TFG: Trivela l Complexo Esportivo do Ouro Verde

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trivela

COMPLEXO ESPOrTIVO DO OURO VERDE

Gabriela Colmanetti Bozzola Orientação: Sidney Piochi Bernardini

Trabalho final de graduação em Arquitetura e Urbanismo Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Campinas, Novembro de 2019


índice INTRODUÇÃO

METODOLOGIA

1. A PERGUNTA

1.1 As dimensões do esporte

1.2 O esporte como direto social

1.3 O esporte como ferramenta

1.4 Inclusão social através do esporte

1.5 A juventude 1.6 A pergunta

2. O LUGAR

2.2 A área de abrangência

2.3 A área de intervenção

2.1 A escolha

3. O PROGRAMA

4. O CONCEITO 4


5. A RESPOSTA

3.1 ReferĂŞncias

3.3 Alas

3.2 O Complexo Esportivo Trivela

3.3.1 Ala Sul

3.3.2 Ala Oeste

3.3.3 Ala Norte

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“O esporte tem o poder de transformar o mundo. Tem o poder de inspirar, tem o poder de unir as pessoas de um jeito que poucas coisas conseguem” . - Nelson Mandela

Figura 1: Mandela aperta mão de François Pienaar, em 1995 (Foto: Getty Images)

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INTRODUÇÃO No Brasil, o direito ao esporte, lazer, prática desportiva e acesso à equipamentos comunitários socializadores e inclusivos, considerando diversos aspectos educacionais, sociais e culturais, é lei desde que promulgada a Constituição de 1988. De acordo com o Estatuto da Juventude promulgado em 2013, esses direitos se encontram no bojo dos direitos fundamentais da população jovem. Os anos nos mostram que a compreensão da dimensão social do esporte é relativamente recente na história da humanidade, apesar de amplamente investigada. O tema do esporte como promotor da saúde, socialização, cidadania e inclusão social já foi muito discutido por profissionais de diversas áreas, desde a educação física à psicologia. Não há dúvidas que a prática esportiva traz benefícios aos seus praticantes e sociedade como um todo, uma vez que, segundo Cotta (1981), além de ser um meio de socialização, favorece o desenvolvimento da consciência comunitária, é uma atividade de prazer e exerce uma função de coesão social, ora favorecendo a identificação social, ora representando simbolicamente o corpo esportivo da nação. A partir do entendimento do poder do esporte na transformação da vida das pessoas, surgem diversas políticas públicas de esporte e lazer, assim como programas advindos de ONGs e iniciativas privadas em busca de visibilidade. Com isso, há diversos exemplos de experiências que funcionaram muito bem, mas também encontramos algumas mal sucedidas, uma vez que o esporte possui diversas particularidades que devem ser consideradas ao promovê-lo e utilizá-lo como ferramenta social, que muitas vezes não são levados em conta. Segundo relatório elaborado pela ONU¹, “As habilidades para a vida aprendidas por meio do esporte ajudam a empoderar os indivíduos e aumentam o bem-estar psicossocial, a autoestima e as capacidades, em todas as idades, e, assim, transformam a maneira de se relacionar com o mundo”.De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas o es7


porte é uma janela de oportunidades para transformação da vida, principalmente a dos jovens, afirmando que ações educativas aliadas à práticas esportivas são essenciais para que os jovens idealizem seus projetos de vida e tomem decisões seguras e autônomas, que poderão determinar o seu futuro, da sua família,comunidade e país. Todavia foi criado um discurso em cima de alguns estudos de que disponibilizar um ambiente esportivo pode resolver todos os problemas da sociedade, principalmente em relação à inclusão social e distanciamento dos jovens das drogas, o que não é tão simples. Além disso, sabe-se que o esporte também é espaço de confronto e reprodução de violências físicas e psicológicas, assim como de perpetuação de diversos tipos de discriminação. Tendo tudo isso em vista, esse trabalho busca trazer uma possível solução programática e arquitetônica para esse impasse, gerando um espaço que possa se utilizar do esporte como ferramenta social, principalmente destinado ao público jovem, se distanciando da inocência de acreditar que o esporte pode solucionar todos os problemas da sociedade, mas considerando todas as suas particularidades e criando um ambiente seguro e democrático para a prática esportiva. Assim como todo termo amplamente utilizado na linguagem popular, é complexo definir o esporte do ponto de vista

¹ Esporte para Desenvolvimento e a paz. Informativo da ONU no Brasil. 2015 8


metodologia A metodologia de projeto utilizada nesse trabalho vem de uma experiência da autora com um workshop oferecido pelo escritório catalão RCR Arquitectes, o qual consistia em um evento de três semanas onde seis grupos deveriam apresentar um projeto para a cidade de Olot, sede do escritório, aos sócios, se utilizando da metodologia que os próprios usavam internamente e que foi pasada aos participanetes. Esse processo de projeto acaba sendo muito similar ao que estivemos habituados a trabalhar durante a graduação, mas possui alguns pontos extras que foram de grande ajuda para manter o objetivo que tínhamos com o projeto de início ao fim, uma vez que trabalha muito com a ideia de criar definções e retornar à elas em momentos de tomada de decisão no decorrer do trabalho. Isso é possível a partir do entendimento e definição de alguns pontos chave, com o objetivo de trazer coerência ao projeto ao longo de seu processo, escalrecendo em todos os momentos sua intenção. Esses pontos são: 1. A pergunta O ponto de partida para iniciar o projeto é ter uma pergunta direta a qual este deverá responder. É a primeira a ser apresentada e deve ser constantemente revisitada, porém ela só surge após um entendimento mais profundo sobre o tema em questão e seus próprios objetivos com o projeto. No nosso caso, estudamos a história do esporte, o que ele representa hoje e como ele aparece no Brasil, principalmente em relação à políticas públicas. 2. O lugar Como em todo processo de projeto, deve ser feito um estudo do local onde este será implantado. Além do levantamento técnico e entendimento das dinâmicas sociais do espaço e seu entorno, acredita-se que toda área de intervenção pede por algum tipo de resposta formal. De maneira que após esses estudos, devemos nos perguntar “o que 9


esse lugar está pedindo” . 3. O programa e seu funcionamento Consiste na escolha, para o caso desse trabalho, e entendimento das atividades que tomarão lugar na área de intervenção. Além das relações entre essas atividades e de seus usuários, Conhecer quem são esses usuários e quais tipos de atividades servirá a cada um deles, assim como as relações técnicas desses programas entre si. 4. Conceitos a buscar A busca do conceito é a parte mais bastrata do processo, e é onde se começa a ser necessário retornar as definições anteriores de pergunta, lugar e programa para chegar num resultado coerente. Uma maneira interessante de se chegar até ele, é tentar responder a pergunta: o que queremos que as pessoas sintam nesse lugar? 5. Resposta É a proposta de projeto, que deverá responder à pergunta inicial, levando em consideração os pontos anteriores. Essa, é claro, é a parte mais longa do processo, e nela se retorna diversas vezes aos pontos anteriores, durante as tomadas de decisão do projeto. A metodologia também foi utilizada para estruturar esse memorial, uma vez que ele descreve esse processo.

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Figura 2: Foto de campo de futebol tirada por Renato Stockler, para a sessão “Terrão de cima”.

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A PERGUNTA Assim como todo termo amplamente utilizado na linguagem popular, é complexo definir o esporte do ponto de vista acadêmico. Nós utilizamos a palavra para diversos tipos de contexto no nosso dia-a-dia, e muitas vezes o que chamamos de esporte não se configura como a prática real deste, assim como uma atividade pode ser considerada esporte ou não dependendo das condições em que acontece e da orientação que possuem os participantes envolvidos. Por isso, é de extrema importância para esse trabalho definir exatamente quais atividades e condições são essas, uma vez que todos os estudos e experiências que utilizaremos para entender o poder do esporte na vida dos usuários será baseado em suas definições específicas (TUBINO, 2001) O Esporte Moderno como conhecemos hoje tem início com sua secularização. Na Grécia Antiga os Jogos Olímpicos eram considerados festivais sagrados, onde os atletas competiam para servir aos deuses e tinham seu último dia dedicado à cerimônias religiosas. Esse cenário se modifica com a Revolução Industrial e o advento do Capitalismo, onde as práticas físico-esportivas foram incentivadas como forma de manter a saúde da população, principalmente dos trabalhadores. O corpo humano era o instrumento através do qual se concretizava o trabalho produtivo e, portanto, deveria ser forte e saudável. Já no final do século XX, com a crescente urbanização e com o agravamento dos problemas urbanos, tais como a violência e o estresse, o lazer esportivo foi elevado à condição de direito fundamental dos cidadãos, com a função de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos (TUBINO, 2001) . Também devemos apontar os efeitos negativos do esporte moderno, destacando a reprodução do esporte-rendimento na educação, aliado aos vícios de exacerbação dos talentos em detrimento de outros alunos, além das discriminações à mulher e homosexuais no ambiente esportivo, acentuando os preconceitos que essas pessoas sofrem na sociedade. 13


O uso ideológico-político do esporte também tem carregado significados negativos expressivos, tendo sido utilizado pela primeira vez por Hitler nos Jogos Olímpicos de 1936, onde este buscou demonstrar a suposta supremacia alemã ariana sobre os demais povos, ideia que foi fortemente contrariada com as vitórias do negro norte-americano Jesse Owens. Posteriormente também foi utilizado durante a Guerra Fria, nos Jogos Olímpicos de 1952, gerando uma discussão sobre as intenções do capitalismo com o esporte, nos trazendo à um novo efeito nocivo do esporte moderno, onde predomina a mercantilização deste, sendo transformado em espetáculo, até o ponto onde se prioriza essa atração em detrimento do esporte propriamente dito e este tem que se adaptar às regras e necessidades do primeiro, com o objetivo de gerar maior visibilidade e renda (TUBINO, 2001)

Figura 3: Foto do Estádio Panathenaic recebendo a primeira olimpíada da Era Moderna, em Atenas, 1896.

