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CONDUCTING DESIGN
Taxi Fabric propõe uma nova experiência no dia-a-dia dos indianos através do design Poluição, motos com quatro passageiros, vacas pastando, pessoas em cima de ônibus, bicicletas no meio dos carros, vendedores ambulantes por todos os lados. Nas traseiras dos veículos, a expressão “por favor, buzine”. Semáforos são raros, e mão e contramão são conceitos abstratos demais para serem respeitados. Esse é o trânsito de Mumbai, a cidade mais populosa da Índia, com cerca de 18 milhões de habitantes. Por mais que esse cenário seja praticamente a definição do caos, incredulamente, o trânsito indiano funciona e ainda apresenta baixos números de acidentes. O motivo é uma lei básica e soberana: quem está mais obviamente bem posicionado para fazer determinado movimento deve fazê-lo; além, é claro, do número de praticantes de ioga ser bastante alto, visto que mais de 80% da população indiana é hinduísta.
Taxi Fabric proposes a new experience in the day-to-day life of Indians through design
Protagonizando esse contexto que mescla congestionamento e espiritualidade, estão os tuk-tuks, os charmosos veículos tipicamente indianos que são responsáveis pelo transporte de mais de 250 milhões de passageiros por dia, o equivalente a 20% do tráfego diário do país. Criado no século 19 com o ilustre lema: “Os preguiçosos querem ser puxados”, o rickshaw foi de imediato um sucesso. Afinal, explorar a força humana era muito mais barato do que manter um cavalo saudável para puxar uma carroça. Mais tarde, uma bicicleta foi acoplada, originando então o cycle rickshaw. Mas foi apenas no século 20 que essa engenhoca ganhou motor e os auto rickshaws, carinhosamente apelidados de tuk-tuks, passaram a ter a forma que apresentam atualmente: um híbrido entre carro e moto, com três rodas e laterais vazadas.
Pollution, motorcycles with 4 passengers, cows grazing, people on top of buses, bicycles in the middle of cars, street peddlers everywhere. The expression “honk, please” is displayed at the rear end of cars. Traffic lights are rare, right and wrong ways are too abstract to be respected. This is Mumbai traffic, India’s most populous city, with about 18 million inhabitants Even though this scenario is practically the definition of chaos, unbelievably, Indian traffic works and still presents a low number of accidents. It is due to a basic and sovereign law: Whoever is clearly best positioned to perform specific movement should do it; besides, of course, the number of yoga practitioners is very high, given that over 80% of Indian population is Hindu.
Fotos/Photos: Taxi Fabric
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DESIGN & CULTURA/design & culture
RAFAELLA SABATOWITCH
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Estimativas do governo indiano apontam que AMANDA CAMARGO em 2018 Mumbai terá mais de 100 mil tuk-tuks circulando por suas vias. A tamanha popularidade do automóvel se dá basicamente por três motivos: agilidade na locomoção, facilidade de embarque e, principalmente, preço. Uma corrida que saia da entrada principal do Sanjay Gandhi National Park e vá até a Mumbai University Ground, ou seja, que literalmente cruze a cidade, sai por aproximadamente 400 rúpias, o equivalente a 22 reais.
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Com a figura dos tuk-tuks tão presente na sociedade, obviamente eles são integrantes importantes da paisagem urbana e da própria constituição cultural do país. Nesse contexto, um grupo de designers criou a Taxi Fabric, um estúdio de design que cria estampas para revestir o interior dos tuk-tuks. A ideia é promissora: melhorar a experiência da viagem cotidiana de milhares de pessoas através de uma plataforma que gere visibilidade ao design indiano, ainda pouco valorizado no país. “Os tuk-tuks na Índia, especialmente em Mumbai, não são apenas a forma mais conveniente de transporte, mas também são ícones da nossa cultura. Por mais que os motoristas sejam muito atenciosos com os seus tuk-tuks, pouquíssima atenção é dada ao seu interior, tornando os desenhos que cobrem os assentos maçantes e esquecíveis. Aliando esse contexto à possibilidade de expor o trabalho autoral de designers indianos, criamos a Taxi Fabric”, conta Sanket Avlani, diretor de arte do estúdio.
