Relatório de monitorização universidade de aveiro 2016

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4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ] BRIGHT – BUSSACO´S RECOVERY FROM INVASIONS GENERATING HABITAT THREATS (LIFE10/NAT/PT/075) Contemplando as atividades realizadas no período entre 01.09.2015 e 31.08.2016 Data da Conclusão da Redação do Relatório 31.08.2016

Dados do Projeto Localização

Mata Nacional do Bussaco, Mealhada, Portugal

Data de Início

01/09/2011

Data de Fim

31/08/2016 – Prolongado até 31/08/2017

Orçamento Total

€ 3.081.876

Contribuição CE

€ 1.540.938

(%) de Custos Elegíveis

50

Dados do Beneficiário Associado Nome do Beneficiário

Universidade de Aveiro

Pessoa de Contacto

Professor Doutor Carlos Fonseca

Morada

Departamento de Biologia

Telephone

+ 351 234 370 350

Fax:

+ 351 234 372 587

E-mail

cfonseca@ua.pt

Sítio Web

www.ua.pt/bio

Redação e Revisão por Paula Maia, André Aguiar, Lísia Lopes, Rosa Pinho, Tatiana Moreira-Pinhal, Paulo Silveira e Carlos Fonseca


ÍNDICE 1. SUMÁRIO EXECUTIVO ....................................................................................... 11 1.1. Progresso Geral ............................................................................................................... 11 1.2. Viabilidade dos Objetivos e Programa de Trabalhos ....................................................... 12 1.3. Problemas encontrados .................................................................................................... 12

2. ASPETOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................. 13 2.1. Equipa de Projeto ............................................................................................................. 13 2.3. Acordos de Parceria ......................................................................................................... 13

3. ASPETOS TÉCNICOS ......................................................................................... 14 3.1. Ações do Projeto .............................................................................................................. 14 3.2. SubAções do Projeto ........................................................................................................ 14 3.2.1. SubAção 1. .................................................................................................................... 14 Monitorização e Avaliação de Resultados do Projeto – FAUNA (vertebrados) ...................................14 3.2.1.1. Pontos de amostragem ...........................................................................................................16 3.2.1.2. Metodologias para a monitorização de Fauna e respetiva calendarização ............................24 3.2.1.3. Análise e tratamento de dados ...............................................................................................31 3.2.1.4. Resultados ..............................................................................................................................35 3.2.1.5. Espécies de particular valor conservacionista ......................................................................722 3.2.1.6. Discussão de Resultados / Considerações finais .................................................................755 3.2.1.7. Síntese ..................................................................................................................................844

3.2.2. SubAção 1. .................................................................................................................. 877 Avaliação de Resultados do Projeto – FAUNA (invertebrados) .......................................................877 3.2.2.1. Seleção dos Pontos de amostragem ....................................................................................877 3.2.2.2. Metodologias para a monitorização de Fauna Invertebrada e respectiva calendarização ...877 3.2.2.3. Análise e tratamento de dados .............................................................................................899 3.2.2.4. Resultados ..............................................................................................................................90

3.2.3. Subação 2 – Monitorizaçao de Flora e Habitats ........................................................ 1099 3.2.3.1 Introdução e enquadramento ...............................................................................................1099 3.2.3.2. Materiais e métodos ............................................................................................................1111 3.2.3.3.Resultados e Discussão .......................................................................................................1155 3.2.3.4. Conclusões finais e Recomendações para a gestão e monitorização ................................1299 Referências ......................................................................................................................................1344

3.3 Progresso esperado ...................................................................................................... 1399 3.4 Impacto do projeto ....................................................................................................... 14040 3.5 Para além do LIFE+....................................................................................................... 1411


4. ASPETOS FINANCEIROS ................................................................................ 1433 4.1. Sistema Contabilístico. ................................................................................................. 1433 4.2. Disponibilidade do Cofinanciamento ............................................................................ 1433 4.3. Execução Financeira .................................................................................................... 1433

ANEXOS ....................................................................................................... 1444 Deliverables e Marcos ......................................................................................................... 1444 Dados de Monitorização e Outros ....................................................................................... 1444


ÍNDICE DE FIGURAS Fig. 1. Localização dos locais de amostragem de peixes, anfíbios e répteis. ............................ 17 Fig. 2. Localização dos transetos de amostragem noturna de anfíbios (coincidente com transetos de amostragem de morcegos). ................................................................................... 17 Fig. 3. Localização dos pontos de amostragem de aves, pré-BRIGHT. ..................................... 19 Fig. 4. Localização dos pontos de amostragem de aves, BRIGHT. ........................................... 19 Fig. 5. Localização dos transetos para amostragem de indícios de presença de carnívoros (préBRIGHT e BRIGHT). Traçado adicional usado no BRIGHT, no Pinhal do Marquês, a laranja. . 20 Fig. 6. Traçado alternativo temporário (a verde) para amostragem de carnívoros (indícios de presença). ................................................................................................................................... 20 Fig. 7. Localização dos transetos de amostragem de micromamíferos Pré-BRIGHT. ............... 21 Fig. 8. Localização dos transetos de amostragem de micromamíferos BRIGHT. ...................... 21 Fig. 9. Localização das caixas-ninho colocadas na MNB, antes do ciclone Gong. .................... 23 Fig. 10. Caixas-ninho caídas ou danificadas pelo temporal. ....................................................... 23 Fig. 11: Localização das caixas-ninho monitorizadas. ................................................................ 24 Fig. 12. Interface do software Bat Sound Pro, exibindo o oscilograma (em cima) e o sonograma (em baixo) de pulsos de ecolocalização de Pipistrellus pipistrellus ou Pipistrellis pygmaeus, com feedinz buzz (sequência de pulsos ultrassónicos emitidos na fase final de aproximação às presas). ....................................................................................................................................... 27 Fig. 13. Interface do software Bat Sound Pro, exibindo espetrograma de um pulso de ecolocalização de Pipistrellus pipistrellus ou Pipistrellis pygmaeus. .......................................... 27 Fig. 14. Interface do software Bat Sound Pro, exibindo o oscilograma (em cima) e o sonograma (em baixo) de pulsos de ecolocalização de Barbastella barbastellus, onde se denotam os pulsos com frequência modulada e alternada. ........................................................................... 28 Fig. 15. Localização das câmaras de fotoarmadilhagem. ........................................................... 30 Fig. 16. Evolução do número de Ruivacos (Achondrostoma oligolepis) registados ao longo do tempo, por estação de amostragem. .......................................................................................... 36 Fig. 17. Evolução do número de Bordalos (Iberocypris alburnoides) registados ao longo do tempo, por estação de amostragem. .......................................................................................... 36 Fig. 18: Evolução dos índices de biodiversidade (média por época do ano) da comunidade de aves no Arboreto ......................................................................................................................... 48 Fig. 19: Evolução dos índices de biodiversidade (média por época do ano) da comunidade de aves no Pinhal do Marquês. ........................................................................................................ 48 Fig. 20: Evolução dos índices de biodiversidade (média por época do ano) da comunidade de aves na Floresta Relíquia. .......................................................................................................... 49 Fig. 21. Evolução do número de micromamíferos ao longo do Projeto, por unidade de paisagem. .................................................................................................................................... 59 Fig. 22. Evolução da abundância relativa de micromamíferos (Índice de Mills) ao longo do Projeto, por unidade de paisagem. ............................................................................................. 59 Fig. 23. Localização da totalidade dos excrementos detetados durante o Projeto BRIGHT na MNB. ........................................................................................................................................... 64 Fig. 24. Fotocaptura de Gineta (Genetta genetta), obtida na estação P1. ................................. 66 Fig. 25. Foto de Fuinha (Martes foina), obtida na estação A3. ................................................... 66 Fig. 26. Foto de Raposa (Vulpes vulpes), obtida na estação R2. ............................................... 67


Fig. 27. Fotocaptura de Javali (Sus scrofa), obtida na estação A2. ............................................ 67 Fig. 28. Fotocaptura de Texugo (Meles meles), obtida na estação P1....................................... 68 Fig. 29. Fotocaptura de Fuínha (Martes foina), obtida na estação A1. ....................................... 68 Fig. 30: Número de caixas-ninho com atividade resgistada em comparação e de caixas-ninho onde foram observadas crias/juvenis ao longo do tempo. .......................................................... 70 Fig. 31. Operações de captura dos peixes e limpeza do lago do Palace Hotel, na MNB (14 Julho 2015). ................................................................................................................................ 78 Fig. 32 - Busca activa em troncos mortos (a, b); percursos de monitorização de adultos polinizadores (c). ......................................................................................................................... 88 Fig. 33 - Metodologias de “window fight traps” aplicadas: (a, b) armadilhas suspensas em ramos; (c, d) armadilhas de intersecção (de solo), perfeitamente enquadradas e pouco notórias na paisagem. ............................................................................................................................... 88 Fig. 34 - Espécimes preparados a seco para a colecção de referência do presente trabalho, a ser incluída na Col. de Entomologia da UA. ............................................................................... 89 Fig. 35 – Contribuição de cada grupo para a riqueza específica de invertebrados, na MNB. .... 91 Fig. 36 - Manchas florestais dominadas pelas principais espécies invasoras (cores vivas) e áreas designadas para cada objetivo específico de gestão (cores neutras). Localização das parcelas de amostragem nos habitats de referência (quadrados). ........................................... 110 Fig. 37 – Localização dos pontos de amostragem para avaliação do controlo de Tradescantia fluminensis. No mapa não são evidenciadas as 3 réplicas, mas apenas os pontos de amostragem. ............................................................................................................................. 112 Fig. 38 – Localização das parcelas de monitorização das ações de controlo sobre espécies invasoras florestais no Pinhal do Marquês (parcelas PM) e na Floresta Relíquia (parcelas 1 a 18). ............................................................................................................................................ 113 Fig. 39 - Evolução da cobertura de Tradescantia fluminensis desde o Inverno de 2012 (antes das operações de controlo) até à Primavera de 2016 (última campanha de monitorização). Letras diferentes significam distribuições estatisticamente diferentes (Ver Anexos). ............... 115 Fig. 40 – Evolução da cobertura Total das Parcelas desde o Inverno de 2012 (antes das operações de controlo) até à Primavera de 2016 (última campanha de monitorização). Letras diferentes significam distribuições estatisticamente diferentes (Ver Anexos). .......................... 116 Fig. 41 - Evolução da riqueza florística desde o Inverno de 2012 (antes das operações de controlo) até à Primavera de 2016 (última campanha de monitorização). Letras diferentes significam distribuições estatisticamente diferentes (Ver Anexos). .......................................... 116 Fig. 42 - Evolução da cobertura de Ehrharta erecta desde o Inverno de 2012 (antes das operações de controlo) até à Primavera de 2016 (última campanha de monitorização). Letras diferentes significam distribuições estatisticamente diferentes (Ver Anexos). .......................... 117 Fig. 43 – Cobertura (linhas) e riqueza específica (colunas) por estratos, na parcela de referência relativa ao adernal. ................................................................................................... 118 Fig. 44 - Cobertura e riqueza específica por estratos, na parcela de referência relativa ao carvalhal. ................................................................................................................................... 119 Fig. 45 – Cobertura e riqueza específica por estratos, na parcela de referência relativa ao louriçal. ...................................................................................................................................... 119 Fig. 46 – Cobertura de Acacia dealbata nos vários estratos da vegetação numa das parcelas intervencionadas no Pinhal do Marquês (PM1). ....................................................................... 120 Fig. 47 – Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, na parcela do Pinhal do Marquês onde se efetuou ações de controlo de Acacia dealbata (PM1).................................. 120 Fig. 48 - Cobertura de Acacia longifolia nos vários estratos da vegetação numa das parcelas intervencionadas no Pinhal do Marquês (PM2). ....................................................................... 121


Fig. 49 - Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, na parcela do Pinhal do Marquês onde se efetuou ações de controlo de Acacia longifolia (PM2). ................................ 121 Fig. 50 – Valores médios de cobertura de Acacia dealbata nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas intervencionadas na FR (FR 5 e FR 16). .......................................... 122 Fig. 51 – Valores médios de cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, nas parcelas da FR onde se efetuou ações de controlo de Acacia dealbata (FR 5 e FR 16). ........ 122 Fig. 52 - Valores médios de cobertura de Pittosporum undulatum nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas intervencionadas na FR (FR1, 2 e 8). Letras diferentes indicam distribuições significativas diferentes (α=0.05) relativamente à cobertura do estrato arbustivo. .................................................................................................................................................. 123 Fig. 53 - Valores médios de cobertura (linhas) e riqueza específica (barras) por estratos da vegetação, nas parcelas da FR onde se efetuou ações de controlo de Pittosporum undulatum (FR 1, 2 e 8). Letras diferentes indicam distribuições significativamente diferentes (α=0.05) relativamente à cobertura do estrato arbustivo. ........................................................................ 123 Fig. 54 - Cobertura de Acacia melanoxylon nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas intervencionadas na FR (FR 3, 4, 7, 9 e 10). ............................................................................ 124 Fig. 55 - Cobertura de Acacia melanoxylon nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas FR 17 e FR 18. .......................................................................................................................... 124 Fig. 56 . Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, nas parcelas onde se efetuou ações de controlo de Acacia melanoxylon. .................................................................. 125 Fig. 57 – Cobertura de Prunus laurocerasus nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas intervencionadas na FR (FR 6, 11, 13 e 14). ............................................................................ 126 Fig. 58 - Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, nas parcelas onde se efetuou ações de controlo de Prunus laurocerasus (FR 6, 11, 13 e 14). .................................. 126 Fig. 59 - Cobertura de Robinia pseudoacacia nos diferentes estratos da vegetação, na parcela intervencionada na FR (FR 12). ................................................................................................ 127 Fig. 60 - Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, na parcelas onde se efetuou ações de controlo de Robinia pseudoacacia (FR 12). ................................................. 127 Fig. 61 - Cobertura de Ailanthus altissima nos diferentes estratos da vegetação, na parcela intervencionada na FR (FR 15). ................................................................................................ 128 Fig. 62 - Cobertura (linhas) e riqueza específica (barras) por estratos da vegetação, na parcelas onde se efetuou ações de controlo de Ailanthus altissima (FR 15). ......................................... 128 Fig. 63 – Bancos de tradescância no adernal, resultantes da acumulação dos detritos removidos nas ações de controlo. De notar o aspeto vigoroso da tradescância e o início do alastramento para a área circundante (fotos tiradas em Maio). ................................................ 130 Fig. 64 - Regeneração de Acacia spp. por rebentação de toiça e raíz (esquerda) e por germinação (direita). ................................................................................................................. 132 Fig. 65 – Regeneração da casca de Prunus laurocerasus após descasque em indivíduos de porte arbóreo. ............................................................................................................................ 133


ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - Elementos da Equipa de Projeto – Universidade de Aveiro ...................................... 13 Tabela 2: Quadro síntese da seleção dos pontos de amostragem, metodologias e calendarização para cada grupo taxonómico. ............................................................................ 31 Tabela 3. Espécies de Peixes registadas e monitorizadas e respetivos estatutos de conservação e proteção legal. Notas: End - Endemismo nacional; End Ib – Endemismo Ibérico. .................................................................................................................................................... 35 Tabela 4. Espécies de Anfíbios registadas e monitorizadas e respetivos estatutos de conservação e proteção legal. Notas: End Ib – Endemismo Ibérico. .......................................... 37 Tabela 5. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos de anfíbios. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. ......... 37 Tabela 6. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de anfíbios registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT. .............. 38 Tabela 7. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise da comparação do número de estações de amostragem em que a espécie foi detetada no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT. ........................................................................................................ 38 Tabela 8: Valores totais, por espécie, dos indivíduos adultos e jovens das espécies de anfíbios registadas durante as monitorizações BRIGHT. ......................................................................... 38 Tabela 9. Espécies de Répteis registadas e monitorizadas e respetivos estatutos de conservação e proteção legal. Notas: End Ib – Endemismo Ibérico. .......................................... 39 Tabela 10. Espécies de Aves registadas e monitorizadas e respetivos estatutos de conservação e proteção legal. .................................................................................................... 40 Tabela 11. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves no Pinhal do Marquês, por época do ano. A negrito, assinalamse os valores médios mais elevados. ......................................................................................... 42 Tabela 12. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves no Arboreto, por época do ano. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. ................................................................................................... 42 Tabela 13. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves na Floresta Relíquia, por época do ano. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. .............................................................................................. 44 Tabela 14. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT, para o habitat * ** Pinhal do Marquês, por época do ano. Significativo P ≤ 0,05; Altamente significativo P ≤ 0,01 .................................................................................................................................................... 45 Tabela 15. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT, para o habitat Arboreto, por época do ano. ....................................................................................................... 45 Tabela 16. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT, para a Floresta Relíquia, por época do ano. .......................................................................................... 46 Tabela 17: Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves, por habitat (censos de 10 minutos). A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. ................................................................................................... 50 Tabela 18: Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no pós-Gong em comparação com os dados obtidos pré-Gong, por habitat/unidade de paisagem. ..................................................................................................... 51


Tabela 19: Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves, por habitat (censos de 10 minutos). A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. ................................................................................................... 52 Tabela 20: Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no 2º ano de monitorização BRIGHT em comparação com os dados obtidos no ** 3º ano, por habitat/unidade de paisagem. * Significativo P ≤ 0,05; Altamente significativo P ≤ 0,01 ............................................................................................................................................. 53 Tabela 21: Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves, por habitat (censos de 10 minutos). A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. ................................................................................................... 54 Tabela 22: Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no 3º ano de monitorização BRIGHT em comparação com os dados obtidos no ** 4º ano, por habitat/unidade de paisagem. * Significativo P ≤ 0,05; Altamente significativo P ≤ 0,01 ............................................................................................................................................. 55 Tabela 23. Espécies de Mamíferos registadas e monitorizadas e respetivos estatudos de conservação e proteção legal. Notas: End Ib – Endemismo ibérico. .......................................... 56 Tabela 24. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos de micromamíferos e de morcegos. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. ............................................................................................................................ 58 Tabela 25. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de micromamíferos e morcegos registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT. ............................................................................................................................... 58 Tabela 26. Valores de Abundância Relativa de micromamíferos usando o Índice de Mills, por habitat e por época de amostragem. .......................................................................................... 60 Tabela 27. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para os carnívoros, por época do ano. A negrito, assinalam-se os valores médios mais elevados. ................................................................................................................ 61 Tabela 28. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de carnívoros registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT. ......... 62 Tabela 29. Número total de indícios de presença de carnívoros, por espécie e por transeto/unidade de paisagem. Nota: O ouriço, não sendo um mamífero carnívoro, consta nesta tabela por terem sido encontrados indícios de presença desta espécie........................... 63 Tabela 30. Índice Quilométrico de Abundância (IKA) de indícios de presença de carnívoros registados nas diferentes unidades de paisagem (Floresta Relíquia, Pinhal do Marquês e Arboreto) da MNB. Prospeções efetuadas mensalmente entre julho de 2012 e julho de 2014. 63 Tabela 31. Número de capturas por cada estação de fotoarmadilhagem, para cada espécie identificada. ................................................................................................................................. 65 Tabela 32: Número de espécies de macromamíferos (carnívoros + esquilo + Javali + Ouriço) e número médio de indivíduos detetados com fotoarmadilhagem, por unidade de paisagem. ..... 65 Tabela 33. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos de micromamíferos, de morcegos e de carnívoros. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. ................................................................................................... 69 Tabela 34. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de micromamíferos e morcegos registados no período pré-Gong em comparação com os dados obtidos em período correspondente pós-Gong. .......................................................................... 70 Tabela 35. Espécies de fauna registadas durante a monitorização BRIGHT, prioritárias em termos de conservação. Nota: No que respeita aos invertebrados, consideram-se espécies de particular interesse de conservação todas aquelas indicadas como endemismos, no entanto, devido à extensão da lista, nesta tabela apenas se desacam as espécies de invertebrados que constam da Diretiva Habitats (lista completa no Anexo I). .......................................................... 73 Tabela 36- Resultados gerais quanto aos taxa conhecidos para a Serra do Buçaco por Filo, Classe e Ordem e comparação com o número de taxones confirmados no decorrer do projecto


BRIGHT. (T: total de taxones; sT: subtotal; B: registo bibliográfico; C: taxa confirmados durante o BRIGHT; N: novidades específicas para a S. do Buçaco durante o BRIGHT). ....................... 92 Tabela 37- Espécies RELAPE. (Corótipos dos endemismos (ENDE) apresentados: Endemismos diferenciados em: Ibmg = Endemismo Ibero-magrebino, Ib = Endemismo Ibérico, Lu = Endemismo Lusitânico e Bu = Endemismo beirense da Serra do Buçaco.)....................... 94 Tabela 38 - Coleópteros carabídeos conhecidos para a Serra do Buçaco. Quanto ao estado de conhecimento (EC): I - Inédito; B - registo bibliográfico; C - Registo confirmado com capturas recentes. ..................................................................................................................................... 99 Tabela 39 - Espécies da família Cerambycidae citadas para a Serra do Buçaco e respectivas confirmações e indicação de fitohóspedes associados e respectivos estágios de desenvolvimento (larva (L) | pupa (P) | imago (I)). .................................................................... 102 Tabela 40 - Número de registos da família Cerambycidae na MNB no ano 2015 (* - estágio imaturo; ** - indícios (caminhos, células pupais, adultos cuja emergência correu mal ou ainda élitros). ...................................................................................................................................... 103 Tabela 41 - Resumo de dados fenológicos dos ropalóceros observados durante o BRIGHT+Life (até Ago/2016). ......................................................................................................................... 104 Tabela 42 - Espécies de libélulas e libelinhas da Serra do Buçaco observadas durante o BRIGHT e com origem na literatura. Espécie (-) localizada; (+) dispersa embora localizada; (++) muito dispersa; (+++) cosmopolita (em Portugal). O estatuto de conservação segue Maravalhas & Soares (2013), em que as cores correspondentes são: verde – não ameaçada, amarelo – potencialmente ameaçada, rosa – ameaçada. * - confirmada, ** - novidade específica para a Serra. ........................................................................................................................................ 106 Tabela 44 - Síntese da Execução Financeira do projeto até 31/08/2016 ................................. 143


LISTA DE ABREVIATURAS CMM – Câmara Municipal da Mealhada DGEP – Direção Geral dos Estabelecimentos Prisionais EPC - Estabelecimento Prisional de Coimbra FMB – Fundação Mata do Bussaco FR – Floresta Relíquia MC – Mata Climácica MNB – Mata Nacional do Bussaco UA – Universidade de Aveiro

CITAÇÃO RECOMENDADA Paula Maia, André Aguiar, Lísia Lopes, Rosa Pinho, Tatiana Moreira-Pinhal, Paulo Silveira, Milene Matos e Carlos Fonseca (2016). 4º Relatório de Monitorização e Avaliação de Resultados – Ação E.2 - Projeto BRIGHT – Bussaco´s recovery from invasions generating habitat threats (LIFE10/NAT/PT/075). Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro.


1. SUMÁRIO EXECUTIVO 1.1. PROGRESSO GERAL A passagem do ciclone Gong na MNB, a 19 de janeiro de 2013, causou constrangimentos ao planeamento detalhado dos trabalhos a realizar por parte da UA, responsável pela execução da ação E.2 - Monitorização e Avaliação de Resultados do Projeto, conforme relatório atempadamente apresentado. A generalidade dos objetivos não ficou comprometida, e, de momento, não se observam atrasos signficativos nas metodologias, devido a este contratempo. De qualquer forma, o ciclone constituiu um fator de perturbação nos habitats, o que pode inclusivamente interferir numa correta aferição do efeito do projeto BRIGHT em algumas comunidades monitorizadas (e.g. flora, avifauna). No decurso dos trabalhos do BRIGHT, não se observaram efeitos negativos na fauna (vertebrados), o que é um excelente indicador de que os trabalhos decorrem de forma correta. A continuidade da monitorização da fauna ao longo do projeto torna-se essencial, para se obter uma análise robusta do impacto das ações no terreno sobre estes grupos, para garantir mais algum tempo de ajuste da fauna, face aos seus longos ciclos de vida e áreas vitais, e ainda para averiguar da existência de fatores de enviseamento. Ainda na fauna, mas ao nível dos invertebrados, decorre uma aturada pesquisa bibliográfica em coleções particulares, públicas e catálogos, bem como em literatura publicada, a par com o trabalho de campo. O resultado destes trabalhos está incuído no presente relatório, no seguimento da secção da Fauna Vertebrada. Ao nível da flora, o conjunto de dados apresentado permite realizar algumas análises comparativas com a situação de referência, e ao longo do tempo, indicando uma geral boa progressão em termos da restauração de habitats inicialmente degradados pela presença de espécies invasoras. O caso particular das ações de remoção de Tradescantia fluminensis, tem permitido a regeneração natural do banco de sementes nativas, tanto de espécies herbáceas, como de lenhosas típicas da comunidade climácica. No entanto, a proliferação de uma outra herbácea invasora, recentemente identificada, vem colocar novos desafios à gestão sustentável da MNB, nomeadamente porque aparenta ter sido beneficiada pela remoção de Tradescantia fluminensis. Relativamente às invasoras em comunidade florestal, verifica-se nesta fase, um resultado positivo das intervenções florestais sobre as comunidades vegetais em monitorização, mais concretamente ao nível da redução da percentagem de cobertura de copas das espécies invasoras (em declínio vegetativo). No entanto, não é de descurar o aumento da cobertura de plântulas e do desenvolvimento de rebentos de toiça e de raíz, nomeadamente em Acacia spp., Prunus laurocerasus e Pittosporum undulatum, o que exige atenção redobrada nos povoamentos intervencionados.

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1.2. VIABILIDADE DOS OBJETIVOS E PROGRAMA DE TRABALHOS De uma forma genérica, os objetivos principais mantêm-se viáveis, tanto no que respeita à monitorização de Fauna e de Flora,sendo que as tarefas decorrem de forma eficaz. A passagem do ciclone Gong na MNB, a 19 de janeiro de 2013, causou algumas dificuldades no cumprimento integral do plano de trabalhos estipulado para a ação E.2 - Monitorização e Avaliação de Resultados do Projeto, que, neste momento, não refletem atrasos de maior na execução das tarefas centrais.

1.3. PROBLEMAS ENCONTRADOS Após os constrangimentos relacionados com a passagem do ciclone Gong, atempadamente reportados e resolvidos, nada mais houve a reportar. Foi sentida a necessidade de manter os trabalhos de controlo de invasoras e da concomitante monitorização dos seus efeitos nas comunidades de estudo, para além do período de execução inicialmente previsto. Assim, fez-se um pedido, que foi deferido, para que o período de execução fosse alargado por mais 12 meses, i.e. até 31 de agosto de 2017.

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2. ASPETOS ADMINISTRATIVOS 2.1. EQUIPA DE PROJETO A equipa da UA está identificada na Tabela 1 e é coordenada pelo Prof. Doutor Carlos Fonseca. Trata-se de uma equipa central de 9 pessoas, multidisciplinar, que inclui pessoal dos Quadros da UA, dois bolseiros contratados para o projeto e alunos. Os trabalhos com a fauna de invertebrados contaram ainda com um considerável número de colaboradores externos, a título voluntário. Todos aqueles membros, que estando colaborar nas várias tarefas da Ação E.2 do Projeto BRIGHT, não auferem qualquer vencimento a partir do mesmo, logo não representando despesas de vencimento, estão indicados com um asterisco * (Tabela 1).

Tabela 1 - Elementos da Equipa de Projeto – Universidade de Aveiro Nome

Funções Gerais

Tipo de Contrato / Despesa

Afetação

UA Carlos Fonseca

Coordenação Geral

Pessoal, Quadro

Parcial

Rosa Pinho

Coordenação Operacional Habitats

Pessoal, Quadro

Parcial

Paulo Silveira

Coordenação Operacional Flora

Pessoal, Quadro

Parcial

Lísia Lopes

Orientação trabalhos flora

Pessoal, Quadro

Parcial

Milene Matos

Coordenação Operacional Fauna

Bolseira FCT

Parcial *

Paula Maia

Bolseira, execução trabalhos flora

Contratada BRIGHT

Total (100%)

André Aguiar

Bolseiro, execução trabalhos fauna

Contratado BRIGHT

Total (100%)

Daniela Ferreira

Técnica superior gab. de gestão financeira de programas e projetos

Pessoal, Quadro

Parcial

Tatiana Pinhal

Colaboradora, trabalhos com invertebrados

Aluna

Parcial *

João Gonçalo Soutinho

Colaborador, trabalhos com invertebrados

Aluno

Parcial *

CE3C/CESAM (Eduardo Marabuto), CIBIO (Martin Corley, Sónia Ferreira, Amália Oliveira), SPEN (Carla Rego, António Bívar de Sousa), MHNC-UP (José Manuel Grosso-Silva), NATURDATA (Ricardo Silva, Universidad de Barcelona (Luis Filipe Crespo).

Outros colaboradores, trabalhos com invertebrados

Colaboradores externos, voluntários

Parcial *

2.3. ACORDOS DE PARCERIA A UA não estabeleceu, durante o período em causa, nenhum acordo de parceria com outras entidades, para além das que participam neste projeto, tendo em vista a realização dos objetivos propostos.

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3. ASPETOS TÉCNICOS 3.1. AÇÕES DO PROJETO A UA é responsável pela ação E.2 - Monitorização e Avaliação de Resultados do Projeto. Assim, a apresentação dos aspetos técnicos seguirá a estrutura de subações, sendo a Subação 1 a Monitorização e Avaliação de Resultados do Projeto – Fauna, e a Subação 2 a Monitorização e Avaliação de Resultados do Projeto – Flora e Habitats, apresentados nos pontos seguintes. De forma complementar ao Projeto, e de forma a enriquecê-lo com informação relevante, a UA efetuou ainda atividades complementares durante o ano de 2016, nomeadamente no âmbito da subaçao 1; o levantamento dos invertebrados existentes na MNB, por observação direta e através de extensa pesquisa bibliográfica. O resultado destas atividades será incluído no âmbito dos resultados de monitorização da fauna (subação 1 - invertebrados). Em anos anteriores, por isso não constando do presente relatório, efectuaram-se ações de inventariação da diversidade de macrofungos (cogumelos) e do potencial de dispersão de sementes de espécies autóctones e exóticas por mamíferos.

3.2. SUBAÇÕES DO PROJETO 3.2.1. SUBAÇÃO 1. MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS DO PROJETO – FAUNA (VERTEBRADOS) A monitorização contínua da fauna vertebrada é um ponto fundamental no âmbito do Projeto Life+ BRIGHT, como meio de avaliar o impacto/efeito das intervenções florestais decorrentes do mesmo, na vasta biodiversidade faunística presente na MNB. Tendo-se estabelecido a situação de referência pré-intervenção (trabalhos anteriores, da UA) e sendo os trabalhos de monitorização dos grupos faunísticos ao longo do projeto compatíveis e comparáveis com esses resultados, importa avaliar com rigor qual o efeito das intervenções no terreno na fauna, sendo por isso uma análise relevante no contexto dos efeitos de ações de gestão do habitat, nomeadamente as ações que visam recuperar, reconverter e potenciar habitats tidos como muito importantes do ponto de vista da conservação. Assim, o presente projeto assume-se como modelo de referência para outros projetos e trabalhos similares, uma vez que tem em consideração a avaliação das ações no terreno e seus resultados, não meramente numa perspetiva direta (a biodiversidade faunística e florística, as cadeias tróficas e as relações ecológicas presentes nos habitats envolvidos. Desta forma, procura-se garantir que os trabalhos decorram da forma mais eficaz, focando-se em espécies-alvo e outras diretamente relacionadas com estas), mas de uma forma global e integrando quanto possível todos os valores naturais existentes na MNB, os quais interessa salvaguardar e beneficiar. As plantas invasoras podem reduzir a abundância e a diversidade da flora e fauna autóctone e alterar os processos dos ecossistemas (e.g. Gaertner et al. 2009; Mooney & Cleland 2001). Numa perspetiva de recuperação do ecossistema, são levadas a cabo ações de erradicação e controlo de plantas invasoras, sendo importante que as mesmas sejam compatíveis e favoreçam os valores naturais a proteger. Nesse sentido, a avaliação constante dos resultados das ações, através da monitorização da biodiversidade e da evolução da estrutura e funcionamento ecológico (e não só) das áreas invadidas sujeitas a trabalhos de recuperação BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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assume extrema importância (Reid et al. 2009). Heleno et al. (2010) estudaram a resposta da comunidade à remoção de plantas invasoras, procurando avaliar o sucesso dos trabalhos de recuperação ecológica. Foi verificado que, no imediato, a flora autóctone sofre um decréscimo potencialmente devido à pressão resultante dos trabalhos, mas 2 anos após as intervenções, foi possível verificar um acréscimo generalizado na fauna e no banco de sementes de espécies autóctones. Desta forma se evidencia a importância de avaliar a comunidade na sua globalidade (fauna e flora), para se entender a real eficácia dos trabalhos. Outros dados relevantes que resultaram do estudo de Heleno et al. (2010), são a maior propensão para a dispersão de sementes de plantas exóticas pelas aves, em oposição às sementes autóctones e o facto de a existência de plantas invasoras favorecer a germinação de sementes exóticas em detrimento das autóctones. Quando as espécies invasoras estão estabelecidas num ecossistema, podem alterar o seu funcionamento ou substituir o papel funcional de espécies autóctones, tornando a sua remoção mais complexa e com potenciais efeitos na biodiversidade e no ecossistema. Desse modo, a monitorização da biodiversidade, das cadeias tróficas e funções ecológicas presentes nos locais a intervencionar deverá ser efetuada, para prevenir e atempadamente responder a possíveis efeitos secundários indesejados decorrentes dos trabalhos de recuperação de habitat (Zavaleta et al. 2001). Sucintamente, poderemos considerar três componentes principais na avaliação do sucesso da recuperação de ecossistemas: biodiversidade, estrutura da vegetação e processos ecológicos (Ruiz-Jaen & Aide 2005). Neste contexto, os trabalhos de monitorização da fauna no presente projeto, procuram assegurar a adequada avaliação do efeito e eficácia das ações BRIGHT de controlo de invasoras no terreno, integrados nas componentes acima referidas e considerando os objetivos específicos do plano de ação para a componente Life+ BRIGHT_fauna, que em seguida se relembram: 1. Definição de pontos e/ou áreas de estudo/monitorização em concordância com a situação de referência. 2. Investigação e aplicação das metodologias de monitorização de fauna. 3. Definição de metodologias para a monitorização da fauna invertebrada. 4. Monitorização regular das populações de fauna vertebrada e invertebrada. 5. Colocação e monitorização das caixas-ninho como medida de beneficiação para as aves e eventualmente para a expansão da flora autóctone. 6. Análise contínua do efeito da evolução das ações do projeto e avaliação de resultados. 7. Levantamento de novos registos faunísticos para a MNB. 8. Recolha sistemática de excrementos de fauna e sementes para análise de germinação em viveiro (atividade complementar). 9. Acompanhamento das ações de intervenção na MNB e identificação de problemas, contratempos, imprevistos e outras situações relevantes. 10. Tratamento e análise de dados e comparação com a situação de referência. 11. Elaboração de relatórios técnicos. 12. Publicação dos resultados em encontros científicos, revistas de divulgação e científicas, etc.

Notas: A secção deste documento referente à SubAção2 (E.2 Monitorização e Avaliação de Resultados do Projeto: Fauna) reporta-se aos dados recolhidos como situação de referência (antes do BRIGHT) e dados recolhidos entre julho de 2012 e julho de 2016 (BRIGHT). BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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3.2.1.1. PONTOS DE AMOSTRAGEM A monitorização de vertebrados decorreu nos locais de amostragem anteriormente selecionados e apresentados. A seleção dos pontos, estações e transetos de amostragem efetuada no início do Projeto, baseou-se no compromisso entre os trabalhos de amostragem anteriores ao projeto BRIGHT (com o objetivo de se poderem estabelecer comparações com os dados que constituem a situação de referência pré-intervenções no âmbito do projeto) e a cobertura das várias unidades de paisagem existentes na Mata, com especial atenção às áreas onde ocorreram e ocorrerão intervenções florestais decorrentes do projeto. Assim sendo, as áreas de amostragens (pontos/estações/transetos) coincidem com aquelas utilizadas antes do projeto, no decorrer dos trabalhos efetuados pela UA para a caracterização da fauna vertebrada da MNB (Matos 2011). No entanto, de modo a satisfazer os objetivos do projeto, foram necessário ligeiros ajustes na localização/número das amostragens, que não comprometeram a comparação com a situação de referência. No que diz respeito aos invertebrados, entendeu-se ser necessário estabelecer áreas de amostragem com base nas intervenções florestais efetuadas e a efetuar, bem como com a situação de referência estabelecida para a flora, nomeadamente na Floresta Relíquia. Consideraram-se os diferentes habitats desta unidade de paisagem e a possibilidade de estabelecer comparações – ao nível dos invertebrados – entre áreas bem conservadas de floresta autóctone, com áreas invadidas e, por tal, degradadas. Paralelamente ao trabalho de campo tem sido efetuada uma extensa e morosa revisão bibliográfica, conforme explicado adiante.

Peixes Definiram-se como áreas de amostragens as linhas de água principais (ao longo do Vale do Fetos e até à Porta das Lapas) e os lagos existentes na MNB (Lago Grande, Lago dos Cisnes junto à Fonte Fria e Lago do jardim do Palace Hotel), em concordância com as áreas de amostragem da situação de referência (Fig. 1).

