Revista
C Y BER FRANCISCANOS Província São Francisco de Assis - OFM/RS - Ano I Nº 2 - Outubro - Novembro de 2014
Benozzo Gozzoli: Pregação de São Francisco aos Animais e aos Homens, 1452. Convento de São Fortunato, Montefalco
TEMA da Revista:
MISSÃO
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Revista Digital Cyber Franciscanos
Carta do Editor Paz e bem queridos irmãos e irmãs! Chega até vocês a segunda edição da Revista Digital Cyber Franciscanos. Esta edição conta com o aprofundamento do tema 'Missão'. Vários frades, de diferentes formas, fazem abordagens sobre este importante aspecto de nossa identidade franciscana nesta edição de outubro. Contamos com a colaboração de nosso irmão Frei Miguel Cruz-OFM (Província da Imaculada Conceição) que partilha conosco um pouco de sua missão na Angola. Frei Plínio MaldanerOFM reete a missão a partir do estudo do evangelho de Lucas. Frei João Osmar-OFM partilha a missão do Irmão leigo. Também temos muitos outros textos. Por ocasião da celebração da festa de São Francisco de Assis, nosso Seráco Pai, trazemos para vocês os discursos feitos pelo Papa Francisco, quando em 2013 encontrava-se em Assis para celebrar esta data. Nossa revista está em contínuo aperfeiçoamento, recebemos muitas dicas e partilhas de irmãos de todo o Brasil. Alegramo-nos com a interação dos leitores e pedimos que continuem nos ajudando neste dinâmico processo de evangelização. Fraterno abraço! Paz e Bem
Que a paz do Senhor esteja com vocês!
Ano I - Nº 2 Outubro - Novembro de 2014
Revista Digital da Província São Francisco de Assis Franciscanos do Rio Grande do Sul. OFM - Brasil Propriedade: Instituto Cultural São Francisco de Assis
Serviço de Comunicação Freis RS Direção: Frei Arno Frelich, OFM Editor e coordenador: Frei Malone Rodrigues, OFM Redação: Frei Guilherme Johann (Noviço) Social Mídia: Fr. Guilherme Ximenes (Noviço) Coordenador News: Marcelo Schneider (Pré-postulante) Coordenador Artigos: Maicon Rohr (OFM) Equipe Apoio Site: Frei Antonio Izael (OFM) Frei Benício Warken (OFM) Revista Digital hospedado no site: www.franciscanos-rs.org.br/revistas
Frei Malone Rodrigues, OFM Gerente de Produção de Conteúdo e Criação. freimalone@franciscanos-rs.org.br
Publicação: Bimestral Fones: (51) 3246-9937 (51) 3061-0353 e-mail: contato@franciscanos-rs.org.br www.FRANCISCANOS-RS.org.br
ÍNDICE EXPLICAÇÃO LEITURA DIGITAL 02 - EDITORIAL 03 - ÍNDICE
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12 - MISSÃO FRANCISCANA NA ÁFRICA
MISSÃO NA BÍBLIA
15 - O FREI IRMÃO LEIGO E SUA MISSÃO COMO FRADE
17 JUVENTUDE E VOCAÇÃO; CAMINHO, CHAMADO E RESPOSTA
21 - ESPAÇO JUFRA 23 - PARTILHA VOCACIONAL
26 ESPECIAL SÃO FRANCISCO HOMILIA DE PAPA FRANCISCO EM ASSIS
Espaço interativo Lançamos em nosso facebook a seguinte pergunta: A exemplo de Francisco e Clara, como podemos ser discípulos missionários hoje? - conra o que nosso amigos que curtem nossa página responderam;
A exemplo de clara e Francisco podemos ser missionários levando cristo vivo na casa de doentes e necessitados como clara, e fazer acontecer na igreja participando de pastorais, sendo catequista a sim como eu e fazendo coisas boas como Francisco. " cristo quero ser instrumento de tua paz e de teu amor." Leonardo Rodrigues. com. Nossa Senhora Aparecida da mapa. grupo Espirito Jovem.
Ser discípulos missionários hoje é interagir com as pessoas é compartilhar sua vivência e experiências diárias, é fazer parte de um todo, é saber viver em comunidade, é evangelizar com palavras e atitudes é estar consciente das necessidades do irmão. É saber motivar a todos a partilhar uns com os outros, é sermos mais humanos... O trabalho não é fácil mas precisamos de paciência , humildade e fé para construir um reino melhor, onde as pessoas reconheçam, que é só vivendo unidos que sobreviveremos as diculdades do dia a dia... E procurarmos nos desprender do materialismo a dar mais valor a Vida, é saber que o necessário, é sermos compassível com as pessoas sem discriminação e fatalidades... Não é muito diferente do que já foi um dia basta termos Deus em nossas vidas e sabermos usar com sabedoria os recursos e a tecnologias de hoje ao nosso favor e não pra nos destruir... Joice Meirelles
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MISSÃO NA BÍBLIA
DEUS VISITA O SEU POVO Frei Plínio Ricardo Maldaner, OFM Apontamentos bíblicos sobre o tema das Missões “Um trabalhador convidou Jesus pra ir almoçar. Jesus aceita o convite e o homem toca a esperar Então passou um doente, passou um sem-terra, passou um aleijado, um estrangeiro, um esfomeado, um esfarrapado... Os pobres eram Jesus quem foi com o homem almoçar”, conclui. Esse Bendito, com sabor tipicamente nordestino, além de orientar e confirmar os ensinamentos da Catequese, é uma das mais autênticas e populares interpretações da mensagem de Mt 25,31-46, denominado Juízo Final, ou Julgamento das Nações. A simplicidade da forma como se apresenta torna-se presença do Espírito. É um primeiro ponto. Os desdobramentos que vão ser seguidos, agora, apontariam para a continuidade e para o Novo Testamento. Porém o livro do Gênesis reservou-nos o desafio de entender como Deus surpreende quem quer desvendar e participar de seu plano., e não encontra onde e como fazê-lo.
