UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE GRADUAÇÃO ARQUITETURA E URBANISMO
FRANCIS SILVA TEIXEIRA
HABITAÇÃO EVOLUTIVA SUSTENTÁVEL A PARTIR DE CONTÊINER
VILA VELHA - ES 2019
FRANCIS SILVA TEIXEIRA
HABITAÇÃO EVOLUTIVA SUSTENTÁVEL A PARTIR DE CONTÊINER
Trabalho de Conclusão de Curso I apresentado à Universidade Vila Velha como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Érica Coelho Pagel
VILA VELHA 2019
Dedico este trabalho ao meu avô, Raul Raymundo da Silva por ser minha eterna inspiração.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao Arquiteto do Universo, Deus minha fortaleza; À minha família, por todo amor e suporte; Ao meu namorado Davi pela energia e parceria; Agradeço também, a professora e orientadora Érica pelo grande ensinamento e profissionalismo; E por fim agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente nessa grande trajetória.
RESUMO
A busca por habitações sustentáveis, práticas que acompanham as necessidades do usuário tornam-se cada vez mais importantes na construção civil. Este trabalho tem por objetivo realizar um ensaio projetual de uma habitação, com técnicas sustentáveis a partir do uso de contêineres como estrutura construtiva principal, serão realizados ensaios evolutivos a nível de estudo preliminar através de um módulo embrião, com um programa de uma casa básica, apresentando possibilidade de módulos criados/ adicionados e possíveis ambientes, e para alcançar este propósito investiga-se sua trajetória no cenário arquitetônico, composição e a natureza de sua estrutura pré-fabricada. O projeto justifica-se na necessidade de trazer para as instancias sociais e acadêmicas discussões e diálogos acerca de construções sustentáveis, evolutivas e com uma perspectiva dinâmica, as habitações em contêineres acompanham os fluxos e multilateralidade oriundas da contemporaneidade e suas respectivas demandas. Pretende-se, portanto, contribuir no debate acerca de projetos arquitetônicos evolutivos que atendam transformações familiares pensando em suas necessidades futuras aliadas a sustentabilidade.
Palavras-chave: Contêiner. Habitação. Evolução. Modulação. Sustentabilidade.
ABSTRACT
The search for sustainable housing, practices that accompany the user’s needs become increasingly important in construction. This work aims to carry out a Project design of a housing, using sustainable techniques from the use of containers as the main constructive structure will be carried out evolutionary tests at preliminar study level througn na ambryo module, with a program of a basic house, presenting the possibility of created / added modules and possible environmentes, and to achieve this purpose its trajectory in the architectual scenario, composition and the nature of its prefabricated structure is investigated. The Project is justified by need to bring to the social and academic instances discussions and dialogues about sustainable, evolutionary constructions with a dynamic perspective, container dwellings accompany contemporary flows and multilaterality and their respective demands. It is intended, therefore, to contribute to the debate about evolutionary architetural projects that meet Family transformations thinking about their future needs allied to sustainability.
Keyword: Container. Housing. Evolution. Modulation. Sustainability.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Alterações nos modos de vida................................................................ .9 Figura 2 – Composição da família brasileira de acordo o último censo demográfico ................................................................................................................................. 10 Figura 3 – a) Planta baixa croqui de uma habitação evolutiva b) Planta baixa croqui de uma habitação modular ....................................................................................... 12 Figura 4 – Conjunto de possíveis etapas de uma habitação evolutiva .................... 13 Figura 5 – Nine Square Grid House - Kanagawa, Japan, 1997 - Shigeru Ban.........14 Figura 6 – Casa expansível pré-fabricada projetada por Gropius, 1931.................. 15 Figura 7 – Edifícios projetados para evolução de acordo com a necessidade do usuário...................................................................................................................... 18 Figura 8 – Evolução do projeto original ................................................................... 19 Figura 9 – a) Planta baixa do primeiro pavimento, com ampliação prevista b) Planta baixa do segundo pavimento c) Planta baixa do terceiro pavimento ........................ 19 Figura 10 – a) Vista lateral direita da cidade contêiner. b) Vista do ambiente interno de um dos apartamentos .......................................................................................... 20 Figura 11 – Sistema construtivo Container City I e II ............................................... 21 Figura 12 – Casa Coodo.......................................................................................... 22 Figura 13 – União de módulos casa Coodo............................................................. 22 Figura 14 – a) Sala de estar integrada com cozinha b) Sala de tv integrada com sala de estar .................................................................................................................... 23 Figura 15 – a) Módulo como pérgola e módulo simples b) Planta baixa com layout do módulo simples c) Módulo vertical d) Planta baixa com layout do módulo vertical e) casa Coodo extensão horizontal f) Planta baixa casa Coodo extensão horizontal ................................................................................................................................. 23 Figura 16 – Malcom McLean, empresário que desenvolveu o contêiner para transportes e primeiro sistema de transporte usando o contêiner ............................ 25 Figura 17 – Esquema dimensional de módulos contêineres do tipo High cube....... 27 Figura 18 – Estruturação do contêiner..................................................................... 28 Figura 19 – Componentes estruturais do contêiner ................................................. 28 Figura 20 – Modelos de contêineres Dry Box de 20 e 40 pés ................................. 29 Figura 21 – Modelos de contêineres Dry 40 high-cube, Reefer 20 e Reefer 40 ......30 Figura 22 – Vantagens do contêiner na construção civil ......................................... 31
Figura 23 – Fases da arquitetura do contêiner ........................................................ 32 Figura 24 – Casa Granja Viana Interior revestido com drywall e lã de PET e detalhes da casa durante a obra............................................................................................. 34 Figura 25 – Perspectiva real da Casa Granja Viana por Danilo Corbas .................. 34 Figura 26 – Planta baixa pavimento térreo casa Granja Viana e Planta baixa do segundo pavimento da casa contêiner ..................................................................... 35 Figura 27 – a) Hall de entrada ConHouse b) vista lateral entrada principal c) montagem da casa no local d) vista lateral com entorno e) planta baixa do pavimento térreo e superior ....................................................................................................... 36 Figura 28 – a) Fachada da casa sustentável; b) vista interna decorada; c) planta de cobertura; d) planta baixa térreo .............................................................................. 37 Figura 29 – Condicionantes do conforto ambiental ................................................. 39 Figura 30 – Contêiner e seu comportamento térmico .............................................. 40 Figura 31 – Isolamento térmico no inverno.............................................................. 41 Figura 32 – Isolamento térmico do contêiner........................................................... 41 Figura 33 – Argila expandida ................................................................................... 42 Figura 34 – Manta de fibra de poliéster ................................................................... 43 Figura 35 – Feltro de lã de PET ............................................................................... 43 Figura 36 – Tinta isolante térmica ECOvinil ............................................................. 44 Figura 37 – a) Esquema vidro comum b) Esquema vidro de proteção solar ........... 45 Figura 38 – Sistema de Ecotelhado ......................................................................... 45 Figura 39 – Sistema de telhado verde aplicado no contêiner .................................. 46 Figura 40 – Localização do bairro da Barra do Jucu – Vila Velha - ES ................... 47 Figura 41 – Análise do terreno, ventilação, insolação e gabaritos ........................... 48 Figura 42 – a) Perspectiva do modelo contêiner embrião b) Planta baixa com layout e setorização do modelo embrião localizado na Barra do Jacu – Vila Velha – ES... 49 Figura 43 – a) Módulo embrião e suas possíveis fases de evolução b) Perspectiva do modelo contêiner com sua primeira evolução c) Planta baixa com layout e setorização da primeira evolução horizontal ............................................................ 50 Figura 44 – a) Esquema gráfico de evolução horizontal do contêiner b) Perspectiva do modelo contêiner com sua segunda evolução c) Planta baixa com layout e setorização da segunda evolução horizontal. ........................................................... 52 Figura 45 – a) Esquema gráfico de evolução vertical b) Perspectiva do modelo contêiner com sua terceira evolução c) Planta baixa com layout e setorização da
terceira evolução vertical – Primeiro pavimento d) Planta baixa com layout e setorização da terceira evolução vertical – Segundo pavimento .............................. 53 Figura 46 – Módulo embrião inicial com dimensionamento dos espaços da habitação ................................................................................................................................. 57 Figura 47 – a) Sala de jantar b) Sala de TV ............................................................ 57 Figura 48 – Módulo de ampliação inicial 20 pés ...................................................... 58 Figura 49 – Segunda evolução da casa contêiner, com dois módulos de 20 pés ... 58 Figura 50 – Planta baixa terceira evolução da casa contêiner ................................ 59 Figura 51 – Planta baixa segundo pavimento evolução vertical casa contêiner ...... 60 Figura 52 – Módulo embrião contêiner com detalhe para placa fotovoltaica. .......... 61 Figura 53 – Perspectiva interior do módulo contêiner com detalhe para LED ......... 61 Figura 54 – Módulo embrião com detalhe para telha térmica .................................. 62 Figura 55 – a) Módulo contêiner com detalhe para fachada b) Perspectiva interior do módulo...................................................................................................................... 63 Figura 56 – Fachada frontal do módulo contêiner com detalhe para vidro isolante térmico...................................................................................................................... 63 Figura 57 – Módulo contêiner com detalhe para sistema de cobertura verde ......... 64 Figura 58 – Vaso sanitário com caixa acoplada ...................................................... 64 Figura 59 – Solução prática de captação de águas pluviais .................................... 65
LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dimensões mínimas de mobiliário e circulação – Estudo comparativo casa contêiner .......................................................................................................... 55 Tabela 2 – Dimensões mínimas de mobiliário e circulação – Estudo comparativo casa contêiner. ......................................................................................................... 56
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6
2.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 9
2.1
HABITAÇÃO EVOLUTIVA ................................................................................ 9
2.2
HABITAÇÃO E FLEXIBILIDADE ..................................................................... 13
2.3
FLEXIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO .................................................................. 15
2.4
FLEXIBILIDADE ESPACIAL ........................................................................... 16
2.5
ESTUDOS DE CASO ...................................................................................... 18 2.5.1 Quinta Monroy – Alejandro Aravena............................................18........18 2.5.2 Container City – Nicholas Lacey e Partners ............................................ 20 2.5.3 Casa Coodo – Coodo Architects ............................................................. 21
3.
CONTÊINER NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................ 24
3.1
ORIGENS ....................................................................................................... 25
3.2
O CONTÊINER ............................................................................................... 26 3.2.1 Modelos ................................................................................................... 29 3.2.2 Sistema Construtivo: Vantagens e Desvantagens................................... 31 3.2.3 Uso do Contêiner na Habitação............................................................... 33
3.3
ESTUDOS DE CASO ...................................................................................... 33 3.3.1 Casa Granja Viana – São Paulo .............................................................. 33 3.3.2 Weekend House / Conhouse – Jure Kotnik, Slovenia ............................. 36 3.3.3 Casa Mais Sustentável – Espírito Santo ................................................. 37
3.4
TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS APLICADAS AO USO DE CONTÊINERES ...... 38 3.4.1 Conforto Térmico e Acústico ................................................................... 39
3.5
MATERIAIS .................................................................................................... 42 3.5.1 Argila Expandida ..................................................................................... 42 3.5.2 Manta de Fibra de Poliéster..................................................................... 43 3.5.3 Lã de PET................................................................................................ 43 3.5.4 Tinta Isolante Térmica ............................................................................. 44 3.5.5 Vidros de Proteção Solar ......................................................................... 44
3.6
TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS .......................................................................... 45
3.6.1 Vegetação / Teto Verde ........................................................................... 45 3.6.2 Vantagens e Desvantagens do Sistema .................................................. 46 4.
O PROJETO ................................................................................................... 47
4.1
LOCALIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO ................................................................. 47
4.2
FLEXIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO .................................................................. 49
4.3
FLEXIBILIDADE ESPACIAL ........................................................................... 55
4.4
TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS NO PROJETO .................................................. 60 4.4.1 Energia .................................................................................................... 60 4.4.2 Conforto Térmico ..................................................................................... 62 4.4.3 Água ........................................................................................................ 64
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 66
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68 ANEXOS ...................................................................................................................72
6 1. INTRODUÇÃO
As transformações e dinâmicas de mercado na contemporaneidade tem como marco as mudanças nas condições sócio culturais e econômicas das famílias que buscam um espaço habitacional responsável para atender suas necessidades e demandas. Em um sentido literário “habitar” significa viver, residir, morar e traz consigo o sentido de “posse” ou “poder” tendo em vista que este deixa sua marca pessoal em algo que teoricamente lhe passa a essência de “pertencimento”. Pensando por linhas gerais ao trabalhar esses significantes de moradia e habitação não se deve considerar processos lineares, rígidos, mas um organismo flexível e expansível (JORGE, 2012; JESUS, 2015). Abordar um conceito de projeto flexível é compreender-se a criação de casas que possuem a possibilidade de serem remodeladas ao longo do tempo de um modo dinâmico. Caetano (2013) argumenta que esse cenário foi possibilitado ao longo do tempo sem a necessidade de promover uma adaptação e novas funcionalidades e com o desafio de manter baixos custos. Esse processo ficou conhecido como habitação evolutiva, conhecida pela sua capacidade de adaptação e transformações em função das necessidades e estratégias que permitam repensar a ideia de processo e adaptação construtiva à múltiplos sistemas vivos. Como resultado da globalização e dos processos que circundam essa realidade, regularmente são direcionados estímulos que possibilitam alternativas e preferências, sejam elas na linguagem, moda, redes de comunicações e outros. No espaço residencial não é diferente, Barbosa (2016) acredita que aspectos como o desenho e a articulação desses devem ser repensados de forma que venham a trazer a promoção de soluções arquitetônicas que se adequem ao modo de vida dos usuários e suas respectivas necessidades a curto, médio e longo prazo. Outrossim, os atuais projetos habitacionais perpassam por dificuldades nas quais acabam por não atender os arranjos familiares que compõem a sociedade, assim sendo comprometidas questões como a inflexibilidade no tracejo de estratégias. Os projetos devem ser pensados de modo que sigam uma linha de flexibilidade capaz de compreender as exigências e as possíveis experiências de qualidade habitacional que facilitem essa versatilidade e manejo nas residências (MARTINS; VIDO; OLIN, 2017).