Anfíbios As áreas de amostragem para este grupo taxonómico coincidem com as que foram selecionadas aquando dos trabalhos de campo que constituem a situação de referência. Assim, foram definidas como áreas de amostragens os pontos de água e as linhas de água principais (ao longo do Vale do Fetos até à Porta das Lapas e Vale dos Abetos e linha de água a sul do Palace Hotel e na Fonte Fria), transetos nas margens dessas mesmas linhas de água (Fig. 1) e transetos (noturnos) coincidentes com os transetos de amostragem de morcegos (Fig. 2).

Répteis As áreas de amostragem para este grupo taxonómico coincidem com as que foram selecionadas aquando dos trabalhos de campo que constituem a situação de referência antes do projeto. Assim, foram definidos como áreas de amostragem os transetos nas margens das linhas de água, de forma coincidente com os transetos de amostragem de anfíbios (Fig. 1 e 2).

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Fig. 1. Localização dos locais de amostragem de peixes, anfíbios e répteis.

Fig. 2. Localização dos transetos de amostragem noturna de anfíbios (coincidente com transetos de amostragem de morcegos).

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Aves As áreas de amostragem para este grupo taxonómico coincidem, em parte, com as que foram selecionadas aquando dos trabalhos de campo que constituem a base da situação de referência antes do projeto. Assim, foram definidos como áreas de amostragem para o Projeto alguns dos pontos de censo de aves utilizados nos trabalhos anteriores (para permitir a comparação com a situação de referência), tendo sido adicionados novos pontos com o objetivo de assegurar uma melhor cobertura das áreas alvo da intervenção das ações no terreno (nomeadamente no Pinhal do Marquês e na Floresta Relíquia). Desta forma espera-se ser possível ter uma melhor representatividade das diferentes unidades de paisagem, não comprometendo a essencial comparação com os dados obtidos anteriormente. No total, estabeleceram-se então 35 pontos de amostragem (5 no Pinhal do Marquês, 10 na Floresta Relíquia e 20 no Arboreto) (Fig. 3 e 4). Devido à inacessibilidade que o Ciclone Gong causou a alguns pontos de amostragem de aves, houve necessidade de nos meses subsequentes ajustar as localizações de alguns pontos, conforme possível, para locais acessíveis nas proximidades dos locais “originais”.

Mamíferos As áreas de amostragem para os mamíferos coincidem, em parte, com as que foram selecionadas aquando dos trabalhos de campo que constituem a situação de referência. Deste modo, foram definidos transetos para amostragem de morcegos (Fig. 2), transetos para amostragem de micromamíferos (Fig. 8) e transetos para amostragem de carnívoros (indícios de presença e excrementos), sendo que se revelou necessário adaptar os transetos antigos e acrescentar um pequeno troço (na área do Pinhal do Marquês), com o objetivo de assegurar uma melhor cobertura, permitindo uma melhor representatividade das diferentes unidades de paisagem existentes na MNB, tendo em conta os objetivos propostos (Fig. 5).

Os transetos de amostragem de carnívoros, após o Ciclone Gong, sofreram alguns ajustamentos temporários (Fig. 6), devido a obstruções localizadas em troços dos percursos originais. Assim, até à total desobstrução dos percursos de amostragem, foi adotado um traçado provisório para amostragem de carnívoros (indícios de presença), tendo sido retomado o percurso original em julho de 2013. Este traçado temporário foi selecionado de forma a não afetar significativamente os resultados, na tentativa de não colocar em causa os objetivos propostos. No entanto, admite-se que o traçado alternativo não tenha sido tão eficaz para a amostragem em questão, nesse período.

Quanto ao método de armadilhagem fotográfica para carnívoros, a elevada inacessibilidade da maioria dos locais e a dificuldade em estabelecer localizações alternativas ajustadas aos objetivos, diminuiu significativamente a exequibilidade destas amostragens no tempo previsto, atendendo à sua morosidade e distâncias mínimas necessárias. Como tal, foram efetuados ligeiros ajustes na localização das estações de armadilhagem fotográfica, para minimizar o risco de furto das câmaras e mantendo o compromisso da abrangência das unidades de paisagem presentes na MNB.

No caso dos micromamíferos foram selecionadas 2 linhas de amostragem coincidentes com os trabalhos anteriores, aos quais se adicionaram 2 novos transetos (na zona do Pinhal do Marquês), de forma a se obter uma melhor representatividade das diferentes unidades de BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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paisagem, não comprometendo a essencial comparação com os dados obtidos anteriormente, tendo em consideração as áreas alvo de intervenções no terreno (Fig. 7 e 8).

Fig. 3. Localização dos pontos de amostragem de aves, pré-BRIGHT.

Fig. 4. Localização dos pontos de amostragem de aves, BRIGHT.

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Fig. 5. Localização dos transetos para amostragem de indícios de presença de carnívoros (pré-BRIGHT e BRIGHT). Traçado adicional usado no BRIGHT, no Pinhal do Marquês, a laranja.

Fig. 6. Traçado alternativo temporário (a verde) para amostragem de carnívoros (indícios de presença).

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Fig. 7. Localização dos transetos de amostragem de micromamíferos Pré-BRIGHT.

Fig. 8. Localização dos transetos de amostragem de micromamíferos BRIGHT.

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Caixas-ninho No que se refere às caixas-ninho, o objetivo inicial era colocar no terreno 250, sendo que as respetivas localizações corresponderiam aos objetivos de que esses dados pudessem resultar numa análise conveniente da beneficiação que as aves pudessem ter a partir das ações BRIGHT. As localizações inicialmente selecionadas e onde se encontravam colocadas 192 caixas-ninho, estão representadas na figura 9. No entanto, a queda de árvores ocorrida com o Ciclone Gong derrubou e/ou destruiu inúmeras caixas-ninho (Fig. 10), não tendo até ao presente momento sido possível quantificar a extensão exata destes estragos devido à inacessibilidade/destruição de muitas caixas. As prospeções de campo demonstraram a inviabilidade de uma grande quantidade de caixas-ninho já colocadas, tendo sido impossível repor as caixas a tempo da época de reprodução seguinte ao (primavera 2013), quer pela inacessibilidade aos locais de colocação de caixas, quer pelo tempo que os trabalhos de colocação demoram. Assim, a monitorização completa e eficaz da nidificação das aves para a época de reprodução de 2013 através do acompanhamento das caixas-ninho ficou impossibilitada. Tendo em conta a destruição de inúmeras caixas-ninho, a inacessibilidade de muitos dos locais onde se encontram/encontravam colocadas (principalmente em zonas de floresta densa, fora dos caminhos) e a impossibilidade de se repor o mesmo número de caixas-ninho, nos mesmos locais ou em locais que se enquadrassem nos objetivos, estas metodologias foram alvo de ajustes atempadamente comunicados, que consistiram numa redução das caixas-ninho a monitorizar. Assim sendo, de forma a obter resultados minimamente satisfatórios e assumindo que o esforço despendido nesta metodologia teria que ser obrigatoriamente reduzido devido às condicionantes no terreno, e por forma a não comprometer a execução das demais tarefas em curso, foram monitorizadas um total de 60 caixas-ninho na época de reprodução de 2014 (20 na Floresta Relíquia, 20 no Pinhal do Marquês e 20 no Arboreto), colocadas nas localizações indicadas na Figura 11. Esta redução significativa no número de caixas-ninho a monitorizar permitirá obter resultados compatíveis com os objetivos propostos no projeto. Considera-se que será exequível, sem comprometer a obtenção de resultados relevantes, a monitorização deste número de caixas-ninho nas próximas épocas de reprodução, até ao término dos trabalhos.

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Fig. 9. Localização das caixas-ninho colocadas na MNB, antes do ciclone Gong.

Fig. 10. Caixas-ninho caídas ou danificadas pelo temporal.

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3.2.1.2. METODOLOGIAS PARA A MONITORIZAÇÃO DE FAUNA E RESPETIVA CALENDARIZAÇÃO

As metodologias selecionadas para amostragem de Fauna (vertebrados), coincidem com as que foram aplicadas nos trabalhos anteriores ao projeto, que constituem a situação de referência, de acordo com os objetivos propostos. Desta forma, pretende-se que a avaliação do efeito das intervenções resultantes do projeto seja a mais completa e rigorosa possível. O Ciclone Gong causou algum impacto na monitorização da fauna, nomeadamente na calendarização de algumas amostragens. No entanto, admite-se que as alterações que se verificaram ao que estava previsto inicialmente, não coloquem em causa a generalidade dos objetivos propostos, embora o tempo despendido para a realização destas metodologias seja no geral, superior ao que se verificava anteriormente e se assumam atrasos significativos no desempenho de algumas tarefas, conforme atempadamente comunicado. Como já referido,

Fig. 11: Localização das caixas-ninho monitorizadas.

após o ciclone Gong, diminuiu drasticamente a exequibilidade de algumas tarefas no tempo previsto (caixas-ninho e armadilhagem fotográfica). As capturas e manuseamento da fauna selvagem seguem metodologias autorizadas pela legislação portuguesa e os trabalhos na MNB estão devidamente autorizados pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, através das licenças nº 136/2011/CAPT, 86/2012/CAPT, 94/2012/CAPT, 181/2013/CAPT, 112/2014/CAPT, 248/2015/CAPT e 403/2016/CAPT, atribuídas aos investigadores responsáveis. BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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Peixes As metodologias aplicadas centram-se na amostragem exaustiva das linhas de água principais da MNB e dos lagos, através da contagem de indivíduos por cada espécie. Esta amostragem tem periodicidade mensal tendo sido iniciada em julho de 2012. A calendarização destas amostragens não sofreu alterações com o Ciclone Gong.

Anfíbios As metodologias de amostragem de anfíbios incluem amostragem de girinos nos pontos e linhas de água, com limite de tempo/distância (30 minutos em troços pré-determinados), busca ativa (diurna) em transetos nas margens dos troços das linhas de água com limite de tempo (30 minutos) e busca passiva noturna em transetos (correspondem aos transetos para amostragem de morcegos) em condições de chuva. Estas amostragens foram realizadas com periodicidade mensal, tendo sido iniciadas em julho de 2012 (exceto os transetos noturnos, que apenas se realizaram no meses em que se verificou ocorrência de precipitação). A calendarização destas amostragens não sofreu alterações com o Ciclone Gong.

Répteis As metodologias de amostragem de répteis foram realizadas através de busca ativa (diurna) em transetos nas margens dos troços das linhas de água com limite de tempo (30 minutos). Estas amostragens foram realizadas com periodicidade mensal, tendo sido iniciadas em julho de 2012. A calendarização destas amostragens não sofreu alterações com o Ciclone Gong.

Aves A metodologia de amostragem de aves foi realizada através de censos em ponto fixo, com a duração de 5 minutos (a partir de setembro 2013) e de 10 minutos (sempre após 2 minutos de habituação das aves à presença do observador), registando-se todas as aves detetadas (registos visuais e auditivos) num raio de 50 metros. Os censos realizam-se apenas nas primeiras 4 horas após o nascer do sol e foram efetuadas duas réplicas por cada época crucial da fenologia das aves, tendo-se iniciado a amostragem em julho de 2012. Durante o mês de janeiro de 2013 não foi realizada esta amostragem, devido aos impactos causados pelo Ciclone Gong, significando que a época de inverno 2012/2013 ficou incompleta, com apenas uma réplica realizada. Admite-se no entanto que este facto não comprometeu a generalidade dos objetivos/resultados. Conforme explicado no Relatório de Progressos nº 1 (2013), ficou definido que para uma mais correta comparação com os dados pré-BRIGHT, os censos deveriam ter a duração de 5 minutos, sendo que, no entanto, continuar-se-ia também a registar as observações durante os seguintes 5 minutos (total 10 minutos), com o objetivo de recolher dados para efetuar uma análise da evolução da comunidade de aves com o decorrer dos trabalhos BRIGHT. Coincidentemente, os registos obtidos com 10 minutos de censo desde o ínicio do projeto, poderão também permitir uma breve análise do impacto do Ciclone Gong nas aves, uma vez que há dados recolhidos em períodos comparáveis: entre julho de 2012 e dezembro de 2012 (pré-Gong) e entre julho 2013 e dezembro 2013 e de Julho 2014 a Dezembro 2014 (pós-Gong).

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Mamíferos As metodologias de amostragem de mamíferos foram direcionadas para a amostragem das espécies de micromamíferos, de morcegos e de carnívoros. No que diz respeito aos micromamíferos, a metodologia envolveu a colocação e monitorização de linhas de 30 armadilhas Sherman iscadas (sementes, água e sardinha enlatada), em 4 noites consecutivas. Os micromamíferos capturados foram marcados distintamente em cada dia (marcação por corte de pelagem). A periodicidade foi de uma campanha de amostragem por cada estação do ano (no final da estação), sendo que os trabalhos se iniciaram em setembro de 2012. A calendarização destas amostragens não sofreu alterações com o Ciclone Gong. No entanto, devido ao inverno rigoroso que se fez sentir no fim de 2013 e início de 2014, não foi possível efetuar amostragens para este grupo neste período.

Quanto aos morcegos, a metodologia de amostragem consistiu na deteção e gravação manual de ultrassons em 6 transetos (de 500 metros cada), durante cerca de 15 minutos por transeto, em noites com condições climatéricas favoráveis (sem chuva, nevoeiro, vento forte ou temperaturas demasiado baixas) e até três horas após o ocaso solar. Conforme Matos et al. 2013 (método manual), cada transeto foi percorrido a pé, com um detetor de ultrassons D240x Pettersson Elektronik AB® em modo de “tempo expandido”, acoplado a um gravador áudio digital, possibilitando detetar os morcegos que surgissem na área de abrangência do microfone, gravar as suas emissões sonoras e, posteriormente, efetuar a análise dos ficheiros acústicos para identificação das espécies presentes. Esta análise foi efetuada através do software Bat Sound Pro versão 3.3 da Pettersson Elektronik AB®, que produz informação gráfica (oscilogramas, espectrogramas, etc.) permitindo a medição de variáveis sonoras como frequência de máxima energia, frequência mínima, frequência máxima, amplitude, duração do pulso, duração do intervalo entre pulsos, entre outros (Fig. 12 a 14). Com base nas propriedades acústicas de cada sequência de pulsos analisada, por comparação com uma base de dados e com dados bibliográficos (e.g. Barataud 1996, Barataud 2002, Rainho et al. 2011, Russo e Jones 2002), identificou-se, sempre que possível, a espécie correspondente. Nas saídas de campo, tentou-se também observar os morcegos detetados de forma a recolher informação visual (tamanho, cor, tipo de voo, comportamento, etc.) que pudesse contribuir para a sua identificação. É importante salientar que este método nem sempre permite a identificação dos morcegos detetados ao nível da espécie, no caso de se tratar de espécies com vocalizações indistinguíveis. Nestas situações, indica-se o par ou grupo de espécies a que o indivíduo pode pertencer. Em situações em que não se conseguem observar os morcegos, também não se poderá efetuar uma quantificação absoluta do número de indivíduos detetados, pois a deteção de um elevado número de passagens de morcegos poderá, eventualmente, dever-se a poucos indivíduos que se encontrem a voar continuamente em torno do microfone do detetor. Assim, em rigor, com a utilização deste método obtém-se uma quantificação da atividade de morcegos, que obviamente será indicativa da sua abundância, mas não tem exatamente o mesmo significado. A periodicidade da amostragem foi mensal, tendo os trabalhos de monitorização de morcegos iniciado em julho de 2012. Durante o mês de janeiro de 2013 não foi realizada esta amostragem, devido aos impactos causados pelo Ciclone Gong.

A amostragem de carnívoros foi realizada através de 2 transetos de cerca de 2 km cada e um transeto mais curto (1km) no Pinhal do Marquês, onde foram identificados e georreferenciados BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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todos os indícios de presença detetados. Esta amostragem teve uma periodicidade mensal, tendo sido iniciada em julho de 2012. Durante o mês de janeiro de 2013 não foi realizada esta amostragem, devido aos impactos causados pelo Ciclone Gong.

Fig. 12. Interface do software Bat Sound Pro, exibindo o oscilograma (em cima) e o sonograma (em baixo) de pulsos de ecolocalização de Pipistrellus pipistrellus ou Pipistrellis pygmaeus, com feedinz buzz (sequência de pulsos ultrassónicos emitidos na fase final de aproximação às presas).

Fig. 13. Interface do software Bat Sound Pro, exibindo espetrograma de um pulso de ecolocalização de Pipistrellus pipistrellus ou Pipistrellis pygmaeus.

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Fig. 14. Interface do software Bat Sound Pro, exibindo o oscilograma (em cima) e o sonograma (em baixo) de pulsos de ecolocalização de Barbastella barbastellus, onde se denotam os pulsos com frequência modulada e alternada.

Foram ainda colocadas câmaras para armadilhagem fotográfica em locais definidos, representativos das várias unidades de paisagem da MNB. No entanto, devido ao furto de algumas câmaras e devido aos efeitos que o Ciclone Gong deixou na vegetação da Mata, impossibilitando os locais de amostragem inicialmente marcados, esta metodologia ainda não se encontrava “fechada” à data do último relatório. A amostragem efetuada em outubro e novembro de 2012 não permitiu também uma análise dos dados obtidos, uma vez que a relativamente reduzida área da MNB (face à área vital dos carnívoros) não possibilita a independências das estações de amostragem. Tendo então em conta a não independência das amostras obtidas, só são possíveis duas abordagens: o modelo nulo e um modelo onde a probabilidade de captura varia entre ocasiões (sendo que com relativamente poucas estações de fotoarmadilhagem este modelo é pouco eficiente). Por todos estes motivos, esta metodologia foi repensada para nova aplicação para o restante período de monitorização durante o Projeto. A reduzida dimensão da MNB, neste contexto, dificulta a implementação desta metodologia, sem que as amostragens sejam negativamente afetadas pela proximidade entre os locais possíveis de selecionar, impossibilitando uma correta estimativa do tamanho e composição da comunidade de carnívoros. Assim, pretende-se replicar a amostragem realizada de forma a obter dados comparáveis entre dois (ou mais) momentos do Projeto, sendo que no entanto, a influência de outras variáveis poderá afetar os resultados obtidos. Considerando a relativa inacessibilidade aos locais (interior da floresta, fora dos caminhos) causada pelo Gong e grande morosidade necessária para a execução desta metodologia, além de potenciais furtos das câmaras, foram ajustados os locais de colocação das estações de armadilhagem fotográfica, sempre tendo em consideração os locais originalmente selecionados. Uma vez que a modelação estatística não será possível, no futuro serão utilizados outros métodos estatísticos de comparação do número de capturas obtidas por unidade de paisagem e por espécie (apenas relevante quando se completar 2 amostragens por época em cada local), tendo sido necessário reduzir o período de tempo que as câmaras permanecem no campo de 30 para 15 dias por cada época do ano.

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As metodologias de fotoarmadilhagem foram efetuadas em outubro e novembro de 2012 (teste preliminar) e após dezembro de 2013, de forma consistente, 4 amostragens anuais, uma em cada época do ano. No total e em cada campanha, foram colocadas 7 câmaras de armadilhagem fotográfica (2 no Pinhal do Marquês, 3 no Arboreto e 2 na Floresta Relíquia), o mais afastado entre si quanto possível, como se pode verificar na Figura 15. As câmaras foram colocadas a 0,2-0,3 metros de altura e fixadas ao tronco de árvores. Foi colocado isco (mistura de cereais e sardinha e aparas de carne fresca) a cerca de 1,5-2 metros da câmara, tendo sido reposto a cada 3-5 dias (conforme Pereira et al. 2012). Cada captura correspondeu a 3 disparos automáticos e sequenciais, e as fotos obtidas foram descarregadas do cartão de memória da câmara a cada 5 dias, aproximadamente. Posteriormente, na contabilização do número de capturas por cada estação de fotoarmadilhagem e por espécie, apenas foram consideradas cada grupo de 3 fotos não consecutivas, ou seja, capturas (cada 3 fotos) consecutivas (com apenas alguns segundos de intervalo) da mesma espécie foram consideradas uma única captura do mesmo indivíduo, o que se confirmou pela observação de características individuais dos animais (ex: manchas na pelagem).

Caixas-ninho Conforme explicado acima, de acordo com o objetivo inicial seriam colocadas 250 caixas-ninho na MNB, numa malha de 40 metros entre si, com o objetivo de beneficiar as aves florestais e eventualmente potenciar o papel disseminador das sementes nas áreas florestais. À data do Ciclone Gong encontravam-se colocadas 192 caixas-ninho na MNB, no entanto devido à queda e destruição de um elevado número de caixas e à inacessibilidade de inúmeros locais onde estavam colocadas, foi necessário reavaliar esta questão. De forma a cumprir de forma minimamente satisfatória os objetivos do projeto e assumindo a perda e destruição de inúmeras caixas-ninho, a inacessibilidade de muitos locais onde se encontram e o maior esforço na monitorização, o número de caixas-ninho a monitorizar na época de reprodução de 2014 e posteriormente em 2015, foi reduzido para um total de 60, ou seja, 20 por cada unidade de paisagem (Arboreto, Pinhal do Marquês e Floresta Relíquia), como se verifica na Figura 11. Este número permite obter resultados compatíveis com os objetivos propostos e, em simultâneo, espera-se que permita fazer face a condicionantes não controláveis (novas tempestades, vandalismo e roubo de caixas-ninho, queda de árvores ou eventuais ajustes pontuais na localização das caixas-ninho), pela sua relativa facilidade de reposição, em comparação com as 250 inicialmente previstas. A colocação das 60 caixas-ninho decorreu no outono 2013 e inverno 2013/14 e a sua monitorização decorreu durante as épocas de reprodução de 2014, de 2015 e de 2016, ou seja, desde o início de março até ao final de julho de 2014 e igual período em 2015 e 2016, com uma ‘ronda’ a cada 2/3 semanas sensivelmente. A monitorização consistiu na observação direta (com o auxílio de binóculos) da caixa-ninho e proximidades da mesma, a cerca de 10 metros e durante 10 minutos, avaliando-se a atividade das aves que ativamente exploraram/utilizaram cada caixa-ninho. Em cada caixa registou-se: - a espécie que ocupa/utiliza a caixa-ninho; - o número de indivíduos adultos que ocupa/utiliza a caixa-ninho; - a presença de crias ou juvenis (registo visual ou auditivo); - condições meteorológicas. Considerou-se como “utilizada” cada caixa que tenha mostrado indícios de uso por adultos, porém apenas se classificaram como “utilizadas para reprodução” aquelas em que a reprodução foi efetivamente confirmada através da presença confirmada de ninho, crias ou BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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juvenis. O manuseamento das caixas ou a observação direta por manipulação foram evitados de forma a reduzir a perturbação causada a potenciais casais reprodutores e/ou crias.

Fig. 15. Localização das câmaras de fotoarmadilhagem.

Na tabela 2, apresenta-se um quadro síntese das metodologias e sua periodicidade, por cada grupo taxonómico monitorizado, para mais fácil leitura.

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Tabela 2: Quadro síntese da seleção dos pontos de amostragem, metodologias e calendarização para cada grupo taxonómico.

Mamíferos

Grupo

Áreas de Amostragem

Amostragem

Periodicidade

Peixes

Linhas de água + Lagos

Contagem direta

Mensal

Anfíbios

Linhas de Água + Tansetos Diurnos + Transetos Nocturnos

Contagem de indivíduos

Mensal *Nocturnos após chuvas

Répteis

Transetos Diurnos (mesmo que anfíbios)

Contagem de indivíduos

Mensal

Aves

35 Pontos (5 Pinhal + 20 Arboreto + 10 Fl.Relíquia)

Censo 5 e 10 minutos

Épocas cruciais da fenologia

Micromamíferos

Linhas de 30 Armadilhas (2 linhas por “unidade de paisagem”)

Captura e marcação (4 noites)

No final de cada época do ano

Morcegos

Transetos Nocturnos

Gravação acústica de registos. Identificação posterior

Mensal

Carnívoros

Transetos (1 por habitat) + 7 estações de Fotoarmadilhagem

Contagem de vestígios/dejetos. 15 noites de Fotoarmadilhagem com isco

Mensal. Fotoarmadilhagem: 1/época do ano

3.2.1.3. ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS Os dados recolhidos no âmbito das amostragens realizadas durante o Projeto, entre julho de 2012 e julho de 2016, foram comparados com os dados existentes que resultam de trabalhos anteriores da equipa da UA, e que constituem a situação de referência (nomeadamente Matos 2011). Considerando que na situação de referência não constam dados quantitativos para o grupo taxonómico dos Peixes, efetuou-se uma abordagem quanto à evolução do número de indivíduos ao longo do tempo de monitorização BRIGHT, e somente para as espécies relevantes do ponto de vista conservacionista (Ruivaco e Bordalo). Quanto aos Répteis, sendo o volume de dados das amostragens BRIGHT e da situação de referências extremamente reduzido, impossibilitando qualquer análise quantitativa, apenas se faz referência às espécies detetadas durante os trabalhos de monitorização BRIGHT. Os dados recolhidos dos restantes grupos taxonómicos, e ambos os conjuntos de dados (BRIGHT e pré-BRIGHT), foram submetidos a cálculos e análises similares. Com recurso ao programa PRIMER 5, foram calculados índices de diversidade (número total de indivíduos - N, riqueza específica - S, Índice de Diversidade de Maragalef - d, Índice de equitabilidade de Pielou - J, Índice de Diversidade de Shannon - H e Índice de Diversidade de Simpson - 1-D; ver Eq. I, II, III e IV) (Dias 2004) para cada um dos grupos taxonómicos, em ambos os conjuntos de BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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dados, sendo que em alguns destes, foi efetuada a análise separadamente por habitat (Pinhal do Marquês, Arboreto e Mata Relíquia) e/ou época do ano, explicando-se esta análise em pormenor mais adiante neste documento. •

Eq. I - Índice de Margalef: d = (S-1)/lnN (Magurran 1988)

Eq. II - Índice de Shannon: H = −Σ pi ln pi, em que pi = ni/N = abundância relativa para a espécie i, sendo que ni é o número de indivíduos da espécie i (Magurran 1988).

Eq. III - Índice de Pielou’s: J = H/ln S (Magurran 1988)

Eq. IV – Índice de Simpson: 1-D = 1−Σ pi (Magurran 1988)

2

Para comparar os dois conjuntos de dados de vertebrados (pré-BRIGHT e BRIGHT) foi utilizado o teste de Mann-Whitney (U). Este é um teste não paramétrico que permite avaliar se dois conjuntos de amostras com tamanhos diferentes (podendo ter tamanhos iguais) provêm de uma mesma população. Parte do pressuposto que as amostras de ambos os grupos ou conjuntos são independentes entre si, sendo os resultados apresentados com o sentido de qual é o sentido da diferença entre ambos os grupos (qual o grupo que para determinada variável possui os valores mais elevados) (Zar 1999). Neste caso, a hipótese nula é que não existem diferenças entre a biodiversidade faunística (vertebrada) e a sua composição entre a situação de referência pré-BRIGHT e a situação ao longo do projeto BRIGHT. A hipótese alternativa é que existem diferenças entre o pré-BRIGHT e o BRIGHT. No software estatístico SPSS, os dados pré-BRIGHT foram classificadas como sendo o grupo 1 para todas as análise, enquanto os dados BRIGHT foram classificados como sendo o grupo 2. Apresenta-se também o valor do teste de Wilcoxon (W) para amostras independentes, uma vez que é um teste associado ao Mann-Whitney (por vezes, considerado como Mann-WhitneyWilcoxon) e cujo valor de W se encontra relacionado com o valor de U respetivo.

Anfíbios Foi efetuada comparação entre os índices (N, S, d, J, H e 1-D) para pré-BRIGHT e BRIGHT por tipo de amostragem (dados totais, de linha de água, noturnos e classes de larvas, neste caso sendo a classe considerada como o número de indivíduos) e a comparação entre a quantidade de "estações de amostragem/ocasiões" em que determinada espécie foi encontrada, quer para pré-BRIGHT como BRIGHT. Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados. As classes de larvas de anfíbios foram definidas da seguinte forma: 1 – 1 a 5 larvas, 2 – 6 a 10 larvas, 3 – 11 a 25 larvas, 4 – 26 a 50 larvas, 5 – mais de 50 larvas.

Aves Foi efetuada comparação entre os índices (N, S, d, J, H e 1-D) para pré-BRIGHT e BRIGHT por habitat/unidade de paisagem e por cada época (estação do ano). Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados. Adicionalmente, e uma vez que já eram existentes os dados de campo para tal, recolhidos nas amostragens BRIGHT, e atendendo à relevência da questão em termos de conservação geral da MNB bem como à possível interferência dos efeitos Gong na análise dos efeitos dos trabalhos BRIGHT, foi efetuada a análise do impacto do Ciclone Gong neste grupo faunístico. BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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Assim sendo, os dados referentes a julho de 2012 até dezembro de 2012 foram considerados como sendo “pré-Gong”, enquanto o conjunto de dados “pós-Gong” se refere aos dados recolhidos entre julho 2013 e dezembro 2013, entre julho 2014 e dezembro 2014 e entre julho 2015 e dezembro 2015. A comparação entre estes dois conjuntos de dados consistiu na comparação entre os índices (N, S, d, J, H e 1-D) para pré-Gong e pós-Gong por habitat/unidade de paisagem. Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados. Foi ainda efetuada uma análise sumária à composição das comunidades orníticas pré e pós-Gong, no sentido de aferir possíveis alterações no funcionamento ecológico (em termos de dominância e raridade de determinadas espécies) face às alterações físicas das manchas florestais. Procedeu-se ainda, a análise das diferenças de comunidades de aves por habitat entre o 2º ano de monitorização BRIGHT (Agosto 2013 a Julho de 2014) e o 3º ano (Agosto de 2014 a Julho de 2015). A comparação entre estes dois conjuntos de dados consistiu na comparação entre os índices (N, S, d, J, H e 1-D) para o 2º Ano BRIGHT e o 3º Ano BRIGHT por habitat/unidade de paisagem. Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados. De igual modo se procedeu à análise das diferenças da comunidade de aves, por habitat, entre o 3º ano de monitorização e o 4º ano (Agosto de 2015 a Julho de 2016).

Micromamíferos Foi efetuada a comparação entre os índices (N, S, d, J, H e 1-D) para pré-BRIGHT e BRIGHT para os dados totais. Os registos referentes às recapturas não foram considerados na análise, evitando duplas contagens dos mesmos indivíduos. Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados. Uma vez que nas campanhas pré-Bright não foi amostrado o Pinhal do Marquês, e considerando que esta unidade de paisagem foi e está a ser fortemente intervencionada em termos de controlo de invasoras, realizou-se uma análise geral das tendências no que refere à abundância de micromamíferos nessa unidade, e também no arboreto e floresta relíquia, por estação do ano. Esta análise não permite avaliar a significância estatística das diferenças na abundância, mas pode indicar tendências relevantes para a compreensão da dinâmica da comunidade. A abundância de micromamíferos (no total, e não por espécie) foi estimada para cada unidade de paisagem e para cada estação do ano com base no sucesso da armadilhagem (Trap success – TS (conforme Mills et al. 1991)), dado pela expressão: TS=ntn×100 Onde n é o número de micromamíferos capturados; e tn é o número de armadilhas usadas por noite vezes o número de noites em que as armadilhas estiveram ativas, descontando um-meio do número de armadilhas acidentalmente desativadas, ou desativadas por fauna sem captura (adaptado de Mills et al. 1991). Adicionalmente, foi efetuada a análise do impacto do Ciclone Gong neste grupo faunístico. Assim sendo, os dados referentes a julho de 2012 até dezembro de 2012 foram considerados como sendo “pré-Gong”, enquanto o conjunto de dados “pós-Gong” se refere aos dados recolhidos entre julho 2013 e dezembro 2013 e entre julho 2014 e dezembro 2014. A comparação entre estes dois conjuntos de dados consistiu na comparação entre os índices (N, S, d, J, H e 1-D) para pré-Gong e pós-Gong para os dados totais. Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados.

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Morcegos Foi efetuada comparação entre os índices (N, S, d, J, H e 1-D) para pré-BRIGHT e BRIGHT para os dados totais. Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados. Procedeu-se ainda a análise do impacto do Ciclone Gong neste grupo faunístico. Assim sendo, os dados referentes a julho de 2012 até dezembro de 2012 foram considerados como sendo “pré-Gong”, enquanto o conjunto de dados “pós-Gong” se refere aos dados recolhidos entre julho 2013 e dezembro 2013 e entre julho 2014 e dezembro 2014. A comparação entre estes dois conjuntos de dados consistiu na comparação entre os índices (N, S, d, J, H e 1-D) para pré-Gong e pós-Gong para os dados totais. Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados.

Carnívoros Foi efetuada comparação entre os índices (N, S, d, J, H e 1-D) para pré-BRIGHT e BRIGHT por época, com base nos dados de indícios de presença. Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados. De modo a averiguar da ocupação territorial dos carnívoros da Mata, foi feita a comparação entre o número de excrementos (indicativos do uso da área por carnívoros) detetado em cada unidade de paisagem e por espécie. No entanto, uma vez que o percurso que atravessa cada unidade de paisagem não tem a mesma extensão (Transeto 1, arboreto, 2,144km; Transeto 2, floresta relíquia, 1,761km; Transeto 3, Pinhal do Marquês, 1,145km), é necessário estandadizar os dados, de forma a poder estabelecer comparações diretas entre as unidades de paisagem. Assim, foi calculado o índice quilométrico de abundância (IKA) de indícios (Vincent et al.1991). Este índice é bastante preciso ao avaliar a abundância de grandes mamíferos terrestres (Maillard et al. 2001) e indicar tendências populacionais (Loureiro et al. 2007), apesar de apresentar alguma vulnerabilidade no que diz respeito à taxa de defecação e degradação dos excrementos, às diferenças na detetabilidade dos indícios de presença pelo observador nos vários habitats e sob variadas condições atmosféricas (Vincent et al. 1991; Loureiro et al. 2007). Estas limitações foram ultrapassadas pelo facto das amostragens terem sido realizadas com periodicidade mensal, pelo que não se prevê que haja efeitos significativos sobre a degradação dos excrementos. Também a deteção ou identificação não sofrerá grande variabilidade uma vez que foi sempre o mesmo investigador a realizar a amostragem dos mesmos, estando este bastante treinado em relação à tipologia dos indícios de presença existentes na Mata, bem como à sua detetabilidade nas particulares condições da mesma. No que respeita aos dados de fotoarmadilhagem, e uma vez que a modelação estatística não é possível devido à falta de independência das estações de amostragem, no futuro serão utilizados outros métodos estatísticos de comparação do número de capturas obtidas por unidade de paisagem e por espécie. No entanto esta comparação apenas será estatisticamente mais robusta e relevante quando se completar duas amostragens por época em cada local. Assim, neste relatório apenas serão apresentados dados em bruto do número de fotocapturas obtidas por câmara, habitat e espécie. No caso dos dados obtidos das amostragens por transetos para procura de vestígios de carnívoros, foi ainda possível realizar a análise do impacto do Ciclone Gong neste grupo faunístico. Assim sendo, os dados referentes a julho de 2012 até dezembro de 2012 foram considerados como sendo “pré-Gong”, enquanto o conjunto de dados “pós-Gong” se refere aos dados recolhidos entre julho 2013 e dezembro 2013 e entre julho 2014 e dezembro 2014. A comparação entre estes dois conjuntos de dados consistiu na comparação entre os índices (N, BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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S, d, J, H e 1-D) para pré-Gong e pós-Gong para os dados totais. Foi realizado o teste de Mann-Whitney U (significância exata, 2 caudas, p-value = 0,05) para a comparação estatística entre os conjuntos de dados.

3.2.1.4. RESULTADOS De um modo geral, esta secção de resultados apresenta essencialmente as espécies identificadas para cada grupo taxonómico, e as análises efetuadas para comparar a diversidade encontrada na situação de referência com a diversidade presente durante a monitorização do projeto BRIGHT.

Peixes As amostragens sistemáticas realizadas para este grupo taxonómico permitiram o registo e a monitorização das espécies que constam na Tabela 2, onde também se podem consultar os respetivos estatutos de conservação e proteção legal. De realçar que durante os trabalhos (desde o início do Projeto) foram registados indivíduos de Bordalo (Iberocypris alburnoides), espécie que não havia sido ainda registada na MNB, endémica da Península Ibérica e que está classificada a nível nacional e internacional como Vulnerável (VU). Salienta-se ainda que não foi possível observar a Enguia-europeia (Anguilla anguilla), espécie relevante do ponto de vista conservacionista e que previamente havia sido registada na Mata (no lago junto à Fonte Fria), segundo informações dos Serviços Florestais. Nas Figuras 16 e 17 apresenta-se a evolução nos números de Ruivacos e Bordalos registados, por cada estação de amostragem, ao longo da monitorização (julho de 2012 a julho de 2016). No caso do Escalo do Norte (Squalius carolitertii), o reduzido número de indivíduos registados impossibilita qualquer análise.

Tabela 3. Espécies de Peixes registadas e monitorizadas e respetivos estatutos de conservação e proteção legal. Notas: End - Endemismo nacional; End Ib – Endemismo Ibérico.

Nome comum

Nome científico

Est. Nac.

Est. Int.