Starring in this context that mixes traffic jam and spirituality, are the tuk-tuks, the charming Indian vehicles which are responsible for transporting more than 250 million passengers every day, counting for over 20% of the country’s traffic. Developed in the 19th century with the famous model: “The lazy want to be dragged out”, the rickshaw was an immediate hit. After all, to explore human work force was much cheaper than keeping a horse healthy to pull a wagon. Later on, a bicycle was attached, giving birth to the rickshaw, but it was only in the 20th century that this gadget received an engine and the auto rickshaws, fondly nicknamed tuk-tuks, acquired the shape they currently possess: a hybrid between car and motorcycle, with 3 wheels and open sides. Estimates from the government indicate that in 2018 Mumbai will have more than 100 thousand tuk-tuks riding its streets. Such popularity of the automobile is given basically by three reasons: agility in transportation, ease of boarding and, mainly, price. A ride leaving from the main entrance of the Sanjay Gandhi National Park and going to the Mumbai University Ground, basically crossing the whole city, will cost roughly 400 rupees, around R$22. With the image of tuk-tuks so present in the society, they are obviously important members of the urban landscape and of the country’s own cultural essence. In this context, a group of designers created Taxi Fabric, a design studio that creates prints for the interior of the tuk-tuks. The idea is promising: improve the daily commute experience of thousands of people through a platform that gives visibility to the Indian design, which is underappreciated in the country. “The tuk-tuks in India, mainly in Mumbai, are not only the most convenient way of transportation, but also the icons of our culture. Although drivers are very attentive to their tuk-tuks, little attention is given to its interior, which makes the drawings covering the seats dull and forgettable. We created Taxi Fabric to match this context to the possibility exposing the work of Indian designers”, mentions Sanket Avlani, art director of the studio.
O DESIGN INDIANO
The Indian design
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No país emergente, além de uma tradição histórica praticamente inexistente, o design ainda encontra resistência ao ser percebido por grande parcela da sociedade como um setor de baixa relevância econômica e social. “O design na Índia não é bem aceito. Ele nunca foi amplamente reconhecido por aqui, sempre teve um alcance limitado. A população não entende a função do design, principalmente as gerações mais velhas”, conta a designer Girish Narayandass, cocriadora da Taxi Fabric.
At the emerging country, aside of a practically non-existent historic tradition, design still faces resistance since it is seen by most of its population as a sector of low economic and social relevance. “Design is not well received in India. It was never widely appreciated here, it always had limited reach. Population does not understand its purpose, especially older generations”, explains the designer Girish Narayandass, cofounder of Taxi Fabric.
Por isso, a alternativa encontrada pelos idealizadores do Taxi Fabric foi o financiamento coletivo via Kickstarter, uma plataforma digital que capta recursos para viabilizar ideias. “Nós fizemos o projeto acontecer, mas os nossos 219 doadores incríveis o tornaram possível, o que mostra que, por mais que tenhamos diversas dificuldades em difundir o design na Índia, ainda há esperança”, comenta Mahak Malik, produtora criativa do estúdio.
Seeking to propagate and promote design in the society, each print has a label with a mini resume of the designer who created it along with a brief history and explanation of design’s purpose: to whom and why it exists, disseminating the design on the most diverse social layers, given that the tuk-tuk is widely used by many groups, from students to businessmen.
Buscando a difusão e a promoção do design na sociedade, cada estampa tem uma etiqueta que traz um minicurrículo do designer criador da estampa junto a um breve histórico e explicação da função do design: para quem e por que ele existe, disseminando assim o design nas mais diversificadas camadas sociais, visto que o tuk-tuk é amplamente utilizado por diversos grupos, de estudantes a empresários. Com mais de um ano e 27 estampas lançadas, o sucesso da Taxi Fabric foi imediato, tanto entre passageiros quanto entre motoristas. “Os taxistas vêm até nós principalmente por causa da reação dos passageiros, que optam por passar mais tempo em sua viagem para olhar melhor os desenhos e tirarem selfies dentro do tuk-tuks”, conta Nathalie Gordon, publicitária do estúdio de design. As estampas se propõem a transmitir mensagens reflexivas e que realmente impactam a vida dos indianos. Seja através da exposição de problemáticas enraizadas na sociedade ou pela releitura de um fragmento da cultura local. Dessa forma, servem como plataformas para disseminar perspectivas contemporâneas de uma Índia que ao mesmo tempo carrega tradições milenares e exporta programadores que estão à frente de seu tempo.
Hence, the alternative found by the Taxi Fabric idealizers was the crowdfunding, through Kickstarter, a digital platform that capitalize funding to enable ideas. “We make the project happen, but our 219 amazing donors made it possible, which show us that, even though there are many difficulties to disseminate design in India, that is still hope”, comments Mahak Malik, creative producer of the studio.
