Jornal do commercio especial aniversário de 346 anos de manaus

Page 1

Regiao metropolitana

Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

Fundação Vitória Amazônica

Fotos: Acervo FVA

Fabiano Silva*

N

o início de 1990, na cidade de Manaus (AM), durante um evento internacional chamado “Workshop 90”, um grupo de pesquisadores e empresários criaram a Fundação Vitória Amazônica (FVA), a primeira organização ambientalista sem fins lucrativos do Amazonas. Voltada ao desenvolvimento socioeconômico e à conservação da biodiversidade amazônica, em seus 25 anos de história a FVA trabalhou de forma técnica e propositiva para o desenvolvimento socioambiental do rio Negro, para a construção de Políticas Públicas Federais e Estaduais efetivas, além de desenvolver ações junto às comunidades focadas no fortalecimento sócio-político e no desenvolvimento das cadeias-de-valor dos produtos da biodiversidade amazônica. Com uma trajetória de muito empenho e resultados consistentes, a FVA estabeleceu relações de confiança e transparência, entre todos os colaboradores, parceiros e comunitários. Atualmente, uma das Organizações não Governamentais mais conceituadas do Brasil, a FVA tem sua sede em Manaus e conta com uma infraestrutura náutica para atuação nas comunidades do rio Negro. Nos próximos meses, a FVA inaugurará a sua mais nova sede no município de Novo Airão, com espaço físico pensado, projetado e aberto aos comunitários e instituições parceiras, para pesquisa, treinamentos, capacitações, e atividades voltadas para a transformação social de toda a região Inovação socioambiental A Fundação já desenvolveu diversas ações pioneiras no Estado, como a primeira campanha para a proteção do Sauim-de-Coleira (Saguinus bicolor) entre 1991 e 1992, que mobilizou a sociedade manauara na luta pela preservação desta espécie endêmica da região de Manaus. Com a expressividade do projeto, participou diretamente da criação

Parte da equipe técnica da FVA em atuação nos principais pontos estratégicos da Bacia do Rio Negro no Amazonas do Parque Municipal do Mindú, uma das primeiras áreas protegidas da região. Dentre suas maiores contribuições destacam-se o suporte à criação de Unidades de Conservação (UCs), planejamentos estratégicos para a conservação da biodiversidade no rio Negro, a ampliação dos conhecimentos científicos sobre a Amazônia, o fortalecimento das instâncias de participação das comunidades na gestão territorial, e a geração de renda através da valorização de produtos da sociobiodiversidade do rio Negro. A Fundação trabalha também para o fortalecimento das organizações comunitárias de base, como a Associação dos Artesãos de Novo Airão (AANA), que promove a cultura do artesanato regional em Novo Airão, a Associação de Moradores do Rio Unini (AMORU), que em 2006 conquistou em parceria com a FVA e o IBAMA, a criação da Reserva Extrativista (Resex) do Rio Unini , e a Cooperativa Mista Agroextrativista do Rio Unini, que produz a castanha da Amazônia na pri-

meira usina de beneficiamento de castanha-do-brasil localizada em uma comunidade rural (Patauá/ Bracelos/AM) de uma Reserva Extrativista. FVA também apoiou a criação do AJURI de Novo Airão – A Cidade que Queremos com a Floresta que Temos, um movimento de instituições e indivíduos atuantes no município que promovem o protagonismo social na implementação de atividades, relacionada ao calendário anual de eventos do município, como o Mini Eco Festival do Peixe-Boi, a Semana do Meio Ambiente e o Dia Mundial de Limpeza de Praias. Nas próximas páginas, uma parceria da FVA e do Jornal do Commercio possibilitou um raio X destes municípios que compartilhamos com os leitores desta edição comemorativa que homenageia a cidade de Manaus, e seus 346 anos. Observatório da Região Metropolitana de Manaus Tendo em vista ainda os grandes projetos de desenvolvimento da Região Metropolitana de Ma-

Campanha Salve o Sauim

naus (RMM), como a construção da Ponte sobre o Rio Negro e da Cidade Universitária em Iranduba, a FVA criou o Observatório da Região Metropolitana de Manaus (Observatório RMM). Iniciativa busca agregar parceiros diversos, para gerar conhecimento, debater e monitorar as políticas públicas e os efeitos concretos da consolidação da RMM na vida dos amazonenses. A contribuição da FVA com o Especial de Aniversário de Manaus do Jornal do Comércio se insere neste esforço e traz alguns elementos atualmente em debate pelo Observatório da RMM. Pautada por valores como equilíbrio, inclusão, colaboração, diversidade, ética, excelência e transparência, muito mais do que aprender e ensinar, a FVA vem mostrando para o Brasil e para o mundo a exuberante riqueza dos rios, florestas e culturas amazônicas. Mas acima de tudo, a FVA tem comprovado través de suas ações a importância e viabilidade concreta de uma relação mais harmônica entre os Homens e a Natureza.

Fotos: Diogo Lagroteria

No dia 20 de outubro, em que se comemora o “Dia do Sauim” entidades ligadas ao meio ambiente lançaram a campanha “Salve o Sauim”, que pretende obter, em uma petição on-line, 100 mil assinaturas de apoio à criação de novas Unidades de Conservação para o sauim-decoleira. Apesar de ser mascote símbolo da cidade de Manaus, o sauim-de-coleira encontra-se em estágio de “criticamente em perigo de extinção” pelo Ministério do Meio Ambiente. Recentemente a FVA aderiu à campanha “SALVE O SAUIM” no Facebook. Petição online para a criação de Unidades de Conservação para o sauim-de-coleira está no endereço http://bit.ly/SalveoSauim. www.jcam.com.br


REGIÃO METROPOLITANA Fotos: Acervo FVA | Reprodução

Turismo de Luxo

Novo Airão é um dos poucos municípios que conta com uma rede hoteleira de alto padrão com foco no ecoturismo. Um dos empreendimentos que chamam a atenção pela qualidade dos serviços e forte apelo arquitetônico, é o Mirante do Gavião Amazon Lodge, que oferece áreas de lazer, piscina, pier, longe, restaurante e alguns mirantes dispostos na propriedade, com vista para o rio Negro e Arquipélago

Novo airão

de Anavilhanas. Quem visita Novo Airão, também não pode deixar de conhecer as belezas do Parque Nacional de Anavilhanas, com 70% da sua cobertura no município. O parque oferece diversas formações florestais, além de ser cenário para a produção de conhecimento em pesquisas científica acerca da conservação do bioma Amazônico com base em ações de educação ambiental e turismo sustentável.

Requinte e preservação no Mirante do Gavião Amazon Lodge

Luciano Lima

especial para o JC

M

unicípio de Novo Airão certamente está nos planos de visita de muitos ecólogos, biólogos ou amante da natureza mundo a fora devido a sua imensa riqueza paisagística e selvagem. Localizado numa área de 37.770,823 km², o município criado há 60 anos, compreende o PNA (Parque Nacional de Anavilhanas), área federal de proteção integral que abriga mais de 400 ilhas com aproximadamente 130 km de extensão e em média 20 km de largura, representa 60% da unidade, enquanto a porção de terra firme representa 40%, num total de 350.018 ha (3.500,18 km2). População estimada em 2015 é de 17.671 habitantes. Lindinalva Ferreira da Silva é a prefeita de Novo Airão. Anavilhanas é considerado um dos maiores arquipélagos fluviais do planeta, junto ao Parque Nacional do Jaú (foto) também

em Novo Airão, cuja área possui a maior cobertura protegida dentro de um único país, com centenas de lagos, rios afluentes e igarapés. Em números, 86% de todo a região de Novo Airão, são de áreas protegidas, com UCs (Unidades de Conservação) que apresentam formações florestais diversas, como floresta ombrófila densa, igapó, campinarana, caatinga-gapó e chavascal, além de ecossistemas fluviais e lacustres. Novo Airão é mundialmente conhecido pelo turismo ecológico de contato direto com a natureza, principalmente pela presença dos “Botos cor de Rosa”, um dos famosos símbolos desta cidade, juntamente com o peixe-boi. Saindo de Manaus, é possível chegar ao município de carro ou de ônibus, atravessando a Ponte sobre o rio Negro. Já do outro lado do rio Negro, o acesso pode ser realizado pela rodovia AM-070 (estrada Manoel Urbano) e, a partir do km 80, pela rodovia AM-352 que leva até Novo Airão.

Cooperat

194 KM

Novo airão

Ainda de acordo com o coordenador da FVA, na perspectiva do cooperativismo, outra iniciativa de destaque é a FAM (Fundação Almerinda Malaquias), uma organização não governamental, criada em 1997, que hoje atua com programas de capacitação local no centro artesanal, cujo objetivo é transformar resíduos de madeira em pequenas peças de artesanato. Programa formou mais de 200 artesãos profissionais, incentivando e em priorizando

AM-352

RIO NEGRO

PONTE SOBRE RIO NEGRO Manaus Novo Airão reúne um dos mais belos conjuntos de praias do Norte www.jcam.com.br

Com o mais alto padrão de qualidade no seu artesanato local, município se tornou referência mundial em design amazônico atividades artesanais, favorecendo o desenvolvimento do turismo regional, contribuindo para aumentar as possibilidades de rendas familiares. Apesar dos recorrentes problemas relacionados à gestão no município, grupos organizados de profissionais, estudantes e voluntários atuam na preservação do patrimônio natural do município através do “Ajuri de Novo Airão”, um movimento socioambiental que tem como objetivo mobilizar o público com o propósito de fortalecer uma


Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

Município abriga ruínas com paredes naturais e troncos de Apuís

Velho Airão

A joia do

Norte

tivismo e desenvolvimento

O Ajuri de Novo Airão é referência no fortalecimento da qualidade de vida por meio da preservação do meio ambiente

aliança para a conservação da natureza e qualidade de vida população do município. Ajuri é um termo utilizado pelos nativos da área do rio Negro que significa “reunião” ou “ajuntamento de pessoas” com um determinado fim colaborativo. A palavra, na prática dos povos da Amazônia, é a personificação do cooperativismo e da solidariedade rotativa, da participação coletiva dos trabalhos de uma comunidade ou família.

