Memorial TFG PUCC 2017 - Praça Comunitária

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PRAÇA COMUNITÁRIA COMPLEXO PRAÇA + CENTRO COMUNITÁRIO PARELHEIROS, SÃO PAULO



PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIAS FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

PRAÇA COMUNITÁRIA COMPLEXO PRAÇA + CENTRO COMUNITÁRIO PARELHEIROS, SÃO PAULO

ORIENTADOR: PROF. MESTRE LUIS ALEXANDRE AMARAL PEREIRA PINTO DISCENTE: GABRIELA DE NADAI

CAMPINAS - SP

2017


SUMÁRIO

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AGRADECIMENTOS

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PROPÓSITO

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PREFÁCIO

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URBANO

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PARELHEIROS

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ARCO PARELHEIROS

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PRAÇA COMUNITÁRIA

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PRINCÍPIO

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INSERÇÃO 4


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CONEXÕES

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PARTIDO

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VOLUMETRIA

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PROJETO

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MATERIALIDADE

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ESTRUTURA

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MODELO FÍSICO

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RELAÇÃO DE IMAGENS

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BIBLIOGRAFIA

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Figura 1. Área de implantação da Praça Comunitária, representada em curvas de nível

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AGRADECIMENTOS Arquitetura é um processo continuo. Cada projeto é uma busca incansável por soluções, que resultam de um longo processo - cansativo, porém imensamente prazeroso. Processo este que conta com a participação e inúmeras pessoas, e ao final deste último projeto acadêmico só tenho a agradecer a todos que me auxiliaram nesse árduo caminho em busca das melhores soluções. À minha família, obrigada pela paciência e por me proporcionarem essa experiência. Ao Alfredo, obrigada por todo incentivo e comprometimento. Aos meus amigos, obrigada pelo companheirismo em todos os momentos. Ao meu grupo de TFG, obrigada por terem feito deste último ano na faculdade tão divertido. Ao meu orientador, obrigada por toda dedicação e aprendizado. Seu amor pela profissão é contagiante.

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PROPÓSITO

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O complexo comunitário proporciona à comunidade um espaço qualificado para o desenvolvimento de atividades coletivas, incentivando a integração entre população e território. É um lugar que traz a simplicidade e a complexidade do meio em que se insere, diferenciandose dos demais equipamentos propostos pelo plano urbano Arco Parelheiros por apresentar a noção da autoconstrução, ou seja, de um edifício concebido pela população para a própria população – um espaço que celebra o que é ser morador de Parelheiros. 9


PREFÁCIO Estando mais próxima do mar do que do centro de São Paulo, Parelheiros se difere das demais subprefeituras do município por seu território estar situado em uma vasta área de proteção aos mananciais, dentro de uma região que compreende remanescentes significativos de Mata Atlântica. Devido às características naturais peculiares de seu território, composto pelos distritos de Parelheiros e Marsilac, o que chama atenção em Parelheiros é a forma como a paisagem natural e a vida urbana interagem entre si e conformam um espaço com características típicas de cidades rurais de interior, apesar de fazer parte do município de São Paulo. A topografia acentuada e a densa cobertura vegetal deveriam ter impedido naturalmente a ocupação desse território (Figura 2), mas o crescimento urbano e o êxodo das classes mais baixas para áreas periféricas resultaram em uma zona urbana que surgiu sem qualquer forma de planejamento. O crescimento populacional na região deuse a partir do surgimento de loteamentos clandestinos na segunda metade do século XX, onde terrenos que não eram propícios para urbanização foram loteados e vendidos por imobiliárias na informalidade. Esse crescimento populacional desestruturado numa Macrozona de Proteção Ambiental faz com que essa paisagem, que soa como um refúgio da cidade dentro da

própria cidade, enfrente diversos problemas estruturais e políticos que afetam a qualidade de vida de sua população, que vive hoje no distrito com menor IDH São Paulo (0,747 – Estadão/2016). Mas como garantir o direito à cidade dessas comunidades que se consolidaram de forma irregular por não caberem no mercado imobiliário formal? As 140mil pessoas (IBGE/2010) que hoje residem no distrito de Parelheiros não deveriam ter se consolidado na região, mas isso não significa que elas não tenham os mesmos direitos que as demais áreas urbanas de São Paulo – como transporte publico de qualidade, vias asfaltadas e iluminadas, segurança, lazer, saúde e educação. O desafio do plano estratégico Arco Parelheiros foi justamente a busca pelo o direito à cidade de um território onde a mesma nunca deveria ter se estabelecido. Foi necessário encontrar uma maneira de garantir que a região recebesse a infraestrutura necessária para melhorar a qualidade de vida de sua população sem provocar qualquer forma de crescimento da mancha urbana ou interferência urbanística que prejudicasse as áreas de proteção remanescentes.

