Biblioteca São Carlos - TGI II

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BIBLIOTECA SÃO CARLOS

BSC GABRIEL N. FERRAZ



“Quem será que foram os gênios que taparam os rios com prédios e o céu com cabos? Tantos quilômetros de cabos servem para nos unir ou nos manter afastados? Cada um em seu lugar.”

(Filme: MEDIANERAS. Direção: Gustavo Taretto)


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Centro Universitário Central Paulista - UNICEP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho de Graduação Interdisciplinar – TGI II Biblioteca São Carlos Gabriel do Nascimento Ferraz Orientação: Professor Marcos Marchetti

São Carlos, Novembro de 2019.


SUMÁRIO Introdução

9 10

Problemática geral

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Discussão de termos

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Problemática local

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Objetivo

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Local de projeto

Estudo de caso

22

Outras referências

33

Levantamento de dados

38 41

Pontos de Interesse

43

Viário

45

Uso do Solo

49

Gabarito das edificações

50

Terreno original

52

Terreno modificado


Proposta

55 56

Conceito

58

Programa de Necessidades

60

Sistema Estrutural

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Cobertura Verde

63

Um edifĂ­cio lanterna

Desenhos tĂŠcnicos

67

ReferĂŞncias

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INTRODUÇÃO

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PROBLEMÁTICA GERAL

O avanço da tecnologia trouxe diversas mudanças, mas podese dizer que a principal delas está no modo como consumimos informação. Hoje, a partir de um dispositivo que cabe no bolso, podemos acessar diferentes tipos de conteúdos: arte, literatura, cinema, música, notícias, trabalhos acadêmicos, cursos, teses científicas, e etc. Absolutamente tudo pode estar a um “clique de distância”. Mas como saber se aquilo que foi publicado na internet é uma informação verídica? O autor tem propriedade para falar do assunto? A informação foi tirada de contexto? . Quando navegamos na internet devemos realizar esses e outros tipos de questionamentos constantemente. A crescente onda de “fake news” (notícias falsas divulgadas principalmente nas redes sociais) já é um grave problema da nossa sociedade. Pois, se por um lado, a internet possibilitou uma democratização de acesso, por outro, criou-se um ambiente livre para a disseminação de desinformação.

Sendo assim, o projeto busca entender qual o papel da biblioteca nos tempos atuais em meio a constante evolução da tecnologia e também da modificação dos suportes da informação onde o conteúdo muda do físico, para o digital.

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DISCUSSÃO DE TERMOS

Historicamente o termo ‘biblioteca’ sempre pareceu algo restritivo, um espaço voltado a acadêmicos e estudantes. Essa questão é perceptível na pesquisa divulgada pelo 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais realizado em 2009. Nele é possível notar que 65% dos frequentadores vão aos estabelecimentos para fazer pesquisas escolares, 26% para pesquisas em geral e apenas 8% para o lazer (FGV, 2009). No entanto, essa imagem começa a dar sinais de mudança, os livros não são mais a única fonte de informação. Conteúdos audiovisuais como filmes e músicas passam a fazer parte de seu acervo e “são os principais responsáveis pelas mudanças ocorridas, no conceito, na denominação e no aumento de funções da biblioteca” (R. MARINHO, L. PEREIRA e L. PEREIRA, 2013). A mudança não ocorre apenas nos suportes da informação, ela ocorre também no espaço. “Devido a essa visão tradicional, a biblioteca é descrita por muitas pessoas como um local de pesquisa e estudo, um local onde nós podemos nos dirigir quando precisamos fazer algum trabalho acadêmico ou escolar, já a midiateca é vista como um local que vai além de um espaço para estudo e pesquisa, mas sim um lugar de lazer, encontro e de ócio, um lugar onde se pode ir apenas para passear. ” (R. MARINHO, L. PEREIRA e L. PEREIRA, 2013). O horário de funcionamento também é um fator restritivo para atrair diferentes tipos de público, pois apenas 24% das bibliotecas públicas municipais funcionam à noite e somente 1% aos domingos (FGV, 2009).