Por isso optamos aprofundar, como segue. Estamos falando do episódio descrito em Gn 18,1-15, cuja leitura mexe conosco. Sem nos furtar do contato com o texto, apontamos sete indicativos de compreensão: 1) Abraão estava sentado à porta da tenda, abrigando-se do calor; 2) observou a chegada de três homens; 3)alegria de Abraão em poder servi-los e oferecer pão e carne de bezerro com coalhada(hospitalidade dos povos do Deserto); 4)perguntaram a Abraão por Sara; 5)promessa de um dos três visitantes: dentro de um ano Sara terá um filho; 6)Sara duvidou e riu; 7)depois negou ter feito isso. O que esperar de um casal já tão avançado em idade? Será que ainda poderão gerar um filho? “Eu já estou seca(sic)”, lamenta Sara. Javé surpreendeu. Quebrou as próprias leis da natureza. Porque, como se lê em Gn 21,1... nasceu Isaac, “filho do riso e da dança”. Ou ainda: “Javé prometeu e cumpriu”, celebra Abraão. Este é o segundo modelo. Cyber Franciscanos Out 2014
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I.O TEMA DA VISITA NO EVANGELHO DE LUCAS Elencamos 14 perícopes dos primeiros 9 capítulos do Evangelho de Lucas que fazem referência ao tema. sete perícopes ligadas à Infância de Jesus e 7 em torno do início do Ministério de Jesus.: Luc 1,26-38; Lc 1,39-45; Lc 2,8-20; Lc 2,22-32; Lc 2,41-49; Lc 3,21-22; Lc 4,1-13; Lc 4,40-41; Lc 5, 21-26; Lc 6,27-35; Lc 7,11-17; Lc 7,36-50; Lc 8,40-56; Lc 9,29-36. Selecionamos cinco textos que vão nos ajudar a entender o propósito de Lucas, assim como descobrir pistas para a Missão. Que se tornem também luz para orientarnos, nós que pretendemos ser discípulos do Mestre. 1) Lc 1,26-45 Juntei as 2 perícopes, separadas no esquema acima, pois há complementação de conteúdo e a compreensão se amplia desta maneira. Quando nos familiarizamos com o texto, salta à vista a simplicidade da narração. A anunciação a Maria tornou-se surpresa. O Anjo se aproximou sem se dar a conhecer e iniciou o diálogo dizendo sem delongas que Maria iria ser mãe, e, sem mais, ordenou qual deveria ser o nome da
criança. Encorajou-a pra que assumisse, pois seu nascimento seria obra do Espírito Santo. Acrescentou que sua parenta Isabel também concebera um lho em sua velhice. A resposta generosa de Maria: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”, começava se tornar, de ora em diante, paradigma de toda vocação. Maria tomou a direção das montanhas e foi certicar-se o que o Anjo lhe havia garantido. Certamente não por falta de fé na palavra, mas para festejar e compartilhar juntas, ela e Isabel, a novidade. As duas sentiram um amor profundo e respeitoso quando olharam seus corpos, seios e ventres, como todas as mulheres grávidas e amigas fazem. “Benditos os frutos dos ventres de todas as mulheres grávidas em todos os tempos, pois a criança de Isabel estremeceu de regozijo em seu ventre.” Quem acreditou no Senhor, testemunha seus sinais (usei o plural, pois todas as mães podem ter e experimentar alegria idêntica).
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MISSÃO NA BÍBLIA 2) Lc 2,8-20 Os pastores, classe desprezada na camada social da época, sem dúvida inicialmente também duvidaram que da noite para o dia recebessem de um Anjo convite tão surpreendente, porque não estavam habituados a lidar com este lado da vida em meio às agruras da prossão: “Hoje nasceu para vocês na cidade de Davi o Salvador, o Messias e Senhor. Isto servirá de sinal: Vão encontrar um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Em meio ao turbilhão de pensamentos, tomaram a decisão. Juntando alguma merenda para o caminho, foram depressa localizar o local descrito pelo Anjo, o que para eles não era difícil. Conheciam tudo. O susto inicial deu lugar à coragem e esperança. “Vamos já a Belém e vejamos o que aconteceu, o que o Senhor nos deu a conhecer”. Quando chegaram, encontraram tudo como o Anjo tinha anunciado. Eufóricos, contaram porque vieram. “E todos os que os ouviam. Ficavam maravilhados com as palavras dos pastores”, naliza o texto. Sem mais, cabe a observação: tratava-se de pessoas sem voz e sem vez em lugar algum, pois assim viviam os pastores. Mas acordados pela novidade que tinham vivido, puderam conquistar identidade e respeito. As barreiras sociais que impunham menosprezo a prossões menos-dignas, foram eliminadas. E, reabilitaram a palavra, pois dicilmente suas experiências e diculdades eram ouvidas. Voltaram gloricando e louvando a Deus pelo que haviam visto e ouvido. 3) Lc 3,21-22 O batismo de Jesus é sinal vigoroso da Teologia de ruptura e de penitência. Visto em profundidade, a gura profética de João Batista no Deserto provocou todos à conversão, pois os tempos iam mudar, segundo ele proclamava. Como todos iam receber o batismo de João
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Batista no rio Jordão, Jesus que estava para iniciar sua missão entre o povo, foi receber o batismo de penitência. Tendo sido batizado, Jesus pôs-se em oração, e neste instante o céu se abriu (toda a separação que pudesse haver entre o Céu – Deus- e a Terra – os homens – se rompe). Surgiu o mistério de Jesus. O Espírito Santo desceu em forma corporal, como pomba. O povo, ao redor, viu e participou. É a manifestação de Deus através da missão de Jesus. Aí estava a prova. 4) Lc 7,11-17 A ressurreição do lho da viúva de Naim mostrou um simbolismo forte, com spor São Lucas usavam e repetiam esse texto comovente e expressivo. Fala daquilo que diariamente se enfrentava: doença, sofrimento, velório, enterro, desespero. Para nos situar vamos apontar alguns pontos norteadores: - uma procissão com o féretro de um rapaz falecido ultrapassava a porta da cidade e se dirigia ao cemitério para o enterro; - a mãe do falecido era viúva e só tinha esse lho; - duas procissões: a que vinha acompanhando o esquife e muitas pessoas, e aquela de Jesus que passava com seus discípulos, com também numerosa multidão. As duas se cruzaram e Jesus se aproximou, tocou no esquife e consolou a viúva; - quem carregava o ataúde parou. Jesus disse então: “Jovem, eu te ordeno, levantate.” O morto sentou-se e começou a falar. Jesus o entregou à sua mãe; - todos caram com medo, rezavam. Mas repetiam: “Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo”. A notícia se difundiu por toda redondeza. O temor do povo remete-nos à importância que o fato mereceu. Acontecimentos, não apenas os ditos
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Cyber Franciscanos 10 “milagres”, no dia-a-dia merecem análise cautelosa, ainda mais se realizados pretensamente em favor do povo. Antes, que se rmem com o signo da fé e do amor. Aí é que devem residir nossas esperanças e convicções. 5)Lc 9, 28-36 A transguração de Jesus leva-nos a partilharmos o que um dia iremos viver, não mais apenas mediante uma visão, mas como realidade visível e palpável. É o que cremos. Algumas vezes, nota-se que há confusão entre os termos visão e visagem. Visagem pode ser fenômeno ótico, com fundo psicológico. Pode até ser provocado por medo, angústia, imaginação. Já visão tem a ver com a Fé, animada por mística daquele que chegou a um elevado grau de contemplação. Dito isso, vamos ao que narra o Evangelho de Lucas. As transformações físicas que ocorrem com Jesus na montanha durante a transguração, têm em vista sua revelação do mistério, como também sua partida da convivência com os seus.. Na Catequese se tenta explicar que Jesus terreno(ou histórico) não cou sempre conosco. Os três discípulos que o acompanharam, perderam o senso do real. Falavam em levantar tendas para permanecerem sempre na montanha. Ao nal somos desaados a entender o cerne da revelação obre Jesus. Da nuvem veio uma voz:”Este é meu Filho, o Eleito. Ouvi-o”. O Evangelista estava sinalizando que Deus mesmo, sua voz, aprovou o que a cena mostrava, era sua manifestação. No entanto, mantiveram silêncio sobre o que haviam presenciado, como Jesus havia pedido. Não convinha apressar a elucidação do mistério.