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URBANO Talvez os espaços ilegais, informais, alternativos, contenham possibilidades incontavelmente mais interessantes para o enfrentamento dos problemas que advirão nos tempos vindouros. Talvez a preservação de valores culturais gerados por ações comunitárias, desajustadas em relação ao mercantilismo urbano e voltadas às construções espontâneas e “vernaculares”, muito mais próprias e genuínas em relação ao lugar e constituição em que se formaram, seja a melhor solução a um contexto dado e suas especificidades. DUDUCH, 2000, pág. 138.

Figura 2. Contruções informais na Rua João da Silva Braga, Parelheiros - SP FONTE: Google Street View 2017

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Figura 3. Inserção regional de Parelheiros


PARELHEIROS A ideia de estudar Parelheiros surgiu de uma conversa informal em busca de territórios com problemáticas urbanas interessantes a serem explorados. E quando surgiu esse nome, um belo trava-línguas, veio a pergunta: “Mas o que é Parelheiros? “. E da curiosidade vieram pesquisas. Este lugar desconhecido era mais próximo do que o esperado, fazia parte da cidade de São Paulo (Figura 3). Localizada no extremo sul do município, a região por muitas vezes passa despercebida em meio a imensidão de uma das cidades mais populosas do mundo, mesmo tendo peculiaridades que sem dúvida merecem mais atenção. Nada em Parelheiros é convencional. Foi o sonho da casa própria que levou ao êxodo das classes operarias para as regiões periféricas de São Paulo, resultando em um boom populacional em Parelheiros - que viu sua população passar de 36mil habitantes para 140mil habitantes num período de 30 anos (IBGE 1980-2010). Em meio a resquícios de Mata Atlântica nasceu um núcleo urbano, cujo crescimento repentino e desestruturado resultou em diversas problemáticas urbanas e estruturais nesta região que antes era tomada completamente pela natureza. Hoje, com a população de uma cidade de médio porte, o distrito de Parelheiros luta constantemente em busca de uma infraestrutura que teve dificuldades para acompanhar a velocidade desse crescimento urbano e po-

pulacional tão inusitados. As barreiras a serem vencidas são muitas, fazendo necessária a atenção que a região raramente recebe. O estudo dessa área e a proposta de um plano de reestruturação urbana vem com o intuito de entender as necessidades dessa população e propor soluções viáveis para as problemáticas existentes.

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ARCO PARELHEIROS: ENTRE A QUESTÃO AMBIENTAL E O DIREITA À CIDADE

O plano de restruturação urbana Arco Parelheiros foi desenvolvido com o intuito de garantir o direito à cidade à uma população castigada pela irregularidade. As condições topográficas e ambientais que deveriam ter dificultado a ocupação deste território não foram suficientes para deter o êxodo das classes trabalhadoras para a periferia, mas até hoje intimidam o poder público - que deveria enfrentar essas dificuldades e proporcionar direitos básicos a esta vasta população ainda carente de infraestrutura básica. A partir do estudo dos bairros de Nova Parelheiros e Parelheiros, conclui-se que a maior problemática deste território era sua forte característica de bairro-dormitório – uso predominantemente residencial, com falta de equipamentos de comércio, lazer e cultura. Essa situação se agravava ainda mais pela falta de conectividade entre a própria região; devido às condições topográficas peculiarescom um terreno íngreme e irregular, as transposições territoriais também eram um desafio a ser vencido. Uma vez que Parelheiros se encontra em uma área de proteção ambiental, com diversas nascentes e áreas de preservação da Mata Atlântica, foi necessário a elaboração de um plano de intervenção estrutural que previsse qualificar a região de forma a não incentivar o crescimento urbano. O objetivo do plano é garantir à esta população uma infraestrutura essencial para a vida urbana, e ao mesmo tempo reforçar a necessidade de preservar a