7 Analisando a família na perspectiva sistêmica não se pode deixar de levar em conta que nas últimas décadas o conceito de família veio adquirindo um âmbito mais vasto e possibilitado novas concepções de organização da vida, que por um lado é valorizada pelos seus traços modernos e de outro por seus progressos (DIAS, 2011). O pensamento sistêmico considera que as redes de relações englobando novos contextos familiares são baseados em um paradigma pós-moderno. Como aponta Saboya (2012) os novos arranjos familiares vêm remodelando a sociedade e suas bases, promovendo discussões e debates internos e externos acerca dos seus desafios e possibilidades. São sintetizados os principais fatores que influenciam mudanças na sociedade nos níveis econômico, demográficos e valores. Ocorre uma redução na quantidade de filhos, bem como as relações afetivas são remodeladas. Essa dinâmica considera a necessidade de adaptar as moradias a tendências como moradia individual, modificações de costumes familiares, reintrodução do trabalho profissional para o âmbito doméstico. Em contrapartida, a moradia deve oferecer conforto, prazer, satisfação e levar o habitante a sentir-se parte do espaço, de modo que seja útil para à realização de múltiplas atividades. Conceitos como flexibilidade tem se convertido a um aspecto primordial na hora de escolher uma moradia mediante a diversidade familiar moderna, os avanços tecnológicos, o uso do espaço para trabalho, lazer, descanso e a tendência para construção de espaços adaptáveis as mudanças e necessidades ao longo do tempo (PEÑA, 2014). Por outro lado, ao estender o olhar a uma visão macro sistêmica o setor da construção civil é um dos que mais se destacam na economia brasileira e de acordo com Godoi (2012), no país esse setor é responsável por cerca de 50% no consumo de eletricidade no território. Essa notoriedade abre espaço para se pensar em estratégias de uso sustentável dos recursos naturais e preservação ambiental. O tema sustentabilidade ganha espaço no Brasil a partir de 1992 com a Conferência Eco-92 e os acordos prefixados durante o evento (CAETANO, 2013). O conceito de sustentabilidade na construção civil executa um papel fundamental para o desenvolvimento sustentável. A prática aplicada no setor de atividades humanas que mais consome recursos naturais e geram impactos considerável sintetizam a relação entre construção e meio ambiente. Sua aplicação no campo da construção civil, de acordo com Brasil (2018) utiliza como aspectos essenciais a adequação do projeto em questão ao clima do local, iluminação,
8 condições de ventilação, previsão de requisitos de acessibilidade e mobilidade, possibilidades de adaptação posterior, atenção para orientação solar adequada e a suspensão da construção do solo a depender do clima. No que se refere a escolha dos materiais deve se optar pelos materiais disponíveis no local, sejam eles pouco processados, não tóxicos, potencialmente recicláveis e culturalmente aceitos. O mercado imobiliário residencial na contemporaneidade ainda deixa de lado conceitos básicos como habitação evolutiva, qualidade habitacional e a união desses fundamentos a projetos sustentáveis e conscientes. Nos últimos anos, alguns ensaios têm demonstrados que a construção de empreendimentos em contêineres venha a ser saídas economicamente viáveis e politicamente corretas na flexibilização das habitações evolutivas (GODOI, 2012). As construções com contêineres vêm sendo exploradas desde1850 quando os vagões de trens eram utilizados na conversão de restaurantes fixos. Na construção podem ser utilizados dois tipos de contêiner, o marítimo comum feito em aço o contêiner reefer usados no transporte de cargas congeladas. Em relação ao sistema convencional, apresenta como vantagens a possibilidade de uma obra mais limpa, rapidez na execução, economia de recursos naturais, reutilização, flexibilidade, baixo custo e durabilidade. Em contrapartida, deve se atentar a alguns quesitos como a escolha do terreno que precisa ter espaço para manobras dos guindastes de transportes, mão de obra especializada, isolamento térmico e acústico (FILHO, 2018). Desta forma o presente estudo tem como objetivo realizar um ensaio projetual de uma habitação evolutiva, com técnicas sustentáveis a partir do uso de contêineres. Serão realizados ensaios evolutivos a nível de estudo preliminar através de um módulo embrião, com um programa de uma casa básica, mostrando possibilidade de módulos criados/ adicionados e possíveis ambientes. Partindo dessa perspectiva, o estudo justifica-se na necessidade de trazer para as instâncias sociais e acadêmicas discussões e diálogos acerca de construções sustentáveis, evolutivas e com uma perspectiva dinâmica. Seus fundamentos trazem consigo possibilidades de estruturas habitacionais construídas em contêineres permitindo o acompanhamento dos fluxos e multilateralidade oriundas da contemporaneidade e suas respectivas demandas. Pretende-se,
portanto,
contribuir
na
discussão
acerca
de
projetos
arquitetônicos evolutivos, atendendo as transformações familiares e pensando em suas necessidades futuras aliadas a sustentabilidade.
9 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esse capítulo discutirá sobre o conceito de habitação evolutiva (seção 2.1) com uma descrição básica acerca do termo e seus significados. As próximas sessões irão traçar um delineado histórico acerca do uso de contêineres na construção civil (seção 3.0), abordar os sistemas construtivos (seção 3.2.2) bem como, suas estratégias e diretrizes adotadas ao uso (seção 3.2.3). 2.1 HABITAÇÃO EVOLUTIVA O termo habitação de acordo com Machado (2004) vem do vocábulo habitare do latim que em tradução significa “ocupar como residência; viver, morar, residir em frequentar, povoar, morar, viver, residir ou estar domiciliado”. O grande adensamento populacional nas cidades e a valorização imobiliária estão transformando o modo de morar. As pessoas estão buscando cada vez mais qualidade de vida e com isso procurando locais com melhor estrutura e maior segurança nas áreas urbanas. As habitações precisam ser pensadas a estes novos estilos de vida, com uma redução dos espaços internos e tornando-os cada vez mais multifuncionais (SOUZA, 1999). O modo de vida das famílias modernas tem passado por várias transformações e segundo Paiva (2002), as evoluções passaram a provocar ao longo do tempo modificações na apropriação e concepção dos espaços de habitação. Devido a diversificação os espaços sofrem aumento e se modificam. As alterações dos modos de vida podem-se dividir em três como exemplificado na Figura 1. Figura 1 – Alterações nos modos de vida GRUPOS DE CONVIVIO E TRABALHO
TRANSFORMAÇÕES
HABITAÇÃO E CONSUMO
Fonte: Paiva (2002)
FAMILIA E SOCIEDADE
10 Em linhas gerais, os indicadores nacionais ratificado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último censo demográfico realizado em 2010 apontou indicativos de modificações significativas na composição familiar desde o início do século 21. Nos anos 2000 apenas 13% dos casais não tinham filhos, enquanto em 2010, 17,7% não tinham indicativo que aponta um crescimento de famílias que optam por não ter filhos. Outrossim, entre os casais com filhos, observa-se um decréscimo, quando no censo de 2000 cerca de 56,4% dos casais tinham filhos em 2010 apenas 49,4% possuíam filhos elucidando uma queda nos indicativos de famílias com filhos (IBGE, 2010). A Figura 2, expõe os indicativos nacionais mais recentes acerca da composição familiar, tendo em vista que logo mais esses índices serão atualizados. Figura 2 – Composição da família brasileira de acordo o último censo demográfico
Fonte: IBGE (2010)
Em contrapartida, os dados do censo demográfico mais atualizados com os resultados inerentes a década de 2010 a 2019 estão já sendo levantados e estima-se que em meados de 2020 sejam atualizados novos dados. Levando em consideração as conquistas oriundas desta década no que diz respeito ao casamento homoafetivo, flexibilização nos processos de adoção, conscientização dos métodos contraceptivos, ascensão da mulher no mercado de trabalho e a humanização nas práticas de conciliação no judiciário, possibilitando que os novos arranjos familiares cresçam e se modifiquem (CNJ, 2016). De acordo com Caetano (2013) a cada dia é mais comum famílias contemporâneas terem um espaço habitacional que atendam suas condições socioculturais e econômicas, respondendo as necessidades habitacionais, que ao longo do tempo estão sujeitas as novas mudanças sem grandes custos e adaptandose a novas funcionalidades. Esse é um grande desafio para os arquitetos, a habitação evolutiva que permite a alteração dos usos dento e fora dela, e sua ocupação de
11 maneira variada ao longo do tempo, transformá-la em função das necessidades atuais ou futura dos utilizadores.
A habitação evolutiva é conectada com possibilidades de modificação de limites, por meio de fragmentação de espaços, ampliação, e até mesmo agregação, o objetivo desse tipo de estratégia na habitação é que ela se modifique com as necessidades do usuário e com o tempo se adaptando. Para os arquitetos é preciso projetar uma boa estrutura que possa corresponder as evoluções futuras, assim definindo as regras da evolução para os habitantes.
A consequência da habitação flexível é a evolução e a adaptação, o conceito e a estratégia de flexibilidade permitem a expansão e a evolução de uma habitação, tudo isso engloba as necessidades econômicas e físicas de uma família. Durante toda a fase da habitação a flexibilidade pode ser obtida, o propósito das estratégias é garantir que a habitação irá responder à essas alterações, portanto as alterações precisam ser previstas em fase de projeto para um bom funcionamento (FRIEDMAN, 1997). A adaptabilidade e a evolução definem a área com um propósito, o de recriar um abrigo que faça parte da nossa identidade. Uma habitação onde a evolução e adaptabilidade definem uma área com o propósito de recriar um abrigo humano que seja e faça parte da nossa identidade. Nesse sentido é necessário pensar a arquitetura ligada à habitação como um “organismo” aberto à mudança, sendo assim consequentemente adaptável a uma maior diversidade sociocultural e uma arquitetura mais duradoura (CAETANO, 2013).
Conforme a explicação de Silva (1994) a habitação evolutiva consiste em unidades residenciais unifamiliares constituídas de um núcleo inicial, despojado de acabamentos e de área exígua, suscetível, por definição, à melhoria e à ampliação por iniciativa dos proprietários, já instalados nas edificações. A habitação evolutiva, quando resultante de empreendimentos a cargo dos órgãos públicos pertinentes, vem assumindo duas formas diversas, no que diz respeito ao processo de produção do núcleo inicial, também conhecido como embrião.
12
É considerada habitação evolutiva aquela que tem capacidade de se expandir que permite o aumento de seus usos dentro do espaço. Esse tipo de arquitetura envolve diferentes definições:
Evolutiva: uma habitação pequena projetada para melhorias futuras, podendo ser expandida ou completada, habitação que varia o processo de acordo com a necessidade e adaptação do usuário.
Modular: espaço feito para agrupar, subtraindo ou substituindo módulos, adição e subtração de áreas uteis da habitação. Essa soma pode ser projetada ou simplesmente surgir de necessidades dos usuários (GUEDES, 2016). A Figura 3 apresenta tipos supracitados de habitação evolutiva e modular.
Figura 3 – a) Planta baixa croqui de uma habitação evolutiva b) Planta baixa croqui de uma habitação modular
a)
b)
Fonte: Guedes (2016)
Segundo Brandão (2001, p.3) “um lar não é apenas vigas e paredes, mas sim um lugar aonde os usuários são acolhidos no fim do dia, depois do trabalho, um lugar para recolher e confirmar certezas, para ganhar estímulos e sentir segurança”. A habitação não se desenvolve de uma hora qualquer, mas sim de acordo com um conjunto de regras, que a partir de uma semelhança comum, de um núcleo inicial, oferece várias direções de crescimento, para um número indeterminado de variantes
13 possíveis, completada com as principais exigências normativas atuais, assim como também seguindo critérios de flexibilidade (CAETANO, 2013). A Figura 4 apresenta as etapas de uma habitação evolutiva do projeto Quinta Monroy do arquiteto Alejandro Aravena. Figura 4 – Conjunto de possíveis etapas de uma habitação evolutiva.
Fonte: <http://www.oris.hr> Acesso em agosto de 2019
Seguindo esta ótica, não só a planta pode ser flexível, mas o volume da habitação entre si, desde o momento da sua criação até sua fase final de construção, passando por um conjunto de possíveis etapas (Figura 4), “repensar conceitualmente a habitação, incorporando a ideia de habitação como processo, como sistema aberto e vivo, que deve poder evoluir e adaptar-se a grupos familiares, também vivos e diversos, em oposição à ideia construída da habitação como produto acabado e cristalizado” (BRANDÃO, 2006). 2.2 HABITAÇÃO E FLEXIBILIDADE A habitação é flexível por várias definições refere-se àquela que se configura de acordo com as necessidades de alguma mudança, tanto sociais, econômicas e tecnológicas, são mudanças que podem ser por envelhecimento das famílias, mudanças pessoais ou até mesmo por estética da habitação. A flexibilidade do espaço é a técnica que o mesmo tem de se ajustar, a processos diversificados, cada modificação corresponde a um estilo de vida dos moradores, com singularidades, valores e níveis culturais, dessa forma essas mudanças não são universais. Pode-se considerar dinâmica a flexibilidade pois ela acompanha a transformação da sociedade. O potencial de uma habitação flexível é sua variedade
14 na organização interna de espaços, tanto antes quanto depois, assim os habitantes tem total liberdade para ajustar a habitação ao longo do tempo. Existem diversos arquitetos que integram a flexibilidade em seus projetos, podendo ser toda a habitação flexível ou somente elementos flexíveis (BRANDÃO, 2006). A Figura 5 apresenta o exemplo com o projeto 9 Square house no Japão do arquiteto Shigeru Ban demonstrando a variedade na organização com a planta livre. Figura 5 - Nine Square Grid House - Kanagawa, Japan, 1997 - Shigeru Ban
Fonte: <https://www.semanticscholar.org > Acesso em agosto de 2019
Portanto flexibilidade é um modo aplicado a mudanças que ocorrem na habitação tanto por dentro quando por fora, sendo temporárias ou permanentes, uma habitação com paredes deslizantes e mudanças de layouts até a evolução de um cômodo da habitação para o exterior, a flexibilidade envolve questões de forma técnica (CAETANO, 2013) Diversos autores definem a flexibilidade e pode ser dividida em diversas formas, existem dois tipos:
Flexibilidade permanente ou contínua
Flexibilidade inicial ou conceitual.
