Pegada Perigosa

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UNIVERSIDADE DO MINHO 2010-2011

Mestrado em Tecnologias de Informação e Comunicação Mestrandos:

Francisco Bernardo e Carlos Quesado

TIC para a Infância I Pegada perigosa – Projecto de Vídeo Educativo

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Enquadramento do projecto O presente trabalho tem como base o desafio de explorarmos novos conceitos de aprendizagem relacionados com as novas tecnologias. A nossa escolha justifica-se pelo facto de nos encontramos envolvidos pelos modernos meios de comunicação (a televisão, o vídeo, jogos de computador, a Internet, os telemóveis e toda uma variedade de produtos relacionados com os media) e o impacto que estes exercem no desenvolvimento infantil se apresentar como um tema de relevância actual. Num ambiente cada vez mais dominado pela influência dos media, o fascínio pelas novas tecnologias não deve ofuscar as questões da cultura, comunicação e aprendizagem. Como defende David Buckingham, devemos apresentar uma posição reticente relativamente ao uso instrumental dos media na educação. A educação para os media implica o desenvolvimento do sentido crítico, a consciencialização e a reflexão sobre os materiais apresentados e não apenas uma posição limitada de recolha de informação. A velocidade a que se tem processado a informação nos últimos anos e o acesso a múltiplas fontes de informação multiplicam e ampliam o espectro em que se encontram as crianças e os jovens da actualidade. O que dizia Umberto Eco relativamente ao uso da TV na educação aplica-se à Internet ou a outros meios digitais na aprendizagem: temos de fornecer meios aos nossos alunos para que compreendam e critiquem estes media; não podemos utilizá-los de forma meramente funcional ou instrumental. Segundo Papert (1980), a criança é construtora, das suas estruturas mentais, construtora por conseguinte do seu saber. Nesse sentido, a prioridade para qualquer docente, não deve ser a aprendizagem feita através da simples transmissão de conteúdos, mas sim, proporcionar experiências de aprendizagem que permitam aos discentes explorar e desenvolver o seu espírito crítico, tomando decisões e, criando assim, o seu próprio conhecimento. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), são ferramentas primordiais no nosso quotidiano, sendo a sua utilização, nas mais diversas áreas, uma verdade que já não se pode ignorar. A escola, sector fundamental da sociedade, não podia passar ao lado do “Plano Tecnológico”. Segundo Paiva (2002) é consensual na sociedade em geral e na comunidade educativa, em particular, que já não é possível pensarmos numa escola sem Tecnologias de Informação e Comunicação.

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Neste contexto, considerando o meio escolar e social, verificamos que as crianças são confrontadas a entender o mundo através da observação apresentada pelos meios de comunicação. Com este projecto, para além de podermos contribuir para a reflexão dos nossos alunos neste contexto, criamos também uma experiência motivadora e divertida ao trabalharmos com vídeo e stop motion picture. Rentabilizámos a capacidade de inventar e transformar para envolver diversos saberes e diversas pessoas. Envolver-se em trabalhos de colaboração significa abdicar de algum controlo, partilhar responsabilidades, adoptar a transparência, gerir conflitos e aceitar que os projectos assumam vida própria. Significa desenvolver novas competências assentes na confiança, no respeito pelos compromissos, no dinamismo da mudança e na partilha de decisões, no sentido de uma valorização do trabalho que se pretende realizar. Segundo Ana Mae Barbosa (2006), a nova era da imagem influencia o mundo visual dos alunos e tudo o que estes realizam, enquanto a escola parece não se preocupar em preparar os alunos para saber ler essas linguagens. Por isso, é necessário que os alunos tenham também uma alfabetização visual para compreender a linguagem que os rodeia em outdoors, na televisão, no computador. Ao desenvolver este projecto, tentámos envolver os participantes na exploração da linguagem básica relacionada com o Vídeo, Fotografia, Sonoplastia, Composição Gráfica, que foram abordadas dentro das limitações e conhecimentos dos professores.

