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VIEIRA PORTUENSE 1765 - 1805

Vieira Portuense, pintor português da segunda metade do Séc. XVIII, representa o culminar da estética Neoclássica e anuncia a transição para o Romantismo, fruto da sua dupla formação inglesa e italiana. É um dos mais importantes pintores desta fase, e o seu nome próprio é Francisco Vieira.

Iniciou a sua formação com o pai, Domingos Francisco Vieira, e em seguida com Glama Stroberle e Jean Pillement, aquando da passagem deste último pelo Porto; frequenta a Aula de Joaquim Mendes da Rocha, em Lisboa. Viajou em 1789 para Roma, com bolsa, onde teve como mestre Domenico Corvi e nesta cidade estabelece a sua oficina. Em 1793 inicia uma grande viagem pela Europa percorrendo os principais centros culturais, mas é em Parma, onde estuda a obra de Correggio, que desenvolve a sua majestosa actividade publicamente reconhecida e reconhecida pela nomeação como académico da Régia Academia Parmense, apesar do périplo por Berlim, Dresden e Potsdam. Em 1798 estabelece amizade com os pintores Reynolds e Bartolozzi, estabelecendo residência em Londres.

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Quando regressa a sua cidade natal, traz consigo todo um conjunto de conhecimentos e influências que o tornam prolixo, permitindolhe o abordar de temáticas diferenciadas como a figura histórica e religiosa, a paisagem e o retracto; e se as suas primeiras obras revelam um estética marcada por uma formalização Barroca e Rococó, embora informada por esquemas compositivos e gramaticais neoclássicos, de derivação italiana, o final da sua carreira apontam claramente para uma sensibilidade e uma orientação criativa pré-romântica que lhe concede o título de Pai do Romantismo Português.

Nestas magníficas obras podemos ver representadas três alegorias, que terão sido pintadas em Parma, cuja temática é constante, são elas: Cabeça de Holofernes, Cabeça de Golias e Cabeça de S. João Baptista. Representam o período alegórico de Vieira Portuense e são consideradas as obras de maior relevo neste tipo de composição deste autor.

Cabeça de Holofernes, Séc. XVIII Vieira Portuense (1765-1805) Óleo s/ tela 495x625 N. Inv. 0448

Judite corta a cabeça de Holofernes - Jdt 13, 2-10 2 Judite ficou sozinha na tenda com Holofernes, estendido sobre a sua cama, vencido pelo vinho. 3 Judite disse à sua serva que ficasse fora do quarto e que observasse o caminho de saída, como habitualmente, já que ela teria de sair para rezar. Isto mesmo disse ela a Bagoas. 4 Saíram todos da sua presença e, desde o mais pequeno ao maior, não ficou ninguém no quarto. Judite, de pé, ao lado da sua cama, disse no seu coração: «Senhor, Deus de todo o poder, olha nesta hora para a obra das minhas mãos para a glorificação de Jerusalém. 5 Este é o momento de cuidares da tua herança e da realização do meu plano, para esmagar os inimigos que se levantaram contra nós.» 6 Então, avançando para a cabeceira da cama, junto à qual estava a cabeça de Holofernes, pegou na sua espada que estava ali pendurada, 7 aproximou-se do leito, agarrou-o pelos cabelos e disse: «Dá-me força, neste dia, ó Senhor, Deus de Israel.» 8 De seguida, golpeou-o no pescoço duas vezes com toda a sua força e cortou-lhe a cabeça; 9 fez rebolar o corpo na cama, retirou o cortinado de dossel das colunas e, passados alguns momentos, saiu e entregou a cabeça de Holofernes à sua serva, 10 que a colocou no seu saco de mantimentos.

Cabeça de Golias, Séc. XVIII Vieira Portuense (1765-1805) Óleo s/ tela 495x625 N. Inv. 0449

David mata Golias - 1 Sm 17, 45-51 45 David respondeu: «Tu vens para mim de espada, lança e escudo; eu, porém, vou a ti em nome do Senhor do universo, do Deus dos esquadrões de Israel, a quem tu desafiaste. 46 O Senhor vai entregar-te hoje nas minhas mãos e eu vou matar-te, cortar-te a cabeça e dar os cadáveres do campo dos filisteus às aves do céu e aos animais da terra, para que todo o mundo saiba que há um Deus em Israel. 47 E toda essa multidão de gente saberá que não é com a espada nem com a lança que o Senhor triunfa, porque Ele é o árbitro da guerra e Ele vos entregará nas nossas mãos!» 48 Levantou-se o filisteu e avançou contra David. Este também correu para as linhas inimigas ao encontro do filisteu. 49 Meteu a mão no alforge, tomou uma pedra e arremessou-a com a funda, ferindo o filisteu na fronte. A pedra penetrou-lhe na cabeça, e o gigante tombou com o rosto por terra. 50 Assim venceu David o filisteu, ferindo-o de morte com uma funda e uma pedra. E, como não tinha espada na mão, 51 David correu para o filisteu e, quando já estava junto dele, arrancou-lhe a espada da bainha e acabou de o matar, cortando-lhe a cabeça. Vendo morto o seu guerreiro mais valente, os filisteus fugiram.

Cabeça de São João Baptista, Séc. XVIII Vieira Portuense (1765-1805) Óleo s/ tela 495x625 N. Inv. 0450

João Batista é decapitado - Mc 6, 17-29 17 Na verdade, Herodes tinha dado ordens para que prendessem João, o amarrassem e o colocassem na prisão, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual se casara. 18 Porque João dizia a Herodes: “Não te é permitido viver com a mulher do teu irmão”. 19 Assim, Herodias o odiava e queria matá-lo. Mas não podia fazê-lo, 20 porque Herodes temia João e protegia-o, sabendo que ele era um homem justo e santo; e quando o ouvia, ficava perplexo. E escutáva-o com agrado. 21 Finalmente Herodias teve uma ocasião oportuna. No seu aniversário, Herodes ofereceu um banquete aos seus líderes mais importantes, aos comandantes militares e às principais personalidades da Galiléia. 22 Quando a filha de Herodias entrou e dançou, agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: “Peça-me qualquer coisa que você quiser, e eu lhe darei”. 23 E prometeu-lhe sob juramento: “Seja o que for que me pedir, eu lhe darei, até a metade do meu reino”. 24 Ela saiu e perguntou à sua mãe: “Que pedirei?” - “A cabeça de João Batista”, respondeu ela. 25 Imediatamente a jovem apressou-se em apresentar-se ao rei com o pedido: “Desejo que me dês imediatamente a cabeça de João Batista num prato”. 26 O rei ficou aflito, mas, por causa do seu juramento e dos convidados, não quis negar o pedido à jovem. 27 Enviou, pois, imediatamente um carrasco com ordens para trazer a cabeça de João. O homem foi, decapitou João na prisão 28 e trouxe sua cabeça num prato. Ele a entregou à jovem, e esta a deu à sua mãe. 29 Tendo ouvido isso, os discípulos de João vieram, levaram o seu corpo e o colocaram num túmulo.

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Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro Praça Dr. António Breda, 4 3750– 106 Águeda

Tel. +351 234 105 190 Email: conservador.museu@ fundacaodionisiopinheiro.pt www.fundacaodionisiopinheiro.pt

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