A flexibilidade inicial ou conceitual possibilita a participação do futuro habitante em fase de projeto, assim contribuindo junto com o Arquiteto para a funcionalidade da casa em seu programa de necessidades, nessa fase do projeto se dá a introdução das soluções flexíveis na edificação. A flexibilidade permanente ou contínua possibilita o morador a fazer diferentes arranjos, e adaptações podendo modificar o espaço de acordo com o tempo e sua necessidade. A habitação sendo flexível, inicial ou conceitual, permanente ou contínua, está ligada a um conjunto de métodos, onde elementos podem sofrer ampliação e evolução (BRANDÃO, 2006)
15 2.3 FLEXIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO De acordo com Mornement (2007) se há uma casa com vinte anos ou mais, é quase certo que já foi exposta a algum tipo de obra, reforma ou ampliação, seja de um lado ou de outro, abaixo ou acima da arquitetura original. Casas são absolutamente flexíveis, e progridem com as necessidades e com os modos de vida de seus possuintes. Por motivos econômicos, políticos e sociais prioritariamente, são justificadas as motivações que impulsionam as ampliações habitacionais. Esse fator é devido ao aumento universal dos preços das construções, que afetou a transição de moradia de muitas famílias, a maioria localizada em centros urbanos, isso acaba estimulando a família a manter-se no mesmo local, nos seus lares originais. Desde então as famílias que permanecem no mesmo lugar tendem a melhoras o patrimônio que já possui. Em apartamentos, essas intervenções são menos significativas e mais pontuais, as mudanças de atividade natural ou programada abraçam as residências. As possibilidades de transformação dessas estruturas, proporciona a ampliação das linhas sociais e a inclusão de ambientes para responder as necessidades do usuário. (JORGE,2012) A Figura 6 apresenta um exemplo de ampliabilidade, onde é adicionado espaço a um embrião de acordo com a necessidade do usuário. Figura 6 – Casa expansível pré-fabricada projetada por Gropius, 1931.
Fonte:<http://madrid2008-09.blogspot.com/2009/03/apuntes-martes-10-de-marzo.html> Acesso em agosto de 2019.
A ampliação está relacionada a adição de área ou de outros instrumentos a unidade de habitação e edifício, quando esses organismos são acrescentados nas demarcações exteriores, ou que envolvem ampliação são designadas exógenas, isso é devido a ampliações horizontais ou verticais que influenciam na integridade da habitação transformando sua composição externa deixando sua marca. A ampliação corresponde a inserção de um organismo, autônomo ou que se conecta com o espaço
16 já existente, pode ser definida como inúmeras ações, desde a ampliação de um aposento, uma divisão no limite da fachada a soma de uma varanda e até mesmo espaços que concentrem novas funções (MORNEMENT,2007). Segundo Jorge (2012) a ampliação é classificada em duas partes, endógena e exógena. Ampliação Exógena - Organismos que sendo ampliados implicam na forma do edifício, são acréscimos de conjuntos autônomos, que alteram os limites da construção, é o exemplo de varandas, escadas e elevadores, é considerado exógeno organismos que são implantados tanto na vertical quanto na horizontal. Ampliação Endógena - Significa a capacidade que o edifício tem de integrar uma nova estrutura, por exemplo são endógenos edifícios antigos que podem receber um novo piso devido ao seu pé direito elevado. 2.4 FLEXIBILIDADE ESPACIAL Flexibilidade espacial serve a muitos arranjos, é um modo abrangente com grande parcela de variáveis. Em relação a habitação a flexibilidade deve se adequar a pessoas e não ao contrário, deve atender as exigências humanas. Atualmente pessoas tem modos diferentes de vida, e a arquitetura tem a função de acolher essas necessidades distintas dos usuários, os clientes não querem uma arquitetura que não seja estática, ela precisa se ajustar de acordo com as mudanças de vida e necessidades, possibilitando modificações (JORGE,2012) Para Peña (2014) uma casa com flexibilidade é uma casa que está aberta para absorver mudanças ao longo dos anos, projetada para possibilitar escolhas. Esse conceito possibilita a escolha de inúmeros layouts antes da ocupação, também a capacidade do edifício se ajustar com o tempo possibilitando agrupar diversas tecnologias e mudança no uso da moradia. Segundo Digiacomo (2004) existem diversos autores que definem flexibilidade espacial de diferentes modos, mas é a que busca se relacionar com o espaço e se adaptar de forma espontânea de acordo com as necessidades dos ocupantes. A flexibilidade serve a uma grande quantidade de especificações, de acordo com Paiva (2002) uma habitação flexível é definida como uma casa que permite escolhas, que foi exatamente projetada para atender o morador e suas evoluções, absorver mudanças durante sua vida. A flexibilidade inclui a possibilidade da
17 incorporação de inúmeras tecnologias. Segundo Brandão (2006) existem formas para planejar arranjos espaciais flexíveis, tornando ambientes versáteis e amplos.
Espaços multiuso;
Variação entre integrar e isolar;
Ambientes e cômodos reversíveis;
Espaços com tamanhos similares;
Acessos adicionais;
Mobiliário planejado;
Weinschenck (2012) apresenta diversos elementos que facilitam a flexibilidade, como a estrutura sendo independente, existindo núcleos de circulação vertical na habitação, modulação no projeto, paredes leves servindo como divisórias internas e também divisórias móveis, a utilização do mobiliário como divisória, núcleos de banheiro bem definidos, armários embutidos, fachada livre sendo assim um ambiente único com ausência de divisões internas. De acordo com Caetano (2013) as estratégias de flexibilidade espacial na habitação são:
Espaços neutros - estratégia que utiliza a planta livre, com a ausência de rigidez em divisórias com elementos modelares.
Concepção da estrutura, fachadas e acessos - estratégia que minimiza alterações em estruturas, podendo se transformar em estrutura vertical, mista ou grandes vãos, em resumo uma estrutura minimizada para futuras ampliações, a respeito de fachadas são divididas em neutras e dinâmicas, com elementos de sombreamento e isolamento térmico e acústico. No que diz respeito a acessos, está ligado a corredores, galerias e outros elementos.
Concepção de equipamentos, instalação e mobiliário - estratégia dividida em diversas possibilidades na organização do mobiliário e de serviços.
Modificação da compartimentação - estratégia utilizada para a divisão de espaços, utilizando móveis, elementos deslizantes ou dobráveis.
Evolução na habitação - estratégia que utiliza o limite da habitação, que sobre alterações através de ligação, eliminação ou agregação.
18
As estratégias apontadas podem ser utilizadas individualmente, ou associada a outra para atendes as exigências do usuário ou da edificação, a flexibilidade pode ser total ou parcial com diversos elementos arquitetônicos.
2.5 ESTUDOS DE CASO 2.5.1 Quinta Monroy – Alejandro Aravena O presente estudo de caso é o projeto do Arquiteto Alejandro Aravena, localizado no Chile. A pedido do governo chileno Alejandro teria que radicar cem famílias que ocupavam um terreno de 0,5 hectares ilegalmente durante trinta anos no centro de Iquique, uma cidade localizada no deserto do país. O objetivo era evitar a erradicação dessas famílias para a periferia. Segundo o arquiteto, deveriam trabalhar dentro do programa específico do Ministério da Habitação, (VSDsD) - Habitação Social Dinâmica sem Dívida - que tem como objetivo abrigar a classe mais pobre da população. Esse recurso possibilitou construir somente 30m², esse fator obriga o proprietário a transformar esse pequeno espaço em uma casa, a Figura 7 apresenta o resultado parcial do projeto que pode ser
submetido
a
mudanças
de
acordo
com
a
evolução
das
famílias
(ELEMENTAL,2012). Figura 7 – Edifícios projetados para evolução de acordo com a necessidade do usuário.
Fonte: < https://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental> Acesso em agosto de 2019.
19 Para obter resultado e conseguir abrigar tantas famílias em um terreno pequeno, o arquiteto deu a solução que os edifícios projetados poderiam crescer, permitindo que cada moradia ampliasse o dobro de sua área original. Com a ideia do projeto de ampliação, o problema de habitação transformou-se em um investimento social, que se valoriza com o tempo devido a suas mudanças. A Figura 8 apresenta a evolução do projeto. Figura 8 – Evolução do projeto original
Fonte: < https://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental> Acesso em agosto de 2019
O projeto conseguiu identificar diversos conjuntos de desenhos que permitissem a valorização da habitação com o passar do tempo, a princípio desenvolveram uma tipologia que permitisse o alcance de uma densidade alta, para ser possível arcar com os custos do terreno bem localizado na cidade, a boa localização foi a chave para a economia das famílias e para a valorização da arquitetura. Outro ponto forte no projeto é a soma do espaço coletivo localizado em frente as residências, dando lugar a socialização entre as famílias (DELAQUA, 2012). A Figura 9 apresentada abaixo são plantas do projeto com esquema de ampliação já previsto. Figura 9 – a) Planta baixa do primeiro pavimento, com ampliação prevista b) Planta baixa do segundo pavimento c) Planta baixa do terceiro pavimento
a)
20
b)
c) Fonte: < https://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental> Acesso em agosto de 2019
2.5.2 Container City – Nicholas Lacey e Partners O projeto Container City localiza-se no Trinity Buoy Wharf em Londres, o estudo foi realizado por Nicholas Lacey e Partners, um dos edifícios em contêiner mais famoso do mundo, possuindo quatorze contêineres com 560m² de área interna, o projeto além do seu uso residencial conta com um espaço reservado para trabalho. O Container City I está vinculado ao Container City II, possuindo trinta contêineres com cinco andares. O conceito utilizado no projeto é a recuperação de componentes industriais como contêineres abandonados substituindo materiais construtivos tradicionais (MIRANDA, 2016). A Figura 10 apresenta a vista lateral direita da Container City II e uma vista interna do ambiente. Figura 10 – a) Vista lateral direita da cidade contêiner. b) Vista do ambiente interno de um dos apartamentos
a)
b)
Fonte: <http://www.containercity.com/container-city-2 > Acesso em 06 de agosto de 2019
21 A consequência é um complexo modular organizado, graças ao arranjo de elementos de diferentes formas e dimensões, com grande facilidade de encaixe pois é uma característica do contêiner. O projeto conta com a facilidade de criar espaços adaptáveis, com aberturas e conexões, alguns permitindo diferentes alturas. O sistema é baseado em combinar componentes e criar espaços conforme a necessidade do usuário, as cores vivas adotadas no projeto traz vida para a cidade, e é capaz de defender o contêiner contra ferrugem, as cores trouxeram autenticidade ao projeto que foi aceito com sucesso (MIRANDA, 2016). A Figura 11 pontua fases do sistema construtivo escolhido, onde contêineres são empilhados formando diversas composições, a malha de pilares também é visível, é ela que dá toda a sustentação para as unidades em balanço. Figura 11– Sistema construtivo Container City I e II
Fonte: <http://www.containercity.com/container-city-2 > Acesso em 06 de agosto de 2019
2.5.3 Casa Coodo – Coodo Architects O escritório Coodo desenvolveu unidades modulares que possuem um design contemporâneo, vencendo problemas espaciais que habitações mínimas possuem. Mostram que é possível otimizar o espaço e ter área de vivência de qualidade. As bordas arredondadas trazem harmonia para cada módulo quebrando a rigidez da linearidade, as grandes janelas oferecem iluminação natural e ótima conexão com o exterior, a maior vantagem da casa Coodo é sua modularidade. A Figura 12 apresenta uma característica da casa Coodo que são bordas arredondadas.
22 Figura 12 – Casa Coodo
Fonte: <https://www.coodo.com/media/the-coodo/> Acesso em 07 de agosto de 2019
O módulo contém materiais diferenciados e tecnologia inovadora, possuem compatibilidade podendo ser acrescentado um ao outro de acordo com a necessidade do cliente, sua forma uniforme torna de fácil combinação onde o cliente tem liberdade para a criação de espaços baseando-se em suas próprias ideias. A figura 13 apresenta o módulo e sua compartimentações. Figura 13 – União de módulos casa Coodo
Fonte: <https://www.coodo.com/media/the-coodo/> Acesso em 07 de agosto de 2019
As unidades Coodo podem servir para habitação quanto para outros usos, como escritórios, quiosques lojas e espaço adicional, e funcionam verticalmente com uma estrutura complementar. São módulos inteligentes que possuem alta tecnologia, produzem sua própria energia e pode ser monitorados a distância. A casa Coodo conta com um leque de materiais de revestimentos que podem ser escolhidos na hora da compra, a estrutura do módulo é única e suas quinas são feitas de aço com revestimento de fibra de poliéster, esses acabamentos podem ser diferenciados (BONVICINI,2017). A Figura 14 mostra o interior do módulo, podendo variar o layout de acordo com a escolha do usuário.
23 Figura 14 – a) Sala de estar integrada com cozinha b) Sala de tv integrada com sala de estar.
a)
b) Fonte: <https://www.coodo.com/media/the-coodo/> Acesso em 07 de agosto de 2019
A empresa apresenta diversos tipos de plantas para atender necessidades de diferentes clientes, a casa se acomoda no campo, na praia e na cidade com rápida e fácil instalação o módulo pode ser utilizado para comercio e exposições, e a qualquer momento pode ser transferido de lugar. No interior casa elemento pode ser escolhido pelo cliente, a fachada principal é composta por vidro, fazendo com que o usuário tenha total interação com o exterior. A Figura 15 apresenta variados tipos de módulo Coodo, e suas plantas baixas com indicações e usos. Figura 15 – a) Módulo como pérgola e módulo simples b) Planta baixa com layout do módulo simples c) Módulo vertical d) Planta baixa com layout do módulo vertical e) casa Coodo extensão horizontal f) Planta baixa casa Coodo extensão horizontal
a)
24
b)
c)
d)
e)
f) Fonte: <https://www.coodo.com/media/the-coodo/> Acesso em 07 de agosto de 2019
3. CONTÊINER NA CONSTRUÇÃO CIVIL Os contêineres são elementos arquitetônicos que atendem a demandas de novas práticas construtivas, garantindo o reaproveitamento de cofres e cargas até então abandonadas em determinados pontos, por meio de soluções sustentáveis e de baixo custo para residências, escritórios e até mesmo comércio. Essa seção trata de um delineamento histórico acerca dos contêineres na construção civil, abordando suas vantagens, desvantagens, usabilidade, duração, rapidez e suas relações com o conceito de habitação evolutiva.
