Suplemento Adeus Nova Década!

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Divulgação

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Stand-up é a nova cara do humor

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Blogs, santa forma de comunicação?

Confira entrevista com ex-BBB

Existe uma tendência

Grandes sucessos

contemporânea na

no cinema da déca-

moda?

da, adaptações e as

E ainda:

maiores bilheterias

Retrô foi destaque

dos últimos dez anos

A grande despedida de Michael Jackson nos anos de Lady Gaga

na moda da década

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1 de dezembro de 2010

Adeus, nova década!

Adeus, nova década!

editorial

cinema

Por um Brasil com mais cultura Felipe Oliveira

viu explosão dos blogs, dos perfis nas redes sociais, dos podcasts e dos vídeos postados em sites como o youtube. Hoje, qualquer um que tenha acesso à rede mundial é capaz de divulgar suas ideias e produções em um espaço sem restrição. Mesmo o showbusiness sofreu as consequências de tudo estar à disposição dos internautas. Foi por isso que a indústria fono-

gráfica, por exemplo, entrou em uma grande crise, da qual não apresenta sinais de recuperação. Muitos novos talentos conseguiram ingressar no campo artístico de forma independente, trazendo novidades para a música e outras formas de arte. Em um primeiro olhar, a arte e o entretenimento estão muito mais acessíveis. Por outro lado, a cultura está cada vez mais banali-

zada. Mais espaço é dado a coisas que pouco tem a acrescentar ao repertório do público. Uma situação contraditória e até trágica, já que a grande promessa das mídias digitais é a tão esperada democratização cultural. Através da interatividade das novas tecnologias midiáticas, espera-se que os meios de comunicação cumpram seu papel fundamental, que é de oferecer conteúdos educativos

e culturais, fomentando a formação do público. Porém, facilitar o acesso a esses conteúdos não garante que informação de qualidade está sendo disseminada. Nota-se na mídia atual a divulgação cada vez maior de conteúdos que pouco podem contribuir para a construção de um verdadeiro senso crítico. Faz-se necessária a formação de uma audiência que saiba distinguir a qualidade dos programas.O que vale mais, quantidade ou qualidade? Índices cada vez maiores de acessos à internet não significam mais conhecimento, maior produção de filmes, não pressupõe um cinema comprometido com os valores artísticos, entre outros. Democratizar o acesso à cultura não deve ser algo a ser feito às pressas. Governos e meios de comunicação precisam se empenhar na iniciativa de transformar o panorama cultural brasileiro em uma esfera de todos. Não basta dar voz às pessoas, é preciso que o público saiba se utilizar dessa voz e busque uma formação cultural plena, que o faça progredir. Educação e cultura são fundamentais, e fundamental também é criar condições para que essas necessidades se tornem realidade.

Sucessos do cinema apostam nos efeitos especiais Filmes priorizam recursos técnicos e são sensação da década

A Saga Harry Potter 2001 - ano do primeiro filme da adaptação para o cinema da trama criada por de J.K. Rowling. O diretor Chris Columbus dirigiu a trajetória da vida de Harry Potter na Escola de Hogwarts. Bilheteria mundial de “Harry Potter e a Pedra Filosofal”(2001)- US$ 974 milhões Bilheteria mundial de “Harry Potter e o Cálice de Fogo”(2005) - US$ 895 milhões. Trilogia Senhor dos Anéis 2001 - o primeiro filme estreava nas telas. Os filmes trazem a saga de Frodo lutando contra as forças do mal em defesa de um anel do poder. Baseada na obra de J.R.R. Tolkien, os filmes resultaram na consagração do diretor Peter Jackson. Foram ao todo 17 estatuetas em Hollywood, sendo 11 só de “Senhor dos Aneis – O Retorno do Rei”. Bilheteria mundial de “Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel” - US$ 870 milhões

Avatar, de James Cameron, foi a maior bilheteria da história: mais de 2 bilhões de dólares nos cinemas de todo o mundo

Matheus Fontes

A primeira década dos anos 2000 mostrou uma revolução na arte cinematográfica em todos os sentidos. Ao consagrar fantásticos diretores como Peter Jackson e Gore Verbinski, o cinema, nesse período, impressionou as plateias com caríssimas produções e com uma nova filosofia – a febre pelos efeitos especiais e o investimento na tecnologia 3-D. “De Senhor dos Aneis a Avatar, entre elas, há algo em comum”. A afirmação do especialista no assunto, Marcelo Bulhões, expõe uma das profundas transformações que ocorreram no cinema, as quais, através dos caríssimos orçamentos e das novas tecnologias, conseguiram prender a imaginação do telespectador, que se viu inserido no contexto. “O poder que as mídias audio-

visuais detêm para lidar com oaspecto ficcional é muito grande. Se isso já é alguma coisa que provoca atração pelo poder irreal que nos confere, o audiovisual e os efeitos especiais potencializam o poder de atração da ficção”, afirma o especialista. As salas de todo o mundo se reverenciam aos novos líderes de bilheteria, que apostam na realidade digital, onde a união do desenvolvimento tecnológico aliado ao incremento da ficção, fez com que o público se sentisse impelido de desejar entrar na tela à sua frente. “Os poderes são uma forma de viabilização do imaginário que se projeta na tela e a criação de mundos absurdos como acontece em Harry Potter, Piratas do Caribe, entre outros. Também se relacionam aspectos de natureza psicológica, ou seja,

o indivíduo que sair da sua vida e se projetar na daquele herói. É o papel do audiovisual, de fornecer uma extraordinária forma ao incremento da ficção”, completa Bulhões. Hoje, o telespectador e as telas são verdadeiras testemunhas do processo de mudança de foco nas obras cinematográficas. Para o futuro, fica a ressalva de que os produtores e diretores priorizam muito mais a forma do que o conteúdo. Assim, não nos surpreende triologias de ficção científica abocanharem vários prêmios ou produções ricas em detalhes, mas pobres em enredo gastarem meio bilhão de dólares para serem premiados em poucas categorias. A verdade é que o século XXI traz a marca de obras muito mais futurísticas do que a própria realidade do cinema parece suportar.

A Sequência Shrek 2004 - estréia a sequência da animação dos diretores Andrew Adamson, Kelly Asbury e Conrad Vernon. O enredo gira em torno do ogro Shrek, que depois de conquistar o amor da Princesa Fiona, tem um desafio maior ainda: conhecer os pais de sua noiva. Bilheteria mundial do “Shrek 2” - US$ 918 milhões Piratas do Caribe 2006 e 2007 - a superprodução “Piratas do Caribe”, protagonizado por Johnny Deep na figura do pirata Jack Sparrow, virou sucesso nas bilheterias de todo o mundo. Apesar do sucesso os filmes ganharam apenas um oscar. Bilheteria mundial do “Piratas do Caribe - O Baú da Morte” - US$ 1066 milhões Bilheteria mundial do “Piratas do Caribe - No Fim do Mundo” - US$ 961 milhões

Adaptações são ponto alto do cinema da década

Expediente Este suplemento é uma produção dos alunos de Jornalismo da UNESP para as disciplinas Jornalismo Impresso II, ministrada pelo Prof. Dr. Pedro Celso Campos, e Planejamento Gráfico-Editorial em Jornalismo II, ministrada pelo Prof. Dr. Luciano Guimarães. Planejamento, reportagem, redação, edição, diagramação e revisão: Bruno de Mello Oliveira Sisdelli Felipe de Oliveira Mateus Gabriela Garcia Brandão Matheus Martins Fontes Mirela Dias de Aguiar Peloso

X-Men - a trilogia, Watchmen, Ensaio sobre a Cegueira. Sabe o que todos têm em comum? Todas essas obras literárias, sejam elas livros ou histórias em quadrinhos, foram adaptadas na última década para o cinema. De 2001 para 2010, é fácil perceber um grande número de adaptações, em sua maioria de histórias de ficção como Star Wars (episódios II e III) ou de quadrinhos como o Quarteto Fantástico. Alexandre Nagado, cartunista e crítico de quadrinhos do site Omelete, considera esse boom uma conseqüência do sucesso das adaptações que iniciaram a década “A tendência, na verdade, é cíclica” e ressalta que os efeitos especiais tem grande parte nesse sucesso “Os filmes

do Homem Aranha, graças à computação gráfica, fizeram o herói se mover com suas teias como nos quadrinhos.” Mas é necessário saber como lidar com as mudanças para que a história passe de literária para visual sem perder sua essência. “A adaptação implica a criação de um produto novo, diferente.” É o que diz Roberto Elísio, jornalista e vice-coordenador do Núcleo de Pesquisas de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP. A principal questão nessa mudança de suporte é o quanto as adaptações conseguem ser fiéis às histórias originais. Nagado comenta que muitas mudanças feitas durante a adequação de uma mídia para outra tem o intuito de atingir um público maior.

O escritor e roteirista premiado de histórias em quadrinhos Gian Danton considera que a fidelidade não significa seguir a história original ao pé da letra “O importante é ser fiel à ideia original, não à forma”.Já segundo Marcelo Bulhões, autor do livro A ficção nas Mídias - Um curso sobre a narrativa nos meios audiovisuais, a adaptação na literatura funciona de forma diferente “Nunca existirá fidelidade porque a linguagem é sempre outra”. De acordo com os entrevistados, X-Men, Watchmen e Lavoura Arcaica foram as melhores adaptações da década. Ficam com as piores críticas The Spirit, Superman – O Retorno, Elektra e de obra literária, Memórias póstumas de Brás Cubas.

Imagens de divulgação

Livros e histórias em quadrinhos tomam conta das telonas Mirela Dias

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Filmes que foram a cara do cinema nos últimos dez anos Divulgação

O ano de 2010 encerra uma década de muitas culturas: erudita, popular, inútil, digital. Grandes sucessos de bilheteria assistidos pelas lentes de óculos 3D, astros surgiram e se despediram, outros construíram fama, muitas vezes efêmera, por meio de vídeos que se tornaram verdadeiras febres na internet. Houve ainda quem riu e se divertiu com o cotidiano banal, quem espiou e se deixou espiar por todo o país e quem colocou a boca no trombone, ou melhor, no blog. Independente do tipo de produção cultural, tudo o que surgiu na década de 2000 teve uma característica em comum: a convergência para o suporte digital. O que antes só se via nas salas de cinema ou na TV, o que se ouvia nas rádios ou se assistia nos teatros, agora pode ser acessado e consumido na tela do computador. Tudo está à disposição, desde clássicos da literatura até as esquetes do humor stand-up. As mídias digitais, capitaneadas pela internet, têm em si a vantajosa capacidade de conceder às pessoas liberdade. Com elas, todos podem produzir e divulgar. É o tão sonhado “dar voz a todos”. Assim, a década

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Batman O Cavaleiro das Trevas 2008 - “Batman – O Cavaleiro das Trevas” faz história. O filme, que reiniciou a franquia da história do super-herói da DC Comics, foi indicada a oito categorias em Hollywood, incluindo a de Melhor Ator Coadjuvante para o falecido Heath Ledger. Bilheteria mundial do “Batman – O Cavaleiro das Trevas” - US$ 1 bilhão Avatar 2010 - Maior arrecadação de bilheteria na, Avatar traz a história do povo Na’Vi na luta para defender seu território dos colonizadores humanos. Sua tecnologia 3D é uma das mais avançadas e o filme possui efeitos especiais revolucionários. Bilheteria mundial do “Avatar” US$ 2 bilhões.


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Adeus, nova década!

Adeus, nova década!