riqueza ambiental existente na região. Para isto foi proposto um esquema de elementos estruturadores com intuito de conectar e qualificar o arco formado pelos dois bairros analisados, que se desenvolvem ao sul do Rodoanel Mário Covas a partir da Av. Sadamu Inoue, seguindo até a Rua Amaro Alvares do Rosário, que se encontra novamente com o rodoanel. Estes elementos estruturadores conformam um sistema integrado de mobilidade urbana (Figura 4) que prevê a requalificação do viário existente, propondo a integração deste com um circuito integrado de áreas verdes (com propósito de qualificar as áreas de nascentes e mananciais), vielas e vias compartilhadas (essenciais para a circulação de pedestres), e ciclovias. Este grande organismo conecta uma série de equipamentos propostos com o intuito de qualificar os usos da região, diminuindo a necessidade de deslocamento para outros bairros em busca de comércio e lazer. Para isto, foi proposta a expansão da área central existente, localizada ao redor do CEU Parelheiros (equipamento existente), prevendo uma centralidade linear que acompanha o novo anel viário – que se abre em Nova Parelheiros, na intersecção entre Av. Sadamu Inoue - Rua Euzébio Coghi - Estrada da Colônia, formando um perímetro ao redor do complexo Praça da Nações (proposta) – CEU – Parque Linear, e se fechan14


do novamente na Rua da Estação, por onde segue linearmente até atravessar o núcleo urbano de Parelheiros. Dentre os equipamentos propostos para conformar a nova centralidade regional, oito foram escolhidos para detalhamento devido à sua importância na qualificação do Arco Parelheiros; e o centro comunitário – que se expandiu para praça comunitária, é um destes equipamentos. A importância da existência de um espaço voltado para a comunidade neste território reforça a noção de pertencimento ao lugar, e como é importante considerar a participação da população local para que as mudanças propostas de fato façam a diferença que eles esperam e precisam.

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Figura 4. Mapa sĂ­ntese do plano urbano Arco Parelheiros

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PRAÇA COMUNITÁRIA PRINCÍPIO A proposta de um equipamento que incentive a coletividade veio da intenção de dar voz à população de Parelheiros. Embora o distrito conforme espacialmente cerca de 25% do município de São Paulo, sua representatividade populacional é extremamente baixa – seus 140mil habitantes (IBGE/2010) representam apenas 1% da população do município. Esta baixa representatividade, a grande distância entre o distrito e os principais centros comerciais, e a falta de interesse econômico na região, são alguns dos fatores que contribuem para que as adversidades deste território acabem sendo esquecidas em meio à imensidão de São Paulo, mesmo quando deveriam ser priorizadas. Para expor sua realidade precária e garantir seus direitos, a população de Parelheiros vem se organizando através de movimentos populares, seja em forma de pequenos protestos ou através de formas de mídia alternativas, como as redes sociais. E é a partir dessa intencionalidade existente na comunidade de se unir e lutar por seu espaço na cidade formal que é proposto o programa do centro comunitário. O intuito deste equipamento que celebra a coletividade é providenciar um espaço físico de qualidade onde os encontros sociais e as conversas, que já acontecem de forma tímida, possam se apropriar e crescer, incentivando a liberdade de expressão e a comunicação entre os membros

dessa comunidade e os poderes públicos responsáveis por lidar com as problemáticas urbanas e estruturais existentes no território. A introdução da noção de autoconstrução, comum na região desde o início da urbanização do território, reforça a intencionalidade de propor um espaço para a população feito pela própria população. Prever que o centro comunitário seja pensado e construído pela comunidade atribui um nível de autonomia ao equipamento, que pode de fato ser moldado às necessidades de quem vai utiliza-lo. Desta forma o centro comunitário prevê suprir a demanda local de programas abertos à população, integrando em um único espaço áreas administrativas e funcionais, como a sede da associação de moradores e as novas sedes da rádio comunitária (Futura 87,5 FM) e do jornal comunitário (Folha de Parelheiros) - movimentos existentes concebidos pela própria população como meio de divulgar o que acontece em Parelheiros. A localização estabelecida para a implantação deste novo edifício reforça sua importância no âmbito local. O terreno escolhido situa-se na Rua João da Silva Braga (Figura 5), ponto central entre os bairros de Nova Parelheiros e Parelheiros, conectando assim as duas extremidades do Arco Parelheiros através de um propósito coletivo que necessita desta união para comprimir plenamente seu objetivo.

