FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia
2009
FUNConservation Projecto IGREJA MARIZ DE LORDOSA
RELATÓRIO FINAL DA INTERVENÇÃO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO PATRIMÓNIO INTEGRADO DA IGREJA MATRIZ DE LORDOSA (VISEU)
FUNConservation 1
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Rua da Fonte 28A 2300-024 Junceira – Tomar Tel. 931134684/967544224 Email: funconservation@gmail.com NIF.508528097
FUNCONSERVATION LDª WWW.FUNCONSERVATION.COM RELATÓRIO FINAL DA INTERVENÇÃO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO PATRIMÓNIO INTEGRADO DA IGREJA MATRIZ DE LORDOSA (VISEU)
COODENADOR/DIRECTOR DO PROJECTO DR. CLÁUDIO MONTEIRO Coordenador do projecto
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ÍNDICE
Agradecimentos: ........................................................................................................................................... 8 Introdução ..................................................................................................................................................... 8 1.
Identificação histórica, ambiental, artística e técnica.............................................................................. 8 Identificação histórica e artística ................................................................................................................ 8 Analise preliminar climática-ambiental ...................................................................................................... 9 Identificação Preliminar técnica dos elementos intervencionados ............................................................ 10
2. Quadro Sumário de correspondência dos trabalhos desenvolvidos ao acordo com o caderno de encargos e proposta apresentada ................................................................................................................ 11 3.
Metodologia e intervenção técnica de conservação e restauro dos elementos..................................... 12 3.1 Conservação e Restauro do tecto da nave da Igreja Matriz de Lordosa ............................................... 12 Limpeza mecânica: ............................................................................................................................... 12 Remoção de repintes: .......................................................................................................................... 12 Revisão de estruturas:.......................................................................................................................... 12 Revisão das tábuas de forro (suporte da pintura) ................................................................................. 13 Desoxidação do elementos metálicos:.................................................................................................. 13 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 14 Reintegração cromática: ...................................................................................................................... 14 3.2 Conservação e restauro do púlpito: .................................................................................................... 14 Limpeza superficial: ............................................................................................................................. 14 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 15 Tratamento dos elementos metálicos .................................................................................................. 15 Limpeza profunda da policromia: ......................................................................................................... 15 Nivelamento das superfícies ................................................................................................................ 15 Reintegração cromática: ...................................................................................................................... 15 Tratamento da camada metálica: ......................................................................................................... 15 Protecção:............................................................................................................................................ 15 3.3 Conservação e restauro dos dois altares laterais da nave da Igreja ..................................................... 16 Limpeza superficial: ............................................................................................................................. 16 Tratamento dos elementos estruturais: ............................................................................................... 16 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 16 Tratamento dos elementos metálicos .................................................................................................. 17 Tratamento da camada policroma e dourada: ...................................................................................... 17
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3.4 Conservação e restauro do retábulo-mor: .......................................................................................... 17 Limpeza superficial: ............................................................................................................................. 17 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 17 Tratamento dos elementos metálicos .................................................................................................. 18 Limpeza profunda da policromia: ......................................................................................................... 18 Nivelamento das superfícies ................................................................................................................ 18 Reintegração cromática: ...................................................................................................................... 18 Tratamento da camada metálica: ......................................................................................................... 18 Protecção:............................................................................................................................................ 18 3.5 Conservação e restauro da pintura mural do arco triunfal, portas, janelas, base do pulpito e rodapé da capela-mor: ............................................................................................................................................. 18 Limpeza superficial: ............................................................................................................................. 18 Limpeza profunda: ............................................................................................................................... 18 Tratamento do suporte pétreo: ............................................................................................................ 19 Reintegração cromática: ...................................................................................................................... 19 3.6 Conservação e restauro da balaustrada do coro alto: ......................................................................... 19 Tratamento o suporte: ......................................................................................................................... 19 Tratamento da camada pictórica: ......................................................................................................... 19 Reintegração cromática: ...................................................................................................................... 19 3.7 Conservação e restauro do tecto da capela-mor:................................................................................ 19 Limpeza e remoção das estruturas estranhas ao bem: ......................................................................... 19 Desmontagem do forro: ....................................................................................................................... 20 Tratamento da estrutura de suporte/nivelamento: .............................................................................. 20 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 21 Montagem: .......................................................................................................................................... 21 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 21 3.8 Remodelação do lambril da capela-mor e nave da igreja: ................................................................... 23 3.9 Conservação e Restauro de escultura de São Pedro............................................................................ 24 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 24 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 24 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 24 3.10 Conservação e Restauro de escultura da Santíssima Trindade .......................................................... 24 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 24 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 24
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Tratamento dos elementos metálicos: ................................................................................................. 24 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 25 3.11 Conservação e Restauro de escultura do Sagrado Coração ............................................................... 25 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 25 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 25 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 25 3.12 Conservação e Restauro de escultura de São Sebatião ..................................................................... 26 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 26 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 26 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 26 3.13 Conservação e Restauro de escultura de São José ............................................................................ 26 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 26 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 26 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 26 3.14 Conservação e Restauro de escultura de São Pedro.......................................................................... 27 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 27 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 27 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 27 3.15 Conservação e Restauro de escultura da Nossa Senhora Do Rosário ................................................. 27 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 27 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 27 Tratamento dos elementos metálicos: ................................................................................................. 27 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 27 3.16 Conservação e Restauro de pintura de cavalete (São Pedro)............................................................. 28 Desmontagem ..................................................................................................................................... 28 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 28 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 28 Tratamento dos elementos metálicos: ................................................................................................. 28 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 28 Tratamento das moldura...................................................................................................................... 28 3.17 Conservação e Restauro de pintura de cavalete (ultima ceia) ........................................................... 29 Desmontagem ..................................................................................................................................... 29 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 29 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 29 5
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Tratamento dos elementos metálicos: ................................................................................................. 29 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 29 Tratamento das moldura...................................................................................................................... 29 3.18 Conservação e Restauro de pintura de cavalete (oração do horto) ................................................... 30 Desmontagem ..................................................................................................................................... 30 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 30 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 30 Tratamento dos elementos metálicos: ................................................................................................. 30 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 30 Tratamento das moldura...................................................................................................................... 30 3.19 Conservação e Restauro de pintura de cavalete (descida de cristo ao limbo) .................................... 31 Desmontagem ..................................................................................................................................... 31 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 31 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 31 Tratamento dos elementos metálicos: ................................................................................................. 31 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 31 Tratamento das moldura...................................................................................................................... 31 3.20 Conservação e Restauro de pintura de cavalete (queda de cristo a caminho do calvário) ................. 31 Desmontagem ..................................................................................................................................... 32 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 32 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 32 Tratamento dos elementos metálicos: ................................................................................................. 32 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 32 Tratamento das moldura...................................................................................................................... 32 3.21 Conservação e Restauro de pintura de cavalete (prisão de cristo) .................................................... 32 Desmontagem ..................................................................................................................................... 32 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 33 Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 33 Tratamento dos elementos metálicos: ................................................................................................. 33 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 33 Tratamento das moldura...................................................................................................................... 33 3.22 Conservação e Restauro de pintura de cavalete (enterro de cristo) .................................................. 33 Desmontagem ..................................................................................................................................... 33 Limpeza mecânica superficial: .............................................................................................................. 34 6
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Tratamento do suporte: ....................................................................................................................... 34 Tratamento dos elementos metálicos: ................................................................................................. 34 Tratamento da camada policroma:....................................................................................................... 34 Tratamento das moldura...................................................................................................................... 34 4.
Lista de materiais usados ..................................................................................................................... 34 4.1 Tabela de material de segurança: ....................................................................................................... 34 4.2 Maquinaria: ....................................................................................................................................... 35 4.3 Tabela de tintas e vernizes utilizados:................................................................................................. 35 4.4 Tabela de produtos químicos utilizados:............................................................................................. 36 4.5 Tabela de material de enchimento utilizado: ...................................................................................... 36
5.
Garantia: .............................................................................................................................................. 37
6.
Considerações finais: ........................................................................................................................... 38
7.
Bibliografia consultada: ........................................................................................................................ 38
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AGRADECIMENTOS: Á Irmã Maria Madalena Costa pela sua preciosa ajuda na obtenção de elementos bibliográficos e pela sua disponibilidade para ajudar a compreender o monumento da sua terra.
INTRODUÇÃO Este documento serve de relatório técnico e testemunho dos trabalhos efectuados na Igreja Matris da Lordosa. Foi elaborado conforme considerado em proposta e atendendo às prerrogativas colocadas pela ética profissional do IPPAR.
