Doutrina de santidade i

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DOUTRINA DE SANTIDADE I I. FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA – DOUTRINA DE SANTIDADE. A. ABORDAGEM Á DOUTRINA DE SANTIDADE. 1. PRESSUPOSIÇÕES – DOUTRINA DE SANTIDADE: ( “GREATHOUSE, W. Dos Apóstolos a Wesley cap.1– CNP).

DECLARAÇÃO DA DOUTRINA: Em seu ensaio sobre Voltaire, John Morley declara que a santidade é “a mais profunda dessas palavras que não pode ser descritas”. Em tempos mais recentes Rudolph Otto desenvolveu a mesma idéia em sua obra clássica, The Idea of the Holy (A Idéia do Santo). Nela aduz que a criação de “O Santo (a “consciência que a criatura tem Dele- e a descrita por Paulo em Rom.1:19-20 é a mesma essência da religião. Ser humano é ser confrontado pelo Deus Santo. Por esta razão, o conceito de santidade, de uma forma ou de outra, é tão antigo quanto a religião. Do ponto de vista da Bíblia, a santidade tem uma origem no Eterno. “Bendito o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, Nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele”(Ef.1:3-4). A santidade é a suma dos requisitos da Lei. Para responder à pergunta “Qual é o grande mandamento da Lei?”, Jesus valeu-se das palavras de Dt.6:4-5 e Lv.19:18 – “Amarás o Senhor Teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é; ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”. (Mt.22:36-40). A santidade é também a promessa do Evangelho. E, por incrível que pareça, encontramos tal promessa no A.T.: “O Senhor teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o Senhor teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas.”(Dt.30:6). Este foi o texto que John Wesley escolheu para o seu primeiro sermão sobre a perfeição cristã, pregado na Universidade de Oxford. Deixemos que Wesley mesmo descreva a ocasião: No dia1 de Janeiro de 1733, preguei diante da Universidade na Igreja de Santa Maria sobre “Circuncisão do Coração”. Naquela ocasião, para descrevê-la disse: “É essa disposição geral que implica diretamente ter sido purificado do pecado, ‘de toda contaminação da carne e do espírito’, e que resulta haver recebido todas essas virtudes que estavam em Cristo Jesus; haver ‘sido renovado no entendimento’, e ser perfeitos como nosso Pai que está nos céus é perfeito’, ”No mesmo sermão declarei: “o amor é o cumprimento da Lei, o fim do mandamento’ senão de todos os mandamentos em um. ‘Tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama’ tudo isso está incluído nesta única palavra, amor. Aqui está a perfeição, e a glória, e a felicidade. A lei áurea do céu e da terra é esta: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento’”. A doutrina da perfeição cristã é um glorioso ensinamento alicerçado nas provisões do sacrifício de Cristo, na ação pessoal do Espírito Santo e cumprido sob a condição de uma fé simples. Ele postula que os que têm confiado em Cristo para a sua salvação, podem ser purificados do pecado original, ou depravação, e transformados em seu 1


estado de inteira devoção a Deus e de amor sem egoísmo, em relação a seus semelhantes. Cremos que é isto o que significa ser “perfeito” no sentido bíblico, “A palavra (perfeito) tem vários significados”., explica Wesley; aqui significa amor perfeito. O amor excluindo o pecado; o amor enchendo o coração, apoderando-se, por assim dizer, da alma em toda sua capacidade”. A. Santificação Esta palavra, assim como santidade, tem vários significados importantes a considerar. 1. Santificação em geral Em termos gerais, santificação se refere ao processo total de tornar-se cristão e de continuar sendo. Em sentido mais amplo, o termo mais amplo, o termo santificação inclui todos esses efeitos que a Palavra de Deus produz no coração e na vida do homem, que principia como seu novo nascimento, da morte espiritual à vida espiritual e que culmina com a perfeição espiritual na vida eterna. Eis aqui outra definição: “A santificação é a obra do Espírito Santo de Deus que livra os homens da culpa e do poder do pecado; que os consagra para servir e amar a Deus e que compartilha, inicial e progressivamente, os frutos da redenção de Cristo e as virtudes da vida santa”. 2. Santificação por posição Os teólogos luteranos e calvinistas geralmente têm apoiado a idéia da santificação, ou santidade, por posição. Um intérprete recente de Lutero escreve: Posto que é pela fé que se recebe e aceita o Dom de Deus e assim também é como os homens se tornam santos, “santo se torna equivalente a “o que está crendo”. Os santos são os crentes e “ser santo significa “ter-se tornado “crente”. Na explicação que Lutero dá, a ênfase passa de santificar e a ação de santificar, para a fé e à ação de ser conduzido à fé, lembrando que não há uma verdadeira diferença entre os dois” John Woolvoord explica que “a perfeição por posição é revelada como possessão de todo cristão... É, portanto, a perfeição absoluta que Cristo realizou para nós na cruz. Aqui não há referência alguma acerca da qualidade da vida cristã. O assunto de viver sem pecado não tem prioridade. Todos os santos (os santificados) são participantes da perfeição realizada pela morte de Cristo”. A perfeição posição é um sinônimo de santificação por posição, a qual é realizada por Cristo para cada crente e que cada crente possui desde o momento em que exerce a fé salvadora”. Os wesleyanos aceitam esta posição, posto que é um aspecto do ensinamento bíblico. A santificação é “a atribuição da santidade às pessoas em virtude de seu relacionamento com Deus. É o significado menos profundo do termo e aplicado quando se diz que todos os cristãos são santos. A Igreja cristã é uma comunidade separada, cuja natureza é santa”. Entretanto do ponto de vista wesleyano, a santificação é mais que uma relação objetiva com Deus, através de Cristo. No momento em que esta relação é estabelecida 2


por meio da fé em Cristo, o crente justificado recebe o Espírito Santo e experimenta o princípio da santificação ética. A Esse princípio chamamos de santificação inicial. 3. Santificação Inicial Quando perguntaram a Wesley quando principiava a santificação, ele respondeu: “No momento em que somos justificados, a semente da virtude é plantada na alma. Desde esse momento o crente morre gradualmente para o pecado e cresce na graça. Entretanto, o pecado permanece nele; efetivamente, a semente de todo o pecado (fica nele) até que seja santificado, neste sentido inicial, é a contrapartida ética da justificação. “No momento em somos justificados”, explica Wesley, “neste mesmo momento principia a santificação. Neste instante nascemos de novo, nascemos do alto, nascemos do Espírito. Efetua-se tanto uma mudança verdadeira quanto uma mudança relativa. Somos renovados interiormente pelo poder de Deus”. Desse modo a Santificação Inicial é praticamente equivalente à regeneração. O ser vivificado para Deus pelo Espírito equivale a iniciar o caminho da perfeição. 4. Santificação Progressiva Igualmente à maioria dos pensadores protestantes, os wesleyanos ensinam a santificação progressiva. O Catecismo de Westminster a define como “a obra da gratuita graça de Deus, pela qual somos renovados em todo nosso ser à imagem de Deus e capacitados mais e mais para morrer para o pecado e viver para a justiça”. Abraham Kuyper escreve: A simples regeneração não santifica a inclinação e a disposição (do crente); nem tampouco é capaz de germinar, por si só, a disposição santa. Ainda, requer-se o ato adicional e muito peculiar do Espírito Santo, pelo qual a disposição do pecador regenerado e convertido vai diminuindo gradativamente, em harmonia com a vontade divina; esse é o dom misericordioso da santificação. O ensino característico de John Wesley é que a obra de santificação interior pode ser terminada ou concluída “em um momento”, pela fé. Ela ocorre, quando o coração é purificado da raiz interna do pecado – o orgulho, a vontade própria e teimosa, o ateísmo ou a idolatria –e aperfeiçoado no amor de Deus. Como conseqüência desta purificação mais profunda do coração, o cristão é capacitado a crescer metodicamente até alcançar a semelhança de Cristo. O artigo X do Manual da Igreja do Nazareno declara: Cremos que a graça da inteira santificação inclui o impulso para crescer na graça. Contudo, este impulso deve ser conscientemente alimentado e deve ser dada cuidadosa atenção aos requisitos e processos de desenvolvimento espiritual e avanço no caráter e semelhança à personalidade de Cristo. Sem tal esforço intencional, o testemunho do crente pode ser enfraquecido e a própria graça, comprometida e mesmo perdida. 5. Inteira Santificação 3


Em seu sermão intitulado, “Trabalhando Nossa Própria Salvação”, John Wesley situa a graça da inteira santificação em seu devido contexto: ... Pela justificação somos salvos da culpa do pecado e restaurados ao favor de Deus; pela santificação somos salvos do poder da raiz do pecado e restaurados à imagem de Deus. A experiência, como também as Escrituras, mostra que esta salvação é, ao mesmo tempo instantânea e gradual. Principia no momento em que somos justificados, no amor santo, humilde, terno e paciente a Deus e ao próximo. Aumenta gradualmente desde este momento... até que, em outro instante, o coração é purificado de todo o pecado, e cheio com amor puro de Deus e ao próximo. Esse amor aumenta mais e mais, até que cresçamos em tudo naquele que é o cabeça”, “até que todos cheguemos... à medida da estatura da plenitude de Cristo”. Além dos termos anteriores, há um outro mais que requer explicação. Referimo-nos à perfeição, ou perfeição cristã. 6. Perfeição Este termo tem causado muitas críticas ao movimento de santidade, mas é um termo bíblico. Ademais, têm sido usado no ensino da santidade durante toda a era cristã. No que diz respeito a Wesley, ele usou o termo dizendo que era “bíblico, e que estava profundamente comprometido em (usar) a linguagem das Escrituras”. Wesley faz um resumo de seus ensinamentos sobre a santidade em sua pequena obra intitulada Uma clara explicação da Perfeição Cristã. O Dr. Donald Metz fez a seguinte prudente observação: “A definição de Wesley da perfeição todavia não tem sido superada e ainda conserva a essência do que esse termo significa tal como é usado nos círculos de santidade. Wesley preferia usar o termo perfeição cristã , ao termo mais amplo, perfeição”. Ao concluir a referida obra, Wesley faz um resumo de seus ensinamentos com estas palavras: “Ao usar o termo perfeição quero dizer o amor humilde, terno e paciente de Deus, e ao próximo, governando nosso temperamento, nossas palavras e ações”. Wesley teve muito cuidado em proteger-se de uma interpretação legalista ou farisaica da perfeição, ao insistir continuamente em que tal perfeição nesta vida que implique uma libertação completa, seja da ignorância ou de erros, em coisas que não sejam essenciais à salvação, ou de múltiplas tentações, ou de um sem-número de fraquezas, com as quais o corpo corruptível oprime mais ou menos a alma”. De modo que Wesley, assim como as Escrituras, interpretava perfeição como perfeito amor. Este é o significado que tem dado as expoentes mais lúcidos do ensinamento através dos séculos, tal como veremos no curso desta obra.

2. DEFINIÇÃO BÍBLICA DE SANTIDADE ( “Dos Apóstolos a Wesley “–W.Greathose- CNP)”. A fonte original do ensinamento da santidade cristã - e a única com autoridade - é a Palavra escrita de Deus. Há motivo para que as Escrituras sejam chamadas A Santa Bíblia: a Bíblia é um livro de santidade. 4


A santidade pulsa na profecia, ressoa na lei, murmura nas narrações, sussurra nas promessas, suplica nas orações, irradia na poesia, vibra nos salmos, fala nos símbolos, resplandece nas imagens, articula-se na linguagem e arde no espírito de todo o sistema, desde o alfa até o ômega, desde o princípio até o fim. Raízes da Doutrina no Antigo Testamento A ênfase mais recente que se tem dado à teologia bíblica,vem resultando em vários e excelentes estudos da teologia do Antigo Testamento. Estes, por sua vez, têm aumentado consideravelmente o cabedal de nossa compreensão. do que o Antigo Testamento ensina acerca da santidade, particularmente a respeito da revelação da santidade de Deus nas Escrituras do velho pacto. - O Bispo Foster nos deu a descrição clássica sobre este particular: “Santidade requerida! Santidade oferecida! Santidade possível! A santidade, dever presente, privilégio atual, gozo de cada dia, é o progresso e a consumação deste maravilhoso tema! É a verdade brilhando por toda a parte, transbordando em toda a revelação. É a verdade gloriosa que irradia, e sussurra, e canta, e brada em toda a sua história. É a biografia, a poesia, a profecia, os preceitos, a promessa, a oração. É a grande verdade central de todo o sistema. O surpreendente é que nem todos a vêem e que alguém se levante para questionar uma verdade tão gloriosa e tão cheia de consolo.”

1. A Santidade de Deus A teologia bíblica tem demonstrado conclusivamente que a santidade de Deus não é meramente um dos atributos de Deus, e nem sequer o atributo principal. Representativa da melhor erudição bíblica é a posição de Edmond Jacob, que escreve: "A santidade não é uma qualidade divina entre outras e nem sequer a principal de todas elas, posto que expressa o que é característico de Deus e corresponde precisamente à sua deidade"2. A seguinte observação de Snaith apóia a posição de Jacob: Quando o profeta Amós declara (4:2) que "Jurou o Senhor Jeová, pela sua santidade", quer dizer que Jeová jurou pela sua Deidade, por Si mesmo como Deus. O significado é, portanto, exatamente o mesmo que lemos em Amós 6:8, onde o profeta diz: "Jurou o Senhor Jeová por si mesmo"3. Um estudante de literatura rabínica observa que o nome usado para Deus com maior freqüência pelos rabinos é "O Santo"4. Este é uma flexão do nome profético de Deus, que é "O Santo de Israel"5. Aulén afirma que "a santidade é o cimento sobre o qual descansa o inteiro conceito de Deus"9. Ademais, dá um tom específico a cada um dos diversos elementos na idéia de Deus, e fazem parte de um conceito, ou percepção, mais completa de Deus. Cada declaração acerca de Deus, seja em referência ao seu amor, seu poder, sua justiça... Deixa de ser uma afirmação acerca de Deus se não é projetada sobre o pano de fundo de sua santidade 6. A palavra hebraica, que traduzimos por santidade, é qodesh, a qual, com as suas correlatas, aparece mais de 830 vezes no Antigo Testamento. Os eruditos encontram três significados fundamentais em qodesh: [1] Freqüentemente enuncia a idéia de "irromper com esplendor". Assim, um erudito escreve: "Não há uma distinção clara entre santidade e glória"! [2] A palavra também expressa uma divisão, uma separação, uma elevação. [3] É provável que qodesh tenha vindo de duas raízes, uma das quais significa "novo", "fresco", "puro". A santidade significa pureza, cerimonial ou moral. A pureza e a santidade são, praticamente sinônimas. Sendo Deus, o Senhor refulge com uma glória peculiar a Si mesmo. Ele se manifestou na sarça ardente, na coluna de fogo e no Sinai rodeado de fumaça. Referindo-se ao tabernáculo, Deus disse: "O 5


lugar será santificado por minha glória" (Êx 29:43). E quanto ao culto declarou: "Serei santificado naqueles que se cheguem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo" (Lv. 10:3). A narração da majestosa visão de Isaías disse: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória" (Is 6:3). Como Deus, o Senhor está separado, à parte, de toda a criação. A santidade é a natureza própria do divino, o que caracteriza Deus como Deus e motiva a adoração do homem. Deus é o "Completamente Outro", e se levanta inteiramente à parte de todos os demais deuses que, por certo, são imaginários. "Não há santo como o Senhor; porque não há outro além de ti" (1 Sm 2:2). A santidade de Deus significa sua diferença, seu caráter único como Criador, Senhor e Redentor. "Somente Aquele que pode dizer: 'Eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador algum' pode ser 'O Santo de Israel''' 8. Entretanto, sua transcendência ou sua separação não significa que seja remoto. "Deus foi transcendente desde o princípio, posto que era diferente do homem, mas não era transcendente no sentido de que fosse distante do homem. Eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti, (Oséias 11:9...) A transcendência não significa que seja distante. Significa diversidade". Por ser Deus, o Senhor é pureza sublime. É impossível que o Santo tolere o pecado. Em Gênesis o vemos preocupado com a má intenção dos homens, os desígnios perversos dos pensamentos da humanidade (Gn 6: 1-6). A santidade de Deus é desafiada pela perversidade crônica do coração do homem (Jr 3: 17,21; 17:9-10). Os olhos divinos são demasiado limpos "para ver o mal" (Hc 1: 13). Recordemos que, quando o profeta Isaías captou um mero sinal da santidade de Deus, gemeu: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!" (Is 6:5). Mais adiante em sua profecia Isaías declara: "Quem dentre nós habitará com o fogo devorador? Quem dentre nós habitará com chamas eternas?" (Is 33: 14). A santidade de Deus é um fogo consumidor: ou nos purificará de nossos pecados, ou nos destruirá com ele! É tal como Jesus advertiu: "Porque cada um será salgado com fogo" (Mc 9:49). Podemos escolher entre o fogo refinador que nos faz santos (MI2:2-3) e a ira que nos destrói (Ml 4:1). 2. Santificação "Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo" (Lv 19:2). Esta ordenança se refere tanto à moral como ao ritual, tal como se toma evidente, ao ler o código de santidade (Lv 17-26). Nos primeiros dias da história de Israel os elementos ritualísticos ou do culto eram os que sobressaíam , mas os elementos éticos também estavam presentes. Nos profetas, os motivos morais e éticos da santidade eram os temas dominantes, mas o ritual não foi inteiramente perdido de vista. "É certo que a doutrina da santidade de Israel no princípio descrevia um estilo de vida no quais os elementos ritualistas e ético se mesclavam a tal ponto que não podiam ser reconhecidos. Entretanto, até o fim, a doutrina denotava um estilo de vida no qual os dois estavam mesclados, sendo a ética o elemento essencial e superior". A palavra hebraica que traduzimos por "santo" geralmente se interpreta por "separado, apartado". Mas este é somente o seu segundo significado, que se deriva do propósito daquele que é santo. Seu significado principal é ser esplêndido, belo, puro e livre de toda contaminação. Deus é santo - como Aquele que é absolutamente puro, resplandecente e glorioso. Portanto, o símbolo dele é a luz. Deus habita em uma luz inacessível... E Israel haveria de ser um povo santo, como se estivesse morando na luz, trazendo graça à sua relação de pacto com Deus o que fez de Israel um povo santo não foi o fato de ter sido selecionado dentre todas as demais nações, mas sim a relação com o Deus que tornou possível tal escolha para o povo. O chamado de Israel, sua 6


decisão e sua seleção, foram só os meios. A santidade mesmo haveria de ser lograda, ou alcançada, por meio do pacto, que provia o perdão e a santificação, e no qual Israel seria guiado para frente e para cima, mediante a disciplina da lei e a direção do braço santo de Deus. De modo que, se Deus manifestou a excelência de seu nome na criação, o caminho de sua santidade estava em Israel. Bowman faz uma distinção entre o significado profético e sacerdotal da santidade. A idéia sacerdotal é a de ser apartado, dedicado, separado. O "santo" é aquele separado para Deus. Neste sentido, o templo, o sacerdócio, o dízimo, o dia de descanso, toda a nação, eram "santos". A idéia profética é ética, tal como a vemos em Isaías 6 e Malaquias 3. Ambos os significados combinam, como já temos visto, o "código de santidade" de Levítico 19, cujo ponto mais sublime é uma ética que diz: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor" (veja os vv. 9-18). "O Novo Testamento, finalmente recorre somente ao lado profético do termo e o perpetua. Todos os cristãos devem ser 'santos' ('chamados a ser santos', Rm 1:7), ou seja, eticamente santos, separados, consagrados ao serviço de Deus (Mc 6:20; 10 17: 17; Ap 3:7), para que possam ter companheirismo com o Santo (At 9:13; Rm 1:7; Hb 6: 10; Ap 5:8)". Walter Eichrodt estabelece o mesmo conceito ao escrever: O elemento decisivo no conceito da santidade resulta em pertencer a Deus... (Mas) o homem que pertence a Deus deve possuir uma classe especial de natureza, que incluindo ao mesmo tempo pureza externa e interna, ritual e moral, corresponderá à natureza do Santo Deus. A visão de Isaías no templo revela com clareza a natureza ética da santidade tal como se relaciona à experiência humana. A santidade de Deus se comunica de per si ao adorador. Ela se torna 3. Perfeição Na pregação dos profetas a santidade de Deus se torna uma demanda de justiça pessoal e de justiça social. É nesta combinação de santidade e justiça que o chamado de Deus à perfeição pode ser entendido. De Deus foi dito, "perfeito é seu caminho" (SI 18:30), mas o homem que teme a Deus deveria também, de fato, "caminhar" com Deus neste "caminho perfeito" (SI 18:32; 101:2,6). Uma revelação de Deus inclui um reconhecimento de sua santidade única. Isto, por sua vez, manifesta a falta de santidade do homem, sua pecaminosidade, o quanto necessita misericórdia. A santificação é o ato de graça de Deus que faz o pecado ser removido, e que promove a conformidade de homens obedientes à perfeição de Deus em justiça. A conseqüência desta seqüência é a perfeição do homem em santidade. O termo hebraico que traduzimos por perfeição significa plenitude, justiça, integridade, liberdade de mancha ou culpa, paz perfeita. Uma maneira de enunciar a idéia no Antigo Testamento era a expressão metafórica "caminhar com Deus" em fidelidade e companheirismo. Enoque “caminhou com Deus" (Gn 5:22,24). Em Hebreus 11 :5, a idéia se expressa dizendo que Enoque "obteve testemunho de haver agradado a Deus". De Noé lemos que "andava com Deus" (Gn 6:9), em contraposição aos seus vizinhos. O mandamento que Abraão recebeu foi: "Anda na minha presença e sê perfeito" (Gn 17: 1). Além de excelente produção poética sobre o sofrimento imerecido, o livro de Jó é um tratado sobre perfeição. Neste livro

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Jó é apresentado como um "homem perfeito e reto" (que é uma tradução literal do original), e "temente a Deus e que se desviava do mal" (Jó 1: 1). Satanás admite, muito a contragosto, tal descrição. Mas os "amigos" de Jó a recusaram. Ao final, ainda que o problema do mal acabe sem contestação, Jó sai vindicado. No início do livro, Satanás admite que Jó era justo, mas é cínico quanto ás motivações do patriarca. O inimigo de Deus insiste que a justiça de Jó resulta de seu desejo de ser próspero materialmente. Retire este fator, ou ganância, demanda Satanás, e veremos quão rápido se rebela J ó. Mas Jó passa bravamente pela prova e desta maneira justifica a afirmação de Deus de que a justiça de seu servo é sincera, portanto genuína. A perfeição de Jó era uma questão de motivação, de seu amor desinteressado a Deus. O coração de Jó era perfeito diante de Deus, pois sua intenção era pura. Eis a idéia básica de perfeição no Antigo Testamento. Com exceção feita ao Decálogo, é provável que nenhuma outra passagem do Antigo Testamento tenha influído tanto no povo judeu como o Shema. Assim é chamado o credo de Israel: "Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força." (Dt 6:4-5). Declara-se que o amor é a motivação pela qual o Senhor escolheu Israel, e que o amor, demonstrado pela obediência, há de ser a resposta de Israel a esse amor (Dt 7 :6-11). Para tomar possível esta perfeição em amor, deve haver uma exclusão da perversidade. Mas se a exigência é grande, a provisão é suficiente: "O Senhor, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o Senhor, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas" (Dt 30:6). Esta passagem bíblica se converte na grande doutrina neotestamentária da circuncisão do coração pelo Espírito Santo (Rm 2:29; C12: 12). Mediante a circuncisão do coração e a purificação da natureza pecaminosa, o amor perfeito é tomado possível para o povo de Deus! Esta é a doutrina de John Wesley da perfeição cristã (vide Capítulo 1). B. A Doutrina do Novo Testamento 1. A Promessa do Pentecostes Poderiam ser os homens santos antes do tempo de Cristo? A experiência de Isaías no templo é uma resposta afirmativa e refulgente. Sim, era possível alcançar a perfeição sob o Antigo Pacto. Mas o privilégio de uma visão santificadora do Senhor somente era dado aos membros de uma aristocracia espiritual; os soldados de carreira, a quase totalidade dos israelitas, estavam encerrados sob a lei e viveram no vale de repetidos fracassos (Hb 10: 14, veja também Rm 7:7-25). Antes que todos pudessem experimentar a libertação do pecado, e a perfeição em amor, era necessário que interviesse um derramamento espiritual sobre o povo de Deus. Esta efusão do Espírito de Deus era o que os profetas antecipavam intensamente. Através de Jeremias, Deus havia declarado acerca deste dia: "Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei" (Jr 31:33-34). Ezequiel fez uma profecia quase idêntica: "Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados... Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo... Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observei:;" (Ez 36:25-27). Referindo-se ao mesmo dia, Jeová declara através de Joel: “... derramarei o meu Espírito sobre toda a carne" (Jl2:28). É muito significativo que os rabinos judeus interpretem estas 8


promessas e outras parecidas como que descrevendo uma atividade santificadora futura do Espírito de Deus que caracterizaria a era messiânica. Um exemplo típico de literatura rabínica sobre este particular é a forma que S. Simeão Ben Johai interpreta a frase de Ezequiel: “E Deus disse, 'Neste tempo, porque o impulso mau existe em vocês, têm pecado contra mim; mas no tempo vindouro Eu o extirparei de vocês'" 15. O texto de santidade mais importante do Novo Testamento é a declaração de Simão Pedro no dia de Pentecostes: "Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel..." (At 2: 16 e seguintes). O derramamento do Espírito esperado por tanto tempo, havia acontecido. A era do Espírito que Ezequiel profetizara havia chegado. A profecia de Jeremias se tomava parte da história, tal como o escritor de Hebreus declara: "Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito: Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei, acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre" (Hb 10: 1417). Seria difícil exagerar a importância desta verdade. Longe de ser algo periférico, a perfeição está no cerne do Novo Pacto. Ao apregoar a vinda do Messias, de quem era predecessor, e fazendo eco às palavras de Malaquias, João Batista declarou: "Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3: 1112). Esta... é a ênfase constante do Novo Testamento: a obra, a presença, a pureza, o poder do Espírito Santo. Dispensacionalmente tudo haveria de culminar Nele e com Ele. Sua vinda ao coração do crente individual e sua resultante presença purificadora e capacitadora era a consumação final dos tempos16. John Wesley viu isto claramente, e o expressou assim em Uma clara explicação da Perfeição Cristã: “Os privilégios dos cristãos não podem, de maneira alguma, ser medidos pelo que o Antigo Testamento disse a respeito dos que viveram sob a dispensação judaica. Posto que a plenitude do tempo tem chegado, o Espírito Santo tem sido dado, e essa "grande salvação" já tem sido oferecida aos homens pela revelação de Jesus Cristo” 2. O Significado da Santificação A doutrina do Novo Testamento é edificada solidamente sobre o alicerce dos ensinamentos do Antigo Testamento. Uma repassada cuidadosa das referências neotestamentárias sobre o assunto indica que, ainda que seja dominante o ensinamento profético ético, o significado ritualista e religioso tem sido preservado. Da Igreja cristã se diz que é uma "nação santa", cujos habitantes constituem um "sacerdócio real" (1 Pe 2:9). Outra descrição é que os cristãos são um "templo santo" (I Co 3: 17; Ef2:21; v. 1 Pe 2:5). Por esta razão, todos os cristãos são "santos", título que se encontra sessenta e seis vezes. E com maior ênfase do que no Antigo Testamento, a santidade do culto demanda pureza ética: "Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento" (1 Pe 1: 15). A santificação implícita deve tomar-se explícita ao saturar e fazer santas todas as partes da vida. A idéia central do cristianismo é a purificação do coração de todo o pecado, e sua renovação à imagem de Deus. Ao interpretar “hagiazo” (o verbo grego que significa santificar), Thyler inclui duas classes de purificação: (1) "purificar por expiação, livrar da culpa o pecado"; (2) "purificar interiormente pela reforma da alma". Isto corresponde ao que chamamos justificação (com o novo nascimento) e inteira santificação. 9


Com a justificação e a regeneração há a "purificação por expiação da culpa do pecado" (I Co 6: 11; Tg 4:8a). Wiley se refere a isto como a purificação da depravação adquiridal8. Mediante "o lavar regenerador" (Tt 3:5) a contaminação resultante de nossos pecados é retirada, e nós somos feitos "limpos" (Ir 15:3). Esta é a razão pela qual se diz que a santificação principia na regeneração. Negativamente, a inteira santificação purifica o coração da raiz ou presença do pecado, logrando ou efetuando uma devoção completa (de um só ânimo) a Deus (Jo 17:17, 19; Ef 5:26; I Ts 5:23; Tg 4:8b). A inteira santificação não é tanto um estado quanto uma condição preservada de momento a momento, conforme andamos na luz (I Jo 1:7). Positivamente, a santificação é a restauração da imagem moral de Deus "na justiça e santidade da verdade" (Ef 4:24). Esta santificação positiva inclui uma obra progressiva, que é iniciada na regeneração, acelerada pela purificação do coração e o encher-se com o Espírito, e consumada na glorificação. O processo é descrito com muita beleza por Paulo com as seguintes palavras: "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito" (2 Co 3: 18). a. A santificação como um processo total. A palavra hagiasmo aparece dez vezes no Novo Testamento e é traduzida "santificação" em cada caso pela Revisão de Valera2 (60) e muitas outras versões. A palavra "denota estado, mas não esse estado oriundo do sujeito, porém o que resulta de certa ação e certo progresso"19. O significado amplo de hagiasmo, que descreve e inclui o processo total da santificação, é indicado em 1 Co 1:30; 11 Ts 2: 13 e Hb 12: 14. Vendo-a eticamente, a salvação é santificação, ao fazer santas nossas vidas pelo Espírito santificador. Do princípio ao fim, nossa santificação pessoal é sua obra de graça em nós. Esta santificação é toda uma peça, uma "continuidade de graça" levada adiante pelo Espírito Santo. "O Espírito Santo" escreveu John Wesley, "não só é santo em Si mesmo, como também a causa imediata de toda santidade em nós". b. Santificação inicial. A santificação principia na regeneração. A nova vida iniciada pelo Espírito Santo é um princípio de santidade. "O amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado" (Rm 5:5). Ao escrever aos cristãos de Corinto, Paulo disse: "Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados... herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (I Co 6:9-11). Em seu sermão "O Pecado nos Crentes", Wesley disse o seguinte sobre essa passagem: "Já haveis sido lavados", disse o Apóstolo, "já haveis sido santificados", o que significa, que haviam sido purificados "da fornicação, da idolatria, da bebedice" e toda outra forma de pecado externo; todavia, ao mesmo tempo e em outro sentido da palavra, não eram santificados, não eram lavados, internam.te, da inveja, de pensar mal, da parcialidade 2°. Portanto nós falamos da santificação inicial, dizendo que é parcial em vez de completa, ou inteira. Este último termo, disse Wesley, "não é indefinido, no sentido de não denotar a purificação do pecador. Antes, é um termo definido e se limita estritamente a essa culpa e depravação adquirida, resultante de pecados cometidos e dos quais o pecador mesmo é responsável" 21. A exortação de Paulo em II Coríntios 7: 1 é outra passagem onde também se refere à santificação inicial ou parcial. O Apóstolo escreve: "Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus". Este versículo advoga por ambas, a santificação inicial e a inteira santificação. Os Corintios haveriam de aperfeiçoar, ou de fazer que fosse completa uma santidade 10


que (então) só era parcial. c. Inteira santificação. Se bem que muitas passagens do Novo Testamento impliquem a doutrina da inteira santificação, outras parecem demandá-la. Entre estas citamos João 17: 17; Romanos 6:12-13; 12:1-2; 11 Corintios 7:1; Efésios 1:4; 5:26; 1 Tessalonicenses 5:23; Tito 2: 14, e talvez Hebreus 13: 12. Os limites da presente obra não permitem incluir uma exegese de todas estas passagens. Entretanto alguns rápidos comentários são essenciais. Em Romanos 6, Paulo exorta seus leitores - mortos para o pecado e ressuscitados em novidade de vida (6: 1-10) - que façam três coisas: (1) que se considerem a si mesmos como aqueles que de fato morreram com Cristo para o pecado e através Dele foram feitos vivos para Deus (6: 11); (2) que deixem de oferecer os membros de seus corpos a serviço do pecado (6: 13); e (3) que se entreguem, ou se apresentem a si mesmos diante de Deus "como pessoas que foram trazidas da morte para a vida" (6: 13; BLH) 3. A relação deste ato de fé obediente à verdadeira santificação se indica no versículo 19: "No passado vocês se entregaram inteiramente como escravos da impureza e da maldade para servir o mal. Agora se entreguem como escravos de Deus para viverem uma vida de santidade" (BLH). Romanos 12: 1-2 repete a mesma exortação a uma consagração completa ou total, para uma santidade completa. Efésios 5:25-27 marcha na mesma direção: "Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito". Cristo se entregou a si mesmo para santificar a Igreja, que já havia recebido a lavagem da regeneração. O versículo 27 nos informa que esta santificação logra a condição de estar "sem mancha", postulada em Ef. 1:4. Em I Tessalonicenses, Paulo se regozija, porque seus convertidos haviam recebido o evangelho "em poder, no Espírito Santo e em plena convicção" (1:5). Entretanto sua oração por eles é que sua fé seja aperfeiçoada (3: 10), com o objetivo que Deus afirmara: "o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus" (3: 13). Paulo insiste em recordar a seus leitores que sua santificação é a vontade de Deus e o chamado àqueles a quem já tem dado o Espírito Santo (4: 3-8). O ponto culminante de sua apelação acontece em 5: 14-24. O propósito de toda a epístola se expressa nos versículos 23 e 24, que diz: "O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará." (1 Ts 5 :23-24). O advérbio traduzido "em tudo" é a palavra grega mais forte que Paulo poderia ter usado. É um termo composto, que significa "inteiramente" e "perfeitamente". Morris escreve o seguinte acerca da oração do Apóstolo: A oração é que Deus os santifique por completo. Há um aspecto de nossa parte na santificação, posto que nos é pedido rendermos nossa vontade para fazermos a Portanto a evidência aponta para um significado duplo de perfeição. Um cristão pode ser, ao mesmo tempo, perfeito e imperfeito, de acordo com o sentido em que se utilizem as palavras. Uma perfeição relativa é agora possível mediante a fé no Espírito, mas a perfeição final não se realizará antes da ressurreição (Fp 3:11-12,20-21). a. Perfeição em amor. Uma das seções mais importantes sobre a perfeição é Mateus 5:43-48, que culmina com o mandato do Mestre: "Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste". A palavra "portanto" é a chave deste texto. Jesus está dizendo de fato: "Assim como vosso Pai celeste é perfeito, (e que o demonstra) enviando suas bênçãos sobre amigos e inimigos, vós deveis ser perfeitos em vosso amor por todos os homens". É evidente que este é o amor ágape, espontâneo, boa vontade que não se rende, que emana da vida interior de uma pessoa na qual mora o Espírito. Como tal, o amor perfeito é tanto o dom de Deus (Rm 5:5; 8:3-4; 1 Jo 4:13-17), como o mandamento de Deus (Mc 12:29-31; 1 Jo 4:21). 11


Quando este amor se expressa, a lei é cumprida (Mt 22:40; 1 Tm 1 :5). "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei... O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13:8-10). A perfeição cristã é perfeição em amor.

