A TÉCNICA DA BEM-AVENTURANÇA COMO SENTIR "PURA FELICIDADE" Se você pensar em uma experiência feliz (como o nascimento de uma criança, um belo pôr-do-sol ou um lago alpino ao amanhecer) e transportar seu sentimento além desse momento fixo, chegará a um novo estado chamado "pura felicidade". O ayurveda nos ensina que a felicidade pura é fundamental para a qualidade de vida. Em sânscrito, essa qualidade é chamada ananda, que geralmente é traduzida por bem-aventurança. Com a popularidade que os ensinamentos orientais ganharam no Ocidente, as pessoas passaram a usar a palavra "bemaventurança" para expressar vários tipos de emoções positivas. Para maior precisão, a "bem-aventurança" é um conceito abstrato demais para ser experimentando. Por analogia, como você tem a sensação de ser inteligente? A bem-aventurança, como a inteligência, é uma abstração. Reside no corpo mecânico quântico em forma pura e chega à superfície apenas nas condições exatas. Você não pode ver ou tocar em milhares de processos, no cérebro e no corpo, que precisam ser coordenados para criar a bemaventurança. Contudo existe um sentimento definido, a pura felicidade, que pode ser sentido e prova que a bem-aventurança existe. De acordo com os sábios ayurvédicos, todas as nossas alegrias se originam na felicidade pura. É a luz brilhante que não vemos diretamente e que apenas se reflete em menores alegrias. Porém, essas luzes menores não existiriam sem a maior. Mesmo na sociedade ocidental, onde o dinheiro, a beleza física e o sucesso são igualados à felicidade, todos têm momentos inesperados em que a vida parece absolutamente perfeita e cheia de alegria. Se você pudesse viver em um estado de pura felicidade o tempo todo, teria a essência prática da saúde perfeita.
A Técnica da Bem-aventurança Para ter acesso à pura felicidade, ensinamos aos pacientes a Técnica da Bem-aventurança, antes chamada de Técnica de Integração Psicofisiológica Maharishi Ayurveda. Esse nome meio complicado, "integração psicofisiológica", significa "unir a mente e o corpo". A Técnica da Bem-aventurança é usada como um leve — 1 —
impulso mental, um som especial que tem o propósito de trazer a mente de volta às vibrações de bem-aventurança que penetram sutilmente em todas as células do corpo. Ela difere da meditação porque seu objetivo é a satisfação física de bem-aventurança borbulhante no corpo todo. Esse sentimento, em si, é extremamente agradável, mas também indica que está acontecendo a "cura quântica" e que canais de energia que estavam interrompidos são reparados. Quando esses canais estão fechados a bemaventurança não pode fluir. Quando são abertos, o contato com o corpo mecânico quântico é refeito. Laura Simons é uma moça que sofre com um câncer em estado avançado no seio e tem obtido bons resultados desde que começou a usar a Técnica da Bem-aventurança como apoio à terapia convencional. Durante vários anos, desde que descobriu um tumor maligno no seio esquerdo, Laura recusou a cirurgia. Felizmente, o tumor continuou localizado e foi crescendo vagarosamente. Por fim, ela tomou a dolorosa decisão de submeter-se à extração do tumor, mas não à mastectomia. Laura começou a empregar a Técnica da Bem-aventurança durante o período da quimioterapia. A maioria dos pacientes de câncer reage à cirurgia e à quimioterapia com crises inevitáveis de medo e depressão, acompanhadas da debilitação física que pode ser suave ou devastadora. Mesmo nas melhores condições, o tratamento é uma provação. Mas Laura foi realmente capaz de encontrar alegria nessa experiência. Logo depois de aprender a técnica, ela informou que se sentia mais calma e positiva. Eventualmente tinha uma sensação latejante ou de calor, mas na maior parte das vezes a dor do seio afetado desaparecia quando ela usava a técnica. O resultado subjetivo mais dramático foi sua redescoberta da percepção da bemaventurança durante a moléstia. "As experiências durante a aplicação da Técnica de Bemaventurança não são tão profundas como quando comecei, há uma ano e meio - ela escreve. - Mas havia um temor e uma tristeza tão profundamente enraizados, uma sensação de desamparo e ansiedade tão intensa que o contraste foi enorme quando eu comecei a experimentar tanta alegria e bem-aventurança". "Naquela época eu percebia grandes buracos negros em minha percepção. Já não os vejo, e a sensação de felicidade é mais cons— 2 —
tante e estável. Ainda assim, há certos dias em que a felicidade e a alegria são tão poderosas que mal posso contê-las. Eu quase não sinto mais medo, apenas alguma ansiedade vaga, que normalmente controlo sem dar muita atenção". Não importa o que mais possa estar envolvido, o contraste gritante entre este relato e os "buracos negros", em que resvala a maioria de nossos pacientes, evidencia claramente o valor da Técnica da Bem-aventurança. Conseguimos os mesmos resultados ensinando a muitos pacientes, que sofrem de todos os tipos de doenças e não apenas de câncer.