1. IDENTIFICAÇÃO HISTÓRICA, AMBIENTAL, ARTÍSTICA E TÉCNICA IDENTIFICAÇÃO HISTÓRICA E ARTÍSTICA Nome: Igreja Matriz de Lordosa / Igreja de São Pedro Inscrito no IGESPAR como “Monumento” com o número PT 021823160247. A Igreja Matriz de Lordosa encontra-se localizada em Viseu, na freguesia da Lordosa. Este monumento, pertencente à tipologia de arquitectura religiosa, foi desde sempre utilizada como Igreja, remontando a sua construção ao séc. XVIII (1769), tendo intervido nela António da Costa Faro e Manuel Ferreira (Alves, 2001) . Neste momento é propriedade privada, pertencente à Igreja Católica. O interior do monumento é ornamentado a talha dourada e policromada, pintura mural sobre granito, pintura de cavalete e escultura, composto por um retábulo-mor, dois altares laterais e um púlpito de épocas compreendidas entre o século XVIII e XIX. Pintura mural decorativa sobre o arco triunfal, portas e janelas da capela-mor e sacristia, um conjunto de esculturas datadas entre o século XVIII e XIX e um importante espólio de sete pinturas sobre madeira datas do final do século XVI princípios do século XVII. À semelhança de outros locais, poderão existir nas suas fundações vestígios arqueológicos que pertençam a outra igreja mais antiga, pois é comum verificarem-se construções de monumentos sobre antigos monumentos, numa clara presença de continuação dos significados simbólico/religiosos a nível espacial. Sobre este assunto, é pois de referir que a paróquia é referida desde o séc. XIII, nas inquirições de 1320, pertencendo à Ordem de Cristo e que foram verificados, por nós, elementos estruturais bem mais antigos ao século XVIII, nos altares restaurados. Neste sentido, considerando as competências da nossa empresa sobre a recuperação e estudo do património, também na área da arqueologia, aconselhamos o acompanhamento arqueológico, se a actual paróquia entender abrir qualquer fosso exterior para colmatar os problemas de humidade apontados nos próximos capítulos deste relatório.
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ANALISE PRELIMINAR CLIMÁTICA-AMBIENTAL Para uma melhor aplicação dos materiais e previsão do comportamento dos mesmos, nomeadamente os orgânicos, fomos registando ao longo do decorrer dos trabalhos dois factores: a temperatura e a humidade. De facto, numa análise geral in situ, observamos em três momentos: no inicio dos trabalhos (Julho); em Dezembro (durante os trabalhos) e no período final do término dos mesmos (Março), uma grande amplitude, sobretudo da humidade, obtendo-se valores que vão desde os 43% (período de Verão) a 87% (período de inverno). É de registar que durante o Inverno, os valores são tão elevados, que no interior da própria Igreja se podem observar formações de poças e escorrimentos, sendo de referir que o tempo de secagem das pastas e das tintas e a maleabilidade dos materiais orgânicos tornou-se insustentável, levando a um abrandamento dos trabalhos a partir de meados de Outubro e forçado, mesmo, a sua suspensão, durante o inicio do ano de 2009. A descida anormal, acentuada das temperaturas, durante o Inverno, e a grande precipitação ocorrida, este ano, terá também contribuído para este factor. A grande amplitude térmica e de humidade, em Viseu, não é desconhecido da bibliografia, apresentando Invernos rigorosos e húmidos e Verões quentes e secos. Estão considerados os seguintes valores tabelados:
Assim, as temperaturas do ar, médias anuais rondam os 13,0ºC, sendo os meses mais frios o de Janeiro e Dezembro (6,2ºC) e os meses mais quentes o de Julho (20,2ºC) e de Ago (20,0ºC). A média anual da humidade relativa do ar tem valores compreendidos entre os 70% e os 83%. (http://www.rci.pt/distrito_view.asp?uid=1). Assim, tal como se compreende “a conservação assegura a estabilidade físico-química das peças e intervém sobretudo ao nível da sua envolvente. As condições ambientais e estruturais constituem parâmetros que necessitam de um rigoroso controlo. Pelo seu carácter múltiplo, as opções que a este nível se tomam tornam-se complexas, assegurando a estabilidade através de meios indirectos.” (Universidade Portucalense)1 Atendendo a estes dados externos e aos verificados por nós na Igreja da Lordosa, no sentido de minimizar os problemas que se podem vir a registar com o factor humidade, foram consideradas uma série de medidas preventivas, nomeadamente a não tapagem das juntas, quer dos tectos, quer dos altares, pois uma grande amplitude térmica e de humidade, regista um aumento exponencial de dilatação versus contracção dos materiais, podendo originar descolamentos de pastas existentes nas fissuras, fendas ou juntas2, empenos ou outras situações. Com isto permitimos que a madeira trabalhe livremente, sem prejudicar ou danificar as intervenções efectuadas. Outra situação decorrente de uma humidade excessiva no ar é o aparecimento de fungos ou bolores, que se registam, sobretudo em materiais orgânicos (como a madeira) e apresentam-se por manchas (de cor branca, acastanhada, etc.), muitas vezes com um odor característico. Para além do problema estético, a presença destes fungos leva ao apodrecimento geral das superfícies de madeira e das estruturas.
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http://webcl.uportu.pt/ccr/CCRsite_servicos.htm
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Para tentar colmatar esta situação, foram tapadas o menor número de juntas possíveis, tendo sido somente revestidas a pasta as fissuras e as fendas que provocavam maior agressão estética. 9
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Neste sentido, para que o trabalho intervencionado se venha a prolongar nas melhores condições é impreterível o cumprimento das medidas que são expostas no capitulo Garantia.
IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR TÉCNICA DOS ELEMENTOS INTERVENCIONADOS Verificamos no interior da Igreja matriz os seguintes elementos a serem intervencionados:
Dois retábulos laterais dourados e policromados a branco, com grandes alterações pós-construção e graves lacunas a nível estrutural e de elementos decorativos. As janelas de análise examinadas mostraram a existência de marmoreados de tons azuis e vermelhos e uma superfície extensa de negro idêntico ao que registamos no púlpito. O ouro existente encontra-se muito sujo e possui fortes lacunas sobretudo na zona inferior dos retábulos. Um púlpito relativamente original com lacunas a nível da camada de ouro e algumas graves fissuras. A zona superior, onde se integra os elementos decorativos (anjo), encontra-se com a superfície policromada completamente desgastada por factores físicos animais (escorrimento de urina e fezes de pombos) e outros de origem temporal. Um altar-mor com alterações efectuados por antigos trabalhos de restauro, sobretudo a nível policromático, com algumas deficiências a nível estrutural e de elementos decorativos e graves lacunas na camada policromática provocada por largas fendas e profundas fissuras. Sete quadros de cronologia do séc. XVIII, com pintura sobre madeira, com alterações na cor, sobretudo provocadas pelos fumos, humidade e sujidade. As molduras encontra-se alteradas, tendo sido verificado que na sua origem possuíam marmoreado idêntico aos altares de tom avermelhado. Sete esculturas de madeira douradas e policromadas de diversas dimensões e com lacunas várias que variam de caso para caso, sendo as mais graves o São Pedro, Santíssima Trindade, Menino Jesus, São Sebastião e Nª Srª Conceição. Em alguns casos observaram-se lacunas a nível estrutural e graves fendas. Não presente no caderno de encargos, mas também solicitado pela Comissão Fabriqueira foi o restauro dos dois tectos da Igreja, um completamente alterado, todo ele pintado a tinta de verniz castanho sobre uma pintura central com motivos abstratos e florais e outro, o tecto da capela-mor, preenchido por placas a imitar tecto falso sobre um motivo figurativo, onde se destaca as “Chaves de São Pedro”. Pintura mural no arco triunfal, roda-pé, janelas e portas da Capela Mor e Base do Púlpito, onde se verificaram várias lacunas, algumas muito graves como toda a zona de roda-pé, portas até ao nível superior e base do arco triunfal, onde os desenhos figurativos estavam completamente danificados por acção física humana (colocação das mãos) e fumos. Balaustrada com policromia, apresentando algumas lacunas a nível da estrutura e policromia provocados pelo contacto directo do factor físico humano. Intervencionado a nível da conservação foram ainda as várias placas da via sacra, sem grandes problemas a apontar. Substituição do lambril registado por um a carvalho de estilo estrutural “forro à portuguesa”.