3. DEFINIÇÃO WESLEYANA DE SANTIDADE. (J. Knight – “À semelhança de Cristo”) Termos Gerais de Santidade: • Batismo com o Espírito Santo – sinônimo de inteira santificação; inclui a purificação moral do coração, mas dá ênfase à atividade positiva de Deus – capacitando para o serviço etc. • Perfeição Cristã – algumas vezes é usado como sinônimo de inteira santificação; porém refere-se geralmente à vida , atitude, e ação de santidade. • Plenitude do Espírito Santo – salienta a presença de Deus na vida do crente; dá ênfase ao aspecto progressivo e contínuo de uma vida cheia do Espírito Santo. Há um batismo no sentido de purificação instantânea e capacitação • Santo – condição de ser colocado à parte para o serviço de Deus – pessoas e coisas; condição ou estado de se encontrar moralmente puro e livre do pecado. • Santidade – exprime a condição ou qualidade do que é santo; a conseqüência de ser santificado; refere-se geralmente à vida de santidade. • Santificar – 1) Tornar sagrado ou santo; pôr a parte para serviço ou uso sagrado; consagrar por ritos apropriados, reverenciar como sagrado; (2) Ficar livre do pecado; purificar da corrupção moral ou poluição; tornar puro. • Santificação - ato e/ou processo pelo qual alguém se torna santo; é a atividade de Deus que purifica do pecado as afeições dos homens e os eleva ao sublime amor de Deus. • Santificação (inicial) – limpeza ou purificação da culpa do pecado; princípio da vida de santidade, simultâneo à regeneração. • Santificação (inteira) – limpeza ou purificação da contaminação ou espírito do pecado, subseqüente à regeneração; esse ato de Deus é instantâneo, pela fé; por ele o crente é purificado dos seus pecados e repleto do amor de Deus. • Santificação (contínua) – purificação de momento a momento em obediência e fé; atividade contínua de Deus no cristão, capacitando-o a progredir e crescer na vida de santidade. • Amor Perfeito – é a expressão do espírito e temperamento, ou atmosfera moral em que vive aquele que está inteiramente santificado (J.A.Wood); é total submissão à vontade de Deus e busca ativa do bem estar dos outros, mesmo inimigos. Termos Relacionados com a santidade • Adoção – ato de Deus pelo qual alguém entra na família de Deus e se habilita a todos os direitos, privilégios e herança da filiação. Tem lugar na conversão. • Redenção – obra reconciliatória de Deus que ficou completa com a morte do Seu Filho no Calvário. • Mente Carnal – espírito desregrado do homem; egoísmo desordenado que não está sujeito à lei de Deus; espírito contrário ao espírito de Cristo. • Consagração – ato de se colocar à parte para o serviço de Deus, sendo-se capacitado pela graça de Deus. Embora quem procure a salvação se dedique totalmente a Deus, tanto quanto é capaz, e cônscio tecnicamente esse ato só é possível à pessoa regenerada. 12


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Depravação – mostra a perversão pecaminosa da natureza do homem, a qual afeta todos os membros da família humana; a corrupção, ou o espírito de degeneração, ainda permanece após a conversão. Glorificação - perfeição física dada ao homem no último dia, a exemplo do corpo ressurreto de Cristo. Fraquezas – referem-se à fragilidade da natureza humana, provenientes da queda do homem e do seu comportamento pecaminoso. Elas ocasionam, por vezes enganos, erros de julgamento e ações erradas,. Embora essas deficiências não sejam estritamente falando, pecado precisam do perdão de Cristo e de ser abrangidas pela Sua redenção. Justificação – ato de Deus pelo qual o homem é perdoado dos seus pecados e aceito por Deus. Dá-se na conversão. Pecado Original – descreve a fonte dos pecados, a corrupção da natureza que dá origem a manifestações exteriores do pecado; também chamado pecado “inato” ou de “nascimento”. Regeneração - ato de Deus pelo qual o homem se torna nova criatura, nascido do alto ou do espírito, elevado da morte do pecado para uma nova vida em Cristo. É simultânea à justificação e adoção. Pecado (pecados) - ações exteriores ou atitudes interiores que provocam culpa, requerendo absolvição ou perdão. Pecado (pecabilidade) – corrupção ou espírito desregrado que insiste em seguir o seu próprio caminho, exigindo purificação.

4. A IGREJA DO NAZARENO E A SANTIDADE. Cremos:  “Na doutrina e na experiência de santificação como uma segunda obra da graça”;  “Que... Deus... é santo na Sua natureza, atributos e propósitos”;  “No Espírito Santo... que Ele está sempre presente e operando eficientemente dentro da Igreja de Cristo... regenerando aqueles que se arrependem e crêem, santificando os crentes e guiando e toda a verdade tal como está em Jesus”;  “Que o pecado original continua a existir com a nova vida do regenerado, até que seja extirpado pelo batismo com o Espírito Santo”;  “Que Jesus Cristo, pelos seus sofrimentos, pelo derramamento do Seu sangue e pela Sua morte meritória na cruz, fez uma expiação completa para todo o pecado humano; que esta expiação é a única base de salvação”;  “Que a inteira santificação é aquele ato de Deus, subseqüente à regeneração, pelo qual os crentes são libertados do pecado original, ou depravação, e levados a um estado de inteira devoção a Deus e à santa obediência do amor tornado perfeito”.  “É operada pelo batismo com o Espírito Santo e compreende, numa só experiência, a purificação do coração e a permanente presença íntima do Espírito Santo dando ao crente poder para uma vida santa e para o serviço”.  “A inteira santificação é garantida pelo sangue de Jesus e realiza-se instantaneamente pela fé, precedida pela inteira consagração; e desta obra e estado de graça o Espírito Santo testifica”;  “Esta experiência é também conhecida por vários termos que representam diferentes aspectos dela, tais como: “perfeição cristã”, “perfeito amor”, “pureza do coração”, “batismo como o Espírito Santo”, “plenitude da benção” e “santidade crist㔓. (Extraído do livro: “À Semelhança de Cristo”- John A. Knight).

II. FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS - DOUTRINA DE SANTIDADE 13


A. PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS FUNDAMENTAIS 1. A SANTIDADE DE DEUS “natureza

“A essência da verdadeira santidade consiste na conformidade com a e a vontade de Deus.”

(Samuel Lucas)

Deus não requer do homem aquilo que não lhe oferece. Antes Deus oferece ao homem as condições para que este seja santo. O Seu amor precede a Lei.  O caminho da santidade é suficientemente claro para aqueles que O buscam. (Is.35:8).  Deus se colocou perante o homem em santidade para incentivá-lo (Mt.5:48).  Para entendermos o que significa a santidade requerida para o homem, precisamos antes refletir acerca da santidade de Deus. Isto é bastante perceptível: 1. Através dos acontecimentos da vida diária dos escritores bíblicos. 2. Pela maneira como Deus se manifestou ao homem. “A declaração mais sublime que um homem pode fazer de Deus é dizer que Ele é “Santo”. Todo conceito de Deus se fundamenta na santidade. O maior dom que poderia ser oferecido a um homem é a santidade compartilhada por Deus. Negar a santidade de Deus é negar a realidade sagrada do próprio Deus. A palavra hebraica “Qodesh” [“santidade”] e congêneres aparece mais de 830 vezes; é a mais íntima entre todas para se referir a Deus. A). A Santidade de Deus é Única (Ex. 15:11 e 33:20: Is.40:25: Ap.15:4) Hino : “Santo, Santo, Santo” (L.A.) 1). Santidade e Transcendência de Deus.  Não existe santidade a não ser a que se encontra no próprio caráter de Deus ou a que Ele reparte com as criaturas.  Deus é independente e distinto, porque é Deus. 2). Santidade e Serviço de Deus.  Lugares santos, homens santos etc = “separados ao Senhor” [separado “para”e “de...”].  Quando em relação aos homens, não apenas no sentido de “simples afastamento de algo”, mas “ para a divindade ou que pertence à esfera do divino”.  “Quando a santidade é atribuida ao povo de Deus, implica a “separação do que é comum ou do mundo, com o propósito de pertencer a Deus. É separação para um alvo mais elevado, para servir ao próximo.” (J. Knight) B) A Santidade de Deus é Pura. (Is.57:15). Tanto há ênfase dos profetas, quanto dos escritores do Novo Testamento quanto à questão do Caráter Moral e Pessoal da Santidade de Deus. Ao se fazer referência a Santidade Divina, aparece como inevitável a repugnância do homem impuro (Hc.1:13: e Sl.45:7). Deus é absolutamente Santo. Possui todas as virtudes possíveis (ausência de qualquer perversão moral). Sua santidade está atrelada a Sua natureza Justa. O que nos leva à analise dos seguintes sub-tópicos: 1) O Afastamento do Pecado (Sl.24:3-4; 5:8; Hb.12:14).  Deus não está apenas separado do pecado; opõe-se a ele eternamente.(Is.59:2)  Por causa do pecado não poupou Seu próprio Filho. (Is.53:4-6; I Co.15:3) 14


2) A Impureza do homem.  Tomemos como exemplo a experiência de Isaías (cap.6): - a compreensão da sua impureza pessoal e seu clamor a Deus.(v.5) - A santidade divina é realçada na comparação com a depravação do coração humano. (1-5)  A santidade é requerida porque Deus é Transcendente e Puro; é possível porque Ele é Imanente e Bom. 3) A Glória de Deus (esplendor)  Este é um conceito ligado a Santidade de Deus (Ex.3:5; Ex.40:34-38; II Crô.7:1).  O Exemplo da Coluna de Fogo = Vista por Moisés e Israel simbolizando a Presença de Deus (Ex.14:24).  No Livro de Ezequiel é comum o uso de santidade para representar a glória divina (10:4).  Uma outra ilustração que temos é a da Dedicação do templo em Israel (I Rs. 8:1011).  Deus deseja manifestá-la e a reivindica entre os homens-(Sl.72:19; e Fp.2:10-11)  A mesma deve estar refletida no coração dos crentes. (II Co.3:18). C) A Santidade de Deus é Justa Os profetas ( VIII a.C.) deram uma nova visão do significado da “Santidade de Deus”: 1) Um caráter Ético. (Is.5:16; Am.5:24; 2:6-8; 5:7-10 e 21-23; Os.4:1; 6:6; 8:11-13; Is.1:23; 5:7, 11-12, 20, 22, 29:13; Mq.6:6-8; 2:1-2; 3:11). 2.) Justiça e Amor.  O homem não pode ser aceito por Deus enquanto viver em pecado ou tolerar a injustiça.  “O Código de Santidade”- (Lv.17-26) mostra que a adoração e o trabalho, bem como a devoção religiosa e a ética formam uma unidade indissolúvel.(Lv. 19:18).  Há uma ênfase continuada no Novo Testamento quanto a esta relação (Col.3:12; Rm.6:19; I Ts.4:6-7; II Co.7:1; I Ts. 3:12-13). 2. A SANTIDADE DO SER HUMANO NA CRIAÇÃO “A santidade de Deus refere-se a duas verdades fundamentais quanto ao Seu ser: (1) Deus é separado, Único, Distinto. A Sua santidade tem a ver com a Sua transcendência ou “diversidade” em relação ao homem (não confundir com distância ou lonjura). Deste modo o homem permanece diante Dele com temor e reverência. (2) Deus é Puro, Reto e Justo. Tem a ver com a Sua imanência ou proximidade, pois Ele deseja compartilhar com o homem a Sua pureza. Deste modo o homem deve curvar-se perante Ele em confissão e arrependimento.” (John Knight, p. 27-28). Deus ao mesmo tempo em que se conserva à parte e em oposição ao mundo; remove esta oposição com sua dádiva redentora (Hb.1:4 e 12:10). Os dois temas principais no Velho e Novo Testamento que testificam a verdade de que Deus deseja compartilhar com o homem a Sua Santidade, Sua natureza ou pureza são: A idéia do Concerto e a Criação do homem à imagem de Deus “. (John Knight)

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A) O Gracioso Concerto de Deus Com o Concerto do Sinai, Israel tornou-se o povo de Deus; eleitos por Deus para ser “um povo santo”(Ex. 19:5,6; cf. Livro-Levíticos.). Para que o povo desfrutasse dos benefícios deste pacto, algumas implicações deveriam ser consideradas: 1) O Requisito da Obediência: A validade deste pacto estava atrelada a obediência dos termos da Lei divina (preceitos morais). Embora Israel tenha sido admitido como povo separado (“santo”) de Deus, isto não significa que Deus renunciasse à Sua própria santidade, mas que Israel fora santificado na comunhão com Ele. A santidade do povo estava condicionada à sua contínua obediência. 2) Um Povo Santo: Assim como Deus havia escolhido Israel como povo santo, também constituiu a Igreja o Novo Israel, para ser separada, dedicada e consagrada ou “posta à parte para uma função peculiar, para a Sua Glória”. “Santo”quer dizer “estar consagrado ao Serviço a Deus”. Este termo tem um sentido cerimonial, podendo ser utilizado em relação ao “templo”, “as coisas e até a pessoas”(Ex.3:5,35:2;Lv.27:30; II Crô.35:13). Há casos em que este adjetivo pode significar “estar possuído por Deus”, ou “dedicado a Deus”, não implicando, necessariamente, em qualidade moral em si. O verbo “santificar” indica “tornar Santo” coisas e pessoas: o Altar - (Ex.29:36); o Sábado – (Dt.5:12); o Sacerdotes (Ex.19:22); o Altar que santifica a oferta (Mt.23:19); o O marido descrente (I Co.7:14); o Cristo (Jo.17:19). Ao tomarmos esses exemplos, concluímos que eles sugerem, de forma restrita, que os crentes também contribuem no processo da santificação (cf. I Pe.3:15). 3) Separados por Deus: Da mesma forma que no Velho Testamento o termo “santo” é usado no Novo Testamento para se referir ao povo de Deus, como aquele separado do mundo.  Paulo tratava os crentes no Novo Testamento por “santos” ou originalmente “hagios”= literalmente: “santificados” (Rm.1:7; e Ef. 4:12). Para Paulo, os que têm sido batizados em Cristo, são “santificados” (I Co.1:2).  De acordo com a Teologia da Reforma, todos os cristãos são “santificados” em virtude de estarem em Cristo ( “separados do mundo e devotados a Deus”).  “Isto significa: atribuição de santidade a pessoas ou coisas em virtude da relação com a Divindade, resultante de uma “separação” do que é comum e impuro e uma completa dedicação a Deus” (George A. Turner). 4) O Novo Concerto: O Novo Testamento desenvolve uma idéia de “santidade” a partir do conceito embrionário do V.T. e que só foi compreendida em parte pelos pelos seus escritores (V.T.), mas que serviu de base para uma Nova Aliança.  Ficou claro para o autor de Deuteronômio que Deus quer um povo santo, “um povo que é a Sua herança” (Dt.4:20; 7:6-8 e 9:29). Mais tarde os profetas combinaram com essa idéia o conceito de “remanescente”, ou seja, uma “comunidade santa” (Is.10:20-22; Jer.23:3;31:7; Am.5:15; Mq.1:7). Jeremias foi mais além prometendo 16


um Novo Concerto que Deus aplicaria apenas ao “remanescente” e que se cumpriria com a Vinda de Cristo (Jer.31:31-33). Nesse Novo Concerto Deus iria lidar mais do que nunca com as motivações das ações humanas. A religião deixaria de ser simplesmente exterior para que o caráter interior fosse a nota dominante (Ez.36:25-27). 5) Santidade Pessoal e Interior: No N.T. o sentido principal de “santidade interior” é de que ela precisa ser evidenciada exteriormente, através de uma conduta santa. Nós, como Igreja somos “o templo santo”, sendo Cristo, o Fundamento (Ef.2:19-20). “O sacrifício santo” é o “sacrifício vivo” do corpo dos crentes (Rm.12:1). A purificação moral ou santidade ética (At.15:8,9) é central na Nova Aliança e implica a renovação interior de si mesmo. (Jo.17). No Novo Concerto, Deus separa para Si um povo exclusivo através do sangue de Cristo (I Co.1:30-31; Hb.10:17, 19-22). B) O Homem à Imagem de Deus Nenhum aspecto na criação do homem é mais importante do que o ter sido criado “ à imagem e semelhança de Deus” (Gn.1:26:5:1:9:6b e Sl.8:5). Essas duas expressões que possuem essencialmente o mesmo significado descrevem a “relação íntima entre pai e filho”. Para um nível melhor de compreensão podemos explanar o assunto através dos seguintes tópicos: 1) Os Filhos de Deus: No sentido bíblico, nem todos podem ser considerados filhos de Deus. Popularmente há um conceito de filiação divina extremamente generalizada, onde se confunde criação com filiação. Precisamos compreender que pela perspectiva bíblica “filiação”, implica desenvolver-se um relacionamento positivo, onde o homem concorda e pratica os termos de amizade com Deus. Torna-se evidente, portanto, que os “filhos de Deus” são aqueles que desenvolvem uma relação de obediência a Sua vontade (Jo.1:12; Gal.4:7 e I Jo.3:2; Fp.2:14-15). 2) Conforme à Imagem de Cristo: A filiação do homem a Deus por meio da Redenção implica a semelhança deste com o seu Criador. Deus criou o homem com a capacidade de possuir de fato a imagem divina e de ser santo. “Embora tenha caído no pecado e perdido o aspecto moral e espiritual dessa semelhança, o propósito original de Deus permanece imutável. Sendo assim, enviou o Seu Filho para nos redimir, restaurando a retidão perdida através da cura da nossa natureza decaída”. Jesus é a manifestação perfeita da Imagem de Deus para nós. É ao mesmo tempo o padrão e o Instrumento divino para que o homem tenha sua imagem moral restaurada. De acordo com Ef.4:24 o “novo homem” pode ser entendido como o caráter de Deus refletido em nós; o reflexo da natureza divina em nossas vidas através da presença de Jesus em nós. O plano de Deus é que sejamos participantes da Sua natureza, tendo escapado da corrupção que há no mundo (II Pe. 1:4; Rm.8:29; Col.2:9 e Fp.2:5). “A necessidade básica de todo o homem quer esteja ou não ciente disso é ser à imagem de Deus (Sl.17:15). Onde a semelhança de Deus não é reimpressa na alma, não há satisfação permanente. Onde está presente , há um sentimento íntimo de realização, paz no coração e “repouso da fé”(Hb.4:9”. (John Knight p. 35). 17


3. A SANTIDADE SE PERDEU NA QUEDA “A maior demonstração do amor de Deus para com o homem está expressa no seu desejo e empenho de compartilhar a Sua Santidade, a Sua natureza, e a Sua imagem.” A) ALGO ACONTECEU... . A criação do homem = Deus o criou em estado perfeito.  “Bom”: (Gênesis 1:31) :  “Perfeito”: (Ez.28:12-15) e  “Reto”: (Ecl.7:29) Provas da perda desta imagem:  História.  Vida Contemporânea  A Aparição do pecado (como negação da santidade e oposição à natureza e caráter de Deus) - O pecado surge como elemento estranho, antagônico a Deus e aos interesses mais nobres do homem (Rom.8:7). Possibilidade de libertação completa do pecado (Hb.2:3)  Através de Cristo.  Entendendo a natureza do pecado  Compreendendo corretamente a obra de Cristo. B) A QUEDA DO HOMEM NO PECADO  Não podemos negar este fato ou minimizá-lo.  Conceitos errados de “pecado” == “ignorância”, “ilusão, “falsa subordinação da razão aos sentidos”, “transmissão de características animalescas de estados inferiores”; “limitação do ser finito”; “desnível social e econômico passível de correção”; “princípio eterno do mal”; “algo relacionado diretamente com a natureza sensual” .  A grande falha em nos limitarmos a estas definições é que se acaba por ignorar o caráter pessoal e a quebra de relacionamento do homem com o Deus Santo. C) A ORIGEM DO PECADO.  Causa não identificada  A essência do pecado= pode ser compreendida como a “recusa do homem em aceitar sua responsabilidade”. (Gn.3:11-13) lançando a culpa sobre mais alguém.  A origem do pecado teve a ver com o uso indevido do livre arbítrio. Com isto o pecado se instalou no homem , tornando-se uma possibilidade.  A responsabilidade do pecado teve tanto seu início como o seu prosseguimento (agravamento) no homem. Sua prática, simplesmente, depende deste. D) PECADO COMO DESOBEDIÊNCIA E REBELDIA  Começou com a desobediência consciente de Adão e Eva (Gn.3:1-6).  Houve transgressão a uma Lei de Deus (Sl.51:4).  O pecado não é apenas negligência a uma ordem, “é oposição ao Deus Vivo”. (“rebelião”).  A motivação do pecado original foi “o desejo de ser igual a Deus” = ficar no mesmo nível; se auto-dirigir – o homem deixou de reconhecer sua dependência de Deus.  O pecado, portanto, é : “emancipação de Deus”; “total independência de Deus”. 18


 Mesmo criado para ser livre e semelhante a Deus, o homem não pode ter liberdade e santidade à parte de Deus. (Jo.8:31-36). E.) PERDA DA IMAGEM DE DEUS: Lamentavelmente, o homem em sua queda (Gn.3:7-10) preferiu tornar-se à sua própria imagem, privando-se de retidão moral, de justiça, de santidade e da capacidade de fazer o que é reto (Jo.11:7-11; Jer.10:23: Rom. 7:15). “Antes da queda Adão era capaz de não pecar, depois da queda não era capaz de não pecar.” 1) O Dom da Graça Preveniente.  Mesmo com a queda de Adão (e ... a da raça humana) Deus conferiu-lhe certo grau de liberdade, responsabilidade e até mesmo a capacidade de praticar boas obras.  Esta graça restaura a liberdade necessária para o homem aceitar ou rejeitar a Luz (encontrada no Evangelho ou na Natureza) e refrear os pecados.  A corrupção do homem não é “total”, nem no sentido de progresso na maldade, nem de não poder obedecer a Deus. Porém este é incapaz de por si só dominar o pecado.  A graça preveniente capacita o homem a aceitar ou rejeitar a salvação. 2) Imagem Essencial e Imagem Espiritual.  A “Essencial” é a que faz o homem ser “humano”, mesmo no seu pecado . Tem a ver com aspectos, como: personalidade, inteligência, consciência, poder de escolha, imortalidade, capacidade de corresponder a Deus.  Já a imagem espiritual tem a ver com a sua santidade, a sua semelhança com Deus (demonstrada na sua relação com Deus).  Embora a imagem essencial ou natural não possa ser perdida, ela tem sido muito danificada: o juízo do homem é falho; seu corpo sujeito à doença e a morte. Não será restaurado totalmente até a outra vida.  Já a imagem “moral” foi completamente perdida (Ef.2:1). Na queda o homem se amoldou a sua própria imagem em vez de ser modelado pela imagem espiritual de Deus. F) O PECADO DE ADÃO E O PECADO ORIGINAL O pecado de Adão afetou de modo inexplicável a raça humana. (Rm.5:12; I Co.15:45). Este conceito é ampliado através dos seguintes desdobramentos: 1) Unidade da Raça.  Em Cristo vemos a humanidade unida no pecado, mas também na redenção.  Existem teorias sobre a transmissão do pecado para a humanidade, mas, estas são limitadas. O que importa é o fato. 2.) Privação e Depravação.  Tornamos-nos filhos da ira, por causa da transgressão de Adão ( Ef.2:3; Rom.5:12).  A universalidade que em Cristo inclui todos os homens também os inclui em Adão quanto à privação da graça de Deus e à depravação natural. 3) Pecado Universal ou de Nascimento. Refere-se ao primeiro pecado de Adão (ato pessoal) e não as conseqüências raciais do seu pecado.  O pecado original não deve ser confundido com o corpo ou com a sexualidade. O pecado original não é biológico, mas espiritual; não é uma cousa, mas separação de Deus e resistência do homem para com Ele. (Jo.3:19). 19


O Novo Testamento mostra o que Deus fez para restaurar o perdido em relação ao pecado ( II Co.5:25; 4:4; Col.1:15).  A Bíblia revela que mesmo com toda a pecaminosidade da raça humana o Espírito Santo pode purificar e encher o homem na vida presente. (I Jo 1:9)

Um “Raio (inteiro)

X”

do

“Velho

Homem”

1. A cabeça - “Toda …doente”. (Is.1:5). 2. Os olhos - “Cheios de adultério.”(II Pe. 2:14). 3. Os ouvidos - “São como a víbora surda que tapa os seus ouvidos. (Sl.58:4,5). 4. A boca - “Cheia de maldição e amargura.” (Rm.3:14). “ cheia de maldição, enganos e opressão.” (Sl.10:7). 5. A língua - “Carregada de veneno mortífero.”(Tg.3:8). 6. Os lábios – “Veneno de víbora está nos seus lábios .”(Rm.3:13). 7. A garganta – “A garganta deles é sepulcro aberto”. (Rm.3:13). 8. As mãos – “Há nas suas mãos obras de violência.” (Is.59:6). 9. Os pés – “Correm para o mal e são velozes para derramar sangue inocente.”(Is.50:7). 10. As entranhas – “Fel de áspede será no seu interior”. (Jó 20:14). 11. Os ossos - “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos”(Salmo 32:3). 12. O íntimo – “O seu íntimo é todo crimes.” (Sl.5:9). 13. O coração – “Adúltero, arrogante, áspero, perverso, assassino, avarento, blasfemo, ciumento, cobiçoso, contencioso, corrupto, depravado, desleal, desonesto, desagradável, desobediente, enfermo, egoísta, falso, feroz, fraudulento, grosseiro, hipócrita, impaciente, impenitente, implacável, impuro, inconstante, incrédulo, ingrato, insaciável no pecado, intolerante, invejoso, irreverente, justiceiro, leviano, mesquinho, manhoso, malicioso, negligente, obstinado, provocante, queixoso, rebelde, sujo, sombrio, sem paz, sem afeto natural, sem Deus, teimoso, tolo, taciturno, vaidoso, vingativo, zangado, enfim: desesperadamente corrupto (perverso).” 14. Desde a planta do pé até a cabeça – “Não há nele cousa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, uma e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo.” (Is.1:6).

4. A Provisão de Deus para recuperar a santidade. “A santidade não é o caminho para Cristo, mas Cristo é o caminho para a santidade”.

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Para que o homem seja aceito por um Deus Santo, precisa ser liberto do pecado e da pecaminosidade (I Jo.1:9). O desejo de Deus em ter um povo santo se cumpre na obra realizada por Seu Filho na Cruz. A maneira como a morte de Cristo destrói o poder do pecado e traz nova vida, ultrapassa a compreensão humana. Mas, quando os benefícios da redenção são apropriados pela fé, isto se torna uma realidade (ICo.15:3-4, 2:2 e 1:30). Deus ao revelar Seu amor reconciliador através do Seu Filho no Calvário, recuperou-nos a possibilidade de semelhança com Cristo. Foi estabelecido o novo concerto e iniciado o restabelecimento da imagem de Deus (II Co.5:17). A trindade como um todo está incluída na obra da redenção: é consumada pelo Pai (I Ts.4:3); Pelo Filho (Hb.13:12); e pelo Espírito Santo (Rm.15:16). Embora todo o ser de Deus esteja ativo em todas as fases da redenção, estudaremos a atividade redentora sob três perspectivas diferentes, ainda que complementares:

O PLANO DO PAI

A iniciativa de Deus em resolver o problema do pecado da humanidade pode ser verificada na Cruz (II Co.5:19). O que foi feito a favor do homem neste sentido, ultrapassou de longe qualquer estimativa; não podendo ser medido pelos padrões materiais, custando o sacrifício do próprio Filho de Deus, Jesus ( (I Pe.1:18-20). D.M. Baillie expressou: “Havia uma cruz no coração de Deus antes de se levantar uma no monte fora de Jerusalém”. Na verdade, a redenção não foi um plano secundário, mas antes, foi concebida e concretizada desde a eternidade, com amor e sacrifício. Deus ao permitir ao homem o livre arbítrio e consequentemente, o mau moral na criação, o fez com um alto custo: experimentando o sofrimento não apenas da rejeição ao Seu amor por parte do homem, mas também do desprezo a Sua própria pessoa, ou seja, pelo Seu caráter Santo.(I Ts.4:8). O plano do Pai foi executado progressivamente nos seguintes contextos: A) Fraqueza da lei e dos Sacrifícios. Todas as declarações da Lei, que tenham a ver com as relações do homem com Deus, ou dos homens entre si, surgiram da santidade de Deus ou do Seu desejo de ver a santidade no homem (Ex. 20; Lv. 19). A Lei requeria santidade (Lv.18:5). A pecaminosidade do homem, em contrapartida, apartou-o da presença do Deus Santo, tornando-o incapaz de cumprir Seus mandamentos. Esses fatos nos levam a um estudo mais detalhado, como se segue: 1) Entendendo as funções da Lei. A Lei embora benéfica, não podia afastar o pecado e reconciliá-lo com Deus.  A Lei foi eficiente em revelar o pecado do homem (Rm.3:20). Mas era incapaz de dominar o pecado e restabelecer a semelhança divina.  Revelou os requisitos de Deus e a incapacidade do homem em satisfazêlos. 2) Analisando os Precursores da Redenção de Cristo. A lei cerimonial, com seus sacrifícios e ofertas se tornou um elo importante, pois: Proveu um recurso provisório de reconciliação pelas transgressões do primeiro Concerto, os Dez Mandamentos (Gal.3:19; Hb.9:7). Serviu como símbolo de Cristo (Col.2:16,17). 21


Ensinou a necessidade de santidade e de derramamento de sangue como meios de remissão do pecado (Hb.9:1-15,22) Embora os sacrifícios exigidos pela lei não tivessem poder em si mesmos para expiar o pecado (Hb.10:1-4), apontavam para a eficácia do sacrifício de Cristo no cumprimento dos requisitos da Lei. 3) Descobrindo a Essência da Lei. Jesus simplificou os mandamentos divinos com o seu resumo do Decálogo (Mt.22:37- 40). O amor completo ou perfeito para com Deus e o homem satisfariam o requisito de Deus quanto à santidade. Por outro lado, Jesus “sabia o que havia no homem”(Jo.2:25); que este por si mesmo , não podia amar como Deus queria. Jesus faz a ligação entre o requisito de uma vida santa com o poder vivificante para vivê-la neste mundo A santidade, portanto, seria possível pela capacitação do “estar em Cristo” (II Co.5:17). 4) A Relação entre o Novo Concerto e a Redenção. A redenção de Cristo estabeleceu o “ novo concerto”de justiça e santidade pessoal (Lc.1:72-75). É interessante frisarmos que nem a morte de Cristo, nem os Seus ensinamentos anularam o antigo concerto (os Dez Mandamentos), mas tornaram possível o seu cumprimento (Hb.8:10). “Os padrões de certo e errado não mudaram para se ajustarem à natureza do homem, mas ao contrário, a natureza do homem é transformada para se adaptar a esses padrões”. ( J. Knight). 5) O Cumprimento da Lei.  O apóstolo Paulo apontou a fraqueza da Lei e o seu cumprimento em Cristo, bem como a capacitação que sobrevém ao crente quando tal cumprimento é apropriado pela fé. (Rm.8:2-4).  Os sacrifícios antigos foram substituídos por “um ministério mais excelente” e “um melhor concerto que está confirmado em melhores promessas” (Hb.8:6).  A lei cerimonial e os sacrifícios abriram caminho à graça. Esta “não é apenas um favor imerecido de Deus par a o homem, mas também uma possibilidade concedida por Deus ao homem, capacitando-o para corresponder ao padrão divino de santidade e justiça.”.(Turner) “Ver a Lei cumprida em Cristo E receber d`Ele o perdão Faz o escravo tornar-se filho E o dever ser uma escolha.” - Cowper

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B) O Amor de Deus e a Cruz. (Fatos determinantes) 1. O Juízo Divino e a Remissão dos Pecados A cruz revela o juízo de Deus sobre o pecado, e a bondade de Deus na remissão dos pecados (Rom. 3:25-26). O primeiro, resulta da Sua santidade, já o segundo do Seu amor. O grande paradoxo (aparente contradição) da fé cristã é o fato do próprio Deus, em Cristo pagar o preço pelos nossos pecados! 2. Um Deus de Amor Santo. O amor e a santidade de Deus não são de modo algum opostos. O que a Sua santidade exige, o Seu amor provê (I Pe.3;18). O motivo da redenção encontra-se no amor de Deus; sendo a vida e morte de Cristo as expressões mais sublimes desse amor. (Jo.3:16-17; Rom.5:8; I Jo.4:9; Rom. 8:31-32). Cristo, na Sua morte e intercessão, não poupou o homem da ira do Pai. Antes, foi Ele quem de livre vontade executou a vontade do Pai. A redenção se torna de fato nossa quando pela fé nos apropriamos do Seu sacrifício substitutivo. No Calvário, a “misericórdia e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram.” (Sl.85:10). 5. AS DUAS OBRAS DA GRAÇA (REDENÇÃO DO CARÁTER)