25 3.1 ORIGENS O transporte de mercadorias é uma operação antiga, o homem sempre buscou formas de avançar territorialmente, com isso obter produtos, cultura e trocar experiência com outras sociedades. Com o passar dos anos o transporte ficou defasado devido a quantidade de oferta e demanda relativamente alta, esse processo de transporte era lento, pois a mercadoria era conduzida em poucas unidades, sem informações dos materiais transportados, facilitando perdas de diversas formas. Devido a isso a criação de uma forma para atender melhor essa demanda foi criada, um sistema normatizado daria resolução para esse problema (MALAQUIAS, 2018). O contêiner foi criado na década de 50 do século passado por Malcom McLean, e é utilizado no transporte aquaviário e na construção civil, aplicado em convés de navios convencionais, e em seguida em navios apropriados para porta- contêineres. É um dispositivo do veículo transportador, sendo seu porão móvel e não fixo, assim ocorre em navios convencionais, podendo ser tirado para a colocação de carga e devolução ao armador para transporte, o contêiner é um importante e versátil unidade de carga de movimentação segura (KEEDI,2002). Segundo Venâncio (2017) Malcom McLean empreendeu o contêiner, pelo fato da necessidade no transporte de cargas, seu objetivo principal era reduzir o tempo e os custos para descarregar produtos em caminhões e navios, ele percebeu que perante isso a carga poderia ser separada dos caminhões e isso iria gerar maior velocidade nas operações, o uso do contêiner foi revolucionário no mercado de transporte, pois substituiu outros tipos de sistemas já existentes. A Figura 16, apresenta o primeiro sistema de transportes usando contêiner e o empresário Malcom McLean responsável pelo seu desenvolvimento. Figura 16 - Malcom McLean, empresário que desenvolveu o contêiner para transportes e primeiro sistema de transporte usando o contêiner
Fonte: Vargas (2013)
26 Além disso o material utilizado na construção do contêiner é o aço ou alumínio, sendo ele mais leve, essa leveza é positiva quando o contêiner precisa respeitar a limitação de peso nas estradas, quanto mais leve melhor, o seu piso contém ganchos nos cantos, tanto na parte inferior e superior, e é sempre de madeira. Os contêineres são construídos e padronizados com essas dimensões para terem a melhor utilização possível, devido a essas proporções são empilhadas facilmente, podem ter diversas utilidades e comportar diferentes tipos de carga, por isso apresentam diversos tipos e são adequados para qualquer situação, existem contêineres totalmente fechados, e outros somente com a lateral, eles se ajustam de acordo com a mercadoria (KEEDI,2002). Em continuidade, o uso do contêiner na construção civil proporciona novos padrões, ambientalmente corretos e também arquitetônicos, isso devido ao uso reduzido de materiais menos cruéis ao meio ambiente, isso possibilita novas concepções, à medida que tenha um estudo de várias áreas para complementar a estrutura tornando-a executável e transformar em moradia (FIGUEIREDO, 2012). O setor da construção civil é o que mais colabora para os lançamentos de gases efeito estufa, que é explicado pelo seguinte fato de que um terço do total da energia é gasto em construções. " Além disso, o setor de construção civil é responsável por mais de um terço do consumo de recursos, incluindo 12% de toda a água doce, e contribui de maneira significativa para a geração de resíduos sólidos" (PNUMA, 2011). Sendo assim os contêineres que são utilizados na construção civil são adaptados a outras concepções e formas, trazendo sustentabilidade, reutilizando e utilizando materiais menos agressivos como teto verde, ambiente termo acústicos reutilização de água e sua própria estrutura física (FIGUEIREDO,2011). 3.2 O CONTÊINER O contêiner é uma caixa retangular resistente de chapas metálicas, seus metais não são biodegradáveis, seus principais materiais são alumínio e aço, tem como principal papel transportar cargas, em navios e trens. Por conta da regulamentação o contêiner por volta de 10 anos precisa ser trocado, assim não pode ser mais utilizado no transporte, consequentemente suas peças são levadas para outro destino e esse material seria descartado (KEEDI,2002).
27 “Sem dúvida o material que seria jogado fora, agora será utilizado para outras finalidades, na construção civil o contêiner é utilizado para novas propriedades, como casas, lojas, restaurantes, essa reutilização tem por fim reduzir custos nas edificações garantir rapidez na execução da obra e reduzir os impactos ambientais, é um tipo de construção viável para o meio ambiente. É importante destacar que o contêiner precisa passar por um processo de limpeza, um processo químico de descontaminação para poder ser utilizado na construção, e por fim ser habitado”. (BARBOSA et al.,2017, p.103).
Os modelos mais utilizados de contêineres são os de 20' e 40' pés, e são normatizados com suas características e dimensões pela I International Organization for Standardization (ISO), seus perfis horizontais e verticais são em aço cortem e sua estrutura também, nas laterais os fechamentos são em painéis em chapa corrugada, o seu fechamento superior também é feito por chapa corrugada e precisa suportar até 200kg sem danos a estrutura (GUEDES; BUORO; SAWYERS,2008). Todos os painéis são soldados na estrutura principal para o ganho da resistência no contêiner. O piso é composto por chapas de compensado de madeira de 28mm presas por parafusos e na parte frontal do contêiner existem duas portas com travas. O contêiner tem uma estrutura apropriada para ser resistente, o empilhamento dele pode alcançar até 8 alturas sem necessidade de outra estrutura para auxiliar, sendo fabricado para o encaixe ideal um ao outro (GUEDES; BUORO; SAWYERS,2008). A Figura 17 apresenta os principais modelos de módulos High Cub comercializados e distribuídos no mercado, bem como, suas respectivas dimensões. "[...] como principal objetivo destas construções, a retirada destes recipientes da natureza reduz o impacto à sustentabilidade e à preservação ambiental" (OCHHI, 2016, p.25). Figura 17 - Esquema dimensional de módulos contêineres do tipo High cube
Fonte: Próprio Autor (2019)
De acordo com Rocha; Monteiro; Camargo (2017) a estruturação do contêiner deve completar os requisitos esquematizados na Figura 18.
28 Figura 18 – Estruturação do contêiner Ter o interior acessível a inspeção aduaneira, e não existir locais aonde a mercadoria possa ser ocultada;
Ser projetado de modo que tenha fácil esvaziamento e enchimento;
Durante a transferência de um veículo para outro, ter dispositivos que facilitem essa movimentação;
Ser resistente para suportar o uso repetitivo;
Fonte: Adaptado Rocha; Monteiro; Camargo (2017)
Os contêineres são padronizados pelo sistema ISO, os mais utilizados na construção civil para a habitação são os de 20 e 40 pés pelo fato de o pé direito ser mais confortável, com aproximadamente 2,89m de altura, e 2,44m de largura. A Figura 19 traz os componentes estruturais do contêiner. Figura 19 – Componentes estruturais do contêiner
Fonte: Próprio Autor (2019)
Conseguinte Pereira; Morikawa e Santos (2016) o comprimento do contêiner varia de acordo com o modulo utilizado, o de 20' seu comprimento é 6,06 m e o de 40' é de 12,19m essas medidas podem variar de acordo com o fabricante.
29 3.2.1 Modelos No mercado estão disponíveis e configurados alguns modelos de contêineres em específico. A Figura 20 mostra segundo a empresa Repartainer - Reparos e comércio de contêiner, os principais contêineres, de 20 quanto de 40 pés, suas características e medidas internas e externas. Dependendo do fabricante há variações nas medidas dos contêineres. Figura 20 – Modelos de contêineres Dry Box de 20 e 40 pés
DRY BOX 20’ MEDIDAS INTERNAS Comprimento: 5,9m Largura: 2,34m Altura: 2,4m
MEDIDAS DA ABERTURA DA PORTA Comprimento: Largura: 2,34m Altura: 2,29m Carga máxima: 24.0t
DRY BOX 40’ MEDIDAS INTERNAS Comprimento: 12,03m Largura: 2,35m Altura: 2,40m
MEDIDAS DA ABERTURA DA PORTA Comprimento: Largura: 2,34m Altura: 2,29m Carga máxima: 27.0t
Fonte: Repartainer (2019)
Contêiner Dry, é mais utilizado para o transporte de cargas secas e um dos primeiros modelos criados por Malcom McLean. É um modulo totalmente fechado, normalmente com uma porta nos fundos com ou sem ventilação totalmente adequado para transportar tipos de carga seca como as cargas de móveis, alimentos, roupas em geral, e cargas úmidas (KEEDI, 2002). A Figura 21 mostra os modelos de contêineres Dry 40 high cube, Reefer 20 e Reefer 40.
30
Figura 21 –Modelos de contêineres Dry 40 high-cube, Reefer 20 e Reefer 40
DRY 40’ HIGH-CUBE Medidas Internas Comprimento: 12,03m Largura: 2,35m Altura: 2,59m Medidas da abertura da porta Comprimento: Largura: 2,34m Altura: 2,29m Carga máxima: 27.0t
REEFER 20’ Medidas Internas Comprimento: 5,49m Largura: 2,26m Altura: 2,20m Medidas da abertura da porta Comprimento: Largura: 2,34m Altura: 2,29m Carga máxima: 24.0t
REEFER 40’ Medidas Internas Comprimento: 11,58m Largura: 2,26m Altura: 2,20m Medidas da abertura da porta Comprimento: Largura: 2,34m Altura: 2,29m Carga máxima: 27.0t
Fonte: Repartainer (2019)
O contêiner refrigerado Reefer 20’ e 40’, são mais utilizados para transportar cargas que precisam estar sempre sob temperaturas controladas e constantes, geralmente cargas perecíveis. Existem outros tipos de contêiner no mercado para diversos tipos de transporte e que atenda a demanda de mercadorias. De acordo com Borges (2012), em especial o contêiner tanque é utilizado para o transporte de granéis líquidos e possui uma jaula de aço e um tanque interno, suas características variam de acordo com o material que irá ser transportado (combustíveis, corrosivos, gases liquefeitos etc.). Conforme Keedi (2002), contêineres são padronizados em medidas inglesas pés, e sua subdivisão de base 12, a polegada é representada por uma aspa e duas, por essa ordem. O pé é equivalente a 30,48cm e a polegada representa 2,54cm. O contêiner é diferenciado pelo seu comprimento e suas medidas são externas, internamente não há padronização, ela depende do fornecedor e do material que ele irá utilizar.
31 3.2.2 Sistema Construtivo: Vantagens e Desvantagens De acordo com Guedes; Buoro (2015), as vantagens do contêiner na construção civil são inúmeras a fim de retratar essa realidade a Figura 22 esquematiza os principais aspectos responsáveis por essa diferenciação e flexibilidade proposta ao mercado com sua inserção. Dentre as principais vantagens tem-se a rapidez, durabilidade e sustentabilidade, ou seja, o elemento arquitetônico possibilita o uso de tecnologias alternativas para o empreendedorismo. Figura 22 – Vantagens do contêiner na construção civil
Contêineres são módulos recicláveis e reutilizáveis;
São resistentes a diversas condições climáticas, resistentes também a terremotos e incêndios;
Trabalhos de montagem e serralheria são feitos por mão de obra especializada, diminuindo então o trabalho informal.
Tem um custo mais acessível que uma habitação padrão;
Dependendo da necessidade do usuário, a construção pode ser reduzida ou ampliada facilmente;
Rápida construção, pois é um material pré-fabricado então sua montagem é rápida;
Estão em toda parte do mundo, podem ser adquiridos facilmente;
O contêiner é modular e leve em relação as construções tradicionais, então exige menos mão de obra nos trabalhos de fundação;
No fim da obra a construção de um contêiner tem redução de até 35% quando é comparada a uma construção convencional;
Dimensões padronizadas pela ISO, isso permite variação modular e um melhor encaixe entre eles;
Durabilidade devido sua estrutura e fechamentos feitos de aço;
Flexibilidade na mudança de local e de terreno permite que a construção seja desmontada e levada para outro lugar isso contribui para que não haja nenhum desperdício de material na construção;
Gera economia na aplicação de recursos naturais como: areia, tijolo, ferro, água, isso minimiza a poluição do ar e a poluição sonora e gera menos resíduos na construção.
Redução de trabalhos de terraplanagem, garantindo menor intervenção no solo, isso preserva o lençol freático e melhora a absorção de água de chuva;
Fonte: Guedes; Buoro (2015).
Consequentemente Kotnik (2013) cita algumas desvantagens propostas na construção do contêiner e dentre elas supracita a questão dos altos custos com transporte, caso o terreno venha a ser distante de uma zona portuária, bem como a pouca disponibilidade de mão de obra especializada para o recorte e abertura das chapas. Outrossim, o autor ainda relata o deslocamento do módulo e montagem que exigem equipamentos próprios, bem como a chapa dos contêineres contam com uma alta condutibilidade térmica, por isso é preciso ser feito um estudo para adequar o isolamento térmico as condições ambientais.
32 Kontik (2013) apresenta ainda a questão do contêiner antes de ser habitado precisar passar por um processo de descontaminação em relação a carga transportada, existe um laudo de vistoria que é necessário fazer antes de adquirir um contêiner, isso certifica que o material está livre de contaminações. Para compreender melhor esses processos, é necessário visualizar as configurações necessárias para modulação do contêiner. A Figura 23 pontua as cinco fases da modulação entre contêineres e sua expansão. Figura 23 – Fases da arquitetura do contêiner 1. Uso Conceitual; 2. Expandindo o espaço interno; 3.Combinações com mais módulos; 4. Combinações com outros materiais; 5. Incorporação de características de construção pré-fabricada.
Fonte: Kotnik (2013, p.128)
A legislação brasileira argumenta em Brasil (2018) item 18.4.1.3.2: “Tratando-se de adaptação de contêineres, originalmente utilizados no transporte ou acondicionamento de cargas, deverá ser mantido no canteiro de obras, à disposição da fiscalização do trabalho e do sindicato profissional, laudo técnico elaborado por profissional legalmente habilitado, relativo a ausência de riscos químicos, biológicos e físicos (especificamente para radiações) com a identificação da empresa responsável pela adaptação”.
O laudo de habitabilidade para contêineres segundo a empresa Rescue, tem objetivo fazer análises dos níveis de radiação ionizantes seguindo a NR-18 Condições e meio ambiente da indústria da construção. A NR-18 trata-se da adaptação dos contêineres utilizados em transportes de cargas, o laudo é elaborado por um profissional legalmente habilitado (BORGES, 2012). O contêiner depois de tratado é identificado por um selo da empresa responsável pela adaptação. A avaliação biológica, química e nuclear é pode ser feita se o proprietário do contêiner possuir o histórico do contêiner que é fornecido pela Capitania dos Portos.