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Biblioteca convencional

Nova configuração de biblioteca (Biblioteca Parque Villa-Lobos em São Paulo)

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O termo “midiateca” é de origem francesa, diante do esvaziamento das bibliotecas na França houve um esforço coletivo por parte de autoridades e bibliotecários em mudar a situação, e a primeira atitude foi mudar o nome de biblioteca para midiateca pois segundo Lucianni (2008), conforme citado por Marinho, Pereira e Pereira (2013) : “o termo (biblioteca) era uma desvantagem, visto que na imaginação coletiva francesa o termo era associado a um lugar fechado, empoeirado e intimidador. Era, portanto, difícil de explicar para a população que uma biblioteca pode ser um local frequentado por todos.”

“Ao aparecer a concepção de meio, surgiu o termo midiateca, e algumas bibliotecas modernas, bem equipadas tecnicamente e já com o acúmulo de vídeos e audiogravações, começaram a chamar-se midiatecas”

E ainda segundo Lucianni (2008) o termo começou a ser usado em meados dos anos 70, a autora aponta dois grandes episódios que marcaram o uso do termo, o primeiro sendo a mudança de nome da Associação de Desenvolvimento das Bibliotecas Públicas para Associação de Desenvolvimento das Bibliotecas Públicas de Mídias, e o segundo foi uma decisão da Câmara Municipal da Cidade de Metz, de mudar o nome da biblioteca da cidade para Midiateca pois “eles acreditavam que a mudança de nome de biblioteca para midiateca descartaria a imagem de poeira atribuída a muitas bibliotecas francesas”.

Anatoly V. Nesterov, “Em direção à midiateca”, artigo publicado em 26 de Setembro de 1991

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Quadro 1 – Comparação entre a biblioteca e midiateca com base na literatura.

A midiateca então surge para atender a essas mudanças, de acervo e também de público, segundo Marinho, Pereira e Pereira (2013) “buscando diversificar a oferta e ampliar a frequência dos usuários, esta ocorreria não só através das novas mídias, mas também através da concepção e organização de diferentes espaços dentro da biblioteca.”

Fonte: Elaborado por R. MARINHO, L. PEREIRA e L. PEREIRA (2013)

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PROBLEMÁTICA LOCAL

São Carlos é conhecida por ser a capital da Ciência e da Tecnologia devido ao grande número de empresas da área presentes na cidade, além das suas universidades e do elevado índice de doutores para cada 100 habitantes, o que garante uma média 10 vezes maior que a nacional. No entanto, a cidade carece de espaços públicos de lazer que promovam a integração e convivência das pessoas, soma-se isso ao fato de atualmente, viver um processo de degradação e esvaziamento de sua região central. Por essa razão, a Midiateca como objeto de projeto se mostra uma escolha pertinente capaz de unir a problemática geral e a problemática local. Além disso a midiateca, assim como São Carlos, também possui um caráter tecnológico e portanto estaria bem inserida nas características da cidade. A cidade de São Carlos é o 2º município da região sudeste com maior número de bibliotecas por 100 mil habitantes (1,81), atrás apenas da cidade de Barueri/SP (4,07). No ranking nacional São Carlos ocupa a 5ª posição (FGV, 2009). A pesquisa considera a existência de 4 bibliotecas na cidade e uma população de 220.463 habitantes. No entanto, dessas quatro bibliotecas, três são direcionadas ao público acadêmico e estão localizadas dentro das universidades. Sendo apenas a Biblioteca Amadeu Amaral voltada para o público em geral, mas com uma estrutura que não atende as novas formas de conteúdo e os livros são o único suporte de informação. Ou seja, apesar da cidade de São Carlos possuir um número de bibliotecas acima da média, seu público é restrito. Para isso é preciso que o novo equipamento tenha um programa que possa atrair novos frequentadores e funcionar em diferentes horários, como por exemplo, a noite e aos finais de semana. Assim, a midiateca pretende abrigar o acervo da Biblioteca Amadeu Amaral e oferecer novos suportes a informação, como conteúdo audiovisual.

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Além disso, um equipamento como esse também pode trazer mais vida a região central de São Carlos visto que a maior parte dos edifícios nesse local são comerciais e funcionam até as 18h, após esse horário o centro se esvazia, o que contribui para a sensação de insegurança.

Capital com o maior número de bibliotecas

Fonte: FGV (2009) 16


OBJETIVO

Desenvolver um equipamento que possa atuar não só como local de acesso a qualquer tipo de informação, seja ela em forma de livros ou conteúdo audiovisual, mas também como espaço de lazer e convívio, além de oferecer eventos com o propósito de estimular a produção cultural da cidade. Assim podendo revitalizar a região central trazendo mais pessoas para o local, fornecer um ambiente de lazer que possa ser utilizado durante todos os dias da semana, e em diferentes horas do dia, com atividades que incentive o público a participar e interagir com o espaço, além de atividades específicas para o horário pós 17h e também em fins de semana para atrair novos frequentadores.