Hoje são mais de 14 instituições governamentais e não governamentais que somam esforços para o fortalecimento do grupo formado por estudantes e voluntários nas ações de EA (Educação Ambiental) no município. Entre as diversas ações, o Ajuri promove a limpeza das praias em Novo Airão, e diversas atividades que fazem parte do calendário ambiental do município como o Festival do Peixe-Boi.

Para a técnica em meio ambiente da FVA e voluntária do Ajuri, Pauletiane Horta, 27, o projeto surge como uma alternativa para amenizar os problemas ambientais que estavam acontecendo no município. “Desde o início acreditei que o Ajuri pudesse fazer alguma transformação aqui, pois realizamos ações ambientais de sucesso como a Semana do Meio Ambiente nos mês de junho, que abrange amplamente a participação da população e princi-

palmente os jovens”, disse. “Como todo o município em desenvolvimento, Novo Airão teve seu crescimento sem planejamento, o que acarretou em muitos percalços como desmatamentos descontrolados e outros problemas ambientais. Com o Ajuri, as pessoas conseguem hoje ter uma visão totalmente diferente, se compararmos com a época em que não tínhamos nenhuma outra iniciativa do tipo”, destacou a voluntária.

Localizada no médio rio Negro, Velho Airão (distante a 100 quilômetros da sede) foi a primeira ocupação jesuíta do rio Negro, antes mesmo da fundação da Vila da Barra do Rio Negro, atualmente Manaus. Velho Airão foi também muito importante para a região durante os primeiros ciclos econômicos da região. Por muito

tempo foi habitada por caboclos, bem diferente do atual cenário de ruínas que datam construções do ano de 1880 e muitas histórias contadas pela população. Hoje as ruínas se mesclam com paredes naturais das raízes e troncos dos Apuís, árvores das matas do rio Negro que são visitadas por grande número de turistas.

Artesanato Em Novo Airão a vocação e talento do amazônida para o artesanato de alta qualidade não passaram despercebidos. O município é constantemente destaque em feiras nacionais e internacionais em função das verdadeiras obras de arte produzidas para decoração e adereços de uso pessoal. Com o mercado cada vez mais forte, houve a necessidade da criação de mecanismos de geração de renda e projeção do município no circuito comercial e artístico na região. Um exemplo de valorização das práticas tradicionais para a complementação de renda é a AANA (Associação dos Artesãos de Novo Airão), iniciativa apoiada pela FVA (Fundação Vitória Amazônica) desde 1995. A AANA é hoje referência na produção de artesanato pela qualidade dos produtos de fabricação artesanal com fibras vegetais como o Arumã Membeca, Arumã Canela, Arumãs de Terra Firme, o Cipó Ambé, o Curauá, a Jacitara, e o Tucumã. Além de peças em arumã e madeira, os artesãos da AANA dominam técnicas de pintura com a utilização de pigmentos naturais de plantas como a Goiaba de Anta, o Urucum, o Ingá Xixica, o Crajirú, a Castanheira, o Macucuí, o Cumati, Pacuá-catinga, Tintarana e o Açafrão. O carro-chefe da AANA é o tupé, um tapete de fibras confeccionado com Arumã, com uma imensa riqueza de detalhes trançado com esmero único. Além dos tupés, os artesãos produzem luminárias, paneiros, tipitis, chapéus, leques, peneiras entre outros produtos que são normalmente procurados por turistas na loja da AANA em Novo Airão e em tantas outras lojas no Brasil e no exterior. Para garantir uma produção sustentável dos produtos da Associação, no início do ano de 2000, como o apoio de técni-

Carro-chefe da AANA é o Tupé, tapete de fibras confeccionado de Arumã

cos da FVA, os artesãos organizaram um grupo de coletores de Arumã e implementaram um sistema de manejo da fibra em igarapés da região. Na ocasião, coletores locais são treinados para fornecer a fibra dentro das especificações estabelecidas pela AANA. De acordo com o Coordenador do PDHI/ FVA (Programa Desenvolvimento Humano Integrado), Ignácio Oliete Josa, o artesanato é importante atividade de geração de renda principalmente para as mulheres de Novo Airão. “Muitas mães artesãs tem criado os seus filhos com a confecção e venda de artesanato num ambiente urbano, como é a cidade de Novo Airão, onde a necessidade de ter dinheiro é mais presente que nas comunidades”, disse. “Além da questão econômica, a Associação e os longos períodos de convivência na elaboração das peças também trazem elementos importantes no dia a dia dos artesãos, são momentos para estar com amigos, intercambiar informações e debater temas do cotidiano, educar os filhos, descontrair e aprender uns com os outros”, frisou o coordenador.

www.jcam.com.br


REGIÃO METROPOLITANA Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015 Foto: Divulgação/Assessoria

Luciano Lima

especial para o JC

T

radicionalmente conhecida como a “Terra do Leite e do Queijo” no Amazonas, o município de Autazes tornou-se referência em produtos de alto valor agregado na agropecuária no Norte do Brasil. Setor movimenta a economia do município com um rebanho estimado em pouco mais de 70 mil animais entre bovinos e bubalinos. Prestes a completar seis décadas em 2016, Autazes possui uma história bem mais antiga, marcada a partir da resistência da etnia Mura, contra a colonização portuguesa no século 18, e com a exploração de seu território por volta de 1637. Mas foi por volta de 1835 e 1840 que o município de fato começou a ter sua história desenhada com o movimento da Cabanagem, onde índios, mestiços, negros e brancos oriundos de outras regiões do Brasil buscaram melhores condições de vida na região. População de Autazes corresponde a 32.135 habitantes, e o município está a 113 quilômetros, distante de Manaus. José Thomé Filho é o prefeito do município. Ouro branco Tradição na criação de gado leiteiro rendeu ao município, em 2006, o título de maior produção de leite de búfala do Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Seu potencial agropecuário transformou a terra em um ponto estratégico para produtores rurais que almejam a participação nas rodadas de negócios do setor no Amazonas. No entanto, o município ao longo dos anos, passou a despontar também na produção de farinha com o cultivo da mandioca, guaraná, feijão,

milho, além do cupuaçu. Em função da alta produtividade na pecuária, Autazes ficou nacionalmente conhecida por realizar anualmente a “Festa do Leite” que este ano acontece em uma nova estrutura nos dias 22 a 28 de novembro. Evento que este ano comemora sua 22ª edição, como de costume, reunirá produtores rurais do município e de outras localidades, além de apresentações de novas tecnologias voltadas para o ramo de agroindústria com a realização da feira agropecuária. Em sete dias, a população de Autazes se reunirá para apreciar o que há de melhor na culinária, na venda de produtos derivados do leite, diversas atrações como a escolha da rainha do concurso e várias atrações musicais. Resgate de cores Para o titular da Secretaria Municipal de Cultura, Mário Fernando Fragata, o município possui potencial natural para eventos culturais que fomentam a economia. “Além da Festa do Leite, temos eventos paralelos que, ao longo do ano movimentam a cidade. Este ano, resgatamos o nosso tradicional Festival Folclórico, isso sem contar com eventos populares como Réveillon, Carnaval e o aniversário da cidade no mês de março”, explicou. Após três anos sem a realização do Festival Folclórico de Autazes, que já foi considerado um dos mais importantes do Amazonas, a população autazense sentiu o que pode voltar a ser uma das mais belas manifestações culturais na região. Com o tema “Resgate da Cultura”, evento reuniu cerca de 5 mil pessoas nos dias 21 e 22 de agosto na Arena Cultura Potássio Brasil, no Parque Agropecuário Jair Tupinambá. Foram dois dias intensos com a apresentação de cirandas, cangaços, quadrilhas e boi-bumbá.

Festival Folclórico e do Leite resgatam tradição da cidade www.jcam.com.br

AUTAZES

Do Leite ao Potássio

Estudos apontam que o município possui a maior jazida de minério de potássio do Brasil Foto: Divulgação

Setor movimenta economia do município com rebanho estimado em pouco mais de 70 mil animais Para um dos componentes das cirandas do município, Rony Brandão, 30, o evento superou todas as expectativas da população do município. “Foi uma festa maravilhosa, pois conseguimos de fato mostrar que Autazes é um local de rica cultura popular. As pessoas se encantaram como antigamente, vibraram e acompanharam até o fim todas as apresentações”, disse. Para a comerciante Renata de Souza, 26, a cultura é fundamental, desde que a cidade possa receber de maneira confortável, turistas e novos moradores, inclusive. “O município é muito bom para se morar, mas ainda precisa de mais pontos para o turista desfrutar da estadia, como por exemplo, opções de balneários. No mais, os eventos que acontecem ao longo do ano agradam o povo de Autazes e atrai novamente o visitante”, falou. Selo de qualidade Com a ascensão do setor agropecuário, a corrida pela melhor carne, leite e queijo, levou os produtores de Autazes a procurar obedecer aos requisitos necessários para a produção local, principalmente em função das exigências sanitárias estipuladas pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), dispostos