A Naturalidade da Bem-aventurança Cada dosha expressa um sabor diferente de pura felicidade, e alguém estando em perfeito equilíbrio poderia sentir todos eles: Vata - estimulante, alegre, alerta, animado, otimista, flexível Pitta - satisfeito, feliz, nobre, amável, franco Kapha - constante, forte, bondoso, corajoso, generoso, afeiçoado, sereno Como na maioria dos casos, Vata é o líder dos outros doschas. Ele transmite alegria através do sistema nervoso central, causando mudanças nas células do corpo todo. No entanto, sem o equilíbrio entre os três doshas, seu organismo não suporta a puta felicidade por períodos prolongados. Um dos principais objetivos do Maharishi Ayurveda é essa mudança, limpando as janelas da percepção interior. Nosso estado normal de consciência é geralmente mal equipado para perceber toda felicidade existente em nosso interior. Como a psicologia convencional se concentra mais nos estados anormais (como as neuroses e psicoses), tem esclarecido muito pouco os efeitos da felicidade, e a medicina comum menos ainda. Sem dúvida, os momentos de êxtase têm sido elogiados por poetas, religiosos e pessoas comuns, porém sem nenhuma relação com estados mais saudáveis. Apenas surgiu essa ligação quando Abraham Maslow, nos anos 50 e 60, começou a estudar um grupo de pessoas altamente capacitadas em seus diversos campos de ação e que ele chamou de "auto-realizadas". Essas pessoas, segundo Maslow logo descobriu, levavam vidas muito diversas e individualistas. A primeira vista, não havia nenhuma semelhança — 3 —
entre um empresário bem-sucedido, um famoso romancista ou um grande maestro. Mas Maslow soube que, apesar dos diferentes etilos de vida, muitos deles tinham sentido o que ele chamou de "experiências de pico", momentos de intenso bem-estar e alegria. Durante seus momentos de "pico", essas pessoas sentiam uma total transformação na personalidade. Os obstáculos, que pareciam enormes na vida comum, passavam a ser risíveis. Eram invadidos por uma avassaladora sensação de poder, sentindo-se muito calmos e perfeitamente afinados com a vida. Os mais talentosos atletas e esportistas podem testemunhar momentos em que, sem esforço, excederam a própria capacidade. Como descreve Patsy Neal, a campeã de basquetebol feminino: "Existem momentos de glória que ultrapassam a expectativa humana, vão além da capacidade física e emocional do indivíduo. Algo inexplicável invade e instila vida na vida conhecida. A atleta ultrapassa a si mesma, transcende o natural, quase flutua em seu desempenho, atraindo forças que não sabia que existiam". Maslow descobriu que a experiência de pico era extremamente terapêutica. Seus pacientes atribuíam as principais mudanças em suas vidas à súbita compreensão captada nesses momentos: descoberta de nova confiança e criatividade, inesperadas soluções para graves dilemas, certeza de que nenhum medo poderia tocálos... Em alguns casos, depressões prolongadas ou neuroses de ansiedade desapareceram da noite para o dia, e nunca mais voltaram. Maslow ficou muito impressionado, e seu estudo pioneiro aumentou consideravelmente a variedade de experiências positivas que passaram a ser consideradas normais na psique humana. Porém ele não encontrou um meio de proporcionar essa experiência de pico a ninguém nem descobriu sua fonte. Sem uma técnica para transcender, ele só podia esperar por esses momentos ocasionais em que as cortinas se abrem e a psique ultrapassa o estado comum de vigília.