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DIMENSÕES DO ESPORTE

Segundo Barbanti (2006), “Esporte é uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos”, sendo considerada intrínseca a determinação e satisfação do movimento, e extrínsecas as recompensas externas, como reconhecimento social, elogios e premiações. SAMULSKI (1992). Mas veremos mais adiante que há mais desdobramentos dessa definição que devemos explorar. Com a elaboração do Manifesto Mundial do Esporte, em 1964, o esporte passa a ser reconhecido não só como rendimento, mas também como esporte escolar e de tempo livre, aberto para todos. A partir disso começam a surgir as definições das diferentes dimensões do esporte, sendo essas o esporte-performance, esporte-educação e esportelazer, os quais possuem dinâmicas e características bastante diferentes entre si (TUBINO, 2001). ESPORTE-PERFORMANCE

É a dimensão que englobava todo o conceito de esporte até os anos 60. Por exigir uma organização complexa e grandes investimentos, sua visibilidade e consequente propício a espetáculos esportivos, cada vez mais passa a ser responsabilidade da iniciativa privada. Brohm (1976) mostra os efeitos sociais negativos da organização esportiva nos países capitalistas, onde os campeões são utilizados como instrumentos de reprodução das violências intrínsecas nos espetáculos esportivos, perpetuando diversos tipos de discriminação. Porém, o esporte-performance, ao ser reconhecido como atividade cultural, não deixa de ser um meio de progresso nacional e de intercâmbios internacionais. Também exige o envolvimento de vários tipos de recursos humanos qualificados, gerando a necessidade dediversas profissões de especialistas esportivos, favorecendo o crescimento de mão-de-obra especializada. Essa modalidade tem o poder de ser um grande fator de geração de turismo e, pelo fenômeno chamado efeito-imitação (Brohm, 1976), exerce grande influência no esporte popular.

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ESPORTE-EDUCAÇÃO Essa dimensão traz princípios muito distintos daqueles do esporte-performance, não se baseando em resultados e espetáculos, e sim na participação e aprendizado, não só da prática esportiva como de cidadania. De acordo com o Conselho Nacional de Desportos (Brasil, 1989) “O Desporto Educacional, responsabilidade pública assegurada pelo Estado, dentro ou fora da Escola, tem como finalidade democratizar e gerar cultura através de modalidades motrizes de expressão de personalidade do indivíduo em ação, desenvolvendo este indivíduo numa estrutura de relações sociais recíprocas e com a Natureza, a sua formação corporal e as próprias potencialidades, preparando-o para o lazer e o exercício crítico da cidadania, evitando a seletividade, a segregação social e a hipercompetitividade, com vistas a uma sociedade livremente organizada, cooperativa e solidária” Para Teotonio Lima (1987), uma orientação educativa no esporte deve vincular-se a três áreas de atuação: - A integração social, a partir da participação autêntica do educador, de modo a chegar na própria comunidade em que se insere o ambiente de aprendizado; - Desenvolvimento psicomotor, oferecendo oportunidades de participação que atendam as necessidades de movimento livre de discriminações de qualquer tipo; - Atividades físicas educativas, de maneira que a orientação do educador se direcione para as concretizações das aptidões em capacidades. ESPORTE-LAZER

“... O esporte-participação ou popular é reconhecido como aquela dimensão social do esporte mais inter-relacionada com os caminhos democráticos, [...] também por favorecer prazer a todos que dele desejarem fazer parte, não necessariamente daqueles que são bons, como ocorre no esporte-performance”. (TUBINO, 1939) 16

Sendo assim, tem como finalidade o bem-estar social dos


seus praticantes, assim como a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e as relações entre as pessoas, além de ser uma atividade completamente voluntária, trazendo o prazer lúdico aos praticantes. A dupla atuação presente do esporte de participação e parcerias fortalece os grupos e as comunidades, tornando-os ativos e com mais possibilidades de percepção do conceito de obrigação social, se tornando mais agentes do seu próprio destino. O ESPORTE COMO DIREITO SOCIAL

O termo “esporte social” surgiu com o intuito de envolver uma série de demandas sociais para as quais o esporte poderia contribuir de maneira decisiva, de modo que o esporte passou a ser concebido como um importante meio para se propor saídas para os problemas sociais que afetam a sociedade, principalmente crianças e jovens. Segundo Décio Saes (2003), nossos direitos se dão em três categorias: civis, os políticos e os sociais, sendo esses últimos equivalentes ao acesso à um mínimo de bem-estar e segurança materiais, que pode ser interpretado como o alcance de todos os indivíduos ao nível mais elementar de inclusão no padrão de civilização vigente. No Brasil, o esporte e lazer se tornam direitos sociais a partir da 1988, com a promulgação da Constituição, sendo que até então, a organização do esporte se deu de forma privada, por meio dos clubes e associações esportivas (BRACHT, 2003; LINHALES, 1997). Essa dimensão social do esporte surge do ideal de direito de todas as pessoas às práticas esportivas, que emerge a partir dos conceitos de esporte que vão além do esporte de alto rendimento, como visto anteriormente. A partir disso, temos o papel do Estado como promotor dessa categoria por meio de financiamentos, legislação específica e a criação de órgãos responsáveis pela formulação de políticas e normatizações esportivas, além da introdução de textos relativos ao esporte nas instituições (PELAYO 1977). Contudo, garantir a efetivação da contribuição para com essas demandas por meio do esporte exige esforços mais específicos. Forsthoff (1975) e Garcia-Pelayo (1977) apoiam

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uma intervenção estatal plena nos assuntos esportivos, crendo na incapacidade que leis naturais apresentam para conduzir ao equilíbrio social desejável. Já Noronha Feio (1978) e Cazorla Prieto (1979) defendem apenas uma atuação limitada deste, justificando apenas apoios estatais econômicos e financeiros no esporte de tempo livre, desde que tenham objetivos definidos na direção do entretenimento, e que não excluam o fomento à Educação Física e ao esporte-educação. É importante destacar também que, de acordo com Murray (1990), só o Estado pode tratar o esporte da maneira interdisciplinar que esse deve ser tratado, uma vez que afirma que qualquer programa esportivo social deve estimular as pessoas a buscar satisfações na família, na comunidade e na profissão. Muito pelo contrário do que afirmam Forsthoff (1975) e Garcia-Pelayo (1977), essas atividades devem ser planejadas para reduzir o papel das agências governamentais na vida dos cidadãos e promover a autodeterminação, a auto-suficiência, e a convivência respeitosa entre os seus participantes. O ESPORTE COMO FERRAMENTA

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Entendendo como o esporte passou de uma atividade extremamente restrita para um direito social, nos falta compreender quais são os aspectos do esporte que o tornam tão importantes para a sociedade em geral e cada indivíduo que o pratica. São muitos os estudos e atribuições dadas ao esporte, de maneira a nos mostrar quais são esses benefícios - assim como malefícios - e quais são as premissas que devem ser atendidas para que tais ganhos sejam efetivos. Para Mc Pherson, Curtis e Loy (1989), para que o esporte seja considerado como uma instituição social, este deve estar organizado socialmente, representar uma forma de atividade social e promover identificações sociais e valores. Para eles, os problemas sociais do esporte surgem principalmente como manifestação do progresso cultural, e é a partir desse entendimento que se torna cada vez mais claro o quão importante é que princípio do Fair Play esteja presente nessas práticas, uma vez que ensina a respeitar os adversários, companheiros, árbitros, dirigentes e diversos códigos incluindo as regras, sendo um princípio que estimula a cidadania.


É evidente que para que o esporte traga esses benefícios à sociedade e que a maior quantidade possível de indivíduos possa se beneficiar de suas contribuições sociais, este precisa chegar à ela de maneira democrática, o que não é tarefa simples, pela sua característica intrínseca de ser seletiva e excludente. Nos clubes e empresas, por exemplo, o associacionismo é a essência, sendo a democratização limitada pelas determinantes de status e pelas condições socioeconômicas impostas para a participação, algo semelhante ocorre em centros esportivos de alto rendimento, que limita pelos resultados individuais. Já nas escolas, todos os problemas do processo educacional acrescidos da falta de percepção do papel que o esporte pode exercer, serão os obstáculos para a utilização deste fenômeno no fortalecimento democrático. A democratização pelo esporte implicará sempre numa prática esportiva livre, onde essa liberdade estará implícita. Por isso o Estado deve assegurar que existam outras áreas sociais, que podem ser entendidas como de prática social esportiva, sendo essas as áreas públicas disponíveis, as escolas e a Natureza. Essa relação com a natureza também pode e deve ser explorada durante as práticas esportivas, afinal, o esporte moderno foi desenvolvido em contato direto com ela, estabelecendo uma profunda relação. Com o passar do tempo essa conexão foi sendo perdida, com o surgimento dos estádios e ginásios fechados, apenas algumas modalidades ainda permanecem sendo disputadas ao ar livre, mas ainda carente desse contato. Diversas associações entre o esporte e atividades de socialização podem ser feitas pelo fato de que as manifestações esportivas são consideradas como um produto da sociedade que a desenvolve, sendo um instrumento de transmissão cultural que reflete os seus valores básicos. Segundo Moragas (1992), diversos sistemas de valores se configuram mediante o esporte em nossa sociedade, como os processos de identificação coletiva, iniciação social, representação nacional e de grupos, as formas de lazer como atividade e como espetáculo, o companheirismo e a rivalidade, o êxito e o fracasso. Assim, o indivíduo se educa no esporte, interiorizando uma série de valores básicos para