II. ANÁLISE DO QUE VIMOS NOS CINCO PONTOS 1) Características - Deus surpreende. Não está preocupado se quem recebe a visita está ou não preparado; - prazo que é dado pelo mensageiro: agora, já! - o mensageiro argumenta com o histórico do envolvido. Situa-o. - ao mesmo tempo se disponibiliza tempo necessário para encaminhar o que foi anunciado; - o desejo de Deus, sua vontade, torna-se claro aos poucos; 2) Resultados - se havia dúvidas sobre o convidado e suas condições, se descobre no desenrolar da ação; - E, muitas vezes, passada e realizada a missão, o envolvido cai no anonimato. Diz-se: fez sua parte; - cumprida a tarefa, a vida continua - é preciso assumir, experimentar e gostar. 3) Conclusões O convite da Igreja, do Povo de Deus, e, principalmente, de Jesus de Nazaré continua a ecoar entre nós e em muitas Comunidades. As surpresas em aceitar missões e converter-nos em vista da necessidade de visitar em nome de Deus, Essa tarefa é necessária e intransferível. Quem já o experimentou, poderá conrmá-lo: renova a gente, e a vida toma outro ânimo. Problemas se resolvem, pois o missionário não assume a vocação como propriedade. Devemos creditá-la a Jesus de Nazaré, que nos alimenta nesta fé. Amém! Perguntemo-nos: l) Dos argumentos bíblicos aqui apresentados, quais deles te chamaram mais a atenção> 2) A visita deve realmente fazer da programação dos missionários?
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Uma entidade mantida pelo ICSFA – Instituto Cultural São Francisco de Assis, entidade de caráter público, sem ns lucrativos, de assistência social, dos Freis Franciscanos do Rio Grande do Sul. Desenvolvendo inúmeras atividades que possam garantir o desenvolvimento e assistência de muitos jovens em situação de vulnerabilidade social.
Conheça nossa Instituição acessando nosso site:
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MISSÃO FRANCISCANA
T Missão Franciscana na África. A presença franciscana na África remonta aos tempos de São Francisco e, através dos séculos, houve uma série de empreendimentos missionários no Continente, muitos dos quais existem ainda hoje. Frades de todo mundo dirigiam-se para a África, a fim de partilhar sua vida, oração e trabalho, testemunhar o Evangelho e receber na sua fraternidade aqueles que o Senhor chamava a abraçar a nossa vida. Variedade e diversidade são as características de nossa presença na África. Os frades estão empenhados em todo o tipo de atividade, mas pode-se dizer que seu ministério se desenvolve sobretudo entre os pobres e necessitados, que estão do lado dos oprimidos, das pessoas marginalizadas e sem voz e que são promotores de paz e reconciliação em muitas situações de conflitos, tumultos políticos e guerras civis. Todas as entidades da África são internacionais ou interprovinciais e durante os anos demonstraram sua validade e vitalidade. As diversas entidades da nossa Ordem (OFM) enfrentam uma série de desafios. O trabalho a realizar é imenso e há necessidade de ajuda urgente. O carisma (franciscano) é o que de melhor podemos oferecer a uma Igreja local e cremos que a Cultura africana, que é dotada de um grande número de valores (sentido de família, dimensão transcendente da vida, alegria e humildade) e de grandes qualidades humanas, pode enriquecer não só o nosso carisma, mas também a Igreja e a humanidade.
A missão de Angola é relativamente nova: foi fundada em 1990 e confiada à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Os frades desempenham, além das atividades formativas (seminário menor, aspirantado, postulantado, filosofia), cuidam do ministério pastoral e social (três paróquias, uma quase paróquia, um santuário e um trabalho com crianças e jovens carentes), prestam assistência às filhas prediletas de Santa Clara e a toda a família Franciscana. Dentre muitas coisas que nos fazem felizes é quando recebemos frades de outras entidades (províncias, custódias e fundações) brasileiras e estrangeiras, dispostos a colaborar no trabalho de “implantatio Ordinis” e na evangelização deste país que, ainda hoje, sofre sérias consequências devido ao longo tempo (30 anos) de guerra civil. E hoje, 25 anos de presença da Ordem, Angola continua a nos convidar para que abracemos com paixão os novos desafios da evangelização missionária que o Senhor acredita sermos capazes de compartilhar e testemunhar. O papa Francisco, ao exortar que a prioridade da vida consagrada é “a profecia do Reino, que não é negociável”, admoesta: “não tenham medo de se dirigir a quem quer que seja”, e recorda que “o carisma dos religiosos é como fermento: a profecia anuncia o espírito do Evangelho” (Projeto África, Ordo Fratrum Minorum).