Exploração de potássio é negócio estratégico para agroindústria no Pnefa (Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa). Segundo registros da UVL (Unidade Veterinária Local), da Adaf (Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas), Autazes possui hoje um rebanho de 70.578 animais e desde 2004, o Amazonas não registrou mais nenhum caso da doença, porém é uma das últimas unidades federativas prestes a fechar o ciclo de erradicação proposta pelo governo. De acordo com a titular da UVL, a médica veterinária Gigliola Clark Pontes e Silva, Autazes e outros municípios do Amazonas atualmente passam

por um processo de imunização de bovídeos. “Autazes será um dos últimos municípios a ser imunizado, já foram coletadas até o momento 2.328 amostras de sangue na primeira fase, desde os meses de fevereiro a 1º de junho deste ano”, explicou. Ainda de acordo com a titular da unidade, a força tarefa junto ao Mapa, visa principalmente à saúde dos bovídeos e posteriormente a qualidade dos produtos derivados. “Sempre frisamos ao produtor a importância de imunizar o rebanho, pois uma vez erradicada a doença, os resultados serão expressivos para a nossa economia em todo o Estado. Tendo resultados positivos na erradicação da febre

aftosa, finalmente poderemos comercializar os nossos produtos lá fora, com produção de valor agregado numa cadeia de geração de renda”, destacou. Amazonas sem aftosa Segundo dados do Mapa, foram vacinados cerca de 164,7 milhões de bovinos e bubalinos, de um total previsto de 168 milhões de cabeças, abrangendo uma cobertura de 98,04% em todo o Brasil. Dados do Mapa revelam que, cerca de 164,7 milhões de bovinos e bubalinos foram vacinados, o número previsto era de 168 milhões de cabeças, abrangendo uma cobertura de 98,04% em todo o Brasil. A segunda etapa de imunização teve início no mês de julho deste ano em algumas regiões do Amazonas, Pará e Tocantins. Maior parte desta fase será realizada em novembro e a previsão é que seja concluída em 15 de dezembro, no Pantanal (MT). A primeira etapa realizada no Amazonas registrou a imunização de 452.534 bovinos e bubalinos, na Calha do rio Amazonas, compreendendo 41 municípios, resultando na cobertura vacinal de 86,71%, além da imunização de 522.089 espécies nos 21 municípios restantes, totalizando uma cobertura de 96,83% no quadro de resultados para a imunização. Potássio Mas nem só de agropecuária e festas folclóricas se resume Autazes. Há algum tempo, estudos de instituições científicas apontaram que o município possui a maior jazida de minério de potássio (silvinita) do Brasil. No último mês de julho, o governo do Amazonas concedeu licença ambiental a uma empresa privada para o início da atividade de exploração mineral. Na ocasião, o governo ressaltou a exploração do Potássio como um negócio estratégico para a agroindústria no país, o que alçará o Amazonas a uma posição protagonista no setor. No ranking mundial, o Brasil é o segundo maior consumidor de potássio para a agricultura no mundo, com 9,3 milhões de toneladas por ano. Cerca de 90% vem de países como Alemanha, Canadá, Israel e Rússia.

curiosidade Diferente de outras regiões no país, a dinâmica de criação de bovídeos no Amazonas é bem peculiar devido ao período da várzea que "força" os produtores a transitarem seus rebanhos para municípios próximos em busca de terra firme. Municípios como Careiro, Itacoatiara, Borba e Nova Olinda do Norte, são locais cujo gado de Autazes é alocado em função da subida das águas.


REGIÃO METROPOLITANA Fotos:Reprodução

Iranduba

Praias do ou lado da pon Luciano Lima Especial para o JC

O

município de Iranduba possui uma dinâmica ambiental, social e econômica bastante complexa devido ao processo histórico social da capital, justamente por se mostrar diretamente conectada com as transformações e necessidades de Manaus desde a sua constituição. Localizado na confluência dos rios Negro e Solimões, sua extensão territorial compreende uma área de 2.214,251 km², inclusive com um dos mais fabulosos sítios arqueológicos da região, com boa parte deles ainda inexplorado.

Segundo estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Iranduba possui aproximadamente 44.503 habitantes em 2015, sendo que 70% da sua população vive em área urbana. Apesar de oficial, segundo levantamentos da FVA, esta informação já não representa a realidade de Iranduba devido ao grande aumento populacional promovido pela Ponte do Rio Negro nos últimos anos. Iranduba está distante a 27 km de Manaus. Prefeito da cidade é Xinaik Siva de Medeiros. História Com a colonização entre os anos de 1541 e 1542 na Amazônia, capitaneada pelo Espanhol

Com a colonização capitaneada por Francisco Orellana, Iranduba teve sua cultura ligada aos imigrantes e indígenas

Francisco Orellana, o munícipio de Iranduba, juntamente com Manaus, teve em sua história, processos sociais e culturais ligados à cultura dos imigrantes e povos indígenas que viviam na região. Foi a partir de 1940 com a migração nipônica no Amazonas que Iranduba se prospectou com o surgimento das colônias agrícolas, principalmente com a produção de juta incentivada por programas estatais de crescimento econômico no Amazonas. O processo de colonização da área onde está localizada a sede do município ocorreu de fato a partir da década de 1970, com a emancipação definitiva de Iranduba na gestão do então governador José Lindoso.

Manaus

PONTE SOBRE O RIO NEGRO

RIO NEGRO

AM-070

27 KM

IRANDUBA

www.jcam.com.br

Economia Fortemente ligada à rotina econômica de Manaus, Iranduba cresceu à sombra das demandas da capital, onde as produções agrícolas e oleiras se expandiram junto com o desenvolvimento da Capital, especialmente a partir da década de 1990. Município foi cenário de um marco importante na história do Amazonas, com o início da construção da Ponte Rio Negro em meados de 2008 e inaugurada em 2011, redesenhando os traços socioeconômicos de Iranduba e municípios como Manacapuru e Novo Airão, reforçando atividades como produção animal, vegetal, pesca e exploração madeireira. Construção da ponte e obras complementares como duplicação da AM-070 (rodovia Manoel Urbano) ainda em curso, impactou diretamente o cenário ambiental de Iranduba e região, alavancando um mercado até então muito pequeno de empreendimentos residenciais e empreendi-

mentos comerciais. Cidade Universitária da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), hoje em construção, também vem acentuando estas dinâmicas de expansão urbana e especulação

Das ruínas ao turismo Outro atrativo que tem chamado atenção são as Ruínas de Paricatuba, localizada na AM-070 km 22, que reúnem um complexo de prédios em tijolos e vigas portuguesas, onde funcionou a cadeia pública do município de Iranduba, a primeira Escola Técnica do Amazonas, um

antigo casarão da época da borracha idealizado para ser alojamento de imigrantes italianos e, o internato para portadores de hanseníase. Resistindo ao tempo por mais de um século, as ruínas hoje atraem turistas pelo contexto histórico e pela beleza pitoresca da região.


Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

utro nte deste contexto, a FVA vem trabalhando também na promoção de aspectos produtivos e frentes de desenvolvimento para o Iranduba que respeitem a legislação ambiental e o grande patrimônio natural que existe no município.

Ponte sobre o Rio Negro é um marco histórico na região

imobiliária na região. As transformações que essas obras vêm gerando naquela região estimulou a elaboração de um conjunto de estudos e análises realizados pela FVA

(Fundação Vitória Amazônica) que levantou dados técnicos, relativos às dinâmicas de uso e ocupação do solo, padrões de desmatamento e abertura de ramais em toda a região. Diante

Paraíso dos aventureiros Com a facilidade de acesso através da Ponte Rio Negro, Iranduba consequentemente virou destino certo para os manauaras e turistas em busca do famoso “litoral doce” às margens do rio Negro. Uma das praias mais procuradas é a praia de Açutuba, com boa acessibilidade de quem sai de Manaus e municípios próximos como Manacapuru e Novo Airão. Região de Iranduba também é cenário para empreendimentos de luxo no ramo hoteleiro, que há anos atrai o interesse de turistas brasileiros e estrangeiros. Os mais conhecidos são Hotel Ariaú Amazon Towers, Tiwa Amazonas Ecoresort, Acajatuba Jungle Lodge e Pousada Amazônia. Foto: Lucia Barreiros

Ruínas de Paricatuba é opção de visitação turística

Com obras em curso é permitido minimizar impactos

Cidade Universitária Além da construção da ponte, o projeto da Cidade Universitária da UEA (Universidade do Estado do Amazonas) apresentado há quase três anos, reacendeu várias discussões em torno dos impactos ambientais que seriam causados com a abertura das estradas e a construção do complexo. Segundo análises do laboratório de geoprocessamento da FVA, quase 70% das florestas primárias foram perdidas na área onde está sendo construída a Cidade Universitária. Para o engenheiro florestal Marcelo Paustein Moreira, uma vez que as obras ainda estão em curso, é possível minimizar esses impactos, principalmente nas matas primárias e corpos d’água da área delimitada para a construção

do campus. “Como as obras estão no início, é possível adotar medidas que diminuam esses impactos, maximizando a cobertura florestal existente na

É fundamental criar mecanismos que contribuam para conservação da biodiversidade na área de construção do complexo região. Campus principal da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), por exemplo, está localizado em um dos maiores fragmentos florestais urbanos de Manaus. Manutenção das áreas verdes existentes

na área da Cidade Universitária da UEA contribuiriam muito com microclima local mais agradável aos usuários do futuro campus”, explicou. Para o biólogo Sérgio Henrique Borges, é fundamental que o Estado crie mecanismos que contribuam para a conservação da biodiversidade na área, utilizando modelos já implementados por outras instituições na região. “Uma sugestão seria transformar em Ucs (Unidades de Conservação) alguns remanescentes florestais próximos ao campus, que poderiam inclusive servir de espaços de treinamento dos estudantes em cursos de graduação e pós-graduação. Modelos semelhantes já existem, como o Inpa e a própria Ufam que possuem áreas de reservas institucionais”, sugeriu. www.jcam.com.br


REGIÃO METROPOLITANA

Presidente Figue

redo está localizado no trecho da BR-174, rodovia responsável por interligar o município a Manaus, Boa Vista (RR) e ao município fronteiriço de Santa Elena de Uairén, na Venezuela. Instituído em 1985, o nome do município homenageia João Figueiredo, primeiro presidente da província do Amazonas no período colonial imperial.