33 3.2.3 Uso do Contêiner na Habitação A construção com o contêiner é interessante por vários motivos, dentre eles as unidades já possuem paredes teto e piso, e sua estrutura comparada a uma casa tradicional é mais leve e resistente. Pelo mundo existem milhares de construções utilizando a estrutura de contêiner, são encontradas como escritórios, hamburguerias, hotéis, escolas, moradia estudantil, restaurantes etc. O contêiner é muito utilizado na construção habitacional, por ser de fácil montagem e ser transportado para outro lugar (PEREIRA; MORIKAWA; SANTOS, 2016). As casas contêineres vem ganhando espaço como habitação em diversos lugares pelo mundo, o tempo de construção é rápido e o proprietário pode usufruir da moradia em poucos dias, é uma construção sustentável do ponto de vista ambiental, de fácil mobilidade e tem o mesmo conforto de uma casa tradicional. Esse tipo de habitação é o reflexo da mudança no comportamento da sociedade, buscando uma vida mais prática, tanto pela mobilidade, preço ou por desastres naturais, esse tipo de construção deixa forma de se organizar em família e vem trazendo práticas modernas e sofisticadas, são outros estilos de vida na sociedade moderna (BORGES, 2012). 3.3 ESTUDOS DE CASO 3.3.1 Casa Granja Viana – São Paulo A casa contêiner Granja Viana foi o primeiro projeto desenvolvido com essa técnica pelo arquiteto Danilo Corbas, pioneiro da construção em contêiner no Brasil. Este é também é autor de projetos que são reconhecidos internacionalmente, e tem desenvolvido sua técnica de construções com contêiner desde 2009. A estrutura da casa é formada por quatro contêineres marítimos do tipo High Cube de 40 pés, tendo medidas de 12m de comprimento por 2,90 de altura, o terreno em que está situada tem 860m² em um condomínio residencial na Granja Viana em Cotia, São Paulo, a casa tem 196m² de área construída, é dividida em dois pavimentos, tais como uma ampla cozinha integrada com sala de estar e jantar, área de serviço, quarto de hóspedes e um escritório, todos esses ambientes estão localizados no andar térreo da casa, no pavimento superior encontra-se dois quartos com suíte e quatro varandas com acesso para os quartos. Recursos ecológicos foram previstos no projeto e fazem
34 gerar economia de recursos naturais e energia elétrica (FILHO, 2018). A Figura 24 apresenta etapas da construção da casa contêiner Granja Viana. Figura 24 – Casa Granja Viana Interior revestido com drywall e lã de PET e detalhes da casa durante a obra
Fonte: Lima (2011).
De acordo com Lima (2011) o principal exemplo disso é a reutilização do contêiner, por ser um material nobre descartado, esse uso gera economia em relação aos recursos naturais como ferro, cimento, tijolo e areia. Em relação a uma construção tradicional a obra utilizando o contêiner significa uma obra limpa sem resíduos reduzindo materiais e entulhos no local. Figura 25 – Perspectiva real da Casa Granja Viana por Danilo Corbas
Fonte: Lima (2011)
Um projeto com contêiner economiza na fundação em relação ao uso de materiais, o peso leve da estrutura metálica proporcionou o uso de sapatas pequenas, isoladas e rasas, desconsiderando o uso de ferragens e armações. No projeto de
35 Corbas há preservação de árvores que já existiam no terreno isso ajuda no sombreamento da construção para apaziguar o calor em excesso. Foi aplicado também o reuso de água da chuva, sendo captada pelo telhado, onde ela é armazenada depois filtrada em um próprio reservatório bom para o uso de limpeza externa, lavagem de carro e irrigação no jardim. Outro ponto sustentável utilizado foi a ventilação cruzada nos ambientes, empregando janelas grandes e outras aberturas assim evitando o uso de ar condicionado (FILHO, 2018). Para uma melhor visualização gráfica a Figura 26 apresenta a planta baixa e a planta do pavimento superior da casa Granja Viana. Figura 26 - Planta baixa pavimento térreo casa Granja Viana e Planta baixa do segundo pavimento da casa contêiner
Fonte: Mazzonetto (2016)
Pode-se citar outras técnicas sustentáveis que o arquiteto empregou ao projeto como, teto verde na parte das coberturas para amenizar o calor. Assim como telhas térmicas tipo sanduiche de poliuretano na cor branca, assim refletindo os raios solares e colaborando para a redução do microclima local. Tanto no interior como no exterior da construção. Foi usado lâmpadas de Led para diminuir o consumo de energia, torneiras que evitam o desperdício de água e sanitários com caixa acoplada para diminuir o desperdício em até 50%. Nas paredes foram usados isolantes térmicos feitos de lã de PET que são a base de garrafas PET (BORGES,2012).
36 3.3.2 Weekend House / Conhouse – Jure Kotnik, Slovenia Também chamada de ConHouse, a casa projetada pelo Arquiteto Jure Kotnik localizada em Trebnie, Slovenia, possui dois contêineres empilhados, é uma mini unidade habitacional e pode ser moldada de acordo com a necessidade de quem irá habitar, é uma casa feita de contêineres próprios para habitação, o projeto busca garantir o mesmo conforto de uma casa tradicional, com uma boa distribuição de espaços esse objetivo foi atendido. Os módulos foram posicionados de uma forma que no segundo pavimento há uma sacada utilizando o primeiro pavimento como piso, além disso pode-se aproveitar o sombreamento que a cobertura proporciona devido a projeção (Figura 27). Figura 27 – a) Hall de entrada ConHouse b) vista lateral entrada principal c) montagem da casa no local d) vista lateral com entorno e) planta baixa do pavimento térreo e superior.
a)
b)
c)
d)
e) Fonte: Adaptado Inhabitat (2014)
No interior do projeto, logo no primeiro acesso existe um hall que proporciona uma passagem para a parte de trás da residência, no primeiro pavimento ficam localizadas as áreas sociais como cozinha, banheiro, varanda e uma sala de estar aberta. O segundo pavimento é uma área privativa, onde está localizado um quarto
37 de casal e uma sala intima com acessa a varanda, por ser um projeto compacto é ideal para uma ou duas pessoas (INHABITAT,2014). 3.3.3 Casa Mais Sustentável – Espírito Santo A Casa Mais Sustentável do arquiteto brasileiro Heliomar Venâncio foi executada em curto prazo para atender a um programa de exposição em Vila Velha No Espírito Santo. Uma vantagem de construir com contêiner segundo Filho (2018) é a rapidez na execução, A casa é composta por um pavimento térreo e terraço, sua cobertura é feita em estrutura metálica com telhas tipo sanduiche e conta com um teto verde aparente (Figura 28). Figura 28 - a) Fachada da casa sustentável; b) vista interna decorada; c) planta de cobertura; d) planta baixa térreo
a)
c)
d) Fonte: Adaptado de Venâncio (2019)
b)
38
O teto verde foi elaborado com a finalidade de isolamento térmico, a construção possui placas fotovoltaicas para gerar energia também possui sistema para captação de águas pluviais. O contêiner utilizado foi de 40 pés com medidas de 119,12 x 2,44 x 2,56 m. O teto do contêiner se transformou em uma varanda verde por parte do seu piso ser gramado (FILHO, 2018).
3.4 TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS APLICADAS AO USO DE CONTÊINERES Nos dias de hoje a valorização da aplicação do sistema sustentável na arquitetura é muito valorizada, é indispensável o uso dessas técnicas para minimizar principalmente os impactos negativos ao meio ambiente. A sustentabilidade é aplicada hoje pensando no amanhã, e em como as gerações futuras irão aproveitar, e ganhar qualidade de vida a partir dessas atuais atividades. A construção civil ainda é responsável por grande parte do consumo de recursos naturais e geração de resíduos (KOSKI, 2014). O conceito de sustentabilidade só é cumprido se existir três importantes variantes, que também devem ser pensadas antes de construir: conceito ecológico, social e econômico. De acordo com Miranda (2016) " a utilização dos contêineres na construção civil deve trazer um projeto economicamente viável, ecologicamente sustentável, e socialmente justo, para ser considerado, sustentável". A utilização do contêiner em relação a uma construção convencional possui vantagens consideráveis, isso do ponto de vista ecológico e econômico, pelo fato de ser um material que é reaproveitado que seria descartado e que suporta enormes cargas além de ter uma vida útil de até 100 anos, a utilização do contêiner na construção significa a redução do material básico de uma construção convencional como alvenaria, cimento areia, e durante a obra a diminuição de resíduos é alta (MIRANDA,2016). As construções com contêineres necessitam de fundações simples, reduzindo também o impacto no local da obra sendo rápidos de ajustar, isso quer dizer que irá reduzir tempo na execução da obra, terá menos custo e menos poluição sonora. Os projetos compactos de contêiner sempre têm como objetivo a utilização de matérias
39 sustentáveis tanto por dentro quando por fora, isso faz com que se tenha um respeito na hora de se projetar e construir com contêiner (KOTNIK,2013). 3.4.3 Conforto Térmico e Acústico Quando se tem o contêiner como estrutura de uma habitação na construção civil o primeiro assunto que se pensa é o conforto daquele que irá habitar o espaço. Devido a isso existem cuidados que devem se tomar até chegar o resultado final do projeto para que este fique agradável e satisfatório. Para Oliveira e Ribas (1995) as três condicionantes relacionadas ao conforto ambiental são a ventilação, iluminação e orientação solar como a Figura 29 ilustra. Figura 29 – Condicionantes do conforto ambiental Ventilação
Iluminação
Orientação solar
Fonte: Próprio autor (2019)
A princípio, o conforto térmico e acústico são os primeiros requisitos a serem pensados e resolvidos pois o contêiner é uma caixa metálica, que absorve todo o calor e frio do ambiente externo facilmente (SLAWIK, 2010). Segundo Oliveira; Ribas (1995) nos climas tropicais as diretrizes gerais para um bom conforto térmico são:
Impossibilitar os raios solares diretos e difusos;
Utilizar soluções e materiais que não armazenam e não o transmita calor;
Aberturas para facilitar a circulação dos ventos;
Utilizar vegetação abundante para proteção solar;
Utilizar materiais isolantes na cobertura. Para isso o ambiente deve ser composto por aberturas que possibilitem a
passagem de luz natural, trazendo a redução de luz artificial. Com essas aberturas pode-se captar a ventilação natural para reduzir gastos com energia, boa parte da ventilação artificial adotando esses parâmetros há uma grande redução no consumo energético da arquitetura. Durante a fase de estudo do terreno deve ser estudada a orientação solar, fazendo um bom posicionamento para aproveitar os recursos naturais para iluminação e ventilação natural (OLIVEIRA; RIBAS, 1995).
40 Segundo Domingos (2014), contêineres são de estrutura pesada, porém a espessura que separa o ambiente interno do externo é pequena, devido a isso há um ganho rápido de calor durante o dia e uma perda rápida quando não há radiação solar sobre o contêiner seja em dias nublados ou durante a noite. A Figura 30 apresenta os fatores do contêiner e seu comportamento térmico destacando o isolamento térmico no verão. Figura 30 - Contêiner e seu comportamento térmico
a
b)
c)
d)
e)
Fonte: Garrido (2011)
a) Isolamento térmico interno – verão/noite: No verão a folha metálica do contêiner esfria a medida em que a temperatura externa abaixa. b) Isolamento térmico interno – verão/dia: No verão, o frio que foi acumulado pela chapa de metal consome rapidamente durante o dia e não ajuda a resfriar o interior da habitação, isso significa que aparelhos de ar condicionado podem ser necessários. c) Isolamento externo – verão/ noite: No verão, a folha de metal do contêiner esfria durante a noite quando a temperatura externa cai. A moradia esfria dentro quando as janelas estão abertas à noite, o ar fresco é acumulado pouco a pouco na parte interna do contêiner. d) Isolamento externo – verão/ dia: No verão, o ar fresco da chapa de metal do contêiner
41 se dissipa no interior, mantendo a residência fria, sem a necessidade de dispositivos externos e, portanto, sem o uso de energia (GARRIDO, 2011). O isolamento deve ser utilizado para impossibilitar o aquecimento dos contêineres, embora nunca deve ser instalado somente no interior, o ideal é prever o isolamento interno e externo com a utilização de revestimentos especiais para o controle do calor. Filho (2018) argumenta que no inverno ocorre impossibilitando que os contêineres sejam superaquecidos. A Figura 31 representa esse isolamento durante o período de inverno. Figura 31 – Isolamento térmico no inverno
Fonte: Garrido (2011)
O isolamento deve ser utilizado para impossibilitar o aquecimento dos contêineres, embora nunca deve ser instalado somente no interior, o ideal é prever o isolamento interno e externo com a utilização de revestimentos especiais para o controle do calor. No inverno o interior da habitação esquenta durante o dia, não só devido à luz solar direta, mas também os dispositivos mecânicos no interior (FILHO, 2018). O calor acumulado sob o metal do contêiner dissipa rapidamente para o exterior durante a noite, é usado para manter o interior da habitação quente, o que significa que os dispositivos de aquecimento serão necessários com o uso de energia consequente (FILHO,2018). No contêiner o isolamento térmico deve ser feito de modo adequado para que seus resultados proporcionem boas condições e qualidade de vida aos moradores. A Figura 32 exemplifica como deve discorrer seu processo. Figura 32– Isolamento térmico do contêiner
Fonte: Garrido (2011)
42 Isolamento externo – inverno/dia: no inverno, o interior da habitação esquenta durante o dia, não só devido à luz solar direta, mas também os dispositivos mecânicos no interior. O calor acumula pouco a pouco aquecendo o contêiner. Isolamento externo – inverno/noite: no inverno, o calor acumulado abaixo da folha de metal do contêiner não escapa à noite, devido ao isolamento externo e lentamente se dissipa no interior, dessa forma o interior da habitação permanece quente sem consumir energia (DOMINGOS, 2014). Através da instalação de isolamento no exterior, tira-se proveito da enorme inercia térmica que contém o contêiner, a fim de economizar energia e atingir um habitat mais confortável e natural. 3.5 MATERIAIS 3.5.1 Argila Expandida A argila expandida é um glomerado com formas abauladas leves, utilizada em coberturas, em paisagismo e projetos de contêiner, tem uma alta capacidade de isolamento térmico e acústico. A Figura 33 aponta a argila expandida e suas características. Figura 33 – Argila expandida
Fonte: <www.leroymerlin.com.br>. Acesso em 02 de maio de 2019
A argila expandida de acordo com o laboratório de eficiência energética tem como propriedade de isolamento térmico e acústico, é considerada um material resistente, apresentando inércia química, resistência ao fogo e estabilidade dimensional (DOMINGOS, 2014).
Utilizada em coberturas;
Alta capacidade de isolamento térmico e acústico;
Microporosidade fechada;
43
Usada sob concreto isolante ou solta;
Resistente ao fogo;
Estabilidade dimensional.