Todos estes elementos, pelas características observadas, policromia registada, elementos decorativos presentes, foram considerados pertencentes ao século XVIII. No entanto, ao longo dos trabalhos foram observados alguns elementos que consideramos terem pertencido a uns altares provavelmente
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2. QUADRO SUMÁRIO DE CORRESPONDÊNCIA DOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS AO ACORDO COM O CADERNO DE ENCARGOS E PROPOSTA APRESENTADA
Trabalhos realizados
Caderno de encargos
Realizado em conformidade do caderno de encargos
A identificação preliminar, registo gráfico e fotográfico, encontra-se desenvolvido no seu conjunto, no que diz respeito à identificação histórica, artística e técnica e individualmente em cada caso especifico, no que diz respeito ao registo, sendo apresentado em relatório por chamadas de atenção para expor os trabalhos desenvolvidos. É ainda apresentado uma identificação contextual a nível ambiental, importante para percepção da tomada de algumas opções técnicas e para questões de preservação a ser efectuada em regime de manutenção do trabalho intervencionado.
Identificação preliminar de todas as obras intervencionadas:
Sim
Limpeza e estabilização no local
Sim
A limpeza superficial e a estabilização no local foi efectuada, recorrendo posteriormente a pré-fixação da superfície dourada e policromada e eliminação de sujidades. No caso dos altares e retábulos, bem como no púlpito e nos quadros, desenvolvemos uma desmontagem de alguns elementos para tratamento em laboratório, tendo o seu transporte sido efectuado bem acondicionados, envoltos, conforme o caso em plástico de bolhas, caixas com esferovite e papelão. Os elementos estruturais tratados no local foram também eles devidamente limpos e tratados previamente, antes de qualquer intervenção, pela pré-fixação da camada dourada e policromada Quer nas obras tratadas em laboratório, quer nos elementos estruturais tratados localmente foram inicialmente devidamente limpas em profundidade, com cuidado para não danificar a superfície, no caso da existência de repintes os mesmos foram retirados com recurso a materiais o menos abrasivos possíveis, no sentido de permitir a sobrevivência da camada policromada original. Posteriormente as camadas foram fixas e protegidas para a reintegração. Antes da integração, as zonas de lacunas foram niveladas e as fissuras preenchidas. Algumas fendas foram deixadas em aberto, devido aos motivos ambientais expostos em relatório e uma vez que não colocavam problemas de leitura na obra.
Sim,
Tratamento da superfície dourada e policromada
No caso dos retábulos laterais, verificou-se microscopicamente a presença num único local de teste (foram retiradas 13 amostras) de vestígios de prata, podendo a zona com bolus negro sido coberto inicialmente com folha. Como o mesmo só foi verificado no decorrer dos trabalhos, a cobertura deste não foi contabilizado no orçamento inicial. Como é da vontade da Comissão a colocação de folha nos locais de grave lacuna, a superfície foi preparada com bolus para que o mesmo fosse realizado em trabalho posterior ou após uma retificação orçamental. Todas as zonas de suporte foram desinfestados, consolidados e restaurados quando necessário. Os elementos decorativos em falta
Tratamento de suporte lenhoso
Integração a folha de ouro nas graves lacunas douradas previstas em orçamento, e colocação da preparação inicial a bolus negro nas zonas originalmente cobertos a prata
Sim 11
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia foram executados e devidamente tratados para a sua integração. Os elementos metálicos foram tratados e se necessários substituídos. No caso dos elementos estruturais, onde tal foi necessário, desenvolvemos uma planificação prévia, quer para a organização na desmontagem, quer para a posterior montagem da estrutura. Os elementos em falta foram executados e devidamente tratados. As áreas circundantes foram limpas, bem como aquelas que directamente estavam em contacto directo, referindo-nos aqui ao tecto. O relatório, aqui desenvolvido foi enviado para o IPPAR (centro de Viseu), para a diocese de Viseu e para a Comissão Fabriqueira da Igreja, sendo testemunho documental da intervenção executada.
Tratamento dos elementos estruturais
Sim
Relatório técnico da intervenção
Sim
3. METODOLOGIA E INTERVENÇÃO TÉCNICA DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DOS ELEMENTOS 3.1 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO TECTO DA NAVE DA IGREJA MATRIZ DE LORDOSA LIMPEZA MECÂNICA: Limpeza de poeiras e sujidade superficial do conjunto com aspirador, trinchas, pás e baldes para remover o entulho que se encontrava sobre o forro e por detrás da cornija.
REMOÇÃO DE REPINTES: Removeu-se cuidadosamente a camada mais espessa da tinta de repinte com raspadores metálicos e bisturis. De seguida procedeu-se á limpeza por via quimica com a aplicação de DMF para remover os restos da tinta de repinte. De salientar que a pintura decorativa central mereceu maior atenção e maior cuidado na remoção dos repintes, uma vez que esta apresentava-se em razoável bom estado e pretendeu-se manter o máximo do original.
TESTE DE SOLVENTES: Foram feitos os testes para se apurar qual a melhor solução para remover os repintes. Das soluções usadas a que demonstrou melhores resultados foi a solução de DMF (dimetilformamida). No entanto a camada de tinta era espessa o que oferecia enorme resistência ao DMF pelo se optou por iniciar o processo de remoção de repintes por via mecanica, ou seja com raspadores.
REVISÃO DE ESTRUTURAS: Fez-se um diagnóstico aos elementos estruturais, tendo sido detectados problemas junto à parede da fachada principal identificado como zona Azul no mapa de patologias, devido às antigas infiltrações de água, que fizeram com que os barrotes estruturais apodrecessem e perdessem coesão física e no lado direito, sobre o coro alto, identificado como zona Cinzenta escura no mapa de patologias. Existiam algumas tábuas de forro despregadas e empanadas, devido á quebra e destacamento dos barrotes de suporte, devido a forças exercidas, provavelmente aquando das obras de restauro do telhado.
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FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Os barrotes que já não possuíam condições físicas para exercer a sua função foram substituídos por outros novos do mesmo material (madeira de castanho) e os restantes foram recolocados no seu lugar.
REVISÃO DAS TÁBUAS DE FORRO (SUPORTE DA PINTURA) Por consequência dos problemas estruturais, o forro também foi afectado nas mesmas zonas, sendo que junto à parede as pontas das tábuas de forro foram tratadas, substituindo as pontas podres por madeira nova de castanho (fig.1)
Desenho 1 - Mapa de patologias Todos os elementos novos foram fixos com parafusos inoxidáveis e cobertos depois com pasta de celulose (Rayon) disperso e solução aquosa. A sanca de remate também não apresentava condições físicas, nem estéticas para continuar, pelo que se optou por substituir por outra totalmente nova aplicada em pequenos módulos de aproximadamente 80cm para facilitar a curvatura da abobada.
DESOXIDAÇÃO DO ELEMENTOS METÁLICOS: 13
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Removeu-se a maior parte dos óxidos da cabeça dos pregos com minicraft e posteriormente tratou-se os pregos com um reconversor de metais para de seguida serem rebatidos com um punção.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Preenchimento das lacunas da policromia com massas (dyrup3) atraves de espáctula e pincel. Após o preenchimento das lacunas nivelaram-se as massas com lixas de grão 150, preparando a superfície para a reintegração cromática.
REINTEGRAÇÃO CROMÁTICA: No fim do processo de colocação das massas e do seu nivelamento verificamos que a área azulada da pintura se encontrava bastante desgasta e manchada, devido ao tempo, à humidade a que esteve sujeita e às intervenções de restauro anteriores. Neste sentido, ponderamos a reintegração pontual ou total da área azul e dado o contexto social em que se integra, optou-se por aplicar uma aguada de gesso cré com pigmento azul para reproduzir a cor idêntica à original do tecto. Este é, em todo o caso, um tratamento completamente reversível e de fácil remoção. No entanto, este tratamento não foi bem sucedido devido a problemas com a mistura de gesso cré e a cola de coelho, que acabou por manchar a própria cor e assim produzir uma pintura também ela manchada. Confrontados com este problema, em consonância com a entidade responsável, decidiu-se tornar este primeiro repinte numa camada protectora que faria a separação da pintura original da nova, fazendo assim uma repolicromia da pintura do tecto. Coube-nos depois decidir quais os materiais a usar, tendo sido ponderados os materiais tradicionais, com as novas soluções da reabilitação de edifícios. Foi pesado o valor artístico e histórico do bem e optou-se por aplicar uma tinta acrílica, com características que se enquadram dentro dos parâmetros da intervenção que pretendíamos. Trata-se uma tinta da marca SOTINCO, acrílica micro-purosa com boa resistência à humidade, permitindo a respiração dos materiais e possuindo características estéticas semelhantes à original. A cor foi achada por via de um colorímetro, que mediu através da amostra a cor e foi reproduzida na máquina para ser o mais fiel possível à original. Posto isto procedeu-se à pintura do tecto com rolo e trincha. No que diz respeito à pintura decorativa central, esta embora não seja de grande qualidade artística, o seu estado de conservação é muito melhor que a pintura do resto do tecto e por isso mereceu uma intervenção mais conservativa, tendo-se optado pela reintegração pontual, com tintas acrílicas (área artística) da marca TITAN.