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Av. São Carlos

LOCAL DE PROJETO

N

O local escolhido para a realização do projeto está situado na região central da cidade, na esquina da Rua Major José Inácio com a Rua Aquidaban, duas importantes ruas da cidade e de grande fluxo. Através da R. Aquidaban tem-se acesso direto a pontos importantes da cidade, como a Praça da XV e a USP, além de fácil acesso a Av. Comendador Alfredo Maffei, um das importantes vias arteriais de São Carlos, enquanto a R. Major José Inácio possui cerca de 2,7km de extensão sendo um dos principais eixos de circulação da cidade. O terreno está próximo a outros equipamentos culturais como o Teatro Municipal, Cinema e o Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC), a Midiateca inserida nesse local reforça a programação cultural dessa área. O lote está localizado em uma área de ocupação induzida de acordo com o plano diretor. Catedral de São Carlos Corpo de Bombeiros

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R. Aquidaban

N

R. 7 de Setembro

R. Maj. José Inácio

R. Riachuelo 19


Vista da R. Maj. José Inácio

Vista da R. Riachuelo

Vista da R. Maj. José Inácio 20


Vista da R. Maj. José Inácio

Árvore ao centro do lote

Vista do interior do lote a partir da R. Riachuelo 21


ESTUDO DE CASO

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INSTITUTO MOREIRA SALLES Autores: Andrade Morettin Arquitetos Ano: 2017 Área construída: 8662.0 m2 Localização: São Paulo, Brasil.

O Instituto Moreira Salles é uma organização sem fins lucrativos fundada pelo diplomata e banqueiro Walther Moreira Salles em 1992, com a criação de seu primeiro centro cultural na cidade de Poços de Caldas (MG). O instituto tem por finalidade a promoção, a formação de acervos e o desenvolvimento de programas culturais nas áreas de fotografia, literatura, iconografia, artes plásticas, música e cinema. Possui atuação destacada na área da fotografia, com ênfase na formação de acervos e preservação de conjuntos raros que abordam questões referentes à memória e à história do país, às comunicações e às artes visuais. Seu acervo fotográfico começou a ser constituído em 1995, por meio de coleções de imagens do século XIX. Na sequência, o instituto adquiriu a coleção do antropólogo Claude Lévi-Strauss, da década de 1930. Atualmente, o acervo é formado por cerca de 2 milhões de imagens. Fachada Instituo Moreira Salles

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O terreno está localizado na Av. Paulista, local de uma grande diversidade de programas “Um dos poucos lugares em que temos uma cidade mista, plural e mais democrática” O lote possui 20m de largura e 50, é plano e cercado por edifícios de 13 a 18 andares por todos os lados.

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10

Em seu entorno imediato o cruzamento com a Av. da Consolação resulta em grande movimento de veículos e de pessoas, em função da proximidade das diversas estações de metrô e do corredor de ônibus. A calçada mais estreita, nesse trecho, contribuiu com a opção de colocar o principal acesso ao edifício no 4º pavimento, deixando o térreo livre e agindo como extensão do passeio. Fachada Instituo Moreira Salles

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O PROGRAMA O edifício está posicionado ortogonalmente em relação ao terreno, respeitando os recuos mínimos laterais, com um distanciamento maior nos fundos, quando engloba a taxa de permeabilidade mínima e ocupação máxima. Ao chegar no térreo elevado (localizado no núcleo do edifício) o usuário é recebido por uma praça que possibilita diferentes formas de ocupação, “como se tirassem o vão livre do Masp e colocassem no meio do IMS, deixando a liberdade acontecer dentro do edifício”, menciona Marcelo Maia Rosa, arquiteto associado do escritório, em entrevista para o site Arcoweb. O publico pode ir para os pavimentos superiores, onde tem-se a área de exposições, ou para os pavimentos inferiores onde se encontra a midiateca.

“O acesso principal é feito através de uma escada rolante, que guia o visitante do chão da Paulista para a vista da Paulista” O revestimento do piso de pedra portuguesa, nesse pavimento, usual no calçamento de calçadas e parques, garante a indistinção entre interior e exterior.