Organização do trabalho A metodologia desenvolvida neste trabalho foi baseada na pesquisa bibliográfica, na leitura de artigos e na visualização de filmes. A investigação efectuada permitiu o desenvolvimento do texto, a elaboração do storyboard, sinopse, auxiliando na construção e finalização de todo o trabalho. O domínio das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) favorecem a construção de vídeos educativos, incrementando tanto nos discentes como nos docentes, a autonomia como autores da sua própria aprendizagem. A operacionalização dinâmica e participativa como: o uso da escrita, da oralidade, do som e da imagem (estática ou não), rompem com o paradigma da educação tradicional. A centralização do aluno no processo educativo, não se deve focar apenas na memorização de conteúdos, mas permitir uma experiência enriquecedora, repleta de interacções práticas e recursos multimédia, transformando a educação num processo interactivo e significativo para os envolvidos.

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O novo cenário educativo mediado pelas TIC é constituído por um ambiente social amigável que valoriza a contribuição do aluno, promove o espírito de grupo, incentiva o trabalho em equipa e a socialização do aluno. Quanto ao nosso papel no desenvolvimento deste género de projectos subentende-se que sejamos orientadores, moderadores e facilitadores da interacção e das aprendizagens. No contexto construtivista social, o papel do professor sugere experiências de aprendizagem, orienta, faz mediações, corrige, informa, opina, estimula a crítica construtiva, a participação em discussões e a partilha de experiências de aprendizagem. Podemos considerar este projecto um vídeo educativo, pela forma como foi criada a sua mensagem, pela escolha do tema e pelas aprendizagens que se depreendem da utilização das novas tecnologias. A temática abordada é o Ambiente, incidindo sobretudo na reciclagem e nos materiais que são colocados no Ponto Electrão. Assim sendo, decidimos que o vídeo teria como o público-alvo a população em geral, e os alunos em particular. A sua função será a de informar e consciencializar sobre as questões da poluição, incidindo na colocação correcta do lixo em locais próprios, como é o caso dos objectos electrónicos. Actualmente, verificamos que os problemas ambientais afectam várias regiões do mundo, e com o processo de globalização, problemas que antigamente eram considerados apenas locais são agora generalizados a todo o Planeta. Segundo Girão, a produção de vídeo compreende várias fases e, de forma geral, podemos dividir o processo de produção de vídeo em cinco etapas: 1) criação e planeamento; 2) guião; 3) pré-produção; 4) direcção e gravação; 5) edição e finalização. Estas fases foram usadas na estruturação do trabalho desenvolvido orientando o nosso. A criação do vídeo foi influenciada pela visualização de trailers de filmes e usamos como base a estrutura dos trabalhos observados para conceber o nosso. Nesta fase, foi necessário falar da transformação da informação em linguagem audiovisual - a elaboração do guião. O guião define o trabalho a desenvolver. Nessa etapa decidimos se o vídeo terá ou não um apresentador, uma voz off (quando a pessoa não aparece), se teremos actores, onde e quando utilizaremos animação, computação gráfica ou outros efeitos. Podemos considerar que a elaboração de um guião é como ter uma espécie de manta de retalhos soltos à espera de serem costurados. Há cenas, diálogos, textos, ilustrações, documentos e imagens que necessitam de ser organizados. Para facilitar desenhamos as cenas ao lado do texto a ser gravado (storyboard).