3.5.2 Manta de Fibra de Poliéster A manta de fibra de poliéster é composta por fibras recicladas de garrafas PET, a sua espessura média é de 8mm, a principal função de uma manta de fibra de poliéster é o isolamento acústico de superfícies (Figura 34). Figura 34 - Manta de fibra de poliéster
Material reutilizado
Fina espessura
Isolante acústico
Aplicado no piso
Alta absorção de ruídos
Fonte: <www.aecweb.com.br>. Acesso em 02 de maio de 2019
Geralmente é aplicada entre o piso e a placa de contêiner tem como garantia a alta absorção em vibrações que são produzidas por ruídos de impacto em pisos que são elásticos ou resilientes atende níveis superiores ao da norma NBR 15575-3 com o isolamento de L'nT, W49Db (FILHO, 2018). 3.5.3 Lã de PET A lã de PET (Fig. 35) é um material isolante proveniente da reciclagem de garrafas PET, é um material ecologicamente correto, uma boa opção para o tratamento termo acústico. Figura 35 – Feltro de lã de PET
Material reciclado, sustentável;
Material para tratamento acústico;
Não tóxico;
Flexibilidade em suas dimensões;
Fonte: <www.sogessodf.com> Acesso em 5 de maio de 2019
44 O sistema lã de PET é aliado com o conforto e a sustentabilidade, fabricado em várias dimensões, pode-se substituir a lã de rocha e a lã de vidro por lã de PET, pois não é um material toxico (MIRANDA, 2016). 3.5.4 Tinta Isolante Térmica O uso da tinta é indicado principalmente para aliviar o calor, a tinta é um revestimento a base d’água e elastômero, a composição da tinta é feita por polímeros acrílicos combinados com microesferas de cerâmica. A tinta é utilizada para impermeabilização de caixas d’água, telhados, lajes, paredes etc. O produto oferece excelente performance devido o poder de isolamento de microesferas de cerâmica a tinta já aplicada diminui o calor causado pelos raios solares em uma redução de 65% do calor que é absorvido pelos telhados e chapas de metal. Figura 36 – Tinta isolante térmica ECOvinil
Fonte: <http://www.poliplas.com.br > Acessado em 02 de maio de 2019
A tinta isolante térmica aplicada em um telhado extermina o choque térmico, elimina goteiras, chapas metálicas ganham vida útil prolongada não tendo contato com ar atmosférico, é impermeabilizante, seu revestimento elastômero acompanham as formas e movimentações das chapas metálicas formando uma camada emborrachada. Em sua propriedade termo acústica, a tinta reduz o barulho da chuva em até 60%, a tinta não trinca, não descasca e não envelhece devido aos seus polímeros acrílicos, é uma tinta lavável e de alta resistência a ações do tempo e da natureza, seu tempo de secagem é de aproximadamente três horas, com tempo de cura de três dias (DOMINGOS, 2014). 3.5.5 Vidros de Proteção Solar O vidro tem como principal função filtrar os raios solares diminuindo a entrada de calor entre 30 a 70%, com essa técnica aplicada sempre irá haver um espaço
45 interno agradável, o uso do vidro garante a redução de iluminação artificial e ar condicionados, trazendo também a interação com o meio externo promovendo bem estar e saúde para os habitante (Figura 37). Figura 37 – a) Esquema vidro comum b) Esquema vidro de proteção solar
a)
b)
Filtra raios solares (UV) ao longo do dia Reduz a iluminação artificial Promove bem-estar Diminui a entrada de calor Evita danos ao interior da casa
Fonte: <www.regionalmtnews.com> Acesso em 02 de maio de 2019
O vidro de proteção solar tem função de bloquear os raios (UV) quase em 100% ao longo do dia, evitando danos ao interior da casa como móveis, tecidos e pisos (FURUKAWA; CARVALHO, 2011). 3.6 TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS 3.6.1 Vegetação/ Teto Verde O telhado verde pode também ser chamado de teto vivo, bio cobertura telhado ecológico ou outros diversos nomes que apresentam no mercado, mas simplesmente é uma espécie de jardim suspenso, é um tipo de telhado que tem uma vegetação incorporada a cobertura das casas, edifícios ou lajes (MIRANDA,2016). As camadas descritas na Figura 38 de acordo com a empresa Eco telhado (FILHO, 2018) formam a construção do teto verde. Figura 38 – Sistema de Ecotelhado 1 - Vegetação: Grama, flores e arbustos adaptados ao clima do lugar, de pouco consumo de água e resistentes a altas temperaturas; 2 - Substrato: em vez de terra, usa-se um substrato três vezes mais leve, para não sobrecarregar o teto, mistura de solo orgânico e mineral; 3 - Membrana de absorção; 4 - Módulo Alveolar; 5 - Impermeabilização.
Fonte: <www.arquiteturaeconstrucao.abril.com.br.> Acessado em 02 de maio de 2019
46
Essa vegetação proporciona melhor conforto térmico aonde é aplicado e tem um bom custo-benefício, além de contribuir para o conforto acústico e minimiza a incidência dos raios solares, diminuindo também o aquecimento de prédios vizinhos. A Figura 39 exemplifica como ocorre sua aplicação nos contêineres. Figura 39 – Sistema de telhado verde aplicado no contêiner
Fonte: <www.elenaraleitao.com.br. > Acessado em 02 de maio de 2019
O telhado verde tem como benefício o aumento da oxigenação (fotossíntese), retenção de água da chuva e proporciona uma área verde em zonas urbanas (MIRANDA,2016). Nos contêineres os sistemas são aplicados ao teto de modo similar ao sistema de eco telhado proposto. 3.6.2 Vantagens e Desvantagens do Sistema Segundo a pesquisa de Lambert (2017), as vantagens de se utilizar o teto verde são:
Diminuição de poluição, e melhora na qualidade do ar nas cidades; A vegetação tem como função também absorver substâncias toxicas e depois
de liberar o oxigênio na atmosfera;
Combate os efeitos de ilha de calor nas cidades, refrescando a casa e outras
construções ao redor;
É isolante térmico e acústico, protege contra altas temperaturas no verão, e no
inverno mantém a temperatura dentro da casa
Assim reduzindo o consumo de energia, absorve e isola ruídos;
Traz beleza para a edificação;
47
Regula o escoamento de águas pluviais. Desvantagens:
Custo alto, o custo varia de acordo com as regiões, mas é mais caro que um
telhado convencional seu tempo de vida útil é o dobro do convencional;
Necessita de manutenção para sempre estar saudável;
Instalação com mão de obra especializada, para impedir infiltrações e
vazamentos. 4. O PROJETO 4.1 LOCALIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO De forma a validar os modelos a serem criados partiu-se da seleção de um terreno com dimensões reais a fim de mostrar a aplicabilidade da técnica em diversas situações. O local escolhido para ensaio do projeto foi o bairro Barra do Jucu, localizado no município de Vila Velha (Figura 40). O local é um balneário diferente de Vila Velha, tranquilo, de origens históricas e tradições religiosas, como cultura tem o congo que é um dos ritmos locais, a Barra do Jucu também é conhecida pelo surf, um esporte predominante no local. Apesar do bairro ser distante de Vila Velha é bem estruturado e proporciona um bom transporte público com fácil acesso. Figura 40 – Localização do bairro da Barra do Jucu – Vila Velha - ES
Fonte: Google Maps adaptado (2019)
O terreno localizado no bairro da Barra do Jucu tem dimensões de 11 x 30m totalizando 330m², com testada voltada para a rua professor João Coutinho, o terreno possui um plano livre sem vestígios de construções anteriores e é localizado em uma área residencial já consolidada.
48 Para dar início as atividades e projetos é necessário consultar o Plano Diretor Municipal da cidade de Vila Velha. Segundo o PDMVV o terreno de estudo localizase em uma ZEIC-1, Zona Especial de Interesse Cultural I, os objetivos das zonas especiais de interesse cultural são de preservar locais de interesse cultural, garantir a preservação visual dos bens de patrimônio cultural e históricos, incentiva o aproveitamento de edifícios que não são utilizados, preserva o sistema viário existente e incentiva as atividades econômicas no local. De acordo com o Plano Diretor Municipal de Vila Velha Subseção II - Zona de Especial Interesse Cultural – ZEIC, os índices urbanísticos são:
Coeficiente de aproveitamento mínimo: 0,2;
Coeficiente de aproveitamento básico: 1,5;
Taxa de ocupação máxima: 70%;
Taxa de permeabilidade mínima: 10%;
Afastamento frontal: 5,00m (cinco metros) para vias principais e lindeiras a
canais e 3,00m três metros) para demais vias;
Afastamento lateral e de fundos: 1,50m (um metro e meio). A Figura 41 mostra que a melhor insolação é a matinal vindo da direção Leste,
em relação aos ventos, os dominantes vêm na direção Nordeste, sendo que o vento Sul nessa região também é predominante nos meses de abril e julho. Pode-se observar no mapa que as ruas na localidade são vias locais, calmas, apenas com movimento nos horários de pico. Em relação ao gabarito ele varia de três metros até nove metros de altura. Figura 41 – Análise do terreno, ventilação, insolação e gabaritos
Fonte: Próprio Autor (2019)
49 4.2 FLEXIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO Segundo Mornement (2007) casas são absolutamente flexíveis, e com o passar dos tempos evoluem de acordo com a necessidade do usuário, os motivos que impulsionam as ampliações são os econômicos, políticos e sociais. A ampliação de uma residência é devido a mudanças na composição de famílias, e mudanças que ocorrem durante a vida, e outros fatores. O projeto proposto por esse trabalho apresenta ampliações a partir de um módulo embrião. O módulo embrião é formado por um contêiner de 40 pés de aproximadamente 30m² em que o cliente ao optar por comprá-lo irá receber uma sala de jantar e uma sala de tv, áreas molhadas tais como banheiro, cozinha e área de serviço, que são áreas mais custosas em um projeto. A partir deste módulo pode-se ter ampliações horizontais e verticais com o ganho de outros cômodos, variando de acordo com a necessidade apresentada pelo cliente. A Figura 42 mostra uma perspectiva do modelo embrião e seu entorno. Figura 42– a) Perspectiva do modelo contêiner embrião b) Planta baixa com layout e setorização do modelo embrião localizado na Barra do Jacu – Vila Velha – ES
a)
50
b)
Fonte: Próprio Autor (2019)
Uma das possibilidades de evolução horizontal é a soma do módulo embrião de 30m² sendo um contêiner de 40 pés, com um contêiner de 20 pés com área de 15m². A primeira evolução horizontal resulta em um total de 56m², o usuário tem a possibilidade de ganhar um quarto com suíte e uma varanda com privacidade, essa evolução atende entre uma a duas pessoas. No projeto proposto há uma área de ampliação com uma extensão do deck de madeira, fazendo uma ponte entre o embrião e o módulo de 20 pés, observa-se que alguns ambientes estão integrados otimizando o espaço e trazendo amplitude ao interior da casa. A Figura 43 apresenta o esquema volumétrico da primeira possibilidade de evolução horizontal da casa contêiner. Figura 43 – a) Módulo embrião e suas possíveis fases de evolução b) Perspectiva do modelo contêiner com sua primeira evolução c) Planta baixa com layout e setorização da primeira evolução horizontal
a)
51
b)
c)
Fonte: Próprio Autor (2019)
No projeto proposto há uma área de ampliação com uma extensão do deck de madeira, fazendo uma ponte entre o embrião e o módulo de 20 pés, além disso a casa contêiner por ser modular, tem a vantagem de ampliações com o passar dos anos por opção do morador. A segunda possibilidade de evolução horizontal é a soma do embrião de 30m², conteiner de 40 pés, com dois conteineres de 20 pés totalizando numa área de ampliação de 41m². A Figura 44 apresenta o esquema da segunda evolução horizontal dos contêineres.
52 Figura 44 – a) Esquema gráfico de evolução horizontal do contêiner b) Perspectiva do modelo contêiner com sua segunda evolução c) Planta baixa com layout e setorização da segunda evolução horizontal.