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socialização, gerando companheirismo, solidariedade ou até violência. Esses valores são trabalhados continuamente, uma vez que o caráter formador do esporte se demonstra ao longo de sua prática (García Ferrando, 1991). Parlebas (1986) faz uma avaliação ainda mais profunda nessas associaçõe, afirmando que na lógica interna de cada esporte estão orientadas as condutas sociais de cada participante, portanto, no jogo esportivo está representada uma sociedade em miniatura, contendo todo um laboratório de condutas e comunicações humanas, onde se pode relacionar os problemas sociais relativos às percepções e decisões, dinâmicas de grupos, estratégias e até ritualismos, estando todos estes situados nas interações do plano do poder das iniciativas individuais com os sistemas de obrigações coletivas. Quanto à problemática da violência no esporte, se conclui que é necessário abordar o tema à longo prazo e de maneira integrada com os outros ambientes que os indivíduos frequentam, como familiar, escolar, de trabalho, etc, em direção à mudança da mentalidade dos jovens, até que esses adquiram uma rejeição ao comportamento violento. Tal objetivo pode ser alcançado a partir de uma política social e educacional, contando com o direcionamento de pais, educadores e professores, juntamente com campanhas informativas sobre o fair play no jogo e tipos de atitude em outras realidades da vida. Outro tema amplamente abordado ao longo da discussão sobre a influência do esporte na vida dos praticantes é o do uso de drogas. Por diversas vezes a prática é considerada como grande afastadora dos indivíduos das drogas pelo simples fato de mantê-los ocupados e fora das ruas e deve se tomar muito cuidado com essa falácia. O que devemos entender é que com um modelo de esporte-educação e esporte-lazer adequado, se alcança o desenvolvimento da autoestima e da capacidade de lidar com a ansiedade, além da habilidade de decidir e interagir em grupo, resistir às pressões e outros fatores, representando situações de fortalecimento e desenvolvimento de capacidades individuais (Carlini-Cotrim 1998). 20


A INCLUSÃO SOCIAl ATRAVÉS DO ESPORTE

De acordo com a Política Nacional do Esporte, redigida pelo Ministério da Educação, todas as pessoas, sem distinção de cor, etnia, gênero ou condição socioeconômica, devem ter garantia de acesso ao esporte, em especial as populações empobrecidas e os que são considerados menos hábeis para a prática. Também afirma que é dever do Estado garantir e multiplicar a oferta de práticas esportivas, competitivas e de lazer a toda a população. Em paralelo, o Ministério também vê no esporte um poderoso instrumento de inclusão social, de favorecimento da inserção dos indivíduos na sociedade e de ampliação das suas possibilidades futuras. Para tornar esse desejo possível, o documento também elenca

Figura 4: Foto de campo de futebol tirada por Renato Stockler, para a sessão “Terrão de cima”.

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algumas ações estratégicas necessárias, sendo essas: - Ampliação do acesso ao esporte em cada região do país como direito social; - Garantia da oferta regular e da disseminação da cultura das práticas esportivas escolar e de lazer para todas as pessoas, sem distinção de cor, raça, etnia, sexo, idade ou condição social; - Ampliação e modernização de infraestrutura esportiva, contemplando a diversidade das práticas; - Estruturação da Política Nacional de Recursos Humanos, articulada com estados e municípios, para capacitação e formação com caráter multiprofissional e multidisciplinar em parceria com o MEc e IES, de Recursos Humanos atuantes em atividades esportivas em todos os níveis, de forma a atender o Sistema Nacional de Esporte e Lazer; - Desenvolvimento do conhecimento, da ciência e da tecnologia do esporte. Projetos sociais por muitas vezes conseguem alcançar esse objetivo por meio do esporte, quando estão de acordo com uma série de requisitos. Veremos alguns exemplos mais adiante, porém nos falta discutir como o esporte atua como um agente de exclusão social e de reprodução de diversas formas de discriminação. No esporte, podemos ver exacerbadas a marginalização de homosexuais e mulheres, isso porque as mulheres, por exemplo, não podiam nem assistir aos jogos olímpicos na Grécia Antiga, e mesmo no esporte moderno só apareceram nos jogos olímpicos na década de 20. Ainda hoje há uma supremacia considerável em termos de modalidades e atletas, assim como árbitros e comentaristas do gênero masculino em detrimento do feminino. Tal discriminação se dá principalmente pelos valores culturais que orientaram a mulher para o casamento, para o lar e para os filhos, enquanto o homem era preparado para o trabalho. Consequentemente, por ter sido sempre um ambiente de grande exaltação da masculinidade, o esporte gera um certo afastamento de homens homosexuais, por por vezes não terem os traços comportamentais considerados “masculinos”.

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Em relação à isso, a ONU Mulheres vê no esporte uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento e o empoderamento de meninas, adolescentes e jovens mulheres,e afirma que


“A puberdade e a adolescência são momentos críticos, pois os estereótipos de gênero e a linha que divide o que é considerado adequado às meninas e aos meninos ficam muito mais evidentes. Em geral, nessa fase, as meninas são submetidas a um controle social muito maior sobre seus corpos e a uma perda de espaço público. Na puberdade, a autoestima das meninas tende a cair duas vezes mais do que a dos meninos, e 49% das meninas abandonam a prática esportiva, porcentagem seis vezes maior em comparação com os meninos”. A partir da avaliação de um Projeto de Inclusão Social através do esporte feito na favela Cidade de Deus, verificou-se que os participantes do programa apontam para as tarefas domésticas e, algumas vezes, para a gravidez como principais razões para o abandono. Também é recorrente ouvir dos professores de educação física escolar que, a partir da quinta série, meninas têm grande resistência em participar das aulas, onde entendeu-se que as relações diferenciadas com o corpo e a infraestrutura de vestiários e banheiros das escolas são as principais causas, pois, segundo alguns depoimentos, as meninas não desejam sair das atividades suadas e sentindo-se sujas. A partir desses estudos conclui-se que esse é um período da vida que demanda ações que garantam às meninas o direito de praticar esporte, ocupar os espaços esportivos disponíveis. Por isso aliar a prática de esportes à criação de espaços seguros é fundamental para que as meninas possam se desenvolver livres de preconceitos de gênero. Nesse sentido, o esporte realmente pode servir de apoio para o empoderamento dessas meninas, potencializando o desenvolvimento de habilidades como autoestima, liderança, conhecimento sobre o próprio corpo e sobre direitos, buscando amenizar a desigualdade de gênero. A JUVENTUDE

A partir dos estudos feitos para realizar esse trabalho, concluiu-se que apesar de ser positivo para qualquer um que o pratique, o esporte tem sido mais benéfico para a sociedade como um todo quando exercido pelos jovens em situação de vulnerabilidade social, configurando o público alvo do projeto. Assim, o primeiro passo para entender esses jovens

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é definir quem eles são. Pesquisadores envolvidos no assunto na UNESCO concordam que, a partir dos enfoques biológico e psicológico, a juventude estaria definida como o período que comporta desde o momento em que se atinge a maturidade fisiológica até a maturidade social, mas já que nem todos os indivíduos de uma mesma idade agem e reagem da mesma maneira, surge a necessidade de adotar outras dimensões de análise. A partir da sociologia e da ciência política: “juventude tem significados distintos para pessoas de diferentes estratos socioeconômicos, e é vivida de maneira heterogênea, segundo contextos e circunstâncias”. Para fins de pesquisas científicas que tenham por objetivo comparar a situação dos jovens em diferentes contextos, convencionase estabelecer “ciclos de idade”. Do ponto de vista demográfico, os jovens corresponderiam a “uma determinada faixa etária que varia segundo contextos particulares, mas que, geralmente, está localizada entre os 15 e os 24 anos”, e essa será a definição utilizada para prosseguir com esse trabalho. O próximo passo é compreender a realidade desse jovem no país e quais são as principais dificuldades que enfrentam, para que possamos propor soluções possíveis e efetivas para esse público. O Relatório do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) sobre a Situação da População Mundial de 2014 relatou que nove em cada dez jovens que viviam na época em países em desenvolvimento enfrentavam maiores obstáculos para alcançar seu pleno potencial e inserção mais produtiva no trabalho. Falando mais especificamente do Brasil, os dados do IBGE de 2006 mostraram que o país possuía uma população de 51,1 milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos, equivalentes a 27,4% da população, os quais possuíam trajetória escolar irregular ou fracassada, de modo que a frequência ao Ensino Médio não abrangia nem metade dos jovens da idade correspondente, sendo que 61,6% deles já haviam abandonado a escola pelo menos uma vez.

