Formula 1 2010 - Anuário

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2009/2010 38º Ano de Publicação Francisco Santos Iván Vicario Martín


Índice Diário| Francisco Santos In Memorium| Francisco Santos Análise Técnica| Paolo d’Alessio Análise Desportiva| Francisco Santos

16 36 46 56

1 Austrália| Iván Vicario Martín 64 2 Malásia| Iván Vicario Martín

80

3 China| Iván Vicario Martín

96

4 Bahrain| Iván Vicario Martín 112 5 Espanha| Iván Vicario Martín 128 6 Mónaco| Iván Vicario Martín 144 7 Turquia| Iván Vicario Martín 160 8 Grã-Bretanha| Iván Martín 176 9 Alemanha| Iván Martín 192 10 Hungria| Iván Vicario Martín 208 11 Europa| Iván Vicario Martín 224

13 Itália| Iván Vicario Martín

256

14 Singapura| Iván Martín

272

Fotos: Photo 4

12 Bélgica| Iván Vicario Martín 240

Ficha Técnica

15 Japão| Iván Vicario Martín

288

16 Brasil| Iván Vicario Martín

304

17 Abu Dhabi| Iván Martín 320 Temporada dos Pilotos Evolução da Classificação e Pontuação Estatísticas dos Pilotos Equipas 2010| Iván Vicario Martín Testes 2010| Iván Vicario Martín Alonso| Iván Vicario Martín Os autores

338 339 340 348 364 390 398

Editor: Francisco Santos franciscosantos@fseventos.pt Colaboradores: Iván Vicario Martín ivicario@queralt.com Paolo d’Alessio Gabriel Pandini Traduções: Iván Vicario Martín e Pedro Castelo Fotografia: Photo 4,Lukas Gorys e Marcas Ilustrações: Paolo d’Alessio Estatísticas e revisão: Zulmira Teimão

Paginação: Carla Figueiredo Capa e recolha de imagens: José Manuel Monteiro Santos Informática: Frederico Nascimento Vídeos: Mercedes Benz © 2010 – Francisco Santos Eventos, Unipessoal Lda R. das Acácias, 140, 1º 2750-602 Cascais – Portugal Tel./Fax: +351 484 4535 geral@fseventos.pt loja@fseventos.pt



Editorial Por Francisco Santos Para servir de exemplo. Espera-se… Claro que não dá para começar o editorial com o mesmo “papo furado” de que 2009 foi o ano mais emocionante, mais isto ou aquilo da história da Fórmula 1. Agora, meus caros e fieis leitores, não dá para deixar de afirmar sem a menor réstia de dúvida que foi um dos mais estranhos da minha vida de jornalista ligada ao automobilismo, desde 1963. Estranho, por um lado, e, em outros aspectos, interessante. Bem, estranho porque estou a dosear o meu palavreado. Deveria antes usar o termo sem-vergonha, ou desonesto, pelo menos no campo desportivo, se é que há desonestidade apenas desportiva. É a tal estória do “estou um pouquinho grávida…”. Não se é um pouco desonesto porque apenas se foi no esporte. É-se desonesto, ponto final! Em termos absolutos. Ultrapassados os padrões de honestidade E, em 2009 vimos muito espécimen do “circo da F1” ultrapassar até mesmo os nebulosos e baixos patamares ou padrões de honestidade deste meio. Nem valeria a pena apontar, mas tenho mesmo de os elencar: - O caso “Lie Gate”, da McLaren e Hamilton, que mais parecia coisa de crianças mal-educadas. As múltiplas e repetidas ideias de Max Mosley neste seu último e tenebroso ano à frente da FIA, deturpando em grande parte os objetivos da entidade, a essência do esporte/show/negócio, usando e manobrando pessoas e acontecimentos em prol de interesses – dele e de sua troupe – ou de vinganças pessoais, num lamentável espetáculo no seio de uma entidade que congrega 133 países e territórios. - Voltando aos atores da F1, a novela do “Crash Gate” de Nelsinho Piquet, em Singapura 2008, com um primeiro episódio triste para o esporte e para a F1 em geral, para o automobilismo brasileiro por ter um de seus ídolos como ator principal; um segundo episódio – um ano depois – ridículo, com Mosley de novo como protagonista no palco de uma FIA desvirtuada; e, um terceiro episódio – da anulação da condenação de Flavio Briatore, um histórico da F1 cuja saída pela porta dos fundos foi triste – trouxe-nos, essa sim, alguma alegria quanto mais não fosse por confirmar que “a vingança se serve fria…”. - Depois, para encerrarmos a temporada, a campanha eleitoral de Jean Todt para a Presidência da FIA que, penso, terá sido tudo menos equitativa em relação ao seu opositor Ari Vatanen, alegadamente utilizando-se da máquina da entidade. Este o lado feio de 2009, foi muito semelhante ao que JeanMarie Baslestre nos fez viver na Guerra com a FOCA em 1979/80 e com a Lotus com a proibição do seu genial modelo 88 de duplo chassis. A crise económica e a F1 Claro que a crise económica mundial teve efeitos na Fórmula 1. Perversos porque grande empresas como a Honda, Toyota, BMW e muitos patrocinadores tiveram mesmo de abandonar o barco pois não daria para justificar como iriam investir mais milhões