Música

Música

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Michael Jackson: o adeus ao maior astro pop

A fama mais que monstruosa de Lady Gaga

Cantor morreu em junho de 2009 e teve a carreira marcada por grandes sucessos e escândalos pessoais

A cantora atingiu um sucesso meteórico nos últimos anos com sua excentricidade e talento

Em 25 de junho de 2009, fecharam-se as cortinas para o maior astro que a música pop já conheceu: Michael Jackson morreu em Los Angeles, aos 50 anos, em decorrência de uma parada cardíaca. Sua morte comoveu o mundo inteiro, abalou uma legião de fãs e rendeu um dos funerais mais acompanhados pela mídia. Mais de 17 mil pessoas acompanharam o tributo feito no ginásio Staples Center, em Los Angeles, e estima-se que mais de 2 bilhões acompanharam o funeral pela televisão. Mas por que o mundo pop deve tanto a Michael Jackson? Uma combinação de talento e inteligência com sua imagem transformaram o garoto nascido em Gary, estado de Indiana, no maior astro da música mundial. Antes de Thriller Michael Joseph Jackson nasceu em 29 de agosto de 1958 e teve uma infância difícil, vítima dos maus tratos vindos de seu pai, Joseph Jackson. A carreira musical começou cedo, pois o pai, interessado em lucrar com seus filhos, levou-os para a Califórnia, onde foram contratados pela gravadora Motown e formaram o Jackson 5. A banda dos cinco irmãos gravou sucessos como ABC e I’ll be there. Em 1975, eles assinaram contrato com a gravadora Epic, mudando de nome para The Jacksons. Mas era cada vez mais evidente o talento e a notoriedade de Michael, o que o levou a investir em sua carreira solo.

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Felipe Oliveira

Michael Jackson rendeu, postumamente, mais de 1 bilhão de dólares. Só nos Estados Unidos foram 9 milhões de discos

Em 1978, Michael Jackson uniu-se ao produtor musical Quincy Jones e com ele produziu Off The Wall, disco de enorme sucesso entre público e crítica e que rendeu a o cantor seu primeiro Grammy, com a música Don’t stop ‘til you get enough. Se até então Michael era um astro, seu próximo disco o tornaria um fenômeno. A revolução na música pop Thriller foi produzido em 1982 e se tornou o disco mais vendido da história, com 110 milhões de cópias vendidas. Com ele, vieram sucessos como Billie Jean e Beat It. Em 1984, foi lançado o videoclipe de Thriller, que revolucionou a maneira de se produzir videoclipes. Para Jeder Janotti, especialista em música popular massiva,

esse foi um de seus principais legados para o mundo da música. “Ninguém mais deixa de lado a performance da dança e a preocupação com a imagem”, explica Jeder. Com o sucesso de Thriller, Michael aproveitou para se dedicar à filantropia. Em 1985, juntou-se a Lionel Ritchie para criar a campanha USA for Africa. O resultado foi a gravação de We are the world, música que contou com a participação de 44 artistas e arrecadou cerca de 200 milhões de dólares para o combate à fome na Etiópia. Em 1987, o álbum Bad é lançado, sem o mesmo sucesso atingido por Thriller. Foi nessa época em que os escândalos tomaram parte de sua vida.

A sombra dos anos 90 A notável mudança de seu visual foi uma das controversia da carreira. Michael, um cantor negro, estava se tornando cada vez mais branco. O astro se defendia alegando sofrer de vitiligo, doença que destrói a pigmentação da pele. Em 1991, o clipe de Black or White é lançado, um de seus últimos sucessos. A carreira de Michael começou a ser ameaçada em 1993, quando sofreu a primeira acusação de abuso sexual contra um jovem de 13 anos, seguido de seu casamento com Liza Marie Presley, em 1994. O casamento durou 2 anos e foi cercado de especulações contra Michael. O cantor seguiu os anos 90 na tentativa de retomar o sucesso que havia feito na década anterior, mas

não conseguiu. Em 2002, Michael recebeu fortes críticas ao colocar pra fora da janela de um hotel seu filho recém-nascido, Prince Michael Jackson II, e em 2003, surgiram novas acusações de abuso sexual. Em 2005, Michael foi novamente inocentado. Todos esses fatores contribuíram para que a carreira de Michael Jackson fosse abalada. Para Carla Santana, presidente do Fã Clube do cantor no Brasil, eram indícios de que sua trajetória na música se aproximava do fim. “Olhando todo o decorrer da história do que aconteceu com ele, a gente sabia que ou ele ia se afastar de vez, ou ia descansar. Ele estava pedindo para fechar as cortinas”, comenta Carla. O fim e o começo Os planos de Michael Jackson para 2009, uma série de shows aconteceriam em Londres, marcando a retomada de sua carreira, nunca aconteceram: no dia 25 de junho do mesmo ano, um mês antes dos shows começarem, a notícia da morte de Michael Jackson abalou o mundo da música. Por ironia, ou não, sua morte rendeu ao mercado da música mais de 1 bilhão de dólares só em um ano. Além disso, as filmagens dos ensaios dos shows que começariam em 2009 deram origem ao documentário Michael Jackson’s This Is It. Um astro que se tornou um mito da música. Esse foi o destino de Michael, o artista mais completo da história da música contemporânea.

Pop e Rap dominam as 5 mais tocadas da década

Segundo ranking da revista Billboard norte-americana, Mariah Carey teve o single mais tocado nas rádios 2º Usher feat. Lil Jon & Ludacris - Yeah!

3º Flo Rida feat. T-Pain - Low

Single de 2004, a música fez com que o álbum Confessions vendesse mais de 2 milhões de cópias em apenas um ano e contou com os vocais de Lil Jon e Ludacris.

Lançada em 2005, a canção integra o álbum The Emancipation of Mimi, 10º da carreira da cantora, que vendeu mais de 5 milhões de cópias no mundo.

4º Nickelback - How You Remind Me

5º The Black Eyed Peas - I Gotta Feeling

A mais antiga da lista, How You Remind Me foi lançada em 2001 e integra o álbum Silver Side Up. Geralmente, é a música mais lembrada da banda canadense.

Segundo single do disco The E.N.D., I Gotta Feeling estreou oficialmente em 16 de junho de 2009 e liderou por 14 semanas o top 100 da Billboard.

Lady Gaga começou a aprender a tocar piano aos quatro anos de idade e aos 13 já escrevia canções.

Após o lançamento de The Fame, ela revelou que a faixa Poker Face é sobre sua bissexualidade.

Aos 11 anos, ela ingressou no Convent of Sacred Heart (Convento do Sagrado Coração), uma escola católica em Manhattan.

A música “Beautiful, dirty, rich”, de acordo com Lady Gaga, faz menção à época em que usava cocaína.

O contrato inicial de Lady Gaga, assinado aos 19 anos, previa que ela ia compor para outros artistas, como Britney Spears, Fergie e Pussycat Dolls. Em outubro de 2010 Gaga tornou-se a primeira cantora a ultrapassar um bilhão de visualizações com seus vídeos no site YouTube.

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Música de estreia do álbum Mail on Sunday e primeiro sucesso do rapper Flo Rida, Low atingiu o 1º lugar da parada da Billboard em 30 de dezembro de 2007.

O nome artístico veio da inspiração do Queen de Freddie Mercury. Radio Ga Ga inspirou a jovem Stefani Joanne Angelina Germanotta a nascer no mundo da música como a polêmica e excêntrica Lady Gaga, cantora que conquistou legiões com sua música dance e eletrônica, influenciada pelo glam rock de Queen e David Bowie e pela música pop de Cher, Madonna e Michael Jackson e também, de acordo com ela, pelo mundo da moda. Quando Lady Gaga lançou seu primeiro álbum, The Fame, pela Interscope Records, em 2008, ninguém diria que se tornaria um ícone tão destacado na cultura da década. A cantora marcou intensamente o cenário musical com suas aparições e performances excêntricas que incluíram tocar para a rainha da Inglaterra em um piano de nove metros de altura e receber o prêmio de Vídeo do Ano no MTV Video Music Awards (onde recebeu oito prêmios no total), em 2010, com um vestido feito de carne crua. As comparações tornaram-se inevitáveis. As aparições com as pernas de fora, sempre polêmica, remetendo à sexualidade e com comportamento visando afrontar a sociedade lembram inegavelmente as inovações protagonizadas por Madonna. De fato, várias pessoas (como o rapper Kanye West, em seu blog pessoal) chegaram a dizerque Lady

Gaga é a nova Madonna. Entretanto, há quem discorde. O pesquisador da Universidade Federal da Paraíba, Thiago Soares, defende que as duas cantoras tem muito mais pontos de discordância do que de interseção em suas produções. Madonna, por exemplo, sempre que lança qualquer trabalho, está claramente posicionada em relação ao assunto abordado, seja ele sexo, religião ou política; e geralmente se identifica com algum segmento da sociedade, como a comunidade gay, negra, feminina etc. além de sempre evocar a beleza (fazendo referências claras a Marilyn Monroe, por exemplo). Gaga, entretanto, foca mais suas músicas na experiência individual. Também aborda as minorias (mas se inclui como parte da minoria) e sempre explora a feiúra e a obscuridade (frequentemente chama os fãs de “little monsters”, monstrinhos. A própria cantora se diz “freak”, e, portanto, também um monstro). A opinião dos fãs também conta. Luiz Fernando Araújo é universitário e fã declarado de Lady Gaga. Perguntado se acreditava em Gaga como a nova Madonna, ele responde “Nem a nova Madonna, Michael Jackson, nem a própria Britney Spears - candidata ao trono do pop - ninguém vai substituir ninguém. Talvez possa ser que um dia Lady Gaga tenha a mesma importância musical que Madonna e MJ tiveram. Na minha opinião, ela é uma forte candidata.”

Curiosidades Imagens de divulgação

1º Mariah Carey We Belong Together

Gabriela Brandão

E acrescena: “Se vai sobreviver ao cenário musical, se vai ascender ou decair, não dá pra prever. Mas aconteça o que acontecer, Lady Gaga já tem um lugar garantido na história da música. Ela é uma artista multiplataforma, que sabe usar como ninguém as ferramentas dos dias de hoje. Ela já é um ícone.” Perguntado por que gosta tanto de Lady Gaga, Luís Fernando responde “Ela não é mais do mesmo, isso é demais.” Sem dúvida, no caso de Lady Gaga sobra talento. A cantora provou que é capaz de compor, criar coreografias, fazer menções às culturas Pop, Cult, e à obra de seus ídolos e usando elementos dos mais variados na composição da obra. Não podemos negar que a esquisitice e seu lado freak talvez tenham contribuído para chamar a atenção da mídia para esse nome novo da música, mas inegavelmente Lady Gaga mostrou que não é apenas uma metamorfose ambulante ou uma esquisitona que quer chaar a atenção. Ela tem voz, tem criatividade e uma legião de fãs que a segue.

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Lady Gaga já apareceu vestida apenas com fitas usadas em cenas de crime.