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Não obstante, nos deparamos também com a situação problemática do trabalho no Brasil, onde 42,2% dos homens jovens deixavam a escola para trabalhar em locais


com baixas condições e remuneração. Por fim, ainda há a questão da criminalidade, onde a participação de jovens em crimes relatados à polícia foi de 17,56% do total, sendo dessas 387,74 por lesões corporais, 218,23 por roubo a transeuntes, 20,24 por roubo de veículos, 14,57 por estupro e 41,96 por posse de drogas. Com o intuito de explorar as causas que levam à esse panorama, o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais) e o POLIS (Instituto de Estudos e Formação e Assessoria em Políticas Públicas), realizaram uma pesquisa intitulada ‘Juventude Brasileira e Democracia’, que revelou alguns aspectos acerca do assunto apontados pelos próprios jovens, que nos oferece grandes indicações do caminho a seguir: Os jovens demonstram não encontrar espaços de negociação e resolução de suas questões, ou canais de expressão de opiniões para a melhoria de vida; Eles denunciam as condições da escola pública evidenciando a falta de infraestrutura, baixos salários dos professores, aulas pouco atraentes, violência em torno da escola e constante falta de professores; Apontam a falta de trabalho como agravante do aspecto econômico, cultural e societário; Enfatizam o alto custo das atividades artístico-culturais, falta de segurança nos espaços de lazer e a centralização de oportunidades nas áreas nobres dos grandes centros urbanos. O ESPORTE PARA A JUVENTUDE

Considerando as circunstâncias discutidas, nos deparamos com o desafio de criar oportunidades para que esses jovens tenham condições de mudar essa realidade, e uma maneira é através do esporte. Segundo Vago (1999), para tal é necessário construir propostas pedagógicas capazes tanto de problematizar o lugar social do esporte, como de fortalecer seu papel na construção de uma sociedade justa e igualitária. Evidenciando a necessidade de tratar o esporte pedagogicamente para que atenda os objetivos vinculados com princípios democráticos e cidadãos que temos buscado, os quais só poderão ser alcançados por meio de práticas que promovam a autonomia, responsabilidade, solidariedade e o respeito ao bem comum, assim como princípios políticos

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dos direitos e deveres de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática, até os princípios estéticos da sensibilidade, criatividade, ludicidade e diversidade de manifestações artísticas e culturais. É importante destacar que nunca se trata de uma busca por um rendimento dos indivíduos, mas da possibilidade de desenvolvimento de capacidades da formação do jovem e no fortalecimento de sua identidade.

Figura 5: Foto de crianças participando do Projeto Bike Arte Gira, programa de estímulo ao uso da bicicleta na periferia.

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Contudo, o esporte possui aspectos contraditórios e complexos que tendem para intervenções que ora reforçam, ora enfraquecem conceitos como participação, cidadania, justiça social e democracia. De maneira que somente o esporte não é capaz de resolver o problema da desigualdade social, mas se não o utilizarmos em função da melhoria da qualidade de vida das pessoas e para a transformação dos modos de produção e reprodução da vida social, perderemos uma oportunidade histórica de chegar cada vez mais perto de construir uma sociedade justa e igualitária. EXPERIÊNCIAs

Investigamos alguns estudos baseados em experiências anteriores que buscavam atingir o objetivo que desejamos, de maneira que possamos elencar aspectos e preceitos que puderam ser adquiridos a partir delas. Victor Andrade de Melo fez uma pesquisa analisando projetos sociais realizados em todo o país, como por exemplo as campanhas “mexa-se” e “esporte para todos”, buscando entender suas deficiências e potencialidades. Por fim, concluiu que para fomentar tais programas e contribuir para ampliar suas possibilidades de contribuição política, deve-se buscar o maior envolvimento possível da comunidade interessada, procurando pensar os projetos não para os cidadãos e sim em conjunto com eles. Pra ele, quando se deixa de tomar tal procedimento, se corre o risco de não cumprir adequadamente as funções e de implementar ações, que acabam não trazendo os resultados esperados. Muitos projetos chegam a determinadas comunidades supondo que sabem o que os moradores e público envolvido necessita, mas com o olhar de fora, muitas vezes nutrido de desconhecimento e preconceitos, é comum que tal suposição seja errônea e que os objetivos não sejam alcançados. Já durante uma análise da adesão de jovens às atividades de um Projeto de Inclusão Social através do esporte na favela Cidade de Deus, feita por José Antonio Vianna e Hugo Rodolfo Lovisolo em 2008, constatou-se que a localização do núcleo facilitou o acesso dos participantes, por não necessitarem de transporte, as ruas planas tinham pouca movimentação de automóveis, favorecendo a utilização de

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bicicletas para o deslocamento dos que moravam mais afastados. Ademais, novamente se constatou que a eficiência dos programas passa pela construção de acordos entre as propostas institucionais e as expectativas dos participantes, de modo que conhecer as racionalidades locais e as expectativas dos participantes deveria ser um elemento chave para a otimização dos processos que estamos buscando. Em uma análise feita dos PELCs (Programa Esporte e Lazer na Cidade) feita por Liana Abrão Romera em 2013, ela afirma que acreditar que o esporte e lazer desconectados de outras ações socioeducativas e de oportunidades sociais representem, por si mesmos, a promessa de resgatar uma “infância e juventude perdidas”, ou um instrumento para “retirar os jovens da rua”,“ afastá-los das drogas”simboliza a expressão ou o desejo de um imaginário quase mágico de “salvação” dos jovens da rua, do vício, das drogas, da violência, da marginalidade, por meio das práticas esportivas e do controle de uso do tempo de lazer, é uma falácia. De maneira que a efetividade desses programas depende da conjugação de esforços e diferentes áreas de atuação. O antropólogo americano Philippe Bourgois, que pesquisa os usuários de drogas há 25 anos, coloca, por exemplo, o emprego da música e dos ritmos como uma das possibilidades de resgate desses usuários, proposta que vem acompanhada do estímulo à responsabilidade e do resgate de sua humanidade. Pensando em dialogar de maneira mais próxima dessa juventude, afirma que cabe o emprego das mídias, uma vez que representam novas modalidades de comunicação e expressão da contemporaneidade. Proposto por Cavalcanti (2012), um próximo passo para atrair esses jovens ao programa, seria a construção de uma agenda de oficinas e eventos com a juventude e não para a juventude, estabelecendo diálogos com base nas próprias especificidades das linguagens usadas e construídas pelos jovens. Dentre essas distintas linguagens encontram-se a internet, cultura hip hop, os vídeos e imagens e as novas maneiras de experimentar o corpo em práticas como Le parkour, slackline, skate e suas variações.

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A PERGUNTA

e se o esporte não fosse para os atletas? Após os estudos explanados nesse capítulo, concluímos que essa é a pergunta que o projeto deve buscar responder. Ela pode parecer contraditória ou até óbvia, dependendo de como se olha pra ela, porém ela traz a ideia de propor um espaço onde os benefícios do esporte relacionados à cidadania, pertencimento, responsabilidade etc, estejam acima daqueles em relação a desempenho.

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O LUGAR

A ESCOLHA

A única definição de localização que o projeto possuía a princípio era que esse deveria se localizar no município de Campinas, por um interesse pessoal da autora, pelo conhecimento prévio da cidade e a possibilidade de visitar o local com facilidade, a parte disso, restava definir qual seria exatamente o local de implantação do projeto. Para tomar essa decisão, foram levados em conta o público alvo definido e alguns parâmetros retirados da bibliografia estudada. A metodologia considerada apropriada para chegar na devida implantação foi a de cruzar mapas com dados do último Censo do IBGE (2010), chegando ao ponto que teria o maior número de intens que estávamos buscando. Em princípio, analisamos o mapa de densidade populacional, uma vez que gostaríamos de idealizar um equipamento amplo, que assistisse um grande número de pessoas, esse deveria estar localizado em uma região com alta densidade populacional. Com isso, fomos ao nosso público alvo, buscando os espaços que possuíam maior número de jovens, famílias com renda média baixa e com maiores índices de criminalidade. Captando as regiões que possuíam o que estávamos buscando, foi necessário filtrar mais a pesquisa para encontrar o local mais adequado. Primeiramente, uma pesquisa dos centros e praças de esportes localizadas no município atualmente nos indicou onde tal projeto seria redundante, depois buscamos os vazios urbanos e terrenos sem uso com grande área, uma vez que temos um programa bastante espaçoso, e logo, como nossa pesquisa nos direcionou para a importância da relação desses espaços esportivos à escolas e outras instituições de ensino e culturais, buscamos quais desses terrenos dispunham de maior proximidade com tais equipamentos.

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DENSIDADE DEMOGRÁFICA

Sem população Menor que 5 hab/ha De 5 a 50 hab/ha De 50 a 100 hab/ha De 100 a 200 hab/ha Acima de 200 hab/ha Figura 7: Mapa retirado da Prefeitura de Campinas e editado pela autora.

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O município de Campinas teve um crescimento espraido, principalmente por conta do mercado imobiliário, gerando um modelo de urbanização difuso, por isso vemos grandes áreas com pouca ou nenhuma população. Nota-se que, como de praxe, esses números aumentam em direção ao centro, mas não de maneira uniforme, mostrando diversas centralidades esparsas.


% DA POPULAÇÃO COM IDADE ENTRE 12 E 26 ANOS

De 0% a 27% De 28% a 32% De 33% a 38% De 39% a 42% Figura 8: Mapa retirado da Prefeitura de Campinas e editado pela autora.

Quanto à concentração de jovens na territorialidade do município, vê-se que estes se encontram principalmente nas franjas urbanas, mais afastadas do centro. O Censo mostra que a maioria dos moradores do centro da cidade são mais idosos, de maneira que apesar de ser um local de fácil acesso, demandaria grandes deslocamentos para a grande maioria do nosso público.

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RENDa MÉDIA DOMICILIAR

Menos de 100 hab Acima de 8,1 salários mínimos Entre 5,1 e 8,1 salários mínimos Entre 3,6 e 5,1 salários mínimos Entre 1,4 e 3,5 salários mínimos Figura 9: Mapa retirado da Prefeitura de Campinas e editado pela autora.

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A conformação da cidade de Campinas nos mostra que a parte mais rica está ao Norte e a mais pobre ao Sul, isso ocorre, dentre outros fatores, porque o tipo de terra encontrada à Norte é muito bom para a produção agrícola, fazendo com que o preço desta aumentasse. Já ao Sul e Oeste, encontramos muitas indústrias, que atraíram número expressivo de mão-de-obra barata para a região.