Vista Pavimento térreo

Escada rolante como acesso principal

Térreo elevado

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Cinema

Área de exposições

Os três espaços expositivos ocupam um único volume bordô acima do lobby. Esses espaços possuem grandes áreas, são flexíveis e possuem ambiente controlado. logo abaixo do lobby um auditório com 150 lugares. Procurou-se reunir o auditório, as salas de aula, o espaço multimídia e a biblioteca num corpo único e integrado, formando a nova Midiateca do Instituto. Parte da biblioteca pode funcionar como espaço de convívio para quem frequenta as salas de aula, assim como estas, quando integradas, transformam-se num pequeno auditório suspenso que se relaciona, simultaneamente, com a própria biblioteca e com o foyer. O objetivo foi aproximar as várias formas de expressão e de mídia, num espaço mais fluído e contínuo, sem que se perdessem as necessárias contenções para o bom funcionamento de cada um dos espaços.

Vista da midiateca

Vista da administração

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PLANTAS Sanitários e circulação vertical

Restaurante

Administração

Salas de aula

2º PAVIMENTO

Biblioteca

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Foyer

Cabine de projeção

Recepção

5º PAVIMENTO

W.C

Café

Livraria 28


Exposição temporária

9º PAVIMENTO

Exposição temporária

Exposição permanente

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A FACHADA Uma das características que mais chama a atenção de quem passa em frente ao edifício, é sua fachada de vidro translúcido. A fachada foi desenvolvida com o acompanhamento da empresa norte-americana de consultoria Front. “Nós desenvolvemos o sistema construtivo para obter o efeito desejado” relata Marcelo Morettin. “O que os norteou foi a necessidade de mediação entre o edifício, que abriga uma coleção delicada, e a barulhenta multiplicidade de pessoas e veículos em fluxo pela avenida. Um volume opaco seria negativo dos pontos de vista simbólico e prático, enquanto a permeabilidade total inviabilizaria a necessária serenidade no interior da instituição. A solução tende, então, ao equilíbrio, com a pele translúcida e homogênea da fachada permitindo observarem-se, de dentro, os contornos e movimentos da cidade e, por fora, espectros do funcionamento interno da edificação. O conceito do projeto foi viabilizado pela transformação da pele dupla em uma única camada de vedação, com desempenho acústico e térmico compatível com o imaginado inicialmente. O vidro especificado é o duplo laminado insulado, com composição do tipo extra clear - o baixo índice de ferro reduz o tom esverdeado -, e mudaram significativamente as proporções da fachada.” Francesco Perrotta-Bosch, Publicada originalmente em Projeto Design na Edição 408

Fachada do Instituto Moreira Salles

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SISTEMA ESTRUTURAL Os pilares, as vigas e as treliças são elementos ocultos, incorporados às caixas que abrigam os programas. “O aprimoramento do projeto estrutural ocorreu em direção à progressiva simplificação da estrutura metálica. Antes idealizada como uma malha de treliças distribuída homogeneamente nas fachadas longitudinais, seu cálculo foi sendo impactado - positivamente - pelas dificuldades inerentes ao projeto: há variações consideráveis de carregamentos máximos previstos para os andares expositivos - de 600 a 1.000 kg/m² - e as caixas do museu e midiateca têm distanciamentos diversos em relação às fachadas. A estrutura, assim, foi moldada geometricamente aos programas de maior carregamento das caixas, permanecendo as treliças apenas nas suas faces de fechamento. Apesar de robusta, portanto, o que se revela da estrutura são poucos pilares metálicos e apenas dois de concreto.

Esquema estrutural. Ao core de concreto envolto pela estrutura metálica incorporaram-se as caixas programáticas, que ocultam os elementos estruturais

Francesco Perrotta-Bosch, Publicada originalmente em Projeto Design na Edição 408

O projeto de iluminação é importante, não apenas para as salas de exposição, mas também para a imagem externa do edifício, que aliado a fachada translucida, age como um emissor de luz na cidade

Fonte: Arcoweb

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Vista da térreo elevado

Dos principais aspectos analisados nesse projeto, destaco o programa de necessidades, a materialidade e o sistema estrutural que serviram de inspiração para o projeto da Midiateca de São Carlos. 32


OUTRAS REFERÊNCIAS

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SESC 24 DE MAIO Projeto do Arquiteto Paulo Mendes da Rocha em parceria com o escritório MMBB arquitetos, localizado na região central da cidade de São Paulo. Essa nova unidade do Sesc foi construída em um edifício que antes era sede de uma antiga loja de departamentos.

