecostes – Renovação dos votos dos Frades Professos temporários, no Convento São Boaventura, Daltro Filho, Imigrante, RS. JUNHO:

22 a 26 – Assembleia do SIFEM em Bacabal, MA. 28/06 a 02/07 – Congresso da Comissão Educativa da CFMB, FAE, Curitiba, PR. 29/06 a 11/07 – II Etapa do Curso de Formadores da CFMB. JULHO:

09 a 12 – II Encontro Nacional de Jovens da CFMB em Anápolis, GO. 19 (à noite) a 24 (meio dia) – Retiro provincial. 29 a 30 – Reunião do Definitório provincial, em Porto Alegre. AGOSTO:

03 (9h) – Reunião do Conselho Administrativo, Daltro Filho. 04 (9h) a 05 (meio dia) – Encontro Formação Permanente, Guardiães e Definitório provincial. 24 a 28 – Encontro dos Ecônomos da CFMB em São Luís, MA. 26 a 27 – Reunião do Definitório provincial, em Porto Alegre.

Da Animação Missionária Carta sobre a coleta para as Missões Caros confrades! “Somos uma Fraternidade enviada ao mundo inteiro para evangelizar tanto pelo testemunho de vida e fé, como pela pregação, pelo exercício do ministério pastoral” (Plano Provincial de Evangelização e Missão). “Na Pastoral missionária, todas as verdades reveladas procedem da mesma fonte divina e são acreditadas com a mesma fé, nisto sobressai a beleza do amor Salvífico de Deus, manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado” (Evangelii Gaudium). No mês missionário, do ano 2014, a nossa Província através das várias frentes de evangelização participou com a contribuição para as missões Franciscanas. O incentivo a esta participação se faz necessário, pois em 2008 enviamos para Roraima três frades para integraram, junto com a CFMB, o Projeto Missionário da Região Amazônia. Atualmente estamos com dois frades. Vai nosso agradecimento a todos os que colaboraram.

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COLETA DAS MISSÕES 2014 Paróquia São José de Taquari........................................................... 1.210,80 Paróquia São Cristóvão de Lajeado .................................................... 832,00 Paróquias de Bela Vista do Fão, Pouso Novo e Progresso ................. 720,00 Paróquia Santa Clara da Lomba do Pinheiro ...................................... 706,20 Paróquias de Hulha e de Candiota....................................................... 100,00 Paróquia de Não-Me-Toque ............................................................. 1.182,00 Paróquia São João Batista de Daltro Filho .......................................... 822,00 Paróquias de Agudo e de Cortado ....................................................... 419,00 Paróquia de Gravataí ........................................................................... 475,00 Paróquia S Francisco e Clarissas ...................................................... 2.900,00 Paróquia de Horizontina ...................................................................... 500,00 Paróquia de Alegria ............................................................................. 521,00 Paróquia São José de São José do Inhacorá ........................................ 400,00 Casa Monte Alegre .............................................................................. 900,00 Centro vocacional ................................................................................ 233,00 Capela Santa Luzia .............................................................................. 160,00 ____________________________________________________

Total ............................................................................................... 12.080,20

Estrela, 20 de fevereiro de 2015. Frei Aldir Mattei, OFM Moderação das Missões

Do Secretariado para as Missões e a Evangelização Roteiro de perguntas para o diagnóstico da Ação Evangelizadora na Província Informações gerais. Nos dias 7 e 8 de abril esteve reunido o Secretariado para as Missões e a Evangelização. Na reunião refletiu-se sobre a atual situação do Projeto Articulador e do Centro para as Missões e a Evangelização. Todos sabem que o último Capítulo decidiu que o assunto seja aprofundado, amadurecido e encaminhado até o próximo Capítulo. A reflexão sobre a questão em debate foi rica e desembocou no seguinte encaminhamento: realizar diagnóstico sobre a ação evangelizadora dos frades na Província. Este tem por finalidade indicar luzes para o Projeto Articulador e para a viabilização do Centro para Missões e a Evangelização. Além disso, está dentro do espírito do ano jubilar da Província como ação de graças do que foi realizado, como avaliação da caminhada evangelizadora e como perspectivas a serem assumidas. Como será feito o diagnóstico e quem o fará? O meio de colher os dados para o diagnóstico será através de roteiro de perguntas a ser respondido pelos frades em encontro agendado com Frei Flávio, articulador do Centro para as Missões e a Evangelização. Depois de colhidas as informações, estas serão elaboradas de forma sintética e passarão pelo aval de todos os frades. Do resultado do diagnóstico serão tiradas luzes que orientarão a caminhada evangelizadora da Província. Outro encaminhamento do Secretariado para as Missões e a Evangelização é ouvir o que o povo pensa da ação evangelizadora dos freis. Uma equipe foi constituída para elaborar roteiro de perguntas e enviá-las aos responsáveis das frentes de evangelização. Estes incluirão as referidas perguntas no esquema de avaliação nas assembleias das comunidades as quais serão aprofundadas e amadurecidas nas assembleias paroquias e de rede de comunidades. Além disso, nas assembleias

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gerais serão escolhidas as pessoas que participarão do encontro, em maio de 2015, das lideranças de nossas paróquias e de nossas frentes de evangelização. Roteiro de perguntas. Este roteiro de perguntas tem o aval dos membros do Secretariado para as Missões e a Evangelização. Não está fechado, mas aberto às contribuições dos frades até o fim de abril e no momento da visita de Frei Flávio para a coleta das informações. I. Sobre a ação evangelizadora. 1. Quais as pastorais existentes? 2. Quais os ministérios existentes? 3. Quais os serviços organizados (conselhos; grupos de família; outros)? 4. Que tipo de trabalho tem com os jovens? Quantos grupos de jovens? 5. Que tipo de pastoral, serviço existe em relação aos pobres e excluídos? 6. Que tipo de trabalho, serviço, atividade existe em relação à animação vocacional? 7. Qual o envolvimento com os movimentos sociais? 8. Outras atividades existentes em termos de ação evangelizadora? 9. Em que tipo de formação permanente os leigos e as leigas participam? Quem participa? Quantos participam? Tem formação bíblica permanente? Existe formação franciscana? 10. Quais as prioridades diocesanas para a pastoral? 11. Realizam Assembleias para avaliar e planejar a pastoral? 12. Tem um Plano de Pastoral escrito? 13. Quais são os pontos fortes da ação evangelizadora? 14. Quais os pontos fracos da ação evangelizadora? 15. Quais as principais necessidades da ação evangelizadora? 16. Em que o Centro de Evangelização e Missão poderia ajudar na ação evangelizadora? Assessoria, articulação, subsídio? Outros tipos de ajuda? II. Sobre os frades evangelizadores. 1. Como os frades se sentem na ação evangelizadora? 2. Como os frades programam, organizam, avaliam as suas atividades evangelizadoras? 3. Que tipo de espiritualidade e de mística franciscana evangelizadora os frades cultivam e como a cultivam? 4. Quais os pontos fortes dos frades na ação evangelizadora? 5. Quais os pontos fracos dos frades na ação evangelizadora? 6. Quais as principais necessidades dos frades na ação evangelizadora? 7. Em que temas e áreas os frades sentem necessidade de formação e informação? 8. Outras observações sobre a ação evangelizadoras dos frades. III. Sobre alguns dados importantes para a ação evangelizadora. 1. População. 2. Principais desafios sociais e culturais. 3. Número de comunidades e de fiéis por comunidade. 4. Percentual de participação nas celebrações. 5. Número de lideranças. 6. Alternância das lideranças. 7. Estrutura física das comunidades (igrejas, salões comunitários, salas de catequese, salas para encontros, salas para geração de renda). 8. Há quantos anos os frades atendem a paróquia, a rede de comunidades? 9. Outros dados significativos. Em nome do Secretariado para as Missões e a Evangelização, Frei Flávio Guerra, OFM