107 KM

presidente figueiredo RIO URUBU

BR-174

BARREIRA POLÍCIA RODOVIÁRIA Nome do município homenageia João Figueiredo, primeiro presidente da província do Amazonas

Manaus

Luciano Lima Especial para o JC

O

município de Presidente Figueiredo talvez seja um dos mais lembrados pelo ma-

www.jcam.com.br

nauara durante o período de férias ou feriados prolongados. Localizado em uma região rica em recursos naturais, o município concentra uma diversificada fauna com espécies raras ameaçadas de extinção como,

o macaco Aranha (Ateles Paniscus), Jacaré Açu (Melanosuchus Niger), Peixe-Boi (Trichechus Inuguis) e a Ariranha (Piteronura Brasilienses) Situado a 107 km da capital Manaus, Presidente Figuei-

No entanto, é popularmente conhecido como a “Terra das Cachoeiras”, somando 159 quedas, sendo 49 catalogadas, sete corredeiras, nove cavernas e grutas, colocando a região no patamar dos melhores destinos para ecoturismo do Brasil e do mundo. Segundo dados da Prefeitura de Presidente Figueiredo, o município conta com pelo menos 62% da sua população total habitando a zona rural, distribuídos em 56 comuni-

Cidade é conhecida por suas cachoeiras, corredeiras

dades num perímetro de 800 quilômetros de ramais com energia elétrica. Presidente Figueiredo tem a maior região metropolitana brasileira em área territorial e a mais populosa do Norte do Brasil, integrando duas Reservas Federais (Reserva

Indígena Waimiri Atroari e Reserva Biológica do Uatumã). Dentre os municípios que integram a RMM (Região Metropolitana de Manaus), Presidente Figueiredo desponta com a melhor infraestrutura no âmbito hoteleiro e de turismo ecológico. Na área ur-


Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015 Foto:Walter Mendes

eiredo

Sabor da terra

A gastronomia local também é um dos pontos que atraem o turista que visita Presidente Figueiredo, principalmente pelo cupuaçu, fruta típica na região e uma das bases sólidas no agronegócio da fruticultura. A fruta é pano de fundo para a tradicional “Festa do Cupuaçu”, que no mês de junho, deste ano, completou sua

2 5 ª edição, atraindo mais de 60 mil pessoas em três dias de evento. Além do cupuaçu, o município desponta com a produção de hortaliças como, brócolis, pimenta de cheiro, alface e repolho, sendo inclusive responsável pelo abastecimento de diversas feiras em Manaus.

Segundo dados da Semada (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrícola, Aquícola e Pesqueiro), a economia do município ganhou um grande impulso em programas como “APL da Piscicultura e Balde Cheio” cujo propósito é incentivar o desenvolvimento

Festa o ano inteiro

d a pecuária leiteira, agricultura familiar e piscicultura. De acordo com dados do IBGE, a população de Presidente Figueiredo compreende 32.812 habitantes, estando distante 107 quilômetros em linha reta, de Manaus. Neilson da Cruz Cavalcante é o prefeito do município. Foto: : André Amazonas

Foto: : Francisco Carioca

Foto: Divulgação

s, grutas e cavernas

bana o turista dispõe de 11 opções de hospedagens, entre hotéis e pousadas, e ao longo da BR-174, oito pousadas e três campings. Município conta também com 27 opções de restaurantes e cafés regionais distribuídos em sua sede e na zona Rural. Para quem pro-

cura um contato maior com a natureza, são nove complexos hoteleiros na zona Rural entre os trechos que compreendem a AM-240 e Vila de Balbina, onde também é possível encontrar quatro campings com opções diversificadas para os amantes de pesca esportiva, trilhas e esportes radicais na selva. De acordo com o titular da Semtec (Secretaria Municipal de Turismo, Empreendedorismo e Comércio), Rômulo Torquato, o município é dos poucos que soube explorar o turismo ecológico na região. “Presidente Figueiredo é rota de fuga para muitos visitantes principalmente de Manaus, acreditamos que 90% dos visitantes que diariamente passam aqui, são amazonenses em busca de campings, sossego ou opções de lazer ecológico”, disse. Segundo dados da Semtec, o comércio local e o turismo comercial com eventos movimentaram consideravelmente a economia local entre 2014 e 2015, o que representou um aumento de, aproximadamente, 32% nas estatísticas do município. “Temos uma boa estrutura, para isso investimos bastante na capacitação de profissionais para receber o turista, e concomitantemente atuamos em parceria com o Sebrae (Serviço de Apoio as Micros e Pequenas Empresas do Amazonas), justamente para fomentarmos o empreendedorismo local”, completou Torquato.

Com vocação natural para o turismo, o município garante entretenimento o ano inteiro no seu calendário de eventos. Além da Festa do Cupuaçu, o município

possui festas paralelas que movimentam a economia local e atraem cada vez mais turistas. Um dos mais tradicionais é o Festival Folclórico realizado

Tecnologia a serviço do planeta Presidente Figueiredo além nal de Pesquisas da Amazôde seus belos cenários natu- nia), o Instituto alemão Max rais, recentemente foi alvo Planck de Química, o Instidas atenções na comunidade tuto Max Planck de Biogeocientífica e imprensa mun- química (MPIC) e o governo dial, mais precisamente na do Estado do Amazonas por Reserva de Desenvolvimento meio da Fapeam (Fundação Sustentável do Uatumã (150 de Amparo à Pesquisa do Eskm de Manaus) onde está lo- tado do Amazonas). calizada a Torre ATTO (sigla Todo o complexo será resem inglês ponsável de Amapelo moniFoi inaugurada zon Tall toramento este ano, maior Tower Obdas maniservatory), festações torre já montada maior torre atmosfépara pesquisas de r i c a s n a já montada para pesavaliação referente a Amazônia quisas de e em toda avaliação mudanças climáticas a América referentes do Sul, com no planeta às mudanenvio de reças climátisultados em cas no planeta, inaugurada tempo real para os cientistas no último dia 22 de agosto. do Programa de LBA (Larga Empreendimento com 325 Escala da Biosfera e Atmosmetros de altura equivale a fera da Amazônia) do Inpa um prédio de 80 andares, re- (Instituto Nacional de Pessultado da cooperação entre quisas da Amazônia). Brasil e Alemanha, em parceAlém da Torre ATTO, a reria com a UEA (Universidade gião conta com outras dez do Estado do Amazonas), o torres entre 50 e 70 metros Inpa/MCTI (Instituto Nacio- coordenadas pelo LBA.

no último mês de agosto com a “Dança dos Pássaros”, divididas em três agremiações - Galo-da-Serra, Beija-flor, Uirapuru e Brilho de Fogo. Na disputa, três agremiações concorreram ao título de melhor apresentação. Nesta edição quem levou a melhor foi o grupo Brilho de Fogo que brilhou nas apresentações do dia 22, 23 e 24 junto a outras danças típicas

locais e agremiações de boisbumbás. “O movimento em Presidente Figueiredo é intenso, quase todos os dias temos visitantes aqui no nosso restaurante. Acredito que 90% das pessoas são turistas em busca do nosso famoso Tucunaré ao molho de manjericão, nosso carro-chefe e reconhecido em uma premiação a nível estadual”, destacou o proprietário do Restaurante e Peixaria Uruibuí, Paulo Jorge Santos.

DADOS Reservas Federais: Reserva Indígena Waimiri Atroari (2.585.911 ha) Reserva Biológica do Uatumã (942.780 ha) Reservas Estaduais: APA (Área de Proteção Ambiental) APA Caverna Maroaga (374.700 ha) Floresta Estadual APA da Margem Esquerda do rio Negro Reservas Municipais: APA Urubuí Parque Natural Municipal Cachoeira das Orquídeas Parque Natural Municipal Galo-da-Serra RPPN: Doze Reservas Particulares do Patrimônio Natural Reservas Federais: Reserva Indígena Waimiri Atroari (2.585.911 ha) Reserva Biológica do Uatumã (942.780 ha) Reservas Estaduais: APA (Área de Proteção Ambiental) APA Caverna Maroaga (374.700 ha) Floresta Estadual APA da Margem Esquerda do rio Negro Reservas Municipais: APA Urubuí Parque Natural Municipal Cachoeira das Orquídeas Parque Natural Municipal Galo-da-Serra RPPN: Doze Reservas Particulares do Patrimônio Natural

www.jcam.com.br


REGIÃO METROPOLITANA Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

manacapuru

No compasso das cirandas competições entre agremiações atraem, anualmente, milhares de pessoas para festa das cores Luciano Lima