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Cyber Franciscanos 13 Estimados irmãos e irmãs, Paz e Bem! Há exatamente um ano e cinco meses que cheguei a Angola a serviço da “ Missão Católica” da Província F Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Desde então tenho exercido as seguintes atividades: formação dos seminaristas no Ensino Médio, assistência espiritual às “Damas pobres” (OSC); auxiliado, na medida do possível, nos trabalhos pastorais da nossa paróquia local: missas, visitas às famílias, unção dos enfermos, etc. Sempre que solicitado, tenho marcando presença nas aldeias próximas e distantes da paróquia. Também tenho colaborado no seminário maior, da Diocese, com algumas aulas semanais. Ajudei, a pedido do Bispo diocesano, na criação da pastoral do Migrante e Itinerante que ainda não existia na arquidiocese. Sempre que possível presto assistência às outras paróquias vizinhas. Graças a Deus não me falta o que fazer. O tempo que me resta, procuro ocupar-me com a preparação das minhas aulas que administro no nosso seminário e no seminário diocesano. A malária tem sido a minha el companheira desde que cheguei a Angola. De vez em quando aparece também a tal febre tifoide para fazer-me repousar um pouco. Mas uma vez que aparecem os sintomas, então a gente procura fazer alguns exames e, conforme o resultado vai à busca de medicação e então controla a enfermidade. Viver em “terras distantes”, como missionário, é viver um desao constante. Mas, como frades menores devemos sempre recordar das palavras do pai Francisco: “E os irmãos escolhidos, procedam de duas maneiras espiritualmente: O primeiro modo consiste em se absterem de rixas e disputas, submetendo-se a todos os homens por causa do Senhor e confessando serem cristãos. O outro modo é anunciarem a palavra de Deus quando julgarem agradável ao Senhor” (Rnb 16, 3 e 6-8). Frei Miguel Da Cruz, OFM Missionário na Angola
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‘‘A #coragem de iniciar caminhos inéditos de presença e testemunho.’’ O Senhor nos fala pelo caminho. 33
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Pastoral Vocacional -
FREI PAULO REIS ; (51) 8165 5715 ou pvofmrs@yahoo.com.br FREI FRANKLIN FREITAS ; (51) 9133 36 84 ou pazebemrs@hotmail.com FREI MIGUEL BECKER ; (51) 9539 8196 ou mibeckerofm@gmail.com
FRADE E SUA MISSÃO
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O FREI IRMÃO LEIGO E SUA MISSÃO COMO FRADE Dos primórdios da Vocação Nasci numa família luso-brasileira de tradição Católica Romana em meados do Século passado no interior do município de Cachoeira do sul, hoje município de Cerro Branco, na localidade de Linha Alta, comunidade Nossa Senhora de Lourdes, Paróquia São Cláudio de Cortado, Diocese de Santa Maria, hoje Diocese de Cachoeira do Sul. Meus avós paternos e maternos, que com suas propriedades lindeiras foram os doadores do terreno para a construção da pequena igrejinha e do cemitério da Comunidade eram dos mais interessados na criação da Comunidade Católica para que seus descendentes tivessem acesso à catequese e aos sacramentos. Meus pais cresceram neste ambiente e sempre tiveram vida ativa na Igreja. Despertei para a vida de fé neste ambiente Católico vendo meu pai rezando terços aos domingos na comunidade e respondendo a missa em latim por ocasião da visita do Padre ao local. Logo que fui alfabetizado iniciei a aprendizagem do latim para depois poder ajudar o Padre na Missa. Só que veio o Concílio Vaticano II e acabou com as celebrações em latim e nunca mais me interessei pelo mesmo. Participei de grupos de jovens, fui catequista animador de liturgia, membro da diretoria da comunidade e z cursos para a formação de lideranças leigas. Até que, já adulto, decidi procurar os freis franciscanos que eram os responsáveis pela paróquia em que morava com a intenção de entrar para o Seminário. Queria “estudar para melhorar a qualidade da ação na pastoral”!
Descobrindo a Vocação Franciscana Indo para o Seminário Franciscano em Agudo, RS onde permaneci até completar os estudos primários e secundários – lá se foram cinco anosentão comecei a entender a diferença entre Padre Diocesano e Frei Franciscano, bem como a diferença entre Padre e Irmão entre os próprios Freis. Passada esta etapa fui para o Postulado e em seguida para o Noviciado, sempre buscando discernir qual era mesmo minha Vocação dentro da Vida Religiosa Franciscana que me apresentava estas duas possibilidades: Irmão Clérigo e Irmão Leigo. Decisão tomada e colocada por escrito Pois é, garanto que não foi fácil tomar esta decisão, porque a imagem estereotipada que tínhamos naquele tempo era de que os “Irmãos Leigos na vida Religiosa eram aqueles que se deram mal nos estudos, que não 'deram para padre' e que passariam a vida nos trabalhos internos da Congregação executando tarefas manuais”. E o Mestre de Noviços colocou como um dos itens a constar do pedido de Prossão a explicitação de que caminho escolheu, ser Padre ou ser Irmão. Depois de ter lido bastante sobre a História do Carisma Franciscano, da evolução na organização interna da Ordem, de ter conversado com os colegas e com familiares e, é claro, ter rezado bastante decidi. Quero ser Frade Menor, vivendo e atuando como Irmão Leigo. E escrevi no meu pedido para a primeira Prossão na Vida Religiosa Franciscana. Cyber Franciscanos Out 2014
Cyber Franciscanos 16 Tempo de Formação Inicial: itinerário para formar Padre E então, terminado o Noviciado, inicia-se os estudos acadêmicos e o que fazer? O itinerário apresentado é para formar Padre: Filosoa, Teologia, Ordens Menores, Diaconato, Ordenação Sacerdotal,.... E que quer ser Irmão Leigo o que fazer? Não há caminho denido. Foi então que resolvi que iria fazer os estudos com o grupo, mesmo tendo claro que não iria pedir a Ordenação, pois percebi que as principais diferenças entre os Freis Padres e Irmãos se dava pela formação acadêmica e não por causa da Ordenação Sacerdotal. Prossão Solene e Missão Evangelizadora direta Terminado os estudos de Filosoa e de Teologia m minha Prossão Solene na Ordem dos Frades Menores que diz: “A Regra e a Vida dos Frades Menores é esta: observar o Santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade”. Já antes da Prossão Solene o Governo provincial deniu que eu participaria da futura “Fraternidade Franciscana Inserida no Mundo do Trabalho” em um bairro operário da Grande Porto Alegre. Ajudei na denição do local da tal de “Fraternidade Inserida no Mundo do Trabalho”, sendo escolhido o Bairro Morada do Vale em Gravataí, onde fomos morar no ano seguinte entre três frades: Um Irmão Padre, um Irmão Leigo e um Irmão Pósnoviço em estágio Pastoral. Formamos a “Fraternidade Os três Companheiros”. Aí se foram dez anos de atuação direta na Ação Evangelizadora da Igreja. Do Mundo do Trabalho para a Periferia Urbana Da Morada do Vala fui enviado para a “Zona Oeste” gigantesco Bairro Popular de Rio Grande, no Sul do Estado, para integrar a Fraternidade Franciscana que lá atuava. Lá dediquei nove anos de minha vida na Ação Evangelizadora da Igreja como Frade Menor entre os menores. Neste período fui Coordenador de Evangelização da Rede de Comunidades São Lucas, trabalhando com diversos Irmãos Padres e Irmãos Pós-noviços