A PROVISÃO DO FILHO O motivo que levou Deus oferecer Seu Filho como “ propiciação pelos nossos pecados” (I Jo.2:2;4:10; Rom.3:25) foi a presença, no mundo, da pecaminosidade (pecado original) e do pecado como ato. Através da Sua morte e ressurreição, Cristo destroçou os poderes do mal (Col.2:13-15); desfez a inimizade entre o homem e Deus, e dos homens entre si. (Rom. 5:11; II Co.5:18-19; Ef.2;14-16); e abriu o manancial da santificação para a humanidade, tornando possível ao homem a vitória sobre o pecado e uma vida santa no dia a dia (Ef.5:25-27; Hb. 13:12; I Jo.1:7) ; cf. Rom.6:22). Ao sermos reconciliados com Deus apropriamo-nos pela fé dos benefícios da redenção, entre os quais, nos libertamos: (1) da Culpa do pecado; (2) do domínio do pecado e (3) do pecado inato. O primeiro benefício ocorre na justificação e adoção; o segundo na regeneração (simultânea à justificação/ conversão), já o terceiro na inteira santificação (que cremos ser uma “segunda obra da graça”, após a regeneração). Na redenção de Cristo somos reconciliados com Deus e com Seu plano, a nossa harmonia com Ele torna-se uma realidade. A) A Redenção da Comunhão. Esta conquista é resultado de dois atos distintos de Deus: 1. Justificação. Ser justificado é ser perdoado de todos os pecados passados, através de um ato gracioso de Deus; é estar livre de condenação ou culpa do pecado; ser aceito por Deus como se nunca tivesse pecado. Justificação é o que Deus fez por nós em Cristo. Há uma mudança de relação com Deus quando alguém é proclamado justo por Ele. Vale 23


destacar que Deus nunca declara alguém justo [justificado] sem o tornar justo. Para Ele agir de outro modo seria o mesmo que errar ou mentir. 2. Adoção. É um ato de Deus que acontece, independente de nós e que se caracteriza por uma mudança na nossa relação com Ele. “Pela justificação, Deus recebe-nos na Sua graça; pela adoção, recebe-nos no Seu coração”. (W.T. Purkiser). Enquanto a justificação supera o afastamento e a inimizade, a adoção aceita-nos como membros da família e da afeição de Deus. Na qualidade de filhos de Deus passamos a desfrutar dos seguintes direitos e bênçãos:  Herdeiros e co-herdeiros (Rom.8:17)  Reivindicação – daquilo que é de Cristo (I Co.3:21).  Herança eterna (II Tm.4:8; Tg.1:12; I Pe. 1:4). B) A Redenção da Caráter Ainda que seja maravilhosa a nova relação descrita pela justificação e adoção, esta não abrange todos os benefícios da Redenção. Por causa da intransigência do pecado e da vontade de Deus, no sentido de que o homem seja santo, subentende-se que seja possível a redenção do seu caráter, produzindo, assim, uma nova harmonia com Deus. Pela Bíblia somos admoestados a “despojar-nos do velho homem”e a “revestir-nos do novo homem...que segundo Deus é criado em verdade, justiça e santidade”. (Ef.4:22-24; Rm.13:14; Col.3:911). “O fator principal na salvação do homem não é a remoção da culpa, mas a transformação do pecador num filho de Deus obediente.” (F.C. Grant ). Existem duas etapas principais na Redenção do caráter, a saber: 1) União com Cristo. A salvação compreende tanto um aspecto positivo, como um negativo. Enquanto o aspecto negativo é o perdão e a justificação; positivamente, Deus propõe-se a dar a Si mesmo e tornar-nos “como Cristo” (Col.1:27). O propósito da vinda de Jesus e do dom do Espírito Santo é reproduzir em nós a Sua própria vida. (Jo.10:10). O novo homem passa a ser possuído de uma crescente semelhança com Cristo (II Co.5:17). Na Redenção a barreira do pecado é desfeita, colocando fim à separação que este produziu. Mas, também somos incorporados no Corpo de Cristo, a Igreja, passando a participar de uma “nova união” que ultrapassa todo o entendimento humano. 2) Santificação por Cristo. “Cristo... por nós foi feito... santificação [santidade].” (I Co.1:30). Somente quando a união com Cristo é encarada como central é que a santificação é compreendida na sua verdadeira natureza: como a revelação do próprio caráter de Cristo, na vida do crente. Esta compreensão trará, certamente, implicações éticas para a experiência religiosa. A finalidade da Inteira Santificação é destruir o poder do domínio do pecado. De acordo com o ensinamento bíblico: a santificação, no sentido mais amplo determina a cura completa, pela graça dos efeitos do pecado. Valendo ressaltar que uma 24


possível remoção lenta desses efeitos, deve-se a capacidade do homem e não ao poder de Deus. Toda a santidade e santificação resultam da ação de Deus, através de Cristo na Cruz. Os termos: “santificação e “santidade” não possuem o mesmo significado. “Santidade” em relação ao homem refere-se à vida santa; “a qualidade e fases da vida moral ou religiosa; santificação: indica o “ato ou processo pelo qual alguém se torna santo”. (Orton Wiley) As Escrituras distinguem três significados de “santificação”: a) Santificação Contínua – Trata-se de um processo completo. A palavra “hagiasmos” (grego) é traduzida por santificação. Ela aparece inúmeras vezes no N.T. indicando:  “Progresso” – (Rm. 6:19,22; I Co. 1:30; I Ts.4:3-4,7; II Ts.2:13; I Tm.2:15; Hb.12:14; I Pe.1:12).  “A obra total de Deus desde o primeiro momento de convicção [despertamento espiritual] até à semelhança final. (Jo.16:8-11; At.2:3738).  “A restauração da Imagem de Cristo”.(Ef. 3:14-21 e 4:13). Em nenhuma parte das Escrituras há indicação de que o poder para viver uma vida santa ou para se obter crescimento na graça dependa do esforço humano. (II Co.7:1), antes pressupõe a ação divina. b) Santificação Inicial – (I Co. 6:9-11) – Compreende a purificação da culpa interior do pecado – a limpeza através da regeneração. Trata-se da purificação do pecador: dos seus pecados antigos e da impureza que acompanhava as ações pecaminosas. Nessa experiência todos os crentes estão limpos dos seus pecados e libertos do domínio ou poder do pecado. No momento da conversão dá-se uma transição marcante em que cada cristão é “inicialmente santificado” ou tornado “santo”. A partir daí, o cristão procura conservar esta relação e viver sob a proteção do Espírito Santo, dirigindo-se normalmente para a próxima etapa: a inteira santificação e a maturidade cristã. c) Inteira Santificação – Acontece pela fé num momento. O crente é purificado do pecado inato ou corrupção herdada, e o coração é aperfeiçoado em amor (Jo.17:17-19; II Co.7:1; Ef.1:4; 5:26; I Ts. 5:23-24). A ação divina iniciada na regeneração e mesmo antes, completa-se num “ laço de perfeição”, unindo o crente tanto a Deus como ao próximo. O ideal divino é que o “ nascido do Espírito” não se oponha a esta obra de purificação, ou que se afaste do alvo final: de tornar-se semelhante a Cristo. Não é possível alguém teimar em resistir ao Espírito Santo por tempo indeterminado e ao mesmo tempo ser digno da “soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. (Fp.3:14).

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É interessante observarmos algumas das diferenças entre os resultados obtidos na justificação (santificação inicial) e na inteira santificação: (Livro: “Santidade Explanada”)

VIDA... AMOR... SUBJUGAÇÃO do “homem velho” Paz COM Deus FRUTIFICAÇÃO da “Carne” (Gal.5:19-21) DIREITO aos céus Revestimento do “HOMEM NOVO’”... GOZO (intermitente)... PERDÃO (Ato judicial) ENTREGA, ARREPENDIMENTO, e fé... Libertação de CULPA e CONDENAÇÃO... O Espírito Santo está COM e DENTRO do crente FILHOS DE DEUS por adoção... Condição: “CONFISSÃO DE PECADO...” Pecado como um ATO – pecados cometidos

Vida mais ABUNDANTE Amor PERFEITO CRUCIFICAÇÃO do “homem velho” Paz DE Deus Frutificação no ESPÍRITO (Gal.5:22-23) APTIDÃO para os céus Despojamento do “HOMEM VELHO” PLENITUDE de gozo (constante) PURIFICAÇÃO (função sacerdotal) OBEDIÊNCIA, CONSAGRAÇÃO e fé Livramento de MAU GÊNIO e APETITES anormais O Espírito santo GOVERNA o crente REIS E SACERDOTES por unção. Condição: “ANDAR NA LUZ...” Pecado como um PRINCÍPIO – natureza pecaminosa herdada. NASCIMENTO do Espírito... BATISMO com o Espírito. Restauração ao FAVOR de Deus, perdido pela Restauração à IMAGEM MORAL de Deus perdida nossa PRÓPRIA desobediência. pela desobediência de ADÃO. Comunicação de uma NATUREZA Crucificação da NATUREZA CARNAL (morto para o ESPIRITUAL (vida eterna) pecado). Retirada do HOMEM do mundo Reitirada do MUNDO do homem (ambições e desejos mundanos). LIBERTAÇÃO do pecado “VERDADEIRAMENTE LIVRES...” UNIDOS a Cristo como a “VARA”. “PURIFICADOS para que dêem mais fruto...” Uma “FONTE de água...” “RIOS de água viva...” RESGATE de um homem afogando-se Tirar a água dos PULMÕES do afogado. (Tirar a água do (Tirar o homem da água). homem). Remoção de qualquer apego pelo mundo (Rom.12:1-2; IJo.2:15). a condição pecaminosa (auto-idolatria e egocentrismo) e; moldar-nos à semelhança de Cristo.

“A vida santificada é a vida de Cristo. Se a entrega total de Cristo tornou possível a nossa redenção, a nossa entrega completa [rendição completa do eu] é o meio pelo qual tal redenção se torna efetiva em nós”. (Dr. Ralph Earle) 26


(Extraído da apostila: “Doutrina de Santidade. I.N.LN. Baseada no livro - À Semelhança de Cristo”- John A. Knight). B. ETAPAS NA SOTERIOLOGIA (“ESTUDO DA SALVAÇÃO”) WESLEYANA I) A GRAÇA PREVENIENTE Para compreendermos melhor este tema podemos comparar o processo de salvação a uma casa: a graça preveniente seria a varanda; a justificação, a porta e a santificação ou santidade aos cômodos da casa onde somos chamados a mora. Embora esse processo descreva a ação divina e a resposta humana, a ação de Deus vem primeiro. Essa “vem antes” (pre-venio) de estarmos conscientes de que Deus está nos buscando, usando estímulos sutis e nem tão sutis visando despertar-nos para a nossa verdadeira condição. Em nenhum outro lugar a prioridade da graça é mais evidente do que aqui. Nessa doutrina Wesley deixa clara a impossibilidade da humanidade decaída salvar a si mesmo sem a ação do Espírito e de outro a convicção de que Deus de fato intervém na condição humana para lhe abrir novas possibilidades. A intenção de Wesley é sustentar ao mesmo tempo a iniciativa divina, testificada na graça preveniente, e a responsabilidade humana. Deus não nos deixa impotentes em nossa condição. “Isto não é desculpa para aqueles que continuam no pecado e culpam o seu Criador dizendo:” Somente Deus pode nos vivificar; pois não podemos fazê-lo “. Pela natureza estamos todos mortos no pecado, ninguém está isento; não há homem puro por natureza., porém, nenhum homem está completamente destituído da” consciência natural “ou da graça preventiva. Cada homem tem maior ou menor medida disso. Nas palavras de Wesley: “Todo mundo tem... bons desejos, embora a maioria os sufoquem antes que possam lançar raízes profundas ou produzir frutos consideráveis. Todo mundo tem alguma medida daquela luz, que cedo ou tarde” alumia a todo o que vem a este mundo. Todo mundo se sente mais ou menos inquieto quando age de modo contrario a luz da própria consciência. De modo que nenhum homem peca porque não tem a graça, mas porque não usa a graça que tem.” De acordo com T. Runyan: “A graça não é apenas preveniente, mas terapêutica. A graça não é simplesmente um ato generoso de um juiz (Deus), mas um processo que envolve a presença do Espírito, reconhecida ou não e que leva a pessoa a um relacionamento que sustenta e reforça no caminho.... A graça em ação na vida humana, é preveniente tanto antes quanto depois da justificação, é concebido como sensibilizadora, vencendo a alienação e tornando-se plena.” A motivação divina em alcançar o homem não deve ser entendida como um decreto eterno (calvinismo), mas uma força curativa e que necessita de um desejo e cooperação com a parte humana para que seja efetiva. Nesse sentido a graça do Espírito pode ser repelida pelo ser humano que se sente ameaçado pelas implicações de mudança... “Essa graça é evidenciada como perdão e mais como a influência transformadora do amor de Deus, presente e ativo na vida humana”. A doutrina de Wesley concernente à graça preveniente pode ser estudada sob os seguintes aspectos: A SUTILEZA DA GRAÇA ”Wesley sem desmerecer o fato de que Deus é Senhor, Soberano, capaz de intervir e resolver tudo por decreto entende também a graça como cooperante. Ela convida a parceria, a qual não 27


pode ser imposta, antes abre um grau maior de liberdade genuína. Ele não tira o entendimento, mas ilumina-o e fortalece-o. Não destrói as paixões, nem tira a liberdade, ou o poder de escolher o bem e o mal ; ele não força , mas assiste pela Sua graça e assim nos leva a escolha da” melhor parte “. A liberdade é necessária para garantir a ação conjunta e cooperativa entre a humanidade e o divino em cada passo do processo de salvação. Em resumo Wesley diz: “Seguindo o próprio caminho, sem ter Deus em seus pensamentos, quando, de surpresa, Deus vem ao seu encontro, talvez por meio de um sermão ou de uma conversa que desperta, talvez por uma terrível providência; ou pode ser que por meio de um toque imediato do Seu Espírito esclarecedor, absolutamente sem nenhum meio externo. Tendo agora vivo desejo de fugir à ira vindoura, deliberadamente vai ouvir a Palavra, do modo que for dado fazê-lo...até que Deus... diz a seu coração: ‘Tua fé te salvou. Vai em paz”. O PAPEL DA CONSCIÊNCIA NA GRAÇA PREVENIENTE: “A visão de Wesley a respeito da consciência é mais positiva que a da Reforma. Para Lutero a consciência pode condenar, mas não justificar. Ela se ajunta à Lei na acusação do pecador diante de Deus, e o papel da graça é livrá-lo da condenação da consciência por meio da justificação. Para Wesley não existe uma consciência” natural “(senso moral)”. Embora essa possa ser assim chamada por ser encontrada em todos os homens, ainda sim ela não o é no sentido exato, mas sim um dom sobrenatural de Deus, acima de seus dons naturais. Para Wesley uma prova contundente disso era que mesmo os incultos e pobres evidenciavam essa ação do Espírito em suas vidas. Além disso, estava convencido de que esse fenômeno fundamenta-se em Cristo, ‘o companheiro desconhecido de cada um de nós. ‘ Para ele não é a natureza, mas o Filho de Deus que é “a verdadeira luz, que ilumina a todo o que vem a este mundo”. De modo que possamos dizer a toda criatura humana: “Ele e não a natureza te mostrou ó homem o que é bom. É o Seu Espírito que te deu um exame interior, que te levou a sentir-te inquieto, quando andaste, em qualquer instante, contrário à luz que Ele te deu”. A consciência tem o papel saudável de nos levar a perceber nossa distância de Deus, a seriedade de nosso pecado e a necessidade de “arrependimento” Este não é um ato apenas humano, o produto do remorso e lamentos humanos por aquilo que fez ou deixou de fazer. Sua verdadeira causa é a indução do Espírito a um acordo com nossa real situação diante de Deus. A consciência tem um papel importante na salvação: “desculpar ou acusar”; “aprovar ou desaprovar; absolver ou condenar”, porque o arrependimento é necessário. Nessa função ela serve ao propósito do Espírito de nos confrontar com nossa verdadeira situação e como tal é um instrumento usado pela graça preveniente”. A UNIVERSALIDADE DA GRAÇA “Wesley está convencido de que o Espírito de Deus age no mundo inteiro, oferecendo a graça preveniente a todos os povos. A universalidade do fenômeno testifica este fato.” Quer a consciência seja natural ou acrescentada pela graça de Deus, ela é encontrada , pelo menos até certo ponto, em todo filho do homem, não apenas em todo cristão, mas em todos os maometanos, (budistas, hinduístas....). Todos os pagãos, até mesmo o mais vil dos selvagens. ”“. Embora os homens vivam de acordo com o melhor que saibam, Wesley entende como imperfeito o seu conhecimento atual (cf. I Co.13:10). O perfeito veio na revelação de Deus em Cristo. Como Igreja somos desafiados a procurar impactar as pessoas, cumprindo-nos fazer o possível para isso, mas depois deixarmos o resultado nas mãos de Deus. “Essa convicção sobre a presença de Deus em toda a vida humana dá a cada pessoa um valor infinito como objeto da atenção de Deus...Conforme Thomas Lessmann:” ela coloca numa situação de esperança até mesmo o ser humano que se afastou de Deus ou se rebelou contra Ele e 28


que está endurecido pelos seus pecados “. Há uma confiança fundamental na atividade de Deus que Wesley chama de ‘otimismo da graça’. O que equivale dizer que podemos nos aproximar das pessoas crendo que Deus está buscando executar a Sua própria obra em suas vidas”. É interessante observarmos que na perspectiva de Wesley toda a trindade atua em sintonia na questão da graça preveniente: “O Deus que age por meio do Espírito é aquele a quem Cristo revela ser bondoso, que busca os seres humanos onde quer que estejam.”. E ainda: “Os benefícios da morte de Cristo estende-se não apenas aos que tem o conhecimento preciso da sua morte e sofrimento, mas também dos que estão inevitavelmente excluídos desse conhecimento. Mesmo estes podem ser participantes dos benefícios da sua morte, embora ignorando a história, se a graça realizar-se em seus corações, de modo que os homens perversos tornem-se santos.” Wesley em seus sermões reforça sua convicção de que “não apenas” uma vaga consciência das linhas gerais do bem e do mal está universalmente disponível, mas que por uma voz interior, isto é, pelo Espírito, alguns não cristãos receptivos aprenderam os ‘princípios básicos da verdadeira religião....’Deus julgará os pagãos não pela aceitação ou rejeição de um Cristo, a quem não encontraram, mas em termos de como respondem a graciosa revelação (luz) que recebem ““. Em Jesus Cristo, Deus elege toda a humanidade para a renovação no destino para o qual foram criados, para ser a própria imagem de Deus. E a graça preveniente busca despertar cada ser humano a essa possibilidade. II) A GRAÇA CONVINCENTE Ainda que o homem tenha caído e esteja lamentavelmente depravado havendo na sua natureza uma forte tendência para o pecado, todavia ele ainda retém o atributo divino da liberdade. “Em toda opção de natureza moral, tem ele a liberdade de agir como lhe parece”. Nenhum decreto de Deus, nenhuma coordenação de elementos na sua constituição, o coage em sua ação moral. O auxílio gracioso do Espírito Santo é somente persuasivo, não obrigatório (At.7:51; Ef.4:30; I Ts.5:19). A livre vontade é uma causa original determinadora de si mesma e não efeito de causa nas suas opções. Ela é uma nova e responsável fonte de causa no universo. Provas: (Amos Binney – Compêndio de Teologia) 1. Consciência: “Eu sei que sou livre e está acabado”. 2. Semelhante liberdade é percebida no sentimento de obrigação moral e na convicção de culpa pelos nossos delitos. “Se o homem tem de ser punido no futuro estado, Deus é quem há de punir. Se é Deus que o pune, o castigo é justo. Se o castigo é justo, é porque o castigado podia ter agido de outro modo. Se o castigado podia ter agido de outro modo, ele era agente livre. Portanto, se os homens tem de ser punidos no mundo vindouro, eles não podem deixar de ser livres neste”. 3. As Escrituras em qualquer parte presumem que os homens são livres para obediência à Lei de Deus e conformarem-se às condições da salvação (Pv.1:23-31; Mt.23:37; Jo.7:17). 4. Se os atos morais dos homens são efeitos de causas determinadas por Deus, então Deus ou é autor do pecado, ou os atos humanos, são os efeitos de alguma coisa irresistível, tal como o motivo mais forte, ou a constituição de sua natureza. O universo está debaixo da lei de ferro do acaso e o pecado é uma ilusão e uma impossibilidade.

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5. O Espírito Santo exerce de acordo com o ensinamento e promessa acerca do ministério do Parácleto Divino, entre outras ações convenceria o homem do pecado, da justiça e do juízo divino (Jo,.16:8-11). 6. No Dia de Pentecoste lemos sobre a atuação prática e convincente do Espírito no coração dos que ouviram o sermão inflamado de Pedro, o que redundou na conversão de quase três mil almas (At.2:37-41). No decurso da história da revelação Divina ao homem encontramos um sem número de exemplos da atuação convincente do Espírito, atribuindo a graça que produz convencimento, favorecendo e gerando quebrantamento e até mesmo uma conversão genuína, comprovada por frutos dignos de arrependimento. III) JUSTIFICAÇÃO (Amós Binney- Compêndio de Teologia) No sentido teológico, ela é legal ou evangélica. É de importância que se observe esta diferença. A justificação legal é a que demanda estritamente a lei. Os anjos santos são justificados deste modo, como podia ter sido a humanidade se ela nunca tivesse pecado. Qualquer tentativa parra o pecador justificar-se pela lei é vão (Sl.119:3,4; 142:2; Rm.3:20,28). Entretanto, o crente que já foi perdoado, ou justificado, pela fé em Cristo, se diz ser justificado pelas obras quando Deus aprova as suas obras como prova da genuidade da sua fé. (Tg.2:14-26). Aquela justificação de que tratam as Escrituras principalmente, e que toca o caso do pecador, é chamada justificação evangélica ou perdão; pelo que se quer dizer a aceitação por Deus de alguém, que é que se confessa culpado e que se arrepende e crê em Jesus Cristo. (Mc.1:14,15:16:16; Rm.1:16,17; 4:3-7; 5:1; Gal.2:16,17). Quanto ao método da justificação, há três causas a considerar: a causa originadora, a meritória e a instrumental. A causa originadora é a graça de Deus, que levou quando estávamos expostos à morte, como conseqüência da nossa ofensa, a prover um substituto em Seu Filho (Rm.3:24-26; II Co.5:1821; Gal.2:16-20; Ef.2:4-8, 15,16; 5:2; Tt.3:4-7). Este substituto é a causa meritória da nossa justificação. O que Jesus Cristo fez em obediência aos preceitos da lei, e o que Ele sofreu em satisfação à penalidade dela, constitui a base do nosso perdão e da nossa justificação, perante Deus. (At.13:38,39; Rom.3:21,22). Quanto à causa instrumental da nossa justificação, o mérito de Cristo não opera de modo a produzir o perdão como um efeito necessário e inevitável, mas pela instrumentalidade da fé. “Observe-se, porém, que o verdadeiro sentido da expressão: “somos justificados somente pela fé em Cristo”, não é que este ato nosso de “crer em Cristo” ou a fé que está dentro de nós nos justifiquem, pois isto seria atribuir a justificação a algum ato ou virtude existentes em nós, pois embora tenhamos fé, esperança e amor e pratiquemos muitas boas obras, ainda assim, precisamos renunciar o mérito de todos: da fé, da esperança e amor e todas as virtudes e boas obras que tenhamos feito, faremos, ou possamos praticar como demasiadamente fracos para merecer a nossa justificação. Temos, portanto de confiar somente na misericórdia de Deus e nos méritos de Cristo para consegui-la. Pois Ele foi o único a tirar nossos pecados. Temos de ir somente a Ele para isto, esquecendo as nossas virtudes, boas obras, pensamentos, palavras e confiando somente em Cristo.” (Burtner, R. W. Coletânea da Teologia de João Wesley, p.) IV) REGENERAÇÃO “Esta é aquela obra do Espírito Santo pela qual experimentamos uma mudança no coração; a recuperação no coração da imagem moral de Deus.(Ef.4:23,24). Esta obra é expressa na Escritura de diversos modos (Dt.30:6; Gn.51:10; Jr.24:7;31:33; Ez.11:19; 36:25,26; Jo.1:12,13; 3:5-8; At.3:19; Rm.12:2;13:14; II Co.3:18; 5:17; Cl.1:112-15; 3:10; I Pe.1:22-23; II Pe.1:4). 30


Que não pode haver salvação independente da regeneração ficará claro, se refletirmos: 1. Que todos os homens são pecadores de natureza e por prática, e que eles não podem se reconstruir inocentes. (Sl.51:10; Jr.13:23; Rm.3:19;8:7,8; 11:32; II Co.5:17; Gal.3:1022; 5:19-24; Ef.2:1-5; 4:22-24; I Pe.1:23; I Jo. 4:7; 5:4). 2. Que Deus é santo, e não pode contemplar entes pecadores com aprovação e deleitem (Hb.1:13; I Pd.1:15-16). 3. O céu é um lugar santo, e ninguém senão os santificados estão aptos para desfrutá-lo. (Sl.23;3,4; Hb.12:14). 4. As Escrituras declaram que só os regenerados podem ser salvos. (Mt.18:3; Jo.3:3,7; Rm.8:7,8; Gal.6:15; Hb.12:14). Erros relativos à regeneração: 1. Que ela é idêntica ao batismo pela água administrado por um ministro apostolicamente ordenado. (Refutado em At.13:38,39; 16:31; Rm.5:1; 10:9; Ef.2:8; I Jo.5:10). 2. Que ela é uma mudança operada sobre as paixões, pela vontade humana. Refutação:Gn.5:3;6:5; Jó 14:4; Sl.1:5; Is.1:5,6; Jr.13:23; Jo.3:5-8). V) ADOÇÃO E TESTEMUNHO DO ESPÍRITO  Este é um ato pelo qual uma pessoa toma outra para o seio de sua família, a reconhece como seu filho, e a constitui seu herdeiro. No sentido teológico, é aquele ato da livre graça de Deus, pelo qual, depois de justificados e renovados pela fé em Cristo somos recebidos na família de Deus, chamados seus filhos e feitos herdeiros da herança celestial. (Ef.1:13-14; I Pd.1:2-5). É um ato de Deus que acontece, independente de nós e que se caracteriza por uma mudança na nossa relação com Ele. “Pela justificação, Deus recebe-nos na Sua graça; pela adoção, recebe-nos no Seu coração”. (W.T. Purkiser). Enquanto a justificação supera o afastamento e a inimizade, a adoção aceita-nos como membros da família e da afeição de Deus. Na qualidade de filhos de Deus passamos a desfrutar dos seguintes direitos e bênçãos:  Herdeiros e co-herdeiros (Rom. 8:17)  Reivindicação – daquilo que é de Cristo (I Co.3:21).  Herança eterna (II Tm.4:8; Tg.1:12; I Pe. 1:4). No sentido bíblico, nem todos podem ser considerados filhos de Deus. Popularmente há um conceito de filiação divina extremamente generalizada, onde se confunde criação com filiação. Precisamos compreender que pela perspectiva bíblica “filiação”, implica desenvolver-se um relacionamento positivo, onde o homem concorda e pratica os termos de amizade com Deus. Torna-se evidente, portanto, que os “filhos de Deus” são aqueles que desenvolvem uma relação de obediência a Sua vontade (Jo.1:12; Gal.4:7 e I Jo.3:2; Fp.2:14-15).  É o privilégio e o direito de toda pessoa assim adotada ter um certo conhecimento desta sua nova relação com Deus, como o único fundamento da verdade, paz, conforto e esperança. (Is. 26:3; 32:17,18; Sl.118:165; Rm.5:1-5;8:1; Fp.4:7; Ef. 1;13-14; I Ts. 1:4,5; I Pe. 1:2-9; I Jo.2:20,27.). Esta benção consiste no testemunho do Espírito Santo ao espírito do crente da sua filiação e aceitação para com Deus. (I Jo.5:10). Ele é chamado o espírito de adoção (Rm.8:15,16; Gal.4:6); o sêlo e o penhor do Espírito (II Co. 1:22; 5:5; Ef.1;13,14;4:30) e perfeita inteligência ou inteira certeza de inteligência (Cl.2:22);traduzido de modos diversos em (I Ts.1:5; Hb.6:11;10:22). Este testemunho interno é chamado às vezes, o testemunho direto do Espírito, distinguindo-o do indireto ou testemunho externo, chamado o fruto do Espírito. (Gal.5:22,23; Ef.5:9). O sêlo e o penhor do Espírito implicam numa certeza de salvação atual: porque, posto que a eficácia do Espírito seja por si mesma suficiente para garantir a salvação eterna, todo o crente fica livre para conservar este Espírito selador ou entristecê-lo de tal modo, a fazê-lo afinal retirar-se para sempre (Is.63:10; Ef.4:30; Hb..3:7-19; 6:4-6; 10:26-29; II Pe.2:20). 31


VI) SANTIFICAÇÃO INICIAL (conversão: justificação, regeneração, adoção) ( I Co. 6:9-11) – Compreende a purificação da culpa interior do pecado – a limpeza através da regeneração. Trata-se da purificação do pecador: dos seus pecados antigos e da impureza que acompanhava as ações pecaminosas. Nessa experiência todos os crentes estão limpos dos seus pecados e libertos do domínio ou poder do pecado. No momento da conversão dá-se uma transição marcante em que cada cristão é “inicialmente santificado” ou tornado “santo”. A partir daí, o cristão procura conservar esta relação e viver sob a proteção do Espírito Santo, dirigindo-se normalmente para a próxima etapa: a inteira santificação e a maturidade cristã. Passos: A) Arrependimento __ confissão e abandono de todos os pecados passados, conhecidos e desconhecidos. B) Restituição__ endireitar tudo o que está mal, tanto quanto possível e nos casos em que outros tenham sido lesados pela ação. C) Fé__ aceitação da promessa de Deus de perdão, e entrega confiante de si mesmo a Deus; confiança na compaixão de Deus e não nos próprios méritos. D) Testemunho do Espírito__ o Espírito de Deus testifica ao seu espírito que você é um filho de Deus, uma nova criatura em Cristo. E) Andar na luz__ obediência diária a Deus e fidelidade no Seu serviço. Haverá consciência crescente de um inimigo interior que atrapalha o testemunho e insiste em que siga um caminho egoísta. VII) INTEIRA SANTIFICAÇÃO (purificação da natureza pecaminosa e plenitude do Espírito Santo) • Acontece pela fé num momento. O crente é purificado do pecado inato ou corrupção herdada, e o coração é aperfeiçoado em amor (Jo.17:17-19; II Co.7:1; Ef.1:4; 5:26; I Ts. 5:23-24). •

A ação divina iniciada na regeneração e mesmo antes, completa-se num “laço de

perfeição”, unindo o crente tanto a Deus como ao próximo. O ideal divino é que o “nascido do Espírito” não se oponha a esta obra de purificação, ou que se afaste do alvo final: de tornar-se semelhante a Cristo. Não é possível alguém teimar em resistir ao Espírito Santo por tempo indeterminado e ao mesmo tempo ser digno da “soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. (Fp.3:14). Passos: A) Distinto conhecimento da sua conversão -- a consciência de que você é aceito por Deus e não desobedece aos Seus mandamentos. B) Crescente fome e sede de Deus – reconhecimento da necessidade de uma limpeza completa do pecado interior e desejo de alinhar perfeitamente a sua vontade com a vontade de Deus. C) Fuga de tudo que prejudica a influência de Deus – prontidão em desistir mesmo de coisas legítimas, se elas impedem o serviço a Deus e ao próximo. D) Busca explícita da benção – uma expressão da decisão de pertencer totalmente a Deus. E) Consagração – dar tudo definitivamente a Deus __ tempo, talentos, riquezas, o passado, o presente e o futuro; entrega completa a Deus. F) Fé adequada – aceitação do Dom de Deus, da plenitude do Espírito, deixando-O controlar e dirigir a vida sem reservas. 32


VIII) SANTIFICAÇÃO CONTÍNUA (Crescimento na graça) Trata-se de um processo completo. A palavra “hagiasmos”(grego) é traduzida por santificação. Ela aparece inúmeras vezes no N.T. indicando: 