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Os conceitos relacionados com o cinema foram apresentados através de um paralelismo entre o trabalho que estavam a desenvolver e o trabalho que era feito no passado, reflectindo sobre a história da evolução cinematográfica. Para Leal (2009), o papel do educador é de formar o aluno, e não apenas difundir conhecimento, mas influenciar comportamentos, facilitar e motivar a aprendizagem. Assim, a introdução do Stop Motion Picture, ficou devidamente enquadrada como técnica fazendo sentido a sua exploração. Combinar Stop Motion Picture com Vídeo permitiu criar alguma plasticidade visual no vídeo, conferindo-lhe um aspecto dinâmico. Foi a solução que arranjamos para dar movimento aos objectos e animá-los, tendo em conta que não seria possível de outra forma pelas limitações dos nossos conhecimentos. A caracterização dos objectos que protagonizam o vídeo (telemóvel, telefone, varinha, rato, cafeteira) foi muito básica com a colocação de uns olhos (de plástcio), conferindo-lhes um aspecto mais animado. Esta escolha permitiu despertar interesse e simpatia pelos personagens, aproximando-os de um mundo imaginário, com o qual nos podemos identificar. Segundo Akermann (2000), as pessoas tem a capacidade de tratar as personagens fictícias como se elas fossem reais e de personificar coisas, sendo isto importante porque coloca a empatia e a imaginação ao serviço da inteligência. Depois de passarmos as fases de criação e planeamento, guião (storyboard), préprodução, passamos à fase de direcção e gravação. Realizámos enquadramentos simples e explorámos a linguagem básica de fotografia e de vídeo. Mudamos sempre que achamos necessário o trabalho definido. Esta flexibilidade de tomada de decisão, sobre a construção/destruição do trabalho, ajudou a entender que podemos mudar o rumo sempre haja uma situação que bloqueie o trabalho e que a solução para a resolução do problema possa levar-nos a um resultado com a mesma qualidade, não existe apenas um caminho mas vários que podem ser tomados em consideração. A última fase, de edição e finalização, foi tão importante como as anteriores, foram escolhidas as melhores imagens e sequências para serem montadas para surgir o trabalho final. A sonoplastia do vídeo foi efectuada em duas partes. Na primeira, foi seleccionada uma música para se adaptar às filmagens que criasse um ambiente de ritmo e suspense. Na segunda parte, foi contabilizado o tempo em que se havia de adaptar o texto criado (intervenção da voz off e das personagens). Esta foi uma parte bastante complexa, pois o som e imagem complementam-se e até conseguirmos um resultado satisfatório foram precisas

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muitas horas, muitos cortes, muita persistência. A relação entre som e imagem e o ritmo da sequência não poderiam ultrapassar o limite de tempo que tínhamos como referência. Ao visualizarmos o vídeo a mensagem não é imediata, levando o observador a manterse curioso. Para que a informação seja apreendida é necessário aguardar pelo final, criando um jogo entre o observador e o vídeo, mantendo a curiosidade de decifrar o enigma com o qual foi confrontado. A mensagem é curta tentando atrair pela simplicidade, não há muitas falas propositadamente para que o observador através das sequências criadas deduza ou tente deduzir sobre o objectivo do vídeo, o narrador deixa algumas pistas, mas só no final confirmamos a ideia inicial e fica no ar a solução que nos desperta a consciência para o problema. Este projecto possibilitou o despertar da curiosidade pelas novas tecnologias, permitiu compor cenários desconhecidos para alunos e professores, simular a realidade através de uma situação animada, explorar a construção do conhecimento colectivo pela análise em grupo e o desenvolvimento de sentido crítico.

Sinopse Este texto foi criado para constar da capa do DVD. Descreve de forma sintética o possível filme, dizemos possível porque foi feito apenas o trailer.

O misterioso e carismático Planeta Terra encontra-se ameaçado por uma espécie extremamente destruidora….o Homem! Mesmo depois de anos de aprendizagem, estes seres não aprendem grande coisa…e continuam a depositar o lixo e os electrodomésticos nos locais errados. Este filme é baseado em factos verídicos e encontramos inesperadamente um conjunto de objectos electrónicos que foram abandonados. Decididos a fugir para um local onde possam ser reciclados ou reutilizados, os objectos encadeiam uma fuga desenfreada. Em quem podem ou devem confiar? Várias vidas - incluindo as suas - ficam no fio da navalha, numa angustiante situação planetária que se desenrola através dos mais negros recantos deste e de muitos outros países...a situação é preocupante e quem sabe catastrófica. O futuro deste filme está nas tuas mãos…