especial para o JC

C

ompasso marcado das cirandas e a beleza de seu povo é uma das características marcantes do município de Manacapuru (distante 84 quilômetros de Manaus). Popularmente conhecido como “Princesinha do Solimões” ou “Terra das Cirandas”, o município é o quarto mais populoso do Estado do Amazonas com aproximadamente 94.175 habitantes, segundo estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Balé de cores Competição entre as três agremiações –Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional, atraem, anualmente, milhares de pessoas em uma grande festa de cores, fortemente influenciada pela cultura indígena e o movimento nordestino, fruto do processo migratório no fim do século 19 e início do século 20, durante o ciclo da borracha. Cada edição, as cirandas determinam a escolha de um tema e desenvolvem perante o público no Parque do Ingá (conhecido como Cirandódromo). Cada grupo deve desempenhar suas coreografias, com apresentações que duram no mínimo 2h e no máximo 2h30. As notas são atribuídas por um corpo de jurados que avaliam a apresentação geral, os itens individuais e coletivos, até o veredicto final com a somatória das três noites de evolução na arena. Este ano o movimento folclórico chegou a sua 19ª edição consagrando a ciranda Flor Matizada campeã. De acordo com o titular da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo, Daniel Guedes, a ciranda de Manacapuru já coleciona diversas passagens pelo Brasil a fora. “Já levamos as cirandas para eventos nacionais em diversas feiras, com uma expressiva recepção em todos os locais que deixamos registrada a nossa cultura. No entanto, falta ainda um trabalho de divulgação maior por parte da esfera governamental, para assumir os eventos como “do Estado”, ressaltou. Base econômica No município, o setor primário com a agricultura ainda é a principal base econômica, colocando o município no posto de maior produtor nacional de juta, além de outros produtos

como açaí, banana, café, feijão, laranja, milho e outras hortaliças. Além da agricultura, outro setor promissor é da pecuária e a pesca fortemente com a criação de bovinos e equinos. Ainda de acordo com Guedes, a exploração do potencial de outros produtos tem mudado a perspectiva econômica no município. “Temos procurado incentivar o artesanato e o agroextrativismo com o açaí, onde grandes multinacionais já nos procuraram e mostraram-se interessada”, destacou. “A ideia é regularizar essas atividades nessas comunidades, transformá-las em RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável), pois esbarramos com invasores no período da safra, o que levam eles a antecipar o período da coleta do açaí entre outros problemas nesse

Foto: Prefeitura/ assessoria

Município tem em seu repertório de eventos, um dos mais diversificados da região Norte, uma identidade própria com o famoso “Festival de Cirandas de Manacapuru”, considerado o segundo maior evento folclórico do Amazonas, depois dos bois de Parintins-AM

Desafio ecológico Diante de uma problemática recorrente nas principais capitais brasileiras, o destino dos resíduos sólidos em Manacapuru não é diferente. Preocupação é nítida quando se trata do único depósito de resíduos com mais de três décadas, que compromete e degrada o solo nas proximidades da sede. “Precisamos trabalhar um serviço de coleta seletiva condizente e eficaz, pois até então, estávamos utilizando um método provisório com a coleta por catadores. Ainda não consolidamos o projeto de coleta seletiva, pois o município precisa de recursos e estrutura para isso”, explicou Guedes. Até lá, diversos fatores poderão contribuir para o avanço desordenado do município em áreas protegidas, ou até mesmo colocar o município no mesmo hall de cidades, cujo planejamento urbano corre o risco de cair na ineficácia, caso não haja políticas voltadas aos aspectos produtivos do município, o abastecimento de água e saneamento, os resíduos sólidos já citados, além de ações sociais atreladas a educação ambiental. Segundo dados da FVA (Fundação Vitória Amazônica), estima-se que até o ano de 2020, a população de Manacapuru alcançará uma média de 99.923 habitantes, ou seja, um crescimento de 17,4% em cinco anos.

Principais empreendimentos localizam-se no Centro do município, com boas opções hoteleiras" sentido”, completou o titular da Semmas. A cidade Mesmo com um grande potencial voltado para o turismo, Manacapuru possui ainda problemas que ofuscam a imagem da cidade. Herança da falta de engenharia necessária e o rápido crescimento urbano, algumas ruas e bairros inteiros atravessam verdadeiras crises com problemas de alagamentos e acúmulo de lixo durante o período da vazante do rio Miriti, afluente do rio Solimões. Para a autônoma Maria de Nazaré Silva, 43, todos os anos a cheia compromete a qualidade de vida dos moradores no bairro Correnteza. “Quando entramos no período de cheia é sempre o mesmo prejuízo, as águas sobem e precisamos construir marombas para conseguir chegar em terra firme. Sabemos que é um fenômeno da natureza, mas até mesmo os moradores

curiosidade Flor Matizada Cirandas de Manacapuru revelam um dos maiores festivais folclóricos do Norte do país Foto: Acervo FVA

Principais empreendimentos estão localizados no centro financeiro do munícipio www.jcam.com.br

não contribuem com a limpeza”, apontou. Os principais empreendimentos localizam-se no centro do município, oferecendo opções de grandes lojas, bancos e uma boa rede hoteleira com aproximadamente 40 estabelecimentos entre hotéis e pousadas, além de algumas opções de turismo ecológico com estabelecimentos temáticos. Uma das áreas mais visitadas pelo manacapuruense e turistas em dias de lazer, fica por conta do “Banho do Miriti”, balneário distante a 7 quilômetros da sede, e a Cachoeira do Ubim -distante a 40 quilômetros da sede, localizada à margem esquerda do rio Manacapuru.

Banho do Miriti é point certo para moradores e turistas

Manacapuru é uma palavra de origem indígena, que deriva das expressões Manacá e Puru. Manacá - é uma planta brasileira das dicotiledôneas, da família solanaceae. Em tupi-guarani, a palavra significa "Flor". Já a palavra "Puru" possui a mesma origem, sendo distinto apenas o significado, que quer dizer enfeitado ou matizado. Assim sendo, Manacapuru em tupi-guarani significa Flor Matizada. Na sua formação histórica, a demografia de Manacapuru é o resultado da miscigenação das três etnias básicas que compõem a população brasileira: o índio, o europeu e o negro, formando, assim, os mestiços da região (caboclos). Mais tarde, com a chegada dos imigrantes, especialmente japoneses e judeus vindos do Marrocos, formou-se um ‘caldo de cultura singular’, que caracteriza a população da cidade, seus valores e modo de vida. A cidade abriga uma notável comunidade marroquina, em sua maioria judeus.


REGIÃO METROPOLITANA Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

itacoatiara

A “Nova Serpa” de olho no futuro

município possui maior polo agropecuário da região e maior estrutura urbana do estado Foto: Acervo FVA

Luciano Lima

especial para o JC

F

amosa pelo grande movimento cultural em função do seu tradicional festival da canção, o FECANI, realizado sempre no mês de setembro, Itacoatiara é um dos municípios da RMM (Região Metropolitana de Manaus) com maior estrutura urbana no Estado, com uma boa sinergia entre sua tradição cultural e seu potencial no agronegócio no Amazonas. Com uma economia em ascensão, o município atualmente é considerado o maior polo agropecuário da região Norte do país segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tendo a agricultura como uma das principais fontes de renda em produtos como a mandioca, banana, milho, laranja, feijão e café, além da criação de bovinos equinos, suínos e a pesca. Município cujo PIB (Produto Interno Bruto) é o terceiro maior dentre os municípios amazonenses, foi incluído à RMM em 2008. Itacoatiara que no dia 25 de abril completou 141 anos tem população estimada em 104.883 habitantes, estando a 176 quilômetros de Manaus. Prefeito do município é Mamoud Amed Filho. Cultura Viva Tantos progressos e percalços renderam a Itacoatiara moradores orgulhosos da sua história e que, fazem questão de contá-la aos seus visitantes. Uma dessas iniciativas que visam popularizar a cultura da Pedra Pintada é o “Projeto História Viva”, idealizado pela Amaggi (Fundação André e Lúcia Maggi), que desde 2014 realiza apresentações no Centro Cultural Velha Serpa, cujo prédio já foi um conhecido matadouro bovino. “Projeto foi criado justamente pela história do prédio e por recebermos muitos visitantes. Em função disso, para que a história da cidade e a criação do centro cultural fosse contada sem parecer um discurso muito pedagógico, surgiu a ideia de teatralizar as visitas a partir de uma oportunidade inspirada em uma iniciativa semelhante existente em Manaus”, explicou a analista de projetos da Amaggi, Carolina Lemos. Companhia teatral possui atualmente oito integrantes itacoatiarenses na faixa etária que varia entre 18 e 50 anos de idade. Cada um com um papel que remete a uma figura importante na história do centro e posteriormente na formação do município. A cênica acontece em todo o prédio, contando com duas apresentações por mês até o final do ano de 2015. Para o microempresário e integrante da companhia, César Castelo Branco de Queiroz, 30, a iniciativa causou curiosidade em amigos e conhecidos. “As pessoas levam um susto, pois de certa forma nos conhecem e muitas vezes não sabem que fazemos esse trabalho. É gratificante, pois todos percebem o nosso esforço. Minha mãe é professora de história e acha maravilhosa a minha participação, principalmente pelo fato de estarmos contando uma parte da www.jcam.com.br

abordagem direta com a reciclagem. Eles são os protagonistas, montam o robô, executam as missões eu apenas faço um papel de mediador”, enfatizou o coordenador. Para Arcanjo Gabriel, 15, estudante do 1º ano do ensino médio e cientista júnior, projeto causou interesse a partir do momento em que foi apresentado aos alunos. “Eu acredito que todo jovem na minha idade tenha interesse em algo relacionado à tecnologia. Eu vi o tema esse ano sobre o meio ambiente, o que me despertou um interesse imediato”, disse. “Isso também impactou no meu cotidiano, pois ampliou meu nível de disciplina, principalmente por estudar em um turno e participar do projeto no contraturno, com responsabilidades que me fizeram abrir mão de algumas coisas no meu lazer”, completou o estudante. Em fevereiro, deste ano, aproximadamente 300 alunos, totalizando 31 equipes de escolas públicas e particulares participaram do torneio de robótica First Lego League (FLL), promovido pelo Sesi (Serviço Social da Indústria) em parceria com o Grupo LEGO (Dinamarca) e organização americana For Inspiration and Recognition of Science and Technology (FIRST). Torneio contou com duas escolas estaduais do município de Itacoatiara. Para o coordenador do projeto, Ademir Cortez Pinheiro, os alunos engajados na iniciativa estão sendo credenciados em torneios nacionais de robótica, justamente pelo potencial de competição apresentado. “Além da nossa participação no campeonato nacional que foi realizado entre os dias 6 e 7 de novembro em Manaus, estamos também em processo de credenciamento para as mostras de tecnologia em Recife (PE), de Brasília e também do Rio Grande do Norte”, ressaltou.