a)
b)
c)
Fonte: Próprio Autor (2019)
53
A segunda evolução horizontal apresentada acima, o usuário ganha com os dois contêineres de 20 pés, um quarto com suíte, e um quarto de solteiro com escritório, essa é uma evolução ideal para um casal que está pensando no aumento da familia ou até mesmo receber mais pessoas em sua casa, essa evolução resulta em uma casa térrea com 71m². A terceira possibilidade de evolução da casa contêiner é vertical, todos os contêineres utilizados para as evoluções foram os de 20 pés, se unindo em um conteiner de 40 pés. Esta evolução conta com 5 contêineres de 20 pés, com o ganho de uma ampla sala de TV, uma sala de jantar, depósitos, banheiro, escritório, um quarto de solteiro, e um amplo quarto de casal com suíte no pavimento superior, utilizando também o teto de um dos contêneres como varanda. A Figura 45 apresenta um esquema gráfico da evolução vertical da casa contêiner. Figura 45 – a) Esquema gráfico de evolução vertical b) Perspectiva do modelo contêiner com sua terceira evolução c) Planta baixa com layout e setorização da terceira evolução vertical – Primeiro pavimento d) Planta baixa com layout e setorização da terceira evolução vertical – Segundo pavimento
a)
b)
54 c)
d)
Fonte: Próprio Autor (2019)
A terceira evolução é o resultado da soma de 5 contêineres de 20 a um conteiner de 40 pés totalizando uma área de 105m², a casa é ideal para uma familia de quatro pessoas, ou até mesmo de um casal que pretende receber visitas. A vantagem de se construir com contêiner é sua modularidade, as plantas apresentadas
55 acima são apenas algumas das possibilidades em que o contêiner se encaixa, além da flexibilidade de ampliação, o interior do contêiner serve diversos arranjos espaciais mesmo com sua limitação de medidas. 4.3 FLEXIBILIDADE ESPACIAL De acordo com Jorge (2012), flexibilidade espacial serve a muitos arranjos, é um modo abrangente com grande parcela de variáveis. Em relação a habitação a flexibilidade deve se adequar a pessoas e não ao contrário, deve atender as exigências humanas. A tabela 1 expõe as dimensoes mínimas de mobiliário e de circulação utilizadas no projeto da casa contêiner, esse comparativo é a conclusão tirada com base nas pesquisas de BOUERI(2007), LITTLEFIELD (2011) e na NBR 15575-1. Tabela 1 – Dimensoes mínimas de mobiliário e circulação – Estudo comparativo casa contêiner Dimensões minímas de mobiliário e circulação (Norma 15575-1) Dimenções mínimas de mobiliario e circulação - BOUERI (2007) Dimensões (m) Dimensões (m) Mobiliário Circulação Mobiliário Circulação l c l c Sofá de tres lugares com braço 1,70 0,70 Sofá de tres lugares c/ braço 1,70 0,70 Sofá de dois lugares com braço 1,20 0,70 Sofá de tres lugares c/ braço 1,20 0,70 Poltrona com braço 0,80 0,70 Poltrona com braço 0,80 0,70 0,50 Sofá de tres lugares s/ braço Sofá de tres lugares sem braço 1,50 0,70 1,50 0,70 0,55 Sofá de dois lugares sem braço 1,00 0,70 Sofá de dois lugares s/ braço 1,00 0,70 Poltrona sem braço 0,50 0,70 Poltrona sem braço 0,50 0,70 Estante armário para TV 0,80 0,50 Estante/Armário para TV 0,80 0,50 Mesinha de centro ou cadeira Mesinha centro 0,40 0,25 Mesa redonda para quatro lugares D = 0,95 Mesa redonda p/ 4 pessoas 1,00 0,60 Mesa redonda para seis lugares D =1,20 Mesa redonda p/ 6 pessoas 1,20 Mesa quadrada para quatro pessoas 1,00 1,00 Mesa quadrada p/ 4 pessoas 1,00 1,00 0,75 Mesa quadrada para seis pessoas 1,20 1,20 Mesa quadrada p/ 6 pessoas 1,20 1,20 Mesa retangular para quatro pessoas 1,20 0,80 Mesa retangular p/ 4 pessoas 1,20 0,80 Mesa retangular para seis pessoas 1,50 0,80 Mesa retangular p/ 6 pessoas 1,50 0,80 Pia 1,20 0,50 Pia 1,20 0,60 0,85 Fogão Fogão 0,55 0,60 0,60 0,60 1,10 Geladeira 0,70 0,70 Geladeira 0,70 0,70 0,70 Armário sob a pia gabinete Armário sobre a pia 1,20 0,33 0,50 Apoio para refeições (duas pessoas) Gabinete 1,20 0,59 0,60 Cama de casal 1,40 1,90 Apoio para refeição 2 pessoas 0,90 0,90 0,50 Cama de casal Criado mudo 0,50 0,50 1,40 2,00 Guarda roupas 1,60 0,50 Criado mudo 0,50 0,50 Cama de solteiro 0,80 1,90 0,60 Guarda roupa 1,60 0,55 0,80 Mesa de estudo 0,80 0,60 Cama de solteiro 0,80 2,00 0,60 Armário 1,20 0,50 0,50 Mesa de estudo 0,80 0,60 0,60 Lavatório 0,39 0,29 Lavatório com bancada 0,80 0,55 0,40 Vaso sanítario 0,60 0,70 Box quadrado 0,60 0,60 Box retangular 0,70 0,90 Tanque 0,52 0,53 0,50 Maquina de lavar roupa 0,60 0,65 -
Dimensões Mínimas de Mobiliário e circulação - LIRRLEFIELD (2011) Dimensões (m) Mobiliário Circulação l c Cama de casal 1,50 2,00 0,65 /0,50 Cama de solteiro 0,90 2,00 0,50 / 0,55 Penteadeira 0,45 1,35 0,45 / 0,60 Carrinho de bebê 0,70 1,40 0,65 Sofá de três lugares 0,85 1,85 Poltrona 0,85 0,85 0,60 Cadeira 0,70 0,75 Passagem entre móveis Distancia televisor 2,00 Pia de cozinha 0,60 1,30 0,50 Tanque 0,50 0,40 0,80 Máquina de lavar 0,60 0,60 1,10 Maáquina de lava louças 0,60 0,60 1,20 Mesa seis pessoas 1,80 0,85 0,75 Mesa redonda de 6 pessoas 1,35 Mesa retangular de 4 pessoas 1,35 0,75 0,60 Mesa retangular de 3 pessoas 0,90 0,85 Mesa retangular de 2 pessoas 1,35 0,50 Lavatório 0,70 0,60 0,70 Banheira 0,80 1,70 Vaso sanitário 0,50 0,40 0,60 -
Fonte: Adaptado pela autora (2019)
Com base em pesquisas a tabela 1 revela um estudo comparativo de dimensoes minimas atingidas pelo projeto do módulo e nas possiveis evoluções, atendendo um nível mínimo permitido.
56 Tabela 2 – Estudo comparativo, dimensoes mínimas atingidas pelo projeto. Dimensões minímas de mobiliário e circulação - Atingido pelo projeto Mobiliário Dimensões (m) Ambiente Circulação Móvel ou equipamento l c Sofá de 3 lugares com braço 0,80 2,10 Sala de 1,30 Estante armário para TV 0,30 1,98 estar/ Criado mudo 0,50 0,50 0,70 Jantar Mesa retangular p/ 4 pessoas 0,80 1,20 0,70 Pia 0,70 1,50 1,00 Fogão (Cooktop) 0,73 0,46 1,00 Cozinha/ Geladeira 0,70 0,70 1,68 Área de Armário sob a pia gabinete 0,3 3,6 1 serviço Tanque 0,53 0,53 1 Máquina de lavar roupas 0,6 0,65 1 Lavatório 0,50 0,75 0,83 Banheiro Vaso sanítario 0,60 0,70 0,65 Box retangular 0,90 1,30 1,7 Cama de casal 1,35 1,88 0,6 Dormitório Criado mudo 0,50 0,50 0,6 casal Guarda roupas 0,6 2,25 1,2 Cama de solteiro 1,05 1,80 1,46 Dormitório Mesa de estudos 1,1 1,05 1,46 solteiro Guarda roupas 0,6 1,8 1,95 Escritório Escrivaninha 0,50 1,60 1,30 Fonte: Próprio Autor (2019)
O layout do módulo embrião inicial de 40 pés, está organizado com base em estudos, pesquisas de dimensionamento e antropometria realizados. De acordo com Boueri (2007), é recomendado seguir um padrão de dimensionamento do espaço de atividade, o autor sugere três níveis ergonômicos de qualidade espacial que são:
Nível mínimo : Permite que o corpo desempenhe atividades com algumas restrições de movimentos, se prejuízo de segurança.
Nível recomendado: Permite que o corpo desempenhe atividades sem restrições de movimentos.
Nível ótimo: Permite que o corpo humano desempenhe atividades sem restrições, ideal para idosos.
O dimensionamento utilizado no projeto prova que há como projetar um interior confortavel dentro de um espaço restrito como de um contêiner, os módulos alcançam níveis mínimos e recomendados de acordo com o padrão de dimensionamento, os níveis foram diferenciados por cores, nível mínimo azul, nível recomendado vermelho e nível ótimo verde. Ao analisar a planta baixa (Figura 46), observa-se tal harmonia entre os mesmos, seguindo caracteristicas de uma flexibilidade espacial.
57 Figura 46 – Módulo embrião inicial com dimensionamento dos espaços da habitação
Fonte: Próprio Autor (2019)
Foi proposta uma sala de jantar e uma sala de tv que também serve como quarto para este primeiro módulo, o mobiliário é projetado para esse espaço, e para uma integração entre eles foi planejada uma divisória móvel. A Figura 47 apresenta perspectivas interna do modelo embrião. Figura 47 – a) Sala de jantar b) Sala de TV
a)
b)
Fonte: Próprio Autor (2019)
A partir do módulo inicial, tem-se inicio a primeira evolução com a soma de um único módulo conteiner de 20 pés. O módulo está dentro do padrão de dimensionamento e da norma, o layout projetado entra em harmonia com a distribuição dos espaços. A Figura 48 apresenta o módulo 20 pés, que junto com o embrião tem-se a primeira evolução horizontal.
58 Figura 48 – Módulo de ampliação inicial 20 pés
Fonte: Próprio Autor (2019)
A partir do módulo embrião tem-se a segunda evolução horizontal, que se dá pela soma de dois contêineres de 20 pés, com ganho de espaço, planejado para o aumento da familia, e até mesmo para usuários que pretendem receber mais visitas. O segundo contêiner aplicado ao contêiner de 20 pés anterior, apresenta um espaço para escritório, esse espaço projetado é reversível, podendo se tornar um outro espaço futuramente com outra finalidade escolhida por quem ali vai habitar. Neste mesmo contêiner de 6 metros, localiza-se um quarto de solteiro, foi projetado para atender dois jovens, este ambiente também é reversível. A Figura 49 apresenta a planta baixa dos dois módulos de contêiner integrados com o módulo embrião. Figura 49 – Segunda evolução da casa contêiner, com dois módulos de 20 pés
59
Fonte: Próprio Autor (2019)
A terceira evolução da casa contêiner segue uma proposta vertical, com a soma de cinco contêineres de 20 pés ao primeiro módulo embrião de 40 pés, tornando-se uma casa duplex para aproximadamente quatro pessoas. A Figura 50 apresenta a planta baixa do primeiro pavimento da evolução vertical. Figura 50 – Planta baixa terceira evolução da casa contêiner
Fonte: Próprio Autor (2019)
A evolução apresentada é uma proposta para o aumento da família comportanto até quatro pessoas, a união dos contêineres ao módulo inicial ganha espaços amplos, como uma sala de jantar com mesa para seis pessoas sendo um ambiente reversível podendo ter outra finalidade, ganha-se uma sala de tv ampla com dois espaços para depósito e um banheiro para atender o quarto de solteiro ou quarto de visitas. A Figura 51 apresenta o segundo pavimento da terceira evolução vertical da casa contêiner.
60 Figura 51 – Planta baixa segundo pavimento evolução vertical casa contêiner.
Fonte: Próprio Autor (2019)
O segundo pavimento da casa contêiner é composto por um quarto de casal amplo com suíte e área para leitura e para aproveitar espaço foi utilizada a cobertura do contêiner de 20 pés do primeiro pavimento como varanda com acesso voltado para o quarto, tornando-se uma área privada e de relaxamento e contemplação. 4.4 TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS NO PROJETO 4.4.1 Energia A vantagem de se projetar com o contêiner é por ele ser um material reutilizável, além de transformar-se em moradia pode-se aplicar técnicas sustentáveis para menor agressão ao meio ambiente e melhor conforto do usuário. No presente projeto utilizase placas fotovoltaicas, aonde a energia do sol é convertida em energia elétrica, assim gerando economia. A energia solar não está associada à nenhuma emissão de poluentes é uma energia limpa, portanto não existem impactos ambientais causados por este tipo de energia. A utilização de energia solar traz mais benefícios para o meio ambiente do que desvantagens, tendo capacidade de renovação, economia, valoriza o imóvel, não faz barulho, tem baixo impacto ambiental, reduz emissões de fases de efeito estufa,
61 mínima manutenção e não ocupa espaço, o sistema modular também faz parte da energia fotovoltaica, permitindo adição de mais painéis quando necessária uma ampliação de rede elétrica. A Figura 52 apresenta o módulo embrião com painel fotovoltaico. Figura 52 – Módulo embrião contêiner com detalhe para placa fotovoltaica.
Fonte: Próprio Autor (2019)
Pensando em aumentar a capacidade de economia na residência foram implantadas em todo o interior do módulo lâmpadas de LED, esse tipo de iluminação tem maior vida útil, não possui elementos tóxicos em sua composição, sendo melhor opção para o morador e para o meio ambiente. Esse tipo de iluminação reduz 80% o gasto de energia mensal em comparação a outros tipos de lâmpadas sendo economicamente viável, é um material que pode ser utilizado em diversos tipos de ambientes. O LED proporciona melhor iluminação comparado com outras lâmpadas, tem baixo consumo e é três vezes mais resistente, dispensando manutenção e troca constante. A Figura 53 apresenta uma perspectiva interior do módulo contêiner com uma luminária de lâmpada LED. Figura 53 – Perspectiva interior do módulo contêiner com detalhe para LED
Fonte: Próprio Autor (2019)
62 4.4.2 Conforto Térmico A telha térmica foi utilizada para equilibrar a temperatura interna do ambiente, já que o contêiner é um material de alta condutibilidade térmica, a tinta reflexiva foi utilizada sobre as telhas metálicas, atuando contra a radiação solar, esse tipo de pintura e revestimento é indicado para coberturas metálicas, fibrocimento e concreto, a sua reflexão diminui a temperatura interna, ilhas de calor e colabora para o conforto térmico. A Figura 54 apresenta o módulo embrião contêiner com detalhe para a telha térmica. Figura 54 – Módulo embrião com detalhe para telha térmica
Fonte: Próprio Autor (2019)
O projeto do módulo embrião possui grandes aberturas, possibilitando a ventilação e iluminação natural no interior do ambiente, essa transparência possibilita a integração do exterior com o interior tornando o ambiente agradável, contribuindo para a redução de energia e equilibrando o meio artificial com o meio natural. Algumas das aberturas foram projetadas de acordo com a direção do vento predominante Nordeste, outras foram voltadas para a fachada Sul pois é uma fachada com menos insolação, pensando no conforto e nos ruídos o cômodo que será utilizado como quarto foi projetado do lado oposto da rua, isso contribui para diminuir os ruídos vindos da rua. No módulo contêiner foi projetada a fachada ventilada, uma forma de proteção solar que foi utilizada no projeto para diminuir a insolação nas fachadas mais críticas, pensando na estética do contêiner, a fachada ventilada foi aplicada em boa parte do projeto. O material utilizado nas fachadas foi a madeira de reflorestamento que é uma madeira sustentável com isso tem menor impacto ambiental, uma grande vantagem dessa madeira é a economia sendo menos custosa que outros tipos de madeira extraídas, a técnica de reflorestamento repõe a vegetação em locais que já foram desmatados. Como material adotado, ele também foi utilizado no mobiliário interno do
63 módulo contêiner. A Figura 55 apresenta a fachada frontal do módulo contêiner com detalhe para a fachada ventilada em madeira de reflorestamento, e o interior mostrando que a madeira também foi utilizada no mobiliário. Figura 55 – a) Módulo contêiner com detalhe para fachada b) Perspectiva interior do módulo
a)
b) Fonte: Próprio Autor (2019)
Em todo fechamento de vãos do projeto foram utilizados vidros especiais de isolamento térmico, que tem como principal função filtrar os raios solares diminuindo a entrada de calor, assim o espaço interno do projeto ficará mais agradável, além de diminuir o uso de iluminação artificial. A Figura 56 apresenta a fachada frontal do módulo contêiner com detalhe para um esquema de vidro isolante térmico. Figura 56 – Fachada frontal do módulo contêiner com detalhe para vidro isolante térmico.