ao mesmo tempo que estavam a despedir trabalhadores ou a congelar projetos politicamente e ambientalmente mais corretos. No caso da Toyota foi uma lamentável demonstração de incompetência e inabilidade vinda do maior fabricante mundial. Só gostaria de saber por que insistiram tantos anos com a operação F1 se o seu coração nunca, mesmo nunca esteve ali. Como explicam agora os mais de 600 postos de trabalho redundantes? E as respectivas indemnizações em volta de €40 Milhões? O “crash” de 2008 também teve efeitos positivos na F1. Finalmente todos terão acordado – será? – para o gigantismo idiota de todas as equipes, sem exceção. De uma Ferrari ou Toyota com mais de 700 funcionários ou uma McLaren com mais de 600 até uma Toro Rosso com mais de 300, é tudo uma loucura. A ideia de Max Mosley de um limite de custos anuais até era excelente. Não faz sentido uma equipe gastar 400 ou 500 milhões de euros. Com que finalidade? Para cada um ganhar mais uma décima de segundo por volta? Depois o outro supera isso e nós temos de gastar ainda mais. É uma bola de neve e um círculo vicioso sem sentido. Por dois motivos. Primeiro porque com inteligência, astúcia e uma boa dose de genialidade de dinâmica de fluídos, Ross Brawn e os seus rapazes mostraram que, com um budget pequeno é possível inovar e ser superior, até certo ponto, claro. Depois, porque ao Senhor Silva que está na arquibancada ou mais provavelmente em casa (a importância das audiências de TV é cada vez maior porque o número de telespectadores é incomensuravelmente maior ao das assistências das corridas), é indiferente se o tempo por volta é 1m 39,301s ou cinco ou seis décimas de segundo superior. O que importa para o show Não é, necessariamente, esse diferencial o mais importante para o espetáculo. Para este, o importante são as ultrapassagens e os diferenciais de performance e tempos entre os conjuntos carros/pilotos. Isso, sim é o mais importante. E foi o que em 2009 proporcionou um bom espetáculo, pois desde 2006 o diferencial entre o carro mais rápido e o mais lento foi reduzido para um terço! E, sejamos francos, tudo girará sempre em volta do espetáculo. Até sob um ponto de vista mais purista, como o meu, isso também é importante para os próprios pilotos pois quanto mais performante for o carro mais emoção a sua pilotagem proporcionará. No entanto, repito, esse diferencial não é nem de longe tão perceptível pelo público como para o piloto. E, agora, foquemos um aspecto crucial, de princípio da Fórmula 1: será que cada equipe tem de conceber e fabricar o seus próprios carros? Uma corrida entre protótipos dará mais show e terá mais valor desportivo que uma prova entre grupos de carros fabricados para duas ou três equipes? Ou seja, para quê o desperdício de talentos e, sobretudo, de recursos materiais e humanos, e económico-financeiros ao obrigar cada equipe a ser fabricante dos seus carros? Tem sentido a proibição de equipes satélites ou clientes, reduzindo o número de protótipos