Queda nas vendas ameaça indústria fonográfica Pirataria, internet e pouca inovação provocam a crise do setor Felipe Oliveira

Lojas de CDs lotadas, cheias de jovens, adultos e crianças que disputam o novo disco de seus ídolos musicais. Uma cena bastante comum nos anos 90, mas que se tornou cada vez mais rara na década de 2000. Um sintoma evidente de que a indústria fonográfica, no Brasil e no mundo, entrou em declínio e não apresenta sinais de recuperação. Não que esteja condenada ao fim, mas não voltará a ser como antes. Os motivos para esse declínio vão além da pirataria e da possibilidade de se fazer downloads gratuitos de músicas e discos. Durante os anos 2000, a internet abriu espaço para vários artistas lançarem-se de forma independente no meio musical, divulgando seus trabalhos através de redes sociais, como o Myspace e o Facebook. Foi assim que bandas como Cachorro Grande, Vanguart e a cantora Mallu

Magalhães conseguiram fama. Para Eduardo Vicente, especialista no assunto, a indústria fonográfica também está pagando o preço de não ter investido em inovações. “Acho que a grande indústria foi vítima, no Brasil, de sua própria opção por parar de investir na diversidade, como havia feito no início dos anos 90, e se concentrar em uns poucos artistas de grande vendagem. Concentrar suas vendas em tão poucos nomes certamente facilitou muito o trabalho dos piratas”, comenta Eduardo. Isso justifica o enorme sucesso que os artistas independentes fizeram nos últimos dez anos: o público buscou a inovação que não encontrava nas lojas, mas que estava na internet. A saída para as grandes gravadoras é investir em outros produtos e serviços. Hoje em dia, o mercado de shows se apresenta altamente lucrativo com os festivais

de música no Brasil e no exterior. Outra solução é a venda dos direitos autorais das músicas para games, como Guitar Hero e Rock Band, além da criação de produtos diferenciados para fãs, como boxes que combinam CDs, DVDs e outros produtos. Porém, as vendas de discos não estão totalmente ameaçadas. Os segmentos que ainda apresentam vendagens expressivas são o adolescente, dominado pela Disney, e o religioso. O que é evidente é que o CD se tornou uma mídia ultrapassada. Segundo Eduardo Vicente, “O sonho das empresas seria um formato digital não copiável, mas não acredito que exista qualquer garantia de que algo assim surgirá”, afirma Eduardo. A forma de se consumir música mudou e se a indústria fonográfica não mudar também, estará com seus dias contados.


Adeus, nova década!

internet

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O boom dos blogs pelo mundo

Um tipo de página pessoal que virou mania por ser objetivo e fácil de manusear Gabriela Brandão

O primeiro blog era assim: uma página simples, com links e uma caixa de pesquisa. Sem os vídeos, as interatividades e os textos que são marcas dos blogs. O criador, Jorn Barger, resolveu manter o blog vivo para que curiosos pudessem visualizar o Adão da blogosfera. Mas os blogs evoluíram muito de lá para cá. O Adeus nova, década! selecionou os blogs de humor mais chamativos da década para despertar a sua curiosidade.

Kibe Loco Criado em 2002 por Antônio Tabet, teve seu pico em 2004, recebeu prêmios em 2007 mas é mal visto na blogosfera por copiar idéias alheias.

O nome surgiu de “Web Log” – diário de bordo da rede, em tradução livre – expressão criada por Jorn Barger em 1997, e, por uma brincadeira com as palavras (web log se transformou em “we blog” – nós blogamos), surgiu a expressão “blog”. O primeiro blog registrado é justamente propriedade de Barger, e ainda pode ser visualizado no endereço www.robotwisdom.com, exatamente com a mesma aparência que tinha quando foi criado, em 1997.

Em 1999 o número de blogs existentes era estimado em 50 páginas; no fim do ano 2000, a estimativa era de poucos milhares. Menos de três anos depois, os números saltaram algo entre 2,5 a 4 milhões. No fim de 2007 já existiam mais de 112 milhões de blogs, de acordo com o Technorati – um motor de busca na web especializado nesse tipo de site. Os blogs surgiram como mais uma oportunidade para facilitar a publicação de conteúdos variados, pautados pelo próprio inter-

nauta. Um blog típico pode conter imagens, vídeos, textos, links relacionados ao tema abordado e oferecem, de acordo com a vontade do dono, a oportunidade de os leitores comentarem o que é veiculado e interagirem com o “blogueiro” – como são chamados os donos de blog. Além da oportunidade de poder publicar (ou postar, no vocabulário dos blogs) contepudo, os blogs oferecem mais atrativos aos internautas que desejam manter uma página assim: a facilidade. Algumas das redes de blogs não exigem que o usuário tenha conhecimento de programação de computadores para utilizar todas as possibilidades da página. O manuseio é facilitado por uma série de ferramentas de edição, que torna simples o ato de postar alguma coisa. E os blogs tem outros trunfos. Ao longo da década de 2000, surgiram blogs especializados em abordar assuntos comomoda, culinária, música, política e - os mais populares na atualidade - humor. Murilo Cruciol, universitário, é

adepto aos blogs. “Vejo sempre blogs de moda, de cultura pop, de humor, além de ser um frequentador assíduo do Twitter”, diz ele. (“Twitter” é um tipo de microblog. Veja mais adiante) Cláudio Bertolli Filho, especialista em Antropologia e Comunicação e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), é um defensor dos blogs. Ele acredita que “você poderia dizer que eles mostram que a democracia chegou ao mundo virtual. Não é bem assim, uma vez que você tem fiscalizações que podem suprimir alguns conteúdos e o acesso à tecnologia que ainda não é total. Mas, por outro lado, se constitui como um elemento fundamental da cultura contemporânea que é a setorização.” Segundo ele, os blogs tem um olhar sobre os assuntos que abordam, tem um posicionamento, e isso acaba atraindo pessoas que tem o mesmo ou, no mínimo, um olhar parecido com o do autor. De fato, tudo o que é pu blicado nesse tipo de site

é de responsabilidade do proprietário, do blogueiro. Apesar de oferecer uma liberdade de expressão espantosa, os blogs estão tão às regras e leis relacionados à mídia quanto qualquer outro veículo. Os outros tipos de blog Fotolog: Assim como o blog, o fotolog teve seu nome condensado e tornou-se apenas ‘flog”. É uma variação de blog cuja especialidade é a postagem de fotos e imagens. Videolog: Também acabou com outro nome popular mais curto, “vlog”. Como o nome sugere, um blog de vídeos. Muito difundido nos últimos anos da década de 2000, tornou alguns usuários, como PC Siqueira e Felipe Neto muito famosos. Microblog: Permite que o usuário faça postagens curtas. Em março de 2006 foi criada a mais difundida rede de microblogging da atualidade: O Twitter, que permite postagens de 140 caracteres por vez , assemelhando-se a um torpedo de celular exposto para todos os “seguidores”

Ele encarna Jesus na Internet

Como surgiu, as influências e os gostos do blogueiro responsável pelo Não Salvo Gabriela Brandão

Jacaré Banguela Nasceu em 2004. Em 2008 foi encorpado pela Globo.com, mas a parceira acabou em 2009. Atualmente tem cerca de 120 mil visitas por dia.

Não Salvo O blog tem temática religiosa mas o conteúdo é parecido com o dos outros blogs de humor. Confira uma entrevista com o criador do blog ao lado.

E essa “cara” do blog? O blog tem essa temática meio Igreja, a brincadeira com Jesus, mas não tem um motivo especial. Era mais pra tirar um sarro e chocar. Não tem um por quê. Sou católico, nem sou

ateu. É uma brincadeira, na verdade, mas tem gente que não sabe separar. Recebo no mínimo dois e-mails por dia me xingando ou amaldiçoando a minha família. Estou acostumado. Você teve influência de algum outro blog de humor? Eu acompanho mais blogs americanos do que nacionais, na verdade, mas influência não. Eu tento fazer uma coisa diferente. Blog de humor é

Há quanto tempo você fez o “Não Salvo”? O Não Salvo é do finalzinho de 2008. Então ele tem quase dois anos. E de onde surgiu a idéia de fazer um blog? Antes do blog eu tinha um personagem no Orkut. Era o “C!”. Cheguei a ter mais de mil comunidades minhas, a maioria de humor, mas o Orkut deletou o meu perfil. Eu consegui retomar, mas fui deletado outras duas vezes. Por isso, eu deixei de lado. Então eu

Maurício Cid criou o maior fenêmoneo brasiileiro entre os blogs de humor

complicado porque tem muitos. É difícil fazer algo diferente. Tento fazer o meu. Você mantém contato com outros blogueiros? Eu sou meio mala (risos). Não tenho muita paciência. Você conversa um pouco e o cara vem pedir pra você seguir o que ele faz, ou fica querendo saber número, quantos visitantes você tem, pra comparar. Acho isso chato. Eu não vejo muito essa coisa de negócio pro blog. Eu trabalho. O blog é só diversão mesmo. Então com esses caras assim eu prefiro nem manter contato, mas até que fiz muitos amigos por aí. Tem um pessoal legal também. Você sabe quantos acessos o Não Salvo tem? No meio do ano estava com mais de cem mil visitas por dia. Dá algo entre 4,5 e 5 milhões de visualizações por mês. Eu andei fazendo uma projeção de visitas e acredito que em menos de um ano o Não Salvo pode ser o maior blog de humor, do Brasil, com mais visualizações que o Kibe Loco.

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Todo mundo pode fazer humor... Com os recursos proporcionados pela internet, está cada vez mais fácil publicar conteúdo cômico Agora, imagine esta situação: você descobre que existe um jeito de expressar sua veia cômica para o mundo sem depender de grandes agências ou empresas de comunicação. Agora você é capaz de publicar seu trabalho por conta própria, em uma plataforma que é facilmente acessível a pessoas de todo o planeta. Resultado: você passa a ser conhecido e comentado por mais e mais pessoas, fica famoso e suas criações se transformam em referência quando o assunto é humor. Até alguns anos atrás, esse jeito mais prático e direto de expressar sua criatividade parecia uma realidade distante e improvável. Hoje, ele existe e tem nome: internet. A internet já se consolidou como o grande meio de comunicação e produção de informação do século XXI. A facilidade extrema de publicação e acesso que ela proporcionou tem reconfigurado as mais diversas formas e possibilidades de expressão cultural. Hoje, qualquer um pode

Bruno Sisdelli

Tente se imaginar na seguinte situação: você é uma pessoa que leva jeito com humor. Fazer os outros rirem não é problema para você – na verdade, é um talento. Você decide, então, que seria muito legal ter a oportunidade de mostrar essa sua habilidade para o mundo. Você inventa umas piadas, escreve uns esquetes, desenha umas tirinhas e vai bater

de porta em porta atrás de alguém que esteja disposto a te ajudar na divulgação das suas criações. O problema é que existe um monte de gente fazendo a mesma coisa, e o mercado não tem tempo nem disposição para dar uma chance a todo mundo. E em cada teatro, cada editora, cada emissora de televisão que você procura, as pessoas batem a porta na sua cara sem ao menos dar uma olhada no seu trabalho. Resultado: você é mais um talento desperdiçado e aquele seu jeito com humor continua sendo conhecido só pelos seus amigos.

usar a rede para publicar o que quiser. E o humor, é claro , está incluído nessa realidade. Realidade que é bem conhecida pelo gerente de marketing Marcos Magalhães. Aos dezesseis anos, ele criou um site humorístico para testar os conhecimentos adquiridos no curso de webdesigner que frequentava. “Nem era um site, era uma página em branco com umas dez piadas”, ele conta. “Daí surgiu um projeto e com o tempo ele foi crescendo”. Hoje, oito anos depois, essa página da internet é o Humorbabaca.com, um dos sites de humor mais

de século: o multimídia. Você acessa o site, lê um texto divertido, assiste a um vídeo relacionado a ele, escuta uma paródia engraçada de uma canção famosa... São as mais diversas formas de expressão reunidas na mesma plataforma. O internauta escolhe as que mais lhe agradam. Para Marcos Magalhães, uma das grandes vantagens do humor na internet é a capacidade que ele tem de levar informação à geração que cresceu junto com a rede. “Uma coisa que eu acho muito legal é que boa parte da garotada acaba entendendo e acompanhando melhor a política graças aos blogs e sites humorísticos”, ele afirma. “Acho que muitas pessoas não tem a noção de que não só o Humorbabaca, mas diversos sites e blogs acabam se tornando formadores de opinião”. Mas não vá pensando que basta escrever alguns textos engraçados, gravar alguns vídeos divertidos,

conhecidos do Brasil. O Humorbabaca é só um exemplo no meio da avalanche de sites e blogs humorísticos que invadiu a web nos últimos anos. Como tantos outros, ele reúne conteúdo cômico em diferentes formatos: textos, desenhos, animações, jogos, músicas, vídeos. E assim se configura a cara que o humor tem na internet nesse início

juntar tudo em um site e pronto: você passa a ser conhecido por milhares de pessoas e vira um formador de opinião. Justamente por causa da facilidade de publicação proporcionada pela internet, muita gente no mundo inteiro está o tempo todo criando seus próprios sites e postando seus próprios conteúdos humorísticos na internet. E se destacar no meio desse mar cibernéti-

co do humor é uma tarefa que requer a capacidade de ter algo que os outros não têm. Marcos acredita que o planejamento e o comprometimento são elementos importantes para o sucesso na rede. “Acho que a continuidade do trabalho faz a diferença. Muitos sites e blogs legais surgem do nada e vão embora da mesma forma. Acho que um pouco de estrutura e planejamento são fundamentais para manter um site por tanto tempo entre os grandes de seu gênero”.