“Progresso” – (Rm. 6:19,22; I Co. 1:30; I Ts.4:3-4,7; II Ts.2:13; I Tm.2:15; Hb.12:14; I Pe.1:12).  “A obra total de Deus desde o primeiro momento de convicção [despertamento espiritual] até à semelhança final. (Jo.16:8-11; At.2:37-38).  “A restauração da Imagem de Cristo”. (Ef. 3:14-21 e 4:13). Em nenhuma parte das Escrituras há indicação de que o poder para viver uma vida santa ou para se obter crescimento na graça dependa do esforço humano. (II Co.7:1), antes pressupõe a ação divina. Passos: A) Andar continuamente na luz – reconhecimento de faltas ou omissões; agradecer a Deus todas as coisas boas; aceitação alegre da Sua vontade e direção. B) Desenvolvimento, pela graça, das virtudes de Cristo; uma vida de alegria, resplendor, paz e vitória. C) Sensibilidade crescente nas obrigações sociais e oportunidades de mostrar o amor de Deus aos outros. IX.) SANTIFICAÇÃO Final (glorificação). Algumas definições: A) Dom de um corpo glorioso e perfeito, como o corpo ressurreto de Cristo (perfeição física dada ao homem no último dia) B) Restabelecimento completo de tudo que foi perdido na queda de Adão. C) Poderia ser chamada perfeição da ressurreição. Esta etapa final é considerada o céu, o que vem depois da morte. Wesley via na glorificação outra grande mudança no homem. Não seria correto atribuir a Wesley o ensino de que a perfeição cristã operava uma glorificação. Explanação do tema-Perspectiva wesleyana: Ainda que Wesley deixasse lugar para graus de perfeição nesta vida, sempre susteve que a perfeição final viria depois da morte. Seria um equívoco alguém pensar que poderia possuir nesta vida a perfeição própria dos anjos. Mesmo Adão teve uma perfeição que nenhum outro homem pode ter antes da morte. Havia a perfeição de conhecimento, uma liberdade tal dos erros, debilidades e tentações que podia vir somente em outra vida. Wesley constantemente se opôs a sustentar uma perfeição cristã demasiadamente alta ao incluir nela ingredientes da ressurreição. Wesley sempre negou certas idéias de perfeição que os metodistas possuíam. Ele encabeçou seu tratado intitulado “|The character of a Methodist (O caráter de um metodista) com o título” Não que haja já obtido, ou que já fora perfeito”. Ele queria que o excluíssem da profissão de que já era perfeito, assim como de não pecar em pensamento, palavra e obras” . Escreveu: “Tenho dito a todo mundo que não sou perfeito... Digo-lhes sem rodeios, não tenho obtido o caráter que busco.” Wesley não rechaçou nesta negação a perfeição cristã tanto como estava negando o absoluto na perfeição na vida do cristão. Ele sabia que, todavia havia muito que conquistar antes e depois da morte. Wesley não ensinou que a pessoa que não estava completamente santificada estaria debaixo de condenação. Por outro lado, sustentou que é necessário estar maduro para a glória antes da morte se deseja ser salvo eternamente. Este só pode querer dizer que o crente que está 33


vivendo na fé, mas que não tenha experimentado a mudança produzida pela inteira santificação, soberanamente seria aperfeiçoado ao chegar à morte. Wesley cria que todo o pecado externo ou interno, deve ser expulso antes da morte. A morte não nos separará do pecado o mesmo será vencido no batismo com o Espírito Santo. Tal separação se ocorre por uma obra sobrenatural de Deus no coração, no espírito do homem, e é uma mudança operada nesta vida. Mas esta liberdade do pecado não significa uma liberdade do corpo, ou da existência finita. O corpo do homem é corrupto, mas não é pecaminoso. (somente a alma pode ser assento do pecado). Ainda que o corpo não pudesse impedir que a alma fosse pura e santa, poderia ser um impedimento para ela, enquanto a vida de santidade fosse vivida. Neste estado nossos corpos não são melhores que prisões e cadeias que confinam e restringem a liberdade da alma... Nossos corpos frágeis e perecíveis, inativos, geralmente, estão incapacitados, e opostos para obedecer aos mandamentos da alma... Wesley ensinou uma perfeição que se podia alcançar enquanto estivesse no corpo corruptível. A etapa da perfeição final será só uma realidade quando este corpo for transformado. Nessa glorificação as conseqüências do pecado serão eliminadas. Para Wesley os únicos pecados inevitáveis eram os que brotam da existência humana decaída, mas estes não eram pecados no sentido escriturístico. A linha entre estes “pecados voluntários ou do coração” se pode traçar e Wesley o fez. ... A Bíblia ensina uma libertação presente do pecado, mas não é libertação do ser finito. A existência humana temporal cessa quando o homem é glorificado e o corpo natural é perfeito. Aí então se torna um instrumento perfeito para a alma. Wesley claramente distinguiu entre a perfeição futura da natureza humana obtida na próxima vida. A primeira perfeição livra o crente da pecaminosidade do coração; a segunda livrará de todas as más conseqüências do pecado. (COX, L. George – El Concepto de Wesley sobre la Perfeccion Cristiana, C.N.P. pp. 119123)

As Escrituras vão mais além do conceito grego da “Imortalidade da alma”, e declaram a reunião da alma e corpo. Em vez de espectros imateriais em forma de fantasmas, sairão dos túmulos, corpos reconhecíveis dos seres amados que morreram. O corpo ressurreto assegurará a garantia da preservação de identidade pessoal. Esse corpo ressurreto será transformado e feito semelhante ao corpo glorificado de Jesus (Fp.3:4; I Jo.3:2). Ainda que o A.T. apresenta em seus ensinos e exemplos que a ressurreição do corpo é real (Sl.49:15; Dn.12:2; Ez.37:1-14), sua mais alta expressão se encontra no N.T. O apóstolo Paulo esboçou a verdade em forma detalhada e significativa em I Corintios 15. Seu escrito foi a resposta ‘aqueles que questionavam o fato e transcendência da ressurreição (12). À pergunta: “Em que corpos ressuscitarão os mortos?” (v.35) Paulo responde: Nossos corpos ressurretos estarão gloriosamente capacitados para comunhão eterna com Jesus Cristo (4243). Nossos corpos terrenos foram criados a “imagem celestial (47,49). O corpo de carne e sangue (50) dará lugar ao corpo incorruptível, especialmente criado para a imortalidade (52-54). Esta ressurreição final do corpo declarará o triunfo:” Onde está ó morte, teu aguilhão? Onde está ó morte a tua vitória? (55). (Dicionário Teológico Beacon.C.N.P. – pp.600-601)

Entre os propósitos da Segunda Vinda de Cristo devemos destacar o da redenção do povo de Deus. O dom do Espírito Santo é escatológico, pois é “o penhor da nossa herança, até o resgate da Sua propriedade...” (Ef.1:13-14). A plenitude está do outro lado, depois da morte, ou da Segunda Vinda (cf. Rom. 13:11). A redenção só será parcialmente acessível, nessa vida. A libertação dos santos que é simultânea com o regresso do Nosso Senhor tem três lados: 34


1. É a libertação de um ambiente maligno e de provações agudas. A vinda de Cristo nos livra de todo tormento futuro ou sedução de Satanás (II Ts.1:7; I Pe.1:4-13). 2. É uma reunião nossa com Cristo . Assim como um objeto de ferro é atraído para um imã (magneto), todos os redimidos, tanto no céu como na terra gravitarão ao lado de Jesus; e assim estaremos sempre com o Senhor (I Ts.4:17). Assim, “quando Cristo, nossa vida se manifestar, então vós também sereis manifestados com Ele em glória”. (Col.3:4). 3. É uma libertação das limitações de carne e sangue (I Co.15:50). Como um organismo biológico, feito do pó, o homem não está formado para uma ordem celestial de existência até que tenha sido transformado num ser glorificado. Seja pela morte ou pelo arrebatamento. “Todos seremos transformados... então o corruptível se revestirá de incorruptibilidade, e este corpo mortal se revestirá da imortalidade” ( I Co.15:51-53; I Jo.3:2). “Todo redimido descendente de Adão será um testemunho eterno do poder do sangue redentor e será uma vindicação tanto da Criação como da Encarnação”. (PURKISER, W.T./TAYLOR, R.S./TAYLOR, W.H. - Dios, Hombre y Salvacion: uma teologia biblica .C.N.P.p. 658659).

III. A EXPERIÊNCIA E A PRÁTICA DE SANTIDADE A. A PERFEIÇÃO CRISTÃ (BURTNER, R.W./CHILES, R.E. Coletânea da Teologia de João Wesley –p.209-220). “É provável que o preconceito geral contra a perfeição cristã surja principalmente da falta de compreensão da sua natureza. Admitimos de toda boa vontade e continuamente declaramos que não existe tal perfeição, nesta vida, que implique na dispensa da prática do bem e da obediência a todos os mandamentos de Deus, na libertação da ignorância, do erro, da tentação e de mil fraquezas necessariamente ligadas à carne e ao sangue. Primeiro. Não somente admitimos, mas sinceramente refutamos que haja, nesta vida uma perfeição que implique na dispensa da obediência de todos os mandamentos de Deus ou da prática do bem a todos os homens enquanto temos tempo, especialmente aos domésticos da fé... Segundo. Cremos que não há nesta vida tal perfeição que implique libertação completa da ignorância ou do erro nas coisas não essenciais à salvação, das muitas tentações ou das inumeráveis fraquezas com as quais o corpo corruptível mais ou menos sujeita à alma. Não podemos encontrar base nas Escrituras para supormos que qualquer habitante de uma casa de barro esteja totalmente isento quer das fraquezas corporais, quer da ignorância de muitas coisas, ou para imaginarmos que alguém seja incapaz de erro ou de cair nas diversas tentações.. Mas, então que quer dizer o Sr. por aquele que é perfeito...? Queremos significar aquêle em quem existe a mente que houve em Cristo e que anda como Cristo andou; um homem que tem as mãos limpas e um coração puro, que foi lavado de todas as impurezas da carne e do espírito; aquele que não é motivo de tropeço para os outros, e aquele que de fato não cometa pecado...aquêle em quem 35


Deus cumpriu a sua palavra fiel: “Eu vos lavarei ou limparei de todas as vossas impurezas e todos os vossos ídolos. Eu também vos salvarei de toda a vossa impureza.” Este homem pode agora testificar a toda a humanidade: “Estou crucificado com Cristo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.”Ama ao Senhor de todo o seu coração e o serve com todas as forças. Ama ao próximo (a todos os homens) como a si mesmo... A sua alma é realmente toda amor, cheia de entranhas de misericórdia, bondade, mansidão, magnanimidade e tolerância. A sua vida está de acordo com estas qualidades, cheia das obras da fé, da paciência, da esperança e da obra de amor. Numa palavra, ele faz a vontade de Deus na terra como é feita no céu. Ele tem de ser um homem totalmente santificado... Haverá “de ter um coração tão cheio do amor chamejante de Deus de modo que ofereça continuamente todo pensamento, palavras e obras como um sacrifício espiritual, aceitável a Deus por Cristo.” (Arcebispo Usher). Temos de demonstrar o louvor daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz em todo o pensamento do nosso coração, em toda palavra da nossa língua e em todas as obras das nossas mãos! ... Sob um ponto de vista é pureza de intenção com a dedicação de toda a vida a Deus. É darmos todo o nosso coração a Deus; são um desejo e um objetivo governando todos os nossos sentimentos. É o devotamento de tudo que somos a Deus. Sob um outro ponto de vista, é a mente que houve em Cristo, capacitandonos a andarmos como Cristo andou. É a circuncisão do coração cortando toda a impureza interior ou exterior. É a renovação, no coração, de toda a imagem de Deus, da completa semelhança com aquele que o criou. E ainda sob outro aspecto, é o amarmos a Deus de todo o nosso coração e ao nosso próximo como a nós mesmos. (Obra: “Uma Exposição simples da Perfeição Cristã”). ...Fazendo uma revisão de todo assunto, em 1764, escrevi um sumário daquilo que eu havia observado nas seguintes proposições curtas: 1) Existe a perfeição, pois ela é constantemente citada nas Escrituras. 2) Ela não vem cedo como a justificação, pois, as pessoas justificadas precisam “Prosseguir para a perfeição” (Hb.6:1). 3) Não é tão tardia quanto a morte, pois Paulo nos fala de homens vivos que eram perfeitos (Fp.3:15). 4) Não é absoluta. A perfeição absoluta não pertence ao homem, nem aos anjos, mas somente a Deus. 5) Ela não torna o homem infalível; ninguém é infalível enquanto está no corpo. 6) É ela sem pecado? Não vale a pena contender a respeito de termos. Ela é “salvação do pecado”. 36


7) “É amor perfeito” – I Jo. 4:18. Essa é a essência da mesma. As suas propriedades ou frutos inseparáveis são: alegria constante, oração sem cessar e em tudo darmos graças – I Ts.5:16 etc. (da mesma fonte citada anteriormente). ...É certo que aqueles que amam a Deus de todo o seu coração e a todos os homens como a si mesmos são perfeitos, segundo as Escrituras. E, certamente existem esses, pois, do contrário a promessa de Deus seria uma simples zombaria da fraqueza humana... • Creio que não existe uma perfeição nesta vida que exclua... transgressões involuntárias, as quais penso serem naturalmente conseqüências da ignorância e dos erros inseparáveis da mortalidade. • Perfeição sem pecado é, portanto, uma frase que nunca uso, a menos que parecesse contradizer a mim mesmo. Creio que uma pessoa cheia do amor de Deus ainda esteja sujeita a estas transgressões involuntárias. • Creio que uma pessoa cheia do amor de Deus ainda esteja sujeita a estas transgressões involuntárias. • Se quiserdes chamar tais transgressões de pecados, eu não o faço pelas razões mencionadas acima. (ibid) Não concebo a perfeição referida aqui como sendo a dos anjos- seres gloriosos que nunca deixaram o seu primeiro estado, todas as suas faculdades nativas são inigualáveis; particularmente o seu entendimento ainda é uma lâmpada luminosa, a sua compreensão de todas as coisas é clara e distinta, e o seu julgamento é sempre verdadeiro....embora ignorem um número limitado de coisas, não estão sujeitos ao erro; na sua espécie, o seu conhecimento é perfeito. ....todas as suas afeições são constantemente guiadas pelo seu entendimento sem erro, todas as suas ações por isso convenientes...Não é possível repito, ao homem pensar sempre certo, compreender as coisas distintamente e julga-las retamente. Em conseqüência disto, as suas afeições, as quais dependem do seu entendimento, são muitas vezes desordenadas. E as suas palavras e ações são influenciadas mais ou menos pela desordem do seu entendimento e afeições... Nenhum homem pode possivelmente atingir a perfeição angélical enquanto estiver no corpo. O homem não pode, também, enquanto estiver no corpo corruptível, atingir a perfeição adâmica. Adão, antes da sua queda era indubitavelmente tão puro e tão livre do pecado quanto os santos anjos... o seu entendimento era tão claro como deles, e as suas afeições, tão regulares quanto a deles. Em virtude disto, visto que ele sempre julgava retamente, era sempre capaz de falar e de agir retamente. Mas desde que o homem se rebelou contra Deus... não é mais capaz de evitar a queda em erros inumeráveis; não pode, consequentemente, evitar sempre as afeições errôneas, nem pode sempre pensar, falar, e agir retamente. O homem, 37


por isso, no seu estado presente, não pode atingir mais a perfeição Adâmica do que a angélical. (Sermões: “ Sobre a perfeição”,I,1-2 (J, VI, 411-12). Esforçar-me-ei por mostrar, em primeiro lugar, em que sentido os cristãos não são perfeitos. Parece tanto da experiência como da Escrituras, que (1) eles não são perfeitos no conhecimento; (2) não são tão perfeitos nesta vida de maneira a serem livres da ignorância. Sabem talvez em comum com os outros homens, muitas coisas relacionadas com o mundo presente e conhecem as verdades gerais que Deus revelou com referência ao mundo presente e conhecem as verdades gerais que Deus revelou com referência ao mundo vindouro. Conhecem do mesmo modo... o amor com que o “Pai” os amou “de modo que fossem chamados filhos de Deus”. Conhecem a obra poderosa do Seu Espírito no seu coração... Ninguém e, pois, tão perfeito nesta vida que esteja isento da ignorância e do erro, sendo este uma conseqüência quase inevitável daquela. Aqueles que “conhecem apenas em parte” estão sujeitos a errar com referência às coisas que não conhecem. É verdade que os filhos de Deus não erram quanto às coisas essenciais à salvação; eles não tomam as trevas pela luz nem a luz pelas trevas... Mas nas coisas não essenciais à salvação eles erram frequentemente. Os homens melhores e mais sábios erram constantemente mesmo com referência aos fatos, crendo que estas coisas não eram o que realmente eram ou que foram feitas quando não o foram. Suponhamos que não se enganam quanto aos fatos em si, eles podem enganar-se quanto às circunstâncias crendo que elas, ou muitas delas, foram inteiramente diferentes do que realmente eram... Podem crer que certas ações passadas ou presentes que eram ou são más, são boas, e que, outras, que eram ou são boas, como sendo más. Daí, o poderem também julgar erroneamente o caráter dos homens não somente supondo que homens bons sejam melhores ou que homens ímpios sejam piores do que são, mas crendo terem sido ou serem bons os homens muito maus ou talvez pensando terem sido ou serem maus homens santos e irrepreensíveis... ... (3) Nem das fraquezas. Tenhamos o cuidado em entender esta palavra no sentido exato, não demos a pecados conhecidos aquele título suave como é o costume de alguns. Assim, um homem nos diz: “Todos os homens têm as suas fraquezas e a minha é a bebida”; um outro é impuro; outro toma o nome de Deus em vão e ainda outro tem a fraqueza de chamar o seu irmão de “tolo” ou de retribuir ofensa por ofensa”. É certo que todos os que assim falam, se não se arrependerem irão rapidamente para o inferno com todas as suas fraquezas! Não citamos aqui somente as propriamente chamadas de fraquezas corporais mas todas as imperfeições, internas ou externas que não são de natureza moral. Tais são a fraqueza ou lentidão de entendimento, falta de capacidade ou confusão de compreensão, a incoerência do pensamento, a rapidez irregular ou incapacidade de imaginação... falta de prontidão e de tenacidade da memória...De outro lado, aquelas que são comumente, até certo ponto, conseqüências destas, especialmente 38


a lentidão da linguagem, a falta de propriedade da mesma, e acrescentar milhares de defeitos, quer na conversação quer no comportamento. São estas as fraquezas encontradas nos melhores homens em maior ou menor proporção. Ninguém pode esperar libertar-se perfeitamente delas enquanto o espírito não voltar para Deus que o deu. Não podemos esperar libertar-nos totalmente da tentação enquanto estivermos aqui... É verdade que há aqueles que se abandonam á impureza com avidez... Há também aqueles a quem o sábio inimigo das almas vê dormindo pesadamente na forma mortal de impiedade... Sei também, que há aqueles que não sentem tentações no presente...mas este estado não durará sempre como podemos aprender (o próprio Filho de Deus foi tentado). A perfeição cristã, portanto, não implica na isenção da ignorância ou dos erros, das fraquezas ou das tentações, como alguns parecem ter imaginado. Ela é realmente apenas um outro termo para a santidade. São dois nomes para a mesma coisa. ..Aquele que é santo é perfeito, no sentido das Escrituras. Contudo... no mesmo sentido, não há perfeição absoluta na terra. Não há perfeição de graus como é chamada e nem perfeição que não admita desenvolvimento contínuo. Portanto, de conformidade com a doutrina do apóstolo João e de todo o teor do Novo Testamento, podemos tirar esta conclusão: um cristão é perfeito a ponto de não cometer pecado. Esse é o privilégio glorioso de todo cristão embora seja ele uma criança em Cristo. Mas somente daqueles que são fortes no Senhor e “venceram o maligno”, ou melhor, daqueles que conhecem “Aquele que é desde o princípio”, se pode afirmar que são, em tal sentido, perfeitos, de modo que sejam, em segundo, libertos de todos os maus pensamentos e maus sentimentos. Primeiro, do mal e de pensamentos pecaminosos. Mas observemos aqui que os pensamentos a respeito do mal não são sempre maus pensamentos e que um pensamento a respeito do mal e um pensamento pecaminoso são coisas muito diferentes... [Jesus foi tentado, mas não teve pensamentos pecaminosos]... Os verdadeiros cristãos não os têm, pois, todos aqueles que não são perfeitos são como o seu Mestre (Lc.6:40). Portanto, se Ele era isento do mal ou de pensamentos pecaminosos, do mesmo modo o são os verdadeiros cristãos... Visto que os cristãos são na verdade libertos dos maus pensamentos, são também dos maus sentimentos. Isto é evidente da declaração de Nosso Senhor: “o discípulo não é maior do que Seu Mestre, mas, todos os que são perfeitos serão como o seu Mestre”... “Eu vos digo; amai aos vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, e ao que te bater numa face oferece também a outra.” Ele sabia bem que o mundo não receberia esses ensinos, e por isso, acrescentou imediatamente: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no buraco?”... No versículo seguinte Ele remove as duas grandes objeções que estes tolos sábios nos apresentam constantemente: “Estas coisas são demasiadamente graves para serem suportadas”... Dizendo “o discípulo não é maior do que o seu 39


Mestre”; portanto, se eu sofri, tende contentamento em seguir os meus passos.... ”mas o seu Mestre era isento de todos os sentimentos pecaminosos. Assim é, portanto, o seu discípulo, o verdadeiro cristão. Satanás sabe que poucos são capazes de distinguir (e muitos não querem fazê-lo)... Estes aspectos serão, por isso, continuamente misturados com referência à doutrina da perfeição cristã a fim de criar preconceitos na mente dos homens descuidados contra as gloriosas promessas de Deus... O mau uso desta ou de qualquer outra doutrina espiritual não destrói, de modo nenhum o seu uso. Nem pode a infidelidade do homem, pervertendo os seus retos caminhos, tornar a promessa de Deus sem efeito. Não; seja Deus verdadeiro e todos os homens mentirosos. A Palavra do Senhor permanecerá: “Fiel é aquele que prometeu; Ele também o fará”.

B. A INTEIRA SANTIFICAÇÃO (Extraído do livro: “À Semelhança de Cristo”John A. Knight). “A Verdadeira santidade tem amor como essência, humildade como vestimenta, o bem dos outros como ocupação e a glória de Deus como finalidade.” (Emmons). As Escrituras ao tratarem da questão do relacionamento do homem com Deus: como deve e como pode ser; dois temas percorrem paralelamente: Um Novo Concerto (aliança) e a Restauração da Imagem Divina. No pacto feito com Moisés, Deus compartilha a com ele a Sua glória, ao ser admitido à comunhão direta com Aquele, ao ponto de ter que cobrir o seu rosto pela intensidade da glória divina. Todavia, essa experiência foi temporária e acessível apenas a um grupo seleto de pessoas do V.T. Agora, há em Cristo uma Aliança Superior: Sendo Ele o Mediador, convida a todos a serem transformados à Sua Imagem. (II Co.3:18). Vejamos alguns pontos salientes: 1. Não Existe Elite Espiritual. Todos os filhos de Deus têm direito a essa comunhão direta com Cristo e a contínua transformação na Sua Imagem. (II Co.3:18; Rom.12:2; Mt.17:2; Mc.9:2). O plano de Deus é que Seus filhos sejam continuamente transformados (metamorfoseados) à imagem de Cristo. No N.Testamento todo cristão é uma pessoa santa que reflete o esplendor do Senhor. Isto caracteriza todos os crentes, não havendo lugar para uma “elite espiritual”. 2. O Alcance da Graça de Deus. Dr. Orton Wiley observou: “Nesta experiência cada etapa está marcada por uma aproximação gradual e uma consumação instantânea; e todas as etapas juntas determinam 40


o alcance total da graça santificante. Portanto, na administração da graça santificante, o Espírito Santo procede por fases”. John Wesley reconheceu estas etapas na vida do cristão, distinguindo o homem “natural”, o homem “desperto” e o homem “evangélico”. O pecador adormecido “não tem temor nem amor”; o pecador convicto “tem temor, mas não tem amor”; o pecador convertido tem “temor e amor”; e o inteiramente santificado tem “amor sem temor.” Converter-se a Cristo é colocar-se no caminho da perfeição moral e espiritual, em direção à vida de santidade. Neste processo existe um momento decisivo capaz de trazer ao crente a libertação completa de todo o pecado e inteira dedicação à vontade de Deus. Essa crise conhecemo-la como “inteira santificação”. A santificação e a santidade percorrem juntas o caminho da vida cristã. Por isso a santificação pode ser entendida como “uma crise com vista a um processo”(Bispo Moule). Veremos a seguir as principais implicações dessa experiência e seus resultados marcantes na vida do cristão: A ESSÊNCIA DA INTEIRA SANTIFICAÇÃO É O AMOR SEMELHANTE AO DE CRISTO

“Existem muitos modos de descrever a inteira santificação. O psicólogo fala dela como “amor” ; o profeta, como “justiça”; o sacerdote, como “santidade”; o filósofo, como “perfeição”. Cada um dos termos tem apoio bíblico. No entanto, o termo pessoal “ amor “parece mais adequado, usando os outros para o caracterizar.”(justiça do amor/ santidade do amor/ perfeição do amor etc) - (John Knight). O amor da pessoa santificada não é simplesmente uma emoção ou sentimento; é antes, o desejo prático do bem estar dos outros. É o amor de Deus “derramado em nossos corações” (Rm.5:5), expulsando o amor ao mundo, o amor ao prazer (pecaminoso), à preguiça (ócio), à vanglória, ao dinheiro, bem como o orgulho, ódio, teimosia, e outros males. A. A Perfeição do Amor A inteira santificação é às vezes identificada como “perfeição cristã”. Existem muitos equívocos sobre a “perfeição”. Mas é uma expressão bíblica.   

Paulo declara que o seu objetivo era apresentar “todo homem perfeito em Cristo” (Col.1:28).= espécie de perfeição consumada, não a da ressurreição (ver tb. Fp.3:15,12) Jesus ordena aos seguidores a serem perfeitos (Mt.5:48). Não nos ordenou sermos tão perfeitos como o nosso pai que está nos Céus, mas sermos perfeitos em amor como é o Pai Celestial. A palavra “perfeito” é usada aproximadamente 140 vezes na Bíblia, sendo que 50 se referem ao caráter humano= o sentido é o de “desempenhar, executar totalmente, trazer à realidade ou levar à prática. É usada no grego (telelioi), com a idéia de atingir o alvo. Diz-se que uma coisa é perfeita quando funciona dentro do planejado. 41


Wesley ensinou que isso implica que “nenhuma má tendência ou algo contrário ao amor permanece na alma; e que todos os pensamentos, palavras e ações são dirigidos por amor genuíno”. A perfeição cristã não é perfeição de conhecimento, ou libertação da ignorância, de erros e maus juízos. Apesar de ser libertação de maus pensamentos (com os quais se alimenta a imaginação e se sente prazer), não nos liberta de pensarmos acerca do mal. Nem libertação da tentação ou dos efeitos das fraquezas. Na inteira santificação, as emoções e os desejos humanos normais não são retirados, mas controlados e purificados. Torna-nos puros nos desejos e nas devoções, afeições e na lealdade. (I Ts.4:4 e 7). Wesley considerando o que a inteira santificação não é, prefere chamá-la de “perfeição cristã” a chamá-la de “perfeição impecável” A inteira santificação torna acessível à manifestação de sua evidência maior: o amor, norteando as nossas atitudes e ações do dia a dia. Vejamos as principais características do Amor Celestial (I Co.13; Rom. 5:5 e 8; I João 4:7-21).

AMOR CELESTIAL  Paciência: - A única coisa que pode trazer paciência é aquisição de atitudes próprias para o enfrentamento das adversidades, provas ou tribulações. – “A TRIBULAÇÃO produz a paciência...” (Rom. 5:3). Uma pessoa pode optar por submeter-se ou resistir, mas somente a SUBMISSÃO motivada pelo amor divino ensina a paciência.  Doçura: - “É benigno”- nunca é rude ou cruel. “A cortesia é a demonstração de amor em coisas pequenas”. Ela mistura-se e combina perfeitamente com a santidade.  Boa Vontade: - “Não arde em ciúmes” - “Não é invejoso.” - Não tem interesse nas possessões, nem posições, de mais alguém. . Há muitos indivíduos que hoje vivem pela filosofia de “como ganhar e usar as pessoas”; sabem o preço de tudo mas o valor de nada.  Modéstia: - “Não se ufana” - não trata com “leviandade.”. Não se enaltece na tentativa de fazer impressionar as pessoas”. É humilde. Não põe em evidência os seus talentos a fim de ganhar aplausos.  Humildade: - “Não se ensoberbece.”- Não é presunçoso ou orgulhoso. “Em honra prefere os outros.”  Decência: - “Não se conduz inconvenientemente.” – Evita constranger as pessoas com suas palavras, atitudes e comportamento de maneira geral.  Não Interesseiro: - “Não procura os seus interesses.”. - Não exige que se faça o que ele quer. Já aprendeu a lição que se pode esquecer a si mesmo e ainda assim ganhar a vida eterna.  Disciplina: - “Não se exaspera.”- “Não se irrita”. Pratica o autocontrole. Pode ser contrariado sem explodir! Não é melindroso.  Perdão: - “Não se ressente do mal.” - “Não suspeita mal.“- “Não guarda rancor e dificilmente notará o mal que outros lhe fazem.” Nunca “lança em rosto” para o Deus Santo o pecado do mundo ou o seu próprio sacrifício ou sofrimento.  Empatia: - “Não se alegra com a injustiça”. Sente-se aflito por causa do pecado e sofrimento humano.”Chora com os que choram” (Tg.5) 42


 Gozo e Deleite: - “Mas regozija-se com a verdade” - “Se alegra quando a verdade triunfa”. “Folga com a verdade...”  Protetor: - “Tudo sofre” - “ama seu próximo como a si mesmo” e será leal para com ele, custe o que custar.  Fé: - “Tudo crê”. – “Sempre acreditará nas pessoas pela perspectiva da graça e do poder de Deus. Acredita que Deus ainda está terminando Sua obra na vida das pessoas”.  Esperança: - “Tudo espera”- “....sempre esperará o melhor dele, e sempre se manterá em sua defesa.”- Sempre vê o pecador à luz do poder de Deus que pode transformar o perverso em santo.  Submissão: - “Tudo suporta.” - Já prendeu a lição valiosa de submeter-se ao inevitável (crê que : “isto também passará”).  Segurança: - “Jamais acaba”. - “Nunca falha” – Somente o amor é eterno. Tudo mais passa e cai - O amor nunca perderá o seu lugar de autoridade e benção. Ele sempre triunfará (Is.53:11). B. Ser e Tornar-se. A “perfeição” também sugere o sentido de “ser completo”, “ter estatura total” ou “maturidade”. O amor derramado no coração instantaneamente, desenvolve-se produzindo crescimento contínuo (I Ts.4:1,10). O cristão deve permitir nesse processo de crescimento espiritual que Deus o restabeleça ou lhe molde tornando-o um instrumento efetivo em Suas mãos. “A perfeição cristã não é um caráter completamente aperfeiçoado. É antes, uma decisão de “nos tornarmos ” naquilo que Deus deseja que sejamos”. C. A Perfeição é um Espírito Ser perfeito é possuir a “mente de Cristo” (Fp. 2:5-8). É o Espírito Santo produzindo em nós as virtudes de Cristo (“Os frutos do Espírito”- Gal.5:22-23). Possuir a perfeição é ter o controle do Espírito que nos capacita a “andarmos a segunda milha”; “darmos a outra face” (Mt.5:41,39). De maneira simples, podemos dizer que a perfeição cristã é semelhança com Cristo (Lc.23:34; At.7:60). Wesley disse com presteza que “se ao procurarmos a perfeição cristã buscamos algo que não seja amor capaz de sacrificar e perdoar, estamos olhando na direção errada.”

O PECADO CONSCIENTE – INTERIOR E EXTERIOR É VENCIDO NA INTEIRA SANTIFICAÇÃO.

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Nenhum pecado (no sentido bíblico) deve ser tolerado na vida do cristão, não importando se este é um novo convertido ou um cristão mais maduro. Salvação significa “libertação” do pecado. “É dito com frequência que na justificação ficamos livres do passado ou culpa do pecado; simultaneamente, na regeneração somos livres do poder do pecado; na inteira santificação, livres da corrupção do pecado; e na glorificação livres da presença e dos efeitos do pecado. Mas em todas as etapas... estamos continuamente, momento após momento, a ser libertos ou salvos”. (John Knight p. 119) O mergulho nessa experiência libertadora envolve os seguintes aspectos: A. A Supremacia da Graça. Esta terminologia, na opinião de Wesley, é outra maneira de descrever a experiência da perfeição cristã ou inteira santificação. Normalmente um novo convertido sofre tal mudança que pensa “ que todo o pecado desapareceu, que foi completamente extirpado do coração”. (Wesley). Ele também explica que embora aquele aparentemente não mais exista, já que não apresenta movimento; apenas está suspenso e só será destruído na inteira santificação. B. Crucificado com Cristo. A inteira santificação é salvação total. A frase de Paulo “crucificado com Cristo” (Rom.6:11) descreve a libertação do homem da corrupção ou pecado inato, do orgulho, teimosia, ira etc. Mas o cristão que ainda não passou por essa experiência (crise), certamente, terá convicção dada pelo Espírito, de que “o pecado ainda permanece no coração; a mente carnal que continua mesmo naqueles que são regenerados, apesar de não reinar por completo”. O tempo o ajudará a distinguir a tendência ao egocentrismo ou falta de semelhança com Cristo. Ou como explica John Wesley: “de modo que nos sentimos mais envergonhados dos nossos melhores deveres, do que anteriormente pelos nossos piores pecados”. Desperta-se em nós uma convicção de inaptidão total e um constrangimento profundo por não se “ter um bom pensamento, em formular um bom desejo, e sobretudo, em pronunciar uma boa palavra ou realizar uma boa ação que não seja pela graça abundante e poderosa de Cristo”. (Wesley). Deus não destrói a vontade do homem. Antes, procura cativa-la e atrai-la pelo amor (I Ts.3;12, 4:9-10). Esse procurará cumprir Sua Lei motivado pelo amor. Tornar-se-á tão embebido dela que passará a se deleitar na vontade divina. A máxima sugerida por Agostinho passará a reger a sua vida: “Ama a Deus e faz como te aprouver”. C. Entrega Total do Eu. A partir dessa experiência os santificados oferecem a si e ao seu serviço como sacrifício vivo ou oferta a Deus (Rom.12:1). Não procurarão agradar os homens para conquistar os seus aplausos (I Ts.4:1). Procurarão viver uma vida irrepreensível (Gn.17:1) embora saibam que não será impecável (I Ts.3:13). “Conscientes das suas ações deficientes, a pessoa verdadeiramente santificada depende da purificação contínua do sangue de Cristo. Não se torna defensiva, mas é sensível à 44


direção e controle do Espírito. À medida que reconhece seus erros, o sangue de Cristo vai purificando de todo o pecado e preservando a sua relação pessoal com Deus. (I Jo.1:7)”. (John Knight p. 122). Dizer que o coração inteiramente santificado não necessita mais da redenção de Cristo, seria o mesmo que dizer que não precisamos do sol só porque é meio-dia. Como se é ele que fornece a luz do meio dia? Comparativamente falando é Cristo que nos dá momento após momento, libertação do pecado, fraquezas e erros.

A INTEIRA SANTIFICAÇÃO OBTÊM-SE PELA FÉ INSTANTANEAMENTE.

Uma das provas bíblicas contundentes que podemos citar é a da experiência de Cornélio e sua casa (At.10, 15:8-9, onde Pedro relata uma experiência “in loco”). A inteira santificação é uma obra divina e não humana. Não é alcançada por automortificação, visando total resignação. Nenhum aspecto da salvação vem através das obras (Ef.2:9). A. Fé Implica Obediência e Consagração: A fé é única condição a ser satisfeita. Essa fé corresponde a uma entrega total. Essa fé se apropria da promessa de que “o altar [Cristo] santifica a oferta”. (Mt.23:19). É resultado da renúncia de tudo aquilo que se opõe à vontade de Deus para nós. Trata-se de uma consagração irrevogável e consumada, morte para os desejos egoístas. No ensino do N.Testamento a palavra “crer” se encontra sempre no presente progressivo, indicando responsabilidade contínua, que inclui obediência e amor (Jo.1:7,3:16-17,20:3; At.13:39; Rm.10:10). Todo estado de graça depende de uma contínua fé em Cristo. B. A Fé Pode Ser Exercitada num Momento. Considerando que a inteira santificação é recebida pela fé, realiza-se instantaneamente. “Negar que se obtém pela fé, portanto, é uma forma de orgulho, de justiça própria. Pretender que ainda não se é bastante bom, é uma maneira sutil de confiar em si mesmo.” (J. Knight. p.126). Ninguém é santificado sem crer. Todo o que crê é santificado; ou como afirmou J.W.Alexander: “Não se pode apresentar um empreendimento humano em que exista uma possibilidade tão pequena de falhar, como orar pela santificação”. A INTEIRA SANTIFICAÇÃO INCLUI CERTEZA INTERIOR.