enquanto se aumenta a quantidade de unidades produzidas com o consequente e enorme abaixamento de custos? O exemplo norte-americano As corridas da IndyCar Series são menos espetaculares só porque todos os carros dos seus grids são concebidos por apenas duas ou três marcas, e há um motor igual para todos? Será que os carros andam o mesmo? Claro que não, pois as equipes têm alguma liberdade para dar os seus “toques”, personalizando seus carros. Essa é uma velha discussão do automobilismo: é preciso muita sofisticação de engenharia mecânica e eletrónica para que uma categoria de automobilismo seja mais atraente? O nosso Senhor Silva dá alguma importância se todas as equipes nessa corrida gastam absurdos de dinheiro? Não. Até pode ficar chateado, numa fase de contenção de custos, quando ele ou algum amigo está desempregado. Qual é a categoria de automobilismo de pista mais popular em todo o mundo? A NASCAR, claro. E, seus carros são altamente sofisticados? Longe disso! Grande parte dos seus componentes são de série. Nem rodas de raras ligas de metais leves e rígidos têm. São de ferro mesmo! E, Mr. Smith – um dos muitos milhões que lota as arquibancadas das suas muitas corridas –, importase com isso, liga alguma a essa falta de sofisticação? Nada. O que ele adora e o leva às ovais norte-americanas é ver carros andando colados, trocando de posição várias vezes. Isso é que importa. O resto é desperdício. Esperemos que a F1 tenha aprendido a lição nesta crise. Pelo menos é o que esperam as centenas de técnicos altamente especializados que a F1 deixou no desemprego nos últimos meses. Por outro lado, desconfiamos que não, porque há muito “boa” gente na F1, na FIA, na FOTA, na FOM, que nem ligou à crise… Uma nova era da F1? Este está a ser um editorial muito diferente dos habituais. Estou a abrir-me convosco, sem entrar em grandes detalhes técnicos. Apenas usando um pouco do bom-senso e aplicando o modo como aprendi a ver a modalidade – ao longo de 47 anos de jornalismo. O ano passado teve, por outro lado, alguns aspectos agradáveis: - A inusitada competitividade dos Brawn que três semanas antes do primeiro GP ainda não existiam como equipe, abandonada que foi pela Honda; o ressurgimento de um herói britânico – Jenson Button como novo e precocemente previsto Campeão Mundial; a confirmação da genialidade de Adrian Newey ao tornar o seu Red Bull o carro dominador no final da temporada; os bons resultados da pequena Force India; a assinatura e um novo Acordo Concorde; a possibilidade de termos mais equipes nos grid; e, sobretudo, a pujança que a F1 mostrou nos quatro testes pré-temporada. Será que vamos mesmo ter uma nova era da F1, como Luca de Montezemolo prevê que tenhamos? Os sinais estão aí para dirigentes, equipes, patrocinadores e todos os agentes os seguirem.

Basta bom senso e determinação. Um novo conceito Desde 1972 que escrevo e edito este anuário. Muitos de vós são colecionadores deste meu livro a que dedico muito do meu tempo há tantos anos. Esta crise impede-me de continuar a editá-lo da forma tradicional, em papel. Para mim foi um drama pensar que iria acabar com este anuário. Por mim e, sobretudo, pelos muitos leitores fieis que tenho há muitos anos. Infelizmente só muito tardiamente, já em meados de Janeiro de 2010, pude decidir-me – com o vosso apoio – a optar por um novo conceito – o de e.book. Este é, felizmente, um exemplo como uma dificuldade se transforma numa oportunidade. Foi a crise que me empurrou para esta solução digital. Se o prazo curto me roubou tempo para alguns requintes gráficos e editoriais de anos anteriores, pelo menos consegui oferecervos um conteúdo mais rico em fotos e cerca de 70% maior. O importante, creio, é que conseguimos prosseguir com a tradição e abrir portas para que, no final da temporada que agora começa, os fieis seguidores desta obra possam ter um e.book verdadeiramente interactivo com um conteúdo muito mais rico em imagens, algumas mesmo em vídeo, se conseguir atrair as marcas para tal, uma vez que os direitos de vídeo da FOM são impenetráveis e insustentáveis. “A tradição já não é o que era”. Felizmente… Quem somos nós Por último quero elogiar o trabalho sério e dedicado do meu jovem colega jornalista espanhol Iván Vicario Martín que com sacrifício conseguiu corresponder ao curto prazo e escrever todos os seus textos. Parabéns para ele e para todos os demais colaboradores. Só mais uma palavra sobre a nossa equipe: este ano julguei importante trazer para este livro de referência e consulta futura a visão de um adolescente. A automobilismo é uma das atividades cujo público precisa ser renovado. Por isso, o paulistano Gabriel Pandini, filho de excelente jornalista, traz-nos os seus comentários sobre pilotos de 2009 e as suas previsões sobre os de 2010. Vai ser refrescante e vai surpreender, creio que pela positiva. Também pela primeira vez trazemos a biografia de todos que fizeram este anuário. Interatividade – vídeos, um começo Mas, mais importante, é outra inovação para este título: interactividade dando os seus primeiros passos que na edição seguinte irá ser ainda mais desenvolvida – vídeos. Bastará clicar nas respectivas janelas nas páginas para ver algumas imagens seja no formato dessa janela, seja em “full screen”. Desfrutem deste nosso trabalho, agora disponível em outra forma. Mais completa. Mais acessível por mais gente de modo mais fácil e rapidamente.