...e todo mundo pode fazer música Rede surge como alternativa ao tradicional e tortuoso caminho das grandes gravadoras Mallu Magalhães

Bruno Sisdelli

Mas não foram só os aspirantes a humorista que ganharam uma chance de ter o talento reconhecido com o advento da internet. A música também é uma forma de expressão cultural que sofreu forte influência da rede e ganhou novas configurações graças a ela. Sites como o YouTube e o MySpace permitem que qualquer internauta publique arquivos de vídeo e de áudio com suas composições musicais. Contando com criatividade, talento e, claro, um pouco de sorte, é bem possível que o aspirante a pop star se transforme em um músico de sucesso sem precisar passar pelo caminho tradicional das grandes gravadoras. Ao lado, você encontra uma pequena lista de músicos que tiveram a internet como porta de entrada para o sucesso.

Bastaram algumas postagens no MySpace para que a adolescente Maria Luiza Pereira de Magalhães se transformasse em um fenômeno conhecido em todo o cenário musical brasileiro. Com apenas 18 anos - ela está em atividade desde os 15 -, a autora de “Tchubaruba” já recebeu mais de 4 milhões de visitas em sua página e lançou dois álbuns e um DVD.

O Teatro Mágico

Stefhany Absoluta

Um dos grandes ícones da arte independente no Brasil, o Teatro Mágico é um grupo que reúne música, crico, literatura e teatro em suas apresentações. A trupe carrega a bandeira do livre acesso à cultura e disponibiliza todas as suas canções para download gratuito na internet. O Teatro está em atividade desde 2003 e já lançou dois álbuns e dois DVDs.

www.britointheblog.blogspot.com

Sedentário e Hiperativo O mais nerd dos indicados traz todo tipo de conteúdo, vídeos engraçados, fotos e dicas de games. Indicado a melhor blog pela MTV em 2008.

Maurício Cid tem 25 anos, trabalha com publicidade em internet, mora em Santos e é o dono do blog “Não Salvo”, que é grande sucesso entre os blogs de humor e recebe cada vez mais visitas. Com temática religiosa, o Não Salvo brinca com a imagem de Jesus Cristo – que seria o dono do blog. Cid concedeu uma entrevista à nossa equipe de reportagem, na qual conta mais sobre a experiência de ser um blogueiro de sucesso.

resolvi criar um blog, que é uma coisa mais diária e o pessoal poderia acompanhar. Muita gente que me acompanhava no Orkut acabou indo acompanhar o blog e ele acabou crescendo rápido por causa disso.

1 de dezembro de 2010

A piauiense é responsável por um dos maiores hits recentes da internet: o clipe de “Eu sou Stefhany”, uma versão cômica da canção “A thousand miles”, da norte-americana Vanessa Carlton. Em 2009, um fã de Stefhany postou no YouTube o videoclipe, produzido de forma bastante amadora. A canção conta, hoje, com mais de 6 milhões de acessos no site.

Justin Bieber Ao contrário de muitos artistas que utilizam a internet para produzir um tipo de música que normalmente não encontraria muito espaço na indústria fonográfica, Bieber saiu da rede para se tornar um dos maiores fenômenos pop da atualidade. Um produtor viu vídeos do garoto cantando na internet, gostou e fez dele o ídolo adolescente que é hoje. Heather Sokol

O primeiro de muitos

Adeus, nova década!

www.portaldojunco.blogspot.com

1 de dezembro de 2010

MySpace Mallu Magalhães

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1 de dezembro de 2010

Relembre os principais reality shows dos anos 2000 Big Brother Brasil Reality criado pela produtora holandesa Endemol. Sua primeira edição brasileira foi em 2002. Tornou-se um dos carros-chefes na programação da Rede Globo, já sendo tradicional nos primeiros meses do ano. Conta com a apresentação de Pedro Bial e, em 2011, vai para sua 11ª edição. A fórmula do programa é simples: vários participantes, de diferentes

Casa dos Artistas

Primeiro reality show exibido pelo SBT, concorria diretamente com o Big Brother Brasil. Estreou em 2001 e

No Limite foi o primeiro reality show brasileiro. Estreou em julho de 2000, sob o comando de Zeca Camargo e era exibido pela

perfis, confinados em uma casa. A cada semana, um dos concorrentes era eliminado pelo voto popular. Provas de resistência física, festas e premiações extras ditavam a rotina dos cantidados ao prêmio. tinha em sua fórmula a presença de famosos. A primeira edição rendeu à emissora de Silvio Santos sua maior audiência. Foram feitas 4 edições do programa, entre 2001 e 2004, onde se tornaram populares figuras como a atriz Bárbara Paz, vencedora da 1ª edição, o roqueiro Supla e o ator Alexandre Frota.

cumprir tarefas rurais, como a ordenha de vacas. Os vencedores das duas primeiras edições foram os atores Dado Dolabella e Karina Bacchi. Rede Globo aos domingos. Adaptado do programa norte-americano Survivor, era uma constante prova de resistência: os participantes eram isolados em regiões selvagens e tinham que sobreviver as dificuldades do ambiente e a pouca comida. Destaque para as provas em que tinham que comer alimentos repulsivos, como olhos de cabra.

Eles também fizeram sucesso!

O aprendiz (Record)

Fama (Globo)

televisão

televisão

Ídolos (SBT e Record)

Troca de Família (Record)

O fato de ver pessoas anônimas na televisão traz uma suposta curiosidade ao telespectador, como se aquele ambiente fosse “espelho da realidade”. A cada edição, eram apresentados novos perfis de participantes para que o público pudesse se identificar com eles. A diretora de TV, Ara de Andrade, explica o quanto é importante esse elemento dentro da dinâmica do jogo. “Acho que é importante ter perfis diferentes. Além de você conseguir uma gama maior de personagens, isso gera uma identificação com diferentes categorias. Por isso, essa identificação do telespectador para com o participante aumenta o ibope da emissora.” Os reality shows apresentaram a ideia de que levariam o público a “espiar” algo através de uma série de elementos. Além disso, há a importante influência da imagem do apresentador, seja Pedro Bial ou Silvio Santos, mas o principal fator está na fórmula de manter o sucesso do produto. Jogar com o público, aclamá-lo como “deus”, oferece ao espectador a ilusão

de que ele tem controle sobre as decisões do jogo. O jornalista, Renato Menezes declara que há muitos filtros usados para criar a aparente sensação de poder do público, mas que quem realmente domina o andamento fica nos bastidores. “Há um domínio da produção do programa, através dos filtros que estão postos ao público. O mais poderoso deles é a edição. O que a emissora acaba levando ao ar determina a imagem que o povo vai ter de um personagem do programa.” Mesmo com a queda de audiência dos últimos anos, os reality shows ainda mantêm uma grande influência com o público. Vejamos alguns dados da décima edição do Big Brother Brasil. O campeão Marcelo Dourado precisou de mais de 150 milhões de votos para conquistar o prêmio de um milhão de reais. Ou seja: praticamente 80% dos brasileiros ficaram à frente da televisão no dia 30 de março de 2010. Com as estatísticas, fica a pergunta: tem como pensar que isso é apenas um jogo?

“A gente sempre entra para ganhar”, declara campeão

Matheus Fontes

A área de comunicação é considerada uma das que tiveram maior de¬senvolvimento tecnológico nos anos 2000. A Internet liderou o processo que revolucionou o ritmo de vida da sociedade, mas para que a evolução dos meios pudesse ter continuidade, era preciso que as outras mídias se enquadrassem ao mesmo nível de progresso. No âmbito da televisão, não foi diferente “O sistema brasileiro é único porque se utiliza de recursos tecnológicos de ponta nacionais”, afirma Alan Angeluci e, assim, surgia o conceito que promete influenciar as convencional, passível das ga”. Segundo o especialista transações bancárias e até futuras gerações – a intera- chamadas interferências ou Alan Angeluci, oprograma participar de enquetes de tividade. “chuviscos”, a tecnologia di- de computador será o “meio programas.“ A televisão passou por gital garante maior eficiência de campo” entre a emissora Apesar da implantação do grandes mudanças em seu de transmissão, com recur- e o telespectador, garantin- sinal digital no Brasil estar modo de divulgação, mas sos das mais novas tecno- do a sonhada interatividade em um estágio lento e grapoucas alterações foram logias, melhor qualidade de com o público. “O uso do dual, é importante destacar feitas para se alcançar uma som e imagem e o formato Ginga vai ser importante no que em 98% dos lares bramaior interação entre as da tela widesrcreen. processo de inclusão social, sileiros, há a presença de grandes emissoras com seus Um aspecto importante vamos ter a famosa interativi- um aparelho de televisão. telespectadores. Porém, do Sistema Brasileiro de dade. As pessoas vão poder Além disso, foi muito imnos últimos anos, o Brasil Televisão Digital Terrestre acessar à Internet a partir da portante a participação do passou a dar uma maior (SBTVD) é o fato de ser uma televisão usando o próprio último mandato do governo atenção a uma novidade tecnologia genuinamente controle remoto, ter acesso Lula para uma maior agilino mercado: o sinal digi- nacional, formado por um à educação à distância, mar- dade no processo de protal. Ao contrário do sistema software denominado “Gin- car consultas médicas, fazer dução de conteúdo digital.

Qual foi o maior motivo que fez você participar de um BBB? Bom, dos motivos, não só meu, mas como da maioria dos participantes, era de ganhar o premio de R$500 mil. E também pesou em ter uma experiência nova, diferente, mas o principal foi o dinheiro.

Sitcoms e séries que retratam a realidade nas periferias fizeram sucesso nos anos 2000

Quando você entrou na casa, tinha alguma estratégia para o jogo? A gente sempre entra para ganhar, mas eu, como nunca conheci o mundo artístico da televisão, fiquei meio assustado. Nas primeiras semanas, fiquei muito quieto, apenas observando. E não teve estratégia, fui vivendo do jeito que eu sou, só que pensando em votar em quem não recebia votos, para não comprometer minhas amizades na casa.