Berna

Bona

CITES

Diretiva Aves/Habitat

Notas

B-II

End

PEIXES Pimpão

Carassius auratus

NA

-

Ruivaco

Achondrostoma oligolepis

LC

LC

Carpa

Cyprinus carpio

NA

VU

Escalo do Norte

Squalius carolitertii

LC

LC

Bordalo

Iberocypris alburnoides

VU

VU

III

End Ib III

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

B-II

End Ib

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Fig. 16. Evolução do número de Ruivacos (Achondrostoma oligolepis) registados ao longo do tempo, por estação de amostragem.

Fig. 17. Evolução do número de Bordalos (Iberocypris alburnoides) registados ao longo do tempo, por estação de amostragem.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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Anfíbios As amostragens sistemáticas realizadas para este grupo taxonómico permitiram o registo e a monitorização das espécies listadas na Tabela 4, onde também se podem consultar os respetivos estatutos de conservação e proteção legal. Durante as amostragens do projeto não foi possível registar Rela-comum (Hyla arborea), espécies que previamente haviam sido registadas na Mata. No entanto, pelos respetivos estatutos de conservação (pouco preocupante), não se trata de espécie prioritária para os objetivos deste projeto, estando a ser monitorizadas as espécies mais relevantes do ponto de vista da conservação (Tabela 4).

Tabela 4. Espécies de Anfíbios registadas e monitorizadas e respetivos estatutos de conservação e proteção legal. Notas: End Ib – Endemismo Ibérico.

Est. Nac.

Est. Int.

Berna

Chioglossa lusitanica

VU

VU

II

Salamandra-depintas-amarelas

Salamandra salamandra

LC

LC

III

Tritão-de-ventrelaranja

Lissotriton boscai

LC

LC

III

Tritão-marmorado

Triturus marmoratus

LC

LC

III

Sapo-comum

Bufo bufo

LC

LC

Rã-ibérica

Rana iberica

LC

NT

B-IV

Rã-verde

Pelophylax perezi

LC

LC

B-V

Rã-de-focinhopontiagudo

Discoglossus galganoi

NT

LC

B-II, B-IV

Sapo-parteirocomum

Alytes obstetricans

LC

LC

B-IV

Nome comum

Nome científico

Salamandralusitânica

Bona

CITES

Diretiva Aves/Habitat

Notas

B-II, B-IV

End Ib

End Ib B-IV

End Ib

End Ib

Na Tabela 5, são apresentados os valores médios dos índices de diversidade obtidos e respetivos desvios-padrão (σ) para os dados de anfíbios BRIGHT e pré-BRIGHT.

Tabela 5. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos de anfíbios. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

H

1-D

Média

5,667

6,617

0,698

0,560

0,974

0,499

σ

1,155

0,789

0,161

0,130

0,309

0,182

Média

4,667

5,778

0,882

0,693

1,072

0,545

σ

2,082

2,937

0,502

0,180

0,596

0,244

Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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Nas Tabelas 6 e 7 apresentam-se os resultados para os testes estatísticos efetuados. De realçar que não se encontraram diferenças significativas (P ≤ 0,05) em nenhuma das variáveis analisadas entre os dados BRIGHT e os dados pré-BRIGHT.

Tabela 6. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de anfíbios registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT. S

N

d

J

H

1-D

Mann-Whitney U

2,500

0,000

4,000

4,000

4,000

4,000

Wilcoxon W

8,500

6,000

10,000

10,000

10,000

10,000

Z

-0,899

-1,964

-0,218

-0,218

-0,218

-0,218

P-value

0,500

0,100

1,000

1,000

1,000

1,000

Tabela 7. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise da comparação do número de estações de amostragem em que a espécie foi detetada no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT. Clus

Ssal

Tmar

Lbos

Bbuf

Pper

Ribe

Aobs

Dgal

MannWhitney U

0,000

0,000

0,500

0,000

0,000

0,500

0,000

0,000

0,000

Wilcoxon W

1,000

1,000

1,500

1,000

1,000

1,500

1,000

1,000

1,000

Z

-1,000

-1,000

0,000

-1,000

-1,000

0,000

-1,000

-1,000

-1,000

P-value

1,000

1,000

1,000

1,000

1,000

1,000

1,000

1,000

1,000

Na tabela 8 apresentam-se os valores totais de indivíduos (adultos e juvenis) registados durante as monitorizações do projeto. Tabela 8: Valores totais, por espécie, dos indivíduos adultos e jovens das espécies de anfíbios registadas durante as monitorizações BRIGHT.

Linhas de água + Busca activa

Transetos nocturnos

Total

44

83

127

Salamandra-de-pintas-amarelas Salamandra salamandra

16

463

479

Tritão-marmorado

Triturus marmoratus

9

24

33

Sapo-comum

Bufo bufo

69

130

199

Rã-ibérica

Rana iberica

649

3

652

787

703

1490

Espécie

Nome Científico

Salamandra-lusitânica

Chioglossa lusitanica

Total

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 38


Répteis As amostragens sistemáticas realizadas para este grupo taxonómico permitiram o registo e a monitorização das espécies listadas na Tabela 9 (onde também se podem consultar os respetivos estatutos de conservação e proteção legal.), em maioria observações ocasionais. De realçar que a pequena população de Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) junto ao Lago Grande se mantém aparentemente estável no que respeita ao número de indivíduos. No entanto, após o Ciclone Gong, foram observados em duas ocasiões diferentes exemplares da espécie, afastados das suas habituais áreas de ocorrência. As amostragens não permitiram o registo e monitorização das seguintes espécies: Osga (Tarentola mauritanica), Cobra-cega (Blanus cinereus), Sardão (Timon lepidus), Fura-pastos (Chalcides striatus), Cobra-deferradura (Hemorrhois hippocrepis), Cobra-rateira (Malpolon monspessulanus), Cobra-de-águaviperina (Natrix maura) e Víbora-cornuda (Vipera latastei), previamente registadas na Mata. Das espécies prioritárias para os objetivos do projeto, apenas o Lagarto-de-água foi registado e se encontra a ser monitorizado. As restantes espécies, devido à grande dificuldade de deteção e baixa ocorrência, não foram ainda registadas. Por esta razão, não será correto admitir a hipótese de que estas espécies estejam a ser afetadas pelos trabalhos do projeto ou que estejam de todo presentemente ausentes na MNB. Os poucos dados recolhidos não permitem a aplicação de testes estatísticos relevantes. Tabela 9. Espécies de Répteis registadas e monitorizadas e respetivos estatutos de conservação e proteção legal. Notas: End Ib – Endemismo Ibérico.

Est. Nac.

Est. Int.

Berna

Diretiva Aves/Habitat

Notas

Anguis fragilis

LC

LC

III

Lagarto-de-água

Lacerta schreiberi

LC

NT

II

B-II, B-IV

End Ib

Lagartixa-ibérica

Podarcis hispanica

LC

LC

III

B-IV

Lagartixa-do-mato

Psammodromus algirus

LC

LC

III

Cobra-de-águade-colar

Natrix natrix

LC

LC

III

Cobra-de-escada

Rhinechis scalaris

LC

LC

III

Nome comum

Nome científico

Cobra-de-vidro

Bona

CITES

Aves As amostragens sistemáticas realizadas para este grupo taxonómico permitiram o registo e a monitorização das espécies listadas na Tabela 10, onde também se podem consultar os respetivos estatutos de conservação e proteção legal. Note-se que durante as amostragens do Projeto foi ainda confirmada a presença na MNB de Andorinha-dáurica (Cecropis daurica), Tentilhão-montês (Fringilla montifringilla) e de Águia-cobreira (Circaetus gallicus), espécies cuja ocorrência não era conhecida na área da MNB. No caso da Águia-cobreira, esta está classificada a nível nacional como Quase Ameaçada (NT) e a nível internacional como Pouco Preocupante (LC), pelo que será alvo particular dos objetivos e da monitorização do projeto BRIGHT. Entre as espécies prioritárias para os objetivos do Projeto, as amostragens não permitiram registar e monitorizar a Ógea (Falco subbuteo), a Petinha-das-árvores (Anthus trivialis) e a Toutinegra-das-figueiras (Sylvia borin), previamente registadas na Mata. As restantes espécies relevantes, juntamente com a Águia-cobreira, encontram-se sob monitorização regular, ao abrigo dos trabalhos do Projeto (Tabela 10).

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 39


Tabela 10. Espécies de Aves registadas e monitorizadas e respetivos estatutos de conservação e proteção legal.

Nome comum

Nome científico

Est. Nac.

Est. Int.

Berna

Bona

CITES

Diretiva Aves/Habitat

Açor

Accipiter gentilis

VU

LC

II

II

II A

Gavião

Accipiter nisus

LC

LC

II

II

II A

Águia-de-asaredonda

Buteo buteo

LC

LC

II

II

II A

Águia-calçada

Aquila pennata

NT

LC

II

II

II A

A-I

Águia-cobreira

Circaetus gallicus

NT

LC

II

II

II A

A-I

Pombo-torcaz

Columba palumbus

LC

LC

Rola-turca

Streptopelia decaocto

LC

LC

III

Rola-brava

Streptopelia turtur

LC

LC

III

A

Coruja-do-mato

Strix aluco

LC

LC

II

II A

Noitibó-cinzento

Caprimulgus europaeus

VU

LC

II

Andorinhão-preto

Apus apus

LC

LC

III

Andorinhão-pálido

Apus pallidus

LC

LC

II

Peto-real

Picus viridis

LC

LC

II

Pica-pau-malhado

Dendrocopos major

LC

LC

II

Picapau-galego

Dendrocopos minor

LC

LC

II

Cotovia-árborea

Lullula arborea

LC

LC

III

Andorinha-das rochas

Ptyonoprogne rupestris

LC

LC

II

Andorinha-daschaminés

Hirundo rustica

LC

LC

II

Andorinha-dosbeirais

Delichon urbicum

LC

LC

II

Andorinha-dáurica

Cecropis daurica

LC

LC

II

Alvéola-cinzenta

Motacilla cinerea

LC

LC

II

Alvéola-branca

Motacilla alba

LC

LC

II

Carriça

Troglodytes troglodytes

LC

LC

II

Chasco-cinzento

Oenanthe oenanthe

LC

LC

II

II

Cartaxo

Saxicola torquata

LC

LC

II

II

Papa-moscas

Ficedula hypoleuca

-

LC

Taralhão-cinzento

Muscicapa striata

NT

LC

II

II

Pisco-de-peitoruivo

Erithacus rubecula

LC

LC

II

II

Rabirruivo

Phoenicurus

LC

LC

II

II

D

D

A-I

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 40

Notas


ochruros Melro

Turdus merula

LC

LC

III

II

D

Tordo-pinto

Turdus philomelos

NT / LC

LC

III

II

D

Tordoveia

Turdus viscivorus

LC

LC

III

Felosa-poliglota

Hippolais polyglotta

LC

LC

II

II

Toutinegra-debarrete

Sylvia atricapilla

LC

LC

II

II

Toutinegra-dosvalados

Sylvia melanocephala

LC

LC

II

II

Felosa-comum

Phylloscopus collybita

LC

LC

II

II

Felosinha-ibérica

Phylloscopus ibericus

LC

LC

II

II

Estrelinha-real

Regulus ignicapilla

LC

LC

II

II

Chapim-rabilongo

Aegithalos caudatus

LC

LC

III

Chapim-de-poupa

Lophophanes cristatus

LC

LC

II

Chapim-carvoeiro

Periparus ater

LC

LC

II

Chapim-azul

Cyanistes caeruleus

LC

LC

II

Chapim-real

Parus major

LC

LC

II

Trepadeira-azul

Sitta europaea

LC

LC

II

Trepadeira

Certhia brachydactyla

LC

LC

II

Gaio

Garrulus glandarius

LC

LC

D

Gralha-preta

Corvus corone

LC

LC

D

Corvo

Corvus corax

NT

LC

III

Estorninho-preto

Sturnus unicolor

LC

LC

II

Pardal

Passer domesticus

LC

LC

Tentilhão

Fringilla coelebs

LC

LC

III

Tentilhão-montês

Fringilla montifringilla

DD

LC

III

Chamariz

Serinus serinus

LC

LC

III

Verdilhão

Chloris chloris

LC

LC

II

Lugre

Carduelis spinus

LC

LC

II

Pintassilgo

Carduelis carduelis

LC

LC

II

Pintarroxo

Carduelis cannabina

LC

LC

II

Escrevedeira

Emberiza cirlus

LC

LC

II

D

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 41


Nas Tabelas 11, 12 e 13 são apresentados os valores médios dos índices de diversidade obtidos e respetivos desvios-padrão (σ) para os dados BRIGHT e pré-BRIGHT de aves (dados referentes a 5 minutos de censo), por habitat, correspondendo a Pinhal do Marquês, Arboreto e Floresta Relíquia, respetivamente.

Tabela 11. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves no Pinhal do Marquês, por época do ano. A negrito, assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

H

1-D

Verão Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

4,333

6,800

1,766

0,937

1,357

0,851

σ

0,802

2,074

0,281

0,042

0,190

0,062

Média

4,750

5,750

2,166

0,974

1,503

0,940

σ

0,957

1,708

0,225

0,017

0,182

0,042

Outono Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

5,360

9,080

2,010

0,934

1,552

0,868

σ

1,036

2,613

0,333

0,037

0,190

0,054

Média

2,500

5,000

0,903

0,932

0,739

0,557

σ

1,291

1,826

0,689

0,045

0,555

0,376

Inverno Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

4,067

7,300

1,584

0,902

1,246

0,794

σ

0,828

2,521

0,288

0,059

0,195

0,082

Média

2,500

4,000

0,936

0,985

0,665

0,473

σ

1,915

2,708

1,082

0,022

0,790

0,548

Primavera Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

4,767

8,267

1,864

0,930

1,428

0,849

σ

1,006

4,955

0,423

0,049

0,234

0,076

Média

6,000

9,000

2,248

0,949

1,663

0,888

σ

1,826

1,826

0,628

0,020

0,289

0,036

Tabela 12. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves no Arboreto, por época do ano. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

H

1-D

p. 42


Verão Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

6,667

12,775

2,329

0,938

1,761

0,890

σ

1,225

7,868

0,367

0,047

0,178

0,052

Média

6,833

8,900

2,663

0,958

1,814

0,924

σ

1,642

2,139

0,542

0,034

0,287

0,057

Outono Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

5,830

10,820

2,134

0,932

1,625

0,876

σ

1,129

5,885

0,361

0,063

0,216

0,078

Média

4,600

7,333

1,884

0,934

1,370

0,848

σ

1,476

4,722

0,543

0,089

0,358

0,140

Inverno Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

4,425

9,158

1,658

0,903

1,300

0,803

σ

1,228

5,814

0,386

0,093

0,268

0,123

Média

4,333

6,667

1,856

0,944

1,302

0,868

σ

1,749

4,054

0,492

0,051

0,425

0,102

Primavera Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

5,758

11,233

2,051

0,933

1,602

0,866

σ

1,489

7,033

0,436

0,050

0,266

0,066

Média

6,200

10,033

2,346

0,932

1,673

0,885

σ

1,627

5,857

0,540

0,104

0,328

0,129

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 43


Tabela 13. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves na Floresta Relíquia, por época do ano. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

H

1-D

Verão Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

6,300

10,000

2,316

0,954

1,744

0,903

σ

0,962

2,000

0,321

0,020

0,158

0,033

Média

5,333

7,167

2,450

0,970

1,456

0,930

σ

2,503

3,710

0,430

0,006

0,750

0,024

Outono Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

4,880

7,720

1,914

0,946

1,474

0,869

σ

1,172

2,176

0,389

0,038

0,249

0,067

Média

5,667

8,000

2,217

0,959

1,616

0,895

σ

2,066

2,000

0,745

0,023

0,354

0,057

Inverno Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

3,767

6,717

1,483

0,912

1,184

0,782

σ

0,927

2,478

0,382

0,079

0,280

0,119

Média

4,833

7,167

1,923

0,967

1,469

0,880

σ

1,835

2,229

0,646

0,019

0,333

0,051

Primavera Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

5,400

8,550

2,061

0,945

1,568

0,878

σ

1,265

2,613

0,385

0,025

0,236

0,043

Média

4,500

5,833

1,847

0,955

1,301

0,756

σ

1,975

2,137

0,979

0,033

0,676

0,374

Nas Tabelas 14, 15 e 16 encontram-se os resultados para os testes estatísticos efetuados, sendo que cada uma das tabelas se refere a cada um dos habitats presentes na MNB (Pinhal do Marquês, Arboreto e Floresta Relíquia, respetivamente), por cada época do ano. De realçar que as diferenças significativas (P≤0,05) encontradas nas variáveis analisadas entre os dados BRIGHT e os dados pré-BRIGHT, encontram-se assinaladas nas respetivas tabelas a negrito e com um asterisco.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 44


Tabela 14. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT, para o habitat Pinhal do Marquês, por época do * ** ano. Significativo P ≤ 0,05; Altamente significativo P ≤ 0,01 S

N

d

J

H

1-D

Verão Mann-Whitney U

47,000

42,500

14,500

11,500

29,500

11,500

Wilcoxon W

512,000

52,500

479,500

476,500

494,500

476,500

Z

-0,744

-0,951

-2,452

-2,610

-1,641

-2,610

P-value

0,518

0,375

0,011*

0,005**

0,104

0,005**

Outono Mann-Whitney U

3,000

11,500

6,000

33,000

0,000

4,000

Wilcoxon W

13,000

21,500

16,000

39,000

10,000

14,000

Z

-3,079

-2,461

-2,789

-0,335

-3,166

-2,916

P-value

0,000**

0,009**

0,002**

0,765

0,000**

0,001**

Inverno Mann-Whitney U

29,000

18,000

48,500

2,000

33,000

55,000

Wilcoxon W

39,000

28,000

58,500

467,000

43,000

65,000

Z

-1,769

-2,270

-0,619

-2,190

-1,449

-0,268

P-value

0,071

0,024*

0,561

0,014*

0,156

0,805

Primavera Mann-Whitney U

36,500

33,500

38,000

47,500

31,500

42,000

Wilcoxon W

501,500

498,500

503,000

512,500

496,500

507,000

Z

-1,323

-1,442

-1,180

-0,670

-1,527

-0,966

P-value

0,183

0,157

0,255

0,526

0,134

0,357

Tabela 15. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT, para o habitat Arboreto, por época do ano. *

Significativo P ≤ 0,05;

**

Altamente significativo P ≤ 0,01 S

N

d

J

H

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

1-D

p. 45


Verão Mann-Whitney U

1628,000

1012,000

1084,000

1119,500

1407,500

969,000

Wilcoxon W

8888,000

1477,000

8344,000

8379,500

8667,500

8229,000

Z

-0,832

-3,738

-3,369

-3,199

-1,845

-3,908

P-value

0,204

0,000**

0,000**

0,001**

0,032*

0,000**

Outono Mann-Whitney U

781,500

714,000

1114,000

1342,500

844,500

1450,500

Wilcoxon W

1246,500

1179,000

1579,000

6392,500

1309,500

1915,500

Z

-4,089

-4,366

-2,136

-0,871

-3,625

-0,274

P-value

0,000**

0,000**

0,016*

0,193

0,000**

0,393

Inverno Mann-Whitney U

1669,500

1275,000

1321,500

1230,500

1705,500

1237,500

Wilcoxon W

2134,500

1740,000

8581,500

8490,500

8965,500

8497,500

Z

-0,630

-2,480

-2,011

-2,446

-0,444

-2,412

P-value

0,531

0,013*

0,044*

0,014*

0,659

0,015*

Primavera Mann-Whitney U

1536,500

1573,500

1165,000

1312,000

1435,500

1092,000

Wilcoxon W

8796,500

2038,500

8425,000

8572,000

8695,500

8352,000

Z

-1,262

-1,069

-2,986

-2,294

-1,713

-3,329

P-value

0,209

0,287

0,003**

0,021*

0,087

0,001**

Tabela 16. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT, para a Floresta Relíquia, por época do ano. *

Significativo P ≤ 0,05;

**

Altamente significativo P ≤ 0,01

S

N

d

J

H

1-D

55,500

175,500

76,500

Verão Mann-Whitney

148,500

91,500

116,000

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 46


U Wilcoxon W

169,500

112,500

1946,000

1885,500

196,500

1906,500

Z

-0,745

-1,994

-0,840

-2,330

-0,101

-1,813

P-value

0,466

0,064

0,417

0,057

0,926

0,070

Outono Mann-Whitney U

122,000

136,000

113,000

115,500

122,500

106,500

Wilcoxon W

1397,000

1411,000

1388,000

1390,500

1397,500

1381,500

Z

-0,765

-0,377

-0,984

-0,916

-0,730

-1,159

P-value

0,472

0,724

0,337

0,372

0,479

0,255

Inverno Mann-Whitney U

122,000

162,000

103,000

93,500

91,500

88,000

Wilcoxon W

1952,000

1992,000

1933,000

1923,500

1921,500

1918,000

Z

-1,355

-0,406

-1,722

-1,932

-1,977

-2,056

P-value

0,184

0,697

0,086

0,052

0,047*

0,038*

Primavera Mann-Whitney U

141,500

75,000

179,000

85,000

158,000

150,500

Wilcoxon W

162,500

96,000

2009,000

1915,000

179,000

1980,500

Z

-0,884

-2,363

-0,022

-1,602

-0,491

-0,659

P-value

0,375

0,016*

0,987

0,112

0,636

0,523

Nas figuras 18, 19 e 20, apresenta-se a evolução da comunidade de aves com base na média dos diversos índices de diversidade em cada época do ano, para cada um dos habitats presentes na MNB.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 47


Fig. 19: Evolução dos índices de biodiversidade (média por época do ano) da comunidade de aves no Pinhal do Marquês.

Fig. 18: Evolução dos índices de biodiversidade (média por época do ano) da comunidade de aves no Arboreto

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 48


Fig. 20: Evolução dos índices de biodiversidade (média por época do ano) da comunidade de aves na Floresta Relíquia.

Impacto do Ciclone Gong na população de Aves da MNB Os dados recolhidos ao longo do Projeto, concretamente os dados recolhidos com 10 minutos de censo em períodos comparáveis de 2012 (pré-Gong) e depois de 2013 e 2014 (pós-Gong) permitiram efetuar uma análise adicional: a do impacto do Ciclone Gong na comunidade de aves florestais da MNB e na sua composição. Esta análise poderá ser importante para avaliar se os dados do ciclone poderão eventualmente estar a enviasar interpretação de resultados atribuíveis às intervenções BRIGHT (e vice-versa). Considerando que a influência cumulativa nos dados pós-GONG em análises de anos anteriores, mostrou de forma consistente diversas diferenças significativas, entre os dados anteriores ao GONG e os posteriores (em igual período), considerou-se mais pertinente, não incluir os dados de 2015 em diante, por questões de redundância, devido a essa mesma influência dos dados obtidos no ano imediatamente posterior ao Gong, ou seja, 2013. Na Tabela 17 são apresentados os valores médios dos índices de diversidade obtidos e respetivos desvios-padrão (σ) para os dados de aves pré-Gong e pós-Gong, por habitat/unidade de paisagem.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 49


Tabela 17: Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves, por habitat (censos de 10 minutos). A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

H

1-D

Pinhal do Marquês Total Pré-Gong

Total Pós Gong

Média

7,850

11,750

2,797

0,949

1,886

0,916

σ

3,167

6,414

0,763

0,034

0,375

0,051

Média

7,275

13,375

2,454

0,929

1,829

0,888

σ

1,176

3,712

0,323

0,041

0,166

0,045

Arboreto Total Pré-Gong

Total Pós Gong

Média

9,138

16,850

2,999

0,936

2,030

0,916

σ

2,453

10,893

0,556

0,071

0,291

0,070

Média

8,663

17,869

2,736

0,927

1,984

0,897

σ

1,545

8,860

0,376

0,055

0,179

0,050

Floresta Relíquia Total Pré-Gong

Total Pós Gong

Média

8,200

13,550

2,793

0,933

1,933

0,902

σ

2,198

4,707

0,588

0,055

0,293

0,067

Média

7,850

13,850

2,625

0,944

1,934

0,905

σ

1,264

3,077

0,382

0,030

0,178

0,039

Na Tabela 18 encontram-se os resultados para os testes estatísticos efetuados na análise da população e diversidade de aves para o período pré-Gong em comparação com o pós-Gong, por cada habitat presente na MNB (Pinhal do Marquês, Arboreto e Floresta Relíquia), por cada época do ano. De realçar que as diferenças significativas (P≤0,05) encontradas nas variáveis analisadas entre os dados pré-Gong e os dados pós-Gong, encontram-se assinaladas na respetiva tabela.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 50


Tabela 18: Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no pós-Gong em comparação com os dados obtidos pré-Gong, por habitat/unidade de paisagem. * Significativo P ≤ 0,05;

**

Altamente significativo P ≤ 0,01

S

N

d

J

H

1-D

Pinhal Marquês Mann-Whitney U

385,500

277,000

318,000

270,500

373,500

233,500

Wilcoxon W

595,500

487,000

1138,000

1090,500

1193,500

1053,500

Z

-0,232

-1,936

-1,286

-2,031

-0,416

-2,612

P-value

0,821

0,053

0,201

0,042*

0,683

0,008**

Arboreto Mann-Whitney U

5604,000

5606,000

4478,000

5056,500

5337,000

4173,000

Wilcoxon W

18484,000

8846,000

17358,000

17936,500

18217,000

17053,000

Z

-1,593

-1,570

-3,792

-2,650

-2,097

-4,393

P-value

0,111

0,117

0,000**

0,008**

0,036*

0,000**

Floresta Relíquia Mann-Whitney U

1525,500

1507,000

1420,500

1556,000

1537,000

1432,000

Wilcoxon W

4765,500

2327,000

4660,500

2376,000

2357,000

4672,000

Z

-0,424

-0,520

-1,000

-0,245

-0,351

-0,936

P-value

0,674

0,605

0,320

0,808

0,728

0,352

Análise da recuperação da comunidade de aves após Gong A partir dos dados recolhidos após a ocorrência do Gong, foi efectuada uma análise comparativa entre a comunidade de aves para cada habitat, entre o 2º ano de monitorizações (Agosto 2013 a Julho 2014) e o 3º ano de monitorizações (Agosto 2014 e Julho 2015). Esta análise serve dois importantes objectivos, primeiro, verificar qual a evolução da comunidade de aves após a Gong ou se por outro lado, mantêm-se ainda estável e não apresenta sinais de recuperação para uma comunidade mais idêntica à que existia na MNB antes da ocorrência do temporal, e segundo, analisar se existe ou não resposta da comunidade de aves às intervenções BRIGHT, nos diferentes habitats. Ambas as análises estão potencialmente interligadas e não é possível disassociar a influência do Gong e das acções florestais. No entanto, sendo que todos os dados são referentes a um período pós-Gong (mais de 6 meses após o temporal), esta análise torna-se extremamente relevante para se perceber potenciais dinâmicas nos ecossistemas (sejam fruto das intervenções florestais ou da natural recuperação do próprio ecossistema) e a resposta das aves a essas mesmas dinâmicas.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 51


Na Tabela 19 são apresentados os valores médios dos índices de diversidade obtidos e respetivos desvios-padrão (σ) para os dados de aves no 2º ano de monitorizações e no 3º ano de monitorizações, por habitat/unidade de paisagem. Tabela 19: Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves, por habitat (censos de 10 minutos). A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

H

1-D

Pinhal do Marquês 2º ano BRIGHT

3º ano BRIGHT

Média

4,525

7,425

1,796

0,925

1,375

0,841

σ

0,987

2,571

0,349

0,054

0,223

0,079

Média

4,771

7,629

1,873

0,933

1,431

0,849

σ

1,140

2,170

0,431

0,044

0,255

0,078

Arboreto 2º ano BRIGHT

3º ano BRIGHT

Média

5,713

10,950

2,050

0,926

1,578

0,857

σ

1,556

6,672

0,473

0,063

0,296

0,087

Média

5,614

11,164

2,016

0,928

1,563

0,858

σ

1,487

7,280

0,447

0,067

0,282

0,091

Floresta Relíquia 2º ano BRIGHT

3º ano BRIGHT

Média

5,050

8,163

1,937

0,940

1,485

0,858

σ

1,440

2,602

0,497

0,047

0,310

0,083

Média

5,071

8,286

1,934

0,936

1,486

0,854

σ

1,397

2,698

0,466

0,060

0,320

0,098

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 52


Na Tabela 20 encontram-se os resultados para os testes estatísticos efetuados na análise da população e diversidade de aves para o 2º ano de monitorização BRIGHT em comparação com o 3º de monitorização BRIGHT, por cada habitat presente na MNB (Pinhal do Marquês, Arboreto e Floresta Relíquia), por cada época do ano. De realçar que as diferenças significativas (P≤0,05) encontradas nas variáveis analisadas entre os dados do 2º e 3º ano, encontram-se assinaladas na respetiva tabela.

Tabela 20: Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no 2º ano de monitorização BRIGHT em comparação com os dados obtidos no 3º ano, por habitat/unidade de ** paisagem. * Significativo P ≤ 0,05; Altamente significativo P ≤ 0,01 S

N

d

J

H

1-D

Pinhal Marquês Mann-Whitney U

611,000

638,000

611,500

655,500

598,500

655,500

Wilcoxon W

1431,000

1458,000

1431,500

1475,500

1418,500

1475,500

Z

-0,992

-0,666

-0,943

-0,474

-1,080

-0,474

P-value

0,325

0,509

0,349

0,640

0,283

0,640

Arboreto Mann-Whitney U

10832,000

11177,500

10791,500

10948,500

10847,000

11153,000

Wilcoxon W

20702,000

24057,500

20661,500

23828,500

20717,000

24033,000

Z

-0,500

-0,030

-0,545

-0,336

-0,471

-0,063

P-value

0,617

0,976

0,586

0,737

0,638

0,950

Floresta Relíquia Mann-Whitney U

2754,500

2712,500

2790,500

2731,500

2761,500

2733,500

Wilcoxon W

5994,500

5952,500

6030,500

5971,500

6001,500

5973,500

Z

-0,175

-0,332

-0,036

-0,258

-0,145

-0,251

P-value

0,862

0,741

0,972

0,798

0,886

0,803

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 53


Na Tabela 21 são apresentados os valores médios dos índices de diversidade obtidos e respetivos desvios-padrão (σ) para os dados de aves no 3º ano de monitorizações e no 4º ano de monitorizações, por habitat/unidade de paisagem.

Tabela 21: Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para as aves, por habitat (censos de 10 minutos). A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

H

1-D

Pinhal do Marquês 3º ano BRIGHT

4º ano BRIGHT

Média

4,771

7,629

1,873

0,933

1,431

0,849

σ

1,140

2,170

0,431

0,044

0,255

0,078

Média

4,525

8,350

1,732

0,919

1,366

0,829

σ

0,960

4,622

0,311

0,049

0,209

0,068

Arboreto 3º ano BRIGHT

4º ano BRIGHT

Média

5,614

11,164

2,016

0,928

1,563

0,858

σ

1,487

7,280

0,447

0,067

0,282

0,091

Média

5,656

10,919

2,048

0,925

1,568

0,859

σ

1,513

6,658

0,465

0,072

0,295

0,094

Floresta Relíquia 3º ano BRIGHT

4º ano BRIGHT

Média

5,071

8,286

1,934

0,936

1,486

0,854

σ

1,397

2,698

0,466

0,060

0,320

0,098

Média

5,163

8,363

1,962

0,941

1,507

0,860

σ

1,462

2,611

0,480

0,042

0,310

0,081

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 54


Na Tabela 22 encontram-se os resultados para os testes estatísticos efetuados na análise da população e diversidade de aves para o 3º ano de monitorização BRIGHT em comparação com o 4º de monitorização BRIGHT, por cada habitat presente na MNB (Pinhal do Marquês, Arboreto e Floresta Relíquia), por cada época do ano. De realçar que as diferenças significativas (P≤0,05) encontradas nas variáveis analisadas entre os dados do 3º e 4º ano, encontram-se assinaladas na respetiva tabela.

Tabela 22: Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de aves registados no 3º ano de monitorização BRIGHT em comparação com os dados obtidos no 4º ano, por habitat/unidade de ** paisagem. * Significativo P ≤ 0,05; Altamente significativo P ≤ 0,01 S

N

d

J

H

1-D

Pinhal Marquês Mann-Whitney U

608,500

682,000

539,500

546,000

573,000

549,500

Wilcoxon W

1428,500

1312,000

1359,500

1366,000

1393,000

1369,500

Z

-1,019

-0,193

-1,709

-1,638

-1,351

-1,601

P-value

0,310

0,850

0,088

0,102

0,179

0,110

Arboreto Mann-Whitney U

11040,500

10894,000

10827,000

11172,000

11036,000

10983,000

Wilcoxon W

20910,500

23774,000

20697,000

24052,000

20906,000

20853,000

Z

-0,217

-0,410

-0,498

-0,037

-0,219

-0,290

P-value

0,829

0,683

0,619

0,971

0,825

0,772

Floresta Relíquia Mann-Whitney U

2728,000

2745,000

2733,500

2733,500

2745,500

2790,500

Wilcoxon W

5213,000

5230,000

5218,500

5973,500

5230,500

6030,500

Z

-0,277

-0,209

-0,251

-0,251

-0,205

-0,036

P-value

0,783

0,836

0,803

0,803

0,838

0,972

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 55


Mamíferos As amostragens sistemáticas realizadas para este grupo taxonómico permitiram o registo e a monitorização das espécies que constam na Tabela 23, onde também se podem consultar os respetivos estatutos de conservação e proteção legal. De realçar que foi confirmada a presença na MNB de Morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), espécie cuja ocorrência não era conhecida na área da MNB, e que está classificada em Portugal como Criticamente em Perigo (CR) (Cabral et al. 2005) e internacionalmente (IUCN) como Quase Ameaçado (NT). Entre as espécies prioritárias para os objetivos do projeto, as amostragens no último ano também permitiram registar e monitorizar o Musaranho-de-dentes-vermelhos (Sorex granarius) e o Morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus ferrumequinum), previamente registadas na Mata (dados anteriores ao projeto), mas que não haviam sido ainda detetadas no âmbito das amostragens BRIGHT, potencialmente devido à dificuldade de deteção destas mesmas espécies e baixas densidades em que ocorrerão na MNB. Tabela 23. Espécies de Mamíferos registadas e monitorizadas e respetivos estatudos de conservação e proteção legal. Notas: End Ib – Endemismo ibérico.

Nome comum

Nome científico

Est. Nac.

Est. Int.

Berna

Bona

CITES

Diretiva Aves/Habitat

Ouriço-cacheiro

Erinaceus europaeus

LC

LC

III

Musaranho-dedentes-vermelhos

Sorex granarius

DD

LC

III

Musaranho-dedentes-brancos

Crocidura russula

LC

LC

III

Toupeira

Talpa occidentalis

LC

LC

Morcego-deferradura-grande

Rhinolophus ferrumequinum

VU

LC

II

II#

B-II, B-IV

Morcego-deferradurapequeno

Rhinolophus hipposideros

VU

LC

II

II#

B-II, B-IV

Morcego-deferraduramediterrânico

Rhinolophus euryale

CR

NT

II

II#

B-II, B-IV

Morcego-ratogrande

Myotis myotis

VU / CR

LC / LC

II

II#

B-II, B-IV

Morcego-de-água

Myotis daubentonii

LC

LC

II

II#

B-IV

Morcego-anão

Pipistrellus pipistrellus

LC

LC

III

II#

B-IV

Morcego-pigmeu

Pipistrellus pygmaeus

LC

LC

III

II#

B-IV

Morcego de Kuhl

Pipistrellus kuhlii

LC

LC

II

II#

B-IV

Notas

End Ib

End Ib

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 56


Morcegoarborícolapequeno

Nyctalus leisleri

DD

LC

II

II#

B-IV

Morcegoarborícolagigante / Morcegoarborícola-grande

Nyctalus lasiopterus / N. noctula

DD / DD

NT / LC

II

II#

B-IV

Morcegohortelão-escuro / Morcegohortelão-claro

Eptesicus serotinus / E. isabellinus

LC / -

LC / -

II

II#

B-IV

Morcego-negro

Barbastella barbastellus

DD

NT

II

II#

B-II, B-IV

Morcegoorelhudocastanho / Morcegoorelhudo-cinzento

Plecotus auritus / austriacus

DD / LC

LC / LC

II

II#

B-IV

Morcego-rabudo

Tadarida teniotis

DD

LC

II

II#

B-IV

Coelho-bravo

Oryctolagus cuniculus

NT

NT

Esquilo-vermelho

Sciurus vulgaris

LC

LC

Rato-cego

Microtus lusitanicus

LC

LC

Ratinho-docampo

Apodemus sylvaticus

LC

LC

Raposa

Vulpes vulpes

LC

LC

Doninha

Mustela nivalis

LC

LC

III

Fuinha

Martes foina

LC

LC

III

Texugo

Meles meles

LC

LC

III

Gineta

Genetta genetta

LC

LC

III

Javali

Sus scrofa

LC

LC

P.

III

D

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

B-V

p. 57


Na Tabela 24 são apresentados os valores médios dos índices de diversidade obtidos e respetivos desvios-padrão (σ) para os dados de micromamíferos e morcegos BRIGHT e préBRIGHT.