Vista aérea do Sesc 24 de Maio

O projeto contempla uma ampla variedade de programas que incluem: Teatro, Biblioteca, Restaurante, área para oficinas, exposições, esportes e dança, além de uma piscina localizada na cobertura. Sua circulação principal é feita através de um conjunto de rampas que tem a intenção de transformar o a circulação em um passeio pelo edifício. Mirante

Sistema de rampas

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MIDIATECA FRANÇOIS VILLON Projeto do escritório Pascale Guédot Architecte, localizado em Bourg-la-Reine, França. Implantado no centro da cidade, o edifício possui grandes recuos. As fachadas voltadas para a rua possuem apenas duas aberturas, o suficiente para despertar o interesse de quem passa por ali.

Parte externa do edifício

O projeto se destaca pela integração entre o externo e o interno, no pavimento térreo há um amplo pátio construído em torno de uma árvore centenária, além disso o espaço externo também é utilizado como local de leitura, lazer e convívio.

Fachada da midiateca François Villon

Espaços de leitura

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MIDIATECA DE SENDAI Projeto do escritório Toyo Ito & Associates, localizado na cidade de Sendai, Japão. Seu programa é composto por galeria de arte, biblioteca, centro visual de imagem e um centro de serviço para pessoas com problemas visuais e auditivos. Segundo o arquiteto Toyo Ito “nosso principal objetivo foi destruir os arquétipos convencionais como museus de arte e biblioteca”. Sua planta possui grande flexibilidade para “que seja possível responder a qualquer ampliação ou acomodação de algum programa no futuro”. Há uma integração através dos ‘tubos’ que sustentam o edifício, tanto visual como funcional.

Acessos

Fachada midiateca de Sendai

Acervo

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Todos esses edifícios contribuíram de alguma forma para a elaboração do projeto. A estrutura e programa vistos no instituto Moreira salles, o sistema de rampas do Sesc 24 de Maio, a materialidade do concreto e a relação com o exterior da Midiateca François Villon, e a flexibilidade e integração visual e funcional da Midiateca de Sendai.

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LEVANTAMENTO DE DADOS

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39


N

200m

500m

700m 40


PONTOS DE INTERESSE O levantamento ao lado foi feito com a intenção de identificar espaços que, dentro de três raios diferentes de distância, poderiam exercer alguma influência no projeto. Foram considerados principalmente os equipamentos culturais, de lazer e de educação. É possível notar a escassez de equipamentos públicos de lazer, sendo as praças e a atual Biblioteca Municipal as únicas opções disponíveis dentro de um raio de 700m.

Em relação a equipamentos com programação cultural a área conta com o Teatro Municipal, Cine São Carlos e o Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC)

Praça Biblioteca Municipal Teatro Cinema Livraria Machado de Assis Projeto Guri Escola Curso de idiomas Escola de música Escola de ballet Mercado municipal Catedral de São Carlos CDCC 41


N AV. DR. CARLOS BOTELHO

AV. SÃO CARLOS

AV. 15 DE NOVEMBRO

AV. COMENDADOR ALFREDO MAFFEI

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VIÁRIO A região já conta com uma infraestrutura estabelecida, o que garante fácil acesso ao local independente do modal, em um raio de 200m é possível ter acesso a 4 diferentes pontos de ônibus, ciclovia e a Av. Comendador Alfredo Maffei.

Via arterial Ponto de ônibus Ciclovia 43


N

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USO DO SOLO Apesar de boa parte da região central ser ocupada por comércio, nesse trecho temos uma ocupação mais equilibrada entre habitação e comércio. A maior parte das residências são de casas térreas, mas também é possível encontrar edifícios residenciais de mais de 7 pavimentos.

Residencial unifamiliar Residencial multifamiliar Misto com habitação

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N

46


USO DO SOLO Nesse é trecho é possível encontrar uma grande diversidade na ocupação em relação a comércio e usos privados. Em um raio de 150m é possível encontrar restaurantes, escolas (uma creche, e uma instituição particular de ensino fundamental e médio), corpo de bombeiros, clínica veterinária, farmácia, e etc.