em estágio pastoral. Da Periferia Urbana para a Periferia Rural De Rio Grande fui nomeado para integrar a Fraternidade Intercongregacional Pe. Josimo no Assentamento Conquista da Fronteira Município de Hulha Negra, Diocese de Bagé, na Região da Campanha Gaúcha, fronteira com o Uruguai. Lá éramos quatro integrantes da Fraternidade, sendo um Irmão Padre e três Irmãos Leigos, responsáveis pela Ação Evangelizadora da Igreja numa região gigantesca formada por mais de 40 Assentamentos da Reforma Agrária espalhados por três municípios da região. Lá morei e trabalhei por três anos, de onde fui transferido neste ano para a Loba do Pinheiro, Porto Alegre para atuar na Ação Evangelizadora na Rede de Comunidades Santa Clara. Concluindo com uma reexão E então, e o tema que me foi proposto desenvolver: O Irmão Leigo e Missão em forma testemunhal? Pois é, aqui está meu testemunho de vida! Em todo este tempo me senti muito bem na Ação Evangelizadora não percebendo discriminação pelo fato de ser “Apenas Irmão” como alguns Irmãos Padres costumam dizer. Sou Frei Franciscano e atuo em nome da Fraternidade Provincial com todos os direitos e deveres decorrentes da Prossão Religiosa Franciscana. Para concluir quero armar que sou feliz pela minha Vocação Franciscana e que me sinto muito bem entre os Confrades e, quero dizer para as novas vocações que estão surgindo que vale a pena ser Irmão Leigo na Ordem dos Frades Menores. Paz e Bem!!! Vila Araçá, Viamão, RS, 15 de setembro de 2014. Frei João Osmar
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PASTORAL VOCACIONAL E A MISSÃO
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Juventude e Vocação: caminho, chamado, resposta!
Frei Alvaci Mendes da Luz, OFM - SP
www.pvf.com.br
É sempre interessante e importante partilhar experiências e conhecimento, algumas coisas que deram certo e outras que podem ser melhoradas, enm, continuamente estamos aprendendo, e, crescer juntos faz parte daqueles que estão na busca. Por isso, quero aproveitar este espaço e esta oportunidade que nos foi dada, para falar um pouco sobre vocação. Sou frade franciscano, seguidor de Jesus Cristo ao modo de Francisco de Assis, residente em São Paulo e há pouco mais de quatro anos ordenado sacerdote. Trabalho em um setor chamado Pró-Vocações e ajudo no discernimento vocacional de jovens que querem conhecer mais de perto a vida religiosa franciscana. Cyber Franciscanos Out 2014
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Sendo assim, gostaria de desenvolver minha reexão vocacional direcionada para este tema: o jovem e a vocação. Anal de contas, a grande maioria dos vocacionados, sente-se chamado na juventude, aliás, é nesta fase da vida que surgem as grandes dúvidas, incertezas, questionamentos e onde faz-se escolhas que vão orientar toda uma vida. O trabalho com os jovens tem sido, nos últimos anos, uma prioridade da Igreja, ser com e para os jovens, vem sendo o desao ao qual todos somos chamados, quebrando tabus e preconceitos estabelecidos dentro e fora da própria Igreja. A Conferência dos Bispos do Brasil aponta o caminho: “Dizer que, para a Igreja, a juventude é uma prioridade em sua missão evangelizadora, é armar que se quer uma Igreja aberta ao novo, é armar que amamos o jovem não só porque ele representa a revitalização de qualquer sociedade, mas porque amamos, nele, uma realidade teológica em sua dimensão de mistério inesgotável e de perene novidade.” (CNBB 85, § 80-81). Considerar o jovem como “lugar teológico” é entender que a voz de Deus fala e passa também por ele. A novidade
que a cultura juvenil nos apresenta neste momento é o discurso que Deus nos faz através do jovem, é portanto, Deus falando com a sociedade e com a Igreja na juventude. O desao eclesial é conseguir ver e entender o sagrado que se manifesta de muitas formas, também na realidade juvenil.
Considerar o jovem como “lugar teológico” Vivo e trabalho em uma cidade grande, a maior do Brasil, e os jovens daqui reetem a realidade de quase todo o país, anal de contas, nas realidades urbanas os grupos juvenis tem diferentes denominações e lideres, se reúnem em grupos e formam “tribos”, são eles: os emos, góticos, clubbers, punks, skatistas, de esquerda, de direita, universitários, dentre tantos outros. Estes grupos exigem uma análise que identique a complexidade dos discursos que envolvem esses universos culturais e as práticas de seus participantes. A grande questão é: como apontar o caminho do seguimento de Jesus Cristo, dentro da pluralidade juvenil atual, cada vez mais complexa e desaante? Cyber Franciscanos Out 2014
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É aqui que entra nosso papel como Igreja e como animadores vocacionais dentro deste contexto. Os jovens que chegam até nós vêm de diferentes realidades: alguns são ativos em suas comunidades, outros passaram por diferentes religiões, outros ainda, estão na busca de entender os desaos que envolvem sua vida, seu papel na Igreja e na sociedade. O interessante, e é isto que mais me chama a atenção, é que todos eles estão sedentos por dar uma resposta a Deus e ao mundo. Não querem car acomodados e “ver a banda passar”, querem ser protagonistas, querem dar respostas, querem ser sinais visíveis de algo ou alguém maior que eles. As perguntas são muitas, e o modo de “falar a língua” destes jovens também, é por isso que todos aqueles que trabalham e ajudam os jovens a descobrir sua vocação, devem estar bem conscientes de sua tarefa no seio da sociedade, e porque não dizer, de sua própria vocação. Devem ir ao encontro, sem esperar que o jovem apenas venha. O próprio Papa nos exorta para esta missão: "Descei para o meio de vossos jovens e chamai-os". É este estar junto que vai despertando vocações, que vai criando uma sintonia com aqueles que já vivenciam uma opção vocacional.
