Como ligar mesa com mesa

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Como ligar mesa com mesa?

Autor: Fernando A. B. Pinheiro Às vezes, em ocasiões especiais (casamentos, formaturas, grupos musicais visitantes), descobrimos que a mesa de som da nossa igreja não tem todos os canais que necessitamos. Por exemplo, temos uma mesa de 16 canais, mas precisamos de 24 canais. Mas como é algo eventual, não compensa comprar uma mesa, mas sim conseguir uma emprestada. Só que conseguir mesa grande emprestada é difícil. É muito mais fácil conseguir outra de 16 ou de 12 ou ainda menor. Nesse caso, vamos precisar interligá-las (uma à outra), e este artigo vem explicar isso: como ligar mesa com mesa! Os métodos de interligação que vamos ver funcionam para qualquer marca e modelo, nacional ou importado.

Mesas Ciclotron CSM 24.4 e MIx 24 interligadas para se conseguir um número de canais suficiente para a realização do som de um evento. Há 4 métodos de ligação. Vamos chamar a mesa que será ligada de origem e a mesa que receberá a outra de destino. a) as saídas de master da origem em canais de entrada LINE do destino. -Vantagem: você tem faders de volume e equalização no destino. -Desvantagem: você perde dois canais da mesa de destino. Essa forma de ligação é a mais intuitiva (a que qualquer operador "pensaria"), e também a mais comum e fácil de fazer. Mas há um alerta a fazer. Sempre ligue na entrada LINE, que é preparada para receber sinais de níveis mais altos (instrumentos musicais, tapedecks, CD/DVD/MD/MP3 Players, outras mesas de som, etc). Tecnicamente falando, essa entrada é feita para receber sinais de +4dBu, que é o padrão de saída de muitas mesas de som. A entrada MIC, por sua vez, não consegue trabalhar com sinais altos, pois os níveis de sinal envolvendo microfones são muito, muito mais baixos que os LINE (-30dBu, na faixa de 0,075V). Se ligarmos uma mesa de som nessa entrada, pode acontecer desde distorção por excesso de sinal (Clipamento, quando acende a luz de Peak ou OverLoad do canal do destino), até mesmo a queima do canal. Cuidado com mesas que tem saídas Master com conectores padrão XLR. A primeira idéia que vem à cabeça - idéia errada - é usar um cabo XLR-XLR, interligando a saída XLR na entrada XLR (que são as entradas de microfones) no destino. O cabo deve ser XLR na origem e P10 no destino.É até possível interligar uma mesa com outra através da entrada de MIC, desde que a mesa tenha um botão chamado PAD no canal, um recurso que atenua em -20dB o sinal de entrada, tornando-o compatível com o nível de sinal de microfone. Quando usar a ligação dessa forma (saída de master em canal de outra mesa), lembre-se de só fazer equalização na mesa de origem, e não nos canais da mesa de destino, que deverá estar com a equalização em flat (agudos, médios e graves, todos com o potenciômetro no meio). A equalização na mesa de destino afeta todos os canais, e não deve ser usado, a não ser que queira-se realmente atuar em todos os canais ao mesmo tempo. Essa forma de montar cria uma situação que pode até ser bem útil. Imagine a seguinte situação: uma mesa com 16 canais somente com microfones de cantores (8 para mulheres) e 8 para homens. Nos canais com vozes femininas, podemos deixar o PAN todo em L. Já os canais com vozes masculinas podemos deixar o PAN todo em R. Ligando assim na mesa de destino, teremos um canal controlando somente as vozes femininas e outro canal controlando as vozes masculinas. Isso pode ser bem útil. Se no meio da mixagem precisarmos aumentar todas as vozes masculinas de uma vez (ou colocar um pouco mais de grave em todas as vozes, por exemplo), podemos fazer isso direto na mesa de destino, alterando-se apenas um canal, o que é bem mais fácil que fazer isso em vários. É como se tivéssemos o recurso de Submaster na mesa. b) as saídas de master da origem na entrada TAPE/CD IN do destino. -Vantagem: não se perde dois canais no destino, em geral há controle de volume da entrada de Tape para cada um dos masters do destino. -Desvantagem: é necessário um cabo P10/RCA ou XLR/RCA, que é fora de padrão, sendo necessário montá-lo ou usar adaptadores.