Outros usos privados Comercial

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GABARITO DAS EDIFICAÇÕES A partir dessa área o número de edificações mais verticalizadas começam a crescer. Somente nesse trecho temos seis edifícios com mais de cinco pavimentos, sendo o mais alto de 11 pavimentos, localizado na rua 7 de Setembro em face oposta ao lote escolhido para o projeto.

Em Branco Lote vazio 1 pavimento 2 pavimentos 3 e 4 pavimentos De 5 a 7 pavimentos Mais que 7 pavimentos 49


TERRENO ORIGINAL O terreno apresenta uma topografia com declive acentuado, possui aproximadamente 8,19m de desnível no sentido Norte-Sul. Porém, no sentido LesteOeste não há grande declividade, como é possível notar no corte 04, onde em um trecho de 70m há um diferença de apenas 2,20m de altura, resultando em uma inclinação de 3,14% Possui aproximadamente 2900m² e é cercado em sua maioria por residências térreas.

03

02

01

N

04

04

05

05

03

02

01 50


ESC 1:1000

R. 7 de Setembro

R. Riachuelo

R. Maj. José Inácio

R. Aquidaban

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TERRENO MODIFICADO Por se tratar de um lote em meio a uma quadra e onde a maior parte de seu entorno imediato é formada por residências térreas, procurou-se realizar operações para que a verticalização do edifício causa-se o mínimo possível de impacto visual em seu entorno. Para isso, a principal alteração seria uma escavação de 2m de profundidade na cota mais baixa do terreno onde então será implantado o edifício.

02

01

02

01

N

52


ESC 1:750

Linha tracejada – terreno original

R. 7 de Setembro R. Maj. José Inácio

CORTE 01

R. 7 de Setembro R. Maj. José Inácio

CORTE 02

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PROPOSTA

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CONCEITO O projeto da Midiateca surge através da intenção de ser uma extensão do passeio e agindo como uma praça entre os limites do público e do privado. Para isso o projeto se configura através de um sistema de rampas que conecta todos os pavimentos. Essa forma de acesso incentiva o usuário a percorrer e a explorar o espaço, é acessível a todos os tipos de público, além de criar um contato visual entre níveis. Sistema de Rampas

Onde haveriam patamares, este sistema de rampa se expande para dar lugar a novos pavimentos. Assim a divisão de ambientes é feita através da diferença de altura entre espaços

Lajes

Cada rampa possui 16m de comprimento e vencem 1,33m de desnível, resultando em uma inclinação de 8,3%.

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A rampa, pintada em vermelho, pretende orientar o usuário, para que a partir de qualquer ponto do edifício o público possa se localizar e compreender de maneira rápida e fácil, a forma de percorrer o local.

Na imagem buscou-se representar um esquema deste sistema de acesso visto a partir da fachada oeste do edifício.

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PROGRAMA DE NECESSIDADES

Privado Público

Esquema de acesso visto a partir de fachada norte

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NÍVEL 3

Terraço jardim

NÍVEL 2 Mirante Bar

NÍVEL 1 NÍVEL 0

NÍVEL -1

Acervo Literário

Recepção Espaço para exposição Livraria Café Sanitários

O programa foi pensado para que possa ocorrer atividades ao longo de todo o dia, como o cinema e o bar que podem continuar em funcionamento mesmo após o fim do horários das atividades que acontecem nos pavimentos inferiores.

Cinema | Auditório Praça Acervo audiovisual Administração Sanitários

Além de atividades que possam atrair diferentes tipos de público como o espaço para eventos, que durante o dia pode ser ocupado por músicos de rua, por exemplo, e durante a noite acontece uma projeção ao ar livre.

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SISTEMA ESTRUTURAL Optou-se pela estrutura metálica diante da necessidade de vencer grandes vãos e ainda manter visualmente leve o edifício. Utilizando vigas e pilares em perfil “i”. Uma malha de treliças metálicas de 1,05m de altura dispostas a uma distância de 6,00m umas das outras sustentam uma cobertura verde que pode ser acessada pelo público. Também foi utilizado o concreto armado para a sustentação de um pavimento intermediário e que também servem de apoio a parte da estrutura metálica.