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Dificuldades As principais dificuldades foram o tempo e a gestão do material recolhido. Foi necessário pesquisar e contar com a colaboração de alunos, professores, amigos que foram essenciais para o resultado final. Conseguimos mostrar que é possível com poucos recursos, com curiosidade e persistência alcançar resultados interessantes. O registo dos elementos da bibliografia não foi tarefa fácil, porque não registamos todos os passos e os trabalhos pesquisados faltando alguma informação (vídeos, imagens, teses, livros). Em contrapartida, acrescentamos os estudos que serviram de base ao projecto e as alterações nas imagens que serviram de estrutura. Os conhecimentos de cada mestrando em Photoshop e Abobe Premiere também eram apenas de exploração superficial. Foi necessário um apoio técnico de colaboradores que partilharam a sua experiência e se envolveram no projecto. Este aspecto até poderia reverter negativamente na nossa experiência, no entanto, consideramos que a valorização do trabalho colaborativo deu-nos a oportunidade de aprofundar os nossos conhecimentos em relação ao funcionamento dos programas informáticos que utilizamos. O facto de os mestrandos não residirem na mesma localidade, exigiu que trabalhassem através de correio electrónico. Houve necessidade de alguns telefonemas para clarificar algumas situações e actualização constante do trabalho que se ia desenvolvendo, para ser criticado e melhorado em cada fase. De facto, as ferramentas necessárias para colaborar, criar valor e competir, estão neste momento na ponta dos dedos de cada um.

Propostas para dar continuidade Sendo assim, o vídeo educacional, pode favorecer não só a percepção artística através do uso de imagens, textos, sons, movimentos, cores, cenários, relações espaciais, mas também a interacção com as novas tecnologias (máquinas digitais, Internet, programas de edição). O vídeo educacional apresenta-se como uma bom recurso tecnológico para ser usado em educação. Contudo verificamos, que o seu uso depende em grande parte da adequação e de um planeamento estruturado que possa ser combinado com diversos medias e articulado com outros recursos didácticos/pedagógicos. Para dar continuidade a este trabalho, propomos a criação de uma curta-metragem desenvolvida com base na estrutura deste vídeo. Deve desenvolver-se uma história para as personagens e explorar a temática mais profundamente. Também sugerimos a construção de

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um conjunto de vídeos abordando outras questões sobre a temática (poluição atmosférica, poluição das águas, etc.).

Bibliografia PAPERT, S. (1985) – “LOGO: computadores e Educação”, S. Paulo: Editora Brasiliense. PONTE, J. P. (1997), “As Novas Tecnologias e a Educação”, Texto Editora, Lisboa. PINK, D. (2009), “A Nova Inteligência”, Academia do Livro. REED, Stephen K. “Cognitive Architectures for Multimedia Learning” , Educational Psychologist, 41(2), 87–98. SPRINTHALL, N. e SPRINTHALL, R. (1993). “Psicologia Educacional”. Lisboa. McGraw-Hill Revistas Noesis , DGIDC

Referências electrónicas ALVES, Marcos Antônio. O teatro como um sistema de comunicação. Disponível: <http://www.scielo.br/pdf/trans/v24n1/v24n1a05.pdf >. LIMAS, Maria Elisa Matos. O vídeo como instrumento didáctico educativo. Disponível: < http://www.cecimig.fae.ufmg.br/wp-content/uploads/2008/06/monografia-17-12-2007maria-elisa-matos-limas.pdf> . MORAES, M. S.; CARVALHO, A.F..” Importância da tecnologia na sala de aula: a construção de um vídeo educativo”, Universidade Federal de Sergipe Pesquisa de vários filmes no youtube.

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Anexos

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Edição e Finalização Adobe Premiere

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