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DA CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL Carta ao Papa Francisco Aparecida, 10 de abril de 2015. Querido Irmão Papa Francisco A Vida Religiosa Consagrada do Brasil vem saudá-lo com a ternura de um coração que ama e se dirige ao Papa como a um irmão muito querido. Receba o nosso abraço, um abraço de quem entra “pela porta do coração”, aquela porta que identifica todo o povo brasileiro, mas de forma muito especial, as pessoas consagradas deste imenso Brasil. Neste ano especial da Vida Consagrada, nos dias solenes do tempo pascal, de 07 a 10 de abril, nós Consagradas e Consagrados, vivemos um verdadeiro kairós, realizando o Congresso Nacional, em Aparecida, São Paulo, Brasil, chão que já o acolheu e que, certamente, está na memória do seu coração. Somos mais de 2.100 participantes, provenientes de todo o território nacional e de outros países. Trouxemos em nosso coração o apelo feito a toda Vida Religiosa Consagrada: Evangelho, Profecia, Esperança. Aqui chegamos com nossas entranhas carregadas de desafios e perplexidades, de sonhos e esperanças, na certeza de que nos cabe assumir, com renovada alegria, nossa identidade de pessoas consagradas, no seguimento fiel a Jesus de Nazaré, apaixonadas pelo Reino de Deus, inseridas no atual contexto eclesial e social, prontas a “despertar o mundo” para o divino que habita no meio de nós. Aos pés da Mãe Aparecida, daquela que “guardava tudo em seu coração”, nos debruçamos sobre o Núcleo Identitário da Vida Consagrada: Atitude profética, processo mistagógico. Nesta busca da identidade de nossa vida, reconhecemos a urgência de sermos peregrinas e peregrinos do mistério, mergulhando na interioridade de nosso ser, abertas/os aos novos campos de missão, atentos\as às tendências do mundo atual, mas que nos oferecem oportunidades de renovação. Para isto, precisamos nos deixar alcançar pelo mistério, cultivar uma mística de olhos abertos, cuidar da formação mistagógica, dos nossos Institutos, sonhando e arriscando confiantes na promessa de Deus e na presença do Espírito, que renova a face da Terra. Experimentamos a presença viva do ressuscitado entre nós. Visibilizamos a ressurreição em tantos rostos de consagrados e consagradas que, a exemplo de Jesus, dão sua vida em favor dos irmãos e irmãs das “periferias existenciais”, vítimas de um sistema que lhes nega a vida, no qual a Vida Consagrada se encontra inserida, sendo ali presença de esperança e solidariedade. As conferências, as celebrações, os testemunhos, as partilhas e toda a animação evidenciaram a verdade do lema de nosso Congresso: “Não ardia nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho?” (Lc 24,32). Como nosso querido Papa constatamos que “onde existem consagrados existe alegria”. E foi muita a alegria vivida! Celebramos a beleza da consagração, a alegria do seguimento a Jesus Cristo, o dom da profecia, a força da comunhão na riqueza das diferenças. Nossa comunhão eclesial foi evidenciada com a presença do Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis que nos acolheu e apoiou de forma muito fraterna. Estiveram conosco o bispo referencial da Vida Consagrada, Dom Jaime Spengler e Dom Pedro Brito Guimarães, Presidente da Comissão dos Ministérios Ordenados e da Vida Consagrada. Como nossa Vida Consagrada é essencialmente missionária, contamos também com a presença de Dom Sérgio Arthur Braschi, da Comissão Pastoral para a Ação Missionária da CNBB, no envio de mais uma religiosa para a missão intercongregacional no Haiti, Ir. Marlene Aparecida Avansi.

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A presença e a contribuição da Presidente da CLAR Ir. Mercedes Letícia Casas Sánchez, ajudou a ver as Luzes e as Esperanças da VC na América Latina. Participaram também membros de Institutos Seculares, Religiosos de Igrejas Orientais, bem como representantes das Novas Comunidades de Vida e de Aliança. Toda esta riqueza foi tecida pela sabedoria e liderança da presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB Nacional, Ir. Maria Inês Vieira Ribeiro e toda Equipe colaboradora. Querido Irmão Papa Francisco! Manifestamos nossa profunda gratidão pela iniciativa em promulgar o Ano da Vida Consagrada que, com certeza, nos ajuda a “viver o passado com gratidão, o presente com paixão e abraçar o futuro com esperança”, contribuindo assim a “despertar o mundo” para os valores do Evangelho. Confirmando a importância desta iniciativa, Dom João Braz de Aviz, por meio de uma gravação, se fez presente em nosso Congresso, sendo porta voz da finalidade e dos objetivos deste Ano. A Vida Consagrada nunca deve renunciar à profecia, vivendo os valores do Reino e cuidando da vida comunitária. Nossa gratidão também por esta presença e atuação de Dom João. Neste espírito de gratidão e alegria, desejamos-lhe saúde e força para prosseguir em sua missão de Pastor da Igreja, neste atual contexto da história. Como pessoas consagradas, expressamos nosso apoio às suas decisões e iniciativas, em busca da fidelidade evangélica de toda a Igreja. Conte com nossa prece fervorosa e comunhão amorosa. Ir. Maria Inês V. Ribeiro, mad Presidente da CRB Nacional Pelos 2.100 Participantes do Congresso Nacional da Vida Consagrada do Brasil