Cobertura verde

Estrutura principal

Pavimento intermediário

Rampas, lajes e vedações

Terreno modificado

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Visão geral do sistema estrutural

Estrutura da área administrativa

Estrutura da área pública

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COBERTURA VERDE Devido a operações topográficas realizadas visando um menor impacto no gabarito da quadra, as casas localizadas na rua 7 de Setembro estavam muito próximas a cobertura do edifício. Uma cobertura em aço galvanizado sem pintura, por exemplo, poderia se tornar um incômodo aos vizinhos devido à reflexão da luz solar. Pensando então no conforto térmico do edifício e também de seu entorno imediato foi proposto uma cobertura verde.

R. 7 de Setembro

Casas existentes

A cobertura é do tipo Hidromodular, esse sistema usa uma placa de plástico reciclado que reserva água e utiliza menos substrato na instalação e por isso, o custo é menor. Além disso também contribui para a drenagem urbana pois retém água da chuva, é ideal para diminuir a temperatura do micro e macro ambiente externo. Também traz conforto térmico e acústico para os ambientes internos.

Área do projeto

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UM EDIFÍCIO LANTERNA As bibliotecas por muito tempo possuíram um ambiente escuro e fechado, buscando se distanciar dessa imagem o projeto possui uma pele de vidro translúcido que promove a entrada de uma grande quantidade de luz natural durante o dia.

Módulo do sistema de vedação

Já durante a noite esse espaço passa então a ser uma fonte de luz para a cidade, agindo também como uma forma de atrair o público para o local A pele é formada por painéis de 1,5m x 1,5m com 7mm de espessura e fixadas em módulos de 6m.

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Através da modularidade desse sistema é possível criar as aberturas necessárias para o edifício. Três placas se tornam grandes portas pivotantes que recebem os visitantes na entrada principal. Em alguns pontos com uma placa é possível obter uma janela basculante, em outro as placas são retiradas para valorizar a paisagem 64


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DESENHOS TÉCNICOS

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IMPLANTAÇÃO O acesso principal é feito através da Rua Major José Inácio e há também um acesso pela Rua Riachuelo. Dessa forma o edifício conecta esse miolo de quadra onde antes havia

Houve também a ampliação do passeio visando um melhor conforto para a recepção de visitantes e também a diminuição da velocidade dos veículos com o consequente estreitamento da via

Para a Rua Maj. José Inácio propõem-se a alteração de sentido da via, que atualmente possui trânsito de veículos em ambos os sentidos apenas nesse trecho, para um sentido único.

RUA MAJ. JOSÉ INÁCIO

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RUA RIACHUELO

RUA AQUIDABAN

RUA 7 DE SETEMBRO

RUA MAJ. JOSÉ INÁCIO N

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TÉRREO O deck de madeira que se inicia no passeio público e adentra o edifício, oferece ao pedestre um momento de descanso em meio a cidade ao mesmo tempo em que o convida a conhecer o espaço. A vegetação em seu interior busca trazer a sensação de estar em uma praça pública, porém, coberta. Assim como o café e a banca que remetem também a esse espaço. No térreo também está a maior o acervo focado em livros, um espaço para exposições e espaço para apresentações.

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7

6

4 -2,00

5

2

0,66 -0,66

3

1

-2,00

0,00

1 – Recepção 2 – Espaço para exposição 3 – Acervo literário 4 – Espaço para apresentações

5 – Banca 6 – Café 7 – Sanitários 73


Seu canteiro com vegetação alta serve tanto para delimitar esse espaço de leitura chamado de banca como também para despertar a curiosidade de quem sobe pela rampa ao lado em descobrir o que há por trás da vegetação Nesse espaço encontram-se jornais e revistas e oferece um local de leitura rápida, ou apenas de estar.

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Para o espaço do acervo literário apresenta-se um mobiliário dinâmico formado por blocos de diferentes alturas que convida o público a ocupa-lo a sua maneira.

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Para acomodar o acervo literário, um módulo de 2m de altura por 1m de largura. Cada módulo tem capacidade para armazenar 225 livros, o que garante, na configuração atual uma capacidade total de 11.925 livros.

Os módulos também são usados como forma de vedação entre a circulação das rampas, os espaços para armazenar os livros ora estão fechados ora abertos, de forma a criar um breve contato visual entre níveis.

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Perspectiva a partir da passarela

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1º PAVIMENTO Quem acessa o edifício pela Rua Riachuelo, é recebido por um elemento escultórico e um espaço de estar. Neste trecho se encontra o bloco administrativo. Buscou-se separar este espaço, o único com acesso restrito, para que o usuário tenha acesso totalmente livre aos demais lugares. Aqui também estão presentes duas grandes árvores já existentes, sendo uma delas incorporada ao bloco administrativo.