TAXA DE HOMICÍDIO Em homens de 15 a 39 anos no período de 2002 a 2004

42,1 81,9 181,2 210,8 Figura 10: Mapa retirado da Prefeitura de Campinas e editado pela autora.

Em relação às taxas de criminalidade de Campinas, fica claro o reflexo das características vistas anteriormente, onde os bairros mais problemáticos são aqueles que mais sofrem com a violência.

35


praças de esportes

Figura 11: Mapa produzido pela autora.

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Com o levantamento das Praças de Esportes existentes no munícipio vimos que esses são bem distribuidos, porém com algumas lacunas em algumas regiões mais periféricas. Cruzando essas informações com os mapas anteriores, buscamos um local com terrenos de grande área e próximo à escolas, que nos levou a três terrenos próximos um ao outro localizados no Ouro Verde.


área de abrangência

Quadras e campos de futebol Equipamentos públicos Figura 12: Mapa produzido pela autora.

Uma vez que a região onde se localizam os terrenos escolhidos para implantar o projeto tem limites muito marcados, hora por vazios urbanos e hora pelo Rio Capivari (à direita), ficou bem clara a área de abrangência do projeto, apesar do objetivo deste de alcançar não apenas a população local. Nesse mapa destacamos o eixo de edifícios púlbicos com escolas mencionado anteriormente.

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USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

REsidencial Comercial Institucional Áreas livres Industrial Figura 13: Mapa produzido pela autora.

Apesar de possuir um caráter residencial, a região mostra relativa diversidade de usos, com grande variedade de comércios e serviços ao longo das avenida. Também destacase o grande número de usos institucionais, os quais são escolas, e oferta de áreas livres, porém essas não são qualificadas autalmente. 38


hierarquia de vias

Vias locais Vias coletoras Vias arteriais Figura 14: Mapa produzido pela autora.

A via mais importante da região é a Avenida Ruy Rodrigues, destacada em rosa no mapa, sendo a única via arterial da região, funcionando como conexão desta com a cidade. As Avenida Arymana e Coacyara são as coletoras paralelas em verde, que recebem o fluxo das vias locais da área. 39


mobilidade

CENTRO TERMINAL CENTRAL CAMPINAS SHOPPING TERMINAL OURO VERDE TERMINAL METROPOLITANO BRT TERMINAL VIDA NOVA

AEROPORTO JD PLANALTO JD AERONAVE Figura 15: Mapa produzido pela autora.

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Pela análise das linhas de ônibus que circulam atualmente na região, confirmamos o que vimos com a hierarquia de vias, uma vez que a Ruy Rodrigues faz a conexão com a cidade, e a Arymana com os bairros no entorno. Além disso, está sendo implantadoa uma linha do novo BRT de Campinas na Av Ruy Rogrigues, melhorando significativamente o acesso ao complexo.


A’

área de intervenção

b

A

b’

Área de intervenção Escolas Bares e restaurantes

Figura 16: Imagem retirada do Google Maps e editada pela autora.

O projeto tem por objetivo atuar além da escala das quadras, mas com a rua e vizinhança, buscando uma conexão entre os terrenos. Além do eixo de escolas destacado anteriormente, tem-se atualmente, dentro das quadras de atuação, pequenos comércios como bares e lanchonetes, localizados em quiosques formais e informais. 41


TOPOGRAFIA

CORTE AA’

CORTE bb’

42

Dois dos terrenos escolhidos (oeste e sul) possuem uma topografia muito uniforme, porém o terreno mais à leste apresenta uma declividade muito acentuada e característica, também gerada no momento da implantação dos atuais campos de futebol no local. Nos cortes conseguimos entender melhor a relação desse declive com a rua, seu entorno e si próprio.


limites

12

1

11

2 10

5 3

4

6

7

8

9

Figura 17: Mapa produzido pela autora.

A partir da visita de campo ao local, entendemos a importância de fazer um levantamento das tipologias dos limites da área de intervenção, por ter grande influência na relação das áreas livres e escolas com a rua e entorno. O mapa e registro fotográfico mostram essas relações. 43


1

2

4 3

6 5

Figuras 18 a 30: Fotos tiradas pela autora.

44


7

8

10 9

12 11

45


As fotos mostram as visuais que os pedestres possuem ao caminhar por volta da área excolhida para a intervenção do projeto. Percebe-se o gabarito baixo das construções no entorno e as diferenças entre as barreiras. Como mencionado, fica bastante clara a diferença entre as escolas que são cercadas por muros e por por grades. O que chama bastante atenção também é o fato de que as quadras existentes são todas cercadas por uma grade e portão. Algumas delas permanecem abertas, outras podem ser trancadas, mostrando o controle de acesso à estas. O caminho é bastante arborizado e as vias locais possuem todas a mesma configuração, com duas mãos para carros e uma faixa de estacionamento. O movimento é bem tranquilo em todas elas e até na Avenida Arymana, mostrando maior movimento apenas na Avenida Ruy Rodrigues. A largura da calçada é geralmente satisfatório e confortável ao pedestre.

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zoneamento

ZC2 ZM1 Figura 31: Mapa produzido pela autora.

A área de intervenção se localiza na Macrozona de Estruturação Urbana segundo o Plano Diretor de Campinas de 2018, dentro da Área de Planejamento e Gestão do Ouro Verde e Unidade Territorial Básica EU-37. 47


Ainda segundo o Plano Diretor, temos como objetivos dessa macrozona: I - valorizar e ampliar as áreas públicas, promover a ocupação das áreas vagas e a qualificação das áreas vulneráveis sob os aspectos socioeconômico, urbanístico ou ambiental; II - incentivar o uso misto; III - fomentar centralidades atreladas às estruturas de transporte coletivo, com possibilidade de uso e ocupação mais intensos do solo; IV - promover o adensamento nas regiões mais bem estruturadas e ao longo da rede estrutural de transporte público; V - promover a regularização fundiária de interesse social dos núcleos urbanos informais passíveis de consolidação e orientar a regularização fundiária de núcleos urbanos informais de interesse específico; VI - promover e estimular a produção de empreendimentos habitacionais de interesse social; VII - requalificar urbanística, social e ambientalmente a área central. E diretrizes: I - incentivo à ampliação da oferta de moradia, reabilitação dos espaços públicos e dos bens históricos e culturais; II - promoção de intervenções na estrutura viária e de transporte para correção dos problemas de descontinuidade entre bairros; III - estabelecimento de usos mistos compatíveis com o uso residencial no interior dos bairros residenciais; IV - urbanização dos núcleos urbanos informais de interesse social passíveis de consolidação e a titulação dos ocupantes; V - adoção de medidas visando compelir os responsáveis a regularizar as áreas de interesse específico, quando tecnicamente possível; VI - reserva de áreas para produção de habitação de interesse social com oferta adequada de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas.

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Pela Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) de Campinas, temos dois terrenos na Zona de Centralidade 2 (ZC2) e um na Zona Mista 1 (ZM1), e possuímos a tipologia CSEI, que inclui edificações não habitacionais destinadas ao comércio, serviço, institucional e/ou industrial. Abaixo elecamos tudo o que a Lei diz sobre ambos: Zona de Centralidade 2 - ZC2 - Zona definida pelos eixos do DOT (Desenvolvimento Orientado pelo Transporte) de média densidade habitacional com mescla de usos residencial, misto e não residencial de baixa, média e alta incomodidade, observado que: a) o CA min será equivalente a 0,50 (cinquenta centésimos); b) o CA máx será equivalente a 2,0 (dois); - HU, HMV, CSEI e HCSEI, proibidos novos loteamentos, parcelamentos ou desdobros que resultem em lotes com área menor que 400,00m² (quatrocentos metros quadrados); Zona Mista 1 - ZM1 - Zona residencial de baixa densidade habitacional, com mescla de usos residencial, misto e não residencial de baixa e média incomodidade compatíveis com o uso residencial e adequados à hierarquização viária, observado que a) o CA min será equivalente a 0,25 (vinte e cinco centésimos); b) o CA max será equivalente a 1,0 (um); CSEI A tipologia deverá respeitar os seguintes parâmetros: áreas mínimas e máximas dos lotes e testadas serão de: Para ZM1: 200,00m² e 10.000,00m², com testada mín de 8,00m Para ZC2: 400,00m² e 32.400,00m², com testada mín de 16,00m A altura máxima será: a) na ZM1: menor ou igual a 23m (vinte e três metros)

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DADOS SOCIOECONÔMICOS

RENDA MÉDIA (em salário mínimo) 50.000 40.000 30.000

20.000 10.000 0

sem renda

até 1

de mais de 1 a 5

de mais de 5 a 10

mais de 10

ALFABETIZAÇÃO (por faixa de idade em anos) 100

75

50

25

0

de 5 a 14

de 14 a 29

POPULAÇÃO POR IDADE (%) mais de 30

mais de 29

POPULAÇÃO POR SEXO (%) mulheres

de 0 a 14

homens de Figura 15 a32: 29 Gráficos produzidos pela autora.

50


Uma vez que escolhemos a região de intervenção do projeto a partir dos indicadores que buscávamos em relação ao público alvo do equipamento, é evidente que os dados socioeconômicos referentes ao local nos confirmaria tal realidade. Porém é importante detalhar melhor essa população da área de abrangência do projeto para entender realmente quem poderá se beneficiar deste. Vemos uma população predominantemente de baixa renda, com altos registros de famílias sem renda, porém ao observar os dados de alfabetização temos um cenário positivo, principalmente se comparado à realidade brasileira, o que também indica que as crianças e jovens frequentam a escola, ao menos até certo ponto. Além da comprovação da grande quantidade de crianças e jovens na região, outro dado levantado bastante relevante é a proporção entre homens e mulheres, que é praticamente a mesma, reforçando a necessidade de atender ambos os sexos com as atividades propostas.

