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Brasil de Todos os Cantos

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O lugar do teatro

O lugar do teatro

Monumento dos Imigrantes: história e representatividade

Obra símbolo da imigração italiana chegou a ser furtada em Valinhos e ganhou nova forma nas mãos do artista Sérgio Ceron.

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Por Júlia Ribeiro

”Monumento dos Imigrantes”, obra que representa a imigração italiana na cidade de Valinhos (SP). Foto: Júlia Ribeiro.

O monumento dos imigrantes de Valinhos, no interior de São Paulo, é uma importante representação da imigração italiana na cidade e, após ser furtado no segundo semestre de 2018, retorna em novo estilo pelas mãos do artista Sérgio Ceron, de 58 anos.

A obra fica instalada na Praça José Ferraro, entre as Avenidas Imigrantes e Gessy Lever, mesmo local da estátua original. Ela reproduz uma família italiana: pai, mãe e dois filhos, sendo um de colo e outro com os pés sobre um globo terrestre. O primeiro monumento foi feito em 1990, em bronze e foi furtado em 2018.

Em entrevista, Sérgio contou que foi convidado a refazer a obra pelo exsecretário de cultura do município, Tite Stopiglia. Ele pesquisou sobre famílias

imigrantes, incluindo a sua que veio de Veneto, nordeste da Itália. “Se tornou um projeto pessoal. Pensei na minha família que veio ao Brasil em 1914 e enfrentou dificuldades”, afirmou.

A escultura foi entregue após cinco meses de trabalho com dois metros de altura. As mudanças foram aprovadas pela Secretaria de Cultura e também pela população valinhense, segundo Sérgio. “Tive muitos elogios pela volta da escultura. Com as adequações que fiz ela ficou mais representativa.

O artista, Sérgio Ceron, comenta que refazer o monumento “se tornou um projeto pessoal”. Foto: Maria Ceron.

Geologia, história e natureza em um só lugar

O Parque Buraco do Padre é um deleite aos olhos e um patrimônio cheio de segredos e detalhes para quem gosta de história e geologia.

Por Alanna Della Possa

A cidade de Ponta Grossa (PR) abriga muitas belezas naturais, visto que, seu território está dentro do Parque Nacional dos Campos Gerais. Uma delas, é o Parque Buraco do Padre, que apesar do curioso nome - advindo dos padres jesuítas que ali meditavam -, guarda muitos atrativos geológicos, históricos e naturais.

Mesmo ficando seis meses com as portas fechadas devido à pandemia de Covid-19, os administradores do parque seguem otimistas. “Para a fauna e para a flora foi um descanso significativo”, comenta Samuel Vogetta, gerente do parque. E haja fauna para descansar, são aproximadamente 300 espécies de aves, 46 de serpentes e 35 de mamíferos. “O Buraco do Padre não é só uma cachoeira bonita, ele tem papel importante na formação da cidade e na nossa cultura”, explica um dos guias do local, Billy Joy Ribeiro.

O processo de formação da furna começou há mais de 400 milhões de anos atrás, quando a região sul do Brasil era fundo de mar. Após muitas mudanças geológicas, o solo cedeu e o Rio Quebra Pedra deu origem à queda-d’água de 30 metros que encanta os turistas.

A furna principal do Parque Buraco do Padre e a queda do Rio Quebra Pedra. Créditos: Alanna Della Possa.

Na Amazônia, um cemitério de homens e de máquinas que desafia o tempo, o abandono e os saqueadores

No histórico Cemitério da Candelária estão sepultados milhares de trabalhadores que perderam a vida construindo a lendária Ferrovia do Diabo.

Por Rubens Coutinho

Locomotiva abandonada em frente ao Cemitério da Candelária. Créditos: Rubens Coutinho.

Na região central de Porto Velho, capital de Rondônia, existe um local onde está preservada, mesmo que precariamente, a história de uma epopeia no meio da outrora exuberante selva amazônica.

Trata-se de uma parte do patrimônio histórico da “Estrada de Ferro MadeiraMamoré” (EFMM), concluída em 1912. No local, também está preservada a memória dos milhares de trabalhadores que perderam a vida na obra que é

considerada pelos historiadores como um dos maiores desafios da engenharia ferroviária no Brasil.

Frente a frente, coexistem dois cemitérios: um de homens, outro de máquinas. A separá-los, uma pequena estradinha de terra, cercada de mata nativa, quase margeando o rio Madeira, um dos afluentes do Amazonas.

No Cemitério da Candelária, descansam trabalhadores recrutados no mundo todo. A maioria morreu de doenças endêmicas da região. E no Cemitério das Locomotivas, estão as máquinas e equipamentos que ficaram pelo caminho quando, em 1972, a administração militar da Madeira-Mamoré fez uma cerimônia de adeus no pátio da ferrovia. Todas as locomotivas que ainda podiam rodar foram reunidas no centro de Porto Velho e soaram o seu último apito.

A professora de História, Rita Clara Vieira da Silva, formada pela Universidade Federal de Rondônia, faz parte de um grupo de historiadores que defende a preservação dos dois cemitérios e comenta sobre o fim da ferrovia. “A desativação das estradas de ferro no Brasil deu seus primeiros passos durante o Governo de Juscelino Kubitschek, que começou a construir as grandes rodovias. Décadas depois, nosso papel é de preservação da nossa ferrovia, ou do que restou dela”, diz a historiadora.

Ainda, segundo a historiadora, quem desativou a Madeira-Mamoré foi o governo da ditadura militar. “Na medida em que os militares iam asfaltando as rodovias, acharam desnecessário manter a EFMM. Alegaram que era caro mantêla”. Atualmente, apesar dos esforços de pessoas como Silva, os dois patrimônios sofrem dilapidação. Trilhos, dormentes, partes dos equipamentos e até as sepulturas dos trabalhadores sofrem constantes saques.

Um dos poucos túmulos preservados no Cemitério da Candelária. Créditos: Rubens Coutinho.

Grupo de alunos de cursinhos visitam a área dos cemitérios da Candelária e das Locomotivas. Créditos: Rubens Coutinho.

Serestas e serenatas: o romantismo das noites sanroquenses

Grupo de choro de São Roque (SP) resgata sucessos românticos e é acompanhado por centenas de moradores e turistas ao longo do ano.

Por Lais Leme Alves

Grupo de Choro “Seresta e Serenata” alegra as ruas são-roquenses na última sexta-feira de cada mês. Créditos: Lais Alves.

Criado há oito anos, o grupo de choro “Seresta e Serenata” reúne sempre na última sexta-feira do mês, dezenas de músicos que seguem cantando pelas ruas da cidade rumo ao coreto da Praça da República. No embalo de violão, bandolim, cavaquinho, percussão, e curiosos se juntam ao longo do caminho nas quase duas horas de espetáculo que acontece sob à luz do luar, como manda a tradição.

“Vem gente de Cotia, de Ibiúna, Mairinque e até de Santos”, conta José

Carlos Dias Bastos, ou simplesmente Zé do Nino, conhecido por ser a representação das memórias e das tradições são-roquenses (São Roque em São Paulo).

No repertório do grupo, estão clássicos da música brasileira, como Vinícius de Moraes, Lupicínio Rodrigues, Pixinguinha, Cartola, Noel Rosa, Jacob do Bandolim e Chico Buarque.

“Tristeza, por favor, vá embora. Quero voltar aquela vida de alegria, quero de novo cantar”, canta Zé do Nino, em referência à música de Beth Carvalho - que também compõe o repertório do grupo. “Logo estaremos juntos novamente”, finaliza ele.

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