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10

10

9

8 4,66 4,66

8 – Recepção 9 – Bloco administrativo 10 – Sanitários 79


Logo acima do acervo literário está o acervo audiovisual que possui um onde conta com filmes e músicas, mais acima está o cinema. Entre estes níveis, um dos pavimentos da rampa de acesso se abre para uma ponte, onde é possível observar o edifício de uma diferente perspectiva.

80


11 9

10

6,46

4,66

3,33

8 -2,00

11 – Acervo audiovisual 12 – Cinema 13 – Bilheteria 14 – Sanitários

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2º PAVIMENTO Assim que o visitante caminha pela rampa de acesso, que aqui possui uma largura maior que as demais, ele é recebido por uma grande abertura que tem vista para o horizonte da cidade. Nesse pavimento também se encontra o bar, que junto com o cinema, podem continuar em funcionamento independente das funções da biblioteca. Assim podendo atrair um público por diferentes horários ao longo de todo o dia, mantendo uma atividade constante no local.

82


7,33

6,00

15

16

15 – Mirante 16 – Bar 83


Perspectiva a partir do cinema

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Perspectiva a partir do bar

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COBERTURA A cobertura recebe um teto verde e é aberta ao público , onde a partir dali é possível se ter uma vista quase panorâmica da cidade e também funciona como um amplo espaço de lazer

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8,66

9,66

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Perspectiva a partir do rampa de acesso a cobertura

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Corte A

9,66m

6,00m 2,00m


Corte B

9,66m

6,00m

2,00m


Corte C

9,66m

9,66m


Corte D

9,66m

6,00m

2,00m

-2,00m

Corte E

9,66m 8,66m

4,66m 3,33m

0,66m -0,66


Corte F 9,66m

4,66m

0,66m -2,,00m

Corte G

Corte H


Referências ALEX, Sun. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. São Paulo. Senac São Paulo, 2008.

BRASIL. Ministério da Cultura. Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais. Brasília, 2010. BRITTO, Fernanda. "Clássicos da Arquitetura: Mediateca de Sendai / Toyo Ito & Associates" 04 Fev 2012. ArchDaily Brasil. Acessado 20 Set 2018. <https://www.archdaily.com.br/25662/classicos-da-arquitetura-mediateca-de-sendai-toyo-ito-e-associates> DIAS, Luis Andrade de Matos. Aço e Arquitetura – Estudos de Edificações no Brasil. São Paulo. Zigurate, 2001 “Em detalhes: projeto do Instituto Moreira Salles em São Paulo, por Andrade Morettin Arquitetos” 10 Mar 2017. aU Arquitetura e Urbanismo. Acessado 10 Nov 2018. <https://au.pini.com.br/2017/03/em-detalhes-projeto-do-instituto-moreira-salles-em-sao-paulo-porandrade-morettin-arquitetos/>

GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo. Perspectiva. 2013 INSTITUTO MOREIRA SALLES (IMS). Sobre o IMS. Acessado 10 Nov 2018. Disponível em < https://ims.com.br/sobre-o-ims/> "Instituto Moreira Salles / Andrade Morettin Arquitetos" 08 Nov 2017. ArchDaily Brasil. Acessado <https://www.archdaily.com.br/br/883093/instituto-moreira-salles-andrade-morettin-arquitetos> ISSN 0719-8906

10

Nov

2018.

"Midiateca em Bourg-la-Reine / Pascale Guédot Architecte" [Media Library in Bourg-la-Reine / Pascale Guédot Architecte] 04 Ago 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado 20 Set 2018. https://www.archdaily.com.br/br/771258/midiateca-em-bourg-la-reine-pascaleguedot-architecte PERROTA-BOSCH, Francesco. “Andrade Morettin Arquitetos: Sede do Instituto Moreira Salles, São Paulo. Um marco cultural”. arcoweb. Acessado 10 Nov 2018. < https://www.arcoweb.com.br/projetodesign/tecnologia/andrade-morettin-instituto-moreira-salles-sao-paulo > R. MARINHO; L. PEREIRA e L. PEREIRA. Midiateca - uma nova terminologia ou um conceito ampliado de biblioteca? 2013. Artigo - Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documento e Ciência da Informação, Florianópolis

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