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A Bíblia é clara não somente quanto à possibilidade de ser liberto do pecado, como também de que podemos nos tornar conscientes dessa experiência. “A doutrina do testemunho do Espírito Santo brota do caráter de Deus que criou o homem à Sua própria imagem, de modo que pudesse comunicar com Ele...O testemunho do Espírito não é uma experiência emocional ou mística. É a comunicação de Deus ao homem de que é aceito no Amado.” (J. Knight p. 126). Podemos citar as seguintes passagens comprobatórias: Romanos 8:16 e Hebreus 10:14-17; I Coríntios 2:12; Gálatas 4:6; I João 3:24, 4:13 e 5:16. A despeito do peso de autoridade dessas passagens, vale lembrar que a certeza do cristão é um dom de Deus, que provem da Sua misericórdia e bondade. A. Testemunho Objetivo e Subjetivo. O testemunho do Espírito gera uma qualidade de vida pessoal alegre, transbordante, cheia de paz, estabilidade, contentamento e esperança. Esse é obtido de duas formas:  O Testemunho “Objetivo” - À pergunta: “Como podemos saber que fomos purificados do pecado inato? Wesley responde: “Pelo testemunho e fruto do Espírito”. Para ele “é simplesmente a Palavra e promessas de Deus” (Dt.30:6).  O Testemunho “Subjetivo” do Espírito – Inclui o testemunho direto do Espírito de Deus em mim, de que sou aceito por Ele. Isto é, não existe condenação, antes satisfação e gozo no Espírito Santo. Outra parte deste testemunho é testemunho indireto no espírito do homem= conseqüência do fato de se ter uma consciência sensível que evita ofender a Deus como aos homens (At.24:16). É através da ação de Deus em nós que o “fruto do Espírito” (Gal.5:22-23) se manifesta em nossas vidas. Se este fruto não estiver presente, qualquer testemunho verbal é pura ilusão. Jamais deveremos substituir o testemunho interior por qualquer sinal externo ou fenômeno físico, isto seria ir além do ensino escriturístico. O grande perigo é transferir a ênfase principal do próprio Espírito Santo para a expressão em questão. “Estabelecer algum dom especial com “a” evidência de ser inteiramente santificado, de receber o batismo ou ser cheio com o Espírito, exalta mais o “dom”que o Doador.”( John Knight p.128). B. A Base da Certeza Cristã. A Escritura traz muitas referências acerca da evidência e certeza cristã:  João falou seis vezes do conhecimento de que estamos em Cristo (I Jo.2:3,5,29;3:14,24;4:13).  Pedro disse que ao cristão foi dada uma “viva esperança” (At.15:8-9; I Pe. 1:3,4).  Paulo diz que fomos selados e temos muita certeza (II Co.1:21-22; Gal.4:6; Ef.4:30; I Ts.1:5).  O Escritor aos Hebreus declarou que temos confiança (10:35).  João afirma sem equívocos alguns aspectos de convicção (I Jo.3:14; 2:3; 2:5; 4:1619).  Paulo descansou no testemunho pessoal do Espírito Santo (I Co.1:21-22; Gal.4:6; Ef.1:24), incluindo o fruto do Espírito (Gal.5:22-23). A certeza absoluta é possível, mas apenas quando for o resultado da consagração e purificação na vida do cristão.

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A INTEIRA SANTIFICAÇÃO É PARA SER VIVIDA NESTA VIDA, NÃO NO CONVENTO

As promessas da Nova Aliança escrita no coração do homem, bem como a da restauração divina, não têm sentido a não ser que o seu cumprimento esteja planejado para esta vida. As boas novas é que elas podem ser vivenciadas de fato agora. Somos conscientes de que o pecado afasta o homem de Deus e que a santidade ou vida santa é requerida para podermos vê-Lo (Hb.12:14). Negar a perfeição cristã ou inteira santificação nesta vida, seria o mesmo que defender um tipo de “purgatório” (isto é, pela própria morte ou após a mesma). Ou que o homem pecador será banido para sempre da presença de Deus. Pelos benefícios da inteira santificação, operada no homem, podemos concluir que esses são para serem usufluídos nesta vida, aqui na terra. Paulo faz menção desses em I Tessalonicenses: A. Totalidade e harmonia. O desarranjo produzido pela natureza egoísta é removido, e é estabelecida a harmonia com a Vontade de Deus. Paulo ora para que os crentes fossem santificados “de ponta a ponta”(5:23). A paz interior traz beleza à vida. Assim como os materiais do Templo estavam, originalmente, em estado bruto, mas foram transformados por mãos hábeis e tomaram formas úteis e belas; assim o crente é moldado em um vaso útil e belo nas mãos do Deus da Paz. Na inteira santificação, Deus restaura não somente a beleza, mas a harmonia: “o corpo, alma e espírito (5:23) são integrados e relacionados de modo a operarem juntos para a glória de Deus”. (J. Knight). B. Serviço e Estabilidade. Tanto a purificação como a dedicação fazem parte da santificação bíblica. Da mesma forma como os vasos no V.T. eram purificados antes de serem usados na adoração divina, assim devemos ser purificados para estarmos aptos para o serviço cristão. Tanto a purificação, como a separação se concretizam na inteira santificação. Porém, separação não é viver uma vida monástica ou ascética. Jesus orou pelos Seus discípulos para que fossem santificados, preparados para serem enviados ao mundo (Jo.17:1518). O sentido é o de separar-se do espírito do mundo: sua cobiça, inquietação, conversação, conduta e egoísmo etc. Mas ter amor e compaixão, servindo o próximo em todas circunstâncias da vida (Mt.25:35-40). A inteira santificação também traz estabilidade de coração, que se aplica no reforço contra a tentação e provação, bem como força no sofrimento (Jo.17:11,12,20). D.I. Vanderpool disse acerca desse aspecto na inteira santificação: “É esta a experiência que coloca o homem em lugares estratégicos. Assim a alma está preparada para agüentar grandes pesos sem desmoronar e suster os ventos fortes da tentação sem vergar”. Esse batismo “dá a alma um Consolador nas decepções da vida, um Guia que nunca se engana, ...poder para serviço em qualquer lugar da Igreja ou fora dela”. 47


C. Poder Divino e Purificação Há um equilíbrio perfeito na Bíblia, especialmente no N.T. entre estes dois aspectos da inteira santificação. Com relação às conquistas da redenção e ao poder divino é sugerida a análise de passagens como: Ef.1:20-21;2:1;5:6;1:19; IICo.4:7,10. Em suma podemos afirmar que o homem deve ser o depositário do Espírito onde a vida de Cristo é vivenciada e um canal (instrumento) através do qual presta seu serviço e demonstra seu testemunho cristão. Quanto à questão da purificação, é dito que as palavras “perdão”, “perdoar” e “justificar” aparecem pelo menos 194 vezes nas Escrituras, enquanto que “perfeito”, “justo” ou “santificado” ocorrem mais de 990 vezes, sendo que mais de 500 são aplicadas à vida que vivemos agora. (I Jo.4:17; 1:7). Compreendendo a dimensão dessa necessidade na vida do cristão, Wesley advertiu os crentes a pedirem para experimentarem este renovo não na morte, “mas agora; hoje... Apressa-te, homem, apressa-te! Deixa a tua alma irromper em desejo intenso De provar a perfeita felicidade! O teu coração ardente, em fogo, Ser derretido em amor.”

A INTEIRA SANTIFICAÇÃO IMPLICA CERTO DESPRENDIMENTO DO MUNDO

Embora a vida de santidade não produza afastamento das pessoas ao nosso redor, é natural que aconteça um certo desprendimento dos valores seculares e temporais. É uma vida com inclinação espiritual. O cristão procurará se manter espiritualmente em forma a fim de consagrar o melhor de si para ministrar a Deus e aos outros. Esse modo de encarar a vida de santidade era reforçado por Suzana Wesley: “Tudo quanto debilite a tua razão, comprometa a sensibilidade da tua consciência, obscureça o teu sentido de Deus ou te afaste das coisas espirituais, tudo quanto aumente a autoridade do teu corpo sobre a mente, isso é pecado para ti.” Em suma, o cristão inteiramente santificado, procurará abster-se “de toda a aparência do mal” (I Ts.5:22). “Não admitirá que o bom a afaste do melhor.” (J.Knight. p.134). Terá como meta prioritária, uma vida de santidade, considerando sempre e cuidadosamente as implicações dessa vida: A. Mantendo as Nossas Prioridades. O cristão cheio do Espírito Santo está pronto a abrir mão de algumas coisas que embora não sejam más, por si mesmas, exigiriam tempo, energia, talentos, dinheiro, que poderiam ser 48


mais úteis no serviço de Deus. Um dos grandes desafios nesse nível de consagração é: “fazer a transição do caráter para a prática: daquilo que a experiência crucial da purificação do coração torna uma realidade interior, às realidades exteriores do comportamento implicadas na santidade cristã.”. (Harold Kuhn). O cristão consagrado não fica satisfeito em somente ser purificado do pecado e separado do mundo (valores secundários e pecaminosos), mas deseja ser continuamente cheio do Espírito. Deseja estar enraizado em Cristo, tomado da plenitude divina (Ef.3:14-21). Tem fome e sede da graça abundante, de uma relação com Deus que redunde em poder e aperfeiçoamento em amor. B. Crescimento na Graça. Após serem removidos os principais obstáculos ao crescimento espiritual o cristão inteiramente santificado deve ainda se empenhar no cultivo das virtudes cristãs, avaliar a frutificação dessas, a profundidade da vida espiritual, o aumento do gozo da comunhão com Deus, a firmeza do caráter, o desenvolvimento da compaixão (I Pe.1:3,5-9). Havendo a união com Cristo e a separação do mundo, o cristão será capaz de manter um padrão de vida vitoriosa a despeito das lutas. Através da disciplina e crescimento será capaz de sofrer as provações e aflições com a confiança de que “todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. (Rm.8:28). C. Comunhão Cristã. A santidade é mantida pela vida de Cristo, da igreja e da comunidade dos crentes (I Co.12:12-27: Ef.4:17). Não existe “santidade isolada”. Paulo ressalta essa idéia ao citar: “Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a com a lavagem da água, pela Palavra. Para apresentá-la a Si mesmo, igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível... Porque ninguém aborrece a própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também, o Senhor à Igreja; porque somos membros do seu corpo”. (Ef.5:25-27,29-30) CONCLUSÃO: O plano de Deus é para um povo santo, tanto no sentido coletivo (toda a Igreja), como no restrito: de que dentro dessa há cristãos moralmente santos ou puros de coração (I Pe.2:9). Deus deseja utilizar esses como instrumentos no cumprimento de Seus propósitos redentores no mundo. Esse plano de Deus é levado a cabo quando a Lei do amor é escrita no coração do cristão, e a Imagem divina é projetada em sua vida. Essa semelhança com Cristo é resultado da manifestação plena da graça de Deus em nossas vidas (Rm.5:21 e 20): “Para que, assim como pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça, para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.”. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Viver à “semelhança de Cristo” é a herança de todo o cristão. Reivindiquemos nossa herança, com coração quebrantado, façamos a seguinte oração: - (T.O. Chisholm - G.D.401) 49


Meu Salvador, tal como requeres,

No Teu serviço a possa gozar.

Perfeito, santo quero viver. Dá-me que sigas as Tuas pisadas,

Vem Pai Celeste purificar-me!

Deixando o mundo e seu vil prazer.

Enche a minha alma do Teu poder. Em Tua glória vem, Pai Bendito,

Seja a minha alma purificada

Tua beleza quero viver!

No fogo santo do Teu altar, Para que livre do mal inato,

C. OS EFEITOS DA INTEIRA SANTIFICAÇÃO (BENEFÍCIOS DA SANTIFICAÇÃO): 1. Visão clarificada (Joel 2:28-30; I Jo.2:20,27). 2. Estabilidade (Gal. 5:16;I Ts.5:23-24). 3. Preparação para o serviço (Atos 1:8). SERVIÇO ACEITÁVEL • O Senhor (Lc.4:1) • Estevão (At.6:3,8) • Barnabé (At.11:24) 4. Desapego ao mundo (Rom.12:1-2: I Jo. 2:15). 5. Purificação (At.15:8-9 cf. Jo. 15:1- 3;I Jo.3:3-6 ). 6. Vitória sobre a carne – (Ga.5: 16-18,22-24 cf. Rom.8:1). 7. Maior sensibilidade espiritual (At.10:9-16; 13:1-2: Ap.1:9-20). 8. Ousadia no testemunho (At.1:8). (santa ousadia) • • • •

Apóstolos (At.2:4) Pedro (At.4:8,10) Discípulos (At.4:31) Paulo (At.13:9; Ef. 6:18-20).

9. Poder para vencer as tentações (Rom.8:1-2;Gal.5:16, 24;I Jo.3:8 10.Sabedoria e discernimento (At.4:13;cf. At.2:14-41). 11. Júbilo • Izabel ( Lc.1:41) 50


• •

Zacarias ( Lc.1:67) Discípulos ( At.13:52; Ef.5:18-19)

. O Ministério do Espírito Santo junto ao crente implica em auxílio nas seguintes áreas: •

ORAÇÃO

Tanto Paulo como Judas exortam-nos a orar no Espírito Santo 1) Aspecto Negativo • A oração não pode ser oferecida pelo não salvo. • Não mera repetição • Não é um pedido insistente, mas carnal... 2) Aspecto positivo • Baseada na Palavra de Deus • Baseada na conduta do crente

ADORAÇÃO 1) O significado: “coração transbordante”de apreciação do que Deus é em Cristo”. A adoração transcende a ação de graças e o louvor. 2) O lugar ‘Dentro do véu “= na presença imediata de Deus e não sobre a terra ( Hb.10:19-22). Os nossos sacrifícios sacerdotais são tanto materiais como espirituais ( Rm.12:1 e Hb.13:15,16) 3) O poder por trás da adoração Incenso flagrante – obra exclusiva do Espírito Santo., o qual sempre se deleita em afastar os nossos pensamentos da contemplação de nós próprios e os leva a contemplarem antes a gloriosa personalidade de Deus e de Cristo. •

D. A VIDA DE SANTIDADE: PERGUNTAS FREQUENTES: Os cristãos evangélicos em geral sabem que a santidade ou santificação é ensinada na Bíblia e que traz libertação do pecado através da morte substitutiva de Cristo. Porém, existem controvérsias com respeito ao significado de libertação do pecado e do momento em que isto se concretiza na vida do cristão. Vejamos algumas teorias: (“Santidade Explanada c.2”).

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I A JUSTIFICAÇÃO E A SANTIFICAÇÃO SÃO EXPERIMENTADAS SIMULTÂNEAMENTE I Coríntios 3:1-3; I Coríntios 1:4 51


X Experiência Humana e universal. II. A SANTIFICAÇÃO É ATINGIDA POR CRESCIMENTO NA GRAÇA.

Fator – tempo Hebreus 13:12 III. A SANTIFICAÇÃO SE REALIZA NA MORTE A. A morte é inimiga e não salvadora. (neste caso) B. I Coríntios 1:2. IV. A SANTIFICAÇÃO SE REALIZA DEPOIS DA MORTE, NO PURGATÓRIO - Posição das Escrituras- João 15:2 V. A SANTIFICAÇÃO VEM POR REPRESSÃO DA CARNALIDADE E A SANTIDADE IMPUTADA DE CRISTO. I João 1:7 Romanos 6:22; Mateus 5:48 VI. A SANTIFICAÇÃO É UMA EXPERIÊNCIA SUBSEQUENTE À REGENERAÇÃO, CONDICIONADA À FÉ E À INTEIRA CONSAGRAÇÃO. A. B. C. D.

Romanos 5:20 João 17:17 I Tessalonicenses 4:3 ( Deus ordena) Hebreus 13:12 (Cristo proveu...) Hebreus 10:14,15 - (O Espírito Santo testifica) E. Efésios 5:25-27 F. Romanos 15:16 G. Atos 26:18 Analisando essas hipóteses concluímos que a primeira teoria deve ser rejeitada, já que contraria a experiência universal dos cristãos. Pessoas regeneradas em todas épocas quando iluminadas pelo Espírito Santo têm reconhecido um antagonismo ao amor divino. Exatamente por muitos estarem conscientes de tendências perversas é que chegam à conclusão de que não podem ser libertos, senão pela morte ou talvez no “purgatório”. A experiência cristã também não pode confirmar como coerentes as teorias de que a santidade vem pelo crescimento ou morte. Ninguém testemunha ter crescido até um estado espiritual de completa libertação da “tirania do “eu pecaminoso” . Essas posturas carecem de bases bíblicas. Cremos que a santidade começa na regeneração, continua na obra instantânea de purificação do coração pelo Espírito Santo (inteira santificação), após a regeneração, e avança por toda a vida cristã. O Dr. EW.B. Godley afirmou: “A inteira santificação é aquela da qual nos 52


apropriamos gradualmente, na qual entramos repentinamente e pela qual crescemos indefinidamente.” Sem deixar de respeitar a variedade de opiniões quanto à inteira santificação, a seguir procuraremos responder com o auxílio da Bíblia as principais perguntas alusivas a esta temática. A) As Escrituras Ensinam uma Segunda Crise (Obra da Graça)? Com “crise” queremos nos referir a um “momento definido”. Os defensores da posição wesleyana citam as seguintes provas bíblicas: 1. Ensino Bíblico por Dedução: a. Os discípulos que foram cheios do Espírito Santo no dia de Pentecostes (At.2; cf. Jo.17 e Mc.6:7; Lc.10:20). b. c. d. e.

A narração do avivamento samaritano – fruto da pregação de Filipe (At.8:15-17). A experiência de Saulo de Tarso (At.19:7) Cornélio (At.10:45). Os discípulos de Éfeso (At. 18:24 e 19:6).

2. Evidências Explícitas das Escrituras. a. I Coríntios – é dirigida a “Igreja de Deus em Corinto”.  Paulo dirige-se a esses como: “santificados em Cristo” (1:2)  Reconhecia neles a presença dos dons (1:6,7)  Contudo acrescentou que se dirigia a eles como a “carnais e como a meninos em Cristo” (3:1).  No clímax da carta lhes mostra o “caminho sobremodo excelente “ (I Co.12:1 e 13:1-13)). b. João Batista – parece fazer alusão a uma segunda experiência ao apontar para o “próximo batismo”, o de “fogo” ou “com o Espírito Santo” (Mt.3:11-12).  No primeiro = remissão dos pecados.  No segundo = do “pecado” em si. c. Exortação de Paulo à purificação (II Co.7:1). b. O uso do “aoristo” (tempo verbal no grego) que corresponde a um ato momentâneo e completo. (sem referência ao tempo, indicando ação ou evento em si... em oposição ao tempo presente, que designa ação contínua). Exemplos de passagens dirigidas aos crentes e referentes à sua santificação ou purificação:  Romanos 12:1-2 = “... apresenteis” (idéia de um único ato/ que não precisa ser repetido).  Rom. 13:14 = “Revesti-vos...”  II Co. 1:21-22 = “...Nos ungiu...nos selou e deu” .  Efésios 1:13 = “...Santifique”.  Romanos 6:13=“...Apresentai-vos” (aoristo- “ato específico de consagração”).

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Não poderíamos deixar de mencionar aqui as palavras esclarecedoras e de cunho prático de W. M. Greathouse “Ser cheio com o Espírito não significa receber mais de Deus, mas dar-Lhe tudo de nós mesmos.”. B) Pode a Depravação ou Egocentrismo ser Abolido? Precisamos ter em mente que o “pecado original” às vezes chamado de “depravação herdada” não é uma substância física. É um “espírito de egocentrismo de anarquia ou rebelião contra Deus”. Paulo se refere a ele como “o pecado” (Rom.5:8). A partir dessas definições procuraremos dar resposta a essa questão crucial: 1. O Pecado Original é Egocentrismo Organizado. Sob a influência do pecado inato a vida natural é organizada através dos instintos para fomentar a vontade própria em oposição à soberania de Deus e ao domínio de Cristo (Rom.8:7). Tal sistema pode ser anulado pela vontade regenerada, mas em momentos de tentação, insurge-se em rebeldia. O resultado é um conflito interior: o “eu” dividido contra si mesmo. Felizmente, na inteira santificação o sistema “egoísta” (complexo) é desfeito e o conflito resolvido. A vida natural deve ainda ser disciplinada, mas, isto pode ser conseguido sem resistência organizada interior: “Vencido Tem Jesus.”. (hinário - L.A. n-º 58) 2. Palavras usadas no N.T. A despeito das observações de que “no grego” tenhamos palavras que signifiquem “supressão”: “oprimir”, “controlar”, “fechar”, “suprimir”, “reprimir”, “impedir” etc. – nenhuma é usada no N.T. com referência ao pecado. Por outro lado, os escritores bíblicos empregam palavras fortes como: “purgar”, “purificar”, “remover impurezas”, “eliminar”, “anular”, “crucificar”, “mortificar”... 3. A morte do Pecado De acordo com o costume romano, a crucificação apenas podia significar uma coisa: a morte. Paulo recomenda que o “velho homem” (“corpo do pecado”) seja crucificado. É através da morte de Cristo que pela fé nos apropriamos de uma nova vida, ficando livres da tirania do pecado (Rom.6:11). Em Col. 2:11 Paulo se refere a “circuncisão de Cristo”, como obra a ser realizada no cristão. Biblicamente falando a circuncisão significa: “separação e mortificação”. Portanto a circuncisão do coração é a remoção dos pecados da carne, operada pelo Espírito Santo através de um golpe mortal na depravação ou egocentrismo. Poderíamos sem ser irreverente impor limites à natureza ou ao poder de Deus? C) O que acontece com a nossa Humanidade: o eu? E que nos resta? Às vezes é dito indevidamente que quando alguém recebe um coração santificado, o “ eu” é destruído. Contudo, a Psicologia Moderna nos tem feito compreender a importância e 54


necessidade da existência do “eu”. Considerando que a vontade é essencial ao indivíduo, destruir o “eu” seria destruir a própria pessoa. Precisamos analisar os seguintes aspectos: 1. Crucificação do Eu Pecaminoso Entendemos que o que precisa ser destruído é o “eu” pecaminoso e auto-suficiente, que não quer se submeter ao querer de Deus. (Gal.2:20). O “eu” egoísta e pecaminoso deve ser purificado, renovado e expurgado pelo batismo com o Espírito Santo. Somente quando o homem consegue enxergar a sua necessidade de crucificar o “eu” pecaminoso é que o amor divino enche o seu coração, capacitando-o a “amar a Deus sobre todas as coisas”, ao “próximo” sacrificialmente e a “si mesmo” de maneira desinteressada. 2. Desenvolvimento do “Eu” Verdadeiro A inteira santificação não destrói o “eu”, antes ilumina, liberta e potencializa o mesmo através do Espírito Santo. A vida de santidade é o contínuo desenvolvimento do próprio “eu” em conformidade com o desejo e a vontade de Deus. “ O eu verdadeiro, em adequada relação com Deus, não vive em escravidão, com o temor de um criado. Mas regozija-se na Lei do Senhor escrita no seu coração. (Salmo 1:2; Jer.31:33)”. (John Knight – p.108). 3. Disciplina do Eu Humano O homem inteiramente santificado continuará a ter instintos e desejos básicos, que fazem parte da sua humanidade. Estão diretamente relacionados com os sentimentos da vida (amor, ódio, desejo de propriedade, orgulho, piedade e patriotismo...). Esses impulsos foram pervertidos pelo pecado. A tentação não é pecado e sim fazer aquilo que Deus proíbe. Quando é então que os instintos humanos se tornam pecaminosos? Na verdade, se tornam assim quando entram no domínio da vontade. Quando alguém cede à tentação, após ter saturado a imaginação, se alimentado e se deleitado com pensamentos maus, inevitavelmente o pecado se concretiza. Quando a vontade está envolvida, há pecado, ainda que o desejo não resulte numa ação. (Mt.5:21,22, 27-28). A tentação sempre implica um teste interior: quando então é feito um apelo à mente através dos sentidos. Portanto, se faz necessária a autodisciplina dos instintos, ainda que não haja no cristão inteiramente santificado grande dificuldade para vencer as tentações. A resistência organizada foi vencida, já que todo o “eu” foi entregue a Deus para que seja dirigido. O corpo deve ser disciplinado pela presença capacitadora do Espírito: “O fruto do Espírito é... domínio próprio”. (Gal.5 22-23 cf. I Co.9 27). “Existe um eu pecaminoso a ser crucificado com Cristo; um eu verdadeiro a ser realizado em Cristo; um eu humano a ser disciplinado por Cristo.” (J.O. McClurkan).

D) Pode a Pessoa Inteiramente Santificada Vir a Falhar?

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Sim, a Inteira Santificação não impede alguém de pecar. A bem da verdade, alguns chegam a encobrir as suas falhas, cauterizam suas consciências e decidem viver debaixo do engano e da hipocrisia. Com relação às possíveis faltas, vale considerar que: 1. As Faltas Também Precisam de Perdão. Porquanto o homem sofre com os efeitos da queda, de vez em quando “ pensará, falará e agirá de modo errado; não por falta de amor, mas, por falta de conhecimento”. (J.Wesley). Os melhores cristãos falham de vez em quando por palavras ou por perda de oportunidades de serviço ao próximo. Necessitamos da Redenção de Cristo para essas faltas e devemos procurar perdão. Precisamos considerar a possibilidade de termos ofendido outros e a necessidade de reparar o mal que porventura tenhamos causado a mais alguém (Mt.5:23). 2. Sinal de Maturidade Cristã. Wesley escreveu: “Se alguma vez, pensaste, falaste ou agiste mal, não sejas moroso em reconhecê-lo. Nunca imagines que a confissão prejudicará a causa de Deus; não ela a promoverá. Sê, portanto, aberto e franco; não procures evadir ou encobrir [a tua falta], mas deixa-a transparecer tal qual é; por seu intermédio não impedirás, mas embelezarás o Evangelho.”. O cristão demonstrará sua maturidade, não por nunca falhar, mas por não protelar seu posicionamento: partindo rapidamente da consciência do erro para a identificação do mesmo, para a confissão e os devidos reparos. Confiará no Senhor para perdoá-lo e purificá-lo e continuará em obediência e comunhão ininterrupta. O crente inteiramente santificado procurará viver momento após momento em santidade. Não precisa cair ou viver preocupado com isso, porém se tal acontecer, lembrar-se que: “Temos um advogado junto ao Pai...” (I Jo.2:1-2). O propósito contínuo de sua vida será a glória de Deus e Ele o capacitará a “prosseguir para o alvo..” (Fp.3:14; B.12:14). Conclusão: A purificação, pureza, poder para a vida de serviço - companheirismo - amor a Deus e ao próximo vem apenas quando o cristão se arrepende, consagra-se totalmente e exerce fé na Obra do Espírito. Entreguemos todo o nosso ser a Cristo e oremos assim: “Mantém o Teu próprio caminho, Senhor! Mantém o Teu próprio caminho, Senhor! Conserva o domínio absoluto do meu ser! Enche-o com Teu Espírito até todos verem

Apenas Cristo, sempre vivendo em mim !” __ A.A.Pollard

IV. PERSPECTIVAS E DIFUSÃO DA DOUTRINA DE SANTIDADE A. Perspectivas da Doutrina de Santidade. “Porque Pregar a Doutrina de Santidade”? 1. A Nossa época exige . Consideremos alguns aspectos comprobatórios:

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• Ausência de Paz no mundo: Em um mundo tumultuado pelos conflitos, disputas e anarquia o Príncipe da paz não nos recomendaria uma nova ideologia ou sistema econômico, mas um novo coração não apenas regenerado, mas santificado. Tanto Freud como os teólogos neo-ortoxos concordam em apontar que os males do homem estão mais além que as aparências exteriores da vida. O pregador do Espírito de Santidade tem um Evangelho que crido, experimentado e praticado, oferece respostas para as questões básicas. • O Problema da lei e da ordem – (rebelião generalizada). O Estado não tem respostas à altura... A santidade ao purificar o coração atua na causa da desordem e da rebeldia e coloca os homens em conformidade interior com a ordem essencial para a preservação de um padrão satisfatório de civilização. • A questão do Divórcio – Pais santificados não brigam e discutem, nem destroçam o coração de seus filhos recorrendo às Varas de Família. • Delinqüência Juvenil - A única resposta é conduzir os pecados a fonte de correção interior – O Calvário. Os jovens santificados não são delinqüentes. Os adultos santificados não são violentos (iracundos). Aprendem autodisciplina. São regidos pelos valores de cristãos de abstinência e de mordomia cristã. • A santidade promove a coesão e estabilidade social. Os cidadãos santificados não só obedecem à lei como também são honestos nos negócios e puros nos seus relacionamentos quanto à moral. A santidade promove também a amizade entre as raças. É possível não entenderem acerca de alguns aspectos específicos dos complexos problemas sociais. Talvez não saibam sempre o que é o melhor para todos. Mas desejam honestamente o melhor para as minorias. • A Questão da Saúde Mental (Emocional) – A santidade proporciona a única base segura para a paz mental devido à personalidade íntegra afinada com Deus. A santidade liberta da culpa e da sua causa: o pecado. Une o ser interior a Jesus. Estimula e satisfaz através do desafio adequado – O Reino de Deus e Sua Justiça. • Existem grupos que defendem a temperança (ética), agências humanitárias, “C.P.I.s” para “moralizarem” os governos, e ativos reformadores sociais. Todos eles têm um aliado poderoso na santidade de coração que cria uma aversão espontânea com tudo o que é mal. O amor do coração purificado se projetará na preocupação pelos deprimidos e oprimidos; talvez seja necessário dar um direcionamento contextualizado, mas sua motivação deve permanecer inalterada. O homem santo estará apoiando, instintivamente, os princípios de uma boa cidadania e um governo honesto. Tem em seu coração o elemento indispensável para a solução de todos os problemas sociais; a boa vontade reforçada pela coragem e a integridade. Não queremos dizer que somente as duas experiências da graça bastam para que se explore todo o potencial da graça de Deus no homem, ou que é possível faze-lo compreender instantaneamente todas as implicações sociais de sua fé. Embora não seja imediata a resposta do cristianismo aos problemas do momento em nossa sociedade, contudo, ele possui a essência da cura. Seu posicionamento moral, adequado com as questões básicas da nossa geração é determinante. Portanto, ainda que um cristão, em particular, não seja um líder é parte da solução, mais do que parte do problema. 57


Embora o mundo não seja capaz de reconhecer no pregador de santidade a sua maior contribuição positiva, esta é precisamente a marca que lhe será reconhecida na glória e juízo eternos. 2. A Igreja o Necessita . • A necessidade desesperada de uma pregação positiva de santidade pode ser percebida na experiência de muitos que mesmo como cristãos um dia estiveram carecendo de significado e propósito de vida , desiludidos com a religião formal, mas que encontraram na pregação de santidade e conseqüente ministração da graça regeneradora e santificadora a resposta para o seu fracasso e vazio espiritual. • Esta experiência também proverá para o cristão autoridade e confiança no seu testemunho pessoal. Muitos testificam da eficácia marcante no evangelismo, após terem sidos revestidos com o Espírito Santo. A lista passa por nomes como: Bud Robinson, A.B.Simpson, D.L. Moody, H.C. Morrison, Oswald Chambers, Phineas Breese etc. • Cristãos medíocres formam igrejas medíocres. Uma igreja não tem como elevar o seu nível mais alto do que o nível espiritual dos seus membros. Não pode ser espiritual uma igreja cujos membros são carnais. Uma Igreja não espiritual causará pouco impacto na sua comunidade e estará desprovida de poder espiritual ainda que seja uma colméia de atividades. • A pregação de santidade é a maneira mais eficaz de promover um avivamento. John Wesley viu isto e freqüente e enfaticamente... O declínio espiritual está relacionado frequentemente ao descuido de doutrina. • Alguns pastores tem apresentado relatórios de transformação e crescimento saudável.em suas igrejas, como resultado da pregação de santidade . Ainda que algumas experimentassem mudanças mais rápidas que outras, geralmente se pode esperar que estas atinjam as seguintes área (entre outras): 1) Promove estabilidade e diminui as apostasias; 2) Provoca um aumento na freqüência regular aos cultos, especialmente os de oração; 3) Intensifica o sentido de mordomia; consequentemente traz um aumento às finanças; 4) Aprofunda a comunhão e harmonia entre os irmãos entre os irmãos, liberando assim o pastor para que gaste as suas energias naquilo que é prioritário para o crescimento da igreja. 5) Intensifica a preocupação pelos perdidos, criando assim um forte aliado nas Campanhas de Avivamento, Projetos missionários e ministérios em geral na igreja local. 6) Resulta em que os mais jovens ouvem e respondem ao chamado para o ministério de tempo integral. (Será que a atual escassez de candidatos à obra missionária e ao pastoreado não se deve ao fato de que não temos nos empenhado o suficiente em pregar a santidade?). 7) Eleva o nível espiritual (geral) da igreja, desde o culto público até as reuniões dos menores comitês e juntas. 58


“A força de uma igreja está no circulo íntimo de membros santificados. Eles são os obreiros, os lutadores, os guerreiros de oração, os ganhadores de almas.”(Allister Smith). Considerando tudo isto, ressoa a pergunta: “Pode um pastor fazer algo mais importante, ou mais duradouro e eficaz que concentrar-se em conduzir o seu povo para a santidade de coração”? 3. O Evangelho Requer A interpretação wesleyana de santidade está longe de ser uma novidade teológica., antes tem sua fundamentação clara no conceito e conteúdo do Evangelho. Um evangelho que não é adequado para todas às necessidades morais e espirituais não é Evangelho. É uma fraude porque promete mais do que pode dar. ...Não há nenhuma doutrina nas Escrituras que não se relacione de alguma forma com a perfeição do homem. A Bíblia foi escrita para mostrar as possibilidades da graça no coração humano. Wesley asseverou que: “Nossas principais doutrinas são: o arrependimento, a fé e a santidade. O primeiro destes, o consideramos como o pórtico da religião; a seguinte, a porta e a terceira a religião em si mesma.”. O entendimento de Wesley com relação à condição moral do homem e sua necessidade espiritual podem ser verificados através de seus próprios questionamentos e respostas: •

“O que um pregador poderia dizer de mais importante ao povo sobre Deu”? R: Que Ele é santo e exige que sejamos santos (I Pe.1:14-16).