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Figura 5. Inserção local da praça comunitária FONTE: Google Earth 2017

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INSERÇÃO Um dos maiores desafios para a construção civil em Parelheiros é sem dúvida a topografia acentuada. A inclinação natural deveria ter impedido por si só a ocupação desse território, mas o oportunismo de imobiliárias fez com que este fator fosse ignorado e as terras loteadas. E assim surgiram os primeiros bairros da região, com lotes irregulares e de topografia desfavorável para construção. Mas foi exatamente esta problemática com o terreno que resultou em lotes desvalorizados em relação as demais regiões de São Paulo, acessíveis para quem não tinha condições de comprar um terreno no mercado formal. Com um pedaço de terra, mesmo que pequeno e íngreme, o sonho da casa própria realizava-se para muitos. O resultado desta apropriação irregular é um local que aos poucos vem recebendo a infraestrutura necessária para a consolidação de uma área urbana, mas que sofre com as dificuldades territoriais a serem vencidas para esta estruturação. Poucas vias são pavimentadas, muitas destas não possuem passeio (ou largura suficiente para comportar o passeio), e a declividade entre as vias dificulta a transposição entre as quadras. Os elementos estruturadores do plano estratégico Arco Parelheiros – viário, eixo verde, ciclovias, vielas e vias compartilhadas, e equipamentos - visam proporcionar uma forma de superar a topografia desafiadora criando eixos de conexão e circulação, e a implantação da Praça

Comunitária faz parte desse sistema integrado. Localizada na Rua João da Silva Braga, a praça comunitária encontra-se em meio à uma zona de uso predominantemente residencial de perfil horizontal, que possui construções com no máximo três pavimentos. A inclinação desta via em particular chega a mais de 15% em alguns pontos, e a diferença de nível entre esta e a via paralela, Rua Carlos Christe, pode chegar a mais de 20m (Figura 6). Esta diferença significante de nível faz com que as construções existentes no entorno da área de implantação do projeto apresentem uma tipologia bem marcante. As casas em sua maioria possuem mais de um pavimento, e quase sempre uma taxa de ocupação de 100% do “lote”- a ocupação informal não comporta a formalidade usual de lotes, então as próprias residências, por não possuírem espaços externos de jardim ou quintal, demarcam o terreno quase como um lote, resultando em aglomerados de residências encostadas umas nas outras em alguns pontos, e consequentemente espaços livres e inutilizáveis entre estes aglomerados. A praça é proposta em um dos terrenos vazios com espaço significativo entre estes aglomerados, que hoje é tomado pela vegetação – não remanescente de mata atlântica, mas característica de terrenos abandonados. Vegetação essa que esconde os desafios e a beleza desse

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terreno, que possuí um desnível de 13m entre seu ponto mais baixo e seu ponto mais alto, de forma a envolver a cota mais baixa quase como uma arquibancada natural (Figras 7 e 8). Foi justamente da conformação do terreno que surgiu a idealização de um equipamento que servisse de palco para a população se manifestar. O terreno e a intencionalidade do programa pediam a valorização dessa “grande arquibancada”, que se tornou partido para o desenvolvimento do projeto. E assim o lugar e o programa se complementam, tornando a topografia tão característica de Parelheiros primordial e indispensável para o desenvolvimento da praça comunitária.

1.EXISTENTE Figura 6. Topografia da área escolhida para implantação do centro comunitário

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2.PROPOSTO


Figura 7. Implantação praça comunitária + mercado público de Parelheiros

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Figura 8. Corte implantação

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CONEXÃO Um dos principais objetivos do plano urbano Arco Parelheiros é conectar um território que se encontra desconexo devido a sua topografia peculiar. Para isto foram propostos elementos estruturadores, que em conjunto conformam um sistema de mobilidade urbana que vence as barreiras físicas decorrentes da alta declividade. Os próprios equipamentos propostos pelo plano contribuem para conformar esse sistema de conexões, e o centro comunitário não é exceção - sua implantação prevê favorecer a integração entre edifício e território tanto na escala do bairro como na escala da quadra em que se insere, uma vez que é essencial para o programa do centro que este seja de fácil acesso para toda a população. Na escala do bairro, a própria localização do equipamento foi pensada como ferramenta para promover a conexão entre as comunidades que fazem parte da intervenção urbana. Estando no ponto central do anel viário proposto entre os bairros de Nova Parelheiros e Parelheiros, o centro comunitário prevê reforçar a comunicação entre os dois extremos do arco através de um espaço multifuncional voltado para toda a população. Próximo ao centro foi proposto o mercado público de Parelheiros, com o mesmo intuito de unir os dois bairros através de um equipamento com função social. Propor estes dois equipamentos em uma mesma quadra prevê atrair públicos diferentes, que através de um sistema de camin-