3.2 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO PÚLPITO: LIMPEZA SUPERFICIAL: Com o apoio de trinchas macias e um aspirador iniciou-se a limpeza das poeiras e do lixo que existia sobre o bem. A camada de sujidade era tal, que em certos pontos acumulava mais de 0,5 mm de poeiras, em secção vertical.
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Este produto substitui perfeitamente a massa tradicional de gesso cré cumprido as indicaçoes de reversibilidade e compatibilidade exigidas tedo a vantagem de tornar o trabalho mais rentável. 14
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Do interior do baldaquino removeu-se mais de 60 kg de cimento seco originário de obras anteriores e que ali depositaram os restos do cimento, contribuindo para o declive que hoje se pode ver no baldaquino, empenando os seus elementos estruturais.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Foi feita a limpeza das juntas abertas e a colagem com PVA, sendo que onde a junta era muito aberta colocou-se uma fina lista de madeira de balsa para fechar a junta. As assemblagens que se encontravam com sinais de instabilidade também foram revistas, limpas e novamente coladas com PVA. No que diz respeito as lacunas de suporte, estas foram refeitas com madeira da mesma natureza (castanho) e segundo a técnica de entalhamento idêntica à original.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS Os elementos metálicos foram removidos com óxidos através de minicraft e aplicação de reconversor de metais (solução de ácido Tânico em álcool a 10%) .
LIMPEZA PROFUNDA DA POLICROMIA: Efectuou-se o teste de solventes do qual o tuluol teve resultados satisfatórios e a neutralização foi feita com white spirit. As cores perceptíveis do púlpito eram os azuis, vermelhos, brancos, pretos e a camada metálica dourada.
NIVELAMENTO DAS SUPERFÍCIES Após a limpeza iniciou-se a aplicação de massa gesso-cré e massa da marca Dyrup4, com pincel e espátula metálica. Após o preenchimento total e a sua secagem com folha abrasiva de grão fino (240) preparou-se a superfície para a reintegração cromática.
REINTEGRAÇÃO CROMÁTICA: A reintegração cromática foi feita segundo a técnica mimética e com tintas acrílicas da marca TITAN, por apresentarem características estéticas idênticas ao original e por serem reversíveis, sendo facilmente removidas com acetona.
TRATAMENTO DA CAMADA METÁLICA: Depois das massas colocadas e niveladas aplicou-se duas camadas de bolus da arménia vermelho sobre as massas e depois de seco iniciou-se o douramento a óleo com folha de ouro de lei de 23 ¾. O ouro novo é muito mais brilhante que o antigo e por essa razão teve que se envelhecer o ouro novo aplicando uma cera de ouro velho sobre o ouro novo de forma a uniformizar a cor do ouro.
PROTECÇÃO: Para finalizar a operação de restauro aplicou-se uma camada de verniz protector Paraloid B72 a 7%.
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Este produto tem sido testado neste tipo de tratamentos e tem revelado bons resultados seno um produto mais rentável e muito reversível, com características muito idênticas á gesso-cré tradicional. 15
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3.3 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DOS DOIS ALTARES LATERAIS DA NAVE DA IGREJA
LIMPEZA SUPERFICIAL: Iniciou-se os trabalhos com a remoção de poeiras superficiais com trincha e aspirador.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS: Retiraram-se todos os elementos decorativos amovíveis, para serem tratados em separado e para retirar peso e arranjar espaço de manobra para o restauro da estrutura. Desmontou-se a mesa de altar para facilitar o acesso à parte de trás dos altares. Os altares apresentavam-se bastante debilitados a nível estrutural, com desnivelamentos acentuados, devido à perda de resistência física provocada pelo apodrecimento de alguns barrotes de suporte. Estes tiveram que ser substituídos por outros novos de características idênticas às dos originais. Com um macaco hidráulico elevou-se as zonas descaídas dos altares e nivelaram-se de forma a recolocar os altares novamente na posição original. Foram reforçados com barrotes de madeira novos para ajudar a suportar o peso dos altares. Na zona do ático os barrotes de sustentação foram substituídos por cabos de aço para conferir uma maior elasticidade e tornar a estrutura mais leve, permitindo também um melhor acesso em operações futuras de manutenção.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Reviu-se e rectificou-se todo o suporte, começando por reparar os elementos com lacunas provocadas por podridão, desgaste pelo insecto xilófago e quebras do uso, reconstruindo as lacunas de grandes dimensões com madeira de castanho e as de menores dimensões com pasta de celulose da marca RAYON. Pelo motivo da pasta de celulose ser composta essencialmente por celulose e ser a matéria principal do lenho, sendo o seu comportamento semelhante ao do suporte, usamos esta pasta na reconstrução das lacunas mais pequenas, não se justificando o uso da madeira por ser mais moroso e ser necessário a perda de mais matéria original. As fissuras foram fechadas com madeira de balsa de baixa densidade e RAYON, pois a balsa é um material muito flexível e tem um bom comportamento no que diz respeito as tensões da madeira. As juntas entre elementos não foram fechadas por opção técnica, uma vez que esta igreja não possui condições para suportar um restauro deste tipo devido ao seu ambiente binário sendo que de inverno a humidade é muitíssimo alta e de verão é bastante mais baixa fazendo com que os materiais sofram tensões muito agressivas, provocando comportamentos diferentes em diferentes materiais, sendo que quando estes estão em contacto um com o outro podem tornar-se incompatíveis provocando a rotura entre os dois materiais, como no caso das pastas e a madeira, (Fig1 e 2). Os tampos das mesas de altar foram substituídos por outros novos, visto que os antigos estavam muito debilitados devido ao ataque do insecto xilófago. Por fim aplicou-se no tardóz com trincha, imunizante anti-caruncho para desinfestar a estrutura e o suporte.
Desenho 2- comportamento dos materiais
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TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS Remoção de óxidos através de minicraft e aplicação de reconversor de metais (solução de ácido Tânico em álcool a 10%) .
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA E DOURADA: No altar do sagrado coração conseguiu-se remover o repinte que pareceu ser uma aguada de gesso com pachos humedecidos com água. Enquanto, que no altar da Nossa senhora do Rosário a remoção do repinte foi muito mais difícil uma vez que este era completamente diferente tratando-se de uma tinta plástica muito dura e resistente tendo que se optar pela remoção química com decapante e mecânica com raspadores e bisturis. Em todo o caso, as policromias originais encontravam-se em bastante mau estado, sendo que mais de 90% da superfície pictórica tinha já desaparecido e não se conseguiu salvar. Entretanto em algumas áreas registou-se a presença de bolus negro, que suscitou um interesse por uma análise mais aprofundada. Ainda que o negro não seja uma cor tipologicamente referenciada a altares do século XVIII, o seu uso é relativamente comum numa preparação de camada para receber a folha de prata. No entanto, à primeira impressão e numa análise contextual verificamos que o púlpito regista essa mesma camada, como camada cromática, sem presença de qualquer sinal de prateamento, bem como todo o rodapé da Capela Mor. De toda a superfície dos retábulos observada, por lupa binocular e nas 13 amostras extraídas, que foram analisadas ao microscópio, verificou-se que numa delas se registava a presença de vestígios de prata. Na investigação que foi feita colocaram-se duas hipóteses: que o negro poderia ser fruto de produto de alteração ou seja teria sido um material que através de reacções químicas se transformou noutro e que os retábulos da igreja de Lordosa teriam sido feitos á semelhança de outros existentes na capela de Santo António em Viseu ou que este foi um produto de alteração da prata (verificada numa das amostras) o que nos levou a crer que as áreas negras com excepção do rodapé estariam possivelmente decoradas com prata dourada. Atendendo a este facto, em todas estas zonas aplicamos bolus negro, para que num trabalho posterior, se pudesse cobrir com folha de prata e goma-laca limão.