CONGRESSO NACIONAL DA VIDA CONSAGRADA NOTA SOBRE A SITUAÇÃO DO PAÍS A Conferência dos Religiosos do Brasil, por ocasião do Congresso Nacional para a Vida Consagrada, realizado nos dias 07 a 10 de abril de 2015, em Aparecida, São Paulo, com a presença de mais de dois mil Religiosos e Religiosas de muitas Congregações e Institutos de Vida Consagrada, Sociedade de Vida Apostólica e Institutos Seculares, de todo o Brasil, refletiu sobre o complexo e difícil momento por que passa o País, sobretudo no que se refere a ameaça aos avanços sociais e os processos democráticos, que consolidamos nestes últimos anos. Refletindo sobre a identidade e profecia, viu-se a urgência de uma reação pacífica, mas contundente contra as práticas repressoras em cursos: a eminência de aprovação da redução da maioridade penal, a perda de conquistas trabalhistas e a manipulação midiática que se impõe distorcendo os fatos e imprimindo uma abordagem parcial dos mesmos. É legítimo o clima de insatisfação popular frente ao “Escândalo da corrupção na Petrobrás, as recentes medidas de ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação, a crise na relação entre os três Poderes da República”, no entanto nada legitima um “golpe na democracia”, pois o Estado Democrático de Direito foi conquistado com muita luta, sofrimento e martírio. As manifestações de rua, ainda que legítimas, tem sido apropriadas pela elite dominante como com meios de indução aos interesses privados do capital financeiro e da volta aos regimes autoritários, que comprovadamente só trazem sofrimento à população, em particular aos mais pobres. Conscientes de que o que está em jogo é um conflito de projetos de sociedade, nossa missão profética nos coloca sempre ao lado dos que mais sofrem, com uma postura ética, pautada na justiça e defesa dos direitos. Por isso nos posicionamos contra toda forma de dominação, interesses, iniciativas e processos que violentem ou abortem as conquistas que potencializam a inclusão dos mais pobres. Assumimos o projeto de Lei de Iniciativa Popular elaborado pela coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. Nos posicionamos contra a redução da

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maioridade penal, o não reconhecimento das causas indígenas e dos quilombolas e refutamos o propósito ilegítimo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff. Convocamos a todas e todos a se manterem firmes neste caminho, com uma postura crítica e lúcida neste momento histórico, discernindo com solicitude o que apoiar, exercendo uma cidadania ativa voltada para o fortalecimento das causas populares das minorias. Que nossa Senhora Aparecida, nos ilumine e conduza sempre nos caminhos da justiça e profecia. Aparecida, 10 de abril de 2015. Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, mad Presidente da CRB Nacional Pelos mais de 2.100 Consagrados e Consagradas presentes no Congresso Nacional

PARTILHAS Frei Tiago Professa os votos Perpétuos No dia 26 de abril, na Igreja Matriz Santa Inês, Frei Tiago Frey professou solenemente os votos Perpétuos. Amanhecia em Três Passos, o céu nos despertava com azul sublime. Para toda a família Frey, os paroquianos e os Frades da Província São Francisco de Assis era um dia mais que especial, depois de uma caminhada, de oração e trabalho - momentos que fizeram a cada dia fortalecer a sua escolha em seguir o Cristo Pobre, humilde e crucificado – segundo os passos de São Francisco de Assis, Frei Tiago Roberto Frey, solenemente professaria seus Votos Perpétuos. Na manhã de domingo, ao chegar à Matriz Santa Inês, nos deparamos com a igreja lotada: inúmeros familiares, amigos e Frades. Em todos, o desejo de participar e rezar na celebração. Não é o fim, mas uma etapa. É a celebração de fortalecimento de um sim, ao qual o frade vem há mais de nove anos dizendo todos os dias: “Senhor, que tu cresças dentro de mim e eu diminua” – Frei Tiago vem na caminhada vocacional desde o Seminário Menor São Pascoal, em Três Passos. Passou pelo Postulado, em Arroio do Meio, Noviciado, em Imigrante, os Estudos de Filosofia (Porto Alegre) e o seu ano de prestação de serviço, em Progresso. Em todo esse tempo ele reafirmou o seu sim. Na manhã daquele domingo, Frei Tiago, professou diante de toda a comunidade, diante dos seus coirmãos e toda a Santa Igreja, o desejo de seguir a Cristo, segundo a forma de vida dos Freis Franciscanos: em Pobreza, Obediência e Castidade. O Ministro provincial, Frei Inácio Dellazari, em nome da Ordem e da Igreja, aceitou a pedido do frade, garantindo, que se ele observar o Santo Evangelho, terá a vida eterna. Frei Tiago se prostrou no chão diante do altar enquanto a Ladainha de todos os santos era lindamente e devotamente entoada, em seguida, ao ajoelhar-se aos pés do Ministro provincial, emitiu os votos perpétuos. Em um mundo onde as coisas não são duráveis, em que as promessas são desfeitas com a mesma agilidade que são feitas, Frei Tiago, como disse o Papa Francisco, não teve medo, remou contra a maré. Aceitou o convite de ser Bom, a exemplo do Bom Pastor, que dá a sua vida por seus amigos. A caminhada de Frei Tiago não terminou, mas agora ele se entregou totalmente e sem reservas ao serviço do Reino. Ele continuará os estudos de Teologia na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, em Porto Alegre, e a formação permanente. Recomeçando sempre de novo, cada dia, aspirando à perfeição da vida evangélica. Frei Malone Rodrigues, OFM