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ValĂŞncia

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Dedicado a Felipe. Barrichello conseguiu uma fantástica vitória na frente de Hamilton e Räikkönen. Triunfo, claro, dedicado ao seu compatriota Felipe Massa.


Fotos: Direitosd reservados

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ubens Barrichello alcançou sua primeira vitória do ano, encurtando a diferença no campeonato para seu companheiro Button, que só pode ser sétimo. Conseguiu-o graças à fantástica estratégia montada na sua box, que lhe permitiu passar um Hamilton num McLaren que voltou a demonstrar estar de volta e para ficar, competitivo. Também a Ferrari mostrou estar de volta já que Räikkönen subiu ao pódio pela segundas vez consecutiva na frente de um Kovalainen que não soube aproveitar a vantagem de largar da primeira fila. Além disso, a Renault pode, afinal, participar com Fernando Alonso em sexto diante do seu público, acompanhado do estreante franco-suíço Grosjean que substituiu o despedido Piquet. Depois das especulações sobre o regresso de M. Schumacher , finalmente foi o piloto de testes da Ferrari, Luca Badoer encarregado de substituir Massa, o que fez da pior forma.

Na página dupla anterior, Barrichello solta toda a emoção da vitória. Topo, o impressionante porto de Valência. Na página à direita, duas cenas na ponte já tradicional: em baixo, Hamilton e Kovalainen, que ocupariam a primeira fila do grid. Em cima, Webber.

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A Renault salva-se

A FIA decidiu ouvir o apelo da Renault e finalmente a equipe francesa – e com ela Alonso – puderam correr em Valência. A corrida de suspensão foi comutada por uma multa de US$ 50.000 (€ 35.700), mais as custas do processo (US$ 6.000 – € 4.300).

Novo capacete

Demonstrando mais uma vez a sua sensibilidade, Rubinho Barrichello introduziu no design do seu capacete uma imagem de Massa, como homenagem a seu compatriota, que veria a corrida em sua casa no Brasil.

Piquet despedido

1997: FIA GT. 1999: F1: Minardi. Piloto testes Ferrari. Total: 48 GPs. 2009: F1: Ferrari.

Depois de não pontuar o ano todo, Nelson Piquet Jr. foi despedido por Flavio Briatore depois da corrida da Hungria. Quase de imediato, o brasileiro denunciou à FIA que a Renault o mandara ter o acidente em Singapura, em 2008, dando início ao “Crash Gate”. Romain Grosjean 17.04.1986, Genève, Suíça. Luca Badoer 2003: F. Renault 1600: Suíça. 25.01.1971, Montebelluna, Italia. 2004: F. Renault 1600: França. 1985: Kart: Camp. Italia 2005: F3: Macau. 1990: F3. 2006: F3 Euroseries: 3º. 1992: F3000: FIA, 1º. 2007: F3 Euroseries: 1º. 1993: F1: Lola Ferrari. 2008: GP2: Asia: 1º. 1995: F1: Minardi. 2007: F3: Euroseries: 1º. 1996: F1: Forti.