Por isso, devemos buscar uma forma de apresentar ao jovem a pessoa de Jesus, motivando-o a fazer a experiência do seguimento. Uma boa referência é a forma como Jesus é percebido pelos discípulos de Emaús: alguém que caminha junto, escutando, dialogando e orientando. Neste trabalho de esforço mútuo, de conhecimento, de troca de experiências, é que vão surgindo as vocações. As respostas partem daqueles que bem orientados, conseguem no turbilhão de opções e informações da sociedade moderna, responder ao chamado do Senhor, que continua a passar pelas “praias”, esquinas e praças de nossas vidas e a repetir o convite: “Vem e Segue-me!” Enm, o Senhor continua a chamar, a tocar o coração de tantos jovens, cabe a cada um de nós, orientá-los e ajudá-los na descoberta bonita do que Deus quer de cada um deles. Frei Alvaci Mendes da Luz, OFM www.pvf.com.br
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Vem, e segue-me. Mateus 19,16
ESPAÇO JUFRA
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“Ide, sem medo, para servir”.
Jamille Mateus Wiles Através deste convite, o papa Francisco envia os jovens para a sua missão. Mas que segredo exprime este convite realizado pelo Papa, na visita ao Brasil, pela ocasião da Jornada Mundial da Juventude?
Jesus Cristo enviou os seus discípulos a pregarem que “o Reino de Deus está próximo (...) Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre em vossos cintos, nem alforges para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordões; porque digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos aí, até que vos retireis. E, quando entrardes em alguma casa, saudai-a”. Esta é a missão dos discípulos: o serviço. Cyber Franciscanos Out 2014
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Assim como os discípulos, Francisco de Assis sentiu-se atraído pelo chamado do Crucicado, que o enviou a reconstruir a Igreja de seu coração e de tantos outros. Assim buscavam viver Francisco e seus irmãos, através da dinâmica do serviço: “Vivia com os leprosos, servindo a todos por amor de Deus, com toda diligência”. “Francisco, o incansável soldado de Cristo, percorria as cidades e povoados anunciando o Reino de Deus”. “De fato, eram menores, porque eram submissos a todos. Tendo desprezado todas as coisas terrenas e estando livres do amor próprio, consagravam todo seu afeto aos irmãos, oferecendo-se a si mesmos para atender às necessidades fraternas”. Santa Clara também soube viver isso muito bem e convidava suas irmãs para esta missão: “Amando-vos umas às outras com o amor de Cristo, manifestai em obras o amor que vos vai no coração, a m de que, movidas por esse exemplo, as irmãs se sintam estimuladas a crescer cada vez mais no amor de Deus e na mútua caridade. Esta, também, é a missão do jovem jufrista e de todos os cristãos - o serviço. O conselho dado pelo Papa Francisco nos incentiva a não carmos parados, a não deixarmo-nos vencer pelo medo, a irmos para além de nós mesmos e levarmos a alegria que é o Evangelho de Cristo. É através do serviço que nos tornamos anunciadores desta Boa Nova.
Que possamos buscar viver este propósito, “dos valores franciscanos da alegria, do minorismo, do fraternismo e da inserção no mundo. O franciscanismo tem seu fundamento na capacidade do cristão em assumir plenamente o irmão e deixar-se assumir plenamente por ele.” Que sejamos, de fato, “uma presença consciente, desaadora, na realidade onde vivemos, captando nela os anseios e busca de libertação, para sermos agentes na construção de uma nova sociedade. O mundo cabe a nós salvá-lo ou perdemo-nos com ele”. Que busquemos “construir a unidade e combater em nós mesmos e no mundo todo o individualismo e fechamento em si, com o objetivo de fazer acontecer a fraternidade universal, tomando parte com todos os irmãos na construção da civilização do Amor”. PAZ E BEM! Jamille Mateus Wiles Fontes: Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus Fontes Franciscanas Testamento de Santa Clara Manifesto da Juventude Franciscana
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PARTILHA VOCACIONAL
Queridos irmãos e irmãs, saudação fraterna e amiga de Paz e Bem! Sou Luiz Eduardo Dias Lima, tenho 28 anos e sou natural da cidade de Butiá/RS. Atualmente moro na Fraternidade Os Três Companheiros, em Gravataí, na Morada do Vale III. Encontro-me em discernimento na primeira etapa de formação para quem deseja ser frei franciscano: o prépostulantado. Está sendo um ano de muita graça e crescimento no carisma franciscano! Gostaria de partilhar convosco uma experiência que vivi no nal do ano retrasado e início do ano passado, e que, com certeza, marcou profundamente minha vida e minha caminhada vocacional. Sou motivado a partilhar, pois sei que quando partilhamos algo de nós, quando partilhamos as maravilhas que Deus realiza em nós e por meio de nós, todos saem ganhando, todos se enriquecem e Ele se torna cada vez mais conhecido e amado. Tive a graça de participar de uma experiência missionária totalmente nova se comparada com as demais experiências
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missionárias que já participei antes. Tive a grata alegria de participar da 1ª Experiência Missionária da Arquidiocese de Porto Velho – Rondônia/RO, que aconteceu na cidade de União Bandeirantes. Ocorreu no período de 27 de dezembro de 2012 a 20 de janeiro de 2013. Na época eu era seminarista diocesano e, comigo, participou o seminarista e colega de turma Tiago Ávila Camargo da Arquidiocese de Porto Alegre. Sou muito grato a este irmão pelo seu grande incentivo e apoio nos momentos em que mais precisei. Juntos representamos a referida Arquidiocese. Os missionários éramos, na grande maioria, seminaristas, mas contamos também com a presença de uma leiga, alguns padres e algumas religiosas. A experiência missionária foi, antes de tudo, oportunidade para conhecer pessoas diferentes, vindas de realidades diferentes, com sonhos e anseios distintos, e, juntos(as) partilhamos experiências de vida e de vocação, o que tornou a missão uma verdadeira experiência de amor e comunhão. Nessa diversidade enxergamos a riqueza de nossa Igreja no Brasil. Éramos, ao todo, aproximadamente sessenta Cyber Franciscanos Out 2014