hos consegue acessar e se apropriar de ambos os equipamentos. Sistema este que remete ao sistema de vielas e escadarias propostos pelo plano urbano. No nível da praça foi proposta uma escadaria com acesso direto à Rua João da Silva Braga pela cota +5,00, chegando à Rua Carlos Christe na cota +21,00. Esta escadaria vence um total de 16m se abre na cota +14,00, formando um grande patamar onde nasce o sistema de caminhos que levam até o mercado, que também se conecta a ambas as ruas vencendo um desnível menor. Na altura do mercado este sistema proposto encontra-se com a Viela Quatorze, uma viela existente que chega na Rua João da Silva Braga vinda da área central de Nova Parelheiros. Cruzando duas quadras até chegar ao conjunto habitacional de interesse social proposto pelo plano urbano, esta viela reforça a conectividade do território no nível do pedestre. Assim, na escala da quadra, a implantação do conjunto formado por praça comunitária e mercado público qualifica a conexão entre os equipamentos e as ruas João da Silva Braga e Carlos Christe – possibilitando ainda essa ligação com a área central (Figura 9). Conexão que é essencial para garantir que estes equipamentos sejam de fácil acesso para a população não somente na escala do bairro, mas também na escala local, possibilitando romper o que antes era uma barreira física característica da topografia local.

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1

2

2

1 PRAÇA COMUNITÁRIA

MERCADO PÚBLICO

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1. EXISTENTE

1. PROPOSTO

Legenda: 1 - Rua João da Silva Braga 2 - Viela Quatorze 3 - Rua Carlos Christe

Figura 9. Esquemas de fluxos (existentes x propostos)

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PARTIDO Propor um centro comunitário como equipamento estruturador vem parte do intuito de proporcionar à população de Parelheiros um espaço que seja inteiramente deles. Para transformar essa intencionalidade em edifício foi elaborado um sistema com quatro setores primários, diferentes e complementares, que em conjunto conformam um espaço dinâmico e comunicativo, sendo eles os setores: Festivo, Administrativo, Didático e Produtivo (Figura 10). Cada um destes busca de maneira diferente incentivar a integração e a comunicação entre a população local. O setor festivo cumpre seu papel através da CELEBRAÇÃO. Este setor prevê que o edifício articulador deste centro promova a liberdade de expressão tanto dentro quanto fora de suas paredes, através da qualificação dos espaços livres de forma a tirar proveito da topografia local para criar um ambiente passível de receber apresentações, discussões e celebrações – resgatando a forma primordial de comunicação que é o encontro social. Já o setor administrativo, partindo em alguns momentos de uma formalidade política, busca essa integração através da COMUNIDADE. É neste setor que representantes da própria comunidade têm espaço para se reunir e discutir as necessidades de sua população e de seu território, funcionando quase como um órgão auxiliar à subprefeitura, porém voltado para a administração local e organizado pelos próprios moradores de Parelheiros.

O setor produtivo prevê reforçar a ideia de COMUNICAÇÃO. Esse setor introduz um programa voltado para mídias alternativas, com o propósito de utilizar meios de comunicação não formais e mídias digitais para incentivar a propagação de informações sobre o que acontece em Parelheiros. Este espaço comtempla a sede de uma rádio (Futura 87,5 FM) e do jornal comunitário (Folha de Parelheiros), ambos programas existentes no território, organizados e liderados por voluntários da própria comunidade. E o setor didático, como o próprio nome sugere, voltase para a questão do CONHECIMENTO. Composto por ateliês livres integrados e um laboratório de mídia, este setor prevê um espaço dinâmico onde as necessidades da população podem ser estudadas para o oferecimento de diversos cursos livres, discussões abertas e workshops, de forma a proporcionar ao complexo um fluxo contínuo de pessoas com os mais diversos interesses. É proposto também um setor secundário, o Funcional, que reúne os COMPLEMENTOS - ou usos serventes, como circulação, depósitos e banheiros, essenciais para garantir a funcionalidade do edifício. Esse setor se divide em dois níveis, articulando a conexão entre os demais de setores, que foram organizados espacialmente em formato de “L”, conformando a volumetria do edifício. Estes setores estruturam-se espacialmente resultando