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Equipes de Nossa Senhora As Equipes de Nossa Senhora (ENS) são um movimento exclusivamente de casais, para casais (embora existam viúvas que já faziam parte antes de assim se tornarem) e que visa a Espiritualidade conjugal. Pode parecer esquisito tem um movimento (ou pastoral, mas não é o termo certo) que visa exclusivamente o casal! Evidentemente, se o casal tem uma espiritualidade cristã profunda, a família é influenciada. Isto não acontece sempre, mas pode ajudar. Movimento, a própria palavra já antecipa certas características das ENS: "quer ajudar casais, que nelas ingressam, a darem sempre um passo à frente em direção ao seu ideal, mantendo sempre vivo o seu dinamismo interno. Supõe, portanto, uma dinâmica, uma evolução, um progresso, uma adaptação permanente ao mundo em marcha, uma participação atuante na vida e na missão da Igreja peregrina" (O Espírito e as grandes linhas do Movimento). Espiritualidade. Sempre que se fala em espiritualidade, surge a prioridade do "espiritual", o que é animado pelo Espírito Santo tendendo sempre a perfeição da caridade entre os cônjuges, sua família e a própria Igreja. Sabemos que o cristianismo não pode ser vivido por todos do mesmo modo: chega-se à perfeição como "o Pai é perfeito" por vários caminhos. As ENS procuram esta perfeição pelo caminho do casamento: é o casal que está em questão. Pio XI já dizia na Encíclica Casti Connubi: "A ação pela qual o amor deve se manifestar nas sociedades domésticas, não compreende somente o apoio mútuo; deve ter um objetivo mais alto – e isto deve ser mesmo o objetivo principal – a saber, que os cônjuges se ajudem reciprocamente em formar e aperfeiçoar neles, cada dia mais, o homem interior" (O Espírito e as Grandes Linhas do Movimento, p. 10). É um movimento Leigo, sempre tendo como orientador um sacerdote (ou outro/a religioso/a), e "casados, é juntos que devem caminhar para este crescimento, apoiados numa espiritualidade adequada ao seu estado de vida, num esforço conjunto... em todos os planos da vida" (Op. cit). É um movimento supranacional e não tem fronteiras, diríamos até supra paroquial no sentido de que não se liga a uma paróquia específica, mas atua em várias pastorais paroquiais. Como começou. De modo resumido, na sua revista de fev/mar de 2015 (portanto eles têm uma revista que se chama "Carta Mensal") lê-se o seguinte: "Ousamos dizer que inspirada pelo belo exemplo da família de Nazaré, uma mulher foi a responsável de dar o primeiro passo, buscando junto ao Pe. Caffarel conselhos sobre a vivência espiritual de seu matrimônio. Esta mulher foi Madeleine d'Heilly. E como boa discípula, acatando a sugestão do sacerdote, dias depois está na presença do padre junto com seu esposo Gérard". E mais adiante continua "E é assim, que em 25 de fevereiro de 1939 em Paris, França, Pe. Caffarel e quatro casais reúnem-se para buscarem uma resposta sobre a vivência espiritual do Sacramento do Matrimônio". Assim teve início o movimento. E o Brasil foi o primeiro país a receber o movimento fora da língua francesa, em 13 de Maio de 1950 pelo casal Nancy e Pedro Moncal, em S. Paulo. Atualmente no Brasil existem mais de 45 mil membros. O Brasil também recebeu um congresso (o primeiro fora da Europa) em 2012 (Brasília) com 7.000 casais, aproximadamente. Neste ano, no Brasil terão um congresso em Aparecida (só do país). Em Porto Alegre, existem 8 setores e cada setor tem 8 equipes (nem todas completas).

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Pe. Henry Caffarel, um sacerdote francês, antes e durante a guerra, foi o grande incentivador desta espiritualidade conjugal. Aos poucos foi deixando aos leigos a direção, organização etc... Hoje já existe a Postulação de sua beatificação... A mística das equipes A palavra "equipe" já esclarece o que se quer como prioridade: trabalho em comum; união de corações e de almas; uma fé em comum; um exercício de auxílio mútuo material e espiritual. É uma comunidade. Por isso os casais estão estruturados em grupos de 5 a 7 casais que se reúnem praticamente duas vezes por mês: uma reunião para estudo de determinados temas já previstos pelo Movimento e outro (ou só um) para partilhar suas alegrias e agruras, para rezar, para trocar ideias, enfim, tentar um casal ajudar o outro, em total sinceridade e simplicidade. Obrigações do casal participante da ENS. Várias são as obrigações (ou deveres) que o casal deve cumprir durante o mês. Entre estas, destacam-se:  Ao menos uma vez por mês parar e sentar juntos para conversar sobre sua vivência conjugal;  Escutar a Palavra e Meditação: de preferência, todos os dias uma pequena reflexão sobre um trecho da Bíblia ou o evangelho do dia; deve-se acrescentar que muitos casais conseguem meditar todos os dias;  Diariamente rezar o Magnificat;  Não esquecer do terço (tem membros que rezam o terço enquanto vão ao trabalho);  Oração conjugal: é um momento de oração em conjunto geralmente no final do dia. Nem todos o conseguem, tendo em vista os diferentes horários de repouso, mas procuram, de alguma forma, fazer uma oração em casal.  Pontos concretos: Cada membro do casal (ou o casal) escolhem mensalmente um ponto concreto para melhorar (P.ex. ter mais paciência, falar menos dos outros, etc...);  Terço em conjunto: cada setor reúne os casais uma vez por mês para rezar juntos o terço. Nossa casa (Provincialado) recebe os casais todas as 1ª segundas-feiras de cada mês (o normal são 40 pessoas).  Além da missa dominical, como qualquer católico, eles tem a obrigação de participar de uma missa extra. O que acontece numa reunião normal. Um casal é responsável para coordenar, e cada mês a reunião é na casa de outro casal. Inicia-se com orações, intenções, meditação de um trecho da bíblia, cada casal coloca o que de mais importante aconteceu durante o mês, comunicações, pequena contribuição para o movimento e um jantar muito simples. Na equipe que participo a frequência é quase sempre total, muita espontaneidade, simplicidade, todos falam a vontade, buscam e levam de volta o sacerdote. A reunião sempre termina com a oração do Magnificat e a bênção do assistente espiritual. O casal coordenador tem a responsabilidade de fazer um relatório mensal. Penso que estas poucas linhas dão uma ideia aproximada do que seja o Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Deve-se acrescentar ainda que pela sua espiritualidade, obrigações etc., é um movimento de leigos, bastante voltado à santidade em seu estado de vida. Que a Mãe Maria os acompanhe! Frei Pedro Tarelli, OFM