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No final, sem novidades

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GP da Europa veio precedido de uma inusitada expectativa. Com Massa fora para o resto da temporada, a Ferrari anunciou que, depois de um testes, M. Schumacher seria o encarregado de substituir o brasileiro até o fim do ano. Imediatamente o ritmo de vendas de bilhetes disparou. O “Kaiser” fez um teste em Fiorano, rolando com um F2007 com pneus de sulcos, de forma a que a equipe não obtivesse informações técnicas e não violasse o regulamento que proíbe os testes. O alemão ressentiu-se da lesão no pescoço que sofreu de moto em Jerez, pelo que o eterno piloto de testes da Ferrari, Luca Badoer foi o eleito. Além disso, a FIA permitiu que a Renault corresse. Uns dias antes, a equipe havia despedido Nelsinho Piquet devido ao seu fraco rendimento, substituindo-o pelo seu piloto reserva Romain Grosjean. Flavio Briatore nem sonhava as devastadoras consequências que esse despedimento teria… McLaren manda O circuito de Valência corrigira os erros do seu primeiro ano e esperava que não surgissem problemas. Tanto Rubinho como ambos McLaren começaram a marcar território logo nos primeiros treinos livres, embora Alonso tenha terminado no topo da

tabela dos tempos. É curioso como Fernando se motiva diante do seu público, tendo sempre performances notáveis nas corridas caseiras, algo cada vez menos frequente na F1. Talvez só Felipe Massa se motive da mesma forma ante a torcida brasileira. No caso do espanhol, contou com o olho clínico de Briatore, que não teve dúvidas em carregar o carro do espanhol com pouca gasolina para sair nos jornais. No entanto, a qualificação era outra história. E aí viram-se táticas das que realmente funcionam – as de Ross Brawn. Com a ameaça dos McLaren com KERS, os carros brancos estavam diante de um sério dilema: queriam qualificar-se com mais gasolina que os McLaren, que, de todas as formas os passariam graças ao KERS, mas com menos combustível que os Red Bull, para sair à frente deles. Ou seja, queriam qualificar-se entre os McLaren e os Red Bull. Ross, como sempre, acertou. Barrichello foi terceiro, atrás de Hamilton e Kovalainen, na frente de Vettel. Rubens havia chegado a Valência hipermotivado pois queria dedicar o triunfo a Felipe porque, no fundo, não podia deixar de sentir-se culpado do acidente da Hungria. Foi um caso de azar, mas a peça desprendeu-se do seu carro e isso estava martirizando-o. Lutaria por uma vitória até à morte para a dedicar ao seu amigo.

Q1 1.38,649 1.38,816 1.39,019 1.39,295 1.38,531 1.38,843 1.39,039 1.39,155 1.38,983 1.38,806 1.39,032 1.39,145 1.39,459 1.39,322 1.38,912 1.39,531 1.39,795 1.39,807 1.39,925 1.41,413

Q2 1.38,182 1.38,230 1.38,076 1.38,273 1.38,601 1.38,782 1.38,346 1.38,717 1.38,625 1.38,747 1.38,826 1.38,846 1.38,991 1.39,040 1.39,514 – – – – –

Q3 Vlts 1.39,498 15 1.39,532 26 1.39,563 21 1.39,789 21 1.39,821 22 1.40,144 25 1.40,185 25 1.40,236 21 1.40,239 21 1.40,512 23 – 17 – 18 – 15 – 16 – 17 – 11 – 8 – 10 – 10 – 13

14ª pole de Hamilton, 1ª em 2009 58ª primeira fila McLaren, 1ª em 2009 1ª pole de Hamilton e da McLaren desde China 2008 1ª vez: cinco equipes diferentes com pilotos eliminados na Q1 1ª vez: primeira fila do grid com dois carros com KERS. 3 motores Mercedes com os 3 melhores tempos 17 anos de Rubens Barrichello na F1

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Nº Piloto Equipe 1 Lewis Hamilton McLaren MP4-24/Mercedes V8 2 Heikki Kovalainen McLaren MP4-24/Mercedes V8 23 Rubens Barrichello BrawnBGP001/Mercedes V8 15 Sebastian Vettel Red Bull RB5/Renault V8 22 Jenson Button BrawnBGP001/Mercedes V8 4 Kimi Räikkönen Ferrari F60/Ferrari V8 16 Nico Rosberg Williams FW31/Toyota V8 7 Fernando Alonso Renault R29/ Renault V8 14 Mark Webber Red Bull RB5/Renault V8 5 Robert Kubica BMW F1.09/ BMW V8 6 Nick Heidfeld BMW F1.09/ BMW V8 20 Adrian Sutil Force India VJM02/Mercedes V8 10 Timo Glock Toyota TF109/Toyota V8 8 Romain Grosjean Renault R29/ Renault V8 12 Sebastien Buemi Toro Rosso STR4/Ferrari V8 21 Giancarlo Fisichella Force India VJM02/Mercedes V8 17 Kazuki Nakajima Williams FW31/Toyota V8 9 Jarno Trulli Toyota TF109/Toyota V8 11 Jaime Alguersuari Toro Rosso STR4/Ferrari V8 3 Luca Badoer Ferrari F60/Ferrari V8