curiosidade

Prédio histórico do período da borracha, projeto História Viva de teatro e tecnologia evidenciam tradição e modernidade história de Itacoatiara”, falou. Prestes a completar 100 anos, o prédio em estilo neoclássico, com telhas portuguesas e estrutura inglesa, é resultado da arquitetura que prevalecia durante o período áureo da borracha na região, e que permaneceu ativo com a finalidade de ser o principal matadouro bovino da cidade até o ano de 1997. O funcionário público e ator, João Montana, 53, explicou que o município sempre teve vocação artística para manifestações culturais. “Está no sangue do povo de Itacoatiara a arte e o talento. Eu sinto um enorme prazer em interpretar o personagem principal da peça, o meu amigo Orivaldo Chaves da Silva, o Cauré,

que ainda é vivo”, destacou. Robótica e educação Da cultura de um passado vivo para a projeção de um futuro promissor, a tecnologia oferecida pela robótica vem transformando a rotina dos alunos da rede pública de Itacoatiara. Projeto que alia educação e engenharia robótica, é desenvolvido há três anos na Escola Estadual Deputado Vital de Mendonça, colocou o município em evidência no ranking nacional da aplicação da tecnologia como complemento educacional nas atividades pedagógicas. Objetivo principal do projeto é estimular o interesse dos estudantes pela robótica, trazendo

para a sala de aula um aprendizado prático, promovendo a disciplina de uma maneira transversal e multiplicando o conhecimento de modo que haja interferências positivas dentro e fora da sala de aula. Equipe de robótica da escola é composta por estudantes do turno matutino, de séries distintas do ensino médio, entre eles estão os alunos Arcanjo Gabriel Lima, Brendo Cavalcante, Carolina da Palma, Ednara da Silva, Fernanda Stefany Lima, Giselle Soares, Ketellen Barreto e Pâmela Araújo. Com apoio do PCE (Programa Ciência na Escola), da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas),

projeto vem colecionando resultados a cada competição. Este ano, o trabalho apresentado pelos estudantes aborda a questão do lixo, onde a cada missão apresentada na mesa representa uma tarefa que deverá ser desenvolvida pelos alunos. Etapas Processo de seleção dos alunos bolsistas consistiu na avaliação das notas e também pela disciplina em sala de aula, além de uma série de fatores determinados junto à equipe pedagógica. “Eles precisam ter conhecimento em matemática, física, geografia e esse ano biologia, que é um requisito, pois o tema exige isso em função do tema lixo e a

Itacoatiara tem seu nome originário do Nheengatu indígena Itá: pedra; e coatiara: (pintado, gravado, escrito, esculpido), recebeu este nome fazendo alusão às pedras em baixo relevo que revelavam escritas primitivas dos seus antigos habitantes encontradas em um de seus atuais bairros, o Jauary. Município foi a terceira Vila instalada do Amazonas pela estratégica posição geográfica, exercia considerável influência na região, ficando inclusive o Lugar da Barra, atual Manaus, sob sua dependência política. A Comarca de Serpa compreendia aproximadamente metade da área do Estado. A cidade é também conhecida como Serpa, pois em 1° de janeiro de 1759, aconteceu de fato e de direito a instalação da Vila com denominação portuguesa de Serpa que estaria sob a proteção de N. Sra. do Rosário de Serpa, cuja imagem foi trazida de Portugal para a Vila recém-formada.


REGIÃO METROPOLITANA Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

SILVES

Empreendedorismo ecologicamente correto

município de Silves é um dos roteiros certos para amantes do turismo ecológico na região Foto: Acervo FVA

Luciano Lima

especial para o JC

M

unicípio de Silves indiscutivelmente possui um dos mais belos cenários naturais do Amazonas. Região de lagos, igapós e várzeas, Silves é uma ilha localizada no Lago Saracá distante 212 quilômetros de Manaus e com acesso fluvial. A economia do município é baseada no setor primário especialmente com a agricultura e pecuária. No entanto, desde a década de 1980 vivência um panorama turístico promissor, com a promoção do ecoturismo que tornou-se um dos fortes motores econômicos na região, principalmente pela disposição de cenários paradisíacos e a formação de belas praias por toda a extensão de sua orla. Os conhecimentos envolvendo o processo de várzea e a necessidade de conservação dos recursos naturais fomentou a necessidade de criar mecanismos em torno do turismo ecológico na região. Na rota dos empreendimentos voltados para o seguimento, a “Pousada Aldeia dos Lagos” criada pela Aspac (Associação de Silves pela Preservação Ambiental e Cultural), passou a ser um dos modelos de organização social na região. Institucionalizada no ano de 1993, graças a uma parceria entre o governo da Áustria e da organização não governamental World Wild Life Fund (WWF-Brasil), o empreendimento surgiu como umas das opções de lazer ecológico desde 1999 em Silves. Trajetória da pousada remonta à década de 80, quando missionários da Igreja Católica incentivaram a organização dos comunitários do município para a defesa dos lagos de Silves, então ameaçados pela pesca descontrolada. Atualmente, a pousada recebe turistas do mundo inteiro num complexo que compreende uma área de aproximadamente cinco hectares. Renda em torno do ecoturismo na pousada garante geração de emprego e renda, além de financiar atividades de proteção de quatro lagos. Infraestrutura é constituída por um prédio principal com restaurante, mirante e loja de artesanato, além de dois condomínios em alvenaria com seis apartamentos com banheiros privativos e ar-condicionado e varandas. Para um dos associados da Aspac, Erberth Viana Campos, 31, além de hospedagem a pousada oferece serviços diversificados para o visitante que deseja conhecer melhor o município. “Em boas temporadas recebemos turistas de várias partes do mundo. Oferecemos também visitas guiadas, trilhas e visitas nos lagos de preservação”, explicou. O melhor período para ir a Silves é durante o verão amazônico, entre os meses de maio e outubro. A Pousada Aldeia dos Lagos fica localizada na Cidade Alta, s/n°, no bairro Ponta do Macário. Turismo ecológico Indicadores da Amazonastur (Empresa Estadual de Turismo do Amazonas) revelaram que,

Pousada Aldeia dos Lagos é uma das alternativas de hospedagem com opções de passeios ecológicos na região houve um crescimento expressivo do número de turistas que visitaram o Amazonas, no período de 2003 a 2011 com um volume de 1.847.134 turistas residentes no Brasil. Volume médio de turistas recebidos nesse período foi de

205.237 turistas por ano, tendo um crescimento médio de 21% ao ano. Ainda de acordo com as estatísticas da Amazonastur, o Estado recebeu em 2011 um volume total de 195.478 turistas emitidos por Estados da região Sudeste, o que representa um

incremento de 13,5% sobre o fluxo do ano anterior, que foi de 172.279 turistas. Região Sudeste tem três Estados dentre os dez maiores emissores (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Em uma de suas pesquisas no

seguimento de turismo de base comunitária, a turismóloga e professora da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), Cristiane Barroncas Maciel Costa Novo, destacou aspectos cruciais que revelam as características do seguimento no ponto

de vista territorial, social e do desenvolvimento do turismo no local. “A partir dos aspectos socioespaciais, evidenciamos que uma minoria está apoiando suas práticas nos pilares de turismo de base comunitária, enquanto a maioria realiza uma forma de turismo convencional. Todas ainda estão a mercê dos agentes externos (guias de turismo, agências de viagens e hotéis de selva) ”, apontou a turismóloga. Ainda de acordo com sua recente contribuição no livro “Turismo Comunitário -Reflexões no contexto Amazônico” foi constatado nos municípios que compreendem a RMM (Região Metropolitana de Manaus) que, a maioria das comunidades tradicionais pesquisadas acredita que o turismo pode ser uma alternativa econômica complementar, onde foi notado em campo que ainda há pouco entendimento sobre o turismo de base comunitária na maioria delas.