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Peregrinação à Terra Santa Conduzir peregrinos à Terra Santa é uma das diversas tarefas de um Comissário. É sempre algo marcante, belo, pois falar dos lugares santos, em especial, do Santo da Terra, da Palavra ali proclamada, da História da Salvação, do Projeto de Deus pra toda a humanidade a partir daquela terra é algo fascinante e toca de um modo particular as pessoas. Desde quando recebemos o batismo pertencemos a Cristo. Ele é o centro da nossa fé. Para seguir Jesus é evidente que não é preciso peregrinar à sua „terra natal‟. Mas, sendo possível entrar em contato com os lugares onde Ele viveu, facilita uma maior compreensão de sua pessoa e de sua mensagem. Deveria fazer parte do sonho de cada cristão. Assim, um judeu sempre saúda o outro no final de cada ano judaico dizendo “até o ano que vem em Jerusalém”. Expressa a esperança de peregrinar à Cidade Santa. O Alcorão diz que todo muçulmano que puder vá ao menos uma vez na vida como peregrino a Meca. A Terra Santa, cara às três maiores religiões monoteístas do mundo, permite um privilegiado encontro do homem com Deus, de uma forma quase impossível em outro lugar. Para os cristãos peregrinar ali é ver com os próprios olhos e tocar com as próprias mãos os sinais da presença de Cristo. É conhecer as origens e razões da nossa fé. É fazer uma experiência de fé! Existem pessoas que peregrinaram diversas vezes para a Terra Santa e tem condições para isto. Mas a grande maioria faz um esforço hercúleo para realizar este sonho. Para isto servem-se da criatividade. Alguns vão guardando ao longo dos anos algum dinheiro para este fim. Outros, quando se aposentam ou quando recebem uma herança. Mas o exemplo mais tocante nestes cinco anos de Guia foi o de uma senhora que conseguiu ir com a venda de pastéis. Ela desejava muito ir, mas a família não tinha condições de pagar-lhe. Ela então começou a fazer e vender pastéis na comunidade paroquial, na escola, aos amigos... A solidariedade, o carinho e a generosidade das pessoas fez o resto para que este sonho se tornasse realidade. O Brasil em 2014 levou cerca de 300 mil peregrinos católicos à Terra Santa. São dados oficiais da Custódia da Terra Santa. Só perdemos para os Estados Unidos e a Itália. Mas com o dólar „descontrolado‟ muita gente que pensava viajar neste ano está colocando o „pé no freio‟. De fato, a viagem, hotéis, taxas, são cotados em dólar. Outro aspecto citado por potenciais peregrinos é o medo da violência no Oriente Médio. Este é muitíssimo menor do que a nossa violência de cada dia. É que a grande mídia praticamente só fala da região onde se localiza a Terra Santa (Síria e Egito, incluídos), quando há algum atentado, alguma morte. Assim, no imaginário de muitas pessoas isto é desmotivador e acabam adiando indefinidamente sua ida. Pessoalmente me comprometi, ao longo de 2015, guiar cinco grupos. Todavia a agência Unitur, ligada aos Focolarinos para a qual guio grupos de peregrinos na Terra Santa e também pelos Santuários franciscanos na Itália, já me comunicou que talvez nem todos os grupos previstos se concretizem. Além das peregrinações, procuro intensificar o trabalho de evangelização a partir dos Lugares Santos, pois necessariamente é preciso falar da Bíblia. Para ajudar neste trabalho há a tradução da revista Terrasanta, para o Brasil desde 2012. Esta revista já existe há 94 anos e pertence à Custódia da Terra Santa. A revista é um qualificado instrumento de evangelização, particularmente para quem já peregrinou à Terra Santa ou pretende fazê-lo. E também para quem, que por razões diversas, não poderá ir. Ela, no Brasil, é coordenada pelo Comissariado do Rio Grande do Sul, mas está sob a responsabilidade dos outros quatro Comissariados: de São Paulo, SP; Belo Horizonte, MG; Recife, PE, e Belém, PA. Nestes cinco anos guiando grupos e sentindo a falta de livros, em português, que falem de modo coloquial, catequético da realidade da Terra Santa para ajudar os peregrinos, pus-me a elaborar um. Este finalmente está pronto e já na gráfica. Batizei-o de “Terra Santa para além dos muros”. Oxalá ajude quem foi, for ou não puder ir, compreender e aprofundar a importância dos Lugares Santos como o 5º Evangelho, na afirmação dos Papas-peregrinos, Paulo VI e Bento XVI. 12


Portanto, a revista e o livro buscam ser ferramentas para ajudar os potenciais peregrinos e outros interessados na pátria terrena de Jesus, a conhecer esta realidade marcante para o crescimento e vivência da fé, a ter maior intimidade com a Palavra de Deus aí revelada e, assim, uma vivência mais coerente no seguimento de Nosso Senhor e Salvador. Frei Jorge Hartmann, OFM

Biografia de Dom Oscar Romero* Oscar Arnulfo Romero Galdamez nasceu na cidade de Barrios, Departamento de São Miguel aos 15 de agosto de 1917; era o segundo filho de uma família de oito irmãos. Seu pai se chamava Santos Romero e sua mãe Guadalupe de Jesus Galdamez; era de uma família humilde e modesta, seu pai era empregado dos Correios e Telégrafos, e sua mãe ocupava-se dos afazeres domésticos. Desde pequeno Oscar foi conhecido por seu caráter tímido e reservado, seu amor ao simples e seu interesse pelas comunicações. Ainda muito jovem sofreu grave enfermidade que afetou notadamente sua saúde. Aos 13 anos, por ocasião da ordenação sacerdotal de um jovem, Oscar manifestou ao seu pai o desejo de ser sacerdote. Seu desejo transformou-se em realidade um ano depois, apesar das dificuldades econômicas da família. Ingressou no Seminário Menor São Miguel dos padres Claretianos, onde permaneceu por seis anos. Posteriormente, entrou no Seminário São José da Montanha dos padres Jesuítas, em 1937. No período em que estourou a II Guerra Mundial foi escolhido para ir estudar em Roma, e lá terminar seus estudos em preparação ao sacerdócio, escolha feita certamente por sua integridade espiritual e inteligência acadêmica no Seminário Menor. Foi ordenado sacerdote aos 25 anos, em Roma, pelo Papa Paulo VI, no dia 04 de abril de 1942. Continuou estudando em Roma para concluir sua tese de Teologia sobre ascética e mística, porém, devido à Guerra, teve que retornar a El Salvador e abandonar sua tese. Regressou ao seu país em agosto de 1943 e sua primeira nomeação foi para a paróquia de Anamorós, no departamento de La Unión. Mas pouco tempo depois foi chamado a São Miguel, onde realizou seu trabalho pastoral por quase 20 anos. O padre Romero era um sacerdote sumamente caritativo e dedicado. Implantou muitos movimentos apostólicos, tais como: Legião de Maria, Cavaleiros de Cristo, Cursilho de Cristandade, e inúmeras obras sociais, como: Alcoólicos Anônimos, Cáritas e Alimento para os Pobres. Não aceitava doações que não necessitava para sua vida pessoal. Exemplo disso foi o caso do presente de um grupo de senhoras, uma cama muito confortável, a qual ele doou a uma família carente e continuou com a simples cama que já possuía. Devido ao seu amplo trabalho sacerdotal foi escolhido Secretário da Conferência Episcopal de El Salvador e ocupou o mesmo cargo na Conferência Episcopal da América Central. Aos 03 de maio de 1970 recebeu a informação de que fora escolhido para o episcopado, sendo ordenado bispo em 21 de junho daquele mesmo ano. Foi nomeado Bispo Auxiliar de São Salvador, que tinha como Arcebispo o ilustre Monsenhor Luís Chaves e Gonzales e como Bispo Auxiliar Monsenhor Arturo Rivera e Damas. Com eles compartilharia seu desafio pastoral, o qual deixou bem claro no dia de sua ordenação, com o Lema de toda sua vida: “Sentir com a Igreja”. Dom Oscar Romero vivia no Seminário Maior, que naquele tempo era dirigido pelos padres jesuítas. Ali conheceu padre Rutilio Grande e se tornou um grande amigo dele. Defendia e divulgava os critérios pastorais e os caminhos assinalados pelo Concílio Vaticano II e pela Conferência de Medellín, embora não concordasse com a Teologia da Libertação. Esses anos como Auxiliar foram muito difíceis para Dom Romero. Não se adaptava a algumas linhas pastorais implantadas na Arquidiocese e lhe trazia muito sofrimento o ambiente que se respirava na capital. Foi nomeado diretor do semanário “Orientacion” e deu ao seminário uma guinada notavelmente clerical. Esta nova orientação foi criticada por setores da própria Igreja, que consideravam um “periódico sem opinião”. 13