Tabela 24. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos de micromamíferos e de morcegos. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

H

1-D

Micromamíferos Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

1,167

6,211

0,093

0,600

0,072

0,057

σ

0,431

3,931

0,204

0,211

0,176

0,140

Média

1,444

12,222

0,166

0,485

0,143

0,086

σ

0,705

8,420

0,291

0,218

0,260

0,171

Morcegos Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

4,938

17,677

1,527

0,848

1,190

0,713

σ

2,599

13,870

0,599

0,083

0,588

0,177

Média

3,762

20,000

1,041

0,673

0,838

0,498

σ

1,620

15,012

0,549

0,213

0,447

0,259

Na Tabela 25 encontram-se os resultados para os testes estatísticos efetuados para os registos de micromamíferos e morcegos, considerando os dados totais pré-BRIGHT e BRIGHT. De realçar que as diferenças significativas (P ≤ 0,05) encontradas nas variáveis analisadas entre os dados BRIGHT e os dados pré-BRIGHT, encontram-se assinaladas nas respetivas tabelas.

Tabela 25. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de micromamíferos e morcegos registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT. * Significativo P ≤ 0,05;

**

Altamente significativo P ≤ 0,01 S

N

d

J

H

1-D

Micromamíferos Mann-Whitney U

657,000

439,000

644,000

26,500

685,500

644,500

Wilcoxon W

4752,000

4534,000

4047,000

47,500

4780,500

4047,500

Z

-1,801

-3,068

-1,185

-1,446

-1,486

-1,178

P-value

0,068

0,002**

0,236

0,158

0,174

0,240

Morcegos Mann-Whitney U

3,500

2,000

9,000

10,000

4,000

4,000

Wilcoxon W

24,500

23,000

30,000

31,000

25,000

25,000

Z

-2,338

-2,562

-1,441

-1,281

-2,242

-2,242

P-value

0,022*

0,009**

0,180

0,240

0,026*

0,026*

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 58


Na figura 21 é apresentada a evolução do número de micromamíferos, por unidade de paisagem, ao longo do Projeto. Foram ainda calculados os valores de abundância relativa de micromamíferos para cada época de amostragem e por unidade de paisagem, recorrendo à fórmula do Índice de Abundância de Mills, como se pode ver na figura 21 e na Tabela 26.

Fig. 21. Evolução do número de micromamíferos ao longo do Projeto, por unidade de paisagem.

Fig. 22. Evolução da abundância relativa de micromamíferos (Índice de Mills) ao longo do Projeto, por unidade de paisagem.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 59


Tabela 26. Valores de Abundância Relativa de micromamíferos usando o Índice de Mills, por habitat e por época de amostragem. Índice de Abundância Relativa de Mills Época

Habitat/unidade de paisagem Pinhal Marquês

Arboreto

Floresta Relíquia

Verão 2012

1,7

5,3

4,7

Outono 2012

2,1

11,0

11,3

Inverno 2013

10,6

10,3

5,8

Primavera 2013

3,8

1,4

1,3

Verão 2013

10,4

1,7

7,2

Inverno 2014

3,0

0,9

3,7

Primavera 2014

1,3

3,0

1,3

Verão 2014

2,9

7,4

5,2

Outono 2014

3,0

5,5

3,6

Inverno 2015

7,2

7,0

5,7

Primavera 2015

1,3

10,8

3,4

Verão 2015

3,4

9,2

5,0

Outono 2015

3,4

6,5

6,0

Inverno 2016

6,8

8,9

11,8

Primavera 2016

4,2

9,4

9,0

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 60


No que respeita aos carnívoros, na Tabela 27 são apresentados os valores médios dos índices de diversidade e respetivos desvios-padrão (σ) obtidos para os dados BRIGHT e préBRIGHT, por época do ano, com base na prospeção e identificação de indícios de presença.

Tabela 27. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos para os carnívoros, por época do ano. A negrito, assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

H

1-D

Verão Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

2,222

13,111

0,568

0,588

0,390

0,294

σ

1,174

12,861

0,371

0,186

0,289

0,222

Média

2,333

16,333

0,442

0,602

0,464

0,275

σ

1,211

9,288

0,404

0,272

0,481

0,291

Outono Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

1,556

8,694

0,418

0,585

0,250

0,222

σ

0,969

10,588

0,410

0,210

0,295

0,250

Média

3,250

10,250

1,085

0,851

1,004

0,657

σ

0,500

4,500

0,528

0,073

0,219

0,163

Inverno Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

1,455

4,606

0,448

0,780

0,264

0,309

σ

0,711

4,479

0,468

0,201

0,315

0,330

Média

2,500

10,750

0,811

0,837

0,652

0,528

σ

1,291

12,553

0,598

0,194

0,504

0,425

Primavera Total BRIGHT

Total pré-BRIGHT

Média

1,639

6,444

0,470

0,656

0,298

0,278

σ

0,867

5,135

0,458

0,224

0,317

0,297

Média

3,500

16,750

0,907

0,722

0,876

0,545

σ

1,000

9,032

0,202

0,039

0,256

0,107

Na Tabela 28 encontram-se os resultados para os testes estatísticos efetuados para os registos de Carnívoros, por época. De realçar que não se encontraram diferenças significativas (P ≤ 0,05) em nenhuma das variáveis analisadas entre os dados BRIGHT e os dados préBRIGHT.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 61


Tabela 28. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de carnívoros registados no BRIGHT em comparação com os dados obtidos pré-BRIGHT. S

N

d

J

H

1-D

Verão Mann-Whitney U

1,000

1,000

1,000

0,000

0,000

0,000

Wilcoxon W

4,000

4,000

4,000

6,000

6,000

6,000

Z

-1,291

-1,155

-1,155

-1,732

-1,732

-1,732

P-value

0,400

0,400

0,400

0,200

0,200

0,200

Outono Mann-Whitney U

2,000

0,000

0,000

0,000

0,000

0,000

Wilcoxon W

8,000

3,000

6,000

6,000

6,000

6,000

Z

-0,816

-1,732

-1,732

-1,732

-1,732

-1,732

P-value

1,000

0,200

0,200

0,200

0,200

0,200

Inverno Mann-Whitney U

2,500

1,000

0,000

0,000

0,000

0,000

Wilcoxon W

8,500

4,000

6,000

6,000

6,000

6,000

Z

-0,333

-1,155

-1,732

-1,732

-1,732

-1,732

P-value

1,000

0,400

0,200

0,200

0,200

0,200

Primavera Mann-Whitney U

0,500

1,000

0,000

1,000

0,000

0,000

Wilcoxon W

6,500

4,000

6,000

7,000

6,000

6,000

Z

-1,521

-1,155

-1,732

-1,155

-1,732

-1,732

P-value

0,300

0,400

0,200

0,400

0,200

0,200

No que diz respeito aos indícios de presença de mamíferos carnívoros, foram registados até ao momento 1173 (entre julho 2012 e julho 2016, sendo que foram registados 334 no primeiro ano, 280 no segundo ano, 254 no terceiro ano e 305 no quarto ano), como se pode verificar na Tabela 29. Uma vez que os 3 transectos não têm exatamente a mesma extensão, na Tabela 30 são apresentados os mesmos dados, mas com o número de excrementos convertido para índice quilométrico de abundância, de forma a permitir comparações diretas.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 62


Tabela 29. Número total de indícios de presença de carnívoros, por espécie e por transeto/unidade de paisagem. Nota: O ouriço, não sendo um mamífero carnívoro, consta nesta tabela por terem sido encontrados indícios de presença desta espécie.

Espécie

Nome Científico

Doninha

Mustela nivalis

Fuinha

Martes foina

Gineta

Transetos

Total

1 (Arboreto)

2 (Fl. Relíquia)

3 (Pinhal Marquês)

0

9

1

10

281

606

119

1006

Genetta genetta

7

58

7

72

Ouriço

Erinaceus europaeus

6

1

0

7

Raposa

Vulpes vulpes

21

26

22

69

Texugo

Meles meles

2

3

0

5

Não Identificado

2

2

0

4

Total

319

705

149

1173

Tabela 30. Índice Quilométrico de Abundância (IKA) de indícios de presença de carnívoros registados nas diferentes unidades de paisagem (Floresta Relíquia, Pinhal do Marquês e Arboreto) da MNB. Prospeções efetuadas mensalmente entre julho de 2012 e julho de 2014. Transetos* Espécie

Nome Científico

1 (Arboreto)

2 (Fl. Relíquia)

3 (Pinhal Marquês)

Total

Doninha

Mustela nivalis

0,00

5,11

0,87

1,99

Fuinha

Martes foina

131,06

344,12

103,93

200,40

Gineta

Genetta genetta

3,26

32,94

6,11

14,34

Ouriço

Erinaceus europaeus

2,80

0,57

0,00

1,39

Raposa

Vulpes vulpes

9,79

14,76

19,21

13,75

Texugo

Meles meles

0,93

1,70

0,00

1,00

Não Identificado

0,93

1,14

0,00

0,80

Total

148,79

400,34

130,13

233,67

A localização dos excrementos detetados, na totalidade do período de estudo, pode ser observada na Fig. 23. Nesta figura é também observável o maior número de excrementos detetados na Floresta Relíquia, em relação aos restantes habitats.

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p. 63


Fig. 23. Localização da totalidade dos excrementos detetados durante o Projeto BRIGHT na MNB.

No que respeita à fotoarmadilhagem, os resultados obtidos (número de capturas por espécie e por local de amostragem) apresentam-se na Tabela 31. De realçar que a espécie mais representada nas capturas foi a Fuinha e a menos representada foi o Esquilo (Sciurus vulgaris). A Tabela 32 mostra um resumo dos dados obtidos, no que respeita ao número de espécies e número médio de indivíduos detetados por unidade de paisagem. Os dados do teste preliminar não foram considerados neste caso. Foram realizados modelos estatísticos com o software R, no sentido de se tentar observar alguma diferença de abundâncias entre locais de captura, porém, face ao explicado acima e no relatório anterior (nomeadamente a não existência de independência das estações de amostragem devido à relativamente reduzida área da Mata face aos home range dos carnívoros), os resultados não permitem a adoção desta metodologia estatística, pelo que não se apresenta neste documento. As figuras 24 a 28 mostram algumas fotocapturas obtidas, como exemplo.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 64


Tabela 31. Número de capturas por cada estação de fotoarmadilhagem, para cada espécie identificada.

Câmara e Un. Paisagem

Câmara Pinhal 1 (P1)

Câmara Pinhal 2 (P2)

Câmara Arboreto 1 (A1)

Câmara Arboreto 2 (A2)

Câmara Arboreto 3 (A3)

Câmara Floresta Relíquia 1 (R1)

Câmara Floresta Relíquia 1 (R1)

Espécie

Nome Científico

Número de Capturas

Fuinha

Martes foina

16

Gineta

Genetta genetta

8

Raposa

Vulpes vulpes

11

Texugo

Meles meles

5

Fuinha

Martes foina

18

Gineta

Genetta genetta

3

Raposa

Vulpes vulpes

4

Ouriço

Erinaceus europaeus

11

Fuinha

Martes foina

83

Gineta

Genetta genetta

13

Fuinha

Martes foina

51

Gineta

Genetta genetta

8

Javali

Sus scrofa

5

Fuinha

Martes foina

65

Gineta

Genetta genetta

6

Raposa

Vulpes vulpes

4

Esquilo

Sciurus vulgaris

1

Fuinha

Martes foina

77

Gineta

Genetta genetta

3

Raposa

Vulpes vulpes

13

Fuinha

Martes foina

62

Gineta

Genetta genetta

9

Raposa

Vulpes vulpes

3

Texugo

Meles meles

1

Tabela 32: Número de espécies de macromamíferos (carnívoros + esquilo + Javali + Ouriço) e número médio de indivíduos detetados com fotoarmadilhagem, por unidade de paisagem.

Nº espécies detetadas Nº médio indivíduos /câmara

Pinhal

Arboreto

F. Relíquia

5 27,5

5 54,3

4 68

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p. 65


Fig. 24. Fotocaptura de Gineta (Genetta genetta), obtida na estação P1.

Fig. 25. Foto de Fuinha (Martes foina), obtida na estação A3.

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p. 66


Fig. 26. Foto de Raposa (Vulpes vulpes), obtida na estação R2.

Fig. 27. Fotocaptura de Javali (Sus scrofa), obtida na estação A2.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 67


Fig. 28. Fotocaptura de Texugo (Meles meles), obtida na estação P1.

Fig. 29. Fotocaptura de Fuínha (Martes foina), obtida na estação A1.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 68


Impacto do Ciclone Gong na população de Mamíferos da MNB Os dados recolhidos ao longo do Projeto, em períodos comparáveis de 2012 (pré-Gong) e depois de 2013 e 2014 (pós-Gong) permitiram efetuar uma análise adicional: a do impacto do Ciclone Gong nas comunidades de mamíferos da MNB e na sua composição. Esta análise poderá ser importante para avaliar se os dados do ciclone poderão eventualmente estar a enviesar a interpretação de resultados atribuíveis às intervenções BRIGHT (e vice-versa). Foram usados os dados de amostragens de micromamíferos, das amostragens de morcegos e da amostragens de carnívoros (índicios de presença).

Na Tabela 33 são apresentados os valores médios dos índices de diversidade obtidos e respetivos desvios-padrão (σ) para os dados de micromamíferos, morcegos e carnívoros, nos períodos pré-Gong pós-Gong.

Tabela 33. Valores médios dos vários índices calculados e respetivos desvios-padrão (σ), para os dados obtidos de micromamíferos, de morcegos e de carnívoros. A negrito assinalam-se os valores médios mais elevados. S

N

d

J

H

1-D

Micromamíferos Total Pré-Gong

Total Pós Gong

Média

1,333

12,333

0,130

0,385

0,089

0,052

σ

0,516

7,840

0,205

0,167

0,147

0,091

Média

1,333

17,833

0,111

0,179

0,066

0,032

σ

0,816

2,787

0,273

0,254

0,161

0,080

Morcegos Total Pré-Gong

Total Pós Gong

Média

5,167

54,167

1,083

0,624

1,020

0,517

σ

0,753

28,181

0,225

0,161

0,286

0,162

Média

6,333

41,000

1,442

0,666

1,173

0,592

σ

2,251

19,769

0,477

0,097

0,235

0,094

Carnívoros Total Pré-Gong

Total Pós Gong

Média

1,524

12,857

0,382

0,494

0,185

0,159

σ

1,470

16,662

0,407

0,180

0,276

0,171

Média

1,679

7,071

0,495

0,666

0,300

0,294

σ

0,920

7,957

0,449

0,225

0,312

0,300

Na Tabela 34 encontram-se os resultados para os testes estatísticos efetuados para os registos de micromamíferos, morcegos e carnívoros, considerando os dados totais pré-Gong e pós-Gong. De realçar que as diferenças significativas (P ≤ 0,05) encontradas nas variáveis analisadas entre os dados pré-Gong e os dados pós-Gong, encontram-se assinaladas nas respetivas tabelas.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 69


Tabela 34. Resultado do Teste de Mann-Whitney na análise dos índices de diversidade de micromamíferos e morcegos registados no período pré-Gong em comparação com os dados obtidos em período correspondente pós-Gong. * Significativo P ≤ 0,05;

**

Altamente significativo P ≤ 0,01 S

N

d

J

H

1-D

Micromamíferos Mann-Whitney U

15,000

16,000

1,000

16,000

12,500

16,000

Wilcoxon W

36,000

37,000

4,000

37,000

33,500

37,000

Z

-0,631

-0,420

-0,775

-0,420

-0,885

-0,422

P-value

0,727

1,000

0,667

1,000

0,407

1,000

Morcegos Mann-Whitney U

9,000

10,000

8,000

17,000

12,000

12,000

Wilcoxon W

30,000

31,000

29,000

38,000

33,000

33,000

Z

-1,506

-1,281

-1,601

-0,160

-0,961

-0,961

P-value

0,156

0,240

0,132

0,937

0,394

0,394

Carnívoros Mann-Whitney U

724,000

837,000

421,000

112,000

694,000

368,000

Wilcoxon W

955,000

4407,000

526,000

148,000

925,000

473,000

Z

-1,332

-0,362

-0,771

-1,755

-1,601

-1,430

P-value

0,185

0,721

0,447

0,080

0,110

0,155

Caixas-ninho Nas seguintes figuras apresentam-se graficamente os dados obtidos na monitorização das caixas-ninho para as épocas de reprodução de 2014 e de 2015. Na figura 29 é possível observar-se a evolução ao longo do tempo no número de caixas-ninho com atividade registada, em comparação com o número de caixas-ninho onde foram observadas crias/juvenis. Na Figura 30, pode-se observar a evolução ao longo do período de amostragem (época de reprodução de 2014 e época de reprodução de 2015) no número de caixas-ninho com atividade registada, por espécie. Na Figura 31, apresenta-se a evolução ao longo da época reprodutora do número de caixas-ninho com atividade registada, por habitat.

Fig. 30: Número de caixas-ninho com atividade resgistada em comparação e de caixas-ninho onde foram observadas crias/juvenis ao longo do tempo. BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 70


Fig. 31. Número de caixas-ninho com atividade resgistada, por habitat, ao longo do tempo

Fig. 30: Número de caixas-ninho com atividade resgistada, por espécie, ao longo do tempo.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 71


3.2.1.5. ESPÉCIES DE PARTICULAR VALOR CONSERVACIONISTA

Nesta secção (Tabela 35) apresentam-se as espécies de fauna vertebrada registadas durante a monitorização BRIGHT que pelo seu estatuto de conservação nacional ou internacional, pelo facto de serem endemismos ou pela sua prioridade de conservação, no contexto da legislação que lhe é aplicável, são particularmente relevantes no âmbito do Projeto.

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 72


Tabela 35. Espécies de fauna registadas durante a monitorização BRIGHT, prioritárias em termos de conservação. Nota: No que respeita aos invertebrados, consideram-se espécies de particular interesse de conservação todas aquelas indicadas como endemismos, no entanto, devido à extensão da lista, nesta tabela apenas se desacam as espécies de invertebrados que constam da Diretiva Habitats (lista completa no Anexo I).

Nome comum

Nome científico

Est. Nac.

Est. Int.

Berna

III

Bona

CITES

Diretiva Aves/Habitat

Notas

B-II

End

PEIXES Ruivaco

Achondrostoma oligolepis

LC

LC

Escalo do Norte

Squalius carolitertii

LC

LC

Bordalo

Squalius alburnoides

VU

LC

III

B-II

End Ib

Salamandralusitânica

Chioglossa lusitanica

VU

VU

II

B-II, B-IV

End Ib

Tritão-deventre-laranja

Lissotriton boscai

LC

LC

III

Tritãomarmorado

Triturus marmoratus

LC

LC

III

Rã-ibérica

Rana iberica

LC

NT

B-IV

End Ib

Rã-de-focinhopontiagudo

Discoglossus galganoi

NT

LC

B-II, B-IV

End Ib

Lagarto-deágua

Lacerta schreiberi

LC

NT

II

B-II, B-IV

End Ib

Lagartixaibérica

Podarcis hispanica

LC

LC

III

B-IV

Açor

Accipiter gentilis

VU

LC

II

II

II A

Gavião

Accipiter nisus

LC

LC

II

II

II A

Águia-de-asaredonda

Buteo buteo

LC

LC

II

II

II A

Águia-calçada

Aquila pennata

NT

LC

II

II

II A

A-I

Águia-cobreira

Circaetus gallicus

NT

LC

II

II

II A

A-I

Pombo-torcaz

Columba palumbus

LC

LC

Rola-brava

Streptopelia turtur

LC

LC

III

A

Coruja-do-mato

Strix aluco

LC

LC

II

II A

Noitibó-cinzento

Caprimulgus europaeus

VU

LC

II

Melro

Turdus merula

LC

LC

III

II

D

Tordo-pinto

Turdus philomelos

NT / LC

LC

III

II

D

Tordoveia

Turdus viscivorus

LC

LC

III

Gaio

Garrulus glandarius

LC

LC

D

Gralha-preta

Corvus corone

LC

LC

D

End Ib

ANFÍBIOS

End Ib B-IV

RÉPTEIS

AVES

D D

A-I

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

D

p. 73


Corvo

Corvus corax

NT

LC

III

MAMÍFEROS Musaranho-de-dentesvermelhos

Sorex granarius

DD

LC

Toupeira

Talpa occidentalis

LC

LC

Morcego-de-ferraduragrande

Rhinolophus ferrumequinum

VU

LC

II

II#

B-II, B-IV

Morcego-de-ferradurapequeno

Rhinolophus hipposideros

VU

LC

II

II#

B-II, B-IV

Morcego-de-ferraduramediterrânico

Rhinolophus euryale

CR

NT

II

II#

B-II, B-IV

Morcego-rato-grande

Myotis myotis

VU CR

LC / LC

II

II#

B-II, B-IV

Morcego-de-água

Myotis daubentonii

LC

LC

II

II#

B-IV

Morcego-anão

Pipistrellus pipistrellus

LC

LC

III

II#

B-IV

Morcego-pigmeu

Pipistrellus pygmaeus

LC

LC

III

II#

B-IV

Morcego de Kuhl

Pipistrellus kuhlii

LC

LC

II

II#

B-IV

Morcego-arborícolapequeno

Nyctalus leisleri

DD

LC

II

II#

B-IV

Morcego-arborícolagigante / Morcegoarborícola-grande

Nyctalus lasiopterus / N. noctula

DD DD

NT / LC

II

II#

B-IV

Morcego-hortelãoescuro / Morcegohortelão-claro

Eptesicus serotinus / E. isabellinus

LC / -

LC / -

II

II#

B-IV

Morcego-negro

Barbastella barbastellus

DD

NT

II

II#

B-II, B-IV

Morcego-orelhudocastanho / Morcegoorelhudo-cinzento

Plecotus auritus / P. austriacus

DD LC

LC / LC

II

II#

B-IV

Morcego-rabudo

Tadarida teniotis

DD

LC

II

II#

B-IV

Raposa

Vulpes vulpes

LC

LC

Gineta

Genetta genetta

LC

LC

/

/

/

III

End Ib End Ib

D III

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

B-V

p. 74


3.2.1.6. DISCUSSÃO DE RESULTADOS / CONSIDERAÇÕES FINAIS Quanto aos vertebrados, considerando os resultados obtidos, de uma forma geral, os dados recolhidos durante as amostragens no âmbito do Projeto não diferem de forma significativa dos dados da situação de referência, com a exceção do grupo das aves e os morcegos (apenas a análise incluindo os dados do 4º ano de monitorização). No entanto, e no caso da avifauna, deveremos considerar que durante o período de amostragens referentes ao projeto, algumas condições alheias à execução do projeto em si, poderão e deverão ter afetado a biodiversidade na MNB e como tal, enviesando alguns dados recolhidos, como os invernos particularmente rigorosos que se fizeram sentir e o próprio Ciclone Gong, que provocou inúmeros danos na MNB. Nesse sentido, e para discernir a potencial influência do ciclone nos resultados do projeto, foi efetuada a análise do impacto do Ciclone Gong na comunidade avifaunística presente na MNB, considerando períodos coincidentes antes e após o fenómeno, bem como a análise da recuperação pós-GONG, comparando entre si, anos subsequentes. Os resultados sugerem que os danos causados pelo Ciclone Gong terão tido um impacto significativo neste grupo nas unidades de paisagem do Arboreto e do Pinhal do Marquês, tendo sido estas também as áreas mais afetadas. De realçar que no caso da Floresta Relíquia, não obstante os menores danos, não se encontraram diferenças significativas na população e nos índices de diversidade de aves antes e depois do Ciclone Gong, o que sugere que a Floresta Relíquia apresentou uma elevada estabilidade e resiliência às condições meteorológicas adversas verificadas com o Ciclone Gong, o que salienta ainda mais a importância ecológica deste habitat para a fauna. De uma forma geral, em todas as unidades de paisagem, verificou-se que a riqueza específica de aves diminuiu, mas que a abundância de aves aumentou. A composição da comunidade ao nível das espécies previamente mais abundantes foi alterada somente no pinhal, por exemplo, com Corvus corone, que não havia aí sido registado antes, a tornar-se a espécies mais abundante logo após o ciclone. Este facto poderá dever-se ao efeito conjunto do BRIGHT com o ciclone, pois o pinhal foi bastante afetado pelo ciclone, mas já apresentava áreas mais abertas resultantes da eliminação de invasoras de porte arbóreo. Em todas as unidades de paisagem, as espécies que antes do ciclone eram raras praticamente desapareceram depois do mesmo. Concluímos então que a perturbação ecológica causada pelo Gong causou de facto respostas imediatas e a curto prazo na comunidade ornítica da Mata, provocando uma resposta compensatória nas espécies mais comuns e resilientes, o que vai de encontro a outros estudos (Zmihorski, 2012; Zmihorski, 2010). Teorizamos que a abertura de clareiras poderia, contudo, contribuir para a heterogeneidade estrutural da floresta e beneficiar a composição e riqueza da comunidade de aves a longo prazo, desde que outros fatores de ameaça fossem inexistentes, designadamente a potencial ocupação por espécies invasoras. A gestão florestal no sentido de controlar as invasões ecológicas e favorecendo espécies de plantas nativas que se opera a nível do BRIGHT estará com certeza a ser crucial para acelerar o restauro do ecossistema. Ainda a este respeito, importa referir que a análise efetuada para o 2º ano e o 3º ano e também para o 3º ano e 4º ano de monitorizações de aves no âmbito do projeto (períodos pós-Gong) revelam que a comunidade de aves não difere significativamente em nenhum dos habitats entre esses períodos. Com base nestes dados duas hipóteses se podem colocar: a comunidade de aves estabilizou após sensivelmente meio ano pós-GONG (a recuperação terá ocorrido nos primeiros meses após o temporal) à semelhança do que Lynch (1991) verificou; ou a comunidade de aves ainda não começou a recuperar dos efeitos do ciclone Gong, e como tal, estará estável ou a recuperar muito lentamente. De salientar que outros estudos, referem que a recuperação da fauna em resposta a alterações mais impactantes do habitat, pode levar 2 anos ou mais (Heleno et al., 2010), pelo que a segunda hipótese não será de excluir. Além disso, Wiley & Wunderle (1993) sugerem que a resposta das aves não ocorre no momento do temporal mas após a passagem do mesmo. De qualquer forma, as alterações impostas pelo BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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temporal alteraram a comunidade de aves que após recuperar tenderá a estabilizar a curto e médio prazo e não tendo composição e estrutura necessariamente idêntica à que se verificava antes do temporal, como indicam outros estudos (Zmihorski, 2010; Tossas, 2006), sendo tal dever-se-á a alterações na cadeia trófica (insetos) como sugerem alguns estudos (Zmihorski, 2012; Mlot, 2003, Greenberg & Lanham, 2001). A análise sumária da evolução da comunidade parece adiantar que as comunidades de aves estarão a regressar à “normalidade”, aproximando-se a situação atual muito mais da realidade existente antes da passagem do ciclone, embora essas diferenças não consubstanciem ainda robustez estatística nos testes efetuados. No caso, dos morcegos, a avaliação do impacto direto e imediato do Gong, não é significativa, como se refere em seguida, pelo que outros fatores poderão ter contribuído para estes resultados, não se excluindo, as alterações na estrutura dos habitats proporcionadas pelas intervenções florestais do projeto (em particular no Pinhal do Marquês) e as induzidas pelo Gong (por exemplo, abertura de clareiras, redução da densidade das copas), como se verifica em vários locais do Arboreto. A respeito destas últimas influências, os resultados indicam que a diversidade de morcegos na monitorização BRIGHT é mais elevada que a verificada na situação de referência. De um modo geral, a diversidade na comunidade de morcegos pode ter sido beneficiada, pelas alterações induzidas pelo temporal (e também pelas intervenções florestais). Procedeu-se também à análise do impacto dos danos causados pelo Ciclone Gong nos mamíferos (micromamíferos, morcegos e carnívoros), pese embora a tipologia e natureza própria dos dados que poderá ter sido um fator limitante para se proceder a uma análise adequada que permita tirar conclusões mais assertivas. No entanto, os resultados obtidos, sugerem que o Ciclone Gong, não terá influenciado a comunidade de mamíferos existentes na MNB. Contudo, isto não significa que não tenha tido impactos quer negativos quer positivos, mas existindo impactos, há aparentemente um equilíbrio no balanço dos mesmos, que permite que a comunidade de mamíferos se tenha mantido estável. Importa referir que a análise efetuada não é completamente sensível a pequenas alterações na comunidade, como por exemplo, uma espécie deixar de ocorrer, ou ocorrer em menor número, devido à alteração do habitat e da estrutura do mesmo, e ser substituída por outra espécie que tenha sido beneficiada pelas diferentes condições do habitat na mesma área, assim como espécies menos comuns antes do ciclone, poderão ocorrer em número mais elevado. Desta forma a comunidade como um todo pode não sofrer alterações no número de espécies e na representatividade de cada uma delas, mas ao mesmo tempo, apresentar um elenco de espécies diferente após o temporal, ou a proporção de cada uma das espécies na população pode ter alterado significativamente, se considerarmos cada espécie individualmente. Perante o exposto, compreende-se que os efeitos do ciclone Gong poderão de facto mascarar alguns efeitos ecológicos potencialmente devidos às intervenções BRIGHT, justificando, por exemplo, as diferenças significativas pré-BRIGHT e BRIGHT encontradas ao nível das aves. Por outro lado, deveremos também ter em conta que as áreas envolventes à MNB sofreram algumas alterações nos últimos anos e após a recolha dos dados pré-BRIGHT. Em alguns casos estas alterações foram bastante acentuadas, como se pode verificar no Pinhal do Marquês e na zona da Cruz Alta, e como tal, podem igualmente contribuir para algumas diferenças encontradas (por exemplo, o facto de aparentemente o número de raposas na MNB ter diminuído em relação à situação de referência). No entanto, as ações no terreno promovem no curto prazo alterações por vezes marcadas na estrutura da flora, que deverão ter efeito na diversidade faunística que aí ocorre (por exemplo, as diferenças no Pinhal do Marquês antes das intervenções, durante e após). A possível expansão da flora invasora durante o intervalo temporal entre a situação de referência e a monitorização BRIGHT, e outras dinâmicas naturais e não naturais no ecossistema da MNB, podem de igual modo contribuir para as (poucas) diferenças encontradas. Adicionalmente, considerando que a MNB é para muitas espécies BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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apenas parte da sua área de ocorrência/território, e que múltiplos fatores podem contribuir para a dinâmica populacional dessas mesmas espécies, poderemos assumir que os dados recolhidos na monitorização deste projeto podem ser afetados por diversos fatores que não nos é possível controlar nem medir, e como tal não podem ser considerados na presente análise.

Analisando os resultados de uma forma mais concreta para os peixes, em particular o Ruivaco e Bordalo, as duas espécies apresentam diferenças nas contagens ao longo do tempo, no entanto, as populações de ambas as espécies aparentam estar estáveis (apenas flutuações ao longo do ano) ao longo do período de monitorização, como seria expectável, já que as intervenções florestais decorrentes do BRIGHT não coincidem com as áreas amostradas. Desse modo, poderemos verificar que as populações aparentam sofrer flutuações naturais no número do efetivo, ao longo do ano, com um aparente aumento durante a primavera e início de verão. No caso do Ruivaco, os valores mais elevados são atingidos nessas épocas mais quentes, enquanto no final de outono e durante o inverno o número de exemplares aparenta ser consistentemente mais reduzido. No caso do Bordalo, o final de inverno e início de primavera aparentam ser os períodos onde se registam menor número de indivíduos, sendo que se observam picos no outono e início de inverno. De realçar a estação P6 (Lago dos Jardins do Palace Hotel) onde esta espécie atingia números algo elevados, sendo que esta zona seria muito provavelmente um dos locais de viveiro desta espécie na MNB (o mesmo se verifica para o Ruivaco, embora o Lago Grande aparente ter maior importância para esta espécie). Estes dados serão influenciados por alguns fatores, como reforço populacional através da reprodução durante a primavera, maior caudal e maior corrente durante o inverno que pode provocar o arrastamento de indivíduos a montante das linhas de água, maior predação durante as épocas mais frias, que coincidem com a fase de ninfa aquática de Odonatas por exemplo e disponibilidade de alimento para as espécies em questão. Outro fator que pode influenciar os resultados obtidos é a maior eutrofização da água dos lagos, que contribui para a potencial subavaliação do número de exemplares em algumas amostragens (julho a setembro por exemplo). As observações efetuadas no campo, através da avaliação subjetiva da turbidez da água nos lagos (relacionada com o nível de eutrofização presente) indicam que nestes meses a visibilidade dos peixes que se encontrem junto ao fundo do lago é extremamente reduzida ou mesmo nula, podendo enviesar as contagens. Nos períodos mais quentes é frequente observar-se os peixes o mais afastados da superfície da água quanto possível, o que aliado ao fator anteriormente referido, poderá levar a contagens inferiores ao número real de exemplares. De realçar, que nos cursos de água (P1 e P3) não se obtiveram registos em todas as amostragens (em ambas as estações, desde meados de 2014). Sugerese a hipótese de que a presença de peixes nestas massas de água será casual, possivelmente acidental (sairão acidentalmente dos lagos nos meses de Inverno, onde o caudal e corrente favorece a saída de peixes do lago), permanecendo nos cursos de água enquanto encontram condições para a sobrevivência. Esta hipótese é também reforçada, pelos registos obtidos, nos meses iniciais de monitorização dos vertebrados, de Pimpão nestas estações (P1 e P3). Em relação à estação P6, não se obtiveram registos para estas duas espécies a partir de Julho 2015, onde a equipa gestora da Mata, com o apoio da equipa da Universidade de Aveiro procedeu à limpeza do referido lago com o intuito de reparar uma fuga de água no fundo do mesmo. Os peixes foram manualmente recolhidos e colocados em recipientes de grandes dimensões com água da Mata. Todas as condições de trasfega e manutenção temporária dos peixes foram salvaguardadas, com o acompanhamento dos biólogos da equipa BRIGHT-UA; no entanto num período inferior a 12h (entre o final de tarde e a manhã seguinte), foi registada a morte de grande parte dos peixes. Esta situação, por ser totalmente inesperada, e não se podendo explicar com argumentos técnicos, levantam a suspeita de ter eventualmente ocorrido algum tipo de vandalismo. Recorde-se que as operações decorriam ao ar livre num dos locais mais visitados da Mata. A equipa da UA estará atenta à recuperação das populações. BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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A ausência de registos na estação P6, reforça a ideia de que esse mesmo lago seria um viveiro artificial (e não natural) para estas espécies (possivelmente introduzidos no Lago, quer acidentalmente, quer de forma deliberada pelos Serviços Florestais, há alguns anos), pois não houve recolonização natural do lago em questão. Salvo por motivo da execução de alguma medida de repovoamento/reforço populacional, em que o Lago do Jardim do Palace Hotel seja tido como importante viveiro artificial, não se recomenda a recolonização não-natural do mesmo, com Bordalos e Ruivacos, devido à reduzida dimensão do lago, à considerável densidade de Pimpão presente (potencial competidor pelos recursos disponíveis), à necessidade futura de novas ações de limpeza que se quer o menos impactante quanto possível. Importa referir também que este Lago e as suas imediações, são dos locais mais importantes para a reprodução e crescimento larvar de Sapo-parteiro (e Bufo-comum) na MNB, albergando também um pequeno núcleo de Lagarto-de-água.

Fig. 31. Operações de captura dos peixes e limpeza do lago do Palace Hotel, na MNB (14 Julho 2015).