3.4 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO RETÁBULO-MOR: LIMPEZA SUPERFICIAL: Com o apoio de trinchas macias e um aspirador iniciou-se a limpeza das poeiras e do lixo que existia sobre o bem. A camada de sujidade era tal, que em certos pontos acumulava mais de 0,5 mm de poeiras, em secção vertical. TRATAMENTO ESTRUTURAL: Foi feita a revisão da estrutura do retábulo tendo sido limpa com trinchas, vassouras e aspirador. A zona da escada de acesso ao trono foi rectificada e substitui-se o corrimão que se encontrava fracturado e sem condições de se manter. Do lado da epístula o pavimento do anexo interior do retábulo foi completamente refeito com tábuas novas de castanho e escorada a estrutura pois essa encontrava-se debilitada. Todo o conjunto foi depois desinfectado com imunizador anti-caruncho aplicado sob pressão de ar comprimendo.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Foi feita a limpeza das juntas abertas e a colagem com PVA, sendo que onde a junta era muito aberta colocou-se uma fina lista de madeira de balsa para minimizar a junta. As assemblagens que se encontravam com sinais de instabilidade também foram revistas, limpas e novamente coladas com PVA. 17
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia No que diz respeito as lacunas de suporte, estas foram refeitas com resina epóxida e madeira da mesma natureza (castanho) e segundo a técnica de entalhamento idêntica à original
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS Removeu-se os óxidos dos elementos metálicos através de minicraft e aplicação de reconversor de metais (solução de ácido Tânico em álcool a 10%) .
LIMPEZA PROFUNDA DA POLICROMIA: Efectuou-se o teste de solventes do qual o tuluol, o white spirit e deteregente aniónico tiveram os melhores resultados, sendo que em algumas zonas a limpeza foi feita utilizando dois ou mesmo os três solventes em fases distintas.
NIVELAMENTO DAS SUPERFÍCIES Após a limpeza iniciou-se a aplicação de massa gesso-cré e massa da marca Dyrup5, com pincel e espátula metálica. Após o preenchimento total e a sua secagem com folha abrasiva de grão fino (240) preparou-se a superfície para a reintegração cromática.
REINTEGRAÇÃO CROMÁTICA: A reintegração cromática foi feita segundo a técnica mimética e com tintas acrílicas da marca TITAN, por apresentarem características estéticas idênticas ao original e por serem reversíveis, sendo facilmente removidas com acetona.
TRATAMENTO DA CAMADA METÁLICA: Depois das massas colocadas e niveladas aplicou-se duas camadas de bolus da arménia vermelho sobre as massas e depois de seco iniciou-se o douramento a óleo com folha de ouro de lei de 23 ¾. O ouro novo é muito mais brilhante que o antigo e por essa razão teve que se envelhecer o ouro novo aplicando uma cera de ouro velho sobre o ouro novo de forma a uniformizar a cor do ouro.
PROTECÇÃO: Para finalizar a operação de restauro aplicou-se uma camada de verniz protector Paraloid B72 a 6%.
3.5 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DA PINTURA MURAL DO ARCO TRIUNFAL, PORTAS, JANELAS, BASE DO PULPITO E RODAPÉ DA CAPELA-MOR: LIMPEZA SUPERFICIAL: A obra encontrava-se com muita sujidade superficial acumuladas principalmente nos recantos. Eliminou-se essa sujidade com trinchas e aspirador, uma vez que a policromia apresentava uma excelente resistência.
LIMPEZA PROFUNDA:
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Este produto tem sido testado neste tipo de tratamentos e tem revelado bons resultados seno um produto mais rentável e muito reversível, com características muito idênticas á gesso-cré tradicional. 18
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Removeu-se a sujidade mais entranhada como o negro provocado pelo carbono das velas e gorduras localizadas na base dos pilares do arco com detergente neutro a 10% em água e escovas macias.
TRATAMENTO DO SUPORTE PÉTREO: Limpeza de juntas com escopro e maceta para remover argamassas antigas e mal colocadas. Preenchimento de juntas e pequenas lacunas do suporte com argamassa de preparação industrial de tonalidade ocre.
REINTEGRAÇÃO CROMÁTICA: Este processo foi feito com materiais que possuíssem características estéticas semelhantes ao original e igualmente reversíveis, ao mesmo tempo que suportassem bem a humidade, pois a zona de reintegração é fortemente atacada por humidade. Assim sendo optou-se por usar tintas acrílicas com características técnicas especificas como a microporosidade para permitir suportar a transpiração da pedra (tintas aplicadas nas cores base) sendo que os elementos decorativos foram feitos com tintas acrílicas da TITAN linha artística. As cores base foram feitas com a ajuda do colorímetro para ser o mais preciso possível com as bases originais. A técnica de marmoreado usada foi feita com penas de galinha e pato, permitindo fazer os veios dos mármores. Os elementos decorativos vegetalistas da base que se encontravam praticamente desaparecidos foram reconstruídos com base nos vestígios existentes e nos elementos simétricos da zona superior dos pilares do arco.
3.6 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DA BALAUSTRADA DO CORO ALTO: TRATAMENTO O SUPORTE: Rectificação dos elementos empenados e em vias de destacamento através da sua desmontagem limpeza das zonas de encaixe, recolocação no local na posição original e substituição dos elementos metálicos (pregos) por parafusos inoxidáveis. Tratamento dos elementos metálicos com a remoção de óxidos através de minicraft e aplicação de reconversor de metais (solução de ácido Tânico em álcool a 10%) . Reconstrução com madeira de castanho e RAYON
TRATAMENTO DA CAMADA PICTÓRICA: Limpeza profunda com acetona e tuluol através de cotonetes e pachos de algodão neutralizado no final com White spirit. Preenchimento das lacunas a nível da camada de preparação pasta DYRUP e gesso cré aplicado com espátula metálica e pincel.
REINTEGRAÇÃO CROMÁTICA: Optou-se pela reintegração com técnica mimética em consenso com as restantes intervenções da obra, usando tintas acrílicas da marca TITAN (vertente artística).
3.7 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO TECTO DA CAPELA-MOR: LIMPEZA E REMOÇÃO DAS ESTRUTURAS ESTRANHAS AO BEM: 19
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia O tecto original estava coberto com um forro de PVC que foi removido, bem como alguns elementos em platex de 0.5mm que cobriam zonas danificadas do tecto original. No final da remoção destes elementos verificou-se que o tecto se encontrava com graves problemas estruturais e de suporte. Devido a deslocamentos dos barrotes de sustentação e a tábuas de forro partidas, empenadas e podres.
DESMONTAGEM DO FORRO: Desmontagem de 85% do suporte (forro) para se poder fazer o tratamento da estrutura de suporte que estava muito mal tratada devido à cedência da trave mestra que fez com que cai-se o lado direito da estrutura de suporte provocando a quebra, deslocação e empenos dos barrotes de suporte e da trave mestra (fig.2).
Desenho 3- estrutura do tecto da capela-mor
TRATAMENTO DA ESTRUTURA DE SUPORTE/NIVELAMENTO: Nesta fase encontramos alguns problemas devido ao facto do telhado ter sido reparado anteriormente, quando esta intervenção deveria ser feita aquando da desmontagem da telha e reparação da estrutura do telhado. Neste sentido a estrutura de suporte do forro esta ligada à estrutura do telhado, impossibilitando em grande medida o nivelamento correcto e a reparação de forma mais concreta e rigorosa, pelo que o nivelamento só foi possível em algumas zonas.
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FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Assim sendo corrigiu-se os empenos dos caibros principalmente na zona de quebra onde foram forçados, devido ao peso a encurvar mais do que estavam inicialmente. Foram desbastados com plaina e reforçados com barrotes colocados paralelamente e apertados com parafusos inoxidáveis.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Neste momento deparamo-nos com um monte de tábuas muito mal tratadas, muito empenadas, desgastas nos seus rebordos, com zonas podres devido à humidade, ataque xilófago, muitas tábuas partidas e com grandes faltas e muita sujidade. Foram tratadas tábua a tábua, desempenadas, coladas com PVA e as quebras reconstruídas com madeira de castanho. Em alguns casos foram usados restos de madeiras das tábuas de forro que já não tinham condições para voltar a pertencer ao bem.
MONTAGEM: Depois de estabilizada a estrutura de suporte e tratadas as tábuas de forro estas foram montadas novamente no tecto da capela-mor segundo a ordem antiga. Fixou-se as tábuas com pregos de pistola de ar comprimido com 5cm de comprimento. Ttrata-se de um sistema completamente inofensivo e que não implica a perda de mais material original, sendo uns pregos extremamente finos e resistente e que ocupa apenas uma área de 2mm quadrados em vez de 1cm quadrado, que é a media da área que um parafuso ocupa. As tábuas que foram retiradas devido ao seu péssimo estado foram substituídas por tábuas novas de castanho com o formato igual aos originais.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Preenchimentos de lacunas a nível da camada de preparação, com massas de gesso-cré e DYRUP aplicadas com espátula e trincha. Reintegração cromática feita com tintas acrílicas da TITAN e SOTINCO com características estéticas idênticas ás da pintura original.