Em El Salvador a situação de violência avançava e a Igreja se levantava contra essa situação de dor. Por esse motivo a perseguição à Igreja em todos os sentidos, o que começou a custar a vida de muitas lideranças. Após muitos conflitos na Arquidiocese, aos 15 de outubro de 1974 foi nomeado Bispo da Diocese de Santiago de Maria e aos 14 de dezembro daquele mesmo ano tomou posse da mesma. Dom Oscar Romero tomava posse da mais nova Diocese de El Salvador naquele tempo. Era o período da repressão contra os camponeses organizados. Em junho de 1975 ocorreu o assassinato de camponeses que voltavam de um encontro litúrgico, pela Guarda Nacional, conhecido como “Las Três Calles”. Pessoas inocentes foram assassinadas sem compaixão. O informe oficial falava de supostos subversivos que estavam armados. As „armas‟ nada mais eram que as Bíblias que os camponeses carregavam embaixo de seus braços. Neste momento os sacerdotes da Diocese, especialmente os mais jovens, pediram ao Bispo Romero que fizesse uma denúncia pública sobre o fato e que acusasse as autoridades militares pelo sinistro. Dom Romero optou por fazer uma advertência privada. Escreveu uma dura carta ao Presidente Arturo Armando Molina, que era seu amigo pessoal. Dom Romero não havia compreendido que, por detrás das autoridades civis e militares, por detrás mesmo do Presidente da República Arturo Armando Molina, havia uma estrutura de terror, que eliminava de sua frente tudo o que poderia atentar contra os interesses “da pátria”, que não eram nada mais que os interesses dos setores dominantes da nação. Dom Romero acreditava ilusoriamente no Governo, este era seu erro. Pouco a pouco começou a enfrentar-se com a dura realidade da injustiça social. Ele no fundo sentia muito a morte dos camponeses, mas tinha dúvidas na forma de agir. Os amigos ricos que ele tinha eram os mesmos que negavam um salário justo aos camponeses. Isto começou a lhe incomodar, a situação de miséria estava chegando longe demais para ficar esperando uma solução dos poderosos e das autoridades. A situação se tornava cada vez mais aguda e as relações do povo com o Governo foram se deteriorando. Na época das “cortas” – colheitas de café e outros produtos – muita gente pobre chegava à cidade. Dom Oscar os acolhia no Bispado para dormirem sob seu teto. O que como sacerdote via em São Miguel, como Bispo de Santiago de Maria continuava comprovando: pobreza e injustiça social de muitos que contrastava com a vida ostentosa de poucos. A Igreja defendia o direito do povo a organizar-se e clamava por uma paz com justiça. O Governo olha a Igreja com suspeita e expulsa vários sacerdotes. Em meio a este ambiente de injustiça, violência e temor, Dom Oscar Romero é nomeado Arcebispo de São Salvador a 13 de fevereiro de 1977 e tomou posse dia 22 do mesmo mês, em uma cerimônia muito simples, sem a presença de autoridades civis ou militares. Tinha 59 anos de idade e sua nomeação foi para muitos uma grande surpresa, pois o candidato natural ao Arcebispado era o seu Bispo Auxiliar por mais de 18 anos, Dom Arturo Rivera e Damas: “A lógica de Deus desconcerta aos homens”. Aos 12 de março, menos de um mês depois da posse, se deu a triste notícia do assassinato do padre Rutilio Grande, um grande sacerdote, consciente, ativo e, sobretudo, comprometido com a fé de seu povo. A morte de seu grande amigo Rutilio lhe doeu muito: “Um mártir deu vida a outro mártir”! Este fato lhe causou grande impacto. Recolhendo as sugestões do clero, Dom Romero concorda em “Celebrar uma Missa única na Catedral”, como sinal de unidade da Igreja e como repúdio à morte de padre Rutilio Grande. Dom Romero continuou a pastoral da Arquidiocese e lhe deu um impulso profético nunca visto antes. Seu lema “Sentir com a Igreja” era sua principal preocupação: Construir uma Igreja fiel ao Evangelho e ao Magistério da Igreja. Sua opção começou a dar frutos na Arquidiocese. O clero se uniu em torno do Arcebispo, os fiéis sentiram o chamado e a proteção de uma Igreja que lhes pertencia, a “fé” dos homens se transformou em “arma” que desafiaria as covardes armas do terror. A situação se complicava cada vez mais. Uma nova fraude eleitoral impôs o General Carlos Humberto Romero à Presidência. Um protesto generalizado se escutou em todos os ambientes. Dom Oscar Romero colocou a Arquidiocese a serviço da Justiça e da reconciliação do país. No transcurso de seu Ministério como Arcebispo transformou-se num implacável protetor da dignidade dos seres humanos, sobretudo, dos mais necessitados. Isto o levou a empreender uma 14