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Qualificação Pos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

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Na foto acima, à esquerda, o inegualável estilo do edifício dos armazéns do porto, adaptado para as boxes da F1. Abaixo, imagem única, com a praia ao fundo. Página à direita: Em cima, os dois Force India na rápida primeira curva onde se passa a mais de 200 km/h. Em baixo, a pista serpenteia pelo porto da Copa América de Vela.

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Esquerda: A cantora espanhola Raquel del Rosario, mulher de Fernando Alonso. Topo: Os assessores de luxo de Badoer – M. Schumacher e Ecclestone. Acima: O capacete de Barrichello com mensagem para Massa. Direita: A comemoração de Runinho de da Brawn. Abaixo: Um Williams na reta de chegada, com os painéis de informação do muro de boxes. No extremo direito: Os muitos encantos de Valência. Na dupla anterior: Este ano, sim, o porto contou com numerosos iates dando glamour ao GP, como em Monaco.

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Acima: Kubica conseguiu um solitário ponto. Atrás, Adrian Sutil. O público acudiu em massa ao circuito. Esquerda: Vettel teve de abandonar com motor quebrado. 187


Corrida

Gostaria que este momento durasse para sempre. Rubens Barrichello

Esta foi para os Barrichellos, para os Silvios, para os Giaffones, para todos os que me ajudaram desde o kart, desde a F.Ford, desde a F. Opel… Rubens Barrichello

Chegou a hora de Rubinho

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Guerra das boxes Hamilton parou à 16ª volta e Kovalainen à 17ª. Era a hora de Rubinho. Começou a rolar em tempos com que os McLaren nem poderiam sonhar. De repente, fez recordar o Rubens que, em grandes tardes, levava até Michael “às cordas”. Cheio de confiança, tanto nas suas possibilidades quanto nas do carro, teve de imediato a certeza de que tudo iria sair bem. Depois da parada nas boxes já se havia desembaraçado de Heikki, e tinha Hamilton a apenas 3,5 segundos, ainda que, segundo os tempos dos reabastecimentos, parasse umas cinco voltas antes dele. Um mundo. Como se apercebeu que seguia Lewis com facilidade começou a poupar gasolina – algo que o piloto McLaren também fez, o que o levou a perder a corrida…

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ubens tinha pela frente em Valência uma dessas corridas em que sabia que podia ganhar. Arrancava com quatro voltas a mais de combustível que Hamilton e três a mais que Kovalainen. Tudo consistia em aguentar os carros prateados na largada e logo colar-se aos seus ailerons. Ao longo do fim-desemana, o seu BGP001 tinha estado perfeito e fosse em zonas rápidas ou nas lentas sempre encontrava aderência. Não podia ser de outra maneira, com o calor que se sentia no circuito. Button, a outra grande ameaça junto com os McLaren, arrancava incompreensivelmente em quinto, e com Räikkönen e o seu KERS atrás. Não, esta vez o pessoal da box não poderia fazer nada que o prejudicasse. Era o momento de conquistar a vitória que lhe vinha resistindo o ano todo. Rubinho cumpriu a primeira parte, na largada, ao colar-se ao aileron de Heikki. Mas, não iria ser fácil. Lewis, em primeiro, começou a abrir vantagem. Pequena. Mas, preocupante. Rubinho tratou de manter-se sereno: não estragaria a corrida com uma manobra impossível.