Quais foram os principais desafios do confinamento? Foi suportar o confinamento em si. A partir do momento que não está afim de conversar com certa pessoa por mau-humor, não tem jeito,

Cilada (2005 - presente)

A Grande Família (2001 - presente)

Os Normais (2001 - 2003)

porque é obrigado a estar no mesmo lugar que ela. Ficar sem fazer nada também era complicado, sempre fui trabalhador, sentia falta de produzir. Mas, o psicólogo falou para imaginar que o meu trabalho seria aquele e foi dessa forma que comecei a buscar energia para me manter dentro do jogo. Qual foi a maior lição que você tirou do BBB? É ter paciência com o próximo, com a pessoa ao seu lado, que é uma coisa muito difícil de ter depois de um Big Brother. Ter uma maior compreensão com as pessoas, dar valor a pequenas coisas da vida que somente lá entendemos.

Em 2004, estreava A Diarista, seriado que contava a história da faxineira Marinete, interpretada por Cláudia Rodrigues. Cilada, com o ator Bruno Mazzeo, estreou no canal a cabo Multishow e refletia sobre temas do cotidiano de uma forma caricata e bem humorada. Minha Nada Mole Vida, com Luiz Fernando Gumarães, satirizava os programas de colunismo social da TV.

Antônia (2006 - 2007)

Mandrake (2005 - 2007)

Minha Nada Mole Vida (2006 - 2007)

A Diarista (2004 - 2007)

Estrearam em 2001 e fizeram enorme sucesso. Os normais contava a história do casal nada normal Rui e Vani. Remake do seriado dos anos 70, A Grande Família tem em seu elenco Marco Nanini e Marieva Severo. Como era sua relação com Pedro Bial? Ele tinha alguma influência no jogo? Parece que está lá dentro com a gente. Ele estuda bastante cada um, é muito inteligente, e nossa relação era muito boa, acredito que ele, como ser humano, tinha suas afinidades por um participante. Frases como “o cara mais simpático do Brasil”, me ajudava, aumenta o ego da pessoa.

“A informação do governo é que, até 2014, todo o país vai estar coberto pelo sinal digital, mas mesmo assim, vai demorar mais uns dez anos para conseguirmos interagir com todas as novidades do sistema”, comentou o especialista. Ainda que a televisão digital esteja em um estágio inicial em relação à interatividade entre a emissora e o receptor, há expectativas de que a digitalização permita que a programação televisiva chegue a um grau máximo de interação. O processo de implantação brasileiro é um dos melhores do mundo, o que acabará influenciando em uma campanha para explicar os principais conceitos e uso das novas tecnologias. Não apenas o governo, mas a sociedade deveria aproveitar para criar um mercado de televisão democrático, que afirme o país como grande referência na produção cultural e intelectual, além de contribuir para a inclusão social da população.

Seriados brasileiros foram sensação na década

Rodrigo, vencedor do BBB 2, conta sua experiência na casa

Conhecer as experiências do confinamento é cargo apenas dos 147 participantes que passaram pela “casa mais vigiada do país”, entre eles, Rodrigo Leonel Fraga, mais conhecido como Rodrigo Caubói. Confira a seguir uma entrevista com o vencedor da segunda edição do Big Brother Brasil.

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Recursos da TV digital prometem revolucionar o futuro e garantir maior democracia na mídia

Reality Shows são nova mania na televisão dos anos 2000 “O que você faria se pudesse vigiar e espionar pessoas enclausuradas dentro de uma casa 24 horas por dia?” A questão mostra bem que os anos 2000 se transformaram em uma verdadeira invasão de privacidade da vida real. O horário nobre da televisão brasileira não era mais simplificado às novelas e agora dava lugar a uma nova febre. Os novos protagonistas de audiência passaram a mesclar o voyeurismo e exibicionismo na luta por prêmios milionários nos reality shows. Na busca por audiência, a televisão procurou criar laços íntimos com o público, aproximando-se e retratando seu dia-a-dia. Assim, programas como No Limite, Casa dos Artistas e, principalmente, o Big Brother Brasil são expoentes em mostrar a realidade simulada de participantes lutando por prêmios e fama. Não há roteiros a serem seguidos, os participantes têm que passar pelo confinamento, ao mesmo tempo em que são observados por dezenas de câmeras. Esse atrativo é o que atiçou a curiosidade do público, que acreditou poder decidir ou mudar os rumos dos programas.

1 de dezembro de 2010

Interatividade é a nova ordem na comunicação

A década da “espiadinha”

Divulgação

No Limite

Adeus, nova década!

Matheus Fontes

A Fazenda Reality da Rede Record baseado no programa sueco The Farm. Apresentado por Britto Jr, já está em sua 3ª edição. O que o torna diferente dos outros realities é a sua ambientação em uma fazenda (na edição brasileira, localizada em Itu, interior de São Paulo), na qual os participantes devem

Adeus, nova década!

Ó paí, ó (2008)

Toma Lá Dá Cá (2007 - 2009)

A série Mandrake teve sua estreia em 2005 pelo canal a cabo HBO. Baseada na obra de Rubem Fonseca, teve Marcos Palmeira no papel do protagonista. Antônia, de 2006, foi uma das séries de cunho social. Contava a história de um grupo de garotas da periferia em busca de fama. A sitcom Toma Lá Dá Cá resgatou o formato de seriado com auditório e fez sucesso.

Força Tarefa (2009 - 2010)

Ó paí ó foi uma adaptação do musical homônimo de 2007. Apresentada em 10 episódios, contava a história dos moradores de um cortiço no Pelourinho. Força Tarefa estreou em 2009. Série policial, tinha Murilo Benício no papel principal.


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1 de dezembro de 2010

Adeus, nova década!

Adeus, nova década!

lazer

moda

Novos formatos de humor dominam anos 2000

Crescimento econômico e popularização foram marcas do mundo fashion na última década

Divulgação: Z.É - Zenas Emprovisadas

popularizaram personagens como Irmã Selma, Aline Dorel e Betina Botox. Destaque também para o grupo Z.É. – Zenas Emprovisadas, que tem em seu elenco Fernando Caruso, Rafael Queiroga, Gregório Duvivier e Marcelo Adnet. Seus espetáculos sempre contam com convidados e tem como base jogos de improvisação, como em uma aula de teatro. O resultado são situações hilárias e muitas risadas. Já que a tendência da década é a hibridização, por que não mesclar elementos televisivos com o teatro? Essa foi outra característica dos novos formatos de humorísticos dos anos 2000 e ficaram populares em programas como 15 minutos e Quinta Categoria, ambos da MTV Brasil, que misturam humor stand-up e improviso. O resultado de todas essas novidades do humor brasileiro? Plateias sempre cheias e muitas risadas.

Grandes estilistas dos anos 2000 Conheça um pouco sobre alguns dos principais nomes da moda dos últimos anos. Abaixo, três importantes estilistas - dois brasileiros e um estrangeiro. Fatorestilo.com

escracha-do e o corpo-a-corpo com celebridades, sempre com o objetivo de colocá-las em situações desconfortáveis ou engraçadas. Já o programa CQC surgiu na televisão brasileira em 2008, com o formato é importado do programa argentino Caiga Quien Caiga. Assim como Pânico da TV, é um programa de auditório, mas que se utiliza de recursos jornalísticos para se fazer humor. Assim, contém reportagens, coberturas políticas e quadros de utilidade pública que se utilizam de ironia e trucagem para que se tornem engraçados. No teatro, destaque para os espetáculos de improvisação e os esquetes cômicos, como o grupo Terça Insana, surgido em 2001, sob o comando da atriz Greice Gianoukas. Vários atores já passaram pelo grupo, que ganhou fama nacional depois que vídeos de seus esquetes caíram na internet e

Pedro Lourenço lançou sua primeira coleção aos doze anos de idade. Em 2010, aos dezenove, estreou com sucesso nas passarelas de Paris, capital mundial da moda.

Comentários sobre o cotidiano são a base dos espetáculos que atraem milhares para os teatros

O mundo da moda nos anos 2000 foi marcado por duas grandes características. No campo dos estilos, pouca coisa nova e muita influência das décadas passadas. No campo econômico, o grande fortalecimento do mercado da moda, marcado por fatores como o crescimento das exportações, os grandes eventos e a popularização da alta costura. Quando se trata de formatos e conceitos, a palavra que tem tomado conta do mundo fashion nos últimos anos é “releitura”. Os estilistas vêm buscando referências no passado – principalmente no período compreendido entre os anos 50 e 80 – e associando essas referências a elementos da atualidade. Um grande exemplo é a forte presença da moda hippie nos tempos atuais, com suas cores fortes e peças marcantes como as batas e as faixas de cabelo. Segundo Carla Beatriz Costa, coordenadora do curso de Moda e Estilismo do SENAC-Bauru, o que o mundo da moda trouxe de novidade nos anos 2000 foi a valorização da atitude e a busca pelo diferente. “Uma roupa com atitude

O modelito de carne de Lady Gaga: impacto visual é marca da década

fala por si só, não precisa de muitas explicações lógicas”, diz Carla. “O importante, hoje, é causar impacto visual. Uma prova disso é a ascensão da Lady Gaga, ícone dessa modernidade compulsiva e ultrarrelevante dos tempos atuais”. De acordo com Carla, essa procura pelo impacto visual é um reflexo da dinamicidade dos tempos

atuais. “Podemos contextualizar essas tendências modernas como uma forma de expressar toda a tecnologia e todo o momento que vive o mundo. O conceito é ser diferenciado, ser atual, ser moderno e incomum”. Ela aponta, entre os principais expoentes dessa tendência, estilistas como Rogério Lourenço, Samuel Cirnansck e Karl Lagerfeld.

Já para Cláudia Detomini, professora de História da Moda da Universidade do Sagrado Coração, foi o lado econômico que marcou o mundo da moda na última década, no Brasil e no mundo. Além do fortalecimento e da consolidação de grandes eventos como o São Paulo Fashion Week, ela destaca o recente crescimento do mercado brasileiro – tanto o interno quanto o externo. “A moda brasileira está sendo exportada”, afirma Cláudia. De acordo com a professora, a acessibilidade é o que há de mais importante quando se trata da atual realidade do universo fashion. Ela explica que os formatos e estilos lançados pelos grandes designers não estão mais restritos aos contextos das grifes e da alta costura. “Hoje está tudo acessível, até porque hoje existe cópia. São raríssimas as pessoas que podem ter realmente uma Louis Vitton. Mas, se você for na 25 de Março, você encontra. Hoje você tem o lançamento de uma coleção e ela está nas lojas luxuosas, nas grandes grifes, mas daqui a pouco também tem algo muito parecido nas lojas mais populares.”

“Retrô” ganha força no novo século A busca por referências do passado sempre existiu no mundo da moda

Para o ator de stand-up Fernando Strombeck, o humor brasileiro está em uma de suas melhores fases

de grupos de comédia que os comediantes ganharam fama e o stand-up cada vez mais reconhecimento do público e da crítica. É o caso do “Clube da Comédia” e do “Comédia em pé”, dois dos mais famosos grupos brasileiros de comediantes de stand-up. Um dos grande desafios do comediante do gênero é saber lidar com as reações do público e com o improviso. Apesar de seguirem roteiros, eles devem adaptar-se aos perfis das plateias e, por isso, saber improvisar. Fernando Strombeck comenta que sempre acontecem situações inusitadas com

o público. “Um dia tinha uma comitiva na nossa apresentação, vários cowboys bêbados atrapalhando o show. Por sorte eu tenho um texto onde satirizo sertanejos, saquei da manga e a plateia, que também estava incomodada, se voltou contra eles, rolaram aplausos, só assim eles sossegaram.” Hoje o stand-up ganha cada vez mais espaço na mídia. Um exemplo é o quadro “Humor na Caneca” do Programa do Jô, da Rede Globo. Nele, vários comediantes têm espaço para apresentarem seus textos e divulgarem o seu trabalho.