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Desenho 4 – projecto do tecto da capela mor
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3.8 REMODELAÇÃO DO LAMBRIL DA CAPELA-MOR E NAVE DA IGREJA: Remoção do lambril antigo devido a este não se enquadrar na estética da igreja e ao seu estado de conservação que já apresentava problemas de podridão e instabilidade estrutural pontual. Construção de um novo lambril em madeira de castanho, segundo a técnica designada de forro à portuguesa, de tábua sobre tábua (fig.3)
Desenho 5 – projecto do lambril da igreja
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3.9 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE ESCULTURA DE SÃO PEDRO LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Consolidação pontual das zonas da camada d policroma em risco de destaque. Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Revisão do elemento da base que se encontrava em risco de destaque. Remoção e limpeza dos vestígios de adesivo com bisturi e água quente. Colagem dos elementos com PVA e aperto com grampos.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase seguida da aplicação de White Spirit para anular a acção do solvente na segunda fase. Preenchimento das lacunas da camada de preparação com massas de gesso (Dyrup), aplicadas com espátula e pincel e após secagem nivelamento com folha abrasiva de grão fino (240 e 600). Reintegração cromática das massas com tinta acrílica (TITAN) imitando o estofado original segundo técnica mimética. A técnica aplicada consiste na aplicação de várias camadas de tinta sendo que cada camada possui a cor idêntica às camadas originais conseguindo resultados muito satisfatórios no tratamento de estofados. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
3.10 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE ESCULTURA DA SANTÍSSIMA TRINDADE LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Consolidação pontual das zonas da camada d policroma em risco de destaque. Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Tratamento das fissuras com injecção de PVA e fechamento com pasta celulósica (RAYON). Reconstrução dos elementos em falta (pináculo do cadeirão, pregas do coro do cadeirão) com madeira da mesma natureza e pasta de celulose (RAYON). Colagem dos elementos com PVA e aperto com grampos.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS: Remoção superficial dos óxidos por via mecânica e aplicação de um conversor liquido, solução de Ácido Tânico em álcool a 5%.
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TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase seguida da aplicação de White Spirit para anular a acção do solvente na segunda fase. Preenchimento das lacunas da camada de preparação com massas de gesso (Dyrup), aplicadas com espátula e pincel e após secagem nivelamento com folha abrasiva de grão fino (240 e 600). Reintegração cromática das massas com tinta acrílica (TITAN) imitando o estofado original segundo técnica mimética. A técnica aplicada consiste na aplicação de várias camadas de tinta sendo que cada camada possui a cor idêntica às camadas originais conseguindo resultados muito satisfatórios no tratamento de estofados. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
3.11 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE ESCULTURA DO SAGRADO CORAÇÃO LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Consolidação pontual das zonas da camada d policroma em risco de destaque. Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Reconstrução da lacuna existente na base com madeira de castanho, idêntica á original colada com PVA entalhada com goivas. Tratamento das fissuras preenchendo-as com cola PVA e fechando-as com pasta de celulose (RAYON). Tratamento da fenda que atravessa a escultura no sentido longitudinal desde a cabeça á base com injecção de PVA e fechamento com pasta celulósica (RAYON).
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase seguida da aplicação de White Spirit para anular a acção do solvente na segunda fase. Preenchimento das lacunas da camada de preparação com massas de gesso (Dyrup), aplicadas com espátula e pincel e após secagem nivelamento com folha abrasiva de grão fino (240 e 600). Reintegração cromática das massas com tinta acrílica (TITAN) imitando o estofado original segundo técnica mimética. A técnica aplicada consiste na aplicação de várias camadas de tinta sendo que cada camada possui a cor idêntica às camadas originais conseguindo resultados muito satisfatórios no tratamento de estofados. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
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3.12 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE ESCULTURA DE SÃO SEBATIÃO LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Consolidação pontual das zonas da camada de policroma em risco de destaque. Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Reconstrução dos elementos em falta (setas do corpo), tratamento das fissuras com injecção de PVA e preenchimento com pasta de celulose (RAYON) Colagem dos elementos com PVA e aperto com grampos.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase seguida da aplicação de White Spirit para anular a acção do solvente na segunda fase. Preenchimento das lacunas da camada de preparação com massas de gesso (Dyrup), aplicadas com espátula e pincel e após secagem nivelamento com folha abrasiva de grão fino (240 e 600). Reintegração cromática das massas com tinta acrílica (TITAN) segundo técnica mimética de forma a ficar indescernivel. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
3.13 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE ESCULTURA DE SÃO JOSÉ LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Consolidação pontual das zonas da camada de policroma em risco de destaque. Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Consolidação e estabilização das áreas fragmentadas (braço direito), limpeza dos adesivos antigos e colagem com PVA. Colmatação das lacunas existentes com pasta de celulose (dedos e partes da manga).
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase seguida da aplicação de White Spirit para anular a acção do solvente na segunda fase. Preenchimento das lacunas da camada de preparação com massas de gesso (Dyrup), aplicadas com espátula e pincel e após secagem nivelamento com folha abrasiva de grão fino (240 e 600). Reintegração cromática das massas com tinta acrílica (TITAN) segundo técnica mimética de forma a ficar indescernivel.
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FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
3.14 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE ESCULTURA DE SÃO PEDRO LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Consolidação pontual das zonas da camada de policroma em risco de destaque. Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Colmatação das lacunas com pasta de celulose (dedos da mão direita).
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase seguida da aplicação de White Spirit para anular a acção do solvente na segunda fase. Preenchimento das lacunas da camada de preparação com massas de gesso (Dyrup), aplicadas com espátula e pincel e após secagem nivelamento com folha abrasiva de grão fino (240 e 600). Reintegração cromática das massas com tinta acrílica (TITAN) segundo técnica mimética de forma a ficar indescernivel. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
3.15 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE ESCULTURA DA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Consolidação pontual das zonas da camada de policroma em risco de destaque. Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: O suporte encontrava-se em bom estado de conservação e por isso não foi necessário intervir nele.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS: Remoção superficial dos óxidos por via mecânica e aplicação de um conversor liquido, solução de Ácido Tânico em álcool a 5%.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA:
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FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase seguida da aplicação de White Spirit para anular a acção do solvente na segunda fase. Preenchimento das lacunas da camada de preparação com massas de gesso (Dyrup), aplicadas com espátula e pincel e após secagem nivelamento com folha abrasiva de grão fino (240 e 600). Reintegração cromática das massas com tinta acrílica (TITAN) segundo técnica mimética de forma a ficar indescernivel. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
3.16 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE PINTURA DE CAVALETE (SÃO PEDRO) DESMONTAGEM Remoção dos elementos de fixação que chumbavam a pintura á parede e a impossibilitavam de ser removida para tratamento, através do corte com rebarbadora.
LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Desinfestação do suporte por via líquida com aplicação a trincha pelo tardoz.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS: Remoção superficial dos óxidos por via mecânica e aplicação de um conversor líquido, solução de Ácido Tânico em Álcool a 5%.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase. Limpeza profunda muito cuidada com solução de hidróxido de sódio a 1% em água. Limpeza com White Spirit para anular a acção do solvente. A opção de não preencher as lacunas da camada de preparação nem a consequente reintegração cromática basea-se no principio da intervenção mínima, devido a estas serem de dimensão mínima e não interferirem com a leitura da obra uma vez que as pinturas colocadas no seu lugar, essas lacunas tornam-se invisíveis. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
TRATAMENTO DAS MOLDURA Limpeza e imunização por via líquida da moldura com aplicação á trincha. Abriram-se janelas de verificação para estudar o tipo e policromia que existia sobre a cor azul (repinte) e verificou-se o aparecimento de marmoreado vermelho. Ambas as camadas estavam completamente danificadas quer a original, quer
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FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia o repinte pelo que se optou por refazer uma pintura totalmente nova com base no marmoreado vermelho que apareceram subjacente ao repinte. O perfil dourado da moldura foi reintegrado com tinta acrílica de tom dourado. Aplicação de novos apliques para fixação na parede através da colocação de dois camarões onde se fez passar um cabo de aço de 2,5mm. Isto porque achamos que a solução anterior era muito rude, inestética e comprometia a sua manutenção e consequentemente o seu estado de conservação.
3.17 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE PINTURA DE CAVALETE (ULTIMA CEIA) DESMONTAGEM Remoção dos elementos de fixação que chumbavam a pintura á parede e a impossibilitavam de ser removida para tratamento, através do corte com rebarbadora.
LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Desinfestação do suporte por via líquida com aplicação a trincha pelo tardoz.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS: Remoção superficial dos óxidos por via mecânica e aplicação de um conversor líquido, solução de Ácido Tânico em Álcool a 5%.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase. Limpeza profunda muito cuidada com solução de hidróxido de sódio a 1% em água. Limpeza com White Spirit para anular a acção do solvente. A opção de não preencher as lacunas da camada de preparação nem a consequente reintegração cromática basea-se no principio da intervenção mínima, devido a estas serem de dimensão mínima e não interferirem com a leitura da obra uma vez que as pinturas colocadas no seu lugar, essas lacunas tornam-se invisíveis. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
TRATAMENTO DAS MOLDURA Limpeza e imunização por via líquida da moldura com aplicação á trincha. Abriram-se janelas de verificação para estudar o tipo e policromia que existia sobre a cor azul (repinte) e verificou-se o aparecimento de marmoreado vermelho. Ambas as camadas estavam completamente danificadas quer a original, quer o repinte pelo que se optou por refazer uma pintura totalmente nova com base no marmoreado vermelho que apareceram subjacente ao repinte. O perfil dourado da moldura foi reintegrado com tinta acrílica de tom dourado. 29
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Aplicação de novos apliques para fixação na parede através da colocação de dois camarões onde se fez passar um cabo de aço de 2,5mm. Isto porque achamos que a solução anterior era muito rude, inestética e comprometia a sua manutenção e consequentemente o seu estado de conservação.
3.18 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE PINTURA DE CAVALETE (ORAÇÃO DO HORTO) DESMONTAGEM Remoção dos elementos de fixação que chumbavam a pintura á parede e a impossibilitavam de ser removida para tratamento, através do corte com rebarbadora.
LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Desinfestação do suporte por via líquida com aplicação a trincha pelo tardoz.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS: Remoção superficial dos óxidos por via mecânica e aplicação de um conversor líquido, solução de Ácido Tânico em Álcool a 5%.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase. Limpeza profunda muito cuidada com solução de hidróxido de sódio a 1% em água. Limpeza com White Spirit para anular a acção do solvente. A opção de não preencher as lacunas da camada de preparação nem a consequente reintegração cromática basea-se no principio da intervenção mínima, devido a estas serem de dimensão mínima e não interferirem com a leitura da obra uma vez que as pinturas colocadas no seu lugar, essas lacunas tornam-se invisíveis. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
TRATAMENTO DAS MOLDURA Limpeza e imunização por via líquida da moldura com aplicação á trincha. Abriram-se janelas de verificação para estudar o tipo e policromia que existia sobre a cor azul (repinte) e verificou-se o aparecimento de marmoreado vermelho. Ambas as camadas estavam completamente danificadas quer a original, quer o repinte pelo que se optou por refazer uma pintura totalmente nova com base no marmoreado vermelho que apareceram subjacente ao repinte. O perfil dourado da moldura foi reintegrado com tinta acrílica de tom dourado. Aplicação de novos apliques para fixação na parede através da colocação de dois camarões onde se fez passar um cabo de aço de 2,5mm. Isto porque achamos que a solução anterior era muito rude, inestética e comprometia a sua manutenção e consequentemente o seu estado de conservação.
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FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia
3.19 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE PINTURA DE CAVALETE (DESCIDA DE CRISTO A O LIMBO) DESMONTAGEM Remoção dos elementos de fixação que chumbavam a pintura á parede e a impossibilitavam de ser removida para tratamento, através do corte com rebarbadora.
LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Desinfestação do suporte por via líquida com aplicação a trincha pelo tardoz.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS: Remoção superficial dos óxidos por via mecânica e aplicação de um conversor líquido, solução de Ácido Tânico em Álcool a 5%.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase. Limpeza profunda muito cuidada com solução de hidróxido de sódio a 1% em água. Limpeza com White Spirit para anular a acção do solvente. A opção de não preencher as lacunas da camada de preparação nem a consequente reintegração cromática basea-se no principio da intervenção mínima, devido a estas serem de dimensão mínima e não interferirem com a leitura da obra uma vez que as pinturas colocadas no seu lugar, essas lacunas tornam-se invisíveis. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
TRATAMENTO DAS MOLDURA Limpeza e imunização por via líquida da moldura com aplicação á trincha. Abriram-se janelas de verificação para estudar o tipo e policromia que existia sobre a cor azul (repinte) e verificou-se o aparecimento de marmoreado vermelho. Ambas as camadas estavam completamente danificadas quer a original, quer o repinte pelo que se optou por refazer uma pintura totalmente nova com base no marmoreado vermelho que apareceram subjacente ao repinte. O perfil dourado da moldura foi reintegrado com tinta acrílica de tom dourado. Aplicação de novos apliques para fixação na parede através da colocação de dois camarões onde se fez passar um cabo de aço de 2,5mm. Isto porque achamos que a solução anterior era muito rude, inestética e comprometia a sua manutenção e consequentemente o seu estado de conservação.
3.20 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE PINTURA DE CAVALETE (QUEDA DE CRISTO A CAMINHO DO CALVÁRIO)
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DESMONTAGEM Remoção dos elementos de fixação que chumbavam a pintura á parede e a impossibilitavam de ser removida para tratamento, através do corte com rebarbadora.
LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Desinfestação do suporte por via líquida com aplicação a trincha pelo tardoz.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS: Remoção superficial dos óxidos por via mecânica e aplicação de um conversor líquido, solução de Ácido Tânico em Álcool a 5%.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase. Limpeza profunda muito cuidada com solução de hidróxido de sódio a 1% em água. Limpeza com White Spirit para anular a acção do solvente. A opção de não preencher as lacunas da camada de preparação nem a consequente reintegração cromática basea-se no principio da intervenção mínima, devido a estas serem de dimensão mínima e não interferirem com a leitura da obra uma vez que as pinturas colocadas no seu lugar, essas lacunas tornam-se invisíveis. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
TRATAMENTO DAS MOLDURA Limpeza e imunização por via líquida da moldura com aplicação á trincha. Aplicação de novo acabamento a cera Aplicação de novos apliques para fixação na parede através da colocação de dois camarões onde se fez passar um cabo de aço de 2,5mm. Isto porque achamos que a solução anterior era muito rude, inestética e comprometia a sua manutenção e consequentemente o seu estado de conservação.
3.21 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE PINTURA DE CAVALETE (PRISÃO DE CRISTO)
DESMONTAGEM
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FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Remoção dos elementos de fixação que chumbavam a pintura á parede e a impossibilitavam de ser removida para tratamento, através do corte com rebarbadora.
LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Desinfestação do suporte por via líquida com aplicação a trincha pelo tardoz.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS: Remoção superficial dos óxidos por via mecânica e aplicação de um conversor líquido, solução de Ácido Tânico em Álcool a 5%.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase. Limpeza profunda muito cuidada com solução de hidróxido de sódio a 1% em água. Limpeza com White Spirit para anular a acção do solvente. A opção de não preencher as lacunas da camada de preparação nem a consequente reintegração cromática basea-se no principio da intervenção mínima, devido a estas serem de dimensão mínima e não interferirem com a leitura da obra uma vez que as pinturas colocadas no seu lugar, essas lacunas tornam-se invisíveis. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
TRATAMENTO DAS MOLDURA Limpeza e imunização por via líquida da moldura com aplicação á trincha. Aplicação de novo acabamento a cera Aplicação de novos apliques para fixação na parede através da colocação de dois camarões onde se fez passar um cabo de aço de 2,5mm. Isto porque achamos que a solução anterior era muito rude, inestética e comprometia a sua manutenção e consequentemente o seu estado de conservação.
3.22 CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE PINTURA DE CAVALETE (ENTERRO DE CRISTO) DESMONTAGEM Remoção dos elementos de fixação que chumbavam a pintura á parede e a impossibilitavam de ser removida para tratamento, através do corte com rebarbadora.
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LIMPEZA MECÂNICA SUPERFICIAL: Limpeza de poeiras e sujidade superficial da escultura com aspirador e trinchas.
TRATAMENTO DO SUPORTE: Desinfestação do suporte por via líquida com aplicação a trincha pelo tardoz.
TRATAMENTO DOS ELEMENTOS METÁLICOS: Remoção superficial dos óxidos por via mecânica e aplicação de um conversor líquido, solução de Ácido Tânico em Álcool a 5%.
TRATAMENTO DA CAMADA POLICROMA: Limpeza química com cotonete de algodão e solução de Tuluol e Acetona numa primeira fase. Limpeza profunda muito cuidada com solução de hidróxido de sódio a 1% em água. Limpeza com White Spirit para anular a acção do solvente. A opção de não preencher as lacunas da camada de preparação nem a consequente reintegração cromática basea-se no principio da intervenção mínima, devido a estas serem de dimensão mínima e não interferirem com a leitura da obra uma vez que as pinturas colocadas no seu lugar, essas lacunas tornam-se invisíveis. Aplicação de filme protector de solução de Paraloid B72 a 5% em acetona.