O que um pregador poderia dizer de mais importante ao povo sobre Cristo? R: Que Cristo está vivo e pode salvar totalmente (Hb.7:25).

O que um pregador poderia dizer de mais importante ao povo sobre o Espírito Santo? R: Que o Espírito Santo foi dado para que opere a santidade em nossas vidas.

O que de mais importante um pregador poderia dizer sobre a vida do cristão? R: Que este deve ser santo e sem mancha diante de Deus (Ef.1:4).

O que é mais importante que um pregador diga sobre o céu? R: Que é um lugar santo, para um povo santo – “Sem a qual ninguém verá o Senhor”. (Hb.12:14).””

G.B. Williamson escreve: “A pedra angular ilustra a posição da doutrina de santidade na relação com todos os princípios fundamentais de nossa santa fé...”. O pregador de santidade é o verdadeiro pregador de Cristo. Ele não disfarça o Evangelho. Não conhece um Salvador insuficiente ou parcial. Sabe perfeitamente que Cristo é o Salvador perfeito, porque é o perfeito Santificador. Por isso se gloria na Plenitude do Sangue Expiador. O poder das Boas Novas não está censurado ou condicionado. Jesus é capaz de salvar a todos, em todas as partes, de todo pecado, interior e exterior. E.Stanley Jones expõe: “... Devemos nos mover com a resposta de Deus para esta geração, e a resposta de Deus é Cristo. A resposta de Cristo é o reino e o centro de tudo está no poder purificador e capacitador do Espírito Santo.”. 59


“... Quando os homens tiverem uma profunda visão se verão compelidos a dizer aos Sambalás do modernismo, do ecumenismo e do evangelismo falsificado: “estou fazendo uma grande obra... “Não posso descer, outras metas e ênfases parecem menores, e não maiores.” •Traduzido de: TAYLOR, Richard S. La Santidad en el Púlpito Moderno. CNP, Kansas City/USA: 1985. •

B. Difusão da Doutrina de Santidade. Após termos considerado alguns motivos pertinentes e urgentes para a pregação da Santidade Cristã. Incluímos a seguir alguns esboços de mensagens que focam os aspectos bíblicos, teológicos e práticos da Doutrina. PERFEIÇÃO CRISTÃ John Wesley "Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus". Filipenses 3:12 1. Escassamente existe alguma expressão nos Santos Escritos que tenha causado mais ofensa do que esta. A palavra, perfeito, é a que muitos não podem suportar. O mesmo som dela é abominação para eles. E quem quer que pregue a perfeição (como a frase está), ou seja, afirme que ela é alcançada nesta vida, corre grande risco de ser considerado por eles, pior do que um ateu ou um publicano. 2. E, disto, alguns têm aconselhado totalmente a colocar de lado o uso daquelas expressões, "porque elas têm causado tão grandes ofensas". Mas elas não são encontradas nos oráculos de Deus? Se forem, através de que autoridade pode algum Mensageiro de Deus colocálas de lado, até mesmo, se todos os homens ficarem ofendidos? Nós não temos aprendido assim de Cristo; nem podemos assim dar lugar ao diabo. O que quer que Deus tenha falado, isto falaremos, quer os homens ouçam, ou quer eles proíbam; sabendo que, então, somente algum Ministro de Cristo pode estar "puro do sangue de todos os homens", quando ele "não evitar declarar junto a eles todos os conselhos de Deus". [Atos 20:26-27]. 3. Nós não podemos, portanto, colocar essas expressões de lado, vendo que elas são as palavras de Deus, e não de homem. Mas nós podemos e devemos explicar o significado delas, e que aqueles que são sinceros de coração podem não errar, para o lado direito ou esquerdo, da marca do prêmio de seu chamado. E isto é mais necessário ser feito, porque no verso já repetido, o Apóstolo fala de si mesmo, como não perfeito: "Não", ele diz, "como se eu já fosse perfeito". E ainda assim, imediatamente depois, no décimo-quinto verso, ele fala de si mesmo; sim, e de muitos outros, como perfeitos. "Que nós", diz ele, "pelo quanto somos perfeitos, estejamos assim propensos". [Filipenses 3:15]. 4. Com o objetivo, portanto, de remover a dificuldade surgida desta contradição aparente, assim como dar esclarecimento àqueles que estão pressionando para a marca, e aqueles que são fracos, de modo a não se desviarem do caminho, eu devo me esforçar para mostrar: 60


I. II.

Em que sentido, os cristãos não são perfeitos; Em que sentido, eles são perfeitos. I

1. Em Primeiro Lugar, eu devo me esforçar para mostrar em que sentido os cristãos não são perfeitos. E ambos pela experiência e Escrituras, parece (1) que eles não são perfeitos no conhecimento: eles não são tão perfeitos nesta vida, de maneira a se livrarem da ignorância. Eles sabem, em comum com outros homens, muitas coisas relativas ao mundo presente; com respeito ao mundo vindouro, eles sabem as verdades gerais que Deus tem revelado. Eles sabem, igualmente, (o que o homem natural não recebeu, porque essas coisas são discernidas espiritualmente) "que maneira de amor", por meio do qual, "o Pai" tem amado a eles "de maneira que eles possam ser chamados de filhos de Deus". [I João 3:1]. Eles sabem a obra poderosa de seu Espírito em seus corações; [Efésios 3:16], e a sabedoria de sua providência, dirigindo todos os seus passos [Provérbio 3:6], e fazendo com que todas as coisas cooperem juntas para o bem deles. [Romanos 8:28]. Sim, eles sabem, em cada circunstância da vida, o que o Senhor requer deles, e como manter a consciência nula de ofensa, tanto em direção a Deus, quanto ao homem. [Atos 24:16]. 2. Mas inumeráveis são as coisas que eles não sabem. No tocante ao próprio Altíssimo, eles não podem buscá-lo, fora da perfeição. "Reparem que essas são partes do seu caminho. Mas o trovão de seu poder pode ser entendido?". [Jó 26:14]. Que eles não podem entender, eu não direi como "existem Três que testificam nos céus, o Pai, Filho, e o Espírito Santo, e esses três são um"; [I João 5:7], ou como o Filho do Deus eterno "tomem sobre si mesmo a forma de um servo"; [Filipenses 2:7] – mas não qualquer um atributo; não alguma circunstância da natureza divina. [II Pedro 1:4]. Nem é isto para que eles conheçam os tempos e épocas [Atos 1:7], quando Deus realizará suas grandes obras na terra; não, nem mesmo aquelas que, em parte, foram reveladas pelos seus servos e profetas, desde que o mundo começou. [veja Amós 3:7 "Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas"]. Muito menos eles sabem quando Deus, tendo "concluído o número de seus eleitos, irá apressá-los para seu reino"; quando "os céus passarão, com grande barulho, e os elementos se derreterão com calor fervente". [II Pedro 3:10]. 3. Eles não sabem as razões, até mesmo, de muitas das suas presentes dispensações com os filhos dos homens; mas estão constrangidos a descansar aqui, -- embora "nuvens e escuridão estejam à volta dele, a retidão e julgamento são a habitação de seu trono". [Salmos 97:2]. Sim, freqüentemente, com respeito aos feitos dele, para com eles, seu Senhor lhes diz junto: "O que eu faço, vós não sabeis agora; mas sabereis daqui para frente". [João 13:7]. E quão pouco eles sabem do que está sempre diante deles, mesmo das obras visíveis da mão Dele! – Como "Ele estende o norte sobre o lugar vazio, e suspende a terra sobre o nada?" [Jó 26:7]. Como ele une todas as partes desta vasta máquina, através de uma corrente secreta que não pode ser quebrada? Tão grande é a ignorância; tão pequeno o conhecimento, até mesmo do melhor dos homens! 4. Nenhum deles, é tão perfeito nesta vida, de maneira a estar livre da ignorância. Nem, (2) "conhecer, a não ser em parte", [I Cor. 13:12] está, alguma vez, sujeito ao erro, no tocante às coisas essenciais à salvação: Eles não "trocam a escuridão pela luz; ou a luz pela escuridão" [Isaias 5:20]; nem "buscam morte no erro de suas vidas". [Sabedoria de Salomão 1:12 (Apócrifa)]. Porque eles são "ensinados de Deus", e a maneira que eles os ensinam, o caminho da santidade, é tão claro, que "o homem viandante, embora um tolo, não necessita errar nele". [Isaias 35:8]. Mas em todas as coisas essenciais à salvação, eles erram, e isto, freqüentemente. Os melhores e mais sábios dos homens estão freqüentemente errando, até mesmo, com respeito 61


aos fatos; acreditando que essas coisas não foram, o que elas realmente foram; ou aquelas que deveriam ter sido feitas, e não foram. Ou suponham que eles não estão errados, quanto ao fato em si mesmo, eles podem, com respeito a estas circunstâncias, acreditando nelas, ou muitas delas, de terem sido completamente diferentes do que, na verdade, elas foram. E, disto, não podemos deixar de levantar muitos equívocos mais além. Disto, eles podem acreditar, tanto nas ações passadas, quanto presentes, que foram ou são más, como sendo boas; e tais que foram boas, como sendo más. Disto, também, eles podem julgar, não de acordo com a verdade, no que diz respeito aos caracteres dos homens; e isto, não apenas supondo que os homens bons sejam melhores; ou os homens maus sejam piores, do que eles são, mas por acreditarem que têm sido, ou que deverão ser homens melhores quem foi ou é muito mau; ou talvez, aqueles que têm sido ou deverão ser maus, quem foi ou é santo e irrepreensível. 5. Mais ainda, com respeito às próprias Escrituras Santas, por mais cuidadoso que ele seja para evitar isto, o melhor dos homens está sujeito ao erro; e erra, dia a dia; especialmente, com respeito àquelas partes, que menos imediatamente se referem a prática. Disto, até mesmo os filhos de Deus não estão de acordo quanto à interpretação de muitos lugares nos escritos santos. Nem a diferença de opinião deles é alguma prova de que eles não são filhos de Deus, de ambos os lados; mas é prova de que não devemos esperar que algum homem vivente seja mais infalível do que o Onisciente. 6. Se for objetado o que tem sido observado, debaixo deste e do assunto precedente, que João, falando aos seus irmãos na fé diz: "Vocês têm uma unção do Espírito Único, e vocês conhecem todas as coisas" (I João 2:20): A resposta é clara: "Vocês sabem todas as coisas que são necessárias para a saúde de suas almas". [cf. III João 1:2 "Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma".]. Que o Apóstolo nunca pretendeu estender isto mais além; que ele não poderia falar disto, em um sentido absoluto, está claro, (1) por isto: -- porque, do contrário, ele descreveria os discípulos, como "acima de seu Mestre"; vendo que o próprio Cristo, como homem, não sabia todas as coisas: "Daquela hora", disse Ele, "nenhum homem conhece; não, nem o Filho, mas o Pai apenas". [Marcos 13:32]. Fica claro, (2) das próprias palavras do Apóstolo que se seguem: "Essas coisas eu tenho escrito a vocês, concernente àqueles que enganam a vocês"; [cf. I João 3:7], assim como, de suas precauções freqüentemente repetidas: "Que nenhum homem os engane"; [veja Marcos 13:5; Efésios 5:6; II Tessalonicenses 2:3], que tem sido completamente desnecessário, não tivessem essas mesmas pessoas que tiveram aquela unção do Espírito Santo [I João 2:20] sujeitas, não pela ignorância apenas, mas também pelo erro. 7. Até mesmo os cristãos, portanto, não são tão perfeitos, de maneira a estarem livres da ignorância ou do erro. Eles podem, (3), acrescentar não das enfermidades. – Apenas cuidemos de entender esta palavra corretamente: Não vamos tão somente dar este título delicado aos pecados conhecidos, como é a maneira de alguns. Assim, um homem nos diz: "Todo homem tem sua enfermidade, e a minha é a bebedeira". Outros têm a enfermidade da impureza; outro em tomar o santo nome de Deus em vão; e, ainda assim, outro tem a enfermidade de chamar ao seu irmão: "Tu, tolo". [Mateus 5:22], retornando "injuria por injuria". [I Pedro 3:9]. É claro que todos vocês que assim falam, se não se arrependerem, deverão, com suas enfermidades, irem rapidamente para o inferno! Mas eu quero dizer, por meio disto, não apenas aquelas que são denominadas enfermidades corpóreas, mas todas aquelas imperfeições interiores e exteriores, que não são de uma natureza moral. Tal é a fraqueza ou morosidade de entendimento; embotamento ou confusão de apreensão; incoerência de pensamento; atividade ou opressão irregular da imaginação. Tal é a necessidade (para não mencionar mais deste tipo) de uma memória pronta ou retentiva. Tais, em outro tipo, são aquelas que são comumente, em alguma medida, conseqüentes à estas; ou seja, lentidão de discurso; impropriedade da linguagem; falta de elegância na 62


pronunciação; aos quais, alguém acrescentaria milhares de imperfeições desconhecidas, quer na conversação ou comportamento. Essas são as enfermidades que são encontradas nos melhores homens; em uma proporção maior ou menor. E dessas ninguém pode esperar estar perfeitamente livres, até que o espírito retorne para Deus que o deu. [Eclesiastes 12:7]. 8. Nem podemos esperar, até então, estarmos totalmente livres da tentação. Tal perfeição não pertence a esta vida. É verdade, que existem aqueles que entregaram à obra toda impureza, com avidez [Efésios 4:19], e dificilmente percebem as tentações que eles não resistiram, e, assim, parecem estar sem tentações. Existem muitos também aos quais o sábio inimigo das almas, parecendo adormecido na forma morta da santidade, não colocará à prova o pecado grosseiro, a fim de que eles não possam despertar, antes que tenham caído no fogo eterno. Eu sei que existem também filhos de Deus que estando agora livremente justificados, [Romanos 5:1] encontraram redenção no sangue de Cristo [Efésios 1:7], para o momento, não sentem tentação. Deus tem dito para seus inimigos: "Não toquem em meus ungidos, e não causem dano em meus filhos". [veja I Crônicas 16:22]. E, por agora, pode ser, por semanas ou meses, ele fez com que eles "cavalgassem nos lugares altos" [Deuteronômio 32:15]; ele os levasse como asas de águia [Êxodo 19:4], acima de todos os dardos afiados do maligno [Efésios 6:16]. Mas este estado não durará para sempre; como aprendemos daquela simples declaração, - que o próprio Filho de Deus, nos dias de sua carne, foi tentado, até mesmo, no fim de sua vida. [Hebreus 2:18 "Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados. 4:15 "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado"; 6:7 "Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus"]. Portanto, que seu servo espere ser; porque "é suficiente que ele seja como seu Mestre". [Lucas 6:49]. 9. A perfeição cristã, portanto, não implica (como alguns homens parecem ter imaginado), uma exceção, quer da ignorância ou erro; ou enfermidades ou tentações. Na verdade, é apenas um outro termo para a santidade. Existem dois nomes para a mesma coisa. Assim, cada um que é perfeito é santo, e todos que são santos são, no sentido bíblico, perfeitos. Ainda assim, podemos, por fim, observar que nem neste aspecto existe alguma perfeição absoluta na terra. Não existe perfeição de graus, como isto é denominado; nenhuma que admita um crescimento contínuo. De modo que, quanto mais algum homem a obteve, ou em que altura ou grau ele seja perfeito, mais ainda ele precisa "crescer na graça". [II Pedro 3:18]; e, diariamente avançar no conhecimento e amor a Deus seu Salvador. [veja Filipenses 1:9]. II 1. Em que sentido, então, os cristãos são perfeitos? Isto é o que eu devo me esforçar, Em Segundo Lugar, para mostrar. Mas seria mencionado de antemão, que existem diversos estágios na vida cristã, como na vida natural: alguns dos filhos de Deus sendo apenas bebês recémnascidos; outros tendo obtido mais maturidade. E, assim sendo, João, em sua Primeira Epístola, (I João 1:12 em diante) refere-se severamente a esses termos criancinhas, àqueles que ele denomina jovens, e àqueles que ele intitula pais. "Eu escrevo junto a vocês, criancinhas", diz o Apóstolo, "porque seus pecados estão perdoados": Porque, até ai, vocês alcançaram – estando "livremente justificados", vocês têm "paz com Deus, através de Jesus Cristo". [Romanos 5:1]. "Eu escrito a vocês, jovens, porque vocês dominaram o diabo"; ou (como ele, mais tarde, acrescenta) "porque vocês são fortes, e a palavra de Deus habita em vocês". [I João 2:13-14]. Vocês suprimiram os dardos afiados do maligno [Efésios 6:16]: as dúvidas e temores com os quais ele perturbou vocês a princípio; e o testemunho de Deus, de que seus pecados são esquecidos, agora habita em seus corações. "Eu escrevo a vocês, pais, porque vocês o 63


conheceram, desde o princípio". [I João 2:13]. Ainda assim, têm conhecido a ambos o Pai e o Filho, e o Espírito de Cristo, na profundeza de suas almas. Vocês são "homens perfeitos, adultos na medida da estatura da plenitude de Cristo". [Efésios 4:13]. 2. É desses principalmente que falo, na última parte deste discurso: Porque esses apenas são propriamente cristãos. Mas, mesmo bebês em Cristo, em tal sentido, são perfeitos, ou nascidos de Deus (expressão tomada também em sentidos diversos), como a (1) não cometerem pecado. Se existir alguma dúvida deste privilégio dos filhos de Deus, a questão não deve ser decidida pelos raciocínios abstratos que podem ser esboçados na extensão infinita, mas deixar o ponto exatamente como estava anteriormente. Nem dever ser determinado pela experiência desta ou daquela pessoa em específico. Muitos podem supor que eles não cometem pecados, quando eles o fazem; mas isto prova nada, de qualquer forma. Nós apelamos para a lei e para o testemunho. "Que Deus seja verdadeiro, e todo homem um mentiroso". [Romanos 3:4]. Mas sua Palavra permencerá, e esta somente. Por meio da qual, seremos julgados. 3. Agora a Palavra de Deus declara plenamente que, mesmo aqueles que estão justificados, que são nascidos novamente, no sentido mais simples, "não continuam no pecado"; não podem "viver mais tempo nele"; (Romanos 6:1-2); são "estabelecidos juntamente na igualdade da morte" de Cristo; (Romanos 6:5); "o velho homem, crucificado com ele", e o corpo de pecado, destruído, de maneira, a dali por diante, não servirem ao pecado; e mortos com Cristo, serem libertos do pecado; (Romanos 6:6-7), "mortos para o pecado, e vivos para Deus"; (Romanos 6-11) "o pecado não mais tem domínio sobre eles", que estão, "não debaixo da lei, mas debaixo da graça"; mas que esses "estando livres do pecado, se tornaram os servos da retidão". (Romanos 6:14-18). 4. No mínimo, o que pode ser deduzido destas palavras, é que as pessoas das quais se fala nela, ou seja, todos os cristãos verdadeiros, os crentes em Cristo, são feitos livres do pecado exterior. E o mesmo livramento que Paulo expressa aqui em tais variedades de frases, Pedro expressa nesta única: (I Pedro 4:1-2) "Aquele que sofreu na carne cessou do pecado – para que ele não viva mais para os desejos dos homens, mas para a vontade de Deus". Porque este cessar do pecado, se for interpretado no sentido menor, com respeito apenas ao comportamento exterior, deve denotar o cessar do ato exterior, de alguma transgressão exterior da lei. 5. Mas mais expressa são as palavras bem conhecidas de João, no terceiro capítulo de sua Primeira Epístola, verso 8 em diante: "Ele que comete pecado é do diabo; porque o diabo peca, desde o início. Para este propósito, o Filho de Deus foi manifestado, para que possa destruir as obras do diabo. Quem quer que seja nascido de Deus não comete pecado; porque sua semente permanece nele: e ele não pode pecar, porque ele é nascido de Deus". [I João 3:8-9]. E esses, no quinto: (I João 5:18) "Nós sabemos que, quem quer que seja nascido de Deus não peca; mas ele que é criado de Deus mantém-se, e o diabo não o toca". 6. De fato, é dito que isto significa apenas que ele não pecou obstinadamente; ou não cometeu pecado habitualmente; ou, não, como outros homens o fazem; ou como ele fez antes. Mas, através de que é isto dito? Através de João? Não. Não existe tal palavra no texto; nem em todo o capítulo; nem em todas as suas Epístolas; nem em alguma parte de seus escritos, quaisquer que fossem. Porque, então, o melhor meio de responder a uma afirmação evidente é simplesmente negá-la. E, se algum homem pode prová-la da Palavra de Deus, que ele produza suas fortes razões. 7. E uma espécie de razão existe, que tem sido freqüentemente trazida para o suporte dessas estranhas afirmações, esboçadas dos exemplos registrados na Palavra de Deus: "O que!", 64


dizem eles, "o próprio Abraão não cometeu pecado – prevaricando, e negando sua esposa? Moisés não cometeu pecado, quando ele provocou Deus, nas águas da disputa? Mais ainda, para produzir uma por todas, mesmo Davi, 'o homem, segundo o coração do próprio Deus', não cometeu pecado, na questão de Urias de Hittite; até mesmo assassinato e adultério?". É mais certo que sim. E isto é verdade. Mas o que você infere disto? Pode ser afirmado: (1) Que Davi, no curso geral de sua vida, foi um dos mais santos homens em meio aos judeus; e, (2) que o mais santo dos homens em meio aos judeus cometeu, algumas vezes, pecado. Mas se você inferior disto que todos os cristãos cometem e devem cometer pecados, por quanto tempo vivam; esta conseqüência nós negamos extremamente: isto nunca se seguirá destas premissas. 8. Esses que argumentam assim, parecem nunca ter considerado aquela declaração de nosso Senhor: (Mateus 11:11) "Verdadeiramente eu digo a vocês que, em meio a eles que são nascidos de mulheres, não se levantou um maior do que João Batista: Não obstante, ele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele". Eu temo, na verdade, que existem alguns que imaginaram que "o reino dos céus" aqui quer dizer o reino da glória; como se o Filho de Deus tivesse exatamente revelado a nós que o menor santo glorificado no céu é maior do que algum homem sobre a terra! Mencionar isto é suficientemente refutar isto. Pode, portanto, sem dúvida ser feito, mas "o reino do céu", aqui, (como nos versos seguintes, onde ele é dito ser tomado pela força), [Mateus 11:12], ou, "o reino de Deus", como Lucas expressa isto, -- é aquele reino de Deus na terra, para o qual todos os verdadeiros crentes em Cristo; todos os cristãos reais pertencem. Nestas palavras, então, nosso Senhor declara duas coisas: (1) que antes de sua vinda na carne, em meio aos filhos dos homens, não tinha havido um maior do que João Batista; disto evidentemente se segue que nem Abraão, Davi, nem algum judeu maior do que João. Nosso Senhor (2) declara que ele que é menor no reino de Deus (naquele reino que ele veio estabelecer na terra, e que o violento agora começa a tomar pela força) é maior do que ele: -- Nem um profeta maior, como alguns têm interpretado a palavra; porque isto é palpavelmente falso, de fato; mas maior na graça de Deus, e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, nós não podemos medir os privilégios dos cristãos verdadeiros, por aqueles formalmente dados para os judeus. A "ministração" deles (ou dispensação) nós admitimos "foi gloriosa", mas as nossas "excedem em glória". [II Cor. 3:7-9]. De maneira que, quem quer que traga a dispensação cristã para o padrão judaico; quem quer que junte aos poucos os exemplos dos fracos, registrados na Lei e os Profetas, e disto conclua que aqueles que "colocados sobre Cristo" [Gálatas 3:27] são devidos com nenhuma força maior, erram grandemente, nem "conhecem as Escrituras, nem o poder de Deus". [Mateus 22:29]. 9. "Mas não existem afirmações nas Escrituras que provem a mesma coisa, se ela não pode ser inferida daqueles exemplos? As Escrituras expressamente não dizem: 'Mesmo um homem justo peca sete vezes ao dia?'". Eu respondo: Não. As Escrituras dizem nada sobre tal coisa. Não existe tal texto em toda a B´bilia. Isto que parece ser pretendido é o sexto verso do vigésimo-quarto capítulo de Provérbios, cujas palavras são: "Um homem justo cai, sete vezes, e se ergue novamente". [Provérbios 24:16]. Mas isto é uma coisa completamente diferente. Porque, (1) as palavras "por dia", não estão no texto. Assim sendo, se um homem cai sete vezes, em sua vida, é tanto quanto é afirmado aqui. (2) Aqui, não menciona a queda no peacado, afinal; o que aqui é mencionado é cair nas aflições temporais. Isto plenamente aparece do verso anterior nas palavras que são estas: "Não arme cilada, Ó homem mau, contra a habitação do justo, ó ímpio, nem assole o seu lugar de repouso". [Provérbios 24:15]. Segue-se: "Porque um homem justo cai sete vezes, e se levanta novamente; mas o homem mau cai em sua maldade". Como se ele tivesse dito: "Deus te livrará de teus problemas, mas quando tu caíres, não terás alguém para livrar a ti". 65


10. "Mas, como quer que seja, em outros lugares", continuam os opositores: "Salomão afirma plenamente: 'Não existe homem algum que não peque'"; (I Reis 8:46; II Crônicas 6:36); sim, 'Não existe um homem justo sobre a terra, que seja bom, e não peque'. (Eclesiastes 7:20)". Eu respondo: Sem dúvida; assim foi nos dias de Salomão. Sim, assim foi de Adão a Moisés; de Moisés a Salomão; e de Salomão a Cristo. Não havia, então, homem que não pecasse. Mesmo desde que o pecado entrou no mundo, não houve um homem justo sobre a terra que fez o bem e não pecou, até que o Filho de Deus foi manifesto, para tirar nossos pecados. É inquestionavelmente verdadeiro que "o herdeiro, por quanto tempo ele foi uma criança, diferiu nada de um servo". [Gálatas 4:1]. E que, mesmo assim, eles (todos os homens santos do passado, que estiveram sob a dispensação judaica) estavam, durante aquele estado infantil da Igreja, "na escravidão, debaixo dos elementos do mundo". [Gálatas 4:3]. "Mas, quando a plenitude dos tempo chegou, Deus enviou seu Filho, feito sob a lei, para redimir a eles que estavam debaixo da lei; para que eles recebessem a adoção de filhos". [Gálatas 4:4] – para que eles recebessem aquela "graça que é agora manifesta, pela aparição de nosso Salvador, Jesus Cristo, que aboliu a morte, e trouxe a vida e imortalidade do conhecimento, através do Evangelho". (II Timóteo 1:10). Agora, portanto, eles "não são mais servos, mas filhos". [veja Gálatas 4:7]. De maneira que, qualquer que fosse o caso daqueles debaixo da lei, nós podemos seguramente afirmar com João que, desde que o Evangelho foi dado, "aquele que é nascido de Deus não peca". [I João 5:18]. 11. De grande importância é observar, e isto mais cuidadosamente do que comumente é feito, a diferença ampla que existe, entre a dispensação judaica e a cristã; e este alicerce dela, a que o mesmo Apóstolo se refere no sétimo capítulo de seu Evangelho. (João 7:38, em diante). E depois de referir-se àquelas palavras de nosso abençoado Senhor: "Ele que crer em mim, como as Escrituras têm dito, de sua barriga fluirão rios de água viva", ele imediatamente acrescenta: "Isto fala ele do Espírito", ou emellon lambanein hoi pisteuontes eis auton, -- que aqueles que crerem Nele, deveriam em seguida receber. Uma vez que o Espírito Santo não foi dado, porque Jesus não estava ainda glorificado". [João 7:39]. Agora o Apóstolo não pode significar aqui (como alguns têm ensinado), que o poder do milagre operado pelo Espírito Santo não fora ainda dado. Porque isto foi dado; nosso Senhor o deu a todos os Apóstolos, quando Ele primeiro os enviou para pregar o Evangelho. Ele, então, deu poder sobre os espíritos imundos, para expulsálos; poder para curar o doente; sim, para ressuscitar os mortos. [Marcos 10:8]. Mas o Espírito Santo não for a ainda dado em suas graças santificadoras, como ele foi depois que Jesus foi glorificado. Foi, então, quando "ele ascendeu aos céus, que o Senhor Deus habitaria neles". [Salmos 68:18 " Tu subiste ao alto, levaste cativo o cativeiro, recebeste dons para os homens, e até para os rebeldes, para que o Senhor Deus habitasse entre eles"; Efésios 4:8 " Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens"], quando o dia de Pentecostes veio plenamente, [Atos 2:1 "E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordantemente, no mesmo lugar"], então, primeiro que eles que "esperaram pela promessa do pai [Atos 1:4] foram feitos mais do que vencedores [Romanos 8:37], sobre o pecado, através do Espírito Santo dado junto a eles. 12. Que esta grande salvação do pecado não foi dada, até que Jesus foi glorificado, Pedro também testifica plenamente; onde, falando aos seus irmãos na carne, como agora "recebendo o fim da fé deles, da salvação de suas almas", ele acrescenta, (I Pedro 1:9, em diante): "De cuja salvação os profetas têm inquirido e buscado diligentemente, os quais profetizaram da graça"; ou seja, a graciosa dispensação, "que viria junto a vocês: buscando o que, ou qual maneira do tempo, o Espírito de Cristo, que estava neles, não significou, quando testificou anteriormente os sofrimentos de Cristo. E a glória", a salvação gloriosa "que se seguiria. Junto aos quais ela foi revelada, para que não junto eles, mas a nós eles ministrassem as coisas que são agora reportadas a vocês, através daqueles que têm pregado o Evangelho, com o Espírito Santo 66


enviado dos céus". [I Pedro 1:12]; a saber, no dia de Pentecostes, e, assim, a todas as gerações, nos corações de todos os crentes verdadeiros. Pela razão, até mesmo, "da graça trazida a eles, pela revelação de Jesus Cristo" - (I Pedro 1:13] - o Apóstolo bem deveria construir aquela forte exortação: "Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo; - como Ele que chamou a vocês é santo, em todo o modo de vida". [I Pedro 1:13] 13. Aqueles que devidamente têm considerado essas coisas devem admitir que os privilégios dos cristãos, de modo algum, devem ser medidos pelo que o Velho Testamento registra, concernente àqueles que estiveram sob a dispensação judaica; vendo-se que a plenitude dos tempos agora é chegada; o Espírito Santo é agora dado; a grande salvação de Deus é trazida, junto aos homens, pela revelação de Jesus Cristo. O reino dos céus está agora estabelecido sobre a terra; concernente ao que o Espírito de Deus declarou do passado (tanto quanto Davi seja o padrão ou o modelo da perfeição cristã), "aquele que é fraco em meio a eles, naquele dia, deverá ser como Davi; e a casa de Davi deverá ser como Deus, como o anjo do Senhor diante deles". (Zacarias 12:8). 14. Se, portanto, você provasse que as palavras do Apóstolo: "Aquele que é nascido de Deus não peca" [I João 5:18], não deveriam ser entendidas, de acordo com o significado claro, natural, e óbvio, você deveria trazer suas provas do Novo Testamento; do contrário, você lutaria, como alguém que bate no ar. [I Cor. 9:26]. E, a primeira dessas que é usualmente trazida é tomada dos exemplos registrados no Novo Testamento: "Os próprios Apóstolos", é dito, "cometeram pecado; mais ainda, os maiores deles, Pedro e Paulo: Paulo, através de sua contenda com Barnabé [Atos 15:39]; e Pedro, através de sua dissimulação em Antioquia". [Gálatas 2:11] "E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível". Bem: Supondo-se que ambos, Pedro e Paulo, cometeram, então, pecado; o que você deduziria disto? Que todos os outros Apóstolos cometeram pecados algumas vezes? Não existe sombra de prova nisto. Ou você inferiria disto que todos os outros cristãos da era apostólica cometeram pecado? Pior e pior: Isto é tal inferência que, alguém imaginaria, um homem em seus sentidos nunca teria pensado a respeito. Ou você argumentaria assim: "Se dois dos Apóstolos uma vez cometeram pecado, então, todos os outros cristãos, em todas as épocas, cometem e cometerão pecados, por quanto tempo eles viverem?". Ai de mim, meu irmão! Um filho do entendimento comum ficaria envergonhado de tal raciocínio como este. Menos do que tudo, você pode, com alguma nuance de argumento, inferir que algum homem deve cometer pecado, afinal. Não: Deus proíbe que possamos falar assim! Nenhuma necessidade de pecado foi colocada sobre eles. A graça de Deus foi certamente suficiente para eles. E é suficiente para nós até hoje. Com a tentação que caiu sobre eles, existiu um caminho para escapar; como há, para toda a alma do homem, em toda tentação. De modo que, quem quer que seja tentado em algum pecado, não precisa aquiescer; porque nenhum homem é tentado acima do que seja capaz de suportar [I Cor. 10:13]. 15. "Mas Paulo implorou ao Senhor três vezes, e, ainda assim, ele não pode escapar da sua tentação". Vamos considerar suas próprias palavras literalmente traduzidas: "Foi dada a mim uma aflição para a carne; um anjo" (ou mensageiro) "de satanás, esbofeteou-me. No tocante a isto, eu implorei ao Senhor, três vezes, para que isto" (ou ele) "pudesse sair de mim. E ele me disse: Minha graça é suficiente para ti: Porque minha força é feita perfeita na fraqueza. Mais alegremente, portanto, eu antes me gloriarei" nesta "minha fraqueza, para que a força de Cristo possa descansar sobre mim. Portanto, eu tenho prazer na fraqueza; -- porque, quando eu sou fraco, então, eu sou forte". [II Cro. 12:7-10].