Para contratar os grupos de stand-up, anote:

Overachieversclothing.com

Samuel Cirnansck começou trabalhando na criação de figurinos para teatro e ópera - influencia no seu trabalho até hoje. Já desfilou 12 coleções no São Paulo Fashion Week.

Comédia Instantânea (15) 7835-7944 falar com Gabriel.

Comédia em Pé

(21) 2245-6483 ou 7850-3424 de segunda à sexta, das 12h às 18h, com a Alkaparra Produções.

Clube da Comédia

Os integrantes do grupo são contratados individualmente. Mais informações no site www.clubedacomedia.com.br

Karl Lagarfeld, alemão, tido como um dos protagonistas do mundo da moda no século XX, e sua influência se estende até os tempos atuais. É diretor criativo da marca Chanel.

Bruno Sisdelli

Óculos escuros estilo “gatinho”, roupas coloridas e de bolinhas, jaquetas de couro, saias de cintura alta... Esses são apenas alguns elementos do que ficou conhecido como “onda retrô” – a forte presença de roupas e acessórios de décadas passadas no vestuário contemporâneo. A principal influência é o estilo da década de 80. É o caso das ombreiras e das cores fortes, por exemplo. Segundo a consultora de moda Carla Beatriz Costa, esse reavivamento tem relação com um dos principais conceitos do mundo da moda nos tempos atuais: a busca pela atitude, pela diferenciação e pelo impacto visual. “Os anos 80 foram a década do exótico, do descolado, do do inusitado”, ela explica. “Esse resgate se dá pela necessidade de ser diferente e de se destacar que as pessoas tanto buscam”.

O retrô é uma marca forte da moda nos anos 2000, mas ele não é um fenômeno isolado ou exclusivo dos tempos atuais. Na verdade, o estilo de uma época sempre recebeu influências de períodos anteriores. A diferença é que agora esse resgate do passado vem ocorrendo com mais força e recebendo maior notoriedade. “Isso existiu em todas as décadas”, explica Cláudia Detomini, professora de História da Moda. “Hoje a gente vê mais coisas porque a gente tem mais décadas para se inspirar”. Carla Costa acrescenta que a divulgação por personalidades importantes pode ser vista como um fator de impulsão para a força que o retrô tem atualmente. “Grandes artistas ‘publicaram’ essa onda. É o caso da cantora Amy Winehouse”. Carla lembra ainda que

a busca por influências de outras épocas é um tiro certeiro quando se trata de estratégias de mercado no mundo fashion. “Os anos 2000 representam um mix de outras décadas com um

toque de ascensão e modernidade. Sempre buscamos referências do que foi bom no passado para alavancar o futuro. Qualquer mercado inteligente faz isso, porque garante lucros”. Divulgação: site oficial Amy Winehouse

Nada de maquiagem, cenários e fantasias. Nem mesmo a incorporação de personagens. Para a comédia stand-up, basta apenas um palco, um microfone e muita criatividade para transformar a vida cotidiana em comentários hilários, que fazem plateias inteiras rirem por horas. Stand-up vem do inglês, significa “em pé”, e essa é a essência da nova febre do humor que vem tomando conta dos teatros e bares brasileiros: um comediante desarmado de qualquer elemento de representação, em pé e que comenta sobre temas do dia-a-dia de uma forma engraçada e espirituosa. Por causa disso, também é conhecido no Brasil como o “humor de cara limpa”. Cada comediante é responsável por seu próprio texto, que pode ser baseado em qualquer situação do cotidiano. “Eu sempre fui o mais observador da turma. Minhas ideias surgem em qualquer lugar, às vezes um comentário na fila do banco pode render material. Fico atento a tudo, anoto e quando sobra um tempo, sento e trabalho a ideia”, conta Fernando Strombeck, ator de stand-up e integrante do grupo “Comédia Instantânea”, que também integra os comendiantes João Valio e Osvaldo Barros. As origens da comédia stand-up remontam os apresentadores de rádio norte-americanos, que atuavam como mestres

de cerimônia durante a gravação de programas ao vivo. Naquela época, ser engraçado era qualidade desejada para quem queria entrar para o showbusiness. Nos anos 1960, começaram a surgir clubes de comédia nos Estados Unidos, nos quais já se praticava o stand-up. Neles, foram revelados atores como Redd Fox e Bill Cosby. Com a popularização da televisão, programas como o americano Saturday Night Live alavancaram a carreira de vários atores da atualidade por meio da comédia. É o caso de Robin Williams e Eddie Murphy. Outros programas, como o seriado Seinfeld, que tinha como protagonista o comediante Jerry Seinfeld, incorporaram o stand-up em sua dinâmica. No Brasil, já existiam traços do humor de cara limpa nas apresentações de Chico Anísio e Jô Soares. Mas o stand-up ganhou notoriedade no final dos anos 90 e tornou-se febre na década de 2000, acompanhando a popularização da internet. Com ela, o público pode assistir a trechos de espetáculos do gênero através de sites, como o Youtube, o que atrai mais pessoas para os teatros e bares onde o stand-up é apresentado. Os primeiros a trabalhar com o gênero na atualidade foram os comediantes Diogo Portugal, Bruno Motta e fernando Ceylão. Mas foi com a formação

Divulgação: Fernando Strombeck

Felipe Oliveira

whymodel.blogspot.com

Comédia stand-up ganha mais espaço no Brasil

Bruno Sisdelli

Divulgação: Havuheard.net

Grupo Z.É. - Zenas Emprovisadas: improviso garante risadas nos espetáculos

O humor sempre esteve presente na mídia. Nos anos 2000, isso não foi diferente. Novos programas surgiram na televisão, novos gêneros teatrais que começaram a fazer sucesso. É um sinal de que o humor acompanha as transformações de uma sociedade que se reinventa a todo o momento. A televisão, que consagrou formatos antológicos de humorísticos, abriu espaço para novos atores e comediantes, que hoje são sucessos de audiência. Nesse caminho, os mais notáveis foram os programas Pânico na TV, da Rede TV, e o CQC, da rede Bandeirantes. Pânico na TV surgiu em 2003 como uma versão televisiva do programa de sucesso da rádio Jovem Pan, Pânico, e lançou vários comediantes, como Wellington Muniz, Rodrigo Scarpa e Evandro Santo. Em sua trajetória, o programa tem como estratégias o humor

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Releitura e atitude são palavras-chave

Programas como Pânico na TV, CQC e espetáculos como o Terça Insana fizeram sucesso na década Felipe Oliveira

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Amy Winehouse é um dos ícones que divulgaram a moda retrô


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1 de dezembro de 2010

Adeus, nova década!

Adeus, nova década!

Literatura

Literatura

Português reinventado

Fantasia e suspense dominaram o mercado de best-sellers

José Saramago marcou a literatura impondo estilo próprio e deixa saudades crescimento de diversas áreas na sociedade. Vencedor de prêmios importantes – como o Nobel da Literatura em 1998, Prêmio Camões (o mais importante prêmio literário da língua portuguesa) em 1995 –, Saramago foi ganhando cada vez mais visibilidade. Seus romances vinham sempre carregados de críticas, fossem elas à sociedade como um todo, ao indivíduo ou às instituições, como a religião. A psicóloga Patrícia Garcia acredita que o estilo e os assuntos abordados acabam impondo um ritmo de leitura diferente de outros autores. “O Livro Levantado do Chão mexe muito comigo, pois retrata uma coisa que questiono desde pequena: as desigualdades sociais. Para mim é duro ler este livro. Por isso estou com ele, digerindo há mais de um ano e só passei da metade.” Em O Evangelho Segundo Jesus Cristo, por exemplo, (1991), Saramago reescreve o a história bíblica sob a ótica de um Cristo que não é Deus e se revolta contra o seu destino. É considerada

uma de suas obras mais densas pela crítica, pois é possível notar como o autor português questiona o lugar de Deus, do cristianismo, do sofrimento e da morte. Para alguns, o que mais

Felipe Oliveira

Histórias de fantasia, romances juvenis, tramas de suspense e diversos tipos de auto-ajuda. Esses foram os temas que dominaram as livrarias brasileiras nos últimos 10 anos. Os best-sellers, livros que ganham popularidade e têm grande vendagem, caíram nas graças dos brasileiros, que passaram a consumir mais livros do que antes. O best-seller é um tipo de literatura produzida de acordo com a lógica do mercado. De acordo com José Carlos Mar-

ques, professor de Língua Portuguesa da UNESP de Bauru, “É uma literatura que já é concebida pra ser vendida. Por isso, geralmente os livros são em séries e é uma literatura que acaba sendo muito consumida”. Em geral, são livros que não recebem elogios da crítica literária, seja por terem sido planejados e escritos visando ao consumo, seja por simplesmente serem livros que tiveram sucesso de vendas, independentemente da intenção de seus autores. Outra característica é

serem sucessos passageiros. “Será que daqui a dez, vinte anos, essas obras continuarão a serem obras de referência, que geram comentários? A resposta, normalmente, é não”, comenta José Carlos. De acordo com um ranking feito pela Livraria Cultura, os best-sellers estiveram no topo da lista dos mais vendidos da década. O Código Da Vinci, de Dan Brown aparece em primeiro lugar, juntamente de O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini. Também figuram o ranking

O livro virou filme nas mãos de Fernando Meirelles

bem, além de compensar com a devida humildade a anterior negligência, o senhor quis comprovar que o seu erro havia sido corrigido, e assim perguntou a adão, Tu, como te chamas, e o homem respondeu, Sou adão, teu primogénito, senhor. Depois, o criador virou-se para a mulher, E tu, como te chamas tu, Sou eva, senhor, a primeira dama, respondeu ela desnecessariamente, uma vez que não havia outra. Deu-se o senhor por satisfeito, despediu-se com um paternal Até logo, e foi à sua vida. Então, pela primeira vez, adão disse para eva, Vamos para a cama.”

Um Saramago pra cada década O Adeus Nova Década indica três livros do autor, um pra cada década importante da obra O Homem Duplicado (2002)

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Com direção do brasileiro Fernando Meirelles (realizador de outros filmes como O Jardineiro Fiel e Cidade de Deus), a produção foi filmada no Japão, Canadá e Brasil, e a abriu o festival de Cannes de 2008. Baseada na história do escritor português, o filme conta a história de uma epidemia estranha que acomete uma cidade: uma cegueirabranca inexplicável pela medicina e que é tratada como doença infectoconta giosa pelo governo, o qual tenta isolar os cegos em quarentena, mas tudo culmina em um profundo caos social. A adaptação de Ensaio sobre a Cegueira para o cinema, em 2008, trouxe o nome dele às bocas do mundo novamente. Já consagrados e aclamados mundialmente, José Saramago e sua obra ganharam mais visibilidade do que nunca

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Na literatura brasileira, Chico Buarque e contos tiveram grandes vendagens

Ensaio Sobre a Cegueira

O autor português escreve num estilo próprio, aproximado da oralidade. A pontuação é diferente, não contando com travessões indicando falas, com períodos longuíssimos, com vírgulas onde a maioria dos autores usaria pontos. Saramago acaba criando uma narrativa que soa como fluxo de consciência. Dá para notar a peculiaridade do estilo de Saramago no trecho do último livro publicado pelo autor, Caim, transcrito a seguir: “Evidentemente, por um escrúpulo de bom artífice que só lhe ficava

Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991)

nho de 2010, o universo literário ficou menos brilhante. Nesse dia, morreu o grande escritor português José Saramago, “Mas não subiu para as estrelas se à terra pertencia” (palavras do próprio autor).