atitude de denúncia contra a violência e, sobretudo, a enfrentar cara a cara os regimes do mal. Criou uma “Secretaria de Direitos Humanos”, abriu as portas da igreja para dar refúgio aos camponeses que fugiam da perseguição no campo, deu maior impulso ao Semanário “Orientacion” e à rádio YSAX. Apesar da clareza de suas pregações, Dom Romero, como Jesus, foi caluniado. O acusaram de revolucionário marxista, de incitar a violência e de ser o causante de todos os males de El Salvador. Porém, nunca saiu dos lábios de Dom Romero uma palavra de rancor e violência. Sua mensagem foi clara. Não se cansou de chamar à conversão e ao diálogo para solucionar os problemas do país. Suas homilias se converteram em citações obrigatórias em todo o país a cada domingo. Do púlpito iluminava, à luz do Evangelho, os acontecimentos do país e oferecia raios de esperança para mudar essa estrutura de terror. Os principais conflitos de Dom Oscar Romero surgiram das marcadas oposições que sua maneira de fazer pastoral encontrava nos setores economicamente poderosos do país e, unida a eles, toda a estrutura governamental que alimentava essa institucionalidade da violência na sociedade salvadorenha. Soma-se também a isto o descontentamento das nascentes organizações político-militares de esquerda, que foram duramente criticadas por Dom Oscar Romero em várias ocasiões, por suas atitudes de idolatrizarão e seu empenho em conduzir o país a uma “revolução”. Por suas denúncias ele passou a sofrer uma campanha extremamente aguda contra seu ministério episcopal, sua opção pastoral e sua própria pessoa. Cotidianamente eram publicados nos jornais mais importantes, editoriais, matérias pagas, anônimos, etc., onde se insultava, caluniava e mais seriamente ainda, se ameaçava a integridade física do Arcebispo. A “Igreja perseguida em El Salvador” se converteu em sinal de vida e martírio no povo de Deus. Esse calvário que a Igreja vivia já tinha deixado seus sinais nela mesma, pois logo após o assassinato do padre Rutlio Grande, sucederam-se muitos outros assassinatos. Foram assassinados o padre Alfonso Navarro e seu amigo Luisito Torres. Em seguida, foi assassinado o padre Ernesto Barrera, logo após foram assassinados num centro de retiros o padre Otávio Ortis e quatro jovens. Por último foram assassinados os padres Rafael Palácios e Alírio Napoleon Massias. A Igreja sentia na própria carne o ódio irascível da violência que se havia desenvolvido no país. Torna-se difícil entender no ambiente salvadorenho que um homem tão sensível e tímido como Dom Romero se convertesse em um implacável defensor da dignidade humana e que sua imagem ultrapassasse as fronteiras nacionais pelo fato de ser “voz dos sem voz”. Muitos dos setores poderosos e, alguns bispos e sacerdotes, se encarregaram de manchar seu nome, inclusive fazendo chegar até os ouvidos das autoridades de Roma. Dom Romero sofreu muito com esta situação, doíalhe a indiferença e/ou a traição de algumas pessoas próximas. Já no fim do ano de 1979, Dom Romero sabia do eminente perigo que corria sua vida e, em muitas ocasiões, fez referência a ele. Era consciente do temor humano, porém, mais consciente do temor a Deus a não obedecer à voz que suplicava, para assim interceder por aqueles que não tinham nada mais que sua fé em Deus: os pobres. Um dos fatos que comprova o eminente perigo que corria sua vida foi o frustrado atentado à dinamite na Basílica do Sagrado Coração de Jesus em fevereiro de 1980, o qual deveria ter acabado com a vida de Dom Romero e de muitos fiéis que se encontravam no recinto. Apesar de tudo isso ele disse que não abandonaria seu povo. E o cumpriu. Sua vida terminou como a dos Profetas e de Jesus Cristo. No domingo, 23 de março de 1980, Dom Romero pronunciou sua última homilia, a qual foi considerada por alguns como sua sentença de morte, devido à dureza de sua denúncia: “em nome de Deus e deste povo sofrido... lhes peço, lhes rogo, lhes ordeno em nome de Deus, CESSE A REPRESSÃO”. No dia 24 de março de 1980, Dom Oscar Anulfo Romero Galdamez foi assassinado com um tiro certeiro, aproximadamente às 18h25min, enquanto celebrava a Eucaristia na capela do Hospital da Divina Providência, exatamente no momento de preparar a mesa para receber o Corpo de Jesus.

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Foi sepultado no dia 30 de março, e seus funerais tornaram-se uma grande manifestação popular, com a presença massiva de seus queridos camponeses que vieram dos cantões mais distantes do país e dos operários da cidade. Algumas famílias ricas, que também lhe queriam bem, estavam em frente à Catedral para lhe dar o último adeus, prometendo que nunca iriam lhe esquecer. Raramente o povo se reúne para dar adeus a alguém, porém, ele era o “pai” deles, que os cuidava, que os queria, todos queriam vê-lo pela última vez. Os atos litúrgicos foram interrompidos pela explosão de uma bomba no meio da multidão, seguida de disparos de arma de fogo e de outras explosões, que dispersaram a multidão em pânico, ocorrendo atropelamentos, feridos e mortos. Dom Oscar Romero foi sepultado apressadamente numa cripta, no interior da Catedral Metropolitana de El Salvador. Sua morte causou muita dor no povo e um impacto no mundo. Ele mesmo havia dito que se morresse ressuscitaria na vida do povo salvadorenho. E, de fato, ano após ano muita gente o recorda e celebra o aniversário de seu martírio. Três anos de frutífero trabalho episcopal haviam terminado. Porém, uma eternidade de fé, fortaleza e confiança em um homem bom, como foi Dom Romero, havia recém começado, o símbolo da unidade dos pobres e a defesa da vida em meio a uma situação de dor havia nascido. A causa de beatificação de Oscar Arnulfo Romero, cujos restos mortais jazem na catedral da capital salvadorenha, iniciou a sua fase diocesana em 1994, que foi concluída em 1996. O processo foi então apresentado ao Vaticano no mesmo ano e, em 1997, foi recebido por Roma o decreto por meio do qual a causa era oficialmente aceita como válida. Porém, o processo jazia nas gavetas da burocracia vaticana até o início deste ano. Em 03 de fevereiro de 2015 o Papa Francisco declara, por meio de Decreto, que Dom Oscar Romero é Mártir, abrindo caminho para a sua Beatificação, que será realizada no dia 23 de maio próximo, na Praça Divino Salvador do Mundo em São Salvador, capital de El Salvador. Oração para pedir a Beatificação do Servo de Deus Oscar Romero Oh! Jesus, Pastor Eterno, Tu fizestes do Servo de Deus Oscar Romero um exemplo vivo de fé e de caridade, e lhe concedeste a graça de morrer ao pé do altar num ato supremo de amor a ti. Concede-nos, se é tua vontade, a graça de sua Beatificação. Faça com que sigamos seu exemplo de amor a tua Igreja, a tua Palavra e a Eucaristia, e te amemos nos pobres e necessitados. Te pedimos pela intercessão da Virgem Maria, Rainha da Paz. Digna-te conceder-me, pela intercessão do Servo de Deus, a graça que te peço... Amém. (Roga-se a quem obtenha alguma graça pela intercessão do Servo de Deus Oscar Romero, comunicá-la à Secretaria de Canonização do Arcebispo de São Salvador. Fone: 22260501). *Este texto é resultado da “tradução livre” de duas “biografias” anônimas em espanhol e de outras leituras sobre a vida de Dom Oscar Romero, bem como de ouvir testemunhos de pessoas que compartilharam de sua vida e atuação na Igreja e na Sociedade Salvadorenha, por ocasião de minha estada lá de 13 a 25 de março próximo passado. Viamão, RS, 28 de abril de 2015. Frei João Osmar D’Ávila, OFM