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16. Como esta escritura é uma das fortalezas dos patronos do pecado, pode ser apropriado pesá-la totalmente. Vamos observar, então, (1) que, de modo algum, parece que esta aflição, qualquer que fosse, ocasionou que Paulo cometesse pecado; muito menos, o colocou, sob alguma necessidade de assim fazer. Portanto, disto nunca poderá ser provado que algum cristão deva cometer pecado. (2) Os antepassados nos informam, isto foi completamente óbvio: "uma violenta dor de cabeça", disse Tertuliano; (De Pudic) para a qual ambos Crisóstomo e Jerônimo concordam. Cipriano [De Mortalitate] expressa isto, um pouco mais geralmente, nestes termos: "Muitos e graves tormentos da carne e o corpo". [Carnis et corporis multa ac gravia tormenta]. (3) A isto, concordam exatamente as próprias palavras do Apóstolo: "Uma aflição para a carne me golpear, bater, ou esbofetear". "Minha força é feita perfeita na fraqueza": -- A mesma palavra que ocorre, não menos do que quatro vezes, nestes dois versos apenas. Mas (4), o que quer que ela fosse, não poderia ser nem pecado interior, nem exterior. Não poderia ser agitações interiores, mais do que expressões exteriores, de orgulho, ira, ou luxúria. Isto é manifesto, além de toda exceção possível das palavras que imediatamente se seguem: "Muito alegremente, eu me gloriarei" nessas "minhas fraquezas, para que a força de Cristo possa descansar sobre mim". [II Cor. 12:9]. O que! Ele se glorifica no orgulho, na ira, e luxúria? Foi através dessas fraquezas que a força de Cristo descansou sobre ele? Ele prossegue: "Portanto, eu tenho prazer na fraqueza; porque quando eu sou fraco, então, eu sou forte"; [II Cor. 12:10]; ou seja, quando eu sou fraco no corpo, então, eu sou forte no espírito. Mas algum homem se atreverá a dizer: "Quando eu estou fraco, pelo orgulhou ou luxúria, então, eu sou forte no espírito?". Eu chamo todos vocês para registrar esse dia: quem encontra a força de Cristo descansando sobre si, pode gloriar-se na ira, ou orgulho, ou luxúria? Vocês têm prazer nessas enfermidades? Essas fraquezas os tornam fortes? Vocês se arremessariam para o inferno, se fosse possível, para escapar delas? Até mesmo, através de vocês mesmos, então, julguem se o Apóstolo poderia gloriar-se e ter prazer nelas! Que seja observado (5) que esta aflição foi dada a Paulo, por mais de quatorze anos antes que ele escreveu esta Epístola; [II Cor. 12:2] "Conheço um homem em Cristo que há quatorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu"; que ela própria foi escrita diversos anos antes que ele terminasse seu curso. [Veja Atos 20:24 "Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus"; II Timóteo 4:7 "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé"]. De modo que ele teve, depois disto, um longo curso a seguir; muitas batalhas para lutar; muitas vitórias para obter; e um grande aumento no receber todos os dons de Deus; e o conhecimento de Jesus Cristo. Portanto, de alguma fraqueza espiritual (se tal tivesse sido) que ele naquele tempo sentiu, nós não podemos, de modo algum, inferir que ele nunca se fez forte; que Paulo, o idoso, o pai em Cristo, ainda trabalhou, sob a mesma fraqueza; em que ele esteve, no mais alto estado, até o dia de sua morte. De tudo que este exemplo de Paulo pareça ser completamente estranha à questão, de modo algum, colide com a afirmação de João: "Ele que é nascido de Deus não peca". [I João 5:18]. 17. "Mas Tiago diretamente não contradiz isto? Suas palavras são: 'Em muitas coisas nós ofendemos a todos. (Tiago 3:2). E não é ofender o mesmo que cometer pecado?". Neste lugar, eu admito que é: Eu admito que as pessoas das quais se fala aqui não cometeram pecados; sim, que eles todos cometeram muitos pecados. Mas quem são as pessoas de que se fala aqui? Porque, esses muitos mestres ou professores, aos quais Deus não enviou; (provavelmente, os mesmos homens inúteis que ensinaram aquela fé, sem as obras, que é tão duramente reprovada no capítulo precedente); (Tiago 2] não o próprio Apóstolo, nem algum cristão verdadeiro. Que na palavra "nós" (usada, através de uma figura de linguagem comum em todo os outros, assim como nos escritos inspirados), o Apóstolo não poderia possivelmente incluir a si mesmo, ou algum outro crente verdadeiro, aparece, evidentemente, (1) da mesma palavra no nono verso: -- "Com isto", ele diz, "abençoado seja Deus, e maldito sejamos nós homens. Da mesma boca procede 68


bênção, e maldição". [Tiago 3:9]. Verdade; mas não da boca do Apóstolo, nem de alguém que em Cristo é uma nova criatura. [II Cor. 5:17]. (2) Do mesmo verso imediatamente precedente ao texto, e manifestadamente ligado a ele: "Meus irmãos, não muitos mestres", (ou professores) "sabendo que nós devemos receber uma condenação maior". "Porque, em muitas coisas, nós ofendemos todos". [Tiago 3:1]. Nós! Quem? Não os Apóstolos. Nem os crentes verdadeiros; mas aqueles que os conhecem poderiam receber a maior condenação, por causa daquelas muitas ofensas. Mas isto não poderia ser falado do próprio Apóstolo, ou de alguém que caminha nos passos Dele, vendo que "não existe condenação para aqueles que não caminham, segundo a carne, mas segundo o Espírito". [Romanos 8:2]. Mais do que isto, (3) o próprio verso prova que "ofendemos a todos", não pode ser falado, quer de todos os homens, ou de todos os cristãos. Porque nele imediatamente se segue a menção de um homem que não ofende, como o "nós" primeiro mencionou; do qual, portanto, ele é declaradamente distinguido, e pronunciado um homem perfeito. 18. Tão claramente, Tiago se explica, e fixa o significado de suas próprias palavras. Ainda assim, a fim de que alguém não possa ainda permanecer em dúvida, João, escrevendo, muitos anos depois de Tiago, coloca o assunto inteiramente fora de disputa, através das declarações expressas acima citadas. Mas aqui uma dificuldade nova pode surgir: Como podemos conciliar João consigo mesmo: Em um lugar, ele declara: "Quem quer que seja nascido de Deus não comete pecado"; [I João 3:9], e novamente, -- "Nós sabemos que aquele que é nascido de Deus não peca": [I João 5:18]. E, ainda assim, em outro, ele diz: "Se nós dizemos que não temos pecado, nós enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós"; [I João 1:8], e novamente – "Se dizemos quer não temos pecado, nós fazemos Dele um mentiroso, e sua palavra não está em nós". [I João 1:10]. 19. Assim como a princípio, uma grande dificuldade como esta pode aparecer, ela desaparece, se observarmos: (1) que o décimo verso fixa o sentido do oitavo: "Se nós dizemos que não temos pecado"; sendo explicado por: "Se dissermos que não pecamos", no último verso. [I João 1:10-18]; (2) que o ponto, a se considerar, no momento, não é se tivemos ou não pecado antes; nem esses versos afirmam que pecamos, ou cometemos pecado agora. (3) Que o nono verso explica tanto o oitavo quanto o décimo: "Se confessarmos nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar, e nos limpar de toda iniqüidade". Como se ele tivesse dito: "Eu afirmei antes que 'o sangue de Jesus Cristo nos limpou de todo pecado'; mas que nenhum homem diga, eu não preciso; eu não tenho pecado para ser limpo. Se nós dissermos que não temos pecado, que não pecamos, enganamos a nós mesmos, e fazemos de Deus um mentiroso: Mas, se confessarmos nossos pecados, Ele é fiel e justo, não apenas para 'perdoar nossos pecados', mas também para 'nos limpar de toda iniqüidade': [I João 1:8-10] para que possamos 'seguir e não pecarmos mais'" [João 8:11]. 20. João, portanto, é bem consistente consigo mesmo, assim como com os outros escritores santos; como mais evidentemente aparecerá, se colocarmos todas as suas afirmações no tocante a este assunto em uma visão: Ele declara (1) que o sangue de Jesus Cristo nos limpou de todos os pecados; (2) que nenhum homem pode dizer, eu não pequei; eu não tenho pecado para ser limpo (3), mas Deus está pronto para perdoar tanto nossos pecados passados, quanto para nos salvar deles para o tempo vindouro. [I João 1:7-10]. (4) "Essas coisas eu escrevo a vocês", diz o Apóstolo, "para que vocês não possam pecar. Mas se algum homem" puder "pecar", ou tiver pecado (como a palavra deveria ser atribuída), ele não necessita continuar no pecado; vendo que "temos um advogado com o Pai Jesus Cristo, o reto". [I João 2:1-2]. Até aí, tudo está claro. Mas, a fim de que nenhuma dúvida possa permanecer, em um ponto de tão vasta importância, o Apóstolo resume este assunto em três capítulos, e largamente explica seu próprio significado: "Crianças", diz ele "que nenhum homem engane vocês" (como se eu tivesse dado algum 69


encorajamento àqueles que continuam no pecado:) "Ele que pratica a retidão é reto, assim como Ele é reto. Ele que comete pecado é do diabo; porque o diabo peca, desde o início. Para este propósito, o Filho de Deus foi manifestado, para que pudesse destruir as obras do diabo. Quem quer que seja nascido de Deus não comete pecado: Porque sua semente permanece nele; e ele não pode pecar, porque ele é nascido de Deus. Nisto, os filhos de Deus são manifestos, e os filhos do diabo". (I João 3:7-10). Aqui o ponto que até então possivelmente teria admitido alguma dúvida nas mentes fracas, é propositadamente colocado, pelo último dos escritores inspirados, e decidido da maneira mais clara. Em conformidade, portanto, com a doutrina de João, assim como com todo o teor do Novo Testamento, nós fixamos esta conclusão: -- Um cristão é tão perfeito, de maneira não cometer pecado. 21. Este é o privilégio glorioso de todo cristão; sim, embora ele seja, a não ser um bebê em Cristo. Em Segundo Lugar, apenas desses que estão fortes no Senhor, e "têm dominado o diabo", ou antes, daqueles que "o conhecem desde o início" [I João 2:13-14], é que se pode afirmar que eles são, de tal forma, perfeitos, de maneira a estarem libertos dos pensamentos e temperamentos pecaminosos. Primeiro, dos pensamentos maus e pecaminosos; uma vez que os pensamentos, concernentes ao pecado, e um pensamento pecaminoso, são amplamente diferentes. Um homem, por exemplo, pode pensar a respeito do assassinato que outro tenha cometido; e, ainda assim, este não ser um pensamento mau ou pecaminoso. Assim, o próprio nosso Senhor abençoado, sem dúvida, pensou a respeito, ou entendeu a coisa falada pelo diabo, quando ele disse: "Todas as coisas darei a ti, se tu te prostrares para adorar-me". [Mateus 4:9]. Ainda assim, Ele não tinha pensamento mau ou pecaminoso; nem de fato, era capaz de ter algum. E, mesmo disto, segue-se que nem os cristãos verdadeiros: porque "cada um que é perfeito é como seu Mestre". (Lucas 6:40). Portanto, se Ele estava livre dos pensamentos maus ou pecaminosos, assim, eles estão igualmente. 22. Na verdade, de onde os pensamentos pecaminosos procederiam, no servo que é como seu Mestre? "Do coração do homem" (Se afinal) "procedem os pensamentos pecaminosos". (Marcos 7:21). Se, portanto, seu coração não for pecaminoso, por mais tempo, então, os pensamentos maus não poderão proceder dele, por mais tempo. Se a árvore for corrupta, assim será o fruto: Mas se a árvore for boa: o fruto, portanto, será também bom. (Mateus 22:33). O próprio nosso Senhor testemunha: "Toda árvore boa produz bons frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos maus"; assim como "uma árvore corrupta não pode produzir bons frutos". (Mateus 7:17-18). 23. O mesmo privilégio feliz dos cristãos verdadeiros, Paulo afirma de sua própria experiência: "As armas da nossa luta", diz ele, "não são carnais, mas sim poderosas em Deus para a destruição das fortalezas; e colocar abaixo imaginações" (ou raciocínios, preferivelmente, porque assim a palavra logimous significa; todos os raciocínios do orgulho e descrença contra as declarações, promessas ou dons de Deus) "e toda coisa sublime que se exalta contra o conhecimento de Deus, e traz cativo todo pensamento de obediência a Cristo" (II Cor. 10:4 em diante). 24. E como os cristãos, de fato, estão livres dos pensamentos diabólicos, assim estão aqueles, Em Segundo Lugar, dos temperamentos maus. Isto é evidente da declaração supracitada do próprio nosso Senhor: "O discípulo não está acima de seu Mestre; mas cada um que é perfeito deve ser como seu Mestre". [Lucas 6:40]. Ele havia entregado, exatamente antes, algumas das mais sublimes doutrinas do Cristianismo, e algumas das mais graves para a carne e sangue. "Eu lhes digo, amem seus inimigos, e façam o bem àqueles que os odeiam; -- e a ele que lhe golpeia de um lado da face, ofereçam também a outra". [Lucas 6:29]. Agora essas, Ele bem sabia que o mundo não receberia; e, portanto, imediatamente acrescenta: "Pode um cego 70


conduzir o cego? Ambos não cairão dentro do fosso?". [Lucas 6:39]. Como se ele tivesse dito: "Não conferencie com a carne e sangue no tocante a essas coisas, -- com homens nulos de discernimento espiritual, os olhos de cujo entendimento, Deus não abriu, -- a fim de que eles e você não pereçam juntos". No verso seguinte, ele remove as duas grandes objeções com as quais esses tolos sábios se encontram, a cada turno: "Essas coisas são muito graves para serem suportadas", ou, "Elas estão muito altas para serem alcançadas" [Marcos 23:4], dizendo: "'O discípulo não está acima de seu Mestre', portanto, se eu tenho sofrido, estejam satisfeitos de trilharem meus passos. E não duvidem, vocês, delas, a não ser que eu cumprirei minha palavra: 'porque cada um que é perfeito deverá ser como seu Mestre'". [Lucas 6:40]. Mas seu Mestre estava livre de todos os temperamentos pecaminosos. Assim, portanto, seus discípulos, até mesmos os cristãos verdadeiros. 25. Cada um desses pode dizer com Paulo: "Eu estou crucificado com Cristo: Não obstante, eu viva, ainda assim, não sou eu, mas Cristo vive em mim" [Gálatas 2:20] – Palavras que manifestadamente descrevem um livramento do pecado interior, assim como do exterior. Isto é expresso ambos negativamente, eu não vivo; (minha natureza má, o corpo do pecado, é destruída); e, positivamente, Cristo vive em mim; e, portanto, tudo que é santo, e justo, e bom. Na verdade, ambos esses, Cristo vive em mim, e eu não vivo, estão inseparavelmente unidos; porque "que comunhão tem a luz com as trevas; ou Cristo com Belial?". [II Cor. 6:15]. 26. Aquele, portanto, que vive como verdadeiros crentes "purificaram seus corações pela fé"; [Atos 15:9]; de tal maneira, que todo aquele que tem Cristo nele, a esperança da glória [Col. 1:27], "purifica a si mesmo, assim como ele é puro" (I João 3:3). Ele é purificado da vontade própria ou desejo; porque Cristo desejou apenas fazer a vontade de seu Pai, e terminar sua obra. [João 4:34; 5:30]. E ele é puro da ira, no sentido comum da palavra; porque Cristo foi humilde e gentil; paciente e longânime. Eu digo, no sentido comum da palavra; porque nem toda ira é má. Nós lemos que o próprio nosso Senhor, (Marcos 3:5), uma vez, "olhou ao redor com ira". Mas com que tipo de ira? A palavra seguinte mostra, syllypoumenos, sendo, ao mesmo tempo, "Afligido pela dureza de seus corações" [Marcos 3:6]. Assim sendo, ele estava irado com o pecado e, ao mesmo tempo, afligido por causa dos pecadores; irado ou desconte com a ofenda, mas triste, por causa dos ofensores. Com ira, sim, ódio, Ele olhou para a coisa; com aflição e amor às pessoas. Vá, tu que és perfeito, e faze igualmente. Irai-vos, e não pequeis [Efésios 4:26]; sentindo um desprazer em cada ofensa contra Deus, mas apenas amor e terna compaixão para com o ofensor. 27. Assim, Jesus "salva seu povo de seus pecados": [Mateus 1:21]. E não apenas dos pecados exteriores, mas também dos pecados de seus corações; de pensamentos maus e de temperamentos maus. – "Verdade", dizem alguns, "nós podemos assim ser salvos de nossos pecados; mas não até a morte; não neste mundo". Mas como devemos reconciliar isto com as palavras expressas de João? – "Nisto, nosso amor se torna perfeito, para que possamos ter ousadia no dia do julgamento. Porque como Ele é, assim somos neste mundo". O Apóstolo aqui, além de toda contradição, fala de si mesmo e de outros cristãos vivos, de quem (como também ele previu esta mesma evasão, e colocou-se aniquilá-la em seu alicerce), ele claramente afirma que não apenas na morte ou depois da morte, mas neste mundo, eles são como o Mestre deles (I João 4:17). 28. Exatamente de acordo com isto, estão suas palavras, no primeiro capítulo desta Epístola, (I João 1:5 &c). "Deus é luz, e Nele não existe escuridão, afinal. Se nós caminharmos na luz, - teremos camaradagem um com o outro, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos limpará do pecado". E novamente: "Se confessarmos nossos pecados, Ele é justo para nos perdoar deles, e nos limpar de toda iniqüidade". [I João 1:9]. Agora, é evidente que o Apóstolo 71


aqui também fala de um livramento forjado neste mundo. Porque ele não diz, o sangue de Cristo limpará na hora da morte, ou no dia do julgamento, mas "limpará", no momento presente, "a nós", cristãos vivos, "de todo o pecado". E fica igualmente evidente, que se algum pecado permanece, nós não somos limpos de todo o pecado: Se alguma iniqüidade permanece na alma, ela não está limpa de toda iniqüidade. Nem permita que algum pecador diga, contra sua própria alma, que isto se relaciona à justificação apenas, ou a nos limpar da culpa do pecado. Em Primeiro Lugar, porque isto é misturar o que o Apóstolo claramente distingue; quem menciona, primeiro, perdoar nossos pecados, e, então, nos limpa de toda iniqüidade. Em Segundo Lugar, "porque isto é afirmar justificação pela obras, no sentido mais forte possível; é tornar toda santidade interior e exterior, necessariamente prévia à justificação. Porque, se a limpeza falada a respeito aqui é nenhuma outra do que o nos limpar da culpa do pecado, então, nós não estamos limpos do pecado; ou seja, não somos justificados, a menos na condição de 'caminhar na luz, como Ele está na luz'.[I João 1:7]. Resta, então, que os cristãos estão salvos neste mundo de todo o pecado, de toda iniqüidade; que eles estão agora em tal sentido perfeito, como não a cometer pecado, e estarem livres de pensamentos e temperamentos pecaminosos". 29. Assim, o Senhor cumpriu as coisas que ele falou, através de seus santos profetas, que têm existido, desde o começo do mundo; - através de Moisés, em particular, dizendo (Deuteronômio 30:6) Eu "circuncidarei teu coração, e o coração de tua semente, para amar o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, e com toda a tua alma"; através de Davi, clamando: "Cria em mim um coração limpo, e renova um espírito correto dentro de mim". [salmos 51:10] – e mais notavelmente em Ezequiel, nestas palavras: "Então, eu borrifarei água limpa sobre você, e você será limpo; de toda sua sujidade, e de todos os seus ídolos, eu limparei você. Um novo coração, também lhe darei, e um novo espírito colocarei em você; - e farei com que você caminhe em meus estatutos, e você mantenha meus julgamentos, e, os cumpra. – Você será meu povo, e eu serei teu Deus. Eu salvarei você de toda sua impureza. – Assim diz o Senhor seu Deus, no dia em que deverei limpar você de todas as suas iniqüidades, - o pagão saberá que eu, o Senhor, reconstruo os lugares destruídos; - eu o Senhor falo e farei isto". (Ezequiel 36:25-36). 30. "Tendo, portanto, essas promessas, meu amado", tanto na Lei quanto nos Profetas, e a palavra profética confirmada junto a nós no Evangelho, por nosso abençoado Senhor e seus Apóstolos; "vamos nos limpar de toda sujidade da carne e espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus". [II Cor. 7:1]. "Temamos, a fim de que" as tantas "promessas, feitas a nós de entrarmos em seu descanso", que aquele que entrou nele, não cesse suas próprias obras, "e qualquer um de nós não possa alcançá-la". [Hebreus 4:1]. "Isto vamos fazer, que prossigamos em direção ao alvo, para o prêmio do alto chamado de Deus em Jesus Cristo". [Filipenses 3:1314], clamando junto a ele, dia e noite, até que nós também sejamos "libertos da escravidão da corrupção, na liberdade gloriosa dos filhos de Deus!". [Romanos 8:21].

Quase um Cristão Pregado na Igreja de St. Mary, Oxford. Diante da Universidade, 25 de Julho de 1741.

Por John Wesley "Então, Agrippa se dirigiu a Paulo e disse: Por pouco me persuades a me fazer cristão" (Atos 26:28).

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E muitos há que vão assim tão longe! Desde que a religião Cristã está, no mundo, tem havido muitos, de todas as épocas e nações, que foram quase persuadidos a serem cristãos. Mas, visto que não traz proveito algum diante de Deus, ir apenas até aí, é de grande importância considerarmos o que significa ser um cristão completo. 1. Primeiro, está implícito a honestidade pagã. Ninguém, eu suponho, irá fazer alguma pergunta sobre isso; especialmente, porque, por honestidade pagã, eu quero dizer, não apenas o que está recomendado, nos escritos dos seus filósofos, mas aquilo que os pagãos comuns esperam uns dos outros, e muitos deles, atualmente, praticam. Através da honestidade pagã, eles foram ensinados que não deveriam ser injustos; levando embora os bens de seu próximo, tanto roubando como furtando; que não deveriam oprimir o pobre, usando de extorsão, em direção a qualquer um; que não deveriam ludibriar, ou fraudar, o pobre ou o rico, em qualquer que seja o comércio, que tiveram; defraudando de homem algum seu direito; e, se possível, não tendo dívidas para com algum deles. 2. Novamente: Os pagãos comuns tinham consideração com a verdade e com a justiça, mantendo, na abominação, os que estavam em perjuro, e que chamaram a Deus para testemunhar uma mentira; assim como o caluniador do próximo, que falsamente acusou algum homem; atribuindo aos mentirosos voluntariosos, de qualquer espécie, a desgraça da raça humana, e as pestes da sociedade. 3. E, ainda: Existia uma forma de amor e assistência, que eles esperavam uns dos outros, sem preconceito, e que se estenderam, não apenas, àqueles pequenos préstimos de benevolência, que são executados, sem qualquer despesa ou trabalho, mas, igualmente, para alimentar o faminto, se eles tivessem comida de sobra; vestir o desnudo, com suas próprias vestimentas supérfluas; e, em geral, dando, a qualquer que necessitasse, aquilo que eles não necessitaram para si mesmos. Assim sendo, resumidamente, a honestidade pagã veio a ser; a primeira condição que implica em se ser quase um cristão. 4. Uma Segunda coisa implícita, é ter uma forma de santidade; aquela santidade que é prescrita no Evangelho de Cristo; e que tem a aparência de um cristão verdadeiro. Mesmo porque, o quase cristão não faz aquilo que o Evangelho proíbe. Ele não toma o nome de Deus em vão; ele abençoa, e não amaldiçoa; ele não jura, afinal, mas sua comunicação é, sim, sim; não, não. Ele não profana o dia do Senhor, não suporta que ele seja profanado, mesmo por estranhos que estejam em suas reuniões. Ele não apenas evita todo adultério efetivo, fornicação, e impurezas, mas todas as palavras, olhares, que, direta ou indiretamente, tende a isso; e mais ainda, toda palavra vã, abstendo-se tanto da difamação, quanto da maledicência, fofoca, e de toda "conversa tola e sarcástica"; uma espécie de virtude, nos preceitos moralistas pagãos; resumidamente, de toda a conversa que não é "boa para o uso da edificação" e que, conseqüentemente, "aflige o Espírito Santo de Deus, por meio do qual, nós fomos lacrados para o dia da redenção". 5. Ele se abstém de "vinho, em excesso", de farra e comilança. Ele evita, o quanto pode, de se colocar, em todo tipo de discussão e contenda, continuamente, esforçando-se para viver, pacificamente, com todos os homens. E, se ele sofre algum dano, ele não se vinga, nem paga o 73


mal com o mal. Ele não diz insultos, não é briguento, e nem escarnecedor, seja nas faltas ou nas fraquezas de seu próximo. Ele, de boa-vontade, não erra, machuca, ou aflige qualquer homem; mas, em todas as coisas, age e fala por aquela regra clara: "não faze ao outro, o que não queres que façam a ti". 6. E em fazendo o bem, ele não se limita aos préstimos baratos e fáceis da benevolência, mas trabalha e sofre, para o proveito de muitos, para que, por todos meios, ele possa ajudar a alguém. A despeito da luta ou da dor, "o que quer que suas mãos encontrem o que fazer, ele faz, com toda sua força", não importa, se para amigos ou para inimigos, para o mal ou para o bom. Porque, não sendo "indolente", nisso, ou em suas "tarefas", quando ele "tem oportunidade", ele faz o "bem"; todas as formas de bem, "a todos os homens", para suas almas, tanto quanto para seus corpos. Ele reprova o mal, instrui o ignorante, fortalece o irresoluto, estimula o bom, e conforta o aflito. Ele trabalha para acordar aqueles que dormem; para conduzir, aqueles que Deus já tem acordado, para a "fonte aberta para o pecado e para a impureza", para que possam lavar-se, nela, e tornar-se limpos; e para encorajar aqueles que são salvos, através da fé, a adornar o Evangelho de Cristo em todas as coisas. 7. Ele que tem a aparência da santidade, usa também os meios da graça; sim, todos eles, e em todas as oportunidades. Ele, constantemente, freqüenta a casa de Deus; e isto, não da maneira como alguns fazem, que vêm, à presença do Mais Alto, carregado com ouro e vestuário caro, ou, com toda a vaidade ostentosa, no se vestir; bem como, por suas cortesias inoportunas, uns para com os outros, ou pela alegria impertinente de seu comportamento, repudiando todas as pretensões infantis que ele forme, tanto quanto, para o poder da religiosidade deles. Haveria para Deus, ninguém, entre nós, que não tenha caído na mesma condenação? Que tenha entrado, nessa casa, e que, tenha olhado em volta, com todos os sinais da mais apática e descuidada indiferença, embora, algumas vezes, possa parecer usar a oração a Deus, para suas bênçãos, naquilo que esperam; que, durante todo o serviço maravilhoso, estão dormindo, ou reclinados, na postura mais conveniente para isso; ou, quando supõe que Deus esteja dormindo, falando uns com os outros, ou espiando ao redor, como, extremamente, isentos de qualquer ocupação? Nem esses podem ser acusados de aparência de santidade. Não! Aquele que tem mesmo isso se comporta, com seriedade e atenção, em todas as partes do serviço solene. Mais, especialmente, quando ele vem à mesa do Senhor, não é com um comportamento leviano e descuidado, mas com a aparência, gestos, e conduta, que falam nada mais do que "Deus, seja misericordioso comigo, que sou um pecador!". 8. Para isso, se acrescentarmos o uso constante da oração familiar, por aqueles que são os chefes das famílias, e reservando um tempo, para os endereçamentos privados a Deus, com uma seriedade diária de comportamento; ele que, uniformemente, pratica essa religião exterior, tem a aparência de santidade. Necessitando de apenas uma coisa, com o objetivo de se ser quase cristão, a sinceridade. 9. Por sinceridade, eu quero dizer, um princípio religioso real, e interno, de onde, essas ações exteriores fluem. E, realmente, se nós não temos isso, nós não temos a honestidade pagã; não, nem tanto dela, como para responder a discussão do poeta epicurista (dado aos prazeres da vida). Mesmo esse pobre patife, em seus intervalos de sobriedade, é capaz de testificar que:

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Os homens de bem evitam o pecado de amar a probidade; Os homens perniciosos, o pecado do medo da punição. Assim sendo, se algum homem deixa de praticar o mal, para evitar a punição, a perda de seus amigos, seu ganho, ou sua reputação, deveria, igualmente, fazer sempre o bem, usando de todos os meios da graça. Ainda assim, mesmo não praticando o mal e fazendo sempre o bem, não é possível assegurar que esse homem é mesmo quase um cristão, porque, se ele não tiver princípio melhor, em seu coração, ele será apenas um hipócrita! 10. Sinceridade, por conseguinte, está, necessariamente, comprometida, em se ser quase um cristão; o objetivo real de servir a Deus, um desejo ardente de fazer a Sua vontade. Necessariamente, implica, que um homem tem uma idéia sincera de agradar a Deus, em todas as coisas; em todas as suas conversas; em todas as suas ações; em tudo que ele faz; ou deixa sem fazer. Esse objetivo, se algum homem for quase um cristão, segue através de todo o teor de sua vida. Esse é o princípio propulsor, em fazer o bem, e abster-se do mal, e usando as ordenanças de Deus. 11. Mas aqui, deverá, provavelmente, ser inquirido, "É possível que algum homem possa chegar, tão longe, e, não obstante, ser alguém quase cristão? Quanto mais é necessário para que ele seja um completo cristão?". Em primeiro lugar, eu respondo que alguém pode ir, até mais longe, e ainda assim, ser apenas um quase cristão. 12. Irmãos, grande é "minha audácia, com respeito a vocês, nesse interesse". E "perdoemme esse erro", se eu declaro minha insensatez no que anuncio publicamente, para por causa de vocês e do Evangelho. Sujeito-me, então, a falar, livremente de mim mesmo, exatamente como de outro homem. Eu estou contente em ser humilhado, para que vocês sejam exaltados, e para ainda mais desprezível para a glória do meu Senhor. 13. Eu tenho ido assim, tão longe, por muitos anos, como muitos desses lugares podem testificar; usando diligência para evitar todo o mal, e ter uma consciência isenta de ofensa; resgatando o tempo; e, em toda oportunidade, fazendo todo o bem a todos os homens; constantemente e cuidadosamente, usando todos os meios públicos e todos os meios privados da graça; esforçando-me, na busca de uma sinceridade firme de comportamento, todo o tempo, e em todos os lugares; e, Deus é meu testemunho, diante de quem eu permaneço, fazendo tudo isso, com sinceridade; tendo um desígnio real de servir a Deus; um desejo ardente de fazer todas as suas vontades; para agradar a Ele que tem me chamado para "lutar uma boa luta", e para "assegurar a vida eterna". Ainda assim, minha própria consciência testemunha, no Espírito Santo, que todo esse tempo, eu tenho sido, a não ser um quase cristão. Se for inquirido: "O que mais é necessário, além disso, para que se seja um cristão completo?". Eu repondo: (1) O amor a Deus. Porque assim diz sua palavra: "Você irá amar o Senhor seu Deus, com todo seu coração, com toda sua alma, com toda sua mente, e com toda sua força". Tal amor é

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esse, como que se apoderando de todo o coração; como acolhendo todas as afecções; como preenchendo a capacidade total da alma, e empregando a mais extrema extensão de todas as suas faculdades. Ele que assim ama o Senhor seu Deus, seu espírito, continuamente, "regozija-se em seu Deus Salvador". Seu deleite está no Senhor; seu Senhor e seu Tudo, a quem "em tudo dá graças. Todo seu desejo está no Senhor, e para a lembrança do seu nome". Seu coração está sempre clamando: "Quem mais eu tenho no céu, a não ser a ti? E não há ninguém sobre a terra que eu deseje além de ti". Realmente, o que mais ele deve desejar além de Deus? Não o mundo, ou as coisas do mundo: Porque ele está "crucificado para o mundo, e o mundo crucificado nele". Ele está crucificado para "o desejo da carne, o desejo do olho, e o orgulho da vida". Sim, ele está morto para o orgulho de toda a sorte: Porque "o amor não se ensoberbece"; mas "ele que habita no amor, habita em Deus, e Deus nele", é menos do que nada, para seus próprios olhos. (2) O amor ao próximo. Para isso diz nosso Senhor, nas seguintes palavras: "deves amar o teu próximo, como a ti mesmo". Se algum homem perguntar: "Quem é o meu próximo?" Nós respondemos: todos os homens do mundo; todos os filhos Dele que é o Pai de todos os espíritos de toda a carne. Nem nós podemos excluir nossos inimigos, ou os inimigos de Deus e suas próprias almas. Mas todo cristão ama esses também, como a si mesmo. Sim! "Como Cristo nos amou!". Ele que gostaria de entender, mais completamente, que espécie de amor é esse, podemos considerar a descrição de Paulo, sobre ele: "O amor é paciente e benigno". "O amor não arde em ciúmes ou inveja, e não se ufana". "O amor não se ensoberbece"; mas faz aquele que ama, o menor, o servo de todos. "Não se conduz inconvenientemente"; mas torna-se "todas as coisas para todos os homens". "Não procura o seu interesse"; mas o que é bom dos outros, para que eles possam ser salvos. "Não se exaspera"; ele atira fora a ira. "Não se ressente do mal. Ele não se alegra com a injustiça, mas regozija-se na verdade. Ele protege todas as coisas; acredita em todas as coisas; espera todas as coisas; suporta todas as coisas".

(3) Existe ainda uma coisa mais que pode ser, separadamente, considerada; embora, ela não possa, atualmente, ser separada da precedente, na qual está subtendido ser um cristão completo; e que é o alicerce de todas elas, mesmo da fé. "Todo aquele", diz o amado discípulo, "que acredita que é nascido de Deus". "Para tantos quantos o receberam, deu o poder de se tornarem filhos de Deus; até mesmo aqueles que acreditam em seu nome". E, "Essa é a vitória que supera o mundo, mesmo a nossa fé". Sim, nosso Senhor declara: "Ele que acredita no Filho, tem a vida eterna; e não é condenado, mas passa, da morte, para a vida".