José Saramago morreu no dia 18 de junho de 2010 e deixa saudades no universo da literatura mundial.

O estilo único

Levantado do Chão (1980)

chama a atenção é a forma peculiar com a qual ele escreve, para outros é a densidade dos enredos, outros, ainda, destacariam a maestria com a qual defendia seus pontos de vista. Difícil defini-lo. No dia 18 de ju-

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José de Souza Saramago foi escritor, poeta, argumentista, crítico, romancista, contista e dramaturgo português, vencedor de prêmios, marido, pai, ibérico apaixonado, comunista convicto e ateu declarado. Nascido em 16 de novembro de 1922, na aldeia de Azinhaga em Portugal, e membro de uma família de agricultores, mostrou interesse pela cultura e pelos estudos desde muito cedo. Por não ter dinheiro para se graduar, Saramago começou a trabalhar como serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público da saúde e da previdência social, editor, tradutor e jornalista. José Saramago foi nomeado Doutor “Honoris Causa” pelas universidades de Turim (Itália, 1991), Sevilha (Espanha, 1991) e Manchester (Inglaterra, 1994). O grau “Honoris Causa” é atribuído a personalidades – ligadas ou não à instituição de ensino superior que confere o título – como reconhecimento de mérito pela sua ação em prol do

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Gabriela Brandão

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Best-sellers não agradam a crítica, mas incentivam o hábito da leitura

A Cabana, de William P. Young, Anjos e Demônios, também de Dan Brown e os livros da saga Crepúsculo, de Stephanie Meyer. A maior parte essas obras revelam uma tendência da literatura best-seller da década, sobretudo de ficção: unir-se ao cinema e explorar o marketing massivo. Cada estreia de filme baseado em um best-seller ajudava a alavancar as vendas nas livrarias. E a leitura dos livros aumentava as bilheterias dos filmes. No ranking de literatura brasileira, Chico Buarque conquistou o primeiro e segundo lugares, com Leite Derramado e Budapeste. Destaque também para O Vendedor de Sonhos: O Chamado, de Augusto Cury, e Pensar é Transgredir, de Lya Luft. O gênero dos contos também esteve em alta nos anos 2000. Estão no ranking As mentiras que os homens contam, de Luís Fernando Veríssimo, Amor é prosa, sexo é poesia, de Arnaldo Jabor, e a compilação Os cem melhores contos brasileiros do século. Os livros-reportagem não figuram o ranking, mas tiveram destaque do Brasil, principalmente os

que remontam períodos da história do país, como a série As Ilusões Armadas, do jornalista Elio Gaspari, que escancara os arquivos da Ditadura Militar no Brasil e reconstrói o panorama brasileiro da época. Mas o grande fenômeno de vendas foi 1808, de Laurentino Gomes. Lançado na época da comemoração de 200 anos de transferência da corte portuguesa para o Brasil, Laurentino percorre toda a época, utilizando um estilo didático, para contar detalhes sobre esse recorte da história do Brasil. Em 2008, o livro rendeu a Laurentino o prêmio de melhor Livro de Ensaio da Academia Brasileira de Letras, além do Prêmio Jabuti na categoria livro-reportagem e livro de não-ficção. Independentemente do gênero, não se pode tirar o mérito de que os best-sellers são um incentivo ao hábito da leitura que, infelizmente, o brasileiro ainda não cultiva. Além disso, podem ser uma ponte para a leitura de grandes obras literárias, principalmente entre os jovens. Por isso, que venham mais best-sellers e que os brasileiros leiam cada vez mais.

Ficção é o gênero mais vendido nos anos 2000 Confira quais foram os livros mais vendidos da década, segundo o ranking da Livraria Cultura

O cartaz do filme baseado no livro

na mídia. A estudante de medicina Julianna Gomes conta que conhece as duas versões da história, gosta de amabas, mas prefere o livro, “As sensações são mais a trama. Não acho que o filme capte isso da mesma forma, pois faz o desespero que move o livro parecer tristeza.” O próprio Saramago adorou a adaptação da sua obra por Fernando Meirelles. Ao ver o filme pela primeira vez disse, emocionado, “Estou tão feliz por ter visto este filme como estava quando acabei de escrever o livro.”

Literatura Brasileira

Literatura Estrangeira

1º - Leite Derramado (Chico Buarque)

1º - O Código Da Vinci (Dan Brown)

2º - Budapeste (Chico Buarque)

2º - O Caçador de Pipas (Khaled Hosseini)

3º - O Vendedor de Sonhos - O chamado (Augusto Cury)

3º - A Cabana (William P. Young)

4º - Pensar e Transgredir (Lya Luft) 5º - A Hora da Estrela (Clarisse Lispector) 6º - Onze Minutos (Paulos Coelho) 7º - Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século (diversos)

4º - A Menina que Roubava Livros (Markus Zusak) 5º - Crepúsculo (Stephanie Meyer) 6º - Anjos e Demônios (Dan Brown) 7º - Eclipse (Stephanie Meyer) 8º - Lua Nova (Stephanie Meyer)

8º - Vidas Secas (Graciliano Ramos)

9º - Quando Niezsche Chorou (Irvin D. Yalom)

9º - As Mentiras que os Homens Contam (Luis Fernando Veríssimo)

10º - Ensaio Sobre a Cegueira (José Saramago)

10º - Amor é Prosa, Sexo é Poesia (Arnaldo Jabor)

Dados gentilmente cedidos pela Livraria Cultura de São Paulo


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Adeus, nova década!

Adeus, nova década!

Literatura

Artes Plásticas

Formas de expressão artística contemporânea contém críticas à própria arte

Festival contou com a presença de autores ilustres de diversas partes do mundo

Outras opções Para quem acha Paraty um pouco fora de mão, há outras opções de feiras literárias espalhadas por todo o país. A Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto acontece em junho e também é um grande evento cultural e econômico brasileiro. Apesar de ser realizada no interior de São Paulo, pessoas de todos os lugares do país

comparecem ao evento. A Feira do Livro de Ribeirão é uma das maiores feiras a céu aberto do mundo e no Brasil é uma das quatro mais importantes. Conta com um grande público – sua última edição contou com mais de 400 mil pessoas – e com uma programação bem diversificada, especialmente famosa pelos shows. Com uma pequena mudança de foco, mas não menos importante, na cidade de Bauru acontece a Feira do Livro Infantil. O evento surgiu em 2000 e desde então acontece periodicamente em abril. Na feira são expostos e comercializados livros, brinquedos e recursos audiovisuais educativos. Há também peças de teatro, palestras para professores, leitura de histórias e até um papo com escritores.

Mirela Dias

Todos os dias milhares de pessoas visitam museus de ar tes, galerias e checam algumas exposições, mas quantas dessas pessoas reconheceriam a ar te

Mural “Justiça”, de Romero Britto: um dos principais artistas atuais Gay Talese qualificou o festival como “maravilhoso”

O interior também tem feira! Bruno Scantamburlo

Abaixo, mais algumas informações sobre dois eventos literários que acontecem no interior paulista Feira do Livro Infantil de Bauru

Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto A Feira do Livro de Ribeirão nasceu com a década de 2000 e sobreviveu a ela. A primeira edição aconteceu em 2001 e, desde então, o evento ocorre todos os anos. Sediada no centro histórico da cidade, a Feira ocupa duas praças e mais a esplanada do Theatro Pedro II. Ao longo dos 16 mil quilômetros quadrados de extensão do local, ficam espalhados estandes

das mais variadas editoras vendendo os mais variados tipos de livros - de romances clássicos a manuais de culinária. Além do comércio de livros, a feira conta com grandes shows, palestras com autores e personalidades ilustres da cultura brasileira, debates, seminários e diversos tipos de manifestações artísticas e culturais. A edição mais recente da Feira Na-

cional do Livro de Ribeirão Preto aconteceu entre os dias 10 e 20 de junho de 2010, e contou com a presença de grandes autores como Ziraldo, Carlos Heitor Cony, Zuenir Ventura, Moacyr Scliar, Ignácio de Loyola Brandão, Ricardo Kotscho e Xico Sá. O evento também contou com treze shows, de artistas como Milton Nascimento, Zélia Duncan e Nana Caymmi.

Com uma programação voltada principalmente para as crianças, a Feira de Bauru também chegou à sua décima edição em 2010. Realizada anualmente no Centro Cultural “Carlos Fernandes Paiva”, a feira acontece em abril e tem como principal atração a venda de livros infantis a preços acessíveis. Além de obras literárias, também é possível comprar ou-

tros produtos, como brinquedos e filmes educativos. Mas o evento não se resume só ao comércio. Ao longo de dez dias, a programação conta com apresentações musicais, conversas com escritores, palestras, peças teatrais, contação de histórias e a presença de personagens consagrados da literatura infantil. E não são só as crianças que se beneficiam da realiza-

ção do evento. A programação também é voltada para familiares e educadores, e há os estandes que vendem livros direcionados ao público adulto. A Academia Bauruense de Letras também marca presença, com um estande que oferece obras de escritores da cidade. A Feira do Livro Infantil de 2010 atraiu cerca de 30 mil pessoas entre os dias 6 e 16 de abril.

Site oficial Tilibra

Show de Toquinho e MPB4 na Feira do Livro de Ribeirão

se a encontrassem na rua? A ar te contemporânea surge na segunda metade do século XX e segue até os dias atuais. Ela é marcada pela própria ausên-

Narciso Lins

A Festa Literária Internacional de Paraty, conhecida como FLIP, teve sua primeira edição em 2003 e foi o primeiro evento a conquistar em lugarzinho para o Brasil nos circuitos internacionais de festivais literários. O evento é realizado no mês de agosto pela Associação Casa Azul com o objetivo não só de promover a literatura, a festa também potencializa melhorias na infra-estrutura da cidade, na preservação de patrimônios e até na educação. Desde o começo, a FLIP ficou caracterizada pelos seus convidados de grande renome – como um dos escritores do New Journalism, o norte-americano Gay Talese ou ainda o historiador Eric Hobsbawm– o que confere sempre um grande público para a festa.

O festival conta com um show de abertura, mesas literárias, conferências, lançamentos de livros e documentários e cada edição homenageia um dos grandes escritores brasileiros. E como se não bastassem todas as atrações, nas horas vagas ainda há a possibilidade de dar um pulinho no mar das belas praias de Paraty.

