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09, 10 e 11

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HONÓRIO BICALHO NOVA LIMA

Pelos filhos

Mães que vivem em ocupação precisam organizar forças para lutar por direitos básicos

Além dos afazeres básicos que é designado socialmente a uma mãe, Renata Camila Ferreira, moradora da ocupação Nova Canaã, no bairro Nova Suíça, em Nova Lima, precisa também lutar para resguardar o mínimo de direito dos filhos “Mas isso é algo que parece impossível, porque eles são privados dos direitos básicos Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, eles têm direito a água, luz, moradia digna, educação e saúde, mas como moram em ocupação, é como se eles não tivessem direito a nada, isso é negado aos nossos filhos todos os dias A gente luta, corre atrás, mas é como se as nossas crianças fossem invisíveis; e isso, na gente que é mãe, dói demais”

Responsabilidade

Aos 16 anos, a nova-limense deu a luz ao seu primeiro filho, Robert, e, para ela, a responsabilidade foi algo que se transformou drasticamente “Quando adolescente pensamos somente no agora e não no futuro Depois que virei mãe, veio a preocupação

Desafios se somam à maternidade quando ela é atípica

A descoberta de que o filho possuiria Síndrome de Down veio aos três meses de gestação da administradora e pedagoga Carla Roberta Rodrigues. “A médica observou uma alteração e pediu um exame que confirmou a trissomia do cromossomo 21, que causa a síndrome. No princípio, foi um susto, pois não sabia como seria cuidar de uma criança atípica Para uma mãe típica, os desafios já são inúmeros, para uma mãe - de primeira viagem - e criando um filho atípico então, não sabia o que me esperava”, conta

Sonhado por Deus

Carla abraçou sua nova jornada com amor e resiliência; mergulhou de cabeça nos estudos para compreender a condição do filho Lucas. “Costumo dizer que ele é um menino sonhado no coração de Deus e no meu coração”. Desde o momento em que soube que seria mãe de uma criança com Síndrome de Down, seu amor floresceu ainda mais “Sempre fiz muitas coisas ao mesmo tempo Hoje, funciono no relógio e no tempo dele, que gira num compasso calmo e sereno Ele me traz paz e tranquilidade Mesmo na mais tenra idade, ele consegue transformar o mundo A fortaleza dele é um grande com a criança, com o que seria do meu futuro e do futuro do meu filho Com a chegada dos outros filhos essa preocupação e responsabilidade só aumentou”

A sua segunda gestação durou apenas três meses “Tive um aborto espontâneo e sofri demais, depois disso quis muito tentar outro filho, que só veio depois de cinco anos”

Surpresa

Então, nasceu Sara. “Quando ela tinha um ano e meio, engravidei do Samuel, que veio no susto porque não imaginei que engravidaria tão rápido, já que depois do aborto demorei cinco anos para engravidar de novo” Após oito anos, Renata - que não imaginava que teria mais uma criança para alegrar seus dias - teve uma surpresa “Eu organizava uns documentos para dar entrada no SUS, para fazer a laqueadura, e descobri a gravidez Por questões de saúde, não posso tomar injeção de anticoncepcional e nem a pílula; tentei colocar o DIU, mas meu corpo rejeitou, então a opção seria a laqueadura e daí veio o Lucas”, conta

Amor em dobro

A todo o momento, Renata fala “nossos filhos”, o que talvez evidencie a compreensão dela de que as crianças são responsabilidade da sociedade Após o primeiro parto, o amor e a atenção para com as crianças, de um modo geral, se transformaram e é nítido o carinho que ela também tem com os filhos que foram gerados por outros ventres “Quando ensinamento para todos que estão ao redor O mais gostoso de ser mãe é receber as mais lindas expressões de gratidão por algo que, na verdade, sou eu quem teria que agradecer”, ressalta. o incentivo e o amor que o Lucas receberá durante toda a sua vida, é que fará a diferença. Os desafios virão, mas o mais importante é ele ter a certeza que estaremos juntos”

Inclusão social

Para Carla, ainda que a passos lentos, a sociedade caminha em direção à inclusão "Tudo será melhor quando a sociedade entender que ser diferente é normal. A Prefeitura de Nova Lima desenvolve um trabalho lindo na acolhida de crianças atípicas, ao ofertar profissionais de qualidade para contribuir no desenvolvimento de nossos pequenos. O Lucas faz acompanhamento com a fonoaudióloga, fisioterapia e terapia ocupacional na FAENOL e tem apresentado grande progresso”, finaliza somos mãe, criamos um carinho não só com os nossos filhos, mas com todas as crianças; parece que o filho de cada um tem um pouquinho dos nossos filhos também Cada criança que vejo, enxergo os meus filhos, e esse amor é diferente, é uma coisa muito boa que sentimos”, compartilha

“Quero um futuro melhor para os nossos filhos. Ver a felicidade e inocência deles, com pouco, é o mais gostoso em ser mãe”

Coração de mãe

Sabe aquela história de que coração de mãe cabe todo mundo? Quem inventou essa frase deve conhecer a Dona Hilda Eleutério Horta, moradora do bairro Matadouro Com toda a sabedoria acumulada ao longo dos seus 102 anos, a centenária - que é bisavó - mostra que o amor de mãe é capaz de deixar um legado.

Papel de mãe

Nascida em Sabará, Hilda veio para Nova Lima aos 7 anos, sem saber que aqui seria mãe de 12, além de ser avó de 31 e bisavó de 35 pessoas “Criar uma família grande não foi fácil, mas era algo comum naquela época Não tinha creche, os mais velhos me ajudavam a olhar os pequenos Eu e Pedro, meu marido, tínhamos um papel muito claro: ele trabalhava como chefe de obras na prefeitura, para sustentar a casa, e eu cuidava das crianças e tarefas domésticas, além de tantas outras atividades que exigiam tempo e esforço”, explica.

Educação

Na casa, a educação sempre foi prioridade, mesmo com recursos limitados e, ainda, os filhos também eram incentivados e cobrados a ajudar nas tarefas domésticas, para desenvolver responsabilidade e senso de dever “É uma alegria ver meus filhos crescidos, alcançarem sucesso profissional e pessoal Amo cada um deles, com todo o meu coração”

A receita é o amor

Para Dona Hilda o amor e a dedicação são pilares fundamentais para a criação de uma criança. Além disso, com toda sabedoria, ela afirma que ninguém nasce com todas as habilidades necessárias para se tornar mãe “Aprendemos na prática, com o tempo, erros e acertos Acredito que, com uma generosa porção de amor, paciência, sabedoria e Deus na frente, tudo dá certo no final”.

Família unida

Hilda celebrou vitórias e enfrentou perdas dolorosas, como a morte do marido, em 1990, e de dois filhos, Marcos Roberto, conhecido como Mosquitinho, e Gleuza Maria “Meus filhos formaram suas próprias famílias, mas permaneceram próximos” O diálogo, respeito e disciplina, para a criação de uma família coesa, são características que ela destaca “Era nosso dever dar limite e transmitir o respeito, honestidade e educação, valores que têm faltado nessa nova geração, que interage por horas nos eletrônicos e estão sendo criadas sem limite algum. Os pais devem se importar com isso, pois impactará negativamente na vida deles quando adultos”, encerra.

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