Brinde Por que será que algumas coisas jamais acontecem às equipes de Ross Brawn? Hamilton poupou uma volta completa de gasolina ao longo do seu stint, mas, num erro imperdoável, o seu engenheiro só lhe comunicou quando ele entrava pelo pitlane O resultado foi dramático: os mecânicos tinham as rodas dentro da box e tiveram de entrar para os buscar, pelo que não estavam preparados para a parada de Lewis. Rubens sorriu por debaixo do capacete. E, Massa, no Brasil. Apenas três voltas depois, Rubinho entrou na box – antecipando a sua segunda parada – para evitar perder a corrida por uma inoportuna entrada do Safety Car. Assim, defendeu a sua posição. Barrichello havia conseguido. Foi como uma vingança pessoal contra tanta injustiça e azar. Tinha demonstrado – se é que restava alguma dúvida – que ainda tinha o necessário para ganhar neste mal-agradecido esporte. 10ª vitória de R. Barrichello, 1ª em 2009 1ª vitória de Barrichello em cinco anos 7ª vitória Brawn 1 abandono apenas, por causa mecânica.

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Acima; Hamilton e Barrichello no fim da corrida. À direita, Haidfeld, Kubica e Sutil. Na página ao lado: em cima, Räikkönen na segunda curva, depois de ganhar duas posições na largada; em baixo, Timo Glock e Buemi, com o piloto Toyota a marcar a melhor volta.


Telefonica Grand Prix of Europe Estava com os dedos, para que Rubens pudesse manter o domínio brasileiro em Valência Felipe Massa

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Dupla quebra

Sebastian Vettel teve um fim-desemana para esquecer, quebrando um motor no sábado nos treinos livres e outro na corrida. Assim só lhe restavam dois propulsores até o fim do ano.

O recorde de Barrichello

Uma vez que é o piloto com mais GPs disputados, Rubens conseguiu o feito de ser o piloto a vencer o GP mais elevado na ordem da sua carreira: este era a sua 279ª participação, batendo M. Schumacher que ganhou o seu 246º GP, na China, em 2006.

Para esquecer

Luca Badoer viveu em Valência um autêntico inferno. Largou em último, cometeu vários erros, foi ultrapassado aos sair das boxes e terminou em … último. Seu sonho de pilotar uma Ferrari num GP converteu-se num pesadelo.

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Sem pontos

Sutil passa sem problemas. A seu lado, Buemi bate no Toyota de Glock furando-lhe um pneu. Atrás, o clássico engarrafamento dos circuitos urbanos. Abaixo, Button e Alonso circulam em paralelo, com o Red Bull de Webber atrás.

Pela primeira vez desde a corrida da Austrália, nenhum dos Red Bull pontuou, já que ao abandono de Vettel se somou a 9ª posição de Webber. Ambos foram passados por Barrichello na classificação no campeonato.

Button: único a pontuar sempre

Button passou a ser o único piloto a pontuar em todos os GPs até agora, em 2009.

P ontuação Pilotos 72 Jenson Button 54 Rubens Barrichello 51,5 Mark Webber 47 Sebastien Vettel 29,5 Nico Rosberg 27 Lewis Hamilton 22,5 Jarno Trulli 24 Kimi Räikkönen 22 Felipe Massa 16 Timo Glock 16 Fernando Alonso 14 Heikki Kovalainen 6 Nick Heidfeld 3 Sebastien Buemi 3 Robert Kubica 2 Sebastien Boubais Construtores 126 Brawn 98,5 Red Bull 46 Ferrari 41 McLaren 38 Toyota 29,5 Williams 16 Renault 9 BMW 5 Toro Rosso

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Data: 23.08.2009 Distância: 57 voltas de 5.419m – 308,883 km Treinaram: 20 Largaram: 20 Classificados: 18 Récorde da volta nos treinos: F. Massa (Ferrari

Grid 1 – L. Hamilton 1.39,498

1 23 – R. Barrichello 1.39,563

3 22 – J. Button 1.39,821

5 16 – N. Rosberg 1.40,185

7 14 – M. Webber 1.40,239

9 6 – N. Heidfeld 1.38,826

2 15 – S. Vettel 1.39,789

4

7 – F. Alonso 1.40,236

8 5 – R. Kubica 1.40,512

17 11 – J. Alguersuari 1.39,925

19

Ponto Crítico

Ponto Crítico Ultrapassagem Direita apertada depois de uma longa recta – usando o vácuo do adversário pode-se travar tarde para ultrapassar.

Ponto Crítico Ultrapassagem Travando tarde para esta direita a 90º pode-se tentar passar por dentro.