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Uma parte dos grupos cou em União Bandeirantes. Outra parte foi encaminhada para as linhas, ou seja, para outras comunidades daquela área missionária. Recordo-me nitidamente do modo como aquele povo amado de Deus nos acolheu quando lá chegamos. A alegria transbordava no sorriso de cada um, nos olhares, nos cantos, nas palmas, na animação que nos contagiou, nos cartazes escritos desejando boas vindas, nos foguetes que eram estourados, mas acima de tudo, no abraço caloroso e na hospitalidade que experimentamos ao longo de toda a experiência missionária. Tudo isso foi o suciente para que começássemos a nos sentir “em casa”. Tive a graça de conhecer o Arcebispo da Arquidiocese de Porto Velho, Dom Esmeraldo. O mesmo carinho e acolhida que experimentei no povo de União Bandeirantes, pude experimentar também na pessoa de Dom Esmeraldo. Que Pastor! Tratou a todos os missionários e
missionárias como se fôssemos seus próprios lhos e lhas. Seu exemplo de Pastor e seu jeito humilde e simples de ser e de evangelizar com o testemunho e com a vida, marcou e marca o coração de todos os missionários e missionárias. Cabe destacar que antes de iniciarmos a missão propriamente dita, tivemos quatro dias de formação missionária. Fomos devidamente preparados, espiritualmente e intelectualmente para a missão que nos esperava. Foi um tempo oportuno para conhecermos a realidade e as pessoas com os quais iríamos interagir ao longo daqueles dias. Como missionários e missionárias, fomos nos alimentando dos ensinamentos da Mãe Igreja, seja pelo estudo, seja pela oração. E como foi bom! Foi um grande momento de formação e aprendizagem, de retomada e recordação de alguns pontos fundamentais acerca da Missão embasados pelos documentos da Igreja e pela Palavra de Deus. Os habitantes de União Bandeirantes são, na sua maioria, de religião Evangélica. E esses irmãos e irmãs nos deram um exemplo maravilhoso a ser seguido e imitado: nos acolheram com muito carinho e respeito. Foram muito poucos os que manifestaram alguma resistência. Ainda temos muito a aprender com aqueles e aquelas que são diferentes de nós, ou melhor, com aqueles e aquelas de outras conssões religiosas. Com certeza, Nosso Senhor se encontra neles e nelas esperando por nós. Sim! Ser missionário é ir ao encontro do Cristo no desconhecido, no diferente, na diversidade, naquele e naquela que muitas vezes passam despercebidos ao nosso olhar e ao nosso coração. Ser missionário é SAIR: sair de si mesmo, renunciar a si mesmo, sair de seus esquemas mentais, sair de seu comodismo, daquilo que é mais fácil, para acolher o outro e a outra do jeito que eles são e deixar que sejam eles mesmos. É por isso que o Papa Francisco nos pede tanto que sejamos uma “Igreja em saída”. Se nós não saímos de Cyber Franciscanos Out 2014
Cyber Franciscanos 25 nós mesmos, acabamos morrendo, pois nossa natureza é missionária, itinerante, peregrina. Somos missionários porque a Santíssima Trindade é Missionária! É Missionária porque é Comunhão! A missão me ajudou a enxergar minha realidade com novos olhos. Aprendi que ser missionário é deixar-se surpreender com as surpresas de Deus e com o imprevisível. Ser missionário é tirar a mim mesmo e às minhas vontades e expectativas do centro e deixar esse espaço disponível para os irmãos e irmãs, sejam aqueles e aquelas que estão longe ou perto, pois quando os coloco em meu horizonte, coloco o próprio Cristo que se deixa encontrar neles. Não precisamos ir tão longe para ser missionários(as). A missão começa aonde eu me encontro, com quem me encontro. Ser missionário é
ter a capacidade de largar por um tempo minhas tarefas, meus livros e cadernos para dar atenção ao meu formador ou aos meus colegas. É a capacidade de desligar a televisão e o computador e ir ao encontro do pai e da mãe para conversar com eles, se interessar por aqueles que tanto se interessam por nós, propiciar espaços para o diálogo, para a partilha de um bom chimarrão e para a oração. Ser missionário é ter a capacidade de sair do meu “mundinho” e ir ao encontro de quem precisa de mim. E como é bom ser missionário. Como é bom ser cristão! Vale muito a pena! A missão ajuda a viver profundamente o encontro consigo mesmo, com Deus e com os irmãos e irmãs. Contudo, é preciso abrir-se para esse mistério de Amor. E vale muito a pena!
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ESPECIAL SÃO FRANCISCO Homília do Papa Francisco em sua visita pastoral a Assis.
Papa Francisco fazia, em outubro do ano passado, sua primeira visita, como Bispo de Roma, à pequena cidade de Assis. A pé, simples como um peregrino, o Papa Francisco peregrinou à cidade do 'poverello' de Assis, na região da Úmbria, centro da Itália. Falando para uma grande multidão o Papa evocou o exemplo concreto de São Francisco, com a sua maneira radical de imitar o Cristo. “O amor pelos pobres e a imitação de Cristo são dois elementos indivisivelmente unidos, duas faces da mesma medalha” - insistiu. Aquela foi a primeira vez que o Papa Francisco visitou Assis. Além da Basílica de São Francisco, visitou a Porciúncula (a terceira igreja restaurada por São Francisco e lugar onde ele faleceu), Santa Clara e o Ermo das Prisões. Conra agora a homilia que o Papa fez durante a sua viagem.