Os resultados obtidos para o grupo dos anfíbios demonstram que não há diferenças significativas entre os dados recolhidos durante o BRIGHT e os dados da situação de referência, indicando que os anfíbios não foram afetados pelas intervenções no terreno até ao momento, sendo importante considerar que as áreas de amostragem para este grupo e as zonas adjacente não foram praticamente intervencionadas com ações BRIGHT. De notar, índices de diversidade mais elevados no pré-BRIGHT, embora o número de espécies e indivíduos, seja em média, superior na monitorização do projeto. De realçar o facto da Salamandra-lusitânica ser uma das espécies de anfíbios com mais registos. Já no que diz respeito aos répteis, sendo o volume de registos extremamente reduzido, não foi possível efetuar qualquer análise para este grupo taxonómico. Assume-se, tendo em conta os resultados, que as intervenções do BRIGHT não tiveram qualquer efeito, até ao momento, na diversidade e efetivos populacionais para estes grupos taxonómicos. É expectável que este grupo também não tenha sido significativamente afetado pelos estragos causados pelo Ciclone BRIGHT. Quanto aos resultados obtidos para as aves, verificam-se várias diferenças significativas entre os dados recolhidos no âmbito da monitorização BRIGHT e os dados da situação de referência, em particular no Pinhal do Marquês e no Arboreto, mesmo considerando que nesta análise BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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apenas os dados referentes a censos de 5 minutos foram usados, de forma a permitir uma comparação mais adequada com os dados pré-BRIGHT (censos de 5 minutos). De realçar que desde setembro de 2013, ambas a metodologias (censos de 5 minutos e censos de 10 minutos) estão a ser adotadas, sendo que os dados de 10 minutos permitiram adicionalmente a análise dos impactos do Ciclone Gong, assunto já abordado anteriormente, e a análise da evolução da comunidade de aves e sua composição ao longo do período em que o projeto decorre. Desta forma, é possível cumprir os objetivos, mantendo os diferentes conjuntos de dados comparáveis entre si, e maximizando a informação sobre as aves presentes com os 10 minutos de censo. Em resumo, os dados obtidos sugerem que a análise da comparação dos dados BRIGHT com os dados pré-BRIGHT, incluem nos primeiros algum enviesamento devido aos impactos causados pelo Ciclone Gong, que como se verifica neste documento, influenciou a comunidade de aves local. Como se pode observar pelos testes estatísticos na Floresta Relíquia, os dois conjuntos de dados apresentam poucas diferenças significativas, enquanto para Arboreto e Pinhal do Marquês foram registadas muitas diferenças significativas. No caso do Pinhal do Marquês de salientar que as alterações no local de que foi sujeito após a recolha dos dados pré-BRIGHT e antes do início da monitorização BRIGHT, terão muito provavelmente influência na comunidade de aves aí encontrada e nas diferenças encontradas entre ambos os conjuntos de dados, no entanto, o impacto dessas alterações é nesta fase impossível de analisar. No entanto, face aos dados discutidos no próximo parágrafo, aparentemente as intervenções BRIGHT tenderão a beneficiar as aves, principalmente em áreas previamente muito invadidas, como o Pinhal do Marquês. Nesta unidade de paisagem de facto foram encontradas diferenças significativas entre os dois conjuntos de dados, em particular no verão, outono e inverno. Já durante a primavera, os dados não diferem significativamente entre si. É no outono que as diferenças entre ambos os conjuntos de dados são mais evidentes, com os dados BRIGHT a apresentarem maior riqueza específica e diversidade. No verão, a diversidade de aves encontrada nesta área é significativamente superior para os dados pré-BRIGHT. Este último dado pode estar relacionado com a estrutura da vegetação e do menor coberto vegetal de porte arbóreo e arbustivo nesta área aquando da monitorização BRIGHT (fruto das alterações já mencionadas), o que leva a uma menor abundância de abrigo, sombra e potencialmente a temperaturas mais altas e menor humidade relativa nesta área durante esta época do ano. Verifica-se que é nas épocas mais frescas (outono e inverno) que os dados BRIGHT apresentam, em média, índices de diversidade mais elevados. Sendo uma zona mais aberta e onde as aves facilmente ficarão expostas (a predadores, a perturbação, a condições climatéricas, etc.), a diminuição do número de turistas que percorrem a MNB nestas épocas pode favorecer a ocorrência das aves nestes locais. Não obstante, e tendo em conta a ocorrência no Pinhal do Marquês, de espécies cuja frutificação ocorre durante as épocas mais frias (caso do Medronheiro), poderá também justificar uma maior afluência a este habitat por parte das aves, principalmente após os trabalhos BRIGHT que permitiram que as espécies autóctones estivessem sujeitas a menor competição por parte das espécies invasoras, tendo as primeiras melhores condições após as referidas intervenções. Além disso, se considerarmos que embora o Gong tenha tido impacto significativo neste habitat, esse impacto foi algo localizado, pelo que as próprias intervenções florestais deverão justificar em parte as diferenças encontradas. Não obstante, tendo em conta que esta unidade de paisagem está a sofrer intervenções desde o início da monitorização de fauna (e pelas diferenças na estrutura da vegetação na mesma zona), seria de esperar que fosse a unidade de paisagem/habitat da MNB cujas diferenças fossem mais significativas, o que se confirmou. Na unidade de paisagem Arboreto, verificam-se diferenças significativas entre o pré-BRIGHT e BRIGHT na diversidade de aves em todas as épocas do ano. Considerando que o arboreto foi alvo de intervenções pontuais e experimentais no âmbito do projeto, e como tal, insignificantes na análise, não seria de esperar obter-se estas diferenças. No entanto, tendo em consideração a prévia análise ao impacto dos estragos do Ciclone Gong neste grupo faunístico e que todas as amostragens incluídas na presente análise (BRIGHT vs BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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pré-BRIGHT) referem-se a períodos pós-Gong (censos de 5 minutos apenas se iniciaram em setembro de 2013), as diferenças significativas encontradas serão muito provavelmente justificadas em maior parte pelas alterações provocadas pelo Ciclone neste habitat (extensão dos danos algo considerável), sendo este evento, praticamente o único momento em que houve alterações mais significativas na estrutura da vegetação do arboreto desde a recolha dos dados pré-BRIGHT. A impossibilidade de efetuar a análise com dados BRIGHT anteriores ao Gong (amostragens de 10 minutos), comparando diretamente com os dados pré-BRIGHT (amostragens de 5 minutos), torna impossível dissociar o efeito do Ciclone e dos estragos provocados nesta análise e em análises futuras. Na unidade de paisagem Floresta Relíquia obtiveram-se diferenças significativas na diversidade apenas no inverno, sendo que os dados pré-BRIGHT revelam maior diversidade de aves em média para este habitat. Na primavera, os dados BRIGHT revelam significativamente maior número de indivíduos registados, em média. Estes dados suportam a ideia de que este habitat é extremamente estável (pela sua maturidade, torna-se resiliente), não obstante as intervenções florestais que decorrem no mesmo, os impactos do Ciclone Gong e as profundas alterações que se verificaram nos últimos anos nas áreas adjacentes exteriores à MNB. No que respeita às alterações na paisagem e na estrutura da vegetação nas áreas exteriores à MNB adjacentes a esta unidade de paisagem, estas podem por um lado promover a ocorrência de espécies e indivíduos que antes não se encontravam presentes e por outro porque a MNB pode servir como “refúgio” a algumas espécies e indivíduos que antes ocorreriam nessas áreas fora da MNB. Este aspeto não se enquadra nos objetivos da monitorização BRIGHT, mas poderá ter um impacto algo significativo na composição da comunidade de aves nas zonas mais próximas à bordadura da Mata. Em particular, a ausência de um vasto pinhal (pinheiro-bravo) no exterior da MNB (Perímetro Florestal da Serra do Buçaco), que existia na situação pré-BRIGHT e que foi removido (antes de se indicarem os trabalhos do BRIGHT) quase na sua totalidade pela AFN (Autoridade Florestal Nacional) em virtude das medidas anti-alastramento da contaminação com o nemátodo da madeira de pinheiro, pode em parte contribuir para potenciar ou “camuflar” diferenças existentes e não detetadas na análise. A monitorização deste grupo faunístico é de extrema importância, uma vez que as amostragens permitem um volume de dados considerável, sendo possível efetuar uma análise mais completa, adequada e rigorosa, podendo-se usar estes resultados como bioindicadores dos efeitos de vários fatores na comunidade de vertebrados, em particular o efeito das ações florestais que decorrem no terreno. Observado a evolução média dos índices de diversidade em cada um dos habitats (e tendo em consideração a flutuação intra-anual na diversidade de aves, facilmente visível nos gráficos apresentados), é possível verificar uma ligeira tendência crescente para os mesmos no Pinhal do Marquês e no Arboreto, enquanto na Floresta Relíquia mantem-se razoavelmente estável, flutuando em ciclos regulares e expectáveis nas épocas do ano, ao longo dos anos de monitorização. Os resultados obtidos para os micromamíferos de uma forma global para toda a mata, sugerem que as intervenções no âmbito do BRIGHT não têm efeitos significativos, ao nível da larga escala, neste grupo de fauna. De facto, apenas o número de indivíduos registados é significativamente menor nas amostragens do BRIGHT em comparação com a situação de referência pré-BRIGHT, sendo que no entanto, não há diferenças na diversidade nem na riqueza específica (número de espécies) registadas. Podemos, assim, verificar que até à data as intervenções florestais decorrentes do projeto não têm influência considerável na diversidade de micromamíferos presentes na MNB de uma forma global. No entanto, observando mais detalhadamente os dados de abundância de micromamíferos por habitat (fig. 20), verifica-se que ao nível do Pinhal do Marquês ocorreu uma evolução bastante positiva do número de efetivos aí amostrados. E no espaço de um ano, essa população passou mesmo a apresentar flutuações naturais, com os normais picos de abundância para este grupo. Não se pode comprovar a evolução positiva de forma estatística, pois não foram realizadas amostragens pré-BRIGHT no Pinhal do Marquês de forma comparável, precisamente devido à BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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muito reduzida ou nula abundância de micromamíferos no local, à época. A situação de referência para este habitat e grupo taxonómico são então as primeiras amostragens efetuadas, em julho 2012; e também nessa época as abundâncias eram muito reduzidas. De uma forma prática, e uma vez que i) os micromamíferos conseguem responder de forma bastante rápida às alterações ambientais (e.g. Leis et al. 2008); ii) servindo de bioindicadores sobre as alterações principalmente no contexto dos serviços ecossistémicos da floresta (Sullivan et al. 2013); iii) a gestão florestal podem em curtos períodos de tempo atribuir características de florestas maduras às comunidades de micromamíferos (Sullivan et al. 2005, Sullivan et al. 2009), podemos afirmar com algum grau de certeza de que os micromamíferos foram beneficiados pelas intervenções de controlo de invasoras no Pinhal do Marquês. Uma vez que os micromamíferos constituem indicadores dos efeitos na biodiversidade em geral (Flowerdew et al. 2004; Sullivan et al. 2013), é conjeturável que toda a biodiversidade local tenha também sido beneficiada pelas ações BRIGHT. No entanto, e uma vez que a generalidade dos vertebrados apresentam resultados a longo-termo e em escalas nem sempre quantificáveis a curto-prazo, é natural que nem todos os grupos evidenciem claramente essa beneficiação. Importa salientar ainda, que os resultados obtidos, mostram as flutuações interanuais da população de micromamíferos em cada habitat da MNB. As flutuações inter-anuais que se observam nos vários habitats, mesmo considerando que a grande maioria dos registos se refere a uma só espécie, em todos os habitats. Assim sendo, a evolução da abundância relativa na Floresta Relíquia, parece apresentar um ciclo mais alargado (3 anos sensivelmente), enquanto no Pinhal e no Arboreto o ciclo parece ser mais curto (cerca de 2 ano no Arboreto e 1 ano no Pinhal), o que pode dever-se ao nível da estabilidade dos habitats Floresta Relíquia e Arboreto, considerando que o Pinhal do Marquês é um habitat em constante evolução derivada das intervenções florestais, obrigando as populações de micromamíferos a responder de forma constante a essa mesma evolução. Assim sendo, podese verificar que no Arboreto a população sofreu uma quebra acentuada na primavera de 2013, portanto, alguns meses após o Gong, começando a recuperar no Inverno de 2013/2014. Embora a análise do impacto do Gong para este grupo não tenha demonstrado diferenças significativas, devemos considerar que a análise por habitat dos efeitos do Gong não foi efetuada (devido ao reduzido volume de dados) e como tal, os dados dos outros habitats e do 3º ano de monitorização podem ter “compensado” os efeitos. De qualquer forma, tanto na Floresta Relíquia como no Pinhal do Marquês, a quebra na população de micromamíferos ocorreu na Primavera de 2014 e como tal não deverá ter relação com o Ciclone Gong, e será fruto das flutuações naturais da população de micromamíferos. De facto, no caso do arboreto não é possível dissociar o potencial efeito do temporal e a possível flutuação natural, pelo que a diminuição da população verificada em 2013 para este habitat, poder-se-á dever a ambos os fatores ou apenas a um desses fatores. No caso dos morcegos, os resultados apontavam para a não existência de diferenças significativas na diversidade e na equitabilidade da comunidade encontrada nas amostragens do BRIGHT em relação aos dados anteriores, em relatórios prévios. No entanto, com a adição dos dados do 4º ano de monitorização (Agosto 2015 a Julho 2016) à análise, obtiveram-se diferenças significativas em praticamente todo os índices de diversidade e no número de espécies, sendo que os valores são mais elevados para a monitorização BRIGHT. Também o número de indivíduos registados por amostragem apresenta diferenças significativas, sendo que os dados pré-BRIGHT apresentam valores mais elevados. Considerando que anteriormente apenas havia diferenças significativas no número de espécies registadas no BRIGHT, o que seria de esperar, tendo em conta a periodicidade e os 3 anos de monitorização efetuados, resultando num maior esforço de amostragem quando comparado com a situação pré-BRIGHT, potenciando um maior elenco de espécies, e que o Gong não terá tido influência imediata na população de morcegos, importa em futura análise, aprofundar o mais possível a que se poderão dever estas diferenças significativas que agora se verificam. Entre as hipóteses possíveis, poderão estar as já referidas alterações na estrutura da vegetação nos habitats BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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Arboreto (induzidas pelo Gong, como por exemplo, abertura de clareiras, diminuição da densidade da copa das árvores e abertura de “corredores”) e Pinhal do Marquês (fruto das intervenções florestais do projeto). Estas alterações promovem uma maior heterogeneidade local na vegetação, o que pode potenciar mais corredores de passagem, mais zonas de alimentação e de repouso. De salientar também que algumas espécies, tendem a evitar florestas fechadas e outras espécies espaços evitam espaços muito abertos, pelo que esta heterogeneidade pode favorecer ambos os grupos em simultâneo para o mesmo local, e assim resultando numa maior diversidade de espécies. Os morcegos, pelo seu ciclo de vida particular, tardia maturidade sexual e elevadas exigências ecológicas, a serem beneficiados pelas ações florestais, apresentarão sempre uma resposta mais a médio e longo-prazo (Stebbings 1988). É provável que o venham a ser, indiretamente, por exemplo pela maior disponibilidade de alimento e de abrigo, neste caso, para os morcegos arborícolas dependentes de espécies nativas e antigas (e.g. Plecotus spp.), relativamente raros na MNB. É provável que as diferenças encontradas se devam à esta resposta mais tardia por parte dos morcegos às alterações referidas nos habitats mencionados. Independentemente dos fatores que justificam estas diferenças, importa ressalvar que de uma forma geral, a comunidade de morcegos estará a evoluir no sentido de se tornar mais diversa e mais rica, o que é um dado positivo, desde que tal, não se esteja a verificar em prejuízo de espécies menos comuns (a presença de espécies mais generalistas em áreas onde não ocorreriam antes e que podem competir com espécies menos comuns e menos plásticas, podendo culminar no desaparecimento destas últimas. Desta forma, os trabalhos florestais no âmbito do BRIGHT, não demonstraram ter ainda um impacto negativo direto e mensurável na comunidade de morcegos encontrada na MNB, embora aparente haver uma diminuição algo relevante de Pipistrellus sp., sendo que, no entanto, não é uma espécie prioritária do ponto de vista conservacionista e como tal, esta situação é menosprezável para já. Os registos obtidos para o Morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), espécie cuja ocorrência na MNB era até então desconhecida, obriga a um acompanhamento rigoroso deste grupo taxonómico particularmente sensível, e em particular desta espécie ameaçada e prioritária. Os resultados obtidos para os carnívoros, através dos indícios de presença, revelam que não existem diferenças significativas em nenhuma época entre os dados obtidos na monitorização do BRIGHT e os dados obtidos nas amostragens que constituem a situação de referência, mesmo considerando que no BRIGHT foi adicionado um pequeno transeto que não constava no pré-BRIGHT. No entanto, há algumas diferenças que importa referir, pois podem indicar tendências (que poderão ser avaliadas com a continuidade das amostragens BRIGHT) de diminuição de Raposa (Vulpes vulpes) e aumento de Fuinha (Mates foina) e maior dominância desta última espécie na comunidade de carnívoro presente na MNB. A Fuinha é claramente o mamífero carnívoro mais abundante na MNB, o que foi comprovado em todos os métodos aplicados, estando presente em todas os habitats, mas com particular incidência na floresta relíquia. Quanto à aparente redução do número de efetivos de Raposa que ocorrem na MNB poderá dever-se à remoção do pinhal adjacente à MNB, já referido anteriormente. Adicionalmente, estudos anteriores da equipa UA (Pereira et al. 2012) sobre a comunidade de carnívoros na região onde a MNB se insere, evidencia a importância desse pinhal, agora ausente, para a população de raposas presente na área. É possível, tendo em conta estes aspetos, que a população de Raposas presente na MNB e nas áreas envolventes, seja atualmente mais reduzida em relação à situação de referência pré-BRIGHT. Assim sendo, e tendo em conta que se trata de uma área não contemplada neste projeto, apenas com uma monitorização específica seria possível saber em detalhe o efeito que a alteração da paisagem e na estrutura da vegetação nesta área, poderá ter na comunidade de mamíferos carnívoros, bem como na restante diversidade de vertebrados existentes na MNB. Sendo evidente pelos resultados obtidos que os carnívoros, em geral, têm preferência por uma comunidade florestal como a floresta relíquia, a longo-prazo é expectável que estes animais venham a ser BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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beneficiados pelos trabalhos BRIGHT em curso designadamente no Pinhal do Marquês, sendo que aí se pretendem simular, através de plantações, as condições existentes na Floresta Relíquia. De momento, e face à larga área vital e mobilidade destas espécies, não é possível encontrar diferenças entre o momento atual e a situação de referência. Quanto à monitorização das caixas-ninho, salienta-se o número relativamente baixo (e espectável) de caixas-ninho onde foi registada atividade por parte das aves, e como seria de esperar, um número mais reduzido de caixas-ninho efetivamente utilizadas para a reprodução de 2013. Quatro espécies foram observadas com atividade na caixa-ninho, sendo que as espécies mais registadas foram o chapim-real e o chapim-azul, espécies que são mais abundantes na mata que o chapim-preto, por exemplo. As primeiras foram também as espécies que registaram um maior aumento no uso de caixas-ninho de 2013 para 2014 e de 2014 para 2015. Já a trepadeira-comum, apesar de ser bastante comum em toda a MNB, apenas ocasionalmente é detetada a utilizar caixas-ninho, e na MNB esse facto não é exceção. Aliás, em trabalhos anteriores da Universidade de Aveiro, onde se monitorizou a ocupação de passeriformes em caixas-ninho semelhantes (da Silva et al. 2012) a trepadeira-comum nunca ocupou nenhuma caixa-ninho, o que poderá eventualmente indicar uma maior procura por locais de abrigo devido à queda de árvores antigas causada pelo ciclone Gong. Os habitats que registaram maior atividade nas caixas-ninho foram o arboreto e a Floresta Relíquia, como já era esperado, pois apresentam maior e mais diversa população de aves em relação ao Pinhal do Marquês. De notar o aumento de caixas-ninhas em uso na época de reprodução em 2014 em comparação com 2013, sendo esse aumento foi verificado no Pinhal do Marquês e no Arboreto, enquanto o número de caixas-ninho ocupadas na Floresta Relíquia se manteve estável, o que corrobora a ideia de que este último habitat é bastante estável, assim como as comunidades de fauna que aqui ocorrem. Também se verificou um aumento na ocupação de caixas-ninho de 2014 para 2015 no Arboreto e sendo o Chapim-real o principal responsável por essa alteração, sendo que na Floresta Relíquia e no Pinhal do Marquês, a ocupação das caixas-ninho manteve-se estável. Como já foi referido anteriormente, a situação pós Ciclone Gong dificultou em grande escala as metodologias de monitorização do uso de caixas-ninho pelas aves, assim como as metodologias de fotoarmadilhagem para monitorização de mamíferos carnívoros. Neste último caso, a impossibilidade de se estabelecer a independência entre os vários pontos de amostragem (devido à reduzida dimensão da MNB) constitui outro fator que afetou negativamente a exequibilidade do plano de trabalhos inicial. Para estas duas metodologias deveremos considerar que a inacessibilidade de muitos dos locais e a impossibilidade de se selecionar pontos alternativos razoavelmente ajustados aos objetivos das mesmas metodologias, obrigou a ligeiros ajustes na localização das câmaras de fotoarmadilhagem e a uma redução do número de caixas-ninho monitorizadas. Ainda considerando os efeitos do Ciclone Gong, o tempo despendido para ambas metodologias continua a ser superior ao que se verificava antes do temporal, sendo por isso necessário e útil continuar com os ajustes propostos de forma a otimizar o tempo disponível para a execução das mesmas. Em ambos os casos, espera-se que os ajustes nas metodologias e localizações permitam obter resultados compatíveis com os objetivos dos projeto. De qualquer modo, e em resumo, os resultados obtidos indicam, de uma forma geral, que a ocorrência do Ciclone Gong e os estragos causados pelo mesmo afetaram a comunidade de aves na MNB (Arboreto e Pinhal do Marquês), não se tendo verificado o mesmo para as comunidades de mamíferos existentes na MNB, em particular nos habitats referidos. Os resultados sugerem também que as intervenções florestais que decorrem no âmbito do projeto têm um impacto negligenciável ou positivo para a fauna. Mesmo considerando o grupo das aves, as diferenças encontradas poderão dever-se a fatores externos indissociáveis, como anteriormente referido, pelo que se sugere alguma cautela nas conclusões a respeito destas análises. A adição de mais dados resultantes das amostragens futuras no âmbito do projeto BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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BRIGHT permitirá que a análise que aqui se apresenta fique ainda mais consistente e que seja possível, da forma mais correta e rigorosa que se consiga alcançar, continuar a avaliar o efeito das intervenções florestais decorrentes do Projeto BRIGHT na diversidade de fauna presente na MNB (diversidade essa que é deveras relevante e cujos trabalhos de monitorização permitiram alargar o leque de espécies conhecidas que aí ocorrem, incluindo novos registos de espécies com elevado valor conservacionista), em particular, importa analisar a evolução da comunidade dos vários grupos de vertebrados ao longo do tempo de monitorização e de projeto, já que até ao momento a análise comparativa entre o 2º ano de monitorização e o 3º ano e a análise comparativa entre o 3º ano e o 4º ano, no caso das aves, não demonstra qualquer diferença significativa, mesmo considerando as contínuas intervenções florestais no Pinhal do Marquês e na Floresta Relíquia, o que não deixa de ser um dado interessante e de certa forma algo inesperado. Deste modo, os resultados obtidos indicam a necessidade de se aprofundar a avaliação do efeito das intervenções na fauna, em futura análise.

3.2.1.7. SÍNTESE Peixes - Ocorrem flutuações naturais nos números de indivíduos registados de Bordalo e Ruivaco, sendo que não coincidem entre ambas as espécies (diferenças no ciclo anual de cada). - Lagos assumem uma elevada importância como viveiros para as espécies de peixes. - Ocorrência nas linhas de água é ocasional, e possivelmente acidental. - Eutrofização dos lagos no verão, temperaturas baixas no Inverno, recrutamento e mortalidade (predação por ninfas de Odonata) e caudal nos cursos de água são alguns dos fatores que influenciam a contagem. - Os trabalhos de limpeza levados a cabo na estação P6 resultaram na ausência de registos de Bordalo e Ruivaco a partir de Julho 2015, o que sugere que esta massa de água não foi colonizada naturalmente.

Anfíbios - Pouco impacto dos trabalhos BRIGHT sobre as áreas amostradas para este grupo, pois as áreas de intervenção praticamente não coincidem com as principais áreas de ocorrência. - As populações de anfíbios mantêm-se estáveis quando em comparação com a situação de referência. - Verificou-se um decréscimo nos números de Salamandra-lusitânica nos últimos meses de monitorização na Fonte Fria. Pretende-se avaliar com maior rigor numa futura análise, as tendências para esta espécie. Répteis - Reduzido número de registos impossibilita uma análise mais aprofundada. - População de Lagarto-d’água aparenta estar estável. - Assume-se que possivelmente, as intervenções BRIGHT no terreno, tenham um impacto muito reduzido neste grupo.

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Aves - No Pinhal do Marquês, os resultados sugerem que a comunidade de aves foi beneficiada pelas intervenções BRIGHT. - Nesta área os meses mais frios a diversidade de aves aumentou em relação à situação de referência, possivelmente devido a maior abundância e diversidade de alimento. - Enquanto no Verão, a menor cobertura arbórea, maior exposição ao sol e ao calor, potenciou a diminuição da diversidade de aves (aves tipicamente florestais evitam àreas abertas com tempo muito quente). - A evolução da vegetação no Pinhal do Marquês e o expectável aumento da cobertura arbórea tenderão a favorecer uma comunidade de aves mais rica. - Como esperado, o Pinhal do Marquês é o habitat na MNB cujo impacto das intervenções florestais (conseguindo-se dissociar o impacto do Gong) foi mais significativo para este grupo. - No Arboreto, os dados sugerem que as diferenças encontradas são maioritariamente explicadas pelo impacto do Gong na comunidade de aves (nesta área, o impacto do Gong sobre a vegetação foi elevado). - Não seriam expectáveis diferenças entre a situação de referência e os dados BRIGHT para o Arboreto, pois foi o habitat menos intervencionado no âmbito do projeto... - Na Floresta Relíquia, a análise do impacto do Gong comprovou a resiliência deste habitat e das comunidades que nele habitam, não se verificando impactos sobre as aves. - Apenas no Inverno se pode observar uma menor diversidade de aves em relação ao préBRIGHT, o que reforça a ideia da estabilidade da Floresta Relíquia ao longo de vários anos. - As intervenções florestais não têm impactos significativos na comunidade de aves, ou os mesmos são rapidamente mitigados de forma natural. - A avaliação da evolução da comunidade de aves do 2º ano de projeto para o 3º ano, e deste para o 4º ano, sugerem que não houve alterações significativas derivadas das intervenções florestais decorrentes do projeto. - A taxa de utilização de caixas-ninho e o número de espécies que as usam são baixos, como seria expectável. - No Pinhal do Marquês, como seria expectável pela menor diversidade e abundância de aves, a taxa de ocupação foi mais baixa que nos restantes habitats.

Micromamíferos - As intervenções florestais potencialmente beneficiaram a população de micromamíferos no Pinhal do Marquês. Os registos obtidos aumentaram substancialmente ao longo do projeto. Assume-se que maior diversidade de alimento e refúgio contribuíram decisivamente para tal. - Nos outros habitats, a análise efetuada indica que não há diferenças entre o pré-BRIGHT e os dados recolhidos ao longo do projeto. - O Gong não terá afetado as comunidades de micromamíferos existentes na MNB, verificandose algumas flutuações que podem ser reflexo das flutuações naturais das populações de cada espécie.

.Morcegos - Os dados pré-BRIGHT e BRIGHT diferem significativamente, sendo os valores de diversidade mais elevados para o BRIGHT, pelo que os trabalhos florestais poderão estar a ter impacto positivo, neste grupo. - De salientar que, no Pinhal do Marquês onde as intervenções foram mais profundas, a evolução da paisagem a médio termo (maior cobertura arbórea, etc.), poderá ter impacto positivo neste grupo. BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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- O Gong não terá tido impacto imediato nas comunidades de morcegos, mas considerando as alterações induzidas no Arboreto poderá contribuir para uma maior diversidade. A longo prazo, a presença mais assídua de espécies mais plásticas neste habitat, poderão ter influência negativa nas espécies arborícolas (menos plásticas).

Carnívoros - Não se encontraram diferenças significativas, pelo que as intervenções BRIGHT não aparentam ter qualquer impacto significativo sobre este grupo. - Aumento de Fuinha e diminuição de Raposa, que se pode dever a fatores externos à MNB. Possivelmente o aumento de Fuinha dá-se em resposta à diminuição da Raposa, por redução da competição ecológica. - Interessa referir que embora a Floresta relíquia e o Arboreto sejam mais ricos no que respeita a diversidade e abundância de carnívoros, todas as espécies foram também detetadas no Pinhal do Marquês, sendo de se esperar uma evolução positiva nesta área a médio prazo.

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3.2.2. SUBAÇÃO 1. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS DO PROJETO – FAUNA (INVERTEBRADOS)

3.2.2.1. SELEÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM

À semelhança dos anos anteriores, deu-se continuidade ao inventário e à revisão bibliográfica, procurando abordar os insectos, os aracnídeos, Myriapoda e ainda se tem procurado saber um pouco acerca melacofauna terrestre previamente registada para a MNB, sobre os tardígrados, os proturos e ainda os colêmbolos. É de notar que estes últimos grupos não foram revistos, até à data, de forma exaustiva, pelo que carecem de uma maior atenção no futuro. Tem-se dado uma inegável atenção à Classe Insecta, sobretudo pelo carácter importante que têm no que diz respeito às suas interacções com a Flora, agindo como polinizadores, como dispersores de sementes, no controlo de pragas e doenças no complexo florestal, assim como pelo seu importantíssimo papel na reciclagem de matéria orgânica, quer arbustiva, quer no que respeita ao substrato epígio. No ano de 2015 deu-se início a trabalho de inventariação e monitorização de invertebrados saproxílicos, especialmente no que toca à sua actividade e aos insectos da Ordem Coleoptera, sendo que inclui espécies bastante importantes ao nível da decomposição da matéria orgânica e da fitossanidade florestal. Este é um grupo crucial para uma correta gestão sustentável da floresta e também um grupo que nos oferece informações sobre a actividade biológica no perímetro florestal e que é ainda um dos grupos principais quanto à bioindicação em silviculturas. Os resultados destes estudos serão reportados após a análise final dos resultados obtidos, quer pelas armadilhas de intersecção, quer pela proposta de metodologia de monitorização AISA (Applied Index for Saproxylic Activity). Além do estudo supramencionado continuou-se ainda a estudar os Lepidópteros, sobretudo macroheteróceros, em que se realizou, quase todos os meses desde 2014, sessões de armadilhagem/observação de invertebrados nocturnos, em vários pontos da Mata e fora da mesma. Deu-se especial enfoque à estrada entre as Portas de Sula e as Portas da Cruz Alta. A grande maioria das sessões de armadilhagem nocturna foram realizadas na Cruz Alta, no parque de merendas perto das Portas de Sula/Fonte de Sula, sendo que ainda se realizaram mais recentemente sessões nas imediações da casa perto das Portas da Lapa.

3.2.2.2. METODOLOGIAS PARA A MONITORIZAÇÃO DE FAUNA INVERTEBRADA E RESPECTIVA CALENDARIZAÇÃO

Relativamente aos insectos saproxílicos, foram capturados através de armadilhas de intersecção imagos e também recolhidas imaturos. Quanto a estes últimos mencionadosforam sobretudo estudados através de busca activa, descasque e destruição de pedaços de madeira em decomposição onde se recolheram larvas, pupas e emergências mal concebidas para posterior análise, assim como élitros e adultos mortos.

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Busca activa em troncos mortos (a, b); percursos de monitorização de adultos polinizadores (c). Fig. 32 -

Para os indivíduos adultos tem-se monitorizado, desde final de Junho de 2015 e com uma periodicidade de 14 dias, as 5 diferentes manchas florestais predominantes que precedem o perímetro da Mata. Para o efeito recorreu-se a duas variantes de armadilhas de intersecção de vôo “window fly trap” – a primeira (Fig.33) recorrendo a armadilhas suspensas perto de locais com vestígios de emergências e a segunda variante com armadilhas de intersecção perto do chão, também próximas de árvores com indícios de emergências (Fig. 33). Tanto numa como noutra é usado etilenoglicol a 7,5%, sal e algumas gotas de detergente para a preservação no campo e, após a recolha, é substituído por álcool a 70%. Quanto aos indivíduos capturados em estágio larvar e pupal, após a captura foram criados em meio controlado e, posteriormente, preparados a seco e alojados na colecção privada de João Gonçalo Moreira e também na Colecção de Entomologia da UA. Para além dos cerambicídeos também se espera estudar as restantes espécies pertencentes às famílias Buprestidae, Lucanidae, Prostomidae, Scotylinae e Elateridae dado o seu papel singular, igualmente como saproxílicos.

Metodologias de “window fight traps” aplicadas: (a, b) armadilhas suspensas em ramos; (c, d) armadilhas de intersecção (de solo), perfeitamente enquadradas e pouco notórias na paisagem. Fig. 33 -

No decorrer do trabalho de campo foram usadas, desde Dezembro de 2011 até Agosto de 2016, várias técnicas de captura e/ou observação de invertebrados: armadilhas de fosso (pitfall); armadilhas de intersecção; Sweeping net (arrastos por batimento na vegetação); percursos (transect); armadilhagem luminosa (Lâmpada mista de mercúrio 125W e 160W); wine-ropes (cordas de vinho); procura activa em troncos, madeira morta, pedras, plantas, etc. Sempre que possível fotografaram-se os exemplares no campo. Revisão e construção de colecções entomológicas: Afigura-se a preparação de uma colecção de referência da Serra do Bussaco, a alojar na Colecção Entomológica do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (Col. E. DeBio-UA), consistindo fundamentalmente de material seco. Este é complementado pela recolha de alguns exemplares para análise genética posterior (em etanol 96%) e uma fracção, sobretudo aquele recolhido em etilenoglicol, guardado em etanol a 70%. Estes espécimes estão, para já, armazenados no laboratório da Unidade de Vida Selvagem do DBio-UA. Para a confirmação da identidade específica de alguns grupos recorreu-se ao uso de lupa e à preparação de genitália (por exemplo no caso de Coleoptera e Lepidoptera). Quanto às preparações de genitálias, procurar-se-á realizar preparações definitivas, quer ao nível dos BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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exemplares que serão alojados na Col. E. DeBio-UA, quer no que diz respeito aos exemplares provenientes de material museológico, que neste segundo caso serão doadas ao museu respectivo. Foram revistas colecções zoológicas, nomeadamente a Col. E. DeBio-UA e a do Museu de História Natural de Lisboa (sendo que ainda falta rever o material que não estava em base de dados). Procurar-se-á ainda rever os espécimes na coleção do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (MCUC) – Colecção de Zoologia, assim como também se procurará encontrar a colecção do biólogo Belga “Sr. Borboletas” e a original do Naturalista Anthero Frederico de Seabra, colecção das Matas Nacionais, parte da mesma encontra-se no MCUC.

Fig. 34 - Espécimes

preparados a seco para a colecção de referência do presente trabalho, a ser incluída na Col. de Entomologia da UA. Revisão bibliográfica: A grande fatia deste trabalho baseia-se na aposta clara de mitigação de um problema basilar ao nível da conservação dos valores biológicos: mitigar a falha de conhecimento dos trabalhos previamente desenvolvidos para a Serra do Buçaco de forma a estabelecer um baseline de conhecimento que contribua para a tomada de decisão quanto à gestão da área da Mata Nacional do Buçaco. Para tal, desde o início que se procurou todo e qualquer artigo, relatório, livro e/ou registo museológico disponível on-line, assim como literatura cinzenta, notas, artigos, separatas, notícias, etc., que incluam espécies citadas ou referências e discussão sobre o estudo da fauna invertebrada da S. do Bussaco. Os termos da pesquisa, on-line, focaram-se nos presentes directórios/indexes: “bussaco”; “bus-saco”; “bussacp”; “bucaco”; “Buçaco”; “Busaco”; “Luso”; “Mealhada”; “Pampilhosa”; “[ordem em estudo/família/género]+Bussaco (ou outros termos)+pdf”; “Mada do Bussaco”; “Mata Nacional do Buçaco”; “Mata du Bussaco”; “Forest of Bussaco”; “Forêt du Bussaco”; “Sierra de Bussaco”, “Mata del Bussaco”; etc., nos quais foram considerados apenas os registos referentes ao Buçaco e Luso, este último quando a espécie também se encontra citada para o Buçaco/Luso. Directórios de pesquisa: Scopus, Google Schoolar, Google, Archive, Biodiversity Heritage Library, ISI - Web of Knowledge, Elsevier, b-on, J-Stor, NBCI (sem artigos), Library Genesis: Scientific Articles. Será continuada a revisão a literatura cinzenta, sobretudo a depositada na biblioteca da SPEN (Sociedade Portuguesa de Entomologia); do antigo IICT (Instituto de Investigação Científica Tropical), agora no Museu de História Natural de Lisboa; da Universidade de Lisboa, na biblioteca da Universidade do Porto e ainda na biblioteca do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (MCUC). Quanto às bases de dados digitais, foram consultadas as do Naturdata, Biodiversity4All e ainda a base de dados da Associação sem fins lucrativos Tagis, tendo-se apenas considerado os dados validados por intermédio de publicações.

3.2.2.3. ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS Quanto aos dados dos invertebrados coligidos/observados, uma vez que os dados têm tido sobretudo um âmbito qualitativo, enquadrado num âmbito de inventário e identificação de fitohóspedes e espécies polinizadas/usadas pelos invertebrados, não foi usado qualquer tratamento estatístico para além do percentual, ao contrário do que acontece com a fauna vertebrada. Por não haver uma recolha padronizada dos dados de capturas e observações apenas se influi sobre a diversidade qualitativa dos taxa recorrendo aos dados museológicos, BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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bibliográficos e de ciência cidadã/dados recolhidos ao longo do trabalho. Quanto aos dados bibliográficos, fez-se os possíveis no sentido de atualizar a sistemática das espécies previamente citadas para a área de estudo na literatura tecnico-científica dedicada à fauna invertebrada. Procurou-se ainda analisar na literatura as espécies nocivas para a flora e, ainda, os fotohóspedes no sentido de identificar 1) possíveis espécies mais problemáticas (pragas e espécies que causem danos à flora); 2) as espécies de particular interesse pelo seu papel como polinizadoras; 3) as espécies importantes para a dispersão de sementes; 4) grupos de espécies importantes na gestão de matéria orgânica e responsáveis pela sua decomposição; 5) espécies RELAPE (espécies Raras, Endémicas, Localizadas, Ameaçadas ou em Perigo de Extinção), espécies guarda-chuva, emblemáticas e ainda 6) espécies com particularidades ao nível da História Natural. Esperamos desenvolver mais os referidos pontos no relatório final.