10

12

17 – K. Nakajima 1.39,795

Pontos críticos

6

10 – T. Glock 1.38,991

15

Mudança/Força lateral “G” Velocidade Escapatória de gravilha/asfalto

4 – K. Räikkönen 1.40,144

11

12 – S. Buemi 1.39,514

Novo récorde da volta na corrida: T. Glock (Toyota TF109/Toyota V8) 1m38,683s; 197,687 km/h – 2009 Média do vencedor: 193,983 km/h

2 – H. Kovalainen 1.39,532

20 – A. Sutil 1.38,846

13

F2008) 1m38,989s; 197,840 km/h – 2008. Récorde anterior da volta na corrida: F. Massa (Ferrari F2008) 1m38,708s; 197,637 km/h – 2008.

Crítico Levando todo o balanço possível desta curva até à zona seguinte de aceleração máxima é a chave para um bom tempo.

Valência proporciona um evento espectacular por ser um dos novos circuitos do calendário de 2008. É um desafio para os pilotos terem os espectadores tão perto da pista. - Bernd Mayländer

8 – R. Grosjean 1.39,040

14 21 – G. Fisichella 1.39,531

16 9 – G. Fisichella 1.39,807

18 3 – L. Badoer 1.41,413

20 Diferença entre o pole e o último: 0,790s Diferença em 2008: 1,915s Pole de 2008: F. Massa (Ferrari F2008/Ferrari V8) – 1m38,989s

CLASSIFICAÇÕES

Acidente

Falha mecânica

Pit Stop

Nº MELHOR CL. Nº PILOTO CHASSIS/MOTOR VOLTAS VOLTA 1 23 Rubens Barrichello Brawn BGP001/Mercedes V8 57 (39ª) 1.38,990 2 1 Lewis Hamilton McLaren MP4-24/Mercedes V8 57 (57ª) 1.39,056 3 4 Kimi Räikkönen Ferrari F60/Ferrari V8 57 (39ª) 1.39,207 4 2 Heikki Kovalainen McLaren MP4-24/Mercedes V8 57 (56ª) 1.39,341 5 16 Nico Rosberg Williams FW31/Toyota V8 57 (52ª) 1.39,329 6 7 Fernando Alonso Renault R29/ Renault V8 57 (46ª) 1.39,494 7 22 Jenson Button Brawn BGP001/Mercedes V8 57 (46ª) 1.38,874 8 5 Robert Kubica BMW F1.09/ BMW V8 57 (55ª) 1.39,374 9 14 Mark Webber Red Bull RB5/Renault V8 57 (50ª) 1.39,528 10 20 Adrian Sutil Force India VJM02/Mercedes V8 57 (36ª) 1.39,622 11 6 Nick Heidfeld BMW F1.09/ BMW V8 57 (53ª) 1.39,704 12 21 Giancarlo Fisichella Force India VJM02/Mercedes V8 57 (53ª) 1.40,111 13 9 Jarno Trulli Toyota TF109/Toyota V8 57 (52ª) 1.39,941 14 10 Timo Glock Toyota TF109/Toyota V8 57 (55ª) 1.38,683 15 8 Romain Grosjean Renault R29/ Renault V8 57 (41ª) 1.39,428 16 11 Jaime Alguersuari Toro Rosso STR4/Ferrari V8 56 (29ª) 1.40,935 17 3 Luca Badoer Ferrari F60/Ferrari V8 56 (52ª) 1.40,590 18 17 Kazuki Nakajima Williams FW31/Toyota V8 53 (53ª) 1.39,747 Ret 12 Sebastien Buemi Toro Rosso STR4/Ferrari V8 41 (37ª) 1.41,042 Ret 15 Sebastian Vettel Red Bull RB5/Renault V8 23 (13ª) 1.39,992

Safety-car

Voltas

Bandeira Negra

TEMPO FINAL DIFERENÇA/CAUSA 1h35m51,289s a 2,358s a 15,994s a 20,032s a 20,870s a 27,744s a 34,913s a 36,667s a 44,910s a 47,935s a 48,822s a 1m03,614s a 1m04,527s a 1m26,519s a 1m31,774s a 1 volta a 1 volta Retirou-se Freios Motor

Rodada

Condições Atmosféricas

Sábado: Qualificação. Seco Ar: 30º. Pista: 41º. Domingo: Seco Ar: 29º. Pista: 43º.

Melhor Pit Stop Force India/Ferrari Sutil 18,664s

Velocidades de Ponta (Km/h) Maior: Sutil – 313,5 Menor: Webber – 303,7

191



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