With over a year and 27 launched prints, Taxi Fabric’s success was immediate, among both passengers and drivers. “Taxi drivers come to us mainly because of the passengers’ reaction, they choose to spend more time in their journeys to better look at the drawings and take selfies inside the tuk-tuks”, explains Nathalie Gordon, advertiser of the design studio. The prints propose to broadcast reflexive messages that really matter to the life of Indians. Whether by the exposure of problematical rooted to the society or by the rethinking of a fragment of the local culture. They serve as a platform to disseminate current perspectives of an India that, at the same time, carries millenary traditions and exports developers that are ahead of their time.
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Bollywood, o cinema dançante
Com uma bilheteria que excede 4 bilhões de espectadores por ano, Bollywood é a maior indústria cinematográfica do mundo. As milhares de produções cinematográficas seguem uma receita simples, mas certeira: três horas de muitas músicas e coreografias em torno de um par romântico que encontra dificuldades em ficar junto. Foi esse cenário que a designer Namrata Gosavi retratou na sua estampa “O bom, o mau e o bonito”. “Minha ideia foi projetar algo icônico de Mumbai, então escolhi retratar Bollywood”, diz. “Nos nossos filmes, o herói sempre derrota o vilão e salva a heroína. Acreditamos que, para salvar o belo, o bem sempre precisa derrotar o mal.”
Bollywood, the dancing cinema
With a box office that surpasses 4 billion viewers a year, Bollywood is the biggest film industry of the world. The thousands film productions follow a simple but effective recipe: three hours filled with music and choreography around a romantic couple that face difficulties to stay together. This was the scenario captured by the designer Namrata Gosavi on its print “The good, the bad and the beautiful”. “My idea was to design something iconic of Mumbai, so I chose to portray Bollywood”, says. “In our movies, the hero always defeats the villain and saves the heroine. We believe that, in order to save the beautiful, good always has to defeat evil.”
“Um século de revolta”, a independência da Índia
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Índia foi um território explorado por diversas nações até 1690, ano no qual se tornou colônia de exploração da Inglaterra. Mas foi apenas em 1947, com o movimento do Partido do Congresso, liderado por Mahatma Gandhi, reconhecido pela adoção da luta desarmada, que alcançou a independência. Inspirado nesse contexto, o designer Kunel Gaur criou a “Um século de revolta”. “Minha ideia foi fazer uma estampa inspirada na independência indiana”, conta. “Pensei em dedicar a minha arte para aqueles que admiro pela coragem e força que tiveram de lutar pela guerra da liberdade, mostrando o lado mais flutuante dessa cena utópica que é a liberdade.”
“A century of rebellion”, the independence of India India was a land exploited by several nations until 1690, year when it became an England colony. But it was only in 1947, with the Congress Party movement, lead by Mahatma Gandhi, famous for the adoption of unarmed fight, that it reached independence. Inspired in the context, the designer Knuel Gaur has created the print called “A century of rebellion”. “My idea was to make a print inspired in the Indian independence”, tells. “I thought about dedicating my art to those I admire by the courage and strength they had in order to fight for the freedom war, showing the most floating side of this utopian scene, which is freedom.”
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RAFAELLA SABATOWITCH AMANDA CAMARGO
Fakt Purushansathi, as formas do feminismo A Índia é considerada pela ONU, no grupo das 20 nações mais ricas do mundo, o pior país para uma mulher viver. Essa realidade é reflexo de uma sociedade fundamentada no patriarcado que carrega tradições como o pagamento do dote, os dogmas religiosos e a própria constituição. A estampa “Só para mulheres” rompe esse paradigma. “A mensagem Fakt Striyansaathi, que delimita em quais vagões de trem as mulheres podem entrar, sempre me causou repulsa. Então, decidi transformar isso em conceito e criar o compartimento dos homens no tuk-tuk, revertendo a opressão que passamos diariamente”, comenta a criadora da estampa, Roshnee Desai.
Fakt Purushansathi, the shapes of feminism India is considered by the UN, among a group of the 20 richest nations of the world, the worst country for women to live in. This reality is the reflex of a society based on the patriarchate that carries traditions like the dowry, religious dogmas and its own constitution. The print “Only for women” breaks this paradigm. “The message Fakt Striyansaathi, which defines in which train wagons women can enter, has always disgusted me. So I decided to turn this into a concept and create the men’s compartment in the tuk-tuk, reversing the oppression we face on a daily basis”, comments the creator of the print, Roshnee Desai.
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