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Figura 33: Foto de campo de futebol tirada por Renato Stockler, para a sessão “Terrão de cima”.

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o programa Para definir qual seria exatamente o programa do complexo, nos utilizamos principalmente do Diagnóstico Nacional do Esporte, realizado pelo Ministério do Esporte a partir de dados do IBGE. Tal diagnóstico traz informações sobre diversas relações dos brasileiros com os esportes, desde os que são mais praticados por cada idade e gênero, às maiores causas de abandono destes. A baixo temos os dados das atividades físicas mais praticadas por idade e gênero em 2013.

Figura 34: Tabela retirada do Diagnóstico Nacional do Esporte (IBGE, 2013)

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Figura 35: Tabela retirada do Diagnóstico Nacional do Esporte (IBGE, 2013)

Uma vez que queremos criar um espaço democrático e que permita que os usuários adquiram senso de cidadania e identificação, selecionamos - dentro dos esportes identificados como os mais praticados pelo nosso público aqueles que unem pessoas, sendo esses os esportes coletivos e os individuais que são praticados em equipes.

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Para dimensionar a quantidade da oferta desses esportes em número de equipamentos, nos utilizamos dos CDCs (Centros de Comunidade), CELs (Centros Esportivos e de Lazer) e CEs (Centros Esportivos) de São Paulo como referência para entender a oferta desses equipamentos por quantidade de moradores na capital, uma vez não pudemos fazê-lo com o município de Campinas, por não possuir uma


amostra sufiicente destes. A partir dessas análises, entendemos que o programa deveria ser dividido em três partes, sendo essas a de esportes tradicionais, esportes urbanos e a seção administrativa e de serviços. O cálculo de áreas foi realizado a partir das dimensões oficiais de quadras e campos, somados ao fim às arquibancadas e espaços de circulação. A distribuição do programa nos terrenos foi feita a partir das dimensões e condições topográficas destes, assim como a inserção na cidade de cada um deles. As pistas de skate e mountain bike foram colocadas no terreno menor, ao Sul, juntamente com outros tipos de esportes radicais, como o parkour e parede de escalada. O ginásio, que aloca o campo de futebol em destaque na esquina entre as duas principais avenidas da área de intervenção, abriga uma quadra poliesportiva e piscina olímpica, além de salas de ginástica geral, dança e luta. Também contém a parte administrativa. A decisão de implementar o ginásio nesse terreno veio da possibilidade que seu desnível ofereceu de aterrar grande parte deste, proporcionando a permeabilidade visual e de passagem pelo local, juntamente com o campo de futebol, na esquina de maior destaque do projeto, onde atualmente se encontram bares e lanchonetes e tem a passagem do BRT de Campinas, tal desnível também permitiu que criássemos uma arquibancada que se encontra quanse sempre no nível do pedestre, ao mesmo tempo que funciona como a cobertura de parte do ginásio. As quadras de esportes de áreas livres serão implantadas no terreno à oeste, mais próximo do posto de sáude. Na tabela e na implantação a seguir podemos conferir a tabela de áreas e a espacialização do programa.

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CATEGORIA CATEGORIA CATEGORIA

Esportes tradicionais Esportes tradicionais Esportes tradicionais

Administrativo Administrativo Administrativo

CATEGORIA CATEGORIA CATEGORIA Administrativo Administrativo Administrativo

Esportes radicais Esportes radicais Esportes radicais

CATEGORIA CATEGORIA CATEGORIA

Esportes tradicionais Esportes tradicionais Esportes tradicionais

Administrativo Administrativo Administrativo

Esportes radicais Esportes radicais Esportes radicais

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ALA NORTE ALA NORTE

PROGRAMA ALA NORTE PROGRAMA Campo de futebol de grama PROGRAMA Campo de futebol de grama Quadra Campo poliesportiva de futebol de(futsal/handebol/basquete) grama Quadra poliesportiva (futsal/handebol/basquete) Sala de ginástica artística Quadra poliesportiva (futsal/handebol/basquete) Sala de ginástica artística Piscina Sala de olímpica ginástica artística Piscina olímpica Sala de dança Piscina olímpica Sala de dança Sala Sala lutas de dança Sala lutas Salão de jogos Sala lutas Salão de jogos Administração/recepção Salão de jogos Administração/recepção Ambulatório Administração/recepção Ambulatório Sala de professores e funcionários Ambulatório Sala de professores e funcionários Copa Sala de professores e funcionários Copa Depósito de material esportivo Copa Depósito de material esportivo Vestiário Depósito de material esportivo Vestiário Restaurante Vestiário Restaurante Depósito de produtos de limpeza Restaurante Depósito de produtos de limpeza Depósito de produtos de limpeza

ALA SUL ALA SUL ALA SUL

PROGRAMA PROGRAMA Ambulatório PROGRAMA Ambulatório Vestiário Ambulatório Vestiário Depósito Vestiário de material esportivo Depósito de material esportivo Depósito de limpeza Depósito de de produtos material esportivo Depósito de produtos de limpeza Skate Depósito de produtos de limpeza Skate Parede Skate escalada Parede escalada Parkour Parede escalada Parkour Mountain Parkour bike Mountain bike Mountain bike

ALA OESTE ALA OESTE ALA OESTE

PROGRAMA PROGRAMA Quadra de peteca PROGRAMA Quadra de peteca Quadra pequena (society) Quadra futebol de peteca Quadra futebol pequena (society) Quadra basquete Quadra de futebol pequena (society) Quadra de basquete Quadra Quadra de de tênis basquete Quadra de tênis Quadra de praia Quadra volei de tênis Quadra volei de praia Quadra Quadra volei volei de praia Quadra volei Garrafão basquete Quadra volei Garrafão basquete Paredão Garrafãotênis basquete Paredão tênis Banheiros Paredão tênis Banheiros Vestiários Banheiros Vestiários Restaurante Vestiários Restaurante Ambulatório/Enfermaria Restaurante Ambulatório/Enfermaria Sala de professores e funcionários - copa Ambulatório/Enfermaria Sala de professores e funcionários - copa Copa Sala de professores e funcionários - copa Copa Depósito de material esportivo Copa Depósito de material esportivo Depósito de limpeza Depósito de de produtos material esportivo Depósito de produtos de limpeza Slack line de produtos de limpeza Depósito Slack line Slack line

QTDD QTDD 1 QTDD 1 11 1 11 1 11 1 21 2 12 1 11 1 11 1 11 1 11 1 11 1 31 3 63 6 16 1 11 1 1

ÁREA UN (m²) ÁREA UN (m²) ÁREA UN7740 (m²) 7740 1050 7740 1050 1500 1050 1500 1250 1500 1250 240 1250 240 380 240 380 250 380 250 25 250 25 28 25 28 48 28 48 25 48 25 100 25 100 30 100 30 320 30 320 5 320 5 Total5 Total Total

ÁREA TOTAL (m²) ÁREA TOTAL (m²) ÁREA TOTAL7740 (m²) 7740 1050 7740 1050 1500 1050 1500 1250 1500 1250 480 1250 480 380 480 380 250 380 250 25 250 25 28 25 28 48 28 48 25 48 25 300 25 300 180 300 180 320 180 320 5 320 5 135815 13581 13581

QTDD QTDD 1 QTDD 1 21 2 12 1 11 1 11 1 11 1 11 1 11 1 1

ÁREA UN (m²) ÁREA UN (m²) 20 ÁREA UN (m²) 20 30 20 30 20 30 20 3 20 3 20003 2000 140 2000 140 80 140 80 1600 80 1600 Total 1600 Total Total

ÁREA TOTAL (m²) ÁREA TOTAL (m²) 20 ÁREA TOTAL (m²) 20 60 20 60 20 60 20 3 20 3 20003 2000 140 2000 140 80 140 80 1600 80 1600 3923 1600 3923 3923

QTDD QTDD 1 QTDD 1 11 1 11 1 11 1 11 1 11 1 21 2 22 2 12 1 21 2 12 1 11 1 11 1 11 1 11 1 11 1 11 1 1

ÁREA UN (m²) ÁREA UN (m²) 112 ÁREA UN (m²) 112 1125 112 1125 420 1125 420 192 420 192 324 192 324 324 324 324 210 324 210 165 210 165 6 165 6 306 30 380 30 380 32 380 32 48 32 48 25 48 25 20 25 20 8 20 8 9008 900 Total 900 Total Total

ÁREA TOTAL (m²) ÁREA TOTAL (m²) 112 ÁREA TOTAL (m²) 112 1125 112 1125 420 1125 420 192 420 192 324 192 324 324 324 324 420 324 420 330 420 330 6 330 6 606 60 380 60 380 32 380 32 48 32 48 25 48 25 20 25 20 8 20 8 9008 900 4726 900 4726 4726



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conceito Esse projeto tem como pressuposto, desde o momento da ideia de concebê-lo, ser um complexo esportivo o mais acessível possível, em todos os sentidos e escalas. Desde o intuito de gerar um espaço que seja de fácil acesso em questão de mobilidade para toda a cidade, a criar uma permeabilidade entre este e seu entorno imediato, incluindo ser tecnicamente acessível a deficientes físicos e propício ao uso por diversos perfis de jovens, gerando um espaço democrático e diverso. A partir desse conceito, se idealizou um espaço semelhante à uma praça de esportes, onde os usuários poderiam sempre utilizá-lo sem o “entrar” e “sair”, mas como um espaço público integrado à cidade, por onde os cidadãos que não estivessem se utilizando do equipamento pudessem interagir, assistir ou simplesmente passar por ele. Contudo, a partir dos estudos realizados para esse trabalho, incluindo bibliografia e análise de experiências precedentes vistas anteriormente, entendemos que apenas o espaço esportivo, mesmo com qualidade arquitetônica, não permite aos usuários usufruírem de todos os ganhos possibilitados pelo esporte citados no primeiro capítulo, - incluindo ganho de consciência de cidadania, habilidades em lidar com pessoas e aumento da auto estima - requerindo um educador e uma rotina junto à esses jovens, trazendo essa disciplina que buscamos. Além disso, ficou clara a necessidade de ligar o programa esportivo à outros, como possíveis palestras e cursos profissionalizantes, locais para convivência social, como bares ou restaurantes, assim como espaços flexíveis que possam permitir apropriação e novos usos. Assim mesmo, não nos desprendemos completamente do nosso conceito inicial, e buscamos combinar esse ideal inicial com o aprendizado trazido pelo estudo do esporte.