Cheiros da Amazônia Além do turismo, o conhecimento tradicional em plantas medicinais reforçou a vocação natural de alguns comunitários de Silves, transformando o cotidiano dessas pessoas por meio de iniciativas ecologicamente sustentáveis como a Avive (Associação Vida Verde da Amazônia), organização privada sem fins lucrativos que desde 1999 reúne mulheres donas de casa, mães, enfermeiras, curandeiras e parteiras que utilizam produtos naturais como alternativa econômica na contribuição da renda familiar dos 42 associados. Referência pela qualidade dos produtos, a Avive é um dos bons exemplos de organização social no Norte do Brasil, além do reconhecimento internacional das atividades de manejo de produtos florestais de espécies da flora local. Com produtos 100% naturais, os cooperados produzem e comercializam sabonetes, óleos vegetais aromáticos e produtos diversos extraídos

de resinas e sementes de várias espécies de árvores nativas da Amazônia, além de produtos artesanais que complementam a vitrine de produtos expostos na sua loja própria, localizada no bairro Panorama, área central de Silves. “Há cinco anos percebemos que precisávamos ampliar e vender os nossos produtos, então sentimos a necessidade de organizar uma cooperativa. Hoje, possuímos 33 cooperados engajados na produção dos sabonetes e óleos vegetais, usando matérias-primas como o cumaru, o melão São Caetano, pau-rosa, copaíba, puxuri e andiroba, além das velas e incensos usando o breu e macacarecuia”, explicou a presidente da Avive, Maria da Conceição Ruzo de Almeida ,58. Após 16 anos com uma história de transformações no município de Silves, a Avive está ampliando sua estrutura de fabricação e comercialização que ainda é local e distribuída por meio de encomendas. www.jcam.com.br


REGIÃO METROPOLITANA Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

CAREIRO DA VÁRZEA

Expoente da pecuária município reúne elementos que dividem sua rotina entre rural e urbano e destaca-se na piscicultura Foto: Acervo FVA

Luciano Lima

especial para o JC

C

riado em 30 de dezembro de 1987, o município do Careiro da Várzea, como o próprio nome sugere, passa maior período no ano em situação várzea, com quase 95% de suas terras submersas, e o restante em áreas de terra firme. “Em 1973, passamos por obras de infraestrutura e em 1975 uma enchente razoável afetou a região do Careiro da Várzea, nos obrigando a trazer os acervos do município para a nova sede aqui no Careiro Castanho que já possuía um grande complexo administrativo com prefeitura, fórum de justiça e salas administrativas”, completou o comerciante. Ainda de acordo com o comerciante, em 10 de outubro de 1976, o prefeito da época, Antônio Diniz de Carvalho autorizou que populações de áreas alagadiças pudessem compor os loteamentos da nova sede. É possível afirmar que, as festas populares são os raros momentos de ‘suspiro’ para o comércio no Careiro, reunindo elementos que dividem a rotina entre o rural e o urbano. O município abriga em sua sede, diversos empreendimentos do setor hoteleiro, gastronômico e varejista, principalmente no centro da cidade, além de negó-

Na rota contínua de desenvolvimento, ambos os municípios preservam a ruralidade e seus traços tipicamente amazônicos

cios de menor porte nos bairros adjacentes: Vista Alegre, Nova Esperança, Novo Horizonte, Sebastião Borges, Bairro Novo e Distrito. Assim como outros municípios da RMM (Região Metropolitana de Manaus), localizados na calha do Solimões, por ocasião do regime de cheia algumas ruas, bairros e ramais do Careiro Castanho são tomados pela água desafiando as obras e infraestrutura do local. Atualmente, o Careiro Castanho é um dos grandes expoentes da pecuária no Estado, a qualidade dos bovinos e bubalinos, coloca o município nas principais rotas de negócios locais, junto à piscicultura e o cultivo de hortaliças. Um dos grandes atrativos do município é a Agropec (Feira Agropecuária e de Agronegócios), tradicionalmente realizada no mês de setembro. O evento, que não aconteceu este ano, supostamente por cortes orçamentários, reúne produtores da região com o propósito de fomentar o setor primário. Careiro Castanho é também um dos 41 municípios cobertos pelo PNEFA (Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa) no Brasil tendo registrado a imunização de 452.534 bovinos e bubalinos na primeira etapa da campanha promovida pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

CAREIRO CASTANHO

Diversidade ecológica entre os atrativos turísticos da região, estão os lagos onde é possível observar variedades de peixes Foto: Acervo FVA

HISTÓRIA A história da fundação do Careiro perpassa a construção da BR-319, que seria a ligação do Estado ao resto do país através de uma rodovia de 877 km e interliga Manaus a Porto Velho. Município presenciou importantes acontecimentos que marcaram o auge e o declínio da construção da BR-319. Um dos moradores mais antigos da cidade, o comerciante Antônio Graça, 65, relatou diversos processos pelos quais passaram o município desde 1955. “Na década de 1970, iniciou-se na região do Alto Solimões grandes enchentes, com isso o governador da época, João Walter de Andrade (19711975), prevenindo e assegurando a estabilidade dos núcleos urbanos por conta das áreas de várzea, projetou a transferência da sede do Careiro para cá”, explicou. Segundo Graça, a mudança fazia parte de um projeto que compreendia também outros quatro municípios que tinham suas sedes em áreas de várzeas como, Urucurituba, Benjamin Constant, e Boca do Acre.

A passagem do caboclo boiadeiro em dia típico na estrada que interliga o Careiro Castanho Luciano Lima

especial para o JC

C

om uma população estimada em um pouco mais de 32 mil habitantes, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o município de Careiro, ou “Castanho” possui um forte apelo

histórico entre os municípios da Região Metropolitana de Manaus. Criado em 19 de dezembro de 1955, por meio da Lei Estadual nº 99, a cidade cujo nome significa “caminho do índio”, está distante 102 quilômetros em linha reta de Manaus e foi estrategicamente planejada para ser sede com infra-

estrutura necessária durante a gestão do então governador do Amazonas Plínio Ramos Coelho (1955- 1959). Fazendo divisa com o Careiro da Várzea, Borba, Autazes e Manaquiri, o município está na 7ª subregião do rio Negro-Solimões, na zona Leste do Estado, sendo possível o acesso por via fluvial ou terrestre. De Manaus, o per-

curso em barcos regionais dura aproximadamente 12 horas. Por via terrestre, a travessia pode ser feita de Manaus via balsa até o porto da vila do Careiro da Várzea, seguindo posteriormente pela rodovia BR-319. Distante a 88 quilômetros em linha reta, de Manaus, tem como prefeito atual, Hamilton Alves Villar.

Entre os atrativos turísticos naturais da região, destaque para os programas de ecoturismo, que convidam a passeios para conhecer os lagos da região onde o Lago do Mamori grande lago de várzea - é conhecido pela diversidade de seus pássaros e peixes. O ponto de partida dos passeios ecológicos pode ser o porto de Araçá, onde é possível alugar barcos e lanchas voadeiras. www.jcam.com.br


REGIÃO METROPOLITANA Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

itapiranga

Turismo e fé Município recebe todos os meses fiéis de todas as partes do mundo que buscam conforto e paz através de orações

Foto: Prefeitura /assessoria

curiosidade “Pedra vermelha” Itapiranga é um termo de origem indígena que significa "pedra vermelha", através da junção dos termos tupi ou do nheengatu itá (pedra) e pyranga (vermelha). Município junto a Autazes, Itacoatiara e São Sebastião do Uatumã, está na rota de estudos para exploração de potássio no mineral silvinita em boa parte da sua bacia sedimentar do Amazonas. Em Itapiranga, os furos têm distância média em torno de 3,5 e 4 quilômetros.

Movimento católico atrai centenas de visitantes durante romarias realizadas todos os meses no município Luciano Lima

especial para o JC

M

ensurar a religiosidade de cada município na RMM (Região Metropolitana de Manaus) seria uma tarefa difícil, no entanto, o cenário em Itapiranga é sem dúvida, um dos mais fortes, no quesito fé. Fundada em 1908, município faz divisa com São Sebastião do Uatumã, Silves e Guajará, e está a 64 quilômetros a Norte-Leste de Itacoatiara, a maior cidade nos arredores. São aproximadamente 8.211 habitantes que vivem em Itapiranga. Nadiel Serrão do Nascimento é o prefeito do município, distante a 356 quilômetros em linha reta, de Manaus. Município é internacionalmente conhecido na comunidade católica, em função das supostas aparições de "Nossa Senhora Rainha do Rosário e da Paz", em 2 de maio de 1994, ao confidente Edson Glauber de Souza Coutinho e sua mãe Maria do Carmo de Souza. De

acordo com relatos do confidente, primeira aparição aconteceu para a sua mãe na sala de sua residência às 4h, enquanto fazia suas primeiras orações do dia. Após oração, sua mãe foi surpreendida por uma luz muito forte que iluminou toda a sala onde se encontrava. Dentro desta luz estava uma linda jovem, trajando um longo vestido branco, que lhe chegava até os pés, e um manto da mesma cor, que lhe cobria a cabeça e os lados. Prova de fé Após a primeira aparição, o confidente relatou a constante aparição da santa. Todo dia 2 de cada mês, pessoas de todas as partes do país e outros continentes inclusive, movimentam o município, trazidas pela fé. Segundo Edson, o principal pedido de Nossa Senhora é a conversão das pessoas e a presença da oração do rosário em família para obtenção de paz. Ainda de acordo com relatos do confidente, no município há uma fonte “milagrosa”, onde

Nossa Senhora teria lavado seus pés, o que atrai a atenção de muitos fiéis que acreditam que sua água tem poder de cura. Apesar do forte movimento católico na cidade, outras denominações religiosas estão presentes, não tão expressivamente, provando a laicidade e receptividade do município. Lazer Banhada tanto pelo rio Urubu, quanto por um dos inúmeros paranás do rio Amazonas: o chamado Paraná de Itapiranga, faz fronteira direta com o município de Silves, além de ser relativamente próximo de São Sebastião do Uatumã e Urucará. Pontual visitação de romeiros e turistas em Itapiranga elevou gradativamente o volume de negócios e empreendimentos, principalmente no ramo hoteleiro. São 11 opções de hospedagens, entre hotéis e pousadas, além de rede de restaurantes, pizzaria e lanchonetes concentradas entre a praça principal e área portuária.