A Feira de Bauru conta com programação voltada especialmente para as crianças

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A arte da crítica

Feira literária de Paraty foi destaque na década Mirela Dias

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cia de características marcantes e nisso ela difere de outros momentos da ar te que eram caracterizados ora por formas mais abstratas, ora por formas delineadas, futurísticas ou clássicas. Hoje em dia, não se busca mais algo novo, inédito, mas sim uma crítica, um outro ponto de vista para coisas já corriqueiras para nós. É dada com a própria banalização da ar te: ela saí das galerias e se encaixa em todos os ambientes, se o próprio ambiente não for a ar te. Essa banalização pode ser verificada na mudança do funcionamento das galerias de ar te de uns tempos para cá, como

explica a dona de uma galeria, Tina Zappoli, “Não existem mais tantos colecionadores, por tanto o público é eclético e também são freqüentes as compras por quem não conhece ar te. De uma maneira geral, as pessoas procuram muito por assinaturas”. Tina ainda comenta que uma das coisas que não mudou é que a ar te em ambiente fechados, ou seja, a ar te de galeria, principalmente, continua atraindo pessoas mais velhas numa faixa etária de 30 a 60 anos, sem maiores distinções entre sexos. Rodrigo Andrade é um ar tista contemporâneo e se apresentou

na 26ª Bienal de São Paulo. Ficou marcado nessa bienal como um dos poucos ar tistas que ainda se expressa através de pinturas. Seus quadros montam uma ilusão de fotograf ia com uma pintura espessa em um fundo sempre escuro. A série de ar te chama “Matéria Noturna” e trata sobre a materialidade do preto a par tir do estilo de pintura de Andrade. Mais alguns nomes da ar te contemporânea que devem ser citados, devido suas premiações e exposições nacionais e internacionais são Hélio Jesuíno, Lourdes Barreto, Rogério Camacho e Romero Britto.

Cinco edições da Bienal de Artes de São Paulo que marcaram a década de 2000 Gabriela Brandão

A Fundação Bienal de São Paulo é uma das mais importantes instituições internacionais de promoção de arte contemporânea. Seu mais importante evento, a Bienal de Artes, chama a atenção de artistas e críticos do mundo inteiro para o cenário artístico contemporâneo brasileiro. É uma iniciativa importante para a cultura, na medida em que quebra o isolamento do nosso país, cujas condições socioculturais desestimulam a produção e a apreciação da arte. Sendo promovida desde 1951, a Bienal foi tomando importância e crescendo a cada edição. Após se tornar um evento gratuito, em 2004, popularizou-se ainda mais, oferecendo à população a oportunidade de contato com a arte contemporânea nacional e internacional sem custos, e, desde então, vem batendo recordes de público. Ainda que a arte seja pouco valorizada no Brasil, é notável a importância de eventos como a Bienal de Artes de São Paulo para o páis. De acordo com a Professora da FACOM, Nydia Lícia de Cardoso ”A Bienal é importante na medida em que mantêm o Brasil no circuito mundial das artes,

obriga a reflexão sobre a nossa produção artística, e alarga nossos horizontes seja como público, como artistas ou como organizadores. E para mim o mais importante é que nos valida como país culturalmente ativo.”

26ª Bienal de São Paulo: Território Livre (2004)

Para montar as Iconografias Metropolitanas, o curador escolheu 11 metrópoles: São Paulo, Istambul, Nova York, Pequim, Caracas, Londres, Berlim, Moscou, Tóquio, Johannesburgo e Sydney. Cinco artistas de cada cidade apresentaram seus trabalhos e outros 12 de diversas partes do mundo compuseram uma 12ª cidade Utópica, “uma proposta estética para o novo milênio”, segundo palavras do curador. Teve início em 23 de março e terminou em dois de junho. Contou com a participação de 194 artistas de 68 páises.

29ª Bienal de São Paulo: Há sempre um copo de mar para um homem navegar (2010)

28ª Bienal de São Paulo: Em Vivo Contato (“A Bienal do Vazio”) (2008)

As bienais da década 25ª Bienal de São Paulo: Iconografias Metropolitanas (2002)

co, experiências comunitárias e recortes antropológicos. Iniciou a exposição em 07 de outubro e finalizou no dia 17 de dezembro. Contou com 118 artistas, mas sem representação nacional.

Foi a primeira bienal a oferecer entrada gratuita, e por isso atingiu 917 mil visitas. Em entrevista à Folha, o curador Alfons Hug explicou que escolheu o tema porque ”Território Livre” reforça a idéia da liberdade que a arte é capaz de criar, da autonomia. É uma área extraterritorial, na qual os artistas erigem os seus postos de observação, pode-se até dizer, utópicos. Começou em 25 de setembro e pemanceu até 19 de dezembro. Teve 141 artistas de 61 países expondo. 27ª Bienal de São Paulo: Como Viver Junto (2006)

A mostra teve obras de conteúdo fortemente políti-

O projeto da mostra, idealizado pelo curador Ivo Mesquita e intitulado “Em Vivo Contato”, propôs um andar inteiro sem obras como forma de questionar uma “crise no sistema de arte”. Esse espaço vazio foi invadido por um grupo de pichadores em uma ação coordenada no dia da abertura do evento. Uma integrante do grupo foi presa logo após o ato e ficou detida por 50 dias. Os espaços pichados foram pintados, na sequência, pela organização da Bienal. Estreou no dia 26 de outubro e encerrou as visitas em 6 de dezembro. Expôs obras de 41 artistas, entretanto, nenhum brasileiro.

De acordo com a Fundação Bienal de São Paulo ”O verso do poeta Jorge de Lima tomado emprestado de sua obra maior, Invenção de Orfeu (1952) –, sintetiza o que se busca com a edição de 2010 da Bienal de São Paulo: afirmar que a dimensão utópica da arte está contida nela mesma, e não no que está fora ou além dela. É nesse ‘copo de mar’ – ou nesse infinito próximo que os artistas teimam em produzir – que, de fato, está a potência de seguir adiante, a despeito de tudo o mais; a potência de seguir adiante, como diz o poeta, ‘mesmo sem naus e sem rumos / mesmo sem vagas e areias’.” Abriu para visitações no dia 25 de setembro e encerra o período de exposição no dia 12 de dezembro. Conta com148 artistas, mas, pelo terceiro ano seguido, não há representação brasileira entre os expositores.


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Adeus, nova década!

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Opinião Ensaio sobre a pirataria Bruno Sisdelli

Os anos 2000 foram, entre muitas outras coisas, os anos da pirataria digital. Do já tradicional computador com gravador de CD e DVD ao moderno download de arquivos torrent, as tecnologias consolidadas ao longo da última década disponibilizaram para qualquer um ferramentas que antes eram monopolizadas por poucos setores como a indústria fonográfica: ferramentas que permitem a gravação, a reprodução e a distribuição de produtos culturais em larga escala. Sem querer fazer apologia ao fim do direito autoral – porque definitivamente não é o caso – mas é inegável o impacto, em grande parte positivo, que a pirataria vem tendo sobre a produção e o consumo de arte, cultura e entretenimento. Em primeiro lugar, o óbvio: maior acessibilidade. Desde quando os primeiros piratas modernos começaram a gravar discos em casa e comercializá-los na rua, não é mais preciso pagar preços exorbitantes para assistir a um filme ou ouvir as canções da sua banda favorita. A indústria cultural, não mais detentora do monopólio sobre as técnicas de reprodução e preocupada com a queda nas vendas, logo tratou de fazer propaganda pesada contra o novo comércio ilegal: “CD pirata estraga o aparelho de som” (você

A cópia ilegal e o download gratuito ameaçam os padrões ultrapassados da indústria cultural

já ouviu falar de algum caso?), “o dinheiro da pirataria é o mesmo do tráfico de drogas” (porque é realmente óbvio que um sujeito que usa seu computador para copiar um filme em um monte de discos virgens só pode estar metido com o comércio de entorpecentes, não?). De qualquer forma, essas teorias apocalípticas propagadas pela indústria cultural logo ruíram quando surgiu uma nova forma de pirataria: o download gratuito. Quando pipocaram milhares de sites disponibilizando softwares de músicas, filmes e livros de graça, o internauta pôde usufruir desses produtos sem mais se preocupar em financiar o tráfico ou destruir seu toca-discos. E aí as grandes gravadoras, produtoras e editoras pas-

saram a usar com mais força que nunca o discurso supremo do movimento antipirataria: “quem faz download ilegal não reconhece o trabalho do artista”. Mas também foi logo refutada a ideia do músico (ou ator, ou etc.) vivendo amargurado entre um beco e outro porque o download gratuito extinguiu sua profissão. Isso porque muitos artistas começaram a usar a ferramenta do download para promover o próprio trabalho, disponibilizando-o gratuitamente na rede. O que, de início, parecia ser algo prejudicial para quem faz arte tem se mostrado, na verdade, muito benéfico. Enfim, a década se fecha em um momento em que as estratégias “piratas” de difusão cultural, em muitos casos, têm gerado bons frutos para quem consome e

para quem produz. Nesse sentido, é importante destacar o trabalho de artistas e grupos como O Teatro Mágico. Grande sucesso em todo o Brasil, a trupe disponibiliza suas canções gratuitamente na internet, vende seus CDs por cinco reais e aproveita os shows para bradar o mote “pirateiem o nosso trabalho”. E, mesmo podendo conseguir as músicas de forma fácil e sem custos na rede, os fãs – pasmem! – compram os discos. Com isso, chegamos ao segundo grande ponto positivo da reprodução de arte, cultura e entretenimento por meios alternativos à indústria cultural: maior variedade. Sem ter mais que depender de grandes produtoras ou gravadoras para divulgar seu trabalho, os artistas têm encontrado espaço para fazer sucesso com criações que fogem

dos ditames da cultura de massa. Importantes exemplos são bandas como Vanguart, Móveis Coloniais de Acaju e o próprio Teatro Mágico. Se tivessem tentado o caminho tradicional da indústria fonográfica, esses grupos provavelmente teriam sido enxotados com o argumento de que não fariam sucesso e não gerariam lucros – o que mostra o quanto essa indústria está antiquada, enferrujada, mofada, rumo à ruína... Mas, ao invés de se reinventar, ela prefere fazer propaganda pesada e inútil contra aquilo que a está destruindo: o barateamento de CDs e o download gratuito. A verdade é que a pirataria não vai destruir a produção cultural. As pessoas não vão deixar de ir ao cinema porque o DVD está mais barato, e o download de músicas não vai fazer com que elas deixem de ir aos shows ou de comprar os CDs – desde que estes sejam vendidos por preços acessíveis, o que é comprovadamente possível. Certamente não podemos santificar a pirataria e negar as problemáticas que ela envolve, mas temos que admitir que elas nos mostrou que a produção cultural pode ser, no mínimo, mais acessível e mais variada. Que tal, ao invés de simplesmente atacarmos a pirataria, tentarmos aprender com ela?

Crônica Sonhando com Sétima Gabriela Brandão

Esticou-se em um espaço vago, num conforto conquistado. Nada estava à sua frente agora. As luzes foram apagadas causando uma escuridão de transição. Uma música começou a puxar sua consciência do repouso, com uma invisible invinting hand, com uma atração inebriante, inegável, irresistível. Podia sentir a sétima pulsando em si. Era uma viagem começando. Em alguns minutos, sua solidão foi transportada a quilômetros de seu corpo. Sua mente flutuou por lugares nunca dantes navegados. Viu rostos familiares viu expressões desconhecidas. Cada partícula de sua

vida foi se conectando, como numa dança de cores e cenas lindas, carregadas de algum sofrimento piegas, de uma ou outra gargalhada forçada, de umas lágrimas. As cenas que se formavam, proporcionavam sensações apaziguadoras. Um apelo às almas mais extenuadas. A viagem foi se adensando, se tornando mais e mais forte, prendendo cada milímetro de si a uma mente que procurava descansar. A mão que conduzia às direções mais inexplicáveis parecia se divertir com cada nova reação, com cada suspiro, com cada sentimento coincidente. Quando as luzes se acenderam novamente, seu vôo lhe jogou para a queda li-

vre. Num baque, pousou novamente sobre a poltrona. Uma colisão assustadora, antecipada apenas por

algumas letras bêbadas que subiam pela tela. A realidade se chocou violentamente com o mundo ine-

briante dos sonhos. De repente, como num piscar de olhos, o Happy Ending não mais existia.


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