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HOMILIA Visita Pastoral a Assis Missa na Praça São Francisco de Assis Sexta-feira, 4 de outubro de 2013
“Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mt 11, 25). Paz e bem a todos! Com esta saudação franciscana agradeço-vos por terem vindo aqui, nesta praça, cheia de história e de fé, para rezarem juntos. Hoje também eu, como tantos peregrinos, vim aqui para bendizer o Pai por tudo aquilo que quis revelar a cada um destes “pequenos” de que fala o Evangelho: Francisco, lho de um rico comerciante de Assis. O encontro com Jesus o levou a despojar-se de uma vida confortável e despreocupada para casar-se com a “Mãe Pobreza” e viver como verdadeiro lho do Pai que está nos céus. Esta escolha, por parte de São Francisco, representava um modo radical de imitar Cristo, de revestir-se Daquele que, rico que era, fez-se pobre para enriquecer-nos por meio da sua pobreza (cfr Cor 8, 9). Em toda a vida de Francisco, o amor pelos pobres e a imitação de Cristo pobre são dois elementos unidos de modo indissociável, as duas faces de uma mesma moeda. O que testemunha São Francisco a nós, hoje? O que nos diz, não com as palavras – isto é fácil – mas com a vida? 1. A primeira coisa que nos diz, a realidade fundamental que nos testemunha é esta: ser cristãos é uma relação vital com a Pessoa de Jesus, é
revestir-se Dele, é assimilação a Ele. De onde parte o caminho de Francisco rumo a Cristo? Parte do olhar de Jesus na cruz. Deixar-se olhar por Ele no momento em que doa a vida por nós e nos atrai para Ele. Francisco fez esta experiência de modo particular na pequena Igreja de São Damião, rezando diante do crucixo, que também eu pude venerar hoje. Naquele crucixo, Jesus não aparece morto, mas vivo! O sangue escorre das feridas das mãos, dos pés e dos lados, mas aquele sangue exprime vida. Jesus não tem os olhos fechados, mas abertos, grandes: um olhar que fala ao coração. E o crucixo não nos fala de derrota, de fracasso; paradoxalmente nos fala de uma morte que é vida, que gera vida, porque fala de amor, porque é Amor de Deus encarnado, e o Amor não morre, antes, vence o mal e a morte. Quem se deixa olhar por Jesus crucicado é re-criado, transforma-se uma “nova criatura”. Daqui parte tudo: é a experiência da Graça que transforma, o ser amado sem mérito, mesmo sendo pecadores. Por isto Francisco pode dizer, como São Paulo: “Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gal 6,14). Nós nos dirigimos a ti, Francisco, e te pedimos: ensina-nos a permanecer diante do Crucixo, a deixar-nos guiar por Ele, a deixar-nos perdoar, recriar pelo seu amor. Cyber Franciscanos Out 2014
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2. No Evangelho, escutamos estas palavras: “Vinde a mim, vós todos que estais aitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 28-29). Esta é a segunda coisa que Francisco nos testemunha: quem segue Jesus, recebe a verdadeira paz, aquela que só Ele, e não o mundo, pode nos dar. São Francisco é associado por muitos à paz, e é justo, mas poucos seguem em profundidade. Qual é a paz que Francisco acolheu e viveu e nos transmite? Aquela de Cristo, passada através do amor maior, aquela da Cruz. É a paz que Jesus Ressuscitado deu aos discípulos quando apareceu em meio a eles (cfr Jo 20, 19.20). A paz franciscana não é um sentimento “piegas”. Por favor: este São Francisco não existe! E nem é uma espécie de harmonia panteísta com as energias do cosmo… Também isto não é franciscano! Também isto não é franciscano, mas é uma ideia que alguns construíram! A paz de São Francisco é aquela de Cristo, e a encontra quem
“toma sobre si o seu jugo”, isso é, o seu mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei (cfr Gv 13,34; 15,12). E este jugo não se pode levar com arrogância, com presunção, com soberba, mas somente se pode levar com mansidão e humildade de coração. Dirigimo-nos a ti, Francisco, e te pedimos: ensina-nos a sermos “instrumentos da paz”, da paz que tem a sua origem em Deus, a paz que nos trouxe o Senhor Jesus. 3. Francisco inicia o Cântico assim: “Altíssimo, onipotente, bom Senhor… Louvado sejas, com todas as criaturas” (FF, 1820). O amor por toda a criação, pela sua harmonia! O Santo de Assis testemunha o respeito por tudo aquilo que Deus criou e como Ele o criou, sem experimentar sobre a criação para destruí-la; ajudá-la a crescer, a ser mais bela e mais similar àquilo que Deus criou. E, sobretudo, São Francisco testemunha o respeito por tudo, testemunha que o homem é chamado a proteger o homem, que o homem esteja no centro da criação, no lugar onde Deus – o Criador – o quis. Não instrumento dos ídolos que nós criamos! Cyber Franciscanos Out 2014
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A harmonia e a paz! Francisco foi homem de harmonia, homem de paz. Desta Cidade da Paz, repito com a força e a mansidão do amor: respeitemos a criação, não sejamos instrumentos de destruição! Respeitemos cada ser humano: cessem os conitos armados que ensanguentam a terra, silenciem-se as armas e então o ódio dê lugar ao amor, a ofensa ao perdão e a discórdia à união. Ouçamos o grito daqueles que choram, sofrem e morrem por causa da violência, do terrorismo ou da guerra, na Terra Santa, tão amada por São Francisco, na Síria, no Oriente Médio, em todo o mundo.
cidade] mostraste, a m de que seja sempre o lugar e a casa daqueles que verdadeiramente te conhecem e gloricam o teu nome bendito e gloriosíssimo nos séculos dos séculos. Amém” (Espelho de perfeição, 124: FF, 1824). HOMILIA Visita Pastoral a Assis Missa na Praça São Francisco de Assis Sexta-feira, 4 de outubro de 2013 Boletim da Santa Sé Tradução: Jéssica Marçal
Dirigimo-nos a ti, Francisco, e te pedimos: alcançai-nos de Deus o dom que neste nosso mundo nos seja harmonia, paz e respeito pela Criação!
Não posso esquecer, enm, que hoje a Itália celebra São Francisco como seu Patrono. Eu dou as felicitações a todos os italianos, na pessoa do Chefe do governo, aqui presente. Exprime-o também o tradicional gesto da oferta do óleo para a lâmpada votiva, que este ano é da Região da Umbria. Rezemos pela nação italiana, para que cada um trabalhe sempre pelo bem comum, olhando para aquilo que une mais do que para aquilo que divide. Faço minha a oração de São Francisco por Assis, pela Itália, pelo mundo: “Peço-te então, ó Senhor Jesus Cristo, pai das misericórdias, de não querer olhar à nossa ingratidão, mas de recordar-te sempre da superabundante piedade que [nesta
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FOTOS
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Papa Francisco reza na Porciúncula. A Porciúncula foi a terceira igreja restaurada por São Francisco
O Papa Francisco visitou as Irmãs Clarissas, durante sua visita a Assis, na Itália. Logo na chegada, o Santo Padre dirigiu-se ao local onde está guardado, em uma cripta de vidro, o corpo de Santa Clara, encontrado intacto no século XI. Ali colocou um ramalhete de ores e fez um momento de oração em silêncio.
Papa Francisco abençoe pátio de uma obra social dos frades em Assis.
Papa Francisco ao entrar na Basilica de São Francisco é acolhido pelo Ministro Geral dos Franciscanos Frei Michael Perry
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Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz. Onde houver Ódio, que eu leve o Amor, Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé. Onde houver Erro, que eu leve a Verdade. Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança. Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria. Onde houver Trevas, que eu leve a Luz! Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna! Amém.
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