Fonte: Próprio Autor (2019)
64 Outro ponto importante no projeto é o sistema de cobertura verde, a utilizada no módulo contêiner foi a alveolar leve, que é uma cobertura modular de fácil encaixe e pode ser trocada facilmente, esse tipo de sistema também contribui para o conforto térmico e acústico dos ambientes internos, além disso como benefício diminui a temperatura micro e macro nos ambientes externos, traz biodiversidade a cidade, valoriza o imóvel e embeleza ao projeto. A figura 57 apresenta o módulo contêiner com detalhe para a cobertura verde. Figura 57 – Módulo contêiner com detalhe para sistema de cobertura verde
Fonte: Próprio Autor (2019)
4.4.3 Água A utilização do vaso sanitário com caixa acoplada é outra vantagem do projeto, a caixa acoplada é uma solução que traz economia de água, é prática e de simples manutenção a descarga ecológica faz parte desse sistema de caixa acoplada, existem dois tipos de descarga na mesma caixa, sendo uma para líquidos e outra para sólidos com diferença na quantidade de litros. A Figura 58 apresenta o sistema de caixa acoplada no vaso sanitário. Figura 58 – Vaso sanitário com caixa acoplada
Fonte: <http://www.censi.com.br> Acessado em 24 de outubro de 2019
65 O projeto conta com a instalação de um sistema de reutilização das águas pluviais, são acumuladas em reservatórios que recolhem a água por meio de canos que saem da calha do módulo contêiner. Esse sistema é econômico e sustentável, podendo utilizar a água para fins não potáveis. A Figura 59 apresenta a captação de águas pluviais pelo tanque Slim Fortlev que foi utilizado, e uma perspectiva do tanque aplicado no projeto. Figura 59 – Solução prática de captação de águas pluviais
a)
b) Fonte: <https://www.fortlev.com.br> Acessado em 23 de outubro de 2019
66 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal objetivo desse trabalho foi contribuir para a discussão sobre novas tecnologias que proporcionam flexibilidade para habitação, o processo habitacional vem evoluindo a todo tempo, para isso foram produzidos modelos com conceito modular e sustentável, foi utilizado como principal elemento o contêiner, os módulos contribuem com sustentabilidade e modularidade, correspondendo as necessidades exigidas pelos usuários. Atualmente a construção civil necessita de habitações com caráter flexível e modular, e as construções em contêiner vem crescendo a cada dia devido a estes fatores, são módulos compatíveis mesmo com suas medidas limitadas, sustentáveis, duráveis e seguros. A organização do trabalho foi através de dados e pesquisas que provam que o contêiner pode ser implantado na arquitetura. Conclui-se que a habitação vem sofrendo modificações a décadas, tanto pelo crescimento habitacional, modificações familiares e nos modos de vida que se alteram a cada dia, essas evoluções ao longo do tempo passaram a provocar modificações nos espaços de habitação, as famílias passaram a procurar espaços que atendam suas condições socioculturais e econômicas, respondendo as suas necessidades habitacionais. A habitação evolutiva permite essa flexibilidade para as famílias atuais que necessitam dessas mudanças. Logo após temos a história detalhada do surgimento do contêiner, suas origens, modelos, a trajetória do contêiner até chegar na construção civil e contribuir para a sustentabilidade de diversas formas, concluindo que o contêiner é um material reciclado que pode ser utilizado para moradia. Os critérios utilizados no projeto partem desde a adaptação do contêiner no local pois foi escolhida uma metragem de terreno padrão de acordo com o município de Vila Velha, desde o desafio de projetar com um material com alta condutibilidade térmica, em todo o projeto procurou-se trabalhar o conforto térmico e materiais sustentáveis que trazem economia, conforto e beleza ao módulo. Foram estudadas técnicas sustentáveis e materiais para aplicar ao projeto, essa pesquisa proporcionou o aperfeiçoamento das técnicas desse tipo de construção, pois esses processos são fundamentais para compor o módulo contêiner, mesmo sendo um material rígido o contêiner mostra plasticidade, versatilidade possibilitando formulações variadas, devido a poucas construções como essa no Brasil os estudos de caso pesquisados como a casa Granja Viana do Arquiteto Danilo
67 Corbas e a Casa Mais Sustentável do Arquiteto Heliomar Venâncio, apresentam essa eficiência na construção com contêiner sendo ele o próprio diferencial. O projeto de habitação desde sua concepção aplica-se a ergonomia, conclui-se a partir de pesquisas de dimensionamento e levantamento de dados que apesar do contêiner ter uma dimensão mínima é possível viver com conforto e com espaços que atentam dimensões humanas, atendendo requisitos de facilidade de uso manutenção e segurança. Portanto considera-se que a proposta projetual de um módulo embrião com três fases de evolução cumpre o objetivo do trabalho permitindo habitações modulares variadas, adaptando-se a um espaço com um perfil familiar diferente, valorizando de maneira simples um material que normalmente é descartado e trazendo inovação à arquitetura.
68 REFERÊNCIAS
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72
ANEXOS
PRANCHA - 01/07 - Planta de Situação; Planta de Implantação; Paisagismo; Índices Urbanísticos; Quadro de Esquadrias; PRANCHA - 02/07 - Planta Baixa – Layout; PRANCHA - 03/07 - Planta Baixa – Embrião; PRANCHA - 04/07 - Planta Baixa – Cobertura; PRANCHA - 05/07 - Corte - AA; Corte – BB; PRANCHA - 06/07 - Elevações 1,2,3 e 4; PRANCHA - 07/07 – Perspectivas.
02 30.00 12.22
2.41
7.53
Entrada Garagem
02 G1 # p u o r
Reservatório
Go ru p # 1
Garagem 24m² + 0,10
Banheiro 3,40m² + 0,65
Group#1
A.S 2m²
Cozinha 6,13m² + 0,70
Projeção Cobertura
Sala / Quarto 13m² + 0,70
Circ. 3m²
03
5.51
PROJEÇÃO COBERTURA
Calçada + 0,10
03
Deck 49m² + 0,70
Sobe
Rua 0,00
04
1.29
11.00
5.79
2.23
0.77
01
3.26
Entrada Principal
Jardim + 0,10
04
2
Planta Baixa - Implantação
01
1 : 100
PAISAGISMO - ESPÉCIES 1- AROEIRA - MÉDIO PORTE
Rua Prof.João Coutinho
2- PALMEIRA YUCCA PEQUENO PORTE 3- ACEROLEIRA PEQUENO PORTE 4- BUXINHO PEQUENO PORTE INDICES URBANÍSTICOS ZEIC - ZONA ESPECIAL DE INTERESSE CULTURAL ÁREA TOTAL DO LOTE 330m² 80,44m² ÁREA TOTAL TÉRREO 103,87m² ÁREA TOTAL CONSTRUIDA 0,56 COEFICIENTE DE APROVEIT. 33m² TAXA DE PERMEABILIDADE 32% TAXA DE OCUPAÇÃO QUADRO DE ESQUADRIAS - PAVIMENTO TÉRREO PORTAS NOMES DIMENSÃO/TIPO MATERIAL QUANT. 1 P1 0,80x2,10m ABRIR MADEIRA ALUMÍNIO 2,00x2,50m CORRER 2 FOLHAS 1 P2 ALUMÍNIO 8,10x2,50m CORRER 3 FOLHAS 1 P3 4,00x2,50m 3 FOLHAS CAMARÃO MADEIRA 2 P4 JANELAS NOMES DIMENSÃO/TIPO MATERIAL QUANT.
J1 J2
0,80x0,80x1,70 BASCULANTE 1 FOLHA 1,00x1,10x1,20 CORRER 2 FOLHAS
ALUMÍNIO
1
ALUMÍNIO
1
11.00
11.00
30.00
Habitação Evolutiva Sustentável a partrir de Contêiner
30.00
Local: Barra do Jucu, Vila Velha - ES Referência: Casa Contêiner Fase: Anteprojeto 1
Planta de Situação 1 : 1000
Data: 26/09/2019
Escala: Indicada
Discriminação: Planta de Situação Planta de Implantação Paisagismo
Indices Urbanisticos Quadro de Esquadrias
Orientador: Prof.Érica Coelho Pagel Aluno(a): Francis Silva Teixeira Desenho: Francis Teixeira Tipo: Arquitetura Prancha:
1/7
Projeção Cobertura
Group#1
A.S 2m²
Banheiro 3.40 m² +0,65 Sala / Quarto 13 m² + 0,70
Cozinha 6,13 m² + 0,70 Circulação 3m²
Fachada Ventilada
Porta camarão
Sobe
Deck de Madeira 49 m² + 0,70
3
Layout - Térreo 1 : 50
Habitação Evolutiva Sustentável a partrir de Contêiner Local: Barra do Jucu, Vila Velha - ES Referência: Casa Contêiner Fase: Anteprojeto Data: 26/09/2019 Discriminação: Planta Baixa - Layout
Escala: Indicada
Orientador: Prof.Érica Coelho Pagel Aluno(a): Francis Silva Teixeira Desenho: Francis Teixeira Tipo: Arquitetura Prancha:
2/7
A 15.39 0.10
0.90
1.71
0.10
5.59
0.10
2.42
J1 Projeção Cobertura
Cozinha 6,13 m² + 0,70 1.99
1.63
2.80 Circulação 3 m²
B
1.41
Banheiro 3.40 m² + 0,70
Sala TV / Quarto 13 m² + 0,70
P1
5.59
P3 Porta camarão
P4
1.98
Fachada Ventilada
P2
2.24
A.S 2m²
B. molhada
0.12 0.10
J2
Group#1
0.83
B. seca
B
5.61
2.77
0.12 0.10
0.12 0.75 0.10 0.85
Sobe
0.95
Deck 49 m² + 0,70
Fachada ventiada Estrutura de madeira
4
Planta Baixa Térreo - Embrião 1 : 50
Área total = 73,44 m² Estrutura - Contêiner
A Parede ondulada Contêiner Isolamento Lã de PET
Habitação Evolutiva Sustentável a partrir de Contêiner
Painel de Gesso
Local: Barra do Jucu, Vila Velha - ES Referência: Casa Contêiner Fase: Anteprojeto Data: 26/09/2019
Escala: Indicada
Discriminação: Planta Baixa Térreo - Embrião
Orientador: Prof.Érica Coelho Pagel Aluno(a): Francis Silva Teixeira Desenho: Francis Teixeira Tipo: Arquitetura Prancha:
3/7
A
CALHA
COBERTURA TIPO PERGOLADO 0.25
PAINEL FOTOVOLTAICO
B RESERVATÓRIO CAPACIDADE 500L
2.43
COBERTURA VERDE
2.44
B
i=10%
3.03
Sobe
3.79
2.57
1.19
3.60
1.08
2.42
14.65
5
Planta Baixa - Cobertura
A
1 : 50
Habitação Evolutiva Sustentável a partrir de Contêiner Local: Barra do Jucu, Vila Velha - ES Referência: Casa Contêiner Fase: Anteprojeto Data: 26/09/2019 Discriminação: Planta Baixa - Cobertura
Escala: Indicada
Orientador: Prof.Érica Coelho Pagel Aluno(a): Francis Silva Teixeira Desenho: Francis Teixeira Tipo: Arquitetura Prancha:
4/7
0.30 1.03
0.40 0.93
Vegetação Substrato Manta de Drenagem/ Camada Filtro Grelha Membrana de Absorção Módulo Alveolar Jardineira em PVC
1.10
Cozinha + 0,70
Banheiro + 0,65
2.88 4.81
2.66
Sala / Quarto + 0,70
Deck + 0,70
0.10
0.60
Garagem + 0,10
2.59
3.21
1.20 0.42
Cx.Dágua
Corte - BB
6
1 : 100
Novo Piso
0.60 0.10
3.88 2.50
0.15 0.53
Piso Contêiner - Padrão
Sala TV/Quarto + 0,70
Deck + 0,70 Jardim 0,00
Habitação Evolutiva Sustentável a partrir de Contêiner 7
Corte - AA 1 : 100
Local: Barra do Jucu, Vila Velha - ES Referência: Casa Contêiner Fase: Anteprojeto Data: 26/09/2019 Discriminação: Corte - AA Corte - BB
Escala: Indicada
Orientador: Prof.Érica Coelho Pagel Aluno(a): Francis Silva Teixeira Desenho: Francis Teixeira Tipo: Arquitetura Prancha:
5/7
COBERTURA TIPO PERGOLADO COM FECHAMENTO EM VIDRO i=1%
FECHAMENTO DA CX. D'ÁGUA EM RIPAS DE MADEIRA CHAPA CONVENCIONAL CONTÊINER A RECEBER PINTURA
COBERTURA TELHA TÉRMICA
PORTA DESLIZANTE
PAINEL EM MADEIRA DE REFLORESTAMENTO
DECK DE MADEIRA
Fachada 01
8
1 : 100 PAINEL FOTOVOLTÁICO
COBERTURA VERDE ALVEOLAR
CALHA
9
Fachada 02
CX. CONTÊINER COBERTURA TIPO PERGOLADO COM FECHAMENTO EM VIDRO i=1%
FECHAMENTO DA CX. D'ÁGUA EM RIPAS DE MADEIRA
1 : 100
PORTA TIPO CAMARÃO EM MADEIRA
TANQUE SLIM FORT LEV 600L
COBERTURA TELHA TÉRMICA I=10%
COBERTURA TIPO PERGOLADO COM FECHAMENTO EM VIDRO PAINEL EM MADEIRA DE REFLORESTAMENTO
CHAPA CONVENCIONAL CONTÊINER A RECEBER PINTURA
COBERTURA VERDE PORTA TIPO CAMARÃO EM MADEIRA
PAINEL EM MADEIRA DE REFLORESTAMENTO
CHAPA CONVENCIONAL CONTÊINER A RECEBER PINTURA DECK DE MADEIRA
10
Fachada 04 1 : 100
DECK DE MADEIRA
TANQUE SLIM FORTLEV 600L
11
Fachada 03 1 : 100
Habitação Evolutiva Sustentável a partrir de Contêiner Local: Barra do Jucu, Vila Velha - ES Referência: Casa Contêiner Fase: Anteprojeto Data: 26/09/2019
Escala: Indicada
Discriminação: Fachada 01 Fachada 02
Fachada 03 Fachada 04
Orientador: Prof.Érica Coelho Pagel Aluno(a): Francis Silva Teixeira Desenho: Francis Teixeira Tipo: Arquitetura Prancha:
6/7
12
Perspectiva Fachada Sul S/Escala
15
13
Perspectiva Fachada Oeste / Sul S/Escala
Perspectiva Fachada Leste / Sul 1 : 50
Perspectiva Fachada Norte / Oeste S/Escala
17
16
14
Perspectiva Fachada Leste / Norte S/Escala
Habitação Evolutiva Sustentável a partrir de Contêiner
Perspectiva Geral S/Escala
Local: Barra do Jucu, Vila Velha - ES Referência: Casa Contêiner Fase: Anteprojeto Data: 26/09/2019 Discriminação: Perspectivas
Escala: Indicada
Orientador: Prof.Érica Coelho Pagel Aluno(a): Francis Silva Teixeira Desenho: Francis Teixeira Tipo: Arquitetura Prancha:
7/7