3.2.2.4. RESULTADOS A Serra do Bussaco tem sido alvo de interesse biológico desde o alvor do estudo científico em Portugal. Particularmente no que se refere aos invertebrados, que remonta a 1856, aquando das primeiras explorações entomológicas em Portugal Continental. Ainda, a grande maioria do conhecimento natural da Serra do Bussaco resultou dos trabalhos da segunda metade do séc. XIX. Os estudos da época revelaram várias espécies descritas para a área, assim como novidades a nível nacional, tal como os estudos efectuados na Serra da Estrela e do Gerês (Seabra, 1941). O primeiro estudo na Serra do Bussaco é de Andrew Murray (1856), após a análise do material coligido por M. Dejean em Portugal. Descreve-se aqui uma espécie nova para a ciência, descrita da Mata do Buçaco. Mais tarde, no catálogo de von Heyden (1870), Saulcy descreveria mais uma espécie e adicionou contributos ao conhecimento dos coleópteros da Serra. Seguiram-se trabalhos de Putzeys (1874), von Heyden (1879, 1881) e, ainda no século XIX, deu-se o maior contributo ao nível dos Coleoptera e Hemiptera, por parte do primeiro entomólogo português, Manuel Paulino de Oliveira (1893, 1896). Com a publicação do ‘Catalogue des coleoptères du Portugal’, catálogo esse disperso primeiramente por várias revistas e separatas e, finalmente, compilado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, é lançado aquele que terá sido o maior contributo ao nível de novidades específicas para a Serra. Do séc. XX destacam-se os trabalhos de Anthero Frederico de Seabra, naturalista do Museu Zoológico da Universidade de Coimbra, que durante o seu percurso na Entomologia veio a contribuir grandemente para o conhecimento da fauna entomológica nas Matas de Portugal. O seu primeiro trabalho local foi baseado em revisão da literatura e em dados resultantes de capturas em 1902 para complemento ao estudo da fauna ornitológica ali presente (Seabra, 1905). Outros autores se debruçaram sobre a Serra, em exclusivo ou incluindo o local nos locais de ocorrência de espécies (Cândido Mendes, 1924, 1928; De la Fuente, 1918-1935; Coiffait, década de 1970 e 1980). Destes trabalhos resultou a descrição de várias espécies novas para a ciência, incluindo espécies endémicas da Serra do Buçaco. Mais recentemente, trabalhos como os de Maria Manuela da Gama, referente aos Collembola, permitiram também a descrição de várias espécies novas para a ciência provenientes da MNB e arredores. São ainda de notar inventários quanto aos tardígrados, sobretudo os de Machado (1946), ou alguns mais dedicados aos Gastropoda por parte de Nobre (1941) que mais tarde vieram a ser revistos e complementados por parte de Fidalgo & Callapez (1990), e ainda as revisões ao material do Museu Zoológico da Universidade de Coimbra desenvolvidas ao nível de vários grupos, destacando-se Ladeiro (1943), sobre os Myriapoda. É notória a diversidade de investigadores, predominantemente internacionais (59,8% dos 1 trabalhos ), que estudaram a fauna invertebrada da MNB. Uma boa parte do conhecimento sobre a área resultou efectivamente de estudos de materiais alojados no MCUC mas também no Museu de História Natural e Ciência do Porto, por exemplo num contexto de revisão de grupos taxonómicos abrangentes no território nacional ou Ibérico.

1

Em que num universo n = 328, 59.8% correspondem a trabalho com pelo menos um autor estrangeiro e 43.9% correspondem a trabalhos realizados por pelo menos um autor português. BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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Já no decorrer do séc. XXI, apesar de toda a riqueza ao nível da História Natural, é evidente uma falha ao nível estrutural e até de conhecimento. Mesmo com uma forte base de estudos históricos na Serra do Bussaco, a sua boa acessibilidade e reduzidas dimensões ainda não existe um catálogo actualizado das espécies conhecidas para a área de estudo. Também o esforço de actualização da taxonomia das espécies conhecidas ainda não foi feito nem existe um conhecimento cimentado ao nível da biologia e ecologia das mesmas, incluindo a sua importância na manutenção deste local. Desde Outubro de 2011 que se procura estabelecer uma baseline de conhecimento da fauna invertebrada para a mata nacional do Bussaco, no âmbito do projecto Life+ BRIGHT (LIFE10/NAT/PT/075). Tornou-se, assim, necessário rever e criar um catálogo com as respectivas contribuições para vários grupos previamente estudados para a zona e outros, cujo conhecimento era bastante inconsistente. Este trabalho contempla agora, e após uma revisão crítica, 1312 espécies conhecidas para a Serra, resultantes de revisão da literatura científica (1051 espécies) e novos contributos - até à data num total de 261 espécies, o segundo maior contributo ao longo da História Natural desta Serra. O estudo e conhecimento destes grupos biológicos permite não só gerir a biodiversidade local de forma mais sustentável e capacitada, como também oferece oportunidades ao nível da divulgação científica e ecoturismo. A mais-valia socio-cultural e técnico-cientifica no contexto da Mata Nacional do Bussaco proporciona a mitigação adequada dos problemas que se vinham a sentir sobretudo ao nível da gestão florestal. Os diversos grupos de invertebrados, explanados no diagrama da Figura 35 e na Tabela 36 em que aliada à diversidade dos grupos presente na zona, se referem as novidades faunísticas encontradas no decorrer do trabalho de campo no âmbito do projecto Life+Bussaco:

Fig. 35 – Contribuição de cada grupo para a riqueza específica de invertebrados, na MNB.

Na Figura 35 são apresentados os resultados globais da riqueza específica em percentagem do número de espécies (n=1312) conhecidas para a Serra do Buçaco, e, em suma, destaca-se o filo Arthropoda, com um total de 96% (1262 taxa) dos taxa citados para a serra, sendo que apenas cerca de 3% (35 taxa) correspondem ao filo Mollusca e, para os filos Tardigrada, Cnidaria e Nematoda apenas cerca de 1% (15 taxa).

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Tabela 36- Resultados gerais quanto aos taxa conhecidos para a Serra do Buçaco por Filo, Classe e Ordem e comparação com o número de taxones confirmados no decorrer do projecto BRIGHT. (T: total de taxones; sT: subtotal; B: registo bibliográfico; C: taxa confirmados durante o BRIGHT; N: novidades específicas para a S. do Buçaco durante o BRIGHT).

Filo

sT

Classe

Arthropoda

1262

Insecta

(Subfilo Myriapoda)

sT

Ordem

1128

Arachnida

50

Enthognatha

72

B

Nº taxa C N

T

Archaeognatha Coleoptera Odonata Hemiptera Hymenoptera Plecoptera

1 565 2 58 84 1

1 3 2 9 6 0

0 26 15 8 1 0

1 591 17 66 85 1

Orthoptera Dyctioptera Trichoptera Lepidoptera Diptera Neuroptera Isoptera Mecoptera Dermaptera Araneae Opiliones Scorpiones Solifugae Acari Protura Collembola Glomerida Chordeumatida Pludesmida Julida Callipodida Geophilomorpha Scolopendromorpha Scutigeromorpha Lithobiomorpha

20 1 0 122 15 8 0 0 2 36 1 0 0 3 3 69 1 1 1 4 1 1 1 0 1

7 1 0 87 3 2 0 0 1 7 1 0 0 0 0 0 1 0 1 4 1 0 0 0 1

7 3 3 171 11 1 2 1 0 6 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

27 4 3 293 26 9 2 1 2 42 3 1 1 3 3 69 1 1 1 4 1 1 1 1 1

Diplopoda

8

Chilopoda

4

7 5

Parachela Echiniscoidea

7 5

0 0

0 0

7 5

35

Panpulmonata Pulmonata

1 34

0 3

0 0

1 34

Tardigrada

12

Eutardigrada Heterotardigrada

Mollusca

35

Gastropoda

Cnidaria

1

Hydrozoa

1

Limnomedusae

0

0

1

1

Nematoda

2

Enoplea Chromadorea

1 1

Dorylaimida

1

0

0

1

Rhabditida

1

0

0

1

1051

141

261

1312

TOTAIS

A Tabela 37 apresenta os resultados quanto às espécies RELAPE de particular valor conservacionista, compreendendo as espécies endémicas (com estatuto de conservação legal (BERNA, UICN, Directiva Habitats, e estatuto de conservação nacional, sempre que possível) e destaca-se que foi possível constatar que a Serra do Buçaco tem 9 espécies possivelmente endémicas, quase todas descritas de espécimes provenientes da MNB ou em redor dos muros, sendo que a ordem Coleoptera compreende a maior parte deles (6 taxa). Além disso,

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há ainda 4 endemismos iberomagrebinos, 71 endemismos ibéricos e 16 espécies endémicas de Portugal. Existe, ainda, um número avultado de espécies por confirmar em campo, mesmo algumas espécies comuns. O facto de pouco se conhecer algumas espécies é um dos fatores que nos indica que os estudos continuados são necessários para a Serra, de forma a perceber não só a biologia das espécies como a corologia na área de estudo, a fenologia e interações que estabelecem com a flora. Portanto, idealmente seria proveitoso haver uma monitorização continuada, pelo menos no contexto da gestão florestal da MNB. Por exemplo, no caso dos Coleoptera, no qual se espera uma diversidade maior que os resultados obtidos até à data, é necessário aprofundar os conhecimentos da fauna ali presente e confirmar os dados bibliográficos de origem museológica. Já no que diz respeito aos Lepidoptera, não só conseguimos decifrar alguns problemas associados a citações com espécies mal identificadas como contribuímos para que se ultrapassassem as 290 espécies conhecidas para a Mata Nacional do Bussaco que see a ajuda da ciência cidadã (voluntariado) não teria sido possível. Da análise da literatura consultada conhecem-se agora nove taxa possivelmente endémicos da Serra do Bussaco (ver Tabela 2 – espécies RELAPE). Cinco outras constam de protecção legal (BERNA; Dir. Habitats), sendo que todas elas forma confirmadas no local: Euplagia quadripunctaria, Euphydryas aurinia (comum), Lucanus cervus, Cerambyx cerdo e Geomalacus maculosus (debaixo de casca de Q. robur tombado já em decomposição). Quanto às espécies previamente conhecidas para a MNB e da Serra procurar-se-á ainda compilar as espécies cujos holótipos provêm da Serra do Buçaco num intuito de relevar a sua importância e também no intuito de compreender melhor os contributos ao nível da História Natural da MNB. De facto, os dados bibliográficos provêem maioritariamente de observações e estudos desenvolvidos na MNB, demonstrando a relevância desta área, com apenas 105ha como refúgio de biodiversidade e do seu papel de laboratório vivo para estudos em taxonomia, faunística e ecologia. Contudo, também assinala a confirmação de uma necessidade premente de conservação da mesma, contra a perda de habitats naturais para usos do solo incompatíveis com a biodiversidade nativa assim como a proliferação de espécies exóticas e invasoras tão notável na área de estudo.

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Tabela 37- Espécies RELAPE. (Corótipos dos endemismos (ENDE) apresentados: Endemismos diferenciados em: Ibmg = Endemismo Ibero-magrebino, Ib = Endemismo Ibérico, Lu = Endemismo

Lusitânico e Bu = Endemismo beirense da Serra do Buçaco.)

Filo

Classe

Ordem

Familia

Arthropoda

Arachnida

Araneae

Leptonetidae

Arthropoda

Arachnida

Acari

Oppiidae

Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera

Bothrideridae Buprestidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Cantharidae

Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera

Cantharidae Cantharidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Cantharidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Cantharidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Cantharidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Espécie

Corótipo/Coment. EN

Leptoneta conimbricensis Machado & Ribera, 1986 Rhinoppia (Bipectinoppia) outereloi Subías y Shtanchaeva, 2011 Abromus lusoensis (Coiffait, 1984) Anthaxia (Haplanthaxia) scutellaris scutellaris Gené, 1839 Cantharis (Cantharis) paulinoi Kiesenwetter, 1870 Malthinus cincticollis Kiesenwetter, 1865 Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica Baudi, 1859 Rhagonycha (Rhagonycha) iberica Dahlgren, 1975 Rhagonycha (Rhagonycha) opaca Mulsant, 1862 Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella Marseul, 1864 Bembidion (Princidium) dufourii (Perris, 1864) Brachinus (Brachinoaptinus) bellicosus L. Dufour, 1820 Calathus (Calathus) minutus Gautier des Cottes, 1866 Calathus (Neocalathus) granatensis Vuillefroy, 1866 Calosoma (Calosma) sycophanta (Linné, 1758) Carabus (Chrysocarabus) basilicus

IUCN

Berna

ENDE (Lu) ENDE (Bu/Lu)

*

*Oribátido, possivelmente não endémico (Subías, comm pers.)

ENDE (Bu) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

LC

CAEM

NT

ENDE (Ib)

LC

Directiva Habitats


Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera

Carabidae Carabidae

Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera

Carabidae Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

celtibericus Germar, 1824 Carabus (Mesocarabus) lusitanicus lusitanicus Fabricius, 1801 Carabus (Oreocarabus) luetgensi pseudosteuarti Vacher de Lapouge 1925 Carabus (Oreocarabus) guadarramus LaFerte-Senectere, 1847 Carabus (Rhabdotocarabus) melancholicus costatus (Germar, 1825) Cicindela (Cicindela) maroccana pseudomaroccana Roeschke, 1891 Cymindis (Cymindis) alternans Rambur, 1837 Cymindis (Menas) miliaris Fabricius, 1801 Harpalus (Harpalus) contemptus Dejean, 1829 Harpalus (Harpalus) rufipalpis lusitanicus Schatzmayr, 1943 Leistus (Leistus) acutangulus Perrault, 1979 Leistus (Leistus) oopterus (Chaudoir, 1861) Licinus (Licinus) aequatus reymondi Colas, 1949 Licinus (Licinus) peltoides Dejean, 1826 Nebria (Nebria) vanvolxemi Putzeys, 1874 Orthomus hispanicus (Dejean, 1828) Platyderus (Platyderus) beseanus Jeanne, 1970 Platyderus (Platyderus) lusitanicus lusitanicus Dejean, 1828 Platyderus (Platyderus) montanellus Graells, 1851 Pterostichus (Iberophilus) brevipennis Chevrolat, 1840 Pterostichus (Oreophilus) paulinoi paulinoi Vuillefroy, 1868 Steropus (Sterocorax) globosus ebenus Chevrolet, 1840

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ENDE (Ib)

LC

ENDE (Lu)

LC

ENDE (Lu)

LC

ENDE (Ib)

LC

WMED

VU

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

NE

ENDE (Ib-mg)

LC

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

NE

ENDE (Ib) ENDE (Lu)

LC VU

ENDE (Ib) ENDE (Lu)

LC LC

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

?

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

LC

* * *

*

*

? *

*

p. 95


Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Carabidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Cerambycidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Cerambycidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Cerambycidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Chrysomelidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Chrysomelidae

Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera

Chrysomelidae Chrysomelidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Chrysomelidae

Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera

Chrysomelidae Curculionidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Curculionidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Curculionidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Curculionidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Dysticidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Elateridae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Elateridae

Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera

Geotrupidae Geotrupidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Hydrophilidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Hydrophilidae

Trechus (Trechus) schaufussi schaufussi Putzeys, 1870 Zabrus (Epomidozabrus) flavangulus Chevrolat, 1840 Zabrus (Epomidozabrus) humeralis Uhagón, 1904 Cerambyx cerdo mirbecki (Lucas, 1842) Iberodorcadion (Iberodorcadion) brannani (Schaufuss, 1870) Iberodorcadion (Iberodorcadion) seoanei kricheldorffi (Pic, 1910) Chrysolina (Melasomoptera) grossa chloromaura (Oliver, 1807) Chrysolina (Threnosoma) tagana (Suffrian, 1851) Colaspidea algarvensis Zoia, 2014 Cryptocephalus (Heterichnus) lusitanicus Suffrian, 1847 Gastrophysa (Exiguipenna) unicolor (Marsham, 1802) Smaragdina reyi (C. Brisout, 1866) Anisorhynchus hespericus Desbroches, 1875 Phyllobius (Phyllobius) tuberculifer Chevrolat, 1865 Pleurodirus (Pleurodirus) carinula (Olivier, 1808) Polydius hispanus ludificator (Gyllenhal, 1833) Agabus (Gaurodytes) heydeni Wehncke, 1872 Athous (Orthathous) lusitanus Platia, 2006 Athous (Orthathous) obsoletus (Illiger, 1807) Silphotrupes escorialensis (Jekel, 1866) Thorectes (Thorectes) laeviegatus (Fabricius, 1798) Enochrus (Methydrus) nigritus (Sharp, 1872) Helophorus (Rhopalohelophorus) seidlitzii

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ENDE (Ib)

LC

ENDE (Ib)

LC

ENDE (Lu)

VU

(ssp.) ENDE (Ib) Espécie prioritária ENDE (Lu)

NE

ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib-mg)

ENDE (Lu) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib-mg) ENDE (Ib)

p. 96

III

Possivelmente I. seoanei.

ENDE (Ib)

ENDE (Lu)

VU

NT

B-II; B-IV.


Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Lucanidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Lucanidae

Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera

Melolonthidae Melolonthidae

Arthropoda Arthropoda Arthropoda Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera

Melolonthidae Melolonthidae Melolonthidae Oedemeridae Ptenidiidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Rutelidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Scydmaenidae

Arthropoda Arthropoda Arthropoda Arthropoda Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera

Staphylinidae Staphylinidae Staphylinidae Staphylinidae Staphylinidae Staphylinidae

Arthropoda Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera Coleoptera

Staphylinidae Staphylinidae Staphylinidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Staphylinidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Staphylinidae

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Staphylinidae

Arthropoda Arthropoda Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta Insecta Insecta

Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera

Tenebrionidae Tenebrionidae Tenebrionidae Tenebrionidae

Kuwert, 1885 Lucanus (Pseudolucanus) barbarossa (Fabricius, 1801) Lucanus (Lucanus) cervus (Linnaeus, 1758) Ceramida longitarsis (Illiger, 1803) Chasmatopterus hirtulus hirtulus (Illiger, 1803) Chasmatopterus villosulus (Illiger, 1803) Hymenoplia rugulosa Mulsant, 1842 Rhizotrogus villiersi Baraud, 1970 Chrysanthia reitteri Seidlitz, 1899 Ptenidium (Ptenidium) heydeni Flach, 1887 Anisoplia (Anisoplia) depressa Erichson, 1847 Euconnus (Tetramelus) fageli (Franz, 1960) Bryaxis lusitanicus (Saulcy, 1870) Bryaxis peninsularis (Saulcy, 1870) Hesperotyphlus beirensis Coiffait, 1964 Hesperotyphlus vicinus Coiffait, 1964 Hyllaena lusitanica Fagel, 1960 Leptusa (Lasiopisalia) estrelensis Pace, 1981 Nazeris atlanticus Coiffait, 1971 Nazeris ibericus Koch, 1940 Oxypoda (Demosoma) segurae Assing, 2003 Pselaphostomus bussacensis bussacensis (Dodero, 1919) Stenus (Hemistenus) bussacoensis Puthz, 1971 Stenus (Hemistenus) castillanus Fagel, 1958 Blaps hispanica Solier, 1848 Coelometopus clypeatus (Germar, 1813) Isomira estrellana Kiesenwetter, 1870 Opatrum (Opatrum) perlatum Germar,

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

*

ENDE (Ib-mg)

*

LC LC

III

ENDE (Lu) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Lu) Endémico da MNB, Mealhada e de Sintra. ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Bu) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Bu) ENDE (Bu) ENDE (Bu) ENDE (Lu) Endémico das Serras do Buçaco e Estrela ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Bu) ENDE (Bu) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Ib)

p. 97

B-II


1824 Merodon chalybeus Wiedemann, 1822 Dictyla variabilis Duarte Rodrigues, 1976 Camponotus (Myrmentoma) figaro (Collingwood & Yarrow, 1969) Solenopsis lusitanica Emery, 1915

Arthropoda Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta Insecta

Diptera Hemiptera Hymenoptera

Syrphidae Tingidae Formicidae

Arthropoda

Insecta

Hymenoptera

Formicidae

Arthropoda

Insecta

Hymenoptera

Sphecidae

Arthropoda

Insecta

Lepidoptera

Erebidae

Mellinus arvensis ibericus Dusmet & Alonso, 1931 Euplagia quadripunctaria (Poda, 1761)

Arthropoda

Insecta

Lepidoptera

Micropterigidae

Micropterix ibericella Caradja, 1920

Arthropoda Arthropoda

Insecta Insecta

Lepidoptera Orthoptera

Nymphalidae Acrididae

Arthropoda

Diplopoda

Callipodida

Dorypetalidae

Arthropoda

Enthognatha

Collembola

Entomobryidae

Arthropoda Mollusca Mollusca

Enthognatha Gastropoda Gastropoda

Collembola Pulmonata Pulmonata

Entomobryidae Trissexodontidae Arionidae

Euphydryas aurinia (Rottemburg, 1775) Omocestus (Omocestus) panteli (Bolivar, 1887) Lusitanipus (Silvestria) alternans (Verhoeff, 1893) Lepidocyrtus lusitanicus lusitanicus da Gama, 1964 Pseudosinella gamae Gisin, 1967 Oestophora lusitanica (L. Pfeiffer, 1841) Geomalacus (Geomalacus) maculosus Allman, 1843

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

ENDE (Lu) ENDE (Ib) ENDE (Ib) ENDE (Lu) (Bastante rara) ENDE (Ib) *

Espécie prioritária

* * *

ENDE (Ib)

B-II

B-II ENDE (Ib)

*

ENDE (Lu) ENDE (Ib) ENDE (Bu) ENDE (Lu)

*

p. 98

II

B-II; B-IV


Coleópteros

Grupo da Classe Insecta mais diverso, em Portugal já ultrapassou as 4000 e conhecidas. Compreende os escaravelhos (Scaraboidea), os gorgulhos, joaninhas, b entre outros. Destacam-se ainda as espécies Calosoma sycophanta e Athous lusitanic espécies de particular interesse já que a nível nacional apresentam um estatuto d ameaçadas (NT), sendo que carecem de maior atenção. Há ainda 4 espécies já ame com estatuto vulnerável (VU) sendo elas a Carabus galicianus, endemismo ibérico Portugal é apenas conhecido de algumas localidades no centro, sobretudo do Sistema e ainda do Norte de Portugal (Montesinho, Carris e Leonte), a Cicindela ma pseudomaroccana que apesar de conhecida um pouco por todo o país, tem sido amea Nebria vanvolxemi que, apesar de citada para o Buçaco carece de especial atenção apenas é conhecida da Serra de Monchique no último séc., tendo, no entanto, sido cita as duas serras por Putzeys (1874), também por Oliveira (1893) e novamente por (1948, cit. de Oliveira, 1893) pelo que se procurará analisar os seus registos origin confirmação; e a Zabrus humeralis que apenas é conhecida do Buçaco, da Guar Sabugueiro. Carabidae

De um total de 378 espécimes analisados foi possível contribuir com uma n específica para este grupo, nomeadamente Laemostenus terricola. A lista actual comp assim, 92 espécies. Destas, 67,4% não são endémicas da Península, 27,2% co endemismos ibéricos ou iberomagrebinos (ENDE (Ib); ENDE (Ib-mg) e 5,4% são e endémicas de Portugal (ENDE (Lu)). Temos algumas reservas quanto a algumas das e listadas previamente a este projecto, no entanto algumas espécies foram elimina proposta de checklist que apresentamos na Tabela 38 (e em Anexo I).

Tabela 38 - Coleópteros carabídeos conhecidos para a Serra do Buçaco. Quanto ao conhecimento (EC): I - Inédito; B - registo bibliográfico; C - Registo confirmado com recentes. Espécie EN EC Comentá Acupalpus (Acupalpus) brunnipes (Sturm, 1825)

LC

B

Agonum (Agonum) monachum (Duftschmid, 1812)

LC

B

Agonum (Agonum) muelleri (Herbst, 1784)

LC

B

Agonum (Agonum) nigrum Dejean, 1828

LC

B

Amara (Amara) aenea (De Geer, 1774)

LC

B

Amara (Amara) anthobia A. Villa & G.B. Villa, 1833

LC

B

Amara (Amara) ovata (Fabricius, 1792)

LC

C?

Anchomenus (Anchomenus) dorsalis (Pontoppidan, 1763)

LC

B

Asaphidion curtum curtum (Heyden, 1870)

LC

B

Badister (Badister) meridionalis Puel, 1925

LC

B

Badister (Baudia) dilatatus Chaudoir, 1837

LC

B

Bembidion (Nepha) genei genei (Küster, 1847)

LC

B

Bembidion (Ocydromus) decorum decorum (Zenker in Panzer, 1799)

LC

B

Bembidion (Princidium) dufourii (Perris, 1864)

LC

B

Bembidion (Trepanes) octomaculatum (Goezze, 1777)

LC

B

Brachinus (Brachinoaptinus) bellicosus L. Dufour, 1820

LC

B

Brachinus (Brachynidius) explodens Duftschmid, 1812

LC

B

Bradycellus (Bradycellus) ruficollis (Stephens, 1828)

LC

B

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

ENDE (Ib) ENDE (Ib)


Calathus (Calathus) minutus Gautier des Cottes, 1866

LC

B

ENDE (Ib)

Calathus (Neocalathus) granatensis Vuillefroy, 1866

LC

B

ENDE (Ib)

Calosoma (Calosma) sycophanta (Linné, 1758)

NT

B

Carabus (Chrysocarabus) basilicus strasseri Lauffer, 1905

LC

C

ENDE (Ib)

Carabus (Ctenocarabus) galicianus Gory, 1839

VU

B

ENDE (Ib)

Carabus (Macrothorax) rugosus celtibericus Germar, 1824

LC

B

ENDE (Ib)

Carabus (Mesocarabus) lusitanicus lusitanicus Fabricius, 1801

LC

B

ENDE (Ib)

Carabus (Oreocarabus) luetgensi pseudosteuarti Vacher de Lapouge, 1925

LC

C

ENDE (Lu)

Carabus (Oreocarabus) guadarramus La Ferte-Senectere, 1847

LC

B

ENDE (Lu), de todos os exemplares coligidos nenhum corresponde a esta espécie, possivelmente confusão com C. luetgensi pseudosteuarti.

Carabus (Rhabdotocarabus) melancholicus costatus (Germar, 1825)

LC

C

Chlaenius tibialis (Dejean, 1826)

LC

B

Chlaenius (Chlaenius) velutinus (Duftschmid, 1812)

LC

B

Cicindela (Cicindela) campestris campestris Linnaeus, 1758

LC

B

Cicindela (Cicindela) maroccana pseudomaroccana Roeschke, 1891

VU

C

Clivina (Clivina) collaris (Herbst, 1784)

LC

B

Clivina (Clivina) fossor (Linné, 1758)

NE

B

Cymindis (Cymindis) alternans Rambur, 1837

LC

B

ENDE (Ib)

Cymindis (Menas) miliaris Fabricius, 1801

NE

B

ENDE (Ib)

Dixus sphaerocephalus (Olivier, 1795)

LC

B

Elaphropus (Sphaerotachys) hoemorrhoidalis (Ponza, 1805)

NE

B

Harpalus (Harpalus) affinis (Schrank, 1781)

LC

B

Harpalus (Harpalus) attenuatus Stephens, 1828

LC

B

Harpalus (Harpalus) contemptus Dejean, 1829

LC

B

Harpalus (Harpalus) decipiens Dejean, 1829

LC

B

Harpalus (Harpalus) dimidiatus (P. Rossi, 1790)

LC

B

Harpalus (Harpalus) distinguendus distinguendus (Duftschmid, 1812)

LC

B

Harpalus (Harpalus) oblitus patruelis Dejean, 1829

NE

B

Harpalus (Harpalus) rufipalpis lusitanicus Schatzmayr, 1943

LC

B

ENDE (Ib)

Harpalus (Harpalus) sulphuripes sulphuripes Germar, 1874

NE

B

Harpalus (Harpalus) tardus (Panzer, 1797)

LC

B

Laemostenus (Pristonychus) terricola terricola Dejean, 1828

LC

N

Lebia (Lebia) trimaculata (Villers, 1789)

NE

B

Leistus (Leistus) acutangulus Perrault, 1979

LC

C

Leistus (Leistus) fulvibarbis (Dejean, 1826)

LC

B

Leistus (Leistus) oopterus (Chaudoir, 1861)

LC

B

ENDE (Ib)

Licinus (Licinus) aequatus reymondi Colas, 1949

NE

B

ENDE (Ib)

Licinus (Licinus) peltoides Dejean, 1826

LC

B

ENDE (Ib)

Nebria (Nebria) brevicollis (Fabricius, 1792)

LC

C

Nebria (Nebria) salina (Fairmaire & Laboulbene, 1854)

LC

C

Nebria (Nebria) vanvolxemi Putzeys, 1874

VU

B

ENDE (Lu), possivelmente não ocorrerá

Notiophilus biguttatus (Fabricius, 1779)

LC

B

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ENDE (Ib)

ENDE (Ib-mg)

ENDE (Ib)

p. 100


Notiophilus geminatus Dejean & Boisduval, 1830

LC

B

Notiophilus quadripunctatus (Dejean, 1826)

LC

B

Notiophilus rufipes (Curtis, 1829)

LC

B

Ocys harpaloides (Serville, 1821)

LC

B

Olisthopus fuscatus Dejean, 1828

LC

B

Ophonus (Metophonus) brevicollis (Audinet-Serville, 1821)

LC

B

Ophonus (Metophonus) rufibarbis (Fabricius, 1792)

NE

B

Ophonus (Ophonus) diffinis (Dejean, 1829)

LC

B

Orthomus hispanicus (Dejean, 1828)

LC

B

Paradromius (Manodromius) linearis (Olivier, 1795)

LC

B

Paranchus albipes (Fabricius, 1801)

LC

B

Penetretus rufipennis (Dejean, 1828)

LC

C

Perileptus (Perileptus) areolatus areolatus (Creutzer, 1799)

LC

B

Platyderus (Platyderus) beseanus Jeanne, 1970

LC

B

ENDE (Lu)

Platyderus (Platyderus) lusitanicus lusitanicus Dejean, 1828

LC

B

ENDE (Ib)

Platyderus (Platyderus) montanellus Graells, 1851

?

B

ENDE (Ib)

Poecilus (Poecilus) cupreus cupreus (Linnaeus, 1758)

LC

B

Pseudoophonus (Pseudoophonus) griseus (Panzer, 1797)

LC

B

Pterostichus (Iberophilus) brevipennis Chevrolat, 1840

LC

B

ENDE (Ib)

Pterostichus (Oreophilus) paulinoi paulinoi Vuillefroy, 1868

LC

C

ENDE (Ib)

Pterostichus (Pseudomaseus) nigrita (Paykull, 1790)

LC

B

Steropus (Sterocorax) globosus ebenus Chevrolet, 1840

LC

B

Stenolophus (Stenolophus) mixtus Herbst, 1784

LC

B

Stenolophus (Stenolophus) teutonus Schrank, 1781

LC

B

Stomis (Stomis) pumicatus pumicatus (Panzer, 1796)

NE

B

Tachys (Paratachys) bistriatus (Duftschmid, 1812)

LC

B

Tachyta (Tachyta) nana (Gyllenhal, 1810)

LC

B

Trechus (Trechus) fulvus fulvus Dejean, 1831

LC

B

Trechus (Trechus) obtusus obtusus Erichson, 1837

LC

B

Trechus (Trechus) quadristriatus (Schrank, 1781)

LC

B

Trechus (Trechus) schaufussi schaufussi Putzeys, 1870

LC

B

ENDE (Ib)

Zabrus (Epomidozabrus) flavangulus Chevrolat, 1840

LC

B

ENDE (Ib)

Zabrus (Epomidozabrus) humeralis Uhagón, 1904

VU

B

ENDE (Lu)

ENDE (Ib)

ENDE (Ib)

Muitos dos dados publicados carecem de confirmação da identificação, sendo esta lista apenas provisória. Este grupo é um dos prioritários quanto à revisão, sendo que se procurará analisar os exemplares no MCUC, assim como ainda há alguns por identificar. Saproxílicos Os escaravelhos saproxílicos são vitais em qualquer ecossistema florestal. O facto de ocuparem nichos ecológicos tão específicos, permite que sejam usados como bio-indicadores da qualidade florestal. Conclusões sobre a fitossanidade florestal, o impacto da gestão florestal e a reciclagem de nutrientes são apenas três parâmetros que podem ser estimados a partir do estudo das populações deste grupo em qualquer habitat florestal. O objetivo deste trabalho é caracterizar a comunidade deste grupo animal em cinco diferentes habitats florestais da Mata (Louriçal, Carvalhal, Adernal, Pinhal do Marquês e Arboreto) e perceber as diferenças populacionais das comunidades entre eles, procurando BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

p. 101


perceber índices para uma gestão florestal vise o aumento das condições fitossanitárias e da biodiversidade. Este trabalho iniciou a Julho de 2015 e, até agora, foram capturados vários indivíduos de várias famílias (Bostrichidae, Cerambycidae, Elateridae, Lucanidae, Scolytidae) mas ainda só nos foi possível perceber quais as espécies fitohóspedes nos arredores e dentro do perímetro da MNB. Na tabela 39 é apresentada a revisão ao nível da família Cerambycidae quer das espécies presentes na Serra do Buçaco (registos da literatura provindos maioritariamente da MNB), sendo que são ainda apresentados os fitohóspedes comprovados in loco, quer de dados provindos de indivíduos adultos (I), quer em estágios imaturos (L, P). As espécies confirmadas são assinaladas com um asterisco (*).

Tabela 39 - Espécies da família Cerambycidae citadas para a Serra do Buçaco e respectivas confirmações e indicação de fitohóspedes associados e respectivos estágios de desenvolvimento (larva (L) | pupa (P) | imago (I)).

Espécie

Fitohóspedes na Península Ibérica

Fitohóspedes na MNB e estágio associado

Comentários

Agapanthia cardui

Asphodelus sp.; Bellis sp.; Carduus sp.; Cirsium sp.; Cynara scolinus; Foeniculum vulgare; Heracleum sp.; Melilotus macrorhiza; Phlomis sp.; Pyrethrum sp. (= Leucanthemopsis sp.); Salvia bicolor; Scabiosa sp.; Senecio sp.; Sylibium sp.; Urtica sp.; Valeriana sp.; Onopordon sp. Aconitum sp.; Angelica sp.; Anthriscus sp.; Artemisia arborescens; Carduus sp.; Chrysanthemum sp (= Leucanthemum); Cirsium sp.; Eupatorium sp.; Gentiana sp.; Helleborus lividus; Heracleum sp.; Innula sp.; Lupinus sp.; Salvia sp.; Senecio sp.; Urtica sp.; Veratrum sp.

* (I)

*Cruz Alta

Akimerus schaefferi

Carpinus sp.; Fagus sp.; Quercus sp.; Quercus pirenaica; Ulmus sp.

Possível erro de ID, esta espécie carece de confirmação no nosso país. Apenas foi citada do Buçaco (Oliveira, 1893).

Anoplodera sexguttata

Alnus sp.; Carpinus sp.; Fagus sp.; Quercus sp. Abies sp.; Pinus sp.

Agapanthia villosoviridescens

Arhopalus ferus Cerambyx cerdo mirbecki

Ergates faber

Carpinus sp.; Castanea sp.; Ceratonia sp.; Corylus sp.; Fagus sp.; Fraxinus sp.; Juglans sp.; Prunus sp.; Quercus sp.; Robinia sp.; Salix sp.; Ulmus sp.; Pyrus malus Acer sp.; Carpinus sp.; Castanea sp.; Corylus sp.; Fagus sp.; Fraxinus sp.; Populus sp.; Prunus avium; Prunus cerasus; Pyrus malus; Quercus sp.; Salix sp.; Ulmus sp. Erysinum sp.; Psychine sp.; Rhaphanus sp.; Sisymbrium sp. Abies sp.; Cedrus sp.; Pinus sp.

Grammoptera abdominalis

Castanea sp.; Quercus sp.

Grammoptera ruficornis

Carpinus sp.; Corylus sp.; Fraxinus sp.; Hedera sp.; Juglans sp.; Populus sp.; Pyrus sp.; Salix sp.; Sambucus sp. Abies sp.; Acacia sp.; Alnus sp.; Conium sp.; Corylus sp.; Genista sp.; Picea sp.; Pinus sp.; Quercus sp.; Salix sp.; Tamarix sp. Festuca sp.

Cerambyx scopolii

Certallum ebulinum

Hylotrupes bajulus

Iberodorcadion seoanei kricheldorffi Iberodorcadion brannani

Mesosa curculionoides

Pinus pinaster (L, I)

Festuca sp.

*

Possível confusão com I. seoanei, espécie bastante variável.