(4) Mas que homem algum iluda a sua própria alma. "Deve ser notado, diligentemente, que a fé, a qual não conduz ao arrependimento, ao amor, e todas as boas obras, não é aquela fé viva e justa, mas é a fé morta e diabólica. Porque mesmo os demônios acreditam que Cristo tenha nascido de uma virgem; que ele forjou todas as formas de milagres, declarando a si mesmo, verdadeiramente, Deus; que, por nossa causa, ele sofreu a maioria das dores da morte, para nos redimir da morte eterna; que ele se ergueu, no terceiro dia; que ele ascendeu aos céus; e senta-se, à direita, do Pai, e que, no fim dos tempos, voltará para julgar os vivos e os mortos. Esses artigos de nossa fé, eles acreditam, e, igualmente, em tudo que está escrito no Velho e Novo Testamento. Mas, ainda, apesar de terem toda essa fé, ainda assim, eles não são mais nada, do que demônios. Eles permanecem, ainda, na condição abominável deles, necessitados da verdadeira fé cristã".

(5) A fé cristã, correta e verdadeira (para usar as palavras de nossa própria igreja), "não é aquela que nos faz acreditar nas Escrituras Sagradas, e nos artigos de nossa fé, como verdadeiros,

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mas é aquela que, além disso, nos traz a confiança e segurança de sermos salvos da condenação eterna, através de Cristo. Essa é a verdadeira crença e confiança, a qual o homem tem em Deus; a de que, pelos méritos de Cristo, seus pecados foram perdoados, que ele está reconciliado, para o favor de Deus; a respeito de quem, ele segue, com o coração afetuoso, para obedecer a seus mandamentos". (6) Agora, quem quer que tenha essa fé, que "purifica o coração (pelo poder de Deus, que habita nele), do orgulho, da ira, do desejo, de toda iniqüidade; de toda impureza da carne e espírito"; e que o preenche, com o amor mais forte que a morte, tanto para com Deus, como para com toda a humanidade; amor que realiza as boas obras de Deus, glorificando, para despender-se e consumir-se por todos os seres humanos, e que suporta, com alegria, não apenas a repreensão de Cristo, que o homem escarneceu, desprezou e odiou, acima de todos os homens; mas tudo quanto a sabedoria de Deus permita à malícia dos homens, ou dos demônios impor; quem quer que tenha essa fé, operando, assim, por amor, não é alguém que é quase, mas alguém que é um cristão completo!

(7) Mas, quais são os testemunhos vivos dessas coisas? Eu imploro a vocês, irmãos, como na presença desse Deus, diante de quem "inferno e destruição estão sem cobertura; quanto mais os corações dos filhos dos homens"; que cada um de vocês possa perguntar a seu próprio coração: "Eu faço parte desse número? Eu tenho praticado justiça, misericórdia, verdade, e mesmo as regras que a honestidade pagã requer? Se for assim, eu tenho o perfil verdadeiro de um cristão? A aparência da santidade? Eu me abstenho do mal; de tudo o que é proibido, nas palavras escritas de Deus? Eu realizo tudo aquilo que está ao alcance de minhas mãos, com todas as minhas forças? Eu seriamente uso as ordenanças de Deus, em todas as oportunidades? E, tudo isso é feito com o desígnio e desejo mais sinceros, para agradar a Deus, em todas as coisas".

(8) Existem muitos de vocês, conscientes, de que vocês nunca chegaram tão longe; que vocês não têm sido, nem mesmo quase cristãos; que vocês não têm chegado ao modelo da honestidade pagã; pelo menos, não para a aparência da santidade cristã? Muito menos, tem Deus visto sinceridade em vocês; o objetivo real de agradá-lo, em todas as coisas! Vocês nunca pretenderam, a esse tanto, devotar todas as suas palavras, obras, seus trabalhos, estudos, diversões para a glória Dele. Vocês, nem mesmo, designaram ou desejaram que o que quer que vocês façam, seja feito "em nome do Senhor Jesus", e que, como tal, constitua-se "em um sacrifício espiritual, aceitável para Deus, através de Cristo".

(9) Mas,

supondo que vocês tenham conseguido isso... Os bons objetivos e desejos fazem um cristão? De maneira alguma! A menos que eles sejam trazidos para os bons efeitos. "O inferno é assoalhado", diz alguém, "com boas intenções". A grande questão de todas, então, ainda permanece. Tem o amor a Deus espalhado-se para fora, dos seus corações? Vocês têm clamado alto: "Meu Deus, e meu Tudo?". Vocês desejam alguma coisa, a não ser ele? Vocês estão felizes em Deus? Ele é a glória de vocês, e seu deleite, sua coroa de regozijo? E esse mandamento está escrito em seus corações, "Que ele que ama a Deus, deve amar também o seu irmão?" E vocês amam a seu próximo, como a si mesmos? Vocês, então, amam todos os homens, mesmo os inimigos, e os inimigos de Deus, como as suas próprias almas? Como Cristo tem amado vocês? Sim, vocês acreditam que Cristo os amou, e deu a si mesmo por vocês? Vocês têm fé no sangue Dele? Acreditam que o Cordeiro de Deus tirou fora os seus pecados, e os jogou, como uma pedra dentro das profundezas do mar? Que ele tem apagado os manuscritos que havia contra vocês, 77


tirando-os fora do caminho, pregando-nos na sua cruz? Vocês têm, realmente, a redenção através de seu sangue, mesmo a remissão de seus pecados? E seu Espírito tem sido testemunho com o espírito de vocês de que vocês são filhos de Deus? (10) Deus

e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, e que agora se situa no meio de nós, sabe que, se algum homem morrer, sem essa fé e esse amor, melhor seria para ele nunca ter nascido. Acorda, então, tu que dormes, e clama pelo teu Deus: Chama-o, enquanto Ele ainda pode ser encontrado. Que ele não tenha descanso, até que faça "sua santidade passar diante de ti"; até que proclame em ti o nome do Senhor: "O Senhor; O Senhor Deus, misericordioso e gracioso, longânime, e abundante na santidade e verdade; mantendo misericórdia, por ti; perdoando a iniqüidade, a transgressão e o pecado". Não deixa homem algum te persuadir, por meio de palavras vãs; a descansar um pouco daquele prêmio do teu grande chamado. Mas clama a ele, dia e noite; àquele que, "enquanto nós estávamos sem forças, morreu pelo descrente; até que tu saibas em quem deves acreditar, e possas dizer: Meu Senhor, e meu Deus!" Lembra-te "sempre de orar, e não desfalece", até que ergas as tuas mãos, para os céus, e declares a Ele que vive para sempre e sempre, "Senhor, tu que sabes todas as coisas, sabes que eu amo a ti!". (11) Que possamos todos assim experimentar o que é ser, não apenas um quase cristão, mas um cristão completo, estando justificados gratuitamente pela Sua graça, através da redenção que está em Jesus; sabendo que nós temos paz com Deus, por meio de Jesus Cristo, regozijandonos na esperança da glória de Deus; e tendo o amor de Deus, espalhado, por todos os lados, em nossos corações, pelo Espírito Santo, dado a nós!

TEMA: O SIGNIFICADO DA CRUZ PARA MIM

(Rev. Orlando C. de Araújo)

TEXTO: Gálatas 6:14 b Introd.: Significados gerais: ( marido/ esposa/ sogra, trabalho, determinadas pessoas, situação- saúde, fraquezas…) - O que representava a princípio: “Instrumento de execução e morte - criminosos perigosos!” morte cruel “/ “vergonha”/”tortura”/ “humilhação final”). - O que a cruz veio a significar após morte de Cristo. ( evolução do termo). Desenv.: O QUE A CRUZ DE CRISTO REPRESENTA PARA NÓS ? A. -

O LUGAR DA NOSSA VERGONHA (Is.53:6) Ali vemos os nossos pecados castigados em Jesus. Vemos o Santo ( Justo/Fiel) morrendo em nosso lugar, pelos nossos pecados.. O quanto nosso pecado desagradou a Deus. . Abismo de separação entre o homem X Deus (o mal que fizemos…) Sentimento de rejeição em Jesus (hora-morte).

B. PRIMEIRA FASE DO NOSSO JULGAMENTO - Ali se concretizou a rejeição de Jesus mais tarde (Jo.1:11) - O resultado da primeira fase…antecipará o resultado do julgamento final (Jo.3:36):”..O que todavia se mantém rebelde, não verá a vida….” - Tronos caídos X Cruz erguida/ Glória mantida 78


C. É O PONTO DE ATRAÇÃO PARA DEUS ( Jo. 12:32; I Tm.2:5) - Uma aparente contradição – (Is. 53:2-3) . O que era motivo de desdém passa a ser de afeição ( is. 52:14) . Nada tem maior poder atrativo ( força – magnética do amor). - A realidade de milhões de salvos (Is. 53:11). - Por causa dela temos a certeza de salvação (Col.2:14) . Analogia – serpente do deserto. . Jesus nos assegurou… D. -

O TRIUNFO DE CRISTO SOBRE O MAL (Col.2:15) Aparente derrota ( analogia da semente ) – Início da exaltação de Cristo. Um meio poderoso/ amplo / salvação – “olhai para mim e…” Vitória sobre Satanás ( resgate duplo: poder do pecado e morte)… . destruição dupla: aniquilamento pecado/ Satanás- e seu sistema.

E. LUGAR DO CRISTÃO HUMILDE - Da crucificação diária e contínua (Gal.2:19b 6 :14b) - Características do homem crucificado: (1) Só vê numa direção; (2) não tem planos; (3) Está rendido. - Esconderijo contra o pecado do orgulho/ egoísmo… - De onde temos a perspectiva (ÚNICA) da vida eterna. . ( ponto de referência para a eternidade). . Não podemos mostrar o caminho para a vida eterna sem falarmos da Cruz de Cristo. . Perdendo-se o sentido da cruz, perdemos a perspectiva de alcançar a eternidade com Deus! CONCLUSÃO: A cruz é mais que um símbolo, ela é a base do mesmo…:”A sua fonte de poder. A realidade espiritual que conduz a salvação. Fonte de purificação dos homens. A segurança da salvação eterna

TEMA: BUSCANDO A DEUS COM PROPÓSITO TEXTO: Atos 2:1-4 (l;l-4; 12-14)

(Rev. Orlando C. de Araújo)

INTROD.: OS DISCÍPULOS ANTES DO PENTECOSTES: •

Experiências negativas

1. Havia orgulho em seus corações (Lc.9:46-48) 2. Espírito sectarista (Lc.9:49-50) 3. Incrédulos (Mt.17:14-21) 4. Manifestaram carnalidade (Lc.9:51-56) 5. Espírito de temor (Lc.22:54-62) 6. Espírito impulsivo (Jo.18:10) 7. Falta de compreensão espiritual (Mt.16:21-23) • Experiências do ponto de vista positivo (Jo.l7): 1. O nome de Cristo havia sido manifestado a eles – v.6 2. Conheciam que tudo era de Deus – v.7 79


3. 4. 5. 6. 7.

Receberam a Palavra de Cristo –v.8 Aceitaram a divindade de Jesus – v.8 Não eram do mundo – vv.9,15,16,14 Cristo os havia guardado – v.12 Eram de Cristo – v.10

DES.: MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS OCORRIDAS…: A. DETERMINAÇÃO DE PROPÓSITO - Sugerido por Jesus (1:4) - (Levado a sério pelos discípulos (13) cf.2:1b) B.

PERSEVERANÇA NO PROPÓSITO (1:14) - O valor da unanimidade ( vontade extensiva de Deus) - Disciplina – oração (exercício crescente/ contínuo) - Deus prova a nossa determinação e perseverança… (2:1)

C.

SINTONIZAÇÃO-PROPÓSITO (Atos 2:1-2) - “Reunidos…” - “Mesmo lugar” - “Assentados; expectativa paciente/ sintonização paciente. (ajuste-canal) - prontos p/ receberem algo de Deus. - - o problema da inquietação/ comichões/ toxina-urtiga - Independente do ato (exercício religioso s/ perder a sint.)

RESULTADOS – BUSCA COM PROPÓSITO: A.

HOUVE UMA VISITAÇÃO DO ESPÍRITO EM FORMA DE PODER (2) - O vento de Deus (cf. Jo.3) - Que invade / separa o trigo da palha - Move e gera energia - Expulsando o medo e a timidez (paradoxo).

B. HOUVE UMA VISITAÇÃO EM FORMA DE PUREZA (3 Cf..At.15:8) - Fogo que queima pecado - Purifica a mente (de onde procedem…) - Experiência coletiva à partir do individual - Aterrisagem perfeita (c/ propósito) “sobre cada um deles.” B.

HOUVE UMA VISITAÇÃO EM FORMA DE INTELIGÊNCIA (4). - Falar as maravilhas de Deus em outra língua s/ tê-la aprendido. - Falar aquilo que Deus tem orientado através do Espírito - transbordando daquilo que foram cheios - Serem usados sem terem dependido de habilidades pessoais/ recursos especiais… - No tempo e na forma de Deus e para os propósitos de Deus. (cf.v.8 e 37-41)

CONCLUSÃO: • Temos buscado com determinação o poder do alto?  Temos perseverado ou estamos decididos a perseverar neste propósito?  Estamos sintonizados com o falar e o agir do Espírito? 80


Deus pretende nos visitar com Seu Poder/ Sua Pureza/ Sua Unção de Inteligência e sabedoria.

RELATÓRIOS – LIVROS – DOUTRINA DE SANTIDADE

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO NAZARENO BRASILEIRO ESTUDOS TEOLÓGICOS DESCENTRALIZADOS DOUTRINA DE SANTIDADE

TRABALHO INDIVIDUAL Trabalho 1 – (Resumo do Livro: - SMITH, Hanna Whitall. O Segredo de Uma Vida Feliz)

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WBLENIO JOSÉ DOS ANJOS Natal, 2006

INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é em aumentar nosso grau de instrução e conhecimento, acerca da doutrina de santidade e dos fatos ocorridos e de toda a contextualização da época, relatado neste livro, embora faz um bom tempo de sua edição de lançamento o seu conteúdo é riquíssimo em aprendizado, assuntos e diretrizes extremamente relevantes para a nossa contemporaneidade. A Santidade é uma a condição indispensável para o triunfo! Santidade ao Senhor! Devemos andar em Santidade e Levantar mãos santas. RESUMO DO LIVRO O segredo de uma vida feliz tem se mantido ao lado da bíblia, com o peregrino de João Bunyan, como livro de perene atualidade. De simplicidade assombrosa, aborda profundos mistérios da vida cristã de modo definitivo, e ainda facilmente compreensível, visando símiles, parábolas, comparações, a autora reduz o seu pensamento à simplicidade, que a lição impõe-se naturalmente na mente do leitor sem qualquer esforço deste. Em cada pagina sentimos o “espírito de sabedoria e de reverência”, em Efésios 1:17 (para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele), marcando o livro como um dos mais felizes momentos de inspiração divina no labor humano de um dos seus filhos. É BIBLICO Nenhuma pessoa ponderada pode contrariar o fato, segundo o qual, a vida cristã, conforme vida em sua maior parte, não é uma vida feliz. Foi quando pela primeira vez vi, como num raio de luz, que a religião de Cristo deveria ser para o crente, não algo que o tornasse miserável, mas alguma coisa que o tornasse feliz, de acordo com o propósito real de Jesus. Então comecei a buscar o Senhor para que me mostrasse o segredo duma vida feliz. Estou persuadida de que todos os filhos de Deus sentem, instintivamente, em seus momentos de divina iluminação, que uma vida de descanso e vitória lhes é um direito inalienável. Que imaginemos nós a respeito do salvador que foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades? Começai, então, a firmar-vos neste fato de que Jesus veio Salvar-nos, agora, nesta vida, do poder e o domínio do pecado, e fazer mais do que vencedores pelo Seu poder. Se duvidais disto, examinai vossas bíblias, e coligi todas as afirmações e declarações sobre os propósitos e objetivos de Sua morte na cruz. A cruz de Cristo com o golpe poderoso e decisivo, pelo 83


qual removeu de nós a condenação do pecado, também remove de nós seu poder e seu amor. Cristo foi feito para mim redenção e libertou-me do cativeiro. O LADO DIVINO E O LADO HUMANO Ora, se há dois lados evidentes e distintos neste assunto, e, como todos os outros assuntos, ele não pode ser plenamente entendido a menos que ambos estes lados sejam constantemente considerados. Eu me refiro, naturalmente, ao lado divino e ao lado humano. Em outras palavras: a parte de Deus e a parte do homem na obra da santificação. Podemos ver que a parte do homem é confiar, e a parte de Deus é operar, pode se ver num relance como estas duas partes constatam uma com a outra, sem que, contudo, sejam necessariamente contraditórias. Devemos ser libertados do poder do pecado, bem como ser perfeitos em toda boa obra para fazermos à vontade de Deus. Contemplando, como por espelhos a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. Devemos ser transformados pela renovação de nossas mentes para que experimentemos qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Um trabalho real deve ser realizado em nós e sobre nós. Os pecados que nos rodeiam devem ser vencidos; maus hábitos devem ser dominados. Disposições e sentimentos errados devem ser erradicados. Temperamentos e emoções devem ser regenerados. Uma transformação positiva deve tomar lugar. Assim ensina a Bíblia. Isto só será possível se nos colocarmos nas mãos de Jesus Cristo, pois, somente com as nossas próprias forças não seremos capazes. Ora, santificação é tanto um passo de fé como um processo de operação. É um passo de submissão e confiança de nossa parte, e um processo de desenvolvimento da parte de Deus. Mas a santificação que as Escrituras Sagradas frizam, como experiência presente de todos os crentes, não consiste na maturidade do crescimento, mas na pureza de coração; e esta pode ser tão completa nas primeiras como nas últimas experiências. A VIDA DEFINIDA A vida cristã definida têm suas características a saber: plena submissão ao Senhor e uma perfeita confiança n’Ele, resultando em vitória sobre o pecado e descanso da alma. O senhor carrega nossas cargas, as cargas são tudo que nos atormenta, quer sejam coisas de ordem espiritual ou temporal. A maior carga que nos temos para carregar nesta vida é o “EU”; a coisa mais difícil que temos para controlar é o EU. Nosso próprio viver diário, nossas disposições e sentimentos, nossas fraquezas particulares e nossas tentações, os temperamentos que nos são peculiares, nossos afetos íntimos --- estas são as coisas que nos deixam perplexos e nos atormentam mais do que todas as outras coisas, escravizando-nos e fazendo-nos viver em trevas. Por conseguinte, ao vos desprenderdes de vossas cargas, a primeira coisa de que vos deveis livrar é o vosso EU. Deveis entregai vos com vossas tentações, vossos sentimentos, temperamentos, vossos afetos, e todas as vossas experiências internas e externas, aos cuidados do Senhor vosso Deus. COMO ENTRAR A fim de entrar numa experiência pratica desta vida interior, a alma deve estar numa atitude receptiva, reconhecendo plenamente o fato de que ela é dádiva de Deus 84


em Cristo Jesus e que ela não pode ser obtida por quaisquer esforços ou obras de nossa parte. Isto simplificará enormemente o assunto; e a única coisa que resta considerar, então, será descobrir a quem Deus concede esta dádiva, e como devem eles recebe-la. A isto eu responderia logo que Ele só concede à alma inteiramente consagrada, e que ela deve ser recebida pela fé. Melhor e mais doce do que a saúde, amigos, dinheiro, fama, conforto e prosperidade é a adorável vontade de Deus. Ela ilumina, qual halo divino, as mais negras horas, e derrama os mais brilhantes raios de luz nos mais tristes caminhos. Aquele que faz dela o seu reino, sempre reina, e nada de mal lhe pode acontecer. DIFICULDADES A Respeito da Consagração É importante que os crentes não ignorem as tentações que se erguem prontas a se oporem á marcha de sua peregrinação para o céu, e que são especialmente ativas quando na alma foi despertada uma fome e sede de justiça, e começa a alcançar a plenitude que é nossa em Cristo. Uma das maiores tentações é a dificuldade a respeito da consagração. O que busca santidade está informado que deve consagrar-se, e lhe se esforça por fazê-lo. A Respeito da Fé O passo seguinte para depois da consagração, na saída da alma para fora do deserto de uma experiência cristã fracassada à terra que mana leite e mel, é o da fé. É aqui, como no primeiro passo, a alma encontra logo certas formas de dificuldades e obstáculos. O filho de Deus cujos os olhos foram abertos para ver a plenitude que há em Jesus para ele, e em cujo coração foi porta a fome para se apropriar daquela, plenitude, defronta-se com a asserção de cada mestre a que se dirige, de que essa plenitude deve ser recebida unicamente pela fé. A Respeito da Vontade Quando um filho de Deus, por um ato de inteiro abandono e absoluta confiança, entra na intimidade de cristo, e começa a conhecer algo da benção da vida escondida com Cristo em Deus, surge uma espécie de dificuldade pronta para obstacular seu caminho. Depois que as primeiras emoções de paz e descanso começarem a perder a sua intimidade, ou, como em muitos casos, elas jamais foram sentidas, ele começa a sentir uma tão completa irrealidade nas coisas pelas quais ele está passando, que, diante de si mesmo, percebe-se um hipócrita, quando diz, ou mesmo quando pensa serem reais. Sua fé parece-lhes não ir além da superfície; apenas de lábios; parece-lhes ser a fé, e, portanto sem valor. A Respeito da Direção Talvez haja certos caminhos para os quais Deus parece nos chamar, mas que nossos amigos desaprovam. E é provável que estes amigos sejam mais velhos do que nós na vida cristã, e vos pareçam também muito mais experientes. Dificilmente suportareis discordar deles ou magoá-los sentir-vos-ei também temerosos de vos entregar a quaisquer impressões de dúvidas --- impressões aparentes --- as quais eles não aprovam. E contudo não vos podeis livrar dessas impressões; por conseguinte, vos sentis imersos na dúvida e no desassossego. 85


Para a alma plenamente submissa há um caminho de escape de todas estas dificuldades é a de ouvir a voz do Senhor somente. A Respeito das Dúvidas Um grande número de crentes está escravizado a um inveterado hábito de dúvidas. Não me refiro as dúvidas quanto à existência de Deus nem quanto ás Verdades Bíblicas, mas dúvidas quanto às suas relações pessoais com Deus em quem eles professam crer; dúvidas quanto ao perdão de seus pecados; dúvidas quanto às esperanças do céu; e dúvidas quanto à sua própria experiência interior. A Respeito das Tentações Grandes erros são cometidos a respeito deste assunto de tentação, no desenvolvimento prático da vida de fé. Antes de tudo, fica-se na expectativa de que, depois de ter a alma entrado no descanso do Senhor, as tentações cessem; e pensa que a libertação prometida não se refere apenas à queda na tentação, mas também estaremos livres da própria tentação. Cometemos erro quando consideramos pecado a tentação, e muitos se culpam a si mesmos das sugestões do mal, que eles próprios abominam. A Respeito dos Fracassos Naturalmente, que ao falar de pecado aqui, eu quero dizer pecado consciente e conhecido. Não toco no assunto de pecados da ignorância, nem daquilo que se nomeia pecados inevitáveis de nossa natureza, os quais são contemplados com as provisões de Cristo, e não afetam a nossa comunhão com Deus. Não almejo, e nem tenho capacidade para tratar de doutrinas sobre o pecado; deixarei estas com os teólogos para que eles as discutem e as definam. Falarei apenas da experiência do crente no assunto. Há muitas coisas que fazemos inocentemente ate que vai brilhante mais e mais para mostrar que elas estão erradas. A má compreensão neste ponto de pecado conhecido ou consciente abre o caminho ara grandes perigos na vida da fé. Quando um crente que crê ter entrado na estrada da santificação, vê-se apanhado de repente pelo pecado, ele é tentado ou a ficar completamente desencorajado, e a desistir por que tudo esta perdido, ou então, a fim de resguardar intacto o corpo de doutrinas, ele sente ser necessário encobrir seu pecado, chamando-o fraqueza, e recusando-se a ser sincero e franco a respeito dele. Qualquer destas atitudes é igualmente fatal ao crescimento e ao progresso na vida de santidade. DEUS ESTA EM TUDO Um dos maiores obstáculos a uma experiência inabalável na vida interior é a dificuldade de ver Deus em tudo. Toda a escritura Bíblica nos ensina que nem mesmo um pardal cai sem o consentimento de nosso Pai celestial. Até os cabelos de nossa cabeça estão todos contados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho é muito importante no meu ponto de vista pois podemos examinar com muito cuidado e sabedoria, buscando uma boa compreensão bíblica a fim de retirarmos do conteúdo exemplos e lições práticas acerca de erros cometidos pelos crentes no dia de hoje, devemos ter uma vida regado com muita unção de Deus, não cedendo a tentação, fugindo da aparência do mal, buscando se consagrar dia após dia, com isso se santificando para ter uma vida santa, reta, de caráter, e sendo um exemplo nesta geração pecadora, mostrando a toda a sociedade que Deus está levantando um 86


grande exército, um povo de guerra capaz de vencer o inimigo, mostrando-nos um geração de verdadeiros adoradores do Senhor. Toda Honra! Toda Glória! Todo Louvor! Ao Rei dos Reis!!! REFERÊNCIAS - Smith, Hanna Whitall. O Segredo de Uma Vida Feliz. Belo Horizonte: Impresso no Brasil, na Editora Betânia, sexta edição - 1979.

C. Pautas para a Formulação Teológica Autóctone da Doutrina de Santidade: O Manifesto de Santidade Líderes de denominações históricas doutrina para o século XXI.

wesleyanas

e do movimento de santidade reafirmam sua

Em fevereiro os líderes de dez denominações wesleyanas e do movimento de santidade divulgaram um manifesto teológico para rearticular suas doutrinas chave para hoje. O documento é produto do Projeto de Estudo Wesleyano e de Santidade, que tem se reunido nos últimos três anos. Projeto de Estudo Wesleyano e de Santidade, Azusa, Califórnia, Fevereiro de 2006.

A Crise que Enfrentamos Nunca houve um tempo com maior necessidade por uma articulação autêntica e motivadora da mensagem da santidade. Pastores e líderes em todos os níveis eclesiásticos chegaram a um impasse em sua procura por formas de revitalizar suas congregações e denominações. O que fazemos não dá resultados. A membresia das igrejas de todas as tradições estabilizou-se. Em muitos casos as igrejas têm sua membresia em queda. Não temos sequer atingido o crescimento vegetativo, ao comparar com o crescimento vegetativo da população dos Estados Unidos da América. O zelo e a energia das igrejas tem sido empregados na busca incessante por um método melhor, uma moda passageira, uma visão mais recente e melhor para desencadear o crescimento. Nesse processo para descobrir um método mágico para termos igrejas vibrantes, saudáveis e crescentes, nosso povo tornou-se altamente ineficaz e cativo de um cristianismo genérico que resultou em congregações que não se distinguem da cultura que as circundam. As igrejas precisam de uma mensagem autêntica e clara que substituirá o “santo graal” de métodos como o foco de nossa missão. Nossa mensagem é nossa missão!

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Além do mais temos sido inundados por líderes que se tornaram prisioneiros de uma mentalidade de sucesso numérico e influência programática. Eles se tornaram tão preocupados sobre “como” eles administram a igreja que negligenciaram um aspecto mais importante de “o que” a igreja declara. Nós inundamos o “mercado” com esforços metodológicos para fazer a igreja crescer. Neste processo, nossos líderes perderam a capacidade de liderar. Eles não conseguem liderar porque não tem nenhuma mensagem autêntica para transmitir, nem uma visão autêntica de Deus, nem uma compreensão transformadora da alteridade de Deus. Eles sabem disto e desejam encontrar o poder centralizador de uma mensagem que faça a diferença. Mais que nunca desejam banhar-se em uma profunda compreensão do chamado de Deus pela santidade - vida transformada. Estão cansados de confiarem em métodos. Querem uma missão. Querem uma mensagem! As pessoas hoje estão buscando um futuro sem terem uma memória espiritual. Eles suplicam por uma palavra generosa e integrativa de cristãos que faça sentido e faça a diferença. Se Deus será relevante para as pessoas, temos a responsabilidade de tornar isso claro a eles. Nós temos de nos livrarmos de nossa obsessão por uma linguagem verborrágica, expectativas embaraçosas e padrões intransigentes. Qual o âmago, o centro, a essência do chamado de Deus? Esta é nossa mensagem e esta é nossa missão! As pessoas nas igrejas estão cansadas das nossas mesquinhas linhas de demarcação que criam artificialmente compartimentos, denominações e divisões. Estão cansadas de construírem instituições. Anseiam por uma mensagem clara e articulada que transcenda a institucionalização e os conflitos entre os seguidores de Jesus Cristo. Estão embaraçadas pela mentalidade corporativista das igrejas que defendem pedaços do evangelho como se a elas pertencessem. Querem conhecer o poder unificador e transformador de Deus. Querem ver a impressionante santidade de Deus, que nos compele à unidade na qual testemunhamos seu poder. As pessoas aceitam o fato de que nem todos nós seremos semelhantes; haverá diversidade. Mas querem ter a certeza que qualquer que seja a igreja ou líder, saibam que somos um - unidos pelo santo caráter de Deus que nos dá toda a vida e amor. Querem uma mensagem que seja unificadora. A única mensagem que pode fazer isto vem da natureza de Deus, que é unidade na diversidade. Portanto, neste momento crítico, emitimos este novo foco na santidade tendo em vista o bem estar da Igreja. Em nosso ponto de vista, este foco é o coração das Escrituras no que diz respeito à existência dos cristãos através dos tempos - e claramente para o nosso tempo. A Mensagem Que Temos Deus é santo e nos chama a sermos um povo santo. Deus, que é santo, tem um amor abundante e fiel por nós. O santo amor de Deus nos é revelado na vida e ensinamentos, morte e ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Deus continua a agir, dando vida, esperança e salvação através da habitação do Santo Espírito, conduzindo-nos à vida santa e amorosa de Deus. Deus nos transforma, livrando-nos do pecado, idolatria, servidão e egoísmo para amarmos e servirmos a Deus, aos outros e para sermos mantenedores da criação. Portanto, nós somos renovados à imagem de Deus como revelada em Jesus Cristo. Separado de Deus, ninguém é santo. Os santos são separados para o propósito de Deus no mundo. Capacitados pelo Espírito Santo, os santos vivem e amam como Jesus Cristo. A santidade é tanto um dom quanto uma resposta renovadora e transformadora, pessoal, comunitária, ética e missionária. Os santos de Deus seguem a Jesus Cristo ao engajarem-se nas culturas do mundo e trazerem os povos a Deus.

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Os santos não são legalistas ou julgadores. Não buscam um estado privado e exclusivo de serem melhores que os outros. Santidade não é ausência de falha, mas o preenchimento com a vontade de Deus para nós. A busca pela santidade não deve cessar nunca, pois o amor de Deus não se extingue. Deus quer que sejamos, pensemos, falemos e agimos no mundo à maneira de Cristo. Convidamos a todos a abraçarem o chamado de Deus a: •

Ser preenchido pela completude de Deus em Jesus Cristo - Espírito Santo, colaboradores consagrados pelo Reino de Deus; • • • •

Viver uma vida devota, pura e reconciliada, sendo desta forma agentes transformadores de Jesus Cristo no mundo; Viver como um povo fiel da aliança, construindo comunidades responsáveis, crescendo em Jesus Cristo, corporificando o Espírito das leis de Deus em uma vida santa; Exercitar, para o bem comum, uma gama eficaz de ministérios e chamados, de acordo com a diversidade de dons do Espírito Santo; Praticar a compaixão através dos ministérios, a solidariedade com o pobre, advogar a causa da igualdade, justiça, reconciliação e paz; e

Cuidar da terra, o dom de Deus confiado a nós, trabalhando com fé, esperança e confiança pela cura e cuidado por toda a criação. Pela graça de Deus, comprometamo-nos juntos a sermos um povo santo. As Ações que Tomamos Que este chamado nos impulsione a levantarmos a visão bíblica da missão cristã: • • • • •

Preguemos a mensagem transformadora da santidade; Ensinemos os princípios do amor e do perdão de Cristo; Vivamos vidas que reflitam a Jesus Cristo; Lideremos um engajamento com as culturas do mundo; e Partilhemos com outros para multiplicarmos seu efeito pela reconciliação de todas as coisas. Para isso vivemos e trabalhamos pela glória de Deus. Projeto de Estudo Wesleyano e de Santidade (em ingles: Wesleyan Holiness Study Project - WHSP) Participantes: Comitê Diretivo;David Bundy—Pentecostal;Lisa Dorsey—Escudo da Fé;Donald Thorsen—Metodista Livre;Bill Kostlevy—Secretary— Metodista Unido;Kevin Mannoia—Chair—Metodista Livre Participantes do ProjetoHenry Alexander—Escudo da Fé Perry Engle—Irmãos em Cristo Jesse Middendorf — Nazareno Thomas Noble — Nazareno Diane Leclerc — Nazareno Jonathon Raymond—Exército de Salvação George McKinney—Igreja de Deus em Cristo Greg Dixon—Igreja de Deus (Anderson) Lyell Rader—Exército de Salvação Roger Green-Exército de Salvação David Kendall—Metodista Livre Doug Cullum-Metodista Livre Howard Snyder-Metodista Livre James Leggett—Internacional Pentecostal de Santidade Lynn Thrush—Irmãos em Cristo Ron Duncan—Igreja de Deus (Anderson) Tim Erdel—Igreja Missionária Barry Callen—Igreja de Deus (Anderson) David Winn—Igreja de Deus (Anderson) Doretha O'Quinn — Evangelho Quadrangular John Hatcher — Evangelho Quadrangular Steve Schell — Evangelho Quadrangular

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David Shrout—Igreja de Deus (Anderson) Jim Adams — Evangelho Quadrangular Doug O'Brien—Exército de Salvação Brian Hartley—Metodista Livre Ric Gilbertson—Aliança Cristã e Missionária Bernie Van De Walle—Aliança Cristã e Missionária Franklin Pyles—Aliança Cristã e Missionária Doug Beacham—Internacional Pentecostal de SantidadeJohn Huntzinger — Evangelho Quadrangular Donald Dayton — Wesleyana Craig Keen — Nazareno

Copyright © 2006 Christianity Today. Click for reprint informatio

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