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A decisão de trabalhar com três terrenos distintos para implementar o projeto surgiu dessa vontade de criar um espaço que insere e está inserido na cidade, se conectando com ela ao mesmo tempo que conecta suas partes, por meio de alguma solução formal para essa conexão. Foram elencadas algumas diretrizes que consideramos necessárias para alcançar esse espaço que queremos criar. Entendemos que essas definições são muito importantes para guiar a continuidade desse trabalho, pois uninem o conceito do projeto ao programa que queremos implementar, sempre considerando o espaço no qual estamos atuando e o que ele pede. Dessa maneira, podemos realizar estudos formais para soluções ao projeto sem perder o entendimento do nosso objetivo. Abaixo temos essas diretrizes: 1. Gerar um espaço aberto para a cidade, com o mínimo de barreiras possível, tornando o equipamento uma ferramenta que pode ser utilizada em qualquer momento pela população; 2. Conectar os três terrenos escolhidos não apenas pelo programa, mas por meio de uma solução formal, como uma ciclovia e uma pista de corrida; 3. Criar apenas um edifício fechado, incluindo todo o programa que exige tal espaço, permitindo a permeabilidade por ele, por meio do aproveitamento do desnível significativo em uma de nossas áreas; 4. Oferecer diversidade de programas no complexo, mantendo o uso atual com lanchonetes e bares e diversificando também a relação com o esporte; 5. Ter um espaço flexível que permita uso para outras atividades como palestras e cursos. Todas essas diretrizes, além dos propósitos já mencionados, devem resultar em um projeto de um equipamento onde todos se sintam cofortáveis a utilizar, oferecendo um espaço democrático para a prática da cidadania e eporte.

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A RESPOSTA

REFERÊNCIAS

CLOUD TOWN EXHIBITION CENTER

Localização: Hangzhou, China Ano de inauguração: 2018 Arquitetos: Approach Design Área: 66.680m²

O parque de esportes de Hangzhou possui um programa que vai além do de esporte, onde recebe convenções, palestras e diversos tipos de eventos. Apresenta uma área de implantação muito generosa e aproveita muito bem o espaço com grande proporção de área construída, porém quase não se vê edifícios ao observar o projeto, em decorrência da topografia gerada pelo conjunto.

Figuras 40 a 42: Fotos retiradas no dezeen.com

Os arquitetos trabalham com uma complexidade de níveis e desníveis, tendo grande parte de seu programa totalmente aberto, sem restrições de acesso, apenas proteções. Apresenta uma grande pista de corrida que percorre todo o complexo e, como visto na imagem (x), permite que sejam implementados programas pontuais no local, que podem estar relacionados com educação ou cultura. 63


COMPLEXO ESPORTIVO DA ROCINHA

Localização: Favela da Rocinha - RJ Ano de inauguração: 2010 Arquitetos: Luis Carlos Toledo Área: 15.000m²

O Complexo Esportivo da Rocinha, por ter sido resolvido de maneira muito diferente à que buscamos nesse trabalho, aparece como uma referência programática ao projeto. Buscando atender às demandas da comunidade, o centro é constituído por uma grande placa dotada de um campo de futebol, piscina semiolímpica, ginásio coberto, centro de judô de alto rendimento, parque de skate, vestiários e áreas administrativas. Sob a placa encontram-se além dos estacionamentos, instalações para a prática de box, musculação, ginástica, loja de artesanato e uma delegacia. Ademais, promove programas de inclusão social e capacitação, levando palestras e workshops para os jovens que utilizam o equipamento, buscando gerar oportunidades de empreendedorismo para as comunidades do entorno. 64

Figuras 34 a 36: Fotos tiradas pela Prefeitura do Rio de janeiro


GAMMEL HELLERUP HIGH CHOOL

Localização: Dinamarca Ano de inauguração: 2013 Arquitetos: Bjark Ingels Group Área: 1.100m²

O projeto realizado pelo BIG em uma escola próxima a Copenhague resolve de maneira muito interessante o problema de ter uma quadra poliesportiva no centro do pátio da escola. Num local onde esta impediria os fluxos dos estudantes o tempo todo, ele enterra o ginásio (figura y), deixando no térreo uma montanha artificial em madeira criada pela cobertura deste, onde o arquiteto aloca alguns bancos e mesas, criando um espaço de permanência para os alunos, além de possibilitar a permeabilidade desejada. Na primeira imagem vemos que no campo da lateral também se faz o uso de falsa topografia para criar uma espécie de arquibancada em plano inclinado, gerando um novo espaço para aulas logo abaixo, utilizando tanto o piso quanto o terraço da área aproveitada. Figuras 37 a 39: Fotos retiradas no dezeen.com

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O COMPLEXO ESPORTIVO TRIVELA

A proposta de projeto desse trabalho será apresentada em duas escalas, a primeira, do complexo esportivo, traz um entendimento da relação deste com o bairro, com a cidade e dentro do prórpio. A segunda, das quadras, explana as relações internas de cada área do projeto, sendo que a Ala Norte foi escolhida para ser melhor discutida e trabalhada. No complexo esportivo, o principal destaque são as conexões. Desenhar um equipamento mais aberto para a cidade, em terrenos diferentes, que pudesse funcionar como espaço público, permitindo ao máximo a passagem de não usuários pelos ambientes, ao mesmo tempo que mantém a unidade do espaço foi um grande desafio nesse projeto. Foram utilizadas quatro ferramentas de conexão principais entre essas áreas, essas foram: 1. CICLOFAIXA Além de circundar todos os terrenos incluídos no projeto, ela os conecta com a cidade, tendo continuidade a partir das duas avenidas principais de seu entorno, a Avenida Ruy Rodrigues e a Avenida Arymana. 2. PISTA DE CORRIDA A pista de corrida faz uma conexão interna do complexo, por vezes passando por entre os terrenos. 3. ARVORISMO O Arvorismo tem a função de conectar as áreas do complexo com seu entorno imediato, principalmente com as escolas localizadas ao seu redor. Além de dar uma unidade ao projeto, passa diretamente por dentro delas gerando interesse dos alunos e pessoas que circulam pelo local. 4.MATERIALIDADE Por fim, os elementos estruturais, materiais e módulos ultilizados igualmente nos três terrenos conferem o ideal de que os usuários saberão com facilidade que se trata do mesmo equipamento, independente do local que se encontram. 66


Implantação Escala 1:2000 67


MÓDULOS

O sistema estrutural principal do projeto como um todo é o de Madeira Laminada Colada, que estrutura a cobertura de todas as suas edificações. Porém, além dela, outros aspectos e materialidades do projeto conferem sua unidade e certa modulação. Um deles é a estrutura metálica composta por pilares de 0,25m x 0,25m , distantes a 2,5m um do outro, unidos por peqeunas barras, permitindo diferentes tipos de fechamento entre eles, dependendo de seu uso, como podemos visualizar abaixo:

ARVORISMO O sistema de arvorismo é composto por dois módulos, o de acesso e o de estruturação. Como atualmente não existem as árvores nos tamanhos e locais necessários para a implantação do arvorismo diretamente nelas, serão colocados os módulos de estruturação até que as arvores cresçam. O módulo de acesso se utiliza dessa modulação .

Módulo de acesso

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Módulo de aestruturação provisório


GRADE DAS QUADRAS Para fazer o fechamento das quadras permitindo a permeabilidade visual unida à estética, foram desenhados três padrões diferentes para os módulos

PAREDE DE STEEL FRAME A grande parte dos fechamentos internos e externos do projeto possuem o módulo, e estes recebem módulos de steel frame para fechamentos completos ou caixilhos com vidro para entrada de luz.

JANELA BASCULANTE Quando é necessária a iluminação e ventilação nos ambentes, o módulo é fechado com um caixilho e janela basculante.

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PISOS

PISO EXTERNO Para os ambientes externos serão utilizados pisos cimentícios hexagonais de 60cm de raio, para permitir maior impermeabilização. Além disso, serão feitos grandes rasgos estreitos no piso para maior penetração da água.

PISO INTERNO Com exceção dos espaços mencionados abaixo, o concreto queimado estará em todas as áreas internas do projeto, além da pista de skate.

PISO ESPORTIVO ASFÁLTICO Nas quadras e pistas de corrida do complexo será utilizado o piso esportivo asfáltico, composto por camadas compactadas de pó depedra, brita, pedrisco e asfalto.

PISO ATÉRMICO No entorno da pisicina será utilizado um piso de Dolomita, de placas de 50cm x 50cm, por não absorver tanto calor e não ser escorregadio.

PISTA BIKE BMX Para o desenho da pista de bike BMX será utilizado piso asfáltico com entorno em grama.

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VEGETAÇÃO

A região do projeto já possui bastante vegetação atualmente, principalmente nos terrenos das escolas. Foram escolhidas algumas outras espécies para compor com as existentes. Além de espécies especificas para fazerem parte do arvorismo e se adequarem ao teto verde do ginásio.