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UMAS.KI.OUTRAS Frei Jorge Hartmann, OFM 1. RUSGAS ANTIGAS Volta e meia, também Freis Nelson Mueller e Sebastião Scheibel se encontram nos mesmos dias na Casa Provincial. Da última vez que isto ocorreu, Frei Nelson, como de praxe, provocou discretamente Frei Sebastião. Este, não se deixou enrolar pelo matreiro Mueller e lascou curto e seco: - De tudo o que Frei Nelson fala ao menos 95% é pura bobagem! Frei Nelson aparentemente ficou meio desconsertado com a dura observação de seu confrade. Vendo isto, outro Frade presente tentou atenuar as palavras dizendo ao Frei Tião que ele estava sendo muito radical com o Administrador do Convento São Boaventura. Frei Tião, homem de bom coração, refletiu uns instantes e um pouco arrependido fez um desconto, digamos, bastante generoso: - Até concordo que exagerei um pouco. Mas ao menos 50% do que ele fala é bobagem! Pois é, até hoje Frei Nelson anda com a autoestima bem baixa, beirando os 50%... ele sentiu o „golpe‟ do Tião! 2. NOSSO MATUSALÉM... Frei Flávio Guerra, o popular „Baixinho‟, é o franciscano gaúcho que mais zela pela integridade do corpo e da mente. Seus cuidados incluem cursos variados, alimentação regrada, Pilates, ioga, massoterapeuta, e segundo fonte fidedigna, até videntes são visitados. Os meios são secundários, o importante é o fim. E este é sempre em vista da qualificação total dele para poder „servir‟ melhor! Como veem, dentro do espírito da CF 2015. Serviu por significativos 18 anos a Província fazendo parte de sucessivos governos. Atualmente sofre com esta “abstinência de poder”... Sente-se um tanto quanto deslocado do seu „natural habitat‟. Não é propriamente uma crise, mas pode vir a ser... Não passou despercebido da fradaiada uma manobra sutil dele. Frei Flávio havia sido transferido para o Seminário Nossa Senhora Medianeira, em Agudo, como articulador do Centro de Evangelização Franciscana Dom Aloísio Lorscheider. Mas como conhecedor dos meandros do poder, isto é, do serviço fraterno, transferiu-se para o Centro Vocacional de Estrela. Ele alega que frei Paulo Reis insistiu muito para que viesse à Estrela. Já o definidor Frei Aldir, „caiu do cavalo‟... Te cuida, Mattei! Pois é, “não contavam com a astúcia do Baixinho!” 3. A MELHOR IDADE... Se você pensa que o melhor estágio da vida é aos 40 ou ainda quando vier a aposentadoria pelo INSS ou IPÊ. Não, não é! Na verdade o melhor estágio da vida é algo para poucos. É a do “Emérito!” Perguntem ao Dom Irineu Wilges. Ele é o frade mais tranquilo da Casa Provincial. Está sempre faceiro, sereno, alegre, positivo, de bem com a vida. Algo invejável e desejável! Pelos corredores, todos se perguntam sobre qual será seu segredo. Alguns comentam que deve ser porque chegou num nível em que as vaidades (ao menos a maioria delas) já foram sepultadas com muita terra e cal virgem. Outros afirmam que deve ser porque nesta idade já não se alimenta mais nenhum resquício de carreirismo, de algum cargo proeminente, de poder... estas coisas que podem azucrinar a vida e a missão também de um homem de Deus. Portanto, nada mais pode estressar alguém tão despojado. Ele afirma que chegou no belo estágio da vida em que pode „aplaudir ou vaiar as jogadas dos mais jovens!‟ Sente-se feliz como biscateiro! Enfim, a missão de um Emérito é apenas rezar, ler, fazer palavras cruzadas, passear e partilhar experiências acumuladas para os mais jovens.

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4. NEM FREUD EXPLICA... Coisas estranhas ocorrem por toda a parte, todos os dias. Também entre os frades. Mas fazia muito tempo que algo assim inusitado ocorresse. Em pleno Domingo de Ramos foi encontrado, na cozinha da Casa Provincial, uma cueca (a bem da verdade, limpa). Nada contra a cueca, uma peça importante do vestuário masculino. Mas a questão que não quer calar é o que uma cueca fazia na cozinha. E ainda mais misterioso é que ninguém reclamou a dita cuja. Quando, na hora do almoço foi solicitado ao dono da cueca que se manifestasse, reinou o mais completo silêncio. Para não abrir outros precedentes sugeriu-se que o Padre Guardião faça uma pesquisa mais acurada para saber se é um novo modismo ou se é um caso isolado. Serão poupadas assim muitas murmurações e desconfortos no ambiente. O falecido Frei André Grings diria: “Meus senhores, onde estamos!” 5. PARA OS TEMPOS DE CARESTIA... Todo ser humano é muito criativo quando se trata de zelar pelo seu dinheirinho. Esconde-o criativamente: o jeito clássico é sob o colchão. Mas outros o colocam em lugares inusitados como latas de café vazias, caixa de remédios usados, bibelôs, estátuas de santos, enfim, onde a memória ajudará a encontrá-lo. Os frades, mesmo fazendo voto de pobreza, sempre gostam de ter uns trocados e alguns até moedas estrangeiras à disposição para o tempo das possíveis “vacas magras”... Isto é algo sugerido pelo inconsciente, pois ele conscientemente sabe que nada lhe faltará! E onde muitos frades costumam esconder seus vinténs? Bem, os „mais religiosos‟, o guardam na sua Bíblia. Aí parece que a garantia é maior, pois ela, a priori, é diuturnamente consultada, lida, meditada! Outros preferem colocá-lo nos livros profanos mesmo. Na Casa Provincial quando um frade muda de quarto ou se muda em definitivo para a Casa do Pai, todos os seus livros são cuidadosamente vasculhados. Sempre há interessantes surpresas... Quem estiver interessado informe-se mais com o Frei João Luiz Rehsler.

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