História de uma gota de água

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Francisco Vaz da Silva

História de uma Gota de Água


Ficha técnica Título: História de uma Gota de Água (3ª edição) Autor: Francisco Vaz da Silva (texto e ilustração) © 2010, Francisco Vaz da Silva e Edições Afrontamento Edição: Edições Afrontamento, Rua Costa Cabral, 859, 4200-225 Porto · Portugal Colecção: Tretas e Letras Impressão: Rainho & Neves



Era uma vez uma gotinha de รกgua que vivia num imenso oceano...



porém, não estava só... com ela, muitos milhões de gotinhas formavam aquilo a que resolvemos chamar “mar”...



É numa bela manhã de sol que a história começa...



Estava a gotinha de água a apanhar banhos de sol, quando começou a sentir que se ia tornando mais leve à medida que o sol aquecia... ...até que se sentiu a elevar no espaço... Ficou perplexa!... Mas... o que se estaria a passar?!... Não estava a perceber nada!...



Reparou ent찾o que n찾o era s처 ela que estava na atmosfera; outras gotinhas iam com ela...



Subiram... subiram... subiram... atĂŠ que pararam! Ali estava muito frio e, por isso mesmo, juntaram-se umas Ă s outras, para lhe resistirem!...



—”Oh!”—pensou a gotinha... “Mas nós é que formamos as nuvens!...” Ora, quando estava no mar e reparava nessas enormes manchas brancas no céu, nunca conseguira perceber como elas se formavam...



Estava ela entretida com estes pensamentos quando, de repente, um sopro de vento a afastou, mostrando agora algo muito diferente daquilo a que estava habituada... Que lindo era!... Enormes e esguias praias estendiam-se como lençóis mesmo à beirinha do mar...



...mais para dentro, espraiavam-se grandes extens천es verdes como se fossem campos de futebol encostados uns aos outros;



eram os campos que, de onde em onde, apareciam salpicados com pequenas manchas brancas — as casas; às vezes, estas apareciam juntas formando grupos pequenos — as aldeias — um pouco maiores — as vilas — ou mesmo grandes amontoados de casas — as cidades.



Instantes depois, porém, tudo isto não passava de uma mera recordação!... Agora, só via vales e montanhas!... Então, sem saber porque artes misteriosas, parou!...



A temperatura começou a tornar-se cada vez mais fria e ela, sentindo-se (sem saber como) cada vez mais pesada, deu por si a descer vertiginosamente atravÊs do espaço!...



Tudo tão rápido!... Estava mesmo aflita! Mas a sua aventura não chegara ao fim... De repente, qual não é o seu espanto, vê-se a cair, com algumas companheiras, no meio de águas tumultuosas que engrossavam à medida que elas caíam — era um rio!... Mas... Oh! Parecia inacreditável o que ela estava a viver!... Mas era verdade!... O rio em que ela e outras gotinhas tinham caído descia, descia para, de repente, se espalhar numa vasta superfície de água — nem mais nem menos, o mar donde elas tinham saído alguns dias antes!... Era fantástico!...



Como podemos imaginar, as gotinhas estavam excitadas de contentamento e foi cheias de alegria que contaram a sua aventura às outras gotinhas mais novas!... Então é que elas souberam que nem todas tinham seguido o mesmo caminho! Umas tinham caído nos campos, outras nos rios e outras nas montanhas; e enquanto umas tinham caído da mesma forma que tinham subido, outras havia que, com o tremendo frio que sobre elas se abatera, se tinham transformado em autênticos corpos sólidos... pareciam pedras pequeninas espalhadas no chão!... Oh! como elas tinham sofrido!... Mas outras ainda tinham vivido uma experiência lindíssima, mas muito fria: tinham caído sob a forma de flocos de neve que desciam lentamente num bailado maravilhoso como se fossem lindas bailarinas, muito leves, cristalinamente vestidas de branco! Que sonho!... Enfim... todas as gotinhas estavam loucas de alegria!... Começavam finalmente a perceber porque certas coisas aconteciam...






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