Acer sp.; Alnus sp.; Carpinus sp.; Castanea sp.; Cerasus sp. (=Prunus sp.); Corylus sp.; Fagus sp.; Ficus sp.; Fraxinus sp.; Hedera helix; Juglans sp.; Morus sp.; Populus sp.; Prunus persica; Prunus sp.; Quercus sp.; Robinia sp.; Salix sp.; Tilia

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p. 102


sp.; Ulmus sp. Mesosa nebulosa Paracorymbia stragulata Phymatodes testaceus

Plagionotus detritus Pogonocherus hispidulus

Prionus coriarius Rhagium bifasciatum

Rhagium sycophanta Rutpela maculata

Spondylis buprestoides

Stenurella melanura Stenurella nigra Stictoleptura fontenayi Xylotrechus arvicola

Quercus sp.; Castanea sativa; Carpinus sp.; Ostrya sp.; Fagus sp.; Tilia sp.; Corylus sp.; Aesculus hippocastanum Abies sp.; Pinus sp. Carpinus sp.; Castanea sp.; Conium sp.; Corylus sp; Fagus sp.; Fraxinus sp.; Malus sp.; Picea sp.; Prunus sp.; Quercus sp.; Salix sp.; Ulmus sp. Alnus sp.; Betula sp.; Castanea sp.; Fagus sp.; Populus sp.; Quercus sp.; Salix sp.; Ulmus sp. Alnus sp.; Carpinus sp.; Cornus sp.; Corylus sp.; Hedera sp.; Juglans sp.; Populus sp.; Pyrus sp.; Quercus sp.; Rosa sp.; Sambucus sp.; Tilia sp.; Viscum sp. Abies sp.; Betula sp.; Castanea sp.; Fagus sp.; Fraxinus sp.; Populus sp.; Quercus sp.; Salix sp.; Ulmus sp. Abies sp.; Alnus sp.; Betula sp.; Carpinus sp.; Castanea sp.; Corylus sp.; Crataegus sp.; Cytisus sp.; Fagus sp.; Fraxinus sp.; Juglans sp.; Larix sp.; Picea sp.; Pinus sp.; Populus sp.; Prunus sp.; Pyrus sp.; Quercus sp.; Salix sp.; Sambucus sp.; Ulmus sp. Alnus sp.; Betula sp.; Castanea sp.; Crataegus sp.; Fagus sp.; Prunus sp.; Quercus sp. Abies sp.; Alnus sp.; Betula sp.; Carpinus sp.; Castanea sp.; Corylus sp.; Crataegus sp.; Evonymus sp.; Fagus sp.; Fraxinus sp.; Juniperus sp.; Picea sp.; Pinus sp.; Populus sp.; Pyrus sp.; Quercus sp.; Salix sp.; Ulmus sp. Abies sp.; Pinus sp.

Encontrado no chão ao pé do Hotel (I)

*

(I), em sessão de armadilhagem luminosa.

*

(I, L) Espécie mais capturada quanto às armadilhas de intersecção. Larvas encontradas em Pinus pinaster.

*

(I) Confirmados élitros em Q. robur. É um polinizar frequente de umbelíferas.

*

(I) Confirmada numa sessão de armadilhagem luminosa (L160W – lâmpada mista)

*

Acer sp.; Corylus sp.; Cytisus sp.; Fagus sp.; Juniperus sp.; Pinus sp.; Quercus sp.; Salix sp.; Sambucus sp. Betula sp.; Carpinus sp.; Corylus sp.; Fagus sp.; Quercus sp.; Rhamnus sp.; Rosa sp.; Ulmus sp. Acer sp.; Cedrus sp.; Eucalyptus sp.; Fagus sp.; Ficus sp.; Quercus sp.; Salix sp.; Ulmus sp. Carpinus sp.; Castanea sp.; Crataegus sp.; Cydonia sp.; Fagus sp.; Malus sp.; Morus sp.; Populus sp.; Prunus sp.; Quercus sp.; Salix sp.; Sorbus sp.; Tilia sp.

* Sobre madeira morta de Quercus robur

Na Tabela 40 é ainda indicado o número de registos de cada espécie nas armadilhas de intersecção (window flight traps), por mês, do ano de 2015.

Tabela 40 - Número de registos da família Cerambycidae na MNB no ano 2015 (* - estágio imaturo; ** indícios (caminhos, células pupais, adultos cuja emergência correu mal ou ainda élitros).

Subfamília

Espécie

Sponfylidinae

Arhopalus sp.

Prioninae

Ergates faber

Lepturinae

Paracorymbia stragulata

Lamiinae

mai-15

mai-15

jun-15

jul-15

ago15

1** 1+4*+3** 1*

2

Rhagium bifasciatum

2

Pogonocherus hispidulus

1

BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

1**

7

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Cerambycinae

Xylotrechus arvicola

2

Este grupo será alvo de alguma revisão mais detalhada dada a sua importância a vários níveis mas sobretudo num contexto de providenciar uma ferramenta para a gestão destes na MNB. Borboletas Tendo em conta as prévias informações sobre os valores biológicos faunísticos da MNB, os resultados de levantamento faunístico remetem para uma contínua confirmação dos resultados de Seabra (1905a). Não obstante, até ser possível confirmar os indivíduos da sua colecção que datam do ano de 1902, decidiu-se eliminar algumas espécies da lista que o mesmo apresentou, dadas as muito improváveis identificações, até que se consiga consultar a coleção de origem do autor. Caso os espécimes tenham sido bem identificados, estaremos claramente perante vários casos de extinção das populações citadas muito provavelmente, e tendo em conta o panorama geral das espécies em Portugal, devido às extensivas monoculturas de eucalipto em redor da MNB que, Zerkowitz (1946), classificou como inertes por não ter encontrado qualquer espécie. Já quanto aos acaciais, apesar de se ver algumas espécies, geralmente são espécies generalistas que apenas passam em vôo. O esforço de monitorização deste grupo focou-se sobretudo nas famílias de comportamento primordialmente diurno (Hesperiidae, Lycaenidae, Nymphalidae, Papilionidae e Pieridae) e a alteração do desenho amostral claramente veio facilitar não só a confirmação de mais espécies previamente listadas e adição de novas espécies como também proporcionou melhores dados em relação às já conhecidas. Sumariou-se os resultados comulativos das observações quanto aos ropalóceros até Agosto de 2016 na Tabela41. Tabela 41 - Resumo de dados fenológicos dos ropalóceros observados durante o BRIGHT+Life (até Ago/2016). Escala nº indiv.:

Espécie / Mês:

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

1a2 Set

35 Out

6-10 Nov

>10 Dez

Erynnis tages Ochlodes sylvanus Thymelicus acteon Thymelicus sylvestris Carcharodus alceae Spialia sertorius Lycaena phlaeas Lycaena alciphron Callophrys avis Callophrys rubi Lampides boeticus Leptotes pirithous Cacyreus marshalli Satyrium spini Satyrium esculi Celastrina argiolus Glaucopsyche melanops Laeosopis roboris Lysandra bellargus Aricia cramera Plebejus argus BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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Polyommatus icarus Charaxes jasius Argynnis paphia Argynnis adippe Argynnis pandora Issoria lathonia Euphydryas aurinia Nymphalis antiopa Nymphalis polychloros Polygonia c-album Vanessa atalanta Vanessa cardui Vanessa virginiensis Coenonympha dorus Coenonympha pamphilus Melanargia lachesis Lasiommata megera Pararge aegeria Maniola jurtina Pyronia cecilia Pyronia bathseba Pyronia tithonus Hipparchia hermione Hipparchia statilinus Hipparchia semele Hipparchia fidia Iphiclides feisthamelii Zerynthia rumina Papilio machaon Gonepteryx cleopatra Gonepteryx rhamni Leptidea sinapis Colias croceus Pieris brassicae Pieris napi Pieris rapae Pontia daplidice

Alguns resultados preliminares, sobretudo ao nível dos Lepidoptera, já se encontram publicados num contexto de registos interessantes e novos dados ao nível de fitohóspedes para o território português (Corley et al., 2012a; 2012b; 2013; 2015; Corley, 2015a; 2015b) Os resultados da revisão e as novidades de conhecimento serão publicados como checklist final, resultante de dados das várias origens previamente referidas.

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Libélulas e libelinhas (Odonata) Como referido previamente, procurou-se identificar adultos e recolher exúvias nas linhas de água e carcos temporários perto da MNB quanto a este grupo, sobretudo a partir do mês de Maio de 2014. Este carece claramente de maior atenção, sendo que há potencialmente um maior número de espécies, sobretudo comuns, que os que até à data se tem registado (17 esp.). Este grupo é favorecido pela existência de charcos temporários perto da Cruz Alta mas também pela presença constante de vários tanques, de lagos, de fontes e de riachos que vão acompanhando toda a extensão e muros da MNB. Todas as espécies citadas foram confirmadas na área da Mata Nacional do Buçaco, sendo que ainda serão confirmados durante o próximo ano os exemplares das colecções das Matas Nacionais e restantes colecções alojadas no MCUC. Durante este ano não voltámos a registar a Aeshna affinis. É uma espécie considerada ameaçada por Maravalhas & Soares (2013) e corresponde ao 3º registo a nível nacional. No entanto, por se ter tratado de uma fêmea e um registo isolado, poderá ter sido um indivíduo migrador que terá aproveitado os charcos e/riachos na MNB já que todos os registos nacionais correspondem a indivíduos migradores. As espécies presentes estão reunidas e comentadas quanto às suas distribuições e estatutos nacionais e seguem a sistemática adoptada por Maravalhas & Soares (2013). Tabela 42 - Espécies de libélulas e libelinhas da Serra do Buçaco observadas durante o BRIGHT e com origem na literatura. Espécie (-) localizada; (+) dispersa embora localizada; (++) muito dispersa; (+++) cosmopolita (em Portugal). O estatuto de conservação segue Maravalhas & Soares (2013), em que as cores correspondentes são: verde – não ameaçada, amarelo – potencialmente ameaçada, rosa – ameaçada. * - confirmada, ** novidade específica para a Serra.

Familia Calopterygidae

Calopteryx virgo (Linnaeus, 1758) Calopteryx xanthostoma (Charpentier, 1840)

Lestidae

Calopteryx haemorrhoidalis (Cander Linder, 1825) Lestes dryas Kirby, 1890 Lestes virens (Charpentier, 1825) Chalcolestes viridis (Vander Linder, 1825)

Coenagrionidae

Coenagrion caerulescens (Fonscolombe, 1838) Pyrrhosoma nymphula (Sulzer, 1776)

Aeshnidae

Distribuição (nacional)

Espécie

Aeshna affinis Vander Linder, 1820 Anax imperator Leach, 1815

* * * * * * * * * * *

++

* * * * * *

-

* *

Boyeria irene (Fonscolombe, 1838) Gomphidae

Onychogomphus uncatus (Charpentier, 1840)

Cordulegastrida e Libellulidae

Cordulegaster boltonii (Donovan, 1807) Libellula quadrimaculata Linnaeus, 1758 Trithemis annulata (Palisot de Beauvois, 1807) Crocothemis erythraea (Brullé, 1832) Sympetrum sanguineum (Muller 1764)

Coment.

++ ++ ++ ++ 29.VII.2016 ++ Ver Maravalhas & Soares (2013)

++ +

23.V.2013, 3º registo a nível nacional

+++ +

* * * * * * * * * * * * *

Est. Con. PT

16.VII.2016, Vale dos Fetos

++ + + + + +

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Hemiptera Até à data, esta ordem compreende 63 espécies na MNB, sendo que os espécimes recolhidos até ao presente ano não foram, ainda, identificados. No futuro, em parceria com o MCUC, pretende-se realizar uma revisão dos dados publicados por Anthero Frederico de Seabra, pelo que este grupo ainda requer mais atenção, especialmente ao nível dos Heterópteros. Destacam-se as espécies descrita através de exemplares da MNB e da Mata de Leiria, Dictyla variabilis Duarte Rodrigues, 1976. Apesar de ainda não ter sido confirmada, trata-se de um endemismo ibérico e é uma espécie fitófaga sempre encontrada nas duas subespécies de Lithodora prostata (Loisel.) Griseb. De notar também a presença da espécie invasora Leptoglossus occidentalis, espécie sugador de resinosas, nomeadamente dos géneros Pinus, Picea, Abies, Cedrus e Pseudotsuga. No decorrer dos trabalhos foram registadas algumas espécies que constituem novidade para a área de estudo, nomeadamente Acanthosoma haemorrhoidale (Linnaeus, 1758), Cicada orni Linnaeus, 1758, Almana longipes (Dufour, 1849), Hydrometra stagnorum (Linnaeus, 1758), Nepa cinerea Linnaeus, 1758, Pentatoma rufipes (Linnaeus, 1758), Sciocoris cursitans (Fabricius, 1794). Foi ainda possível confirmar a presença des espécies previamente citadas como Aulacorthum circumflexum (Buckton, 1876) (Ilharco, 1973), Tachycixius pilosus (Olivier, 1791) (Chicote, 1880), Geotomus punctulatus (A. Costa, 1847) (Oliveira, 1895; Seabra, 1905a; Seabra, 1925a; Seabra, 1926a), Heterogaster affinis Herrich-Schäffer, 1835 (Oliveira, 1895; Seabra, 1905a), Trapezonotus arenarius (Linnaeus, 1758) (Oliveira, 1895; Seabra, 1905a), Calocoris affinis Herrich-Schäffer, 1835 (Oliveira, 1895; Seabra, 1905a), Hadrodemus m-flavum (Goeze, 1778) (Oliveira, 1895; Seabra, 1905a) e Eurydema ornata (Linnaeus, 1758) (Oliveira, 1895; Seabra, 1905a, Seabra, 1926a; Seabra, 1926b).

Outros grupos Os restantes grupos têm continuamente sido revistos e estão sumariados no Anexo I, assim como o resumo das citações originais. Damos destaque à presença das espécies endémicas de formiga Camponotus (Myrmentoma) figaro (Collingwood & Yarrow, 1969) e Solenopsis lusitanica Emery, 1915, esta segunda endemismo Lusitânico e bastante rara. As duas ainda não foram encontradas ao longo do BRIGHT porque os indivíduos capturados desta família ainda não foram identificados. Também a subespécie endémica da PI Mellinus arvensis ibericus Dusmet & Alonso, 1931 não foi confirmada. Os Formicidae serão revistos durante o ano 2017. Quanto a espécies nocivas, destaca-se a presença de Craspedacusta sowerbii Lankester, 1880 no Lago Grande no presente ano. Conhecida pela primeira vez para Portugal em 2013, esta espécie foi registada no presente ano mas também em 2014, o que indica que se estabeleceu no local. Não ocorre sob o estádio de medusa todos os anos e por isso é difícil de perceber quanto e onde ocorre esta espécie. Ocorre em booms e, apesar de nem sempre ser registada no estado de medusa, permanece enquanto colónia de pólipos. É uma espécie bastante oportunista, alimentando-se plâncton mas também de ovos de peixes, sanguessugas, Hydrachnidia, insectos, algas, nemátodos, crustáceos e aracnídeos. ainda não se conhecerem os efeitos directos quanto à fauna e flora locais, tem sido considerado invasora pois afecta consideravelmente o meio no que diz respeito à causa de mortalidade de zooplâncton (NOBANIS, 2016). Também foi detectada a presença de exemplares mortos de gorgulho-daspalmeiras (Rhynchophorus ferrugineus (Olivier, 1790)). De notar que poderá já estar presente a vespa-asiática (Vespa velutina) dada a proximidade dos registos na base nacional. Dar-se-á alguma maior atenção à revisão da literatura referente aos Collembola, † bastante estudados pela Prof. Dr. Maria Manuela da Gama num contexto de bioindicação e de gestão florestal.

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Da lista provisória dos taxa conhecidos para a Serra, 910 ainda carecem de confirmação da sua presença na MNB. Tal número deverá diminuir após a análise final dos resultados das capturas.

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3.2.3. SUBAÇÃO 2 – MONITORIZAÇAO DE FLORA E HABITATS

3.2.3.1 INTRODUÇÃO E ENQUADRAMENTO A Mata Nacional do Bussaco situa-se na Serra do Bussaco (também conhecida por Serra do Luso ou Serra de Carvalho), a 40 km da costa atlântica, na freguesia do Luso, concelho da Mealhada, distrito de Aveiro. Compreende 3 grandes tipos de formações vegetais: o arboreto, constituído por uma extensa coleção de plantas, sobretudo árvores exóticas, o Pinhal do Marquês e a Mata Climácica, doravante designada Floresta Relíquia, identificados e cartografados no Plano de Ordenamento e Gestão da MNB de 2009 (AFN, 2009; Lopes, 2012). O projeto LIFE+ BRIGHT (Bussaco´s Recovery from Invasions Generating Habitat Threats) surgiu com o objetivo de conservar a biodiversidade da Floresta Relíquia (Mata Climácica) da Mata Nacional do Bussaco contra a ameaça representada pela proliferação de várias espécies de plantas invasoras. Os trabalhos para alcançar este objetivo iniciaram-se com o reconhecimento dos habitats da Diretiva Habitats a serem conservados e com a identificação das principais espécies invasoras a serem controladas (Error! Reference source not found.). A Floresta Relíquia (FR) compreende uma área de 17 hectares, incluindo 3 tipos de habitats predominantes: o Carvalhal, dominado por carvalho-alvarinho (Quercus robur L.), o Louriçal, dominado por loureiros (Laurus nobilis L.) e o adernal, dominado por adernos arborescentes (Phyllirea latifolia L.). Este último habitat, tanto quanto se sabe é exclusivo da MNB, pelo menos na sua extensão e estado de conservação, sendo o principal foco de atenção do projeto BRIGHT. As espécies exóticas com carácter invasor mais preocupante, selecionadas como alvo das ações de controlo, foram Acacia dealbata, Acacia melanoxylon, Pittosporum undulatum, Prunus laurocerasus, Robinia pseudoacacia, Ailanthus altissima e a espécie herbácea Tradescantia fluminensis.

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Fig. 36 - Manchas florestais dominadas pelas principais espécies invasoras (cores vivas) e áreas designadas para cada objetivo específico de gestão (cores neutras). Localização das parcelas de amostragem nos habitats de referência (quadrados).

Acacia melanoxylon R. Br. (austrália), Acacia dealbata Link. (mimosa) e Acacia longifolia (Andrews) Willd. (acácia-de-espigas) são três espécies representantes de um dos géneros mais problemáticos em termos de invasões por todo o globo. Estas três espécies naturais do continente Australiano, em Portugal estão listadas como invasoras no DL 565/99 e, ameaçam vários tipos de habitats naturais costeiros e interiores. São extremamente eficazes na sua propagação, por via seminal, a partir de um abundante e persistente banco de sementes e por via vegetativa através de rebentação de toiça e raiz (sobretudo A. dealbata e A. melanoxylon). A sua capacidade de colonizar ambientes perturbados potencia a expansão destas espécies após eventos extremos como fogos florestais ou mobilizações agressivas do solo (Marchante et al. 2008; Moreira et al. 2013). Pittosporum undulatum Vent. é uma espécie originária do sudoeste australiano e introduzida para fins ornamentais, estando reconhecida como invasora no Decreto-Lei 565/99. É um arbusto ou pequena árvore com capacidade de formar povoamentos extremamente densos, excluindo outras espécies com as quais compete por polinizadores. É uma espécie invasora com grande capacidade de produção de sementes, regenerando prolificamente por via seminal e por via vegetativa depois do corte (Marchante et al. 2008). Prunus laurocerasus L. é um arbusto originário do Este da Península Balcânica, Cáucaso, Anatólia e Irão (Lopes, 2012). Foi introduzido essencialmente como ornamental sendo subespontâneo em várias regiões de clima temperado, incluindo Portugal (Flora Digital de Portugal, 2016). Não está incluído no DL 565/99 como espécie invasora, mas na MNB revela comportamento invasor. Reproduz-se prolificamente por semente, potencialmente beneficiando da dispersão por mamíferos que apreciam os seus frutos carnudos (Pereira, L., 2014, Pereira et al., in prep), mas sobretudo regenera por rebentação de toiça. BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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Robinia pseudoacacia L. é uma espécie de árvore introduzida para fins ornamentais, florestais e estabilização de solos, sendo frequentemente utilizada como ornamental em arruamentos urbanos (Ramos, 2001). É uma espécie que se propaga prolificamente por semente e por rebentação de raiz, formando povoamentos muito densos que excluem espécies nativas, podendo também competir por polinizadores, devido às suas flores abundantes e fragrantes (Marchante et al. 2008). Ailanthus altissima (Mill.) Swingle é uma árvore originária da China que apresenta comportamento invasor em vários pontos do globo. É uma planta de crescimento muito rápido, com capacidade de proliferação seminal e vegetativa muito prolífica, estabelecendo-se facilmente em zonas perturbadas, mesmo sobre solos pobres (Marchante et al. 2008). Tradescancia fluminensis Vell. é uma espécie herbácea com grande representatividade na Floresta Relíquia da MNB. É originária da América do Sul, tendo sido introduzida como ornamental. É muito cultivada em jardins, apresentando comportamento invasor especialmente em ambientes húmidos e sombrios. A sua proliferação é exclusivamente por via vegetativa, sendo capaz de enraizar a partir de um pequeno fragmento de caule, desde que apresente um nó, o que dificulta a sua remoção efetiva de ambientes invadidos (FEPPC (Florida Exotic Pest Plant Council); Marchante et al. 2008). As técnicas que se podem utilizar para controlo de espécies invasoras variam consoante o objetivo de gestão, o grau de invasão e o tipo fisionómico da espécie alvo. Em princípio, para uma dada espécie invasora há vários tipos de técnicas que podem ser utilizadas para o seu controlo, sendo que é sempre preciso ter em consideração a comunidade que se pretende proteger. No caso particular do projeto BRIGHT, a operar na Mata Nacional do Bussaco, não se utilizou nenhuma técnica química, apenas técnicas mecânicas, tendo sido selecionadas aquelas que se previam causar o mínimo impacto nos habitats naturais da Floresta Relíquia. Ainda assim, qualquer intervenção florestal representa uma potencial perturbação para a comunidade alvo dessa ação. Deste modo, desde a implementação do projeto, em 2012, as áreas onde se realizaram intervenções de controlo de invasoras têm vindo a ser monitorizadas, de forma a avaliar o impacto destas ações, não só na espécie invasora alvo que se pretende controlar, mas também na estrutura e riqueza das comunidades. Este relatório pretende apresentar as informações recolhidas desde o início do projeto BRIGHT até ao ano de 2016, de forma a apresentar os resultados das ações de controlo sobre as espécies invasoras aqui referidas, numa lógica temporal. Serão apresentados dados anuais, refletindo a tendência da cobertura das espécies invasoras nas parcelas intervencionadas, bem como a estrutura e riqueza da comunidade vegetal em que se operou.

3.2.3.2. MATERIAIS E MÉTODOS Tradescancia fluminensis - ações de controlo e monitorização No início do projeto, foram identificadas as áreas invadidas por Tradescantia fluminensis, marcadas a azul na Error! Reference source not found., sendo atribuída uma classificação inicial segundo o seu grau de cobertura e codominância com outras espécies de porte herbáceo ou arbustivo (mancha contínua, descontínua esparsa ou mista). A equipa da UA selecionou então, 11 pontos de amostragem (Fig. 37), cada um constituído por 2 3 réplicas de 1m , distanciados a menos de 2 m entre si. A tradescância foi removida manualmente nestes quadrados, na Primavera de 2013 pela mesma equipa, de forma semelhante ao que seria posteriormente realizado nas áreas circundantes pelas equipas operacionais do projeto BRIGHT.

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Parcelas de monitorização de Tradescantia fluminensis 4

5 6 8 7 9 10

Legenda

12 3

Limites Floresta Relíquia 11

Zona invadida por Tradescantia fluminensis 4

Parcelas de Monitorização “Portas de Coimbra” (1 a 3)

5 6 87 9 10

“Descida da Cruz Alta” (5 a 10) “Substrato Rochoso” (4) 11

“Porta da Cruz Alta” (11)

Fig. 37 – Localização dos pontos de amostragem para avaliação do controlo de Tradescantia fluminensis. No mapa não são evidenciadas as 3 réplicas, mas apenas os pontos de amostragem.

Desde então, estas parcelas têm vindo a ser monitorizadas sazonalmente, em termos cobertura da espécie invasora e de todas as outras espécies presentes nos quadrados amostragem. As coberturas foram estimadas visualmente e calibradas entre os membros equipa, sendo utilizados escalas auxiliares para a estimativa, sempre que se tratem percentagens de cobertura inferiores a 5%.

da de da de

Apesar da classificação inicial relativa ao grau de cobertura inicial da tradescância (Mancha Contínua, Cobertura Esparsa, Mista.), verificou-se que após a remoção da espécie invasora, o desenvolvimento da vegetação das parcelas se relacionava mais com a localização do que com o grau inicial de invasão (dados intermédios, relatório interno de maio 2016), pelo que será este o critério de agrupamento e identificação das parcelas neste relatório (Error! Reference source not found.).

Espécies florestais - ações de controlo e monitorização No seguimento da identificação das manchas invadidas por espécies invasoras de porte arbóreo ou arbustivo (doravante florestais) foram selecionados 18 quadrados, proporcionalmente distribuídos pelas várias espécies florestais que se pretendia controlar. As ações de controlo foram executadas na Primavera de 2014 pela equipa operacional do projeto BRIGHT e consistiram, sumariamente, no descasque dos indivíduos de porte arbóreo, sempre que a operação fosse possível e no corte ou arranque dos indivíduos de porte arbustivo ou plantas jovens, respetivamente.

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Parcelas de monitorização de espécies florestais

PM1 PM2

1

2

3

5 6

4 9

8 11

10

12 13 14 15

16

17

18

Fig. 38 – Localização das parcelas de monitorização das ações de controlo sobre espécies invasoras florestais no Pinhal do Marquês (parcelas PM) e na Floresta Relíquia (parcelas 1 a 18).

A monitorização destas parcelas iniciou-se em 2013, antes das intervenções florestais e foi mantida sazonalmente até ao presente. Os dados recolhidos dizem respeito à cobertura das espécies invasoras e de todas as outras espécies presentes nas parcelas, nos 3 estratos da vegetação (arbóreo, arbustivo e herbáceo). A estimativa da cobertura é feita visualmente e calibrada pelos membros da equipa, para assegurar homogeneidade entre os vários observadores durante os vários anos do projeto. Os estratos da vegetação são definidos da seguinte forma: - herbáceo - <50cm – inclui plantas herbáceas e plântulas de arbustos e árvores - arbustivo- entre 50 cm e 5 m - inclui ervas altas, trepadeiras apoiadas em arbustos ou em pequenas árvores, a maioria das espécies arbustivas e árvores jovens - arbóreo - >5 m – inclui árvores, trepadeiras e epífitas Adicionalmente, todas as árvores foram medidas em relação ao DAP (diâmetro à altura do peito) antes e após as intervenções, sazonalmente. Não tendo sido verificadas diferenças significativas no DAP, para nenhum dos períodos avaliados, este indicador não foi incluído neste relatório.

Apresentação e tratamento de dados Chegada uma fase adiantada no período de execução do projeto, considerou-se necessário fazer uma avaliação global dos resultados das operações de controlo, para melhor dirigir os esforços (de monitorização, bem como as sugestões de gestão) no último ano (prolongamento até Agosto de 2017). Assim, os resultados são apresentados numa ótica de comparação dos BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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dados anuais, para avaliar o efeito da intervenção e a sua duração. No corpo do relatório serão apresentados os resultados relativos ao desenvolvimento das comunidades ao longo do tempo, em termos descritivos bem como estatísticos, sendo feitas as descrições detalhadas de cada parcela sempre que se verifique necessário. Os dados pormenorizados e os resumos estatísticos relativos a cada parcela ou grupo de parcelas são submetidos em anexos – Anexo II, dados de parcelas de controlo de Tradescantia fluminensis; Anexo III , dados relativos a controlo de invasoras em comunidades florestais. As variáveis dependentes utilizadas para a avaliação das parcelas de Tradescantia fluminensis são: a) cobertura da espécie invasora; b) cobertura total; c) riqueza florística. Após uma avaliação inicial dos dados, foi detetada a necessidade de seguir atentamente a cobertura da espécie invasora Ehrharta erecta, pelo que se inclui a quarta variável dependente: d) cobertura de Ehrharta erecta. No caso das espécies florestais, as variáveis dependentes utilizadas são: a) cobertura da espécie invasora (por estratos, indicativos das várias fases de colonização); b) cobertura total (por estratos); d) riqueza florística (por estratos). Para testar se houve diferenças significativas nas variáveis dependentes ao longo do tempo de monitorização, utilizou-se o teste não paramétrico de Friedman, usando os seguintes pontos temporais: antes da aplicação dos tratamentos (ANTES), Primavera de 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016. As comparações pareadas post hoc (Mann-Whitney) foram executadas corrigindo α pelo método sequencial de Bonferroni (Holm, S., 1979). Todas as análises estatísticas foram executadas com o SPSS Statistics v23 (IBM, 2015).

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3.2.3.3.RESULTADOS E DISCUSSÃO Parcelas de Tradescantia fluminensis A cobertura inicial de Tradescancia fluminensis (68 ± 29,4%) decresceu abruptamente no ano da remoção, como pretendido (primavera de 2013; 0.3 ± 0.57%) e manteve-se significativamente mais baixa em relação à situação inicial durante o primeiro ano após o tratamento (primavera de 2014; 2.9 ± 3.59) (39). Nos anos seguintes verifica-se que a média dos valores subiu em relação aos valores de 2013 e de 2014 e que a sua distribuição não é significativamente diferente da situação inicial, sobretudo devido à tendência das parcelas das portas de Coimbra e da Parcela 4 em substrato rochoso (Error! Reference source not found.7). No entanto, os valores absolutos mantêm-se notoriamente mais baixos do que a situação inicial, mesmo após 3 anos do tratamento (primavera 2016; 8.6 ± 11.43%), permitindo considerar as operações de remoção mecânica, como globalmente satisfatórias no sentido de controlar a invasão por Tradescancia fluminensis.

120 100

Cobertura Tradescantia fluminensis a

cobertura (%)

Portas de Coimbra Descida Cruz Alta

80

Substrato Rochoso Porta Cruz Alta

60

ac

40

b

b

pri2013

pri2014

média

ac

20

0 inv2012

pri2015

pri2016

Fig. 39 - Evolução da cobertura de Tradescantia fluminensis desde o Inverno de 2012 (antes das operações de controlo) até à Primavera de 2016 (última campanha de monitorização). Letras diferentes significam distribuições estatisticamente diferentes (Ver Anexos).

Por seu lado, a cobertura total das parcelas intervencionadas foi significativamente mais baixa do que a inicial apenas no ano da intervenção e no ano seguinte, apesar da descida notória da cobertura de tradescância (Fig. 40). Desde o segundo ano após a intervenção a cobertura vegetal retomou valores altos na maioria das parcelas, levando a que a distribuição dos valores não fosse significativamente diferente da inicial. Isto leva a crer que a cobertura vegetal (que inclui espécies autóctones e ainda invasoras) no seu global, se regenerou, após a remoção da principal erva invasora das parcelas.

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120

a 100

Cobertura total b

b

ab

ab

cobertura (%)

Portas de Coimbra

80

Descida Cruz Alta Substrato Rochoso Portas de Coimbra Porta Cruz Alta Descida Cruz Alta média Substrato Rochoso

60

40

Porta Cruz Alta média

20 0 inv2012

pri2013

pri2014

pri2015

pri2016

Fig. 40 – Evolução da cobertura Total das Parcelas desde o Inverno de 2012 (antes das operações de controlo) até à Primavera de 2016 (última campanha de monitorização). Letras diferentes significam distribuições estatisticamente diferentes (Ver Anexos).

Por seu lado, a riqueza florística não foi afetada pela remoção da tradescância no ano da intervenção, tendo-se inclusivamente observado uma subida no número de espécies observadas, que se pode atribuir a diferenças sazonais (Fig. 41). Aparte dessa subida entre a riqueza de 2012 e de 2013, observa-se que o número de espécies foi significativamente maior nos dois anos seguintes à intervenção, o que não será de atribuir a sazonalidade, mas sim ao próprio desenvolvimento da vegetação nativa, encorajada pela remoção da tradescância.

Riqueza florística

10

número médio espécies

9

a

8 7 6

a

5 4 3

bc

2

bc

ab

1 0 inv2012

pri2013

pri2014

pri2015

pri2016

Fig. 41 - Evolução da riqueza florística desde o Inverno de 2012 (antes das operações de controlo) até à Primavera de 2016 (última campanha de monitorização). Letras diferentes significam distribuições estatisticamente diferentes (Ver Anexos).

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Estas observações contribuem para confirmar o efeito positivo da intervenção de controlo mecânico/manual no controlo da tradescância, uma vez que: 1) A cobertura de tradescância diminuiu notoriamente, com valores consistentemente mais baixos nos 3 anos após a intervenção, ainda que com distribuições não estatisticamente significativas nos dois últimos anos. 2) A cobertura total das parcelas recuperou os valores altos do início da monitorização, demonstrando que a proteção do solo foi restaurada, apesar da remoção da espécie dominante em termos de cobertura nas parcelas. 3) A riqueza específica das parcelas aumentou após os 3 anos da intervenção, o que se pode atribuir à colonização por espécies nativas após a remoção da tradescância. A distribuição dos valores de riqueza específica, ao final dos 3 anos, não é significativamente diferente da inicial, mas a média é mais elevada (3 espécies imediatamente a seguir à intervenção, 6 espécies após os 3 primeiros anos, em média).

O principal ponto negativo nas parcelas de Tradescantia fluminensis, é a recentemente diagnosticada invasão por Ehrarta erecta, (previamente identificada como Panicum repens, espécie com a qual tem muitas semelhanças), especialmente nas parcelas junto às Portas de Coimbra (Fig. 42). 70

Cobertura de Ehrharta erecta

60

ab

b Portas de Coimbra

cobertura (%)

50

40

Descida Cruz Alta

a

Substrato Rochoso

ab

Porta Cruz Alta

30

média

a

20 10

0 inv2012

pri2013

pri2014

pri2015

pri2016

Fig. 42 - Evolução da cobertura de Ehrharta erecta desde o Inverno de 2012 (antes das operações de controlo) até à Primavera de 2016 (última campanha de monitorização). Letras diferentes significam distribuições estatisticamente diferentes (Ver Anexos).

Esta gramínea, que inicialmente apresentava uma cobertura média de cerca de 10% nas parcelas das portas de Coimbra, apresentou na primavera de 2016 uma cobertura média de cerca de 50% nessa localização. Globalmente, a sua cobertura percentual média foi significativamente mais alta na Primavera de 2016 (15,5 ± 21,97), do que na situação pré intervenção em 2012 (3,2% ± 10,01) (Fig. 42), resultado de um aumento progressivo desde que se iniciou a remoção de tradescância. Isto BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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leva a inferir uma clara influência desta intervenção no comportamento invasor de Ehrharta erecta.

Monitorização das parcelas florestais Pontos de Referência – Adernal, Carvalhal e Louriçal

Os valores obtidos pela monitorização sazonal das parcelas de referência indicam, como seria de esperar, uma grande estabilidade nos valores de riqueza e de cobertura nos vários estratos da vegetação. A exceção, na parcela de “Adernal”, é a cobertura de herbáceas, que aumenta visivelmente entre 2013 para 2016, mas que não se revê na riqueza florística (Fig. 43). Esta discrepância pode dever-se, em parte, a diferenças entre os observadores mas também a ligeiras diferenças na altura do ano em que se realizou a monitorização, o que terá efeitos na fenologia de algumas espécies, nomeadamente nos geófitos, como é o caso de Polypodium cambricum, espécie que claramente contribuiu para esta variação (Anexo III, Adernal).

0,8

20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

cobertura (%)

0,7

0,6 0,5 0,4 0,3 0,2

0,1 0 2013

2014

2015

riqueza específica

Adernal - Cobertura e riqueza específica

riquezaARB riquezaARBU riquezaHERB

arbóreo arbustivo herbáceo

2016

Fig. 43 – Cobertura (linhas) e riqueza específica (colunas) por estratos, na parcela de referência relativa ao adernal.

NO CASO DAS PARCELAS DE “CARVALHAL” E DE “LOURIÇAL”, OS RESULTADOS SEGUEM O EXPETÁVEL, NO SENTIDO DE Fig. 45). No entanto, ocorre uma variação na cobertura arbórea naE parcela OCORRER POUCA VARIAÇÃO NAnotável RIQUEZA ESPECÍFICA NA de Carvalhal, especificamente na cobertura de Quercus robur), entre 2013 e 2014, que se atribui COBERTURA DOSpela VÁRIOS ESTRATOS DA no VEGETAÇÃO RRORna aos estragos provocados ocorrência do ciclone “Gong”, início de 2013. Esta descida cobertura arbórea é acompanhada por uma subida na cobertura de arbustos, em particular de EFERENCE SOURCE NOT FOUND Laurus nobilis e Ruscus aculeatus (Anexo III, Parcelas de referência).

(E

R

!

.,

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Carvalhal - Cobertura e riqueza específica 0,8

12 10

0,6

8

0,5 0,4

6

0,3

4

0,2

riqueza específica

cobertura (%)

0,7

2

0,1 0

riquezaARB riquezaARBU

riquezaHERB arbóreo arbustivo herbáceo

0 2013

2014

2015

2016

Fig. 44 - Cobertura e riqueza específica por estratos, na parcela de referência relativa ao carvalhal.

0,9

16

0,8

14

0,7 0,6

12 10

0,5 0,4 0,3

8 6

0,2

4

0,1

2

0

riqueza específica

cobertura (%)

Louriçal - Cobertura e riqueza específica

riquezaARB riquezaARBU

riquezaHERB arbóreo arbustivo herbáceo

0 2013

2014

2015

2016

Fig. 45 – Cobertura e riqueza específica por estratos, na parcela de referência relativa ao louriçal.

Comparativamente, a parcela de referência do habitat “Adernal” (Fig. 43), ambos habitats apresentam globalmente menor riqueza florística, especialmente nos estratos arbóreo e herbáceo, o que são características inerentes aos habitats e, também à influência do grau de cobertura de copas na comunidade herbácea (notar aumento das espécies herbáceas após a descida de cobertura arbórea no carvalhal, entre 2013 e 2014), não devendo ser consideradas como indicadores de maior ou menor grau de conservação ou qualidade ecológica. (Figs. 44 e 45).