TRATAMENTO DAS MOLDURA Limpeza e imunização por via líquida da moldura com aplicação á trincha. Aplicação de novo acabamento a cera Aplicação de novos apliques para fixação na parede através da colocação de dois camarões onde se fez passar um cabo de aço de 2,5mm. Isto porque achamos que a solução anterior era muito rude, inestética e comprometia a sua manutenção e consequentemente o seu estado de conservação.
4. LISTA DE MATERIAIS USADOS 4.1 TABELA DE MATERIAL DE SEGURANÇA:
Área
Designação
Químicos
Luvas de látex 34
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Luvas de borracha Mascaras de filtro Óculos Segurança física
Botas de segurança Óculos Capacete de protecção Mascara de pó
4.2 MAQUINARIA:
Designação
Actividade
Pistola de jacto quente
Limpeza
Universal
Carpintaria
Serra de fita
Carpintaria
Plaina
Carpintaria
Tico-tico
Carpintaria
Lixadeira
Polimento
Pistola de pregos
Fixação
Aparafusadora
Fixação
Berbequim de furar
Carpintaria
Rebarbadora
Metais/construção civil
Serra electrica
Carpintaria
4.3 TABELA DE TINTAS E VERNIZES UTILIZADOS:
Área de utilização
Designação
Solvente/reversibilidade %
Pintura
Tintas acrílicas TITAN
Acetona/100%
Pintura
Tinta acrílica /Sotinco
AQUALAC
Acetona/100%
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FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Verniz de protecção
Solução de paraloid B72
Acetona/100%
Pintura
Gesso-cré colorido (azul)
Água morna/100%
Colagens
PVA
Acetona/100%
Acabamento
tapaporos
Decapante7100%
Acabamento
Solução cera
Calor/white-spirit/100%
4.4 TABELA DE PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS:
Área de utilização
Designação White-spirit Acetona Tolueno Álcool
Limpeza
Amoníaco Detergente neutro Contrad (detergente aniónico) Decapante Água desionizada Detergente ácido Detergente alcalino
Protecção metálica
Ácido tânico (reconversor)
4.5 TABELA DE MATERIAL DE ENCHIMENTO UTILIZADO:
Área de intervenção
Designação
Fendas
Balsa
Reconstrução do suporte lenhoso
RAYON (pasta de celulose) ARALDIT (pasta bicomponente) 36
FUNCONSERVATION Elaboração e execução de projectos de conservação e arqueologia Madeira de castanho Preenchimento de lacunas a nível da camada de preparação
Gesso-cré Massa DYRUP
5. GARANTIA: A FUNCONSERVATION garante os seus trabalhos se forem cumpridos as recomendações apresentadas e consideradas pelo IPCR. A FUNConservation não se responsabiliza se se registarem incumprimentos danosos, falta de cuidado ou zelosos do património intervencionado. De facto a Igreja da Lordosa obriga a determinados cuidados para que a degradação do património integrado, bem como do restauro efectuado se preserve: Para prevenir e garantir a qualidade do trabalho efectuado, apontamos alguns pontos importantes e que devem ser cumpridos, tal como refere o artigo conservação preventiva “Vade Mecum”, do Instituto Português de Conservação e Restauro (Seruya, s/d):
Se mantenham as peças em ambientes não muito húmidos (é impreterível o uso de desumificadores, pelo menos 3, um em cada retábulo e no altar-mor, ligados permanentemente durante o inverno – Outubro a Março) e o arejamento constante da Igreja. Não aconselhámos alterações das condições ambientais da Igreja, pois os objectos nela existentes encontram-se já adaptamos, somente precisamos que deve haver um controle efectivo das alterações bruscas e da humidade excessiva no ar. Os objectos, como é o caso dos quadros e das esculturas em madeira, deverão estar afastados das paredes ou de superfícies frias (onde ocorrem normalmente as condensações observadas). local deve ser limpo regularmente para que as poeiras e a sujidade não desenvolvam microorganismos que danifiquem o património e o restauro e se observem patologias, como o caso de aparecimento de serrim que indica a presença de caruncho. Deve-se ter em atenção que a limpeza de revestimentos decorativos e policromados só devem ser realizados por conservadores-restauradores. De forma preventiva, pelo menos uma vez por ano deve-se fazer um tratamento às madeiras contra os insectos xilófagos, este tratamento deve ser realizado por conservador-restaurador. Deve-se ter real atenção a riscos físicos directos ou indirectos, responsáveis por vários tipos de danos, podendo fissurar, desgastar, arranhar, escoriar, esfolar ou deformar o património restaurado. Neste sentido, deverão existir barreiras físicas, que impeçam este tipo de prejuízos e o contacto directo da população local ao bem restaurado, sobretudo nos dois retábulos laterais. A luz deverá ser pouco intensa e não estar directamente direccionada para locais policromados ou decorativos, pois provoca a descoloração e o envelhecimento acelerado dos mesmos. Também o sol não deve nunca incidir directamente nos objectos.
Deve ser ainda considerado as seguintes recomendações, tal como descritas pelo IPCR:
“Evite a abertura descontrolada de janelas ou portas, sobretudo quando a temperatura exterior for muito elevada; Verifique regularmente a existência de vidros partidos nas janelas ou clarabóias, a estanquidade das janelas e das portas e o funcionamento das portadas e persianas; Verifique a existência de infiltrações de águas pluviais ou resultantes da própria canalização; retire dos locais onde tal se verifique todas as obras que possam ser afectadas; tenha especial atenção na prevenção de infiltrações e condensações superficiais em locais com revestimentos murais decorativos; Afaste os objectos das fontes de calor directo; Em espaços que não disponham de sistemas de controlo das condições – ambiente e em que haja necessidade de proteger objectos mais sensíveis das oscilações de humidade, procure recorrer a vitrinas para esse efeito;
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Evite lavar o chão próximo a revestimentos de madeira ou parietais decorativos, ou o contacto, durante a lavagem, com qualquer uma das peças. Utilize com cuidado o aspirador ou outros objectos. Sempre que haja necessidade de alterar as condições – ambiente de um espaço procure o aconselhamento de um conservador – restaurador acreditado pelo IPCR… Efectue inspecções de rotina para detectar a presença de qualquer tipo de alterações, não deixando a situação prolongar-se… Utilize luvas de algodão para manusear as peças… Deve-se evitar a colocação de velas ou de flores”… próximo das peças ou dos objectos intervencionados, o uso destes provocam alterações das condições e propiciam o aparecimento de microorganismos… “Não introduza nenhum produto, nem cera, nem desinfectante, nem cola, nem consolidante, porque qualquer deles poderá ter um efeito nocivo e mesmo decapante sobre a policromia ou acabamentos.” (Seruya, s/d, pp. 8- 12).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Após os dez meses de trabalho e olhando para trás tendo em conta os contratempos, os problemas inerentes à obra; às paragens a que fomos obrigados pelo excesso de humidade e condições ambientais em obra; ao contexto social, aos pequenos intervalos temporários, para realização de eventos religiosos, a pedido da Comissão; ao contexto artístico e patrimonial achamos ter conseguido levar esta obra a bom fim, conseguindo restituir alguma verdade estética à igreja, devolvendo-lhe as cores e a traça original. No entanto devemos referir que aconselhamos o desenvolvimento da continuação dos trabalhos, com colocação de folha, nas zonas indicadas no relatório para um melhor apuramento e proximidade à estética original. Foi pois possível devolver a dignidade ao templo proporcionando o seu regresso às origens, resgatando dentro dos possíveis um pedaço de património em tempos perdido e escondido pelas sucessivas intervenções de “restauro” ou reabilitação. De salientar a belíssima pintura representando as chaves de São Pedro no tecto da capela-mor escondida durante anos atrás de um tecto de PVC, e as policromias coloridas dos altares laterais que permaneciam incógnitas, por detrás de uma espessa camada de tinta plástica branca.
7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: Aragão; Maximiano (1928)– Viseu Subsídios para a sua História desde os fins do século XV, Tipografia Sequeira Ldª, Porto Costa; Maria M. F.(2006) – Viseu Cidade da Eucaristia, A. J. Sá Pinto e Filhos Encadernadores Ldª, Viseu. Dicionário enciclopédico das freguesias, vol. III, Matosinhos, 1997, p. 711; ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, Viseu, 2001, p. 284, 357.
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