Nada que não se compre barato em uma Eletrônica. Muita gente não sabe, mas a entrada TAPE/CD IN (também chamada de 2 Track IN) das mesas de som, entradas estas que em geral usam conectores RCA, também são entradas de padrão LINE. Logo, nela podem ser ligadas desde instrumentos musicais (teclado, guitarras, violão), como tapes, CD/DVD/MD/MP3 Players (o uso natural) ou mesmo outras mesas de som. Entretanto, essas entradas, apesar de consideradas LINE, são feitas para sinais um pouco mais fracos que os de LINE propriamente dito. Enquanto sinais LINE são de até +4dBu (1,23V) essa entrada é de -10dBV (0,316V), que é o padrão utilizado em equipamentos do tipo TAPE/CD/DVD/MP3. Apesar de compatíveis com mesas de som e instrumentos musicais, os volumes dessas fontes deve ser mantido baixo (os faders dos masters da mesa, por exemplo, devem estar em posição de menor volume). Caso o volume obtido seja insuficiente, é melhor ligar no canal mesmo, sob pena de distorcer ou mesmo queimar a entrada. Essas entradas são direcionadas diretamente para as saídas Masters. Não passam por sub-grupo, não tem auxiliares nem equalização. O único recurso disponível é o volume, que pode ser único (aumenta/diminui o volume de forma igual para ambos os Masters) ou mesmo duplo (um volume para cada Master). c) a saída de um dos masters da origem na entrada de Eff Return (ou Aux Return, entradas de efeito) do destino. -Vantagem: não se perde canais no destino. Pode ser usado cabo P10-P10 ou XLR-P10, bastante comum. Fácil de fazer. -Desvantagem: perde-se a chance de usar módulos de efeito externos. Nas mesas que tem mandadas de efeitos (saídas Auxiliar Pós-Fader), o som é encaminhado a um módulo de efeitos. Para tanto, existe uma saída Aux Send (ou Eff Send) e, depois que o som é processado, retorna à mesa através de entradas chamadas Eff Return ou Aux Return. O que muita gente não sabe é que as entradas Eff Return são entradas LINE, também podendo nela ser ligadas instrumentos musicais, tape,s CD/DVD/MD/MP3 Players e até mesmo outras mesas de som. Não há risco de queima. E a grande vantagem é que também são entradas com padrão +4dBu. Da mesma forma que as entradas TAPE/CD In, estas também são direcionadas diretamente para as saídas Masters, sem recursos de equalização. Em algumas mesas, há até volume independente por Master. Algumas mesas de som possuem inclusive 2 ou mais Auxiliares Pós-Fader, ou seja, teremos 4 entradas ou mais de Aux Pós-Fader. Pode-se interligar várias mesas usando esse método, ou deixar um dos Auxiliares para ligar em um módulo de efeitos.

Na foto acima foto, podemos perceber a entrada TAPE IN (-10dBV) com seus conectores RCA, e as entradas de Aux Return (+4dBu), com conector P10. Note que existe 2 entradas P10, mas se usarmos somente a L, ela se conectará como Mono, encaminhando o sinal igualmente para ambos os Masters.


Na foto acima, vemos as entradas TAPE IN (conectores RCA destacados) e os seus respectivos volumes, um para cada Master. Mais acima, a entrada Eff Return (que nesta mesa é único, mas o som é encaminhado igualmente para os dois Masters), mas não há controle de volume para ele. Nestes 3 casos acima, será a mesa de destino que será ligada ao amplificador. d) Interligando as mesas através do amplificador. Já tive a oportunidade de ver alguns operadores de áudio fazerem a seguinte ligação: a mesa 1 é conectada diretamente ao amplificador, e a mesa 2 também é conectada diretamente ao amplificador (não há mesa de "origem" e "destino", já que não são interligadas entre si). Isso acontece porque muitos amplificadores possuem dois conectores de entrada por canal. As mesas não são interligadas entre si, e os sons vindo de cada uma são "misturados" no próprio amplificador.

Foto de amplificador. Note que, em cada canal (1 e 2), existe um conector XLR e outro P10, interligados internamente em paralelo. Funcionar, funciona! Mas os outros métodos são mais interessantes. Por receber 2 sinais ao invés de um, o amplificador estará mais sujeito à problemas de clipping, por excesso de sinal de entrada. Um amplificador costuma começar a clipar quando atinge nível de sinal de 0,775V (0dB). Se as duas mesas fornecerem 0,775V ao mesmo tempo, o amplificador fatalmente clipará, e a distorção causada, além de ser ruim para o ouvido, poderá causar danos aos alto-falantes. Não é sempre que isso poderá ocorrer (depende de toda a estrutura de ganhos e volumes da igreja, das potências dos amplificadores, etc), mas só pela chance de acontecer, não recomendamos esse tipo de ligação. Canais ocultos Se podemos ligar uma mesa de som nessas entradas Tape In e Aux Return, e se elas são entradas LINE, que nos impede de ligar um instrumento musical aí? Absolutamente nada. Funcionam como verdadeiros canais, só que com as observações já escritas acima (não tem equalização, etc). São quase que canais ocultos (poucos conhecem essa possibilidade) na mesa, e podem ajudar bastante quando precisamos de mais um ou dois canais. O instrumento que pode ser ligado nesse caso, por excelência, é o teclado, já que a maioria possui duas saídas, exatamente as necessárias para ligarmos nas entradas Tape IN (mas cuidado para manter o volume do próprio teclado mais baixo, para não queimar a entrada). Na entrada Aux Return, um baixo ou guitarra elétrica são bens vindos. Lembre-se de educar os músicos para não exagerarem no volume, caso na mesa não haja controle disponível (como na entrada Eff Return da Ciclotron MXS).


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