Parcelas florestais do Pinhal do Marquês A cobertura de Acacia dealbata na parcela intervencionada no Pinhal do Marquês foi um dos exemplos de sucesso no controlo de espécies florestais, pelo menos durante o tempo observado (Error! Reference source not found.). No que diz respeito ao estrato arbóreo, a espécie foi satisfatoriamente controlada, não existindo copas vivas desde 2015.

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PM1 Acacia dealbata 0,25

cobertura

0,2

0,15

arbóreo

0,1

arbustivo

0,05

herbáceo

0

2013 (antes)

2014

2015

2016

Fig. 46 – Cobertura de Acacia dealbata nos vários estratos da vegetação numa das parcelas intervencionadas no Pinhal do Marquês (PM1).

As ações de controlo de Acacia dealbata refletiu-se na composição desta comunidade, mas sobretudo na estrutura. A cobertura global no estrato arbóreo diminuiu (Fig. 47), seguindo a tendência da espécie alvo, tendo sido compensado por um aumento na cobertura do estrato arbustivo, durante o último ano. Esta cobertura do estrato arbustivo deve-se especialmente ao desenvolvimento das nativas Ilex aquifolium, Laurus nobilis, e Quercus robur mas também das invasoras Pittosporum undulatum e Prunus laurocerasus (Anexo III, Pinhal do Marquês). A rápida regeneração destas duas invasoras pode agravar rapidamente a condição desta comunidade, pelo que se recomenda a re-intervenção.

PM1 Cobertura total e riqueza específica 0,8

12

10

0,6

8

0,5 0,4

6

0,3

4

0,2

2

0,1 0

riqueza específica

cobertura (%)

0,7

riquezaARB riquezaARBU riquezaHERB arbóreo arbustivo

herbáceo

0 2013 (antes)

2014

2015

2016

Fig. 47 – Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, na parcela do Pinhal do Marquês onde se efetuou ações de controlo de Acacia dealbata (PM1).

Acacia longifolia é das invasoras com menor representatividade na MNB, mas foi intervencionada e monitorizada numa parcela do Pinhal do Marquês, ainda que o grau inicial da sua cobertura fosse substancialmente mais baixo do que em outros casos (2.5% no estrato arbóreo e menos de 10% no arbustivo em comparação com Acacia dealbata no PM, com cerca de 20% no estrato arbóreo). Apesar da baixa cobertura inicial, é possível observar uma descida consistente na sua cobertura nos estratos arbóreo e arbustivo após as operações de controlo, BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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no entanto, com uma notável subida da cobertura no estrato herbáceo, devido à germinação do banco de sementes (Fig. 48).

PM2 Acacia longifolia 0,12

cobertura

0,1 0,08

arbóreo

0,06

arbustivo

0,04

herbáceo

0,02 0

2013 (antes)

2014

2015

2016

Fig. 48 - Cobertura de Acacia longifolia nos vários estratos da vegetação numa das parcelas intervencionadas no Pinhal do Marquês (PM2).

O sucesso no controlo da Acacia longifolia, levou à sua eliminação do estrato arbóreo, tendo diminuído e estabilizado a riqueza de espécies arbóreas de 3 para 2, entre 2014 e 2015. As árvores que agora dominam esta parcela são o cedro-do-bussaco (Cupressus lusitanica) e o medronheiro (Arbutus unedo). A riqueza de espécies com porte arbustivo aumentou de 10 para 15 entre 2015 e 2016 (49). Estas espécies são, nomeadamente, a carqueja (Pterospartum tridentatum), o medronheiro (Arbutus unedo) e o carvalho-alvarinho (Quercus robur), que ultrapassaram o estrato herbáceo e foram, em 2015, incluídas nas espécies com porte arbustivo.

0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0

18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 2013 (antes)

2014

2015

riqueza específica

cobertura (%)

PM2 Cobertura total e riqueza específica

riquezaARB riquezaARBU riquezaHERB arbóreo arbustivo herbáceo

2016

Fig. 49 - Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, na parcela do Pinhal do Marquês onde se efetuou ações de controlo de Acacia longifolia (PM2).

Parcelas Florestais na Floresta Relíquia BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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Parcelas de monitorização de Acacia dealbata

Mata Climácica - cobertura de Acacia dealbata 0,1

cobertura

0,08 0,06

arbóreo

0,04

arbustivo

0,02

herbáceo

0

2013 (antes)

2014

2015

2016

Fig. 50 – Valores médios de cobertura de Acacia dealbata nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas intervencionadas na FR (FR 5 e FR 16).

0,8

18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

0,7 cobertura

0,6 0,5 0,4

0,3 0,2 0,1

0 2013 (antes)

2014

2015

riqueza específica

Acacia dealbata - Cobertura e riqueza específica das parcelas

riquezaARB riquezaARBU

riquezaHERB arbóreo arbustivo herbáceo

2016

Fig. 51 – Valores médios de cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, nas parcelas da FR onde se efetuou ações de controlo de Acacia dealbata (FR 5 e FR 16).

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Parcelas de monitorização de Pittosporum undulatum

Ao mesmo tempo que a cobertura de Pittosporum undulatum diminuiu, sobretudo nos estratos arbóreo e arbustivo (Fig. 52), a cobertura da vegetação aumentou, pelo aumento da contribuição de espécies nativas, nomeadamente Laurus nobilis no estrato arbóreo e Ruscus aculeatus no estrato arbustivo, o que é um ponto positivo a considerar na recuperação destas parcelas (Fig. 53, Anexo III).

Mata Climácica - cobertura de Pittosporum undulatum 0,3 0,25 0,2

cobertura

arbóreo

a

arbustivo

0,15

herbáceo

0,1 ab

0,05

b

ab

0 2013

-0,05

2014

2015

2016

Fig. 52 - Valores médios de cobertura de Pittosporum undulatum nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas intervencionadas na FR (FR1, 2 e 8). Letras diferentes indicam distribuições significativas diferentes (α=0.05) relativamente à cobertura do estrato arbustivo.

Pittosporum undulatum- Cobertura e riqueza específica das parcelas 25

cobertura

0,8 0,6

b ab

a

20 15

ab

0,4

10

0,2

5

0

0 2013 (antes)

2014

2015

riqueza específica

1

riquezaARB riquezaARBU

riquezaHERB arbóreo arbustivo herbáceo

2016

Fig. 53 - Valores médios de cobertura (linhas) e riqueza específica (barras) por estratos da vegetação, nas parcelas da FR onde se efetuou ações de controlo de Pittosporum undulatum (FR 1, 2 e 8). Letras diferentes indicam distribuições significativamente diferentes (α=0.05) relativamente à cobertura do estrato arbustivo.

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Parcelas de monitorização de Acacia melanoxylon Relativamente às parcelas em que se fez intervenção no sentido de retirar Acacia melanoxylon, é possível observar um comportamento contrastante entre os dois grandes grupos de parcelas, tendo em conta a sua localização na MNB. As parcela localizadas desde as Portas de Coimbra até ao interior do Adernal (FR3, 4, 7, 9 e 10) apresentam, no seu conjunto, uma descida significativa da cobertura arbórea da invasora, se bem com uma ligeira, não significativa, subida na cobertura dos estratos arbustivo e herbáceo (Fig. 54).

Cobertura de Acacia melanoxylon (FR3, 4, 7, 9, 10)

cobertura

0,2 0,15

arboreo a

0,1

arbustivo herbaceo

ab

0,05

b

b

0 2013

2014

2015

2016

Fig. 54 - Cobertura de Acacia melanoxylon nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas intervencionadas na FR (FR 3, 4, 7, 9 e 10).

Por seu lado, nas duas parcelas localizadas na Cruz Alta não se observou uma diminuição da cobertura de Acacia melanoxylon nos estratos arbóreo e arbustivo, que recuperaram os valores anteriores às ações de controlo, observando-se concomitantemente uma ligeira subida média da cobertura no estrato herbáceo, resultante da germinação do banco de sementes (Fig. 55).

cobertura

Cobertura de Acacia melanoxylon (Cruz Alta-FR 17, 18) 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0

arboreo arbustivo herbaceo

2013

2014

2015

2016

Fig. 55 - Cobertura de Acacia melanoxylon nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas FR 17 e FR 18.

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A elevada cobertura arbórea de A. melanoxylon na parcela 18 deve-se ao facto de não se terem intervencionado vários exemplares e o aumento observado no estrato arbustivo deve-se à regeneração por toiça após o corte na parcela 17 (Anexo III). Relativamente ao impacto na comunidade, pode-se observar uma grande estabilidade na riqueza florística em todos os estratos, sendo que a oscilação com mais relevância se refere à riqueza das espécies do estrato herbáceo, que coincide com um aumento também na sua cobertura (Fig 56). Este aumento da riqueza e abundancia do estrato herbáceo pode dever-se à ligeira descida da cobertura nos estratos superiores entre 2013 e 2015, particularmente da diminuição da cobertura por Acacia melanoxylon. Este incremento na riqueza e cobertura do estrato herbáceo deve-se à regeneração, não só de espécies herbáceas como Digitalis purpurea, Arenaria montana, lenhosas ou escandentes como Smilax aspera, Rubus ulmifolius e Tamus communis, mas também de espécies arbóreas típicas das comunidades maduras, como plântulas de Arbutus unedo, Ilex aquifolium, Castanea sativa, entre outras (Anexo III).

1

20

0,9

18

0,8

16

0,7

14

0,6

12

0,5

10

0,4

8

0,3

6

0,2

4

0,1

2

0

riqueza específica

cobertura

Acacia melanoxylon - Cobertura e riqueza específica das parcelas

arboreo arbustivo

herbaceo arboreo

arbustivo herbaceo

0 2013

2014

2015

2016

Fig. 56 . Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, nas parcelas onde se efetuou ações de controlo de Acacia melanoxylon.

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Parcelas de monitorização de Prunus laurocerasus No caso das intervenções realizadas em Prunus laurocerasus, nas parcelas FR 6, 11, 13 e 14, observou-se uma descida significativa da sua cobertura no estrato arbustivo, onde tinha a sua maior expressão, entre 2013 e 2014 (Fig. 57).

cobertura

Cobertura de Prunus laurocerasus 0,45 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0

arbóreo arbustivo herbáceo

a

2013

b

ab

2014

2015

ab

2016

Fig. 57 – Cobertura de Prunus laurocerasus nos diferentes estratos da vegetação, nas parcelas intervencionadas na FR (FR 6, 11, 13 e 14).

Apesar de cobertura média no estrato arbustivo se manter consistentemente mais baixa do que o valor original, em 2015, os seus valores de cobertura voltaram a assumir uma distribuição não estatisticamente diferente da inicial, sobretudo devido à grande variabilidade entre as parcelas, o que se tem mantido até o presente (Fig. 58).

Relativamente à riqueza florística e cobertura dos diferentes estratos da vegetação, não há variações de maior a assinalar nestas parcelas (Fig. 58).

1

16

0,9

14

0,8

12

cobertura

0,7 0,6

10

0,5

8

0,4

6

0,3

4

0,2

2

0,1 0

riqueza específica

Prunus laurocerasus - Cobertura e riqueza específica das parcelas

arbóreo arbustivo

herbáceo arbóreo arbustivo

herbáceo

0 2013

2014

2015

2016

Fig. 58 - Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, nas parcelas onde se efetuou ações de controlo de Prunus laurocerasus (FR 6, 11, 13 e 14).

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Parcelas de Monitorização de Robinia pseudocacia e Ailanthus altissima As ações de controlo sobre as espécies invasoras Robinia pseudoacacia e Ailanthus altissima foram bem-sucedidas, em termos da redução da sua cobertura (Figs. 59 e 61). Ao mesmo tempo, não resultaram num decréscimo da cobertura vegetal em nenhum estrato da vegetação (exceto aquele para o qual contribuíam com mais expressão), nem na diminuição da riqueza florística a médio prazo (Figs. 60 e 62), o que indica que as comunidades nativas não foram afetadas negativamente.

Cobertura de Robinia pseudoacacia 0,4 0,35 cobertura

0,3 0,25

arbóreo

0,2

arbustivo

0,15

herbáceo

0,1 0,05 0

2013

2014

2015

2016

Fig. 59 - Cobertura de Robinia pseudoacacia nos diferentes estratos da vegetação, na parcela intervencionada na FR (FR 12).

Robinia pseudoacacia- Cobertura e riqueza específica da 1,2

12

1

10

0,8

8

0,6

6

0,4

4

0,2

2

0

0 2013

2014

2015

riqueza específica

cobertura

parcela

riquezaARB riquezaARBU

riquezaHERB arbóreo arbustivo herbáceo

2016

Fig. 60 - Cobertura e riqueza específica por estratos da vegetação, na parcelas onde se efetuou ações de controlo de Robinia pseudoacacia (FR 12).

Dispondo apenas de uma parcela de amostragem para cada uma das espécies, não se efetuaram testes estatísticos para avaliar a tendência temporal. No entanto, é de observar que a diminuição observada nos estratos arbóreo e arbustivo se manteve consistentemente baixa, desde a intervenção, especialmente no caso da parcela de Ailanthus altissima, onde esta espécie aparenta ter sido erradicada (Fig. 61).

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Cobertura de Ailanthus altissima 0,16 0,14 cobertura

0,12 0,1

arbóreo

0,08

arbustivo

0,06

herbáceo

0,04 0,02 0 2013

2014

2015

2016

Fig. 61 - Cobertura de Ailanthus altissima nos diferentes estratos da vegetação, na parcela intervencionada na FR (FR 15).

Ailanthus altissima - Cobertura e riqueza específica da parcela 0,9 0,8

30

cobertura

0,6

20

0,5

15

0,4 0,3

10

0,2 0,1

5

0

riqueza específica

25

0,7

riquezaARB

riquezaARBU riquezaHERB arbóreo arbustivo herbáceo

0

2013

2014

2015

2016

Fig. 62 - Cobertura (linhas) e riqueza específica (barras) por estratos da vegetação, na parcelas onde se efetuou ações de controlo de Ailanthus altissima (FR 15).

Em todo o caso, considera-se que as ações de controlo foram de grande sucesso no caso destas duas espécies e sugere-se, consequentemente, diminuir o esforço de amostragem nestas duas parcelas de futuro (mais detalhes na secção seguinte). Apesar do sucesso da intervenção no controlo de Ailanthus altissima, esta espécie persiste com manifesto carácter invasor, fora da mata do outro lado do muro, muito próxima da parcela intervencionada. Desta forma, mantem-se o risco de recolonização, devido sobretudo, à grande capacidade de proliferação por semente.

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3.2.3.4. CONCLUSÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES PARA A GESTÃO E MONITORIZAÇÃO

Gestão e monitorização de Ehrharta erecta Ehrarta erecta é uma gramínea originária da África do Sul, que se reproduz prolificamente por semente, potencialmente durante todo o ano. Pode formar bancos de sementes persistentes e muito abundantes. É uma espécie cosmopolita, podendo invadir todo o tipo de habitats, incluindo zonas sombrias em florestas em avançado estado sucessional. É uma invasora conhecida na América, Austrália e Europa (DiTomaso et al. 2013). O controlo desta espécie apresenta muitos desafios (DiTomaso et al., 2013): - Controlo mecânico – o arranque das plantas, incluindo as raízes, pode estimular a germinação do banco de sementes, o que pode ser contraproducente em áreas extensas, devido à dificuldade em manter o seguimento. - Fogo controlado – só útil em épocas frias e húmidas, e especialmente em plântulas não reprodutivas. Pode ser contraproducente por estimular a germinação e alterar a composição da comunidade vegetal em favor da proliferação da própria Ehrharta erecta. - Controlo cultural – a cobertura com mulches vegetais ou outros, como rede de cobertura plastificada, pode ser útil para pequenas extensões. (N.A.) Atenção à proveniência do mulch para não ser uma nova fonte de contaminação por sementes alóctones. - Controlo químico – há diversas soluções disponíveis, mais ou menos específicas para gramíneas. No entanto, atendendo à sensibilidade dos habitats, e à necessidade de proteger as espécies de flora nativa, nenhuma é recomendada. - Controlo biológico – não disponível para esta espécie, de momento. Tendo em conta as possibilidades e dificuldades indicadas acima, sugerimos um tratamento/estudo piloto na zona das Portas de Coimbra e zona da “Descida da Cruz Alta” mais afetada. Sugere-se esta área por ser aquela onde o comportamento invasor da espécie é mais agressivo, sendo que, na possibilidade de a ação de controlo incentivar a germinação da espécie, será eventualmente menos arriscado iniciar os esforços pela área mais afetada, desde que sejam tomadas as precauções para não transportar sementes ou outros propágulos para áreas adjacentes. A base da intervenção aparentemente com maior possibilidade de sucesso, parece ser a remoção manual das plantas, evitando ao máximo a perturbação do solo, com a subsequente cobertura do solo com algum tipo de mulch vegetal. A cobertura do solo terá a dupla função de minimizar o estímulo e germinação do banco de sementes do solo e de proteger o solo da erosão laminar. É sugerido iniciar os tratamentos por áreas pequenas, de preferência circunscritas por caminhos ou barreiras mais ou menos definidas, de forma a avaliar a operação antes de aumentar a escala de intervenção, devido ao risco de estimular a germinação e propagação da Ehrharta erecta. A monitorização deverá ser feita a intervalos curtos e regulares, com especial incidência nas áreas intervencionadas, mas sem descurar as outras.

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Gestão de “Bancos” de tradescância O material vegetal resultante da remoção de Tradescantia fluminensis das áreas invadidas tem vindo a ser mantido na proximidade das áreas intervencionadas, em pilhas (“bancos”) de forma paralelepipédica. A criação destes bancos deve-se à dificuldade em efetivamente remover o material das áreas de mais difícil acesso, sendo expectável revolver periodicamente este material, de forma a eliminar progressivamente o vigor e capacidade de propagação destes restos vegetais. Na campanha de primavera/verão 2016 foi possível encontrar vários exemplos de bancos de tradescância em que os restos vegetais se apresentam vigorosos e em plena capacidade de propagação, como se pode verificar na Fig. 63

Fig. 63 – Bancos de tradescância no adernal, resultantes da acumulação dos detritos removidos nas ações de controlo. De notar o aspeto vigoroso da tradescância e o início do alastramento para a área circundante (fotos tiradas em Maio).

As potenciais consequências desta situação são o retrocesso dos resultados promissores encontrados ao nível do controlo da Tradescantia fluminensis ou, no mínimo, o risco localizado de invasão. De forma a evitar qualquer destes cenários é fortemente encorajado tomar medidas de gestão adequadas. A Tradescantia fluminensis tem grande capacidade de regeneração vegetativa, sendo possível enraizar a partir de qualquer pequeno fragmento que contenha um nó. Assim, qualquer técnica para eliminação dos seus restos vegetais deve pressupor o seu isolamento em relação ao solo, encontrando formas eficientes de matar os tecidos, não sendo portanto uma planta recomendável para compostagem (FEPPC (Florida Exotic Pest Plant Council), 2016). Na impossibilidade de remover estes restos vegetais da zona, urge encontrar medidas que possibilitem uma gestão eficaz in situ. Uma sugestão simples, seguindo as recomendações da FEPPC, é o ensacamento, desde que em sacos não biodegradáveis, para isolar os restos vegetais do contacto com o solo. Sendo possível colocar os sacos (pretos) numa zona ensolarada, o calor acumulado será o suficiente para matar os tecidos ainda vivos, sem BRIGHT – Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats (LIFE10/NAT/PT/075) 4º RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS [AÇÃO E.2 ]

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necessidade de mais intervenção a curto prazo. Outra solução assente no mesmo princípio, seria a utilização de tela ou manga plástica preta, para casos em que o volume de material não permita o ensacamento. Qualquer destas soluções exige que a tradescância seja novamente desenraizada e removida cuidadosamente dos locais onde se encontra em propagação, sendo necessário manter esses mesmos locais em monitorização de forma a antecipar novos focos de invasão. Após se verificar se o conteúdo dos sacos morreu/apodreceu/secou na sua totalidade, poderá ser despejado em segurança em zonas apropriadas para o efeito.

Gestão e monitorização das espécies florestais invasoras Os dados das várias campanhas de monitorização mostram uma grande variabilidade na eficácia das intervenções de controlo. Assim, para o próximo ano de execução do projeto, é sugerido diminuir o esforço de monitorização naqueles casos em que se tenha verificado eficácia no controlo e, sobretudo consistência nos dados anuais até ao presente. Noutros casos é sugerido intensificar os esforços de gestão e de monitorização, em particular nos casos em que controlo não foi eficaz, ou em que se verifique recolonização pela espécie invasora inicial ou eventualmente outra(s). Assim, propõe-se diminuir o esforço de monitorização nos seguintes casos, sugerindo-se que a observação se baseie sobretudo na avaliação da espécie invasora original, ou eventualmente, outras que se venham a observar colonizando a área: - Parcelas de Robinia pseudoacacia, Ailanthus altissima. Os dados são consistentes, desde o tratamento, evidenciando um controlo aparentemente bem-sucedido destas espécies. Propõese focar a monitorização apenas nas espécies invasoras, uma vez que a cobertura da vegetação e a riqueza específica não foram afetadas negativamente pela intervenção. Chamase a atenção para a proliferação de Ailanthus altissima na área extra muros, e para a necessidade de contemplar a criação de faixas tampão, externa aos limites da MNB, para a prevenção de (re)invasão da Mata (cf. Guerra et al., 2015). - Parcelas de Pittosporum undulatum. Propõe-se diminuir o esforço de amostragem de forma a focar apenas na espécie invasora que tem, até ao momento, registado valores consistentemente mais baixos que os observados antes do controlo. Esta recomendação vai no sentido salvaguardar uma eventual recolonização por Pittosporum undulatum, uma vez que a) desde o início da monitorização está assinalada a grande capacidade de germinação desta espécie (e.g. Matos et al.,2015), b) foi recentemente observada rebentação por raiz em alguns indivíduos cortados, e c) têm sido verificados alguns casos em que não se efetuou o descasque de todas as árvores dos povoamentos, especialmente em povoamentos densos e em alguns sítios onde o Pittosporum undulatum não era a espécie invasora dominante. - Em todos os casos é proposto abandonar a medição do DAP/PAP, uma vez que a sua avaliação não evidenciou diferenças significativas entre períodos, nem consequentemente, uma relação com a eficácia das técnicas de controlo aplicadas. Nos seguintes casos, é proposto manter a monitorização nos mesmos moldes ou reforçar a observação de alguns aspetos da colonização das espécies invasoras. É também indicado repetir as ações de gestão florestal em alguns casos:

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- Parcelas de Acacia melanoxylon, A. dealbata, A. longifolia (Pinhal do Marquês). Tem-se verificado uma diminuição progressiva e consistente do estrato arbóreo. Recomenda-se, portanto, incidir a monitorização sobretudo ao nível da cobertura das espécies nos estratos arbustivo e herbáceo, que tem vindo a aumentar com o tempo decorrido desde a intervenção. A regeneração por semente e por rebentação de toiça e raiz tem sido observada um pouco por toda a Mata (Fig 64). Assim, é recomendado reforçar as ações de controlo ao nível do estrato arbustivo e herbáceo, procedendo ao arranque destes indivíduos/rebentos o quando antes.

Fig. 64 - Regeneração de Acacia spp. por rebentação de toiça e raíz (esquerda) e por germinação (direita).

- Parcelas de Prunus laurocerasus. Após a diminuição inicial, imediatamente após à primeira intervenção, a cobertura da espécie invasora manteve-se baixa. É, no entanto, de ter em conta que as parcelas selecionadas apresentavam cobertura da invasora inicialmente baixa (cerca de 30%), comparativamente a algumas áreas da FR limítrofes ao arboreto, em que é possível encontrar núcleos densos que atingem valores de cobertura de cerca de 100% no estrato arbustivo. Em termos da monitorização propõe-se manter os mesmos moldes de até agora, sugere-se efetuar nova(s) intervenção(ões), na tentativa de enfraquecer progressiva e definitivamente a capacidade de regeneração vegetativa destas populações, atingindo assim uma situação mais próxima do controlo. As observações de campo indicam que o descasque produz pouco efeito, uma vez que se observou regeneração da casca em indivíduos intervencionados (Fig. 65), o que sugere que é uma prática que pode ser abandonada, ou pelo menos, que a combinação com o corte repetido possa surtir efeito, ao enfraquecer progressivamente o vigor da regeneração por exaustão das substâncias de reserva nas raízes (Kays and Canham 1991).

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Fig. 65 – Regeneração da casca de Prunus laurocerasus após descasque em indivíduos de porte arbóreo.

Em termos gerais, é de referir que os objetivos de controlo das várias espécies invasoras aqui descritas, apesar de globalmente animadores, estão, de certa forma, condenados ao fracasso se considerar que as ações executadas no âmbito do projeto BRIGHT são suficientes para controlar as plantas invasoras e salvaguardar a biodiversidade da MNB. É essencial um controlo de seguimento, acompanhado da monitorização dos resultados (durante e para lá da execução do projeto) em coordenação com as equipas de intervenção florestal, para que as ações de controlo possam ser repetidas ou dirigidas para novas áreas ou espécies atempadamente.

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3.3 PROGRESSO ESPERADO Os constrangimentos referidos em relatórios anteriores, relativamente à ocorrência do cilone Gong, não tiveram, no ano transato, relevância assinalável. Para o ano de 2017, esperase uma progressão dos trabalhos seguindo a calendarização proposta, tanto ao nível da monitorização da Fauna como da Flora. 1) Monitorização de fauna: - Invertebrados, periodicidade regular, várias metodologias; pesquisa bibliográfica; - Peixes, periodicidade mensal, contagem exaustiva; - Anfíbios, periodicidade mensal, várias metodologias; - Répteis, periodicidade mensal, busca ativa; - Aves, periodicidade fenológica, censos em ponto fixo; - Mamíferos carnívoros, fotoarmadilhagem (15 dias consecutivos por época do ano) e busca mensal de indícios de presença; - Micromamíferos, periodicidade fenológica, amostragem com armadilhas tipo Sherman; - Morcegos, periodicidade mensal, amostragem de ultrassons. - Monitorização de 60 caixas-ninho na Mata, com estratificação por unidades de paisagem e monitorização da ocupação das mesmas durante a época de reprodução (março a julho) – 20 caixas por cada unidade de paisagem (Arboreto, Pinhal do Marquês e Floresta Relíquia).

2) Monitorização da flora e habitats: Atendendo às tendências observadas pela comparação dos dados temporais, considera-se que se podem fazer alguns ajustes, não especificamente na periodicidade, que continuará a seguir um ritmo, no mínimo, sazonal, mas no esforço empregue na observação das diferentes esécies das comunidades. - Parcelas de Acacia spp. - monitorização sazonal, com especial ênfase na regeneração de plântulas por germinação e de rebentamento por toiça e raíz. - Ailanthus altíssima e Robinia pseudoacacia - monitorização sazonal, atendendo especialmente à germinação de novas plâtulas e, no caso de Robinia pseudoacia, de rebentamento por raíz. - Pittosporum undulatum, Prunus laurocerasus - monitorização sazonal, não só das parcelas intervencionadas como dos núcleos nas proximidades. - Tradescantia fluminensis, periodicidade contínua de comparação sazonal, om especial ênfase no seguimento da sua cobertura, bem como da cobertura de Ehrharta erecta. - Fascicularia bicolor e Phytollaca americana – seguimento dos novos indivíduos/núcleos que eventualmente proliferem durante o próximo ano. Subjacente a estes trabalhos, está uma constante atualização do elenco florístico da MNB, que será devidamente apresentado no reltório final do projeto.

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3.4 IMPACTO DO PROJETO Inegavelmente, o efeito global do BRIGHT nos habitats da MNB tem sido positivo, em termos ecológicos e sociais. Em termos ecológicos, as comunidades faunísticas estarão a ser eventualmente beneficiadas pelas ações do projeto, indiretamente pelo controlo de espécies vasoras e diretamente pelas ações diretamente dirigidas para os diversos grupos de animais (caixas ninho para a avifauna, e.g.). Alguns resultados negativos podem dever-se ainda a repercurssões Ciclone Gong, pelo que será necessário manter o programa de monitorização de forma a obter dados mais robustos ainda. Em todo o caso, no que se pode inferir pelo estado das comunidades faunísticas monitorizadas, tudo indica que os trabalhos decorrem de forma correta. Ao nível da flora, no global há a indicação de que o projeto está a ter resultados positivos ao nível da restauração de habitats previamente degradados pela presença de espécies invasoras. O declínio da cobertura arbórea das espécies florestais é quase uma constante, não se tendo, por outro lado, verificado variações notórias na riqueza florística, nem na estrutura das comunidades. No entanto, há indícios de que o efeito de clareira possa estar a permitir a germinação de espécies arbóreas, a partir do banco de sementes do solo, o que requer uma atenção redobrada para evitar um retorno à stuação inicial, a médio-longo prazo. A recente identificação de uma gramínea com comportamento invasor em muitos pontos do lobo (Ehrharta erecta) é o resultado mais negativo do ano transato, especialmente porque os dados sugerem que a a sua proliferação tem uma estreita relação com a remoção de Tradescantia fluminensis. O BRIGHT tem sido um motor de colaborações e um dinamizador de ações, mais ou menos formais, de formação e esclarecimentos sobre a temática das plantas invasoras e técnicas de controlo, tendo portanto, servido o propósito de alertar e sensibilizar a população em geral para este assunto.Verifica-se a ‘replicação’ de algumas das técnicas de controlo de invasoras, aplicadas nas propriedades privadas afetadas com o mesmo problema. A Universidade de Aveiro, em particular o Departamento de Biologia, tem sido regularmente contactado para dinamizar ações de controlo de invasoras, ou prestar aconselhamento sobre essa temática noutros locais, mas fruto do alcance e impacto positivo que o projeto BRIGHT tem tido um pouco por todo o país. Todas as ações de disseminação de conhecimento têm tido claramente resultados muito positivos e o desejado efeito multiplicador das boas práticas ambientais que integram o projeto. A imagem social positiva que o projeto está a ter tem também despertado o interesse do tecido empresarial, que tem procurado os parceiros do projeto para estabelecer parcerias, formações, etc.

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3.5 PARA ALÉM DO LIFE+ Para além do âmbito específico da Ação E.2, que cabe à Universidade de Aveiro, a equipa tem realizado atividades complementares, nomeadamente comunicações em encontros científicos, que têm servido para aumentar o conhecimento disponível e a sensibilização pública em torno das matérias do Projeto.

Comunicações orais: Moreira-Pinhal, T. C. & Soutinho, J. G. “Os insectos do Buçaco: relevância para a conservação.” V Sement Event, 20-30 November 2015. Luso, Portugal. Lísia Lopes, Rosa Pinho & Sónia Guerra, “A floresta Relíquia da Mata Nacional do Buçaco”. V SementEvent. 22 de Novembro de 2015. Luso, Portugal Rosa Pinho & Lísia Lopes. Mata Nacional do Buçaco: um valioso património. V SementEvent, 22 de Novembro de 2015. Luso, Portugal - Milene Matos. "Voluntariado ambiental: A união faz o verde?. Ciclo de palestras "VOU pela Natureza" promovido pelo Núcleo de Estudantes de Biologia, Universidade do Porto. 17 Março 2016. - Milene Matos. "Floresta: muito mais do que verde - Uma garantia de Sustentabilidade" inserido no Seminário "A Floresta Somos Nós" organizado pelo Município de Tondela. 18 Março 2016. - Milene Matos. "BIOmotivAÇÃO: queremos mudar o mundo?" Encontro Nacional de Estudantes de Biologia. Coimbra, Portugal. 22 Março 2016. - Milene Matos. Know your enemy. The influence of contact with nature in the knowledge and attitude towards alien invasive species. European Workshop on Control and Eradication of Invasive Alien Plant Species. 19 - 21 April 2016. Budapest, Hungary. - Milene Matos. "Voluntariado ambiental: A união faz o verde?" Seminário "Juventude, Ambiente e Voluntariado". Escola Profissional de Aveiro. Sever do Vouga, Portugal. 3 Maio 2016. - Milene Matos. “De bestas a bestiais num bater de asas: Promover a conservação de morcegos através de ações informais de educação ambiental.”Conservation Day. Society for Conservatoin Biology & Universidade de Aveiro. Universidade de Aveiro. 9 Maio 2016. - Milene Matos. Espécies exóticas invasoras: belas e perigosas. CICLOne de Conferências do evento Ambiente Imagens Dispersas, Ovar. 15 Novembro 2015. - Cátia Paredes, Carlos Fonseca & Milene Matos. Potencial del ratón de campo Apodemus sylvaticus para el control de Acacia sp. XII Congreso de la SECEM. 4-7 December 2015. Burgos, Espanha Comunicações em painel:

Matos M., Aguiar A., Guerra S., Lopes L., Pinho R. and C. Fonseca (2015). Can intense control of invasive nd species do more harm than good? A case study from Bussaco National Forest, central Portugal. 32 IUGB Congress. Puebla. Mexico. Soutinho, J. G.; Moreira-Pinhal, T. C.; Fonseca, C. & Matos, M. Characterization of the saproxylic beetle’s community in different floristic habitats of Bussaco National Forest, central Portugal. IJUP'16 – 9th Edition UP Investigation Student’s Meeting, 17-19 February 2016. Porto, Portugal.

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- Soutinho, J. G.; Moreira-Pinhal, T.C.; Fonseca, C. & Matos, M. “Caracterização da comunidade de escaravelhos saproxílicos nos diferentes habitats florísticos da Mata Nacional do Buçaco.” Meeting on Biodiversity and Invertebrate Conservation in Portugal (EBCI). 12-13 December 2015. Seia, Portugal. - Moreira-Pinhal, T. C.; Santos, R. M.; Marabuto, E.; Jervis, S.; Paredes, C.; Santos, E.; Pires, P.; Soutinho, J. G.; Oliveira, A. E.; Gonçalves, A. R.; Fonseca, C. & Matos, M. “Invertebrados da Serra do Buçaco: um século e meio de história natural”. Meeting on Biodiversity and Invertebrate Conservation in Portugal (EBCI). 12-13 December 2015. Seia, Portugal. - Soutinho, J. G.; Moreira-Pinhal, T.C.; Fonseca, C. & Matos, M. 2015. Caracterização da comunidade de escaravelhos saproxílicos nos diferentes habitats florísticos da Mata Nacional do Buçaco. Encontro sobre Biodiversidade e Conservação de Invertebrados em Portugal (EBCI). 12 e 13 de Dezembro de 2015. Seia, Portugal (Comunicação em painel). - Moreira-Pinhal, T. C.; Santos, R. M.; Marabuto, E.; Jervis, S.; Paredes, C.; Santos, E.; Pires, P.; Soutinho, J. G.; Oliveira, A. E.; Gonçalves, A. R.; Fonseca, C. & Matos, M. Invertebrados da Serra do Buçaco: um século e meio de história natural. Encontro sobre Biodiversidade e Conservação de Invertebrados em Portugal (EBCI). 12 e 13 de Dezembro de 2015. Seia, Portugal (Comunicação em painel). - Soutinho, J. G.; Moreira-Pinhal, T. C.; Fonseca, C.; Matos, M. Characterization of the saproxylic beetles community in different floristic habitats of Bussaco National Forest, central Portugal. 9ª Edição IJUP – Encontro Investigação Jovem, 17-19 de Fevereiro de 2016. Porto, Portugal (Comunicação em painel).

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4. ASPETOS FINANCEIROS 4.1. SISTEMA CONTABILÍSTICO. POC E

4.2. DISPONIBILIDADE DO COFINANCIAMENTO -

4.3. EXECUÇÃO FINANCEIRA

Tabela 43 - Síntese da Execução Financeira do projeto até 31/08/2016

Rubrica de Despesa Pessoal

Despesas Orçamento do Projecto (€)

Adjudicações %

214.770,79

161.284,80

0,00

3.368,01

260,18

260,18

0,00

0,00

13.927,85

13.927,85

Protótipos

0,00

0,00

-

Aquisição de Terrenos/Direitos

0,00

0,00

-

21.280,00 0,00

12.313,08 0,00

58% -

17.266,48

13.380,77

77%

267.505,30

204.534,69

76%

Viagem e Estadia Assistência Externa Infraestruturas Equipamentos

Consumíveis Outros Custos Despesas Gerais TOTAIS

%

75%

100%

100%

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ANEXOS DELIVERABLES E MARCOS Como referido no ponto 3.5. “Para além do LIFE+” a equipa do Departamento de Biologia tem divulgado as ações do projeto e as problemáticas ecológicas e sociais subjacentes em inúmeras ações de comunicação, nacionais e internacionais. Nestas atividades é constantemente referido o projeto BRIGHT, bem como a sua importância em termos de conservação, o enquadramento e objetivos do mesmo, sensibilizando os participantes e gerando consciencialização ambiental, sendo ações complementares ao projeto, pois disseminam-no e publicitam a sua importância, objetivos e resultados. As demais atividades realizadas pela equipa da UA, ou com a colaboração da mesma, já foram listadas no Ponto 3.5. “Para além do LIFE+”.

DADOS DE MONITORIZAÇÃO E OUTROS Os seguintes anexos, relativos a dados de monitorização e outros, são enviados juntamente com o relatório: Anexo I

Lista completa de invertebrados identificados para a MNB e respetivas referências bibliográficas

Anexo II

Dados de monitorização e resultados estatísticos das parcelas de Tradescantia fluminensis

Anexo III

Dados de monitorização e resultados estatísticos das parcelas de espécies florestais

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