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Paulo Marçalo

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Xavier

Xavier

PAULO MARÇALO escrita

Poema de Paulo Marçalo e fotografias de Lauren Maganete do extra-texto da obra poética “O silêncio perpetua os espaços” Paulo Marçalo, Poeta Marinheiro, nasce aos nove de Dezembro de mil novecentos e setenta e quatro, na Praia da Cova – Gala, Figueira da Foz, de onde não sai até aos 43 anos de idade, mas tendo sido concebido em Lourenço Marques, Moçambique, de onde vem com oito meses de gestação, na bagagem da Mãe que lhe transmuta memórias.

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Vive em Coimbra desde 2018. Na cidade que o acolhe por sobre o Mondego, Paulo Marçalo respira a poética de António Nobre que o instiga a aprofundar esta sua Arte de forma apaixonada e atenta, de uma simbólica introspectiva. Só!

Escreve desde que se lembra de ter necessidade de dialogar consigo… tão natural como ir em pescarias pelas águas fecundas do mar ou do rio Mondego, partindo do rio Pranto que sente como seu confidente. A sua escrita é o desfragmentar do Ser – emoção e acção – que se reinventa em cada palavra para se erguer na construção silábica, a Sua. Uma procura pela luz, como apaziguadora de uma constante procura de si, pelos outros que passam… para escapar a uma massificação que o sufoca, permitindo-se uma Religiosidade latente e uma Liberdade que assenta na Democracia como premissa de Vida.

Após várias participações em antologias poéticas, editou o seu primeiro livro de poesia, Espírito d’Alma, em Abril de 2019, com a Modocromia Editora, com esta editora participou também no VI volume da colectânea Palavras de Cristal. Participou em várias exposições de pintura, fotografia e/ou escultura com textos poéticos e em catálogos.

Eu sou Mar Tu és Terra

Tua pele tem sabor a terra, O vinho espumante requintado em teu sabor…

A minha pele dizes-me tu: Tem sabor a mar, odor e sabor a sal…

Somos a Terra e o Fogo, que a regenera E, fortifica.

Teus cabelos compridos contrastam com o meu cabelo rapado, Os teus negros grisalhos, os meus castanhos que ganham tons de carvão…

Somos o resultado desta combustão E, o produto escrito do Amor,

Na escultura vincada de carácter E masculinidade em sedução e sensualidade, Na busca da harmonia e da fusão…

Uma jarra de cristal que não se pode quebrar, Tais os algozes da nossa comunhão, Na hóstia insaciada de nos bebermos…

Na erótica pornografia da nossa cumplicidade Fantasias que nos dão virilidade E, sentimos a potente ascendência do deus fálico…

Em gravidez de beijos provocatórios De lábios mordidos Numa boca comendo-se…

Fluídos receptivos de lirismos plasmados do Fauno, Em seu drama de dor e prazer,

Lábios contorcidos numa palma fogosa Folgando e arfando a arte explorada até à exaustão…

Dos corpos…

Derretidos em brindes bárbaros de prosas terrenas, Onde a Lua incinera as estrelas,

Diabolizando na mente instintos devoradores, De um jantar iluminado por negras velas No subtil contornar das formas…

Amantes exprimindo Amor Em multifacetadas túnicas nuas…

À beira do lago… onde o segredo se insinua…

Um sândalo queimado, de faíscas e chispas, De eróticos falos de sabres trespassantes Na crua e fantasiosa maravilha de eclodir…

E, de cair o Sol e implodir a Terra, Meu lábio de sal, teu lábio de terra, Minha amura aguentando o vendaval…

De calor mortal…

Fotografias de Lauren Maganete

Desenho gráfico por Joel Almeida

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