Município também é destaque no esporte e abrigou segunda edição do Kratos Fight que sediou sete lutas de MMA, entre elas, uma disputa feminina, no ginásio Dom Jorge Marskell Logo no caminho de Itapiranga é possível encontrar uma boa opção de lazer para a família, como o Balneário Municipal aberto todos os dias. Localizado em uma área privilegiada, o local possui uma grande piscina natural com água límpida e corrente, além de cabanas para pernoite, campo de futebol e voleibol, palco para shows, restaurante, iluminação para eventos noturnos e estacionamento, e uma paisagem inspiradora para quem busca um refúgio

em dias de calor na região. De olho no turismo Pensando nesse crescimento, o comerciante João de Oliveira Gama, 65, resolveu construir seu próprio negócio em local estratégico, em frente ao balneário municipal. “Como eu moro há algum tempo aqui, percebi que o balneário sempre atrai muitas pessoas, principalmente nos finais de semana, e nesse pedaço aqui não possuía opções para o turista comer uma

boa comida e resolvi montar o restaurante junto com minha esposa”, explicou. “Aqui fazemos de tudo para deixar o turista se sentindo o mais próximo possível, com uma boa comida caseira e bem preparada pela minha esposa. Também vi que as pessoas procuram muito algum lugar para passar uma noite e aproveitar mais, e resolvi começar a montar uns quartos para, quem sabe, até final do ano colocar à disposição para pernoite também”, falou o comerciante. Em visita ao município, a industriária Socorro de Souza, 38, contou que a curiosidade pela história das supostas aparições, e pelas belezas do município a levou a fazer constantes visitas inclusive para lazer. “Sempre que posso venho à Itapiranga em busca de conforto espiritual e para fugir um pouco da rotina na cidade. Venho só e passo sempre um final de semana de tranquilidade por aqui”, falou. Esporte de fé Se a força da fé é uma marca em Itapiranga, o esporte também foi incorporado no calendário de atividades do município, com o MMA (Mixed Martial Arts, ou em português, Artes Marciais Mistas). No mês de março, deste ano, município foi palco de uma das mais importantes competições do esporte, durante segunda edição do Kratos Fight. Município sediou o evento que estreou em 2014 em Manaus. Foram sete lutas de MMA, entre elas uma disputa feminina no Ginásio Dom Jorge Marskell. Fotos: Acervo FVA

Turismo como alternativa de renda para os comerciantes João Oliveira e Etelvina Gama

Lazer garantido no Balneário Municipal com piscina natural e cabanas para pernoite www.jcam.com.br


REGIÃO METROPOLITANA Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

manaquiri

Plantações cultivadas no fundo do quintal Mercado municipal atrai turistas pela diversidade de produtos, mas precisa de mais estrutura Luciano Lima especial para o JC

M

Comércio tímido com alguns produtos cultivados em casa

anaquiri, localizado ao sul de Manaus, integra a RMM (Região Metropolitana de Manaus) com uma das mais belas paisagens naturais, principalmente na região do porto onde basicamente é a porta de entrada da cidade. Em 1981, Manaquiri foi desmembrando do Careiro pelo então governador do Amazonas, José Lindoso. Hoje com mais de 22 mil habitantes, revelando um povo orgulhoso pela sua terra e que não esconde o desejo de melhorias para a pacata vizinha do município do Careiro Castanho. Atualmente o prefeito do município é Aguinaldo Martins Rodrigues. Permissionária há sete anos na feira, a comerciante, Adelaide Lima Monteiro, 51,

falou do prazer de morar no município e os desafios de atrair sempre a freguesia para o mercado municipal. “Sou filha de Manaquiri, e gosto muito do meu município. Tudo que eu comercializo aqui na feira, grande parte é produção própria da plantação que cultivo no fundo do meu quintal”, disse. “Mesmo com as dificuldades e muito esforço, tenho duas filhas formadas na faculdade aqui, mas tenho o desejo que o município melhore ainda mais, principalmente para receber o turista que vem em busca de coisas que a nossa terra pode oferecer”, ressaltou a comerciante. No local há oito anos, a permissionária Albertina Sampaio Miranda do Carmo, 52, contou que o mercado atrai turistas pela diversidade de produtos, no entanto precisa de mais atenção por parte das autoridades.

Albertina Sampaio defende melhorias para o município

Foto:Katiúscia Monteiro/ Rede Amazônica)

Festejos de São Pedro Como nos demais municípios da Região Metropolitana de Manaus, os eventos religiosos são o grande atrativo. Em Manaquiri, a festa mais popular, são os festejos de São Pedro entre os dias 20 e 29 de junho. Manaquiri está a 60,25 km distante de Manaus.

DADOS

Show das Águas: Plantio foi realizado pelo Coletivo Jovem

Manaquiri sediou em 2014, importante fórum científico durante as atividades do “Show das Águas” promovido pela Rede Amazônica. Durante a programação, cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, apresentaram alternativas e projetos em plantas com benefícios medicinais, polo promissor para o desenvolvimento do município. Pesca e agricultura são as principais potências econômicas da região.

Cidade contrasta entre cenários urbanos e ribeirinhos Foto: Acervo FVA

Porto de Manaquiri, uma das portas de acesso para o município www.jcam.com.br


REGIÃO METROPOLITANA Manaus, 24 a 26 de outubro de 2015

rio preto da eva

Agricultura, Cafés regionais e Festa da laranja

balneários e cultura regional são destaques do município colonizado por imigrantes Fotos: Acervo FVA

Luciano Lima

especial para o JC

F

uga turística para grande parte dos amazonenses nos principais feriados, Rio Preto da Eva (distante a 57,5 quilômetros), concentra em seu perímetro urbano uma economia crescente por parte do comércio local e os famosos cafés regionais com a gastronomia predominantemente amazônica. Com uma população de aproximadamente 25.719 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Rio Preto da Eva foi criado em 31 de março de 1985, sendo um dos municípios mais recentes criados no Estado. No entanto, a elevação ao posto, deu-se pela segunda vez, visto que na década de 1960, o município já havia sido instituído como sede e denominado pelo então governo como “Eva”. Fortemente ligado à cultura agrícola, herança dos colonos japoneses e imigrantes de outras regiões do país instalados no início da década de 1970, o município ainda preserva a dinâmica de produção, hoje com esforços concentrados principalmente no cultivo de hortaliças e principalmente no cultivo da laranja pelos agricultores locais. Uma das histórias de gratidão ao município é do agricultor natural do Estado do Ceará, Edmilson Lima da Silva, 53, que veio ainda na adolescência para o município. “Cheguei em 1979, e acompanhei o término da construção dessa ponte principal aqui na entrada. Durante esses anos, a cidade evoluiu bastante, pois era muito pequena e tinha muitos casebres”, relatou. Com uma família grande, o agricultor contou que o comércio e a agricultura familiar, ajudaram na criação e formação

A Festa da Laranja atrai anualmente milhares de visitantes , movimentando a economia local"

Balneários privados investem em conforto e boa gastronomia regional para atrair o turista que visita Rio Preto da Eva dos herdeiros e netos. “Tenho oito filhos, resultado de quatro casamentos, mas não me casei com nenhuma das mães deles. Tenho uma filha com uma imigrante japonesa, e filhos com outras amazonenses e uma paraense, mas apenas dois filhos moram comigo hoje em dia”, contou. Tucumã, turismo e lazer Na contramão do cultivo do principal produto da região, a laranja, o agricultor investiu no cultivo do tucumã, fruto com bastante potencial pela versatilidade gastronômica e reaproveitamento para fabricação de artesanatos. Segundo o agricul-

O agricultor Edmilson da Silva apostou no tucumã como fonte de renda familiar

tor, a colheita do fruto é uma das opções de renda da família. “Além da loja que temos no centro de Rio Preto, vendemos nossos tucumãs para os visitantes, principalmente em frente aos cafés da manhã, pois oferecemos qualidade. Hoje eu tenho mais de 80 pés de tucumãs, que levaram aproximadamente sete anos para que eles chegassem ao porte que estão para colher”, explicou. Dividido entre o rápido progresso e as opções de entretenimento natural, os principais atrativos turísticos do Rio Preto da Eva estão geograficamente distribuídos entre a estrada do Baixo Rio Preto, no ramal que antecede a ponte construída no balneário municipal, e a estrada do Alto Rio Preto que leva a outros balneários alternativos. No entanto, o município ainda sofre com alguns problemas estruturais em bairros que ligam aos principais pontos de entretenimento do município, desafiando os visitantes que desejam acessar locais como o Hotel Pousada Thermas do Rio Preto, Gonzagão ou Balneário do Manú, ambos concentrados na região no Alto Rio. Tendo como carro-chefe a laranja, produto considerado motor na economia local, não seria diferente exaltar o produto com a “Feira da Laranja e da Agricultura Familiar”, realizada em julho, e a 18ª Festa da Laranja no último mês de agosto. O município também atrai no mês de fevereiro muitos turistas para o carnaval "Eva me leva", proporcionando lazer e diversão para quem deseja cair na folia longe da capital.

Biodiesel de dendê Destaque pela cultura do cultivo da laranja, Rio Preto da Eva é também cenário para importantes programas científicos com o Campo Experimental do Rio Urubu (Ceru), da Embrapa Amazônia Ocidental, com foco em divers o s

Réplica do Cristo é um dos principais pontos turísticos www.jcam.com.br

estudos relacionado ao dendê (Elaeis guineensis) e caiaué (Elaeis oleifera), ou palma, como é conhecido internacionalmente. O campo situado no km 29 da AM-010 abriga o laboratório de dendê e agroenergia com a participação direta de 30 profissionais entre engenheiros agrônomos e biólogos. O laboratório no município possui um dos mais importantes bancos de germoplasma (unidades conservadoras de material genético de uso imediato ou com potencial de uso

futuro para melhoramento genético) de dendezeiro e caiaué do mundo, sendo esse de grande importância estratégica para o desenvolvimento e sucesso da dendeicultura nacional. Segundo a assessoria de comunicação da Embrapa Amazônia Ocidental, o Campo Experimental do rio Urubu é um importante aliado na geração de emprego e renda, pois possibilita a utilização de mão de obra envolvida nas atividades de pesquisa, produção e comercialização de sementes de dendezeiro em Rio Preto da Eva e na capital, além proporcionar recursos humanos e a integração de pesquisadores bolsistas e estagiários.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.