Superfluidez Recentemente, médicos e psicólogos descobriram um estado em que as pessoas criativas geralmente entram sem esforço, chamado popularmente de fluir, ou "fluidez". Durante esses períodos, os projetos de trabalho parecem progredir por conta própria e até a maior concentração não requer esforço. Enquanto estão nesse — 4 —
fluir, as pessoas criativas, em qualquer campo, têm a prazerosa sensação de estar acima de sua capacidade normal. O problema é que a pessoa não pode ensiná-la aos outros ou desenvolvê-la. Menos de dez por cento dos indivíduos sentem esse fluir intermitente. Mesmo assim, isso representa um avança, comparado ao grupo mínimo de pessoas auto-realizadas que Maslow calculou em menos de um décimo de 1 por cento da população em geral. Somente depois que a ciência começou a investigar a meditação seriamente o aspecto ilusório desses fenômenos foi claramente explicado. A experiência de pico, ou sensação de fluir, indica um estado muito profundo e constante, que os pesquisadores da MT chamaram de "superfluidez". A superfluidez é semelhante ao pico porque o esforço requerido pela atividade é reduzido ao mínimo. No estado superfluido, a ação passa a ser inteiramente automática. O empreendedor é absorvido em sua tarefa, o pensador em seus pensamentos, o artista em sua arte. Eis, em primeira mão, a descrição de um adepto da meditação nos anos setenta: "Uma suave, mas poderosa, sensação de bemaventurança bem equilibrada permanece quase o tempo todo na mente e no corpo. Fisicamente, é sentida como uma disposição muito agradável em todo o organismo. Essa harmonia é tão profunda e estável que se mantém até em grande atividade. Ela protege contra qualquer ruptura e torna a atividade fácil e divertida". O termo "superfluidez" vem de um tipo peculiar de materiais chamados superfluidos, descobertos pela física há mais de cinquenta anos. Por exemplo, quando o hélio líquido é resfriado até chegar ao zero absoluto, -273 graus C, adquire a capacidade de fluir pelas paredes dos vasilhame, atravessar orifícios mínimos e, se é posto em movimento, de fluir para sempre. A razão dessa mudança ilusória está no próprio efeito do resfriamento. Submetidos à baixa temperatura, os átomos de hélio param de dar voltas a esmo e ficam em ordem perfeita, como um exército entra em formação para uma parada. Os átomos de hélio super-resfriados são tão ordeiros que conseguem atingir um estado em que não há fricção, uma superfluidez. Uma propriedade semelhante à desses materiais submetidos a grande resfriamento é a supercondutividade, a capacidade de conduzir eletricidade sem fricção. A supercondutividade também parece desafiar as leis normais da natureza, mas na verdade é uma propriedade especial que aparece naturalmente quando ceras condições são atingidas. — 5 —
Do mesmo modo, a superfluidez da percepção surge quando a meditação "resfria" o processo do pensamento. A mente descobre maior ordem em níveis mais tranquilos do processo de pensar, até aproximar-se da ordem absoluta do puro silêncio, sem nele resvalar completamente. Nesse ponto exato, o limite quântico da mente, ainda é possível pensar e agir, mas de acordo com regras diferentes. A pessoa sente uma expansão sem esforço e um tipo de criatividade "sem fricção", que não descobre no estado normal de vigília. Fonte: Saúde Perfeita, Deepak Chopra, Editora Best Seller, pp. 181-187.
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