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Figura 10. Esquema de setores da Praça Comunitária

em um complexo multifuncional que gira entorno da celebração do pertencimento, incentivando a participação da população em diversos níveis – desde o operacional até o funcional, dando voz e espaço para que essa comunidade se aproprie do programa e dê a ele uma forma singular, moldada para atender as necessidades locais. 27


VOLUMETRIA O desenho do complexo deu-se a partir da conversa entre o território e o programa proposto. Inicialmente o programa previa apenas a implantação de um centro comunitário que focasse nos meios de mídias alternativas existentes na região de Parelheiros, mas com a escolha do terreno onde esse equipamento seria implantado surgiu a ideia de expandir o programa para que ele contemplasse também os encontros sociais como meio de comunicação alternativo. Para idealizar esta intenção foi tirado proveito do desenho natural do terreno, composto por curvas de nível próximas umas das outras em forma de “U” ao redor da cota mais baixa do lote (cota +1,00), conformando uma grande arquibancada natural que envolve uma porção de terra quase plana. E foi justamente a vontade de tirar proveito deste formato tão marcante que instigou a criação de um grande palco para os encontros e festividades locais, fazendo com que o centro evoluísse para praça comunitária (Figura 11). A volumetria da praça foi pensada para contemplar essa topografia existente no local. Para isto ela foi proposta em quatro níveis, conectados entre si através de patamares intermediários que afirmam a ideia de arquibancada. Assim o desenho original do terreno não se perde, ao mesmo tempo em que novos acessos ao complexo tornam-se viáveis. O edifício do centro comunitário é proposto em formato de “L”. Este formato prevê duas lâminas de dois pavi-

mentos (Figuras 12 e 13), articuladas e conectadas através da circulação vertical. A lamina sudeste apresenta parte da construção semienterrada, enquanto a lâmina sudoeste solta-se totalmente da encosta para qualificar o espaço da praça. A lâmina sudeste ocorre nos níveis 2 e 3 da praça - cotas +2,00 e +5,00 respectivamente, paralela à Rua João da Silva Braga. No nível 2, que contempla os setores administrativo e funcional, o edifício encaixa-se no terreno e fica envolto por terra em três lados. O nível 3 já se apresenta acima da terra, e é composto pelos setores didático e funcional. O setor funcional encontra-se na junção entre as duas lâminas, formando uma torre pode ser acessada pelos demais setores. Já a lâmina sudoeste ocorre nos níveis 1 e 3 - cotas +1,10 e +5,00 respectivamente. Perpendicular à rua, seu volume se solta no térreo e se consolida no pavimento superior. No nível 1 conta com os programas do setor festivo, que soltos na praça estendem-se para além do edifício. Já no nível 3 é proposto um volume maciço e imponente, que marca a nova sede da rádio e do jornal comunitários. A praça e o edifício conectam-se através de uma grande cobertura, que protege o complexo da ação do sol e da chuva, ao mesmo tempo em que mantém o espaço aberto e acessível. Com uma estrutura solta dos demais volumes, a cobertura forma um desenho que se dissolve e permite que parte do terreno permaneça aberto.

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R. J

OÃO DA S

ILV AB

RA GA

PRAÇA

1. As primeiras propostas para o centro comunitário previam uma implantação perpendicular à Rua João da Silva Braga, com intuito de liberar a cota +1,10 para a criação da praça comunitária, de forma que a “arquibancada” prevista na lateral mais inclinada do terreno se desenvolvesse em forma de ‘U’ ao redor do complexo. O edifício do centro comunitário seria desenvolvido em dois pavimentos, de forma a possibilitar o acesso direto a cada um deles em nível devido à declividade da rua.

R. J

OÃO DA S

ILV AB

RA GA

2x

PRAÇA

2. Com a elaboração e setorização do programa de necessidades do centro comunitário foi constatado que seria necessário dobrar a área construída proposta inicialmente. Como a legislação de São Paulo prevê altura máxima de 15m para construções na ZMa (Zona Mista Ambiental), o edifício teria que dobrar sua taxa de ocupação para acomodar confortavelmente todos os usos propostos. A área ocupada por uma implantação perpendicular à