Aqui temos as espécies utilizadas no caminho do arvorismo para ser seu futuro apoio, por serem de maior porte e possuírem copas altas.

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VEGETAÇÃO

Na Ala Norte do projeto, temos um teto verde fechando o ginásio, que se encontra em nível com as ruas adjacentes, permitindo a passagem de pessoas e criando um ambinete agradável de permanência para a vizinhança. Essas foram as espécies escolhidas para o teto, uma vez que são de menor porte e têm raízes menores. Como ilustrado abaixo, o teto verde pode ser composto por 5 camadas, sendo essas a de vegetação,uma camada de solo (contendo terra, argila, minerais e matéria orgânica), uma barreira para as raízes, uma camada de drenagem e por fim, uma membrana impermeável, chegando, assim na laje do edifício.

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VEGETAÇÃO

Essas foram as espécies escolhidas para compor com a vegetação atual e novas mencionadas, com maior flexibilidade de implantação e adicionando cor à paisagem.

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ala sul

Na Ala Sul, foram implementados os esportes radicais. Que incluem a pista de skate e pista de Bike Cross na área externa e parede de escalada e elementos para Parkour na área interna. Para auxiliar a área, temos os vestiários, um depósito de material esportivo e um ambulatório.

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Planta baixa Ala Sul

Corte transversal

Corte longitudinal Escala 1:1000

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ala OESTE

A Ala Oeste abriga a grande parte das modalidades oferecidas pelo complexo, o terreno possui 4 de duas 5 faces abertas para as ruas do entorno, sendo altamente permeável. A espacialização do programa foi feita partindo dos fluxos atuais daqueles que o cruzam, mantendo esses espaços livres para passagem. Dessa maneira, temos as quadras agrupadas por modalidades nos cantos do terreno e em seu centro, os serviços, vestiários e um restaurante, além de um espelho d’água que confere uma característica mais lúdica ao espaço e o torna mais convidaditivo, tudo englobado por uma grande cobertura integra quase a totalidade do terreno. Na área mais extrema oeste do terreno, este possui um grande desnível , onde foi implantada uma vegetação mais densa, com o intuito de permitir o uso de slack line no local, além de gerar um ambiente agradável para os usuários e população local. A pequena parte da Rua Abaré, ao leste, que fica entre nosso terreno e o eixo de escolas, foi fechada para carros, permitindo apenas a passagem de pedestre, gerando um abiente mais seguro e acessível. Nas áreas livres foram implantados alguns canteiros com vegetação, mas houve a preocupação de deixar uma área generosa livre, para permitir eventos temporários ou o uso de patins, skates, patinetes etc. O pequeno desnível de um metro vencido por uma rampa leve de 5% de inclinação foi equipado com uma arquibancada para permitir apresentações e palestras.

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Corte transversal Escala 1:1000

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Planta baixa Ala Oeste

Corte longitudinal Escala 1:1000

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ala norte

A Ala Norte foi considerada como a de mais destaque no projeto, principalmente por estar na esquina das duas avenidas principais da região, sendo que uma delas conta com a passagem do novo BRT de Campinas. Além disso, seu grande desnível chamou bastante atenção e possibilitou a criação de um ginásio aterrado, com pé direito generoso, porém sem marcar de forma agressiva a paisagem. O Campo de futebol, que ainda possui o esporte mais praticado pelos jovens, se encontra em destaque, permitindo a realização de competições de porte maior, com uma arquibancada que abriga até 8 mil pessoas. Por ser o único edifício de grande porte do complexo, abriga todas as modalidades que demandam áreas cobertas, como quadra poliesportiva, salas de ginástica artística, lutas e dança, sala de jogos e parte administrativa. A piscina também ficou alocada no edifício por maior facilidade de manutenção da mesma, principalemnte em decorrência do aquecimento, mas houve preocupação de manter o ambiente altamente iluminado pela luz natural. É possível acessar o edifício de duas maneiras: pelo nível da Av Ruy Rodrigues, por baixo da arquibancada, tendo acesso rápido à parte administrativa e salas de ballet, ou pelo teto verde, 10m acima, descendo pelos elevadores ou escadas, que dão acesso primeiramente à sala de jogos, depois piscina e então a quadra poliesportiva e salas de ginástica artística e lutas. Os espaços de convivência mbém saõ de grande importância, não apenas nessa Ala mas em todo o projeto. Aqui, temos um bar restaurante, e logo ao seu lado um grande espaço de permanência. Ao lado da quadra poliesportiva, a arquibancada que se volta para os dois lados gera um espaço agradável próximo à circulação daqueles que acessam o edifício pela arquibancada leste, permitindo também visibilidade ao campo.

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Planta da sala de ginástica artística, abaixo da escada de acesso

Planta baixa Ala Norte Escala 1:1000 81


ACESSOS E FLUXOS

Acesso escadas

Acesso elevador

Acessos por baixo da arquibancada

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ARQUIBANCADA

Todo o desenho do ginásio partiu do desenho das arquibancadas. Como apresentado no diagrama ao lado, primiero foi implantado o campo, que, para estar na orientação correta e ter mais fácil acesso ao entorno - considerando que já existia a ideia de manter o edifício enterrado para aproveitar o desnível do terreno, com sua cobertura em nível com as ruas laterais - deveria estar localizada na esquina, nessa direção. Dessa maneira, foram desenhadas as arquibancadas a sua volta, e essas foram sendo modificadas, primeiramente com o o objetivo de abrir o campo para a rua ao norte, ao mesmo tempo a mantendo em nível com a cobertura do ginásio, posteriormente, foram levantadas algumas partes da arquibancada para a entrada de luz, e por fim, surgiram os fachadas internas, que também permitem maior entrada de luz, além de maior visibilidade do interior e um ganho de espaço ao erguer as arquibancadas. Para que a arquibancada tivesse uma estrutura leve e permitisse a entrada de luz e passagem de ventilação, ela foi estruturada em Madeira Laminada Colada, com uma cobertura sutil de vibra de vidro na cor branca, para proteger a madeira de intempéries, mas mantendo sua visibilidade abaixo, principalmente por dentro do ginásio. Essas são apoiadas em vigas metálicas que se espalham por todo o perímetro da mesma, como no diagrama ao lado. Abaixo conferimos em um corte desse detalhe das arquibancadas, que possuem um fechamento parcial, apenas para proteger o interior da chuva.

0.20

0,45

0.05

0,90

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alinhamento com cobertura do ginásio

abertura para a rua

fachadas externas para ganho de iluminação

cobertura do ginásio fachadas internas para ganho de espaço e iluminação

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A seguir temos imagens e uma breve descrição dos componentes e conexões utilizados para a modelagem da arquibancada feita no Grasshopper (software de modelagem 3D que se utiliza de uma linguagem de programação para produzir modelos paramétricos baseado em algorítimos) a partir de curvas desenhadas no Rhinoceros, que foram criadas com base no terreno ao entorno, como explanado anteriormente, e que também pode ser verificado a partir da elevação do edifício.

Formato oval ideal para boa visibilidade dos espectadores ao campo

ARQUIBANCADA

Forma

Piso

Espelho

Elevação Norte Escala 1:1000

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As principais estruturas do projeto, que o conferem unidade e identidade, são as estruturas de madeira. Essas são compostas por Madeira Laminada Colada (MLC), uma vez que esta permite grandes vãos e a estética desejada. Apesar de o edifício ser formalmente destoante, buscamos o uso de materiais simples, que trouxessem sensação de conforto e acolhimento, sem destoar tanto de seu entorno, por isso grande parte do piso é composta por cimento queimado e as estruturas principalmente de madeira, além da significativa presença de vegetação nos espaços. a MLC A madeira laminada colada nada mais é do que o seu próprio nome indica, sendo a colagem de lâminas de madeira de reflorestamento (no Brasil, principalmente o Pinus e Eucalipto) relativamente finas coladas de tal maneira que as fibras das peças fiquem paralelas entre si. Essa forma de montagem confere rigidez à peça final, ao mesmo tempo que permite a criação de estruturas curvas com a utilização de madeira. Além disso, durante incêndios, o mlc mantém até 80% da sua capacidade estrutural abaixo da camada carborizada, que é gerada quando a madeira pega fogo e impede que esta queime mais, uma vez que essa camada de carvão é incombustível. Um outro benefício importante do uso da madeira é o fato de que esta armazena CO2 durante toda a sua vida útil, de maneira que por também ser uma madeira de reflorestamento, causa menis impactos ao ambiente. MONTAGEM As peças de madeira são pré-fabricadas e montadas no local, diminuindo o tempo de obra, quantidade de mãode-obra e risco de acidentes no canteiro. Essas são feitas a partir de um modelo 3D que indica recortes a laser que cortam a madeira e encaixes de aço. Ao final, são inseridos pinos metálicos e parafusos passantes com porca e arruela. O contraventamento das estruturas é feito por meio de cabos de aço em X na cobertura, que conecta as vigas mais espessas.

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ESTRUTURA DE MADEIRA

As esruturas de madeira desenhadas para o projeto também foram feitas a partir do Grasshopper. Abaixo temos outra imagem retirada do software que mostra que essas tiveram seu formato como resultado do desenho das coberturas. Além disso, a parametrização da estrutura permitiu mudanças das distâncias entre as peças e em suas dimensões de maneira rápida, para efeito de testes da estrutura.

Formato cobertura

distância entre peças

dimensões das peças

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Corte transversal piscina Escala 1:1000 88


Corte longitudinal Escala 1:1000

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Corte transversal quadra poliesportiva Escala 1:1000

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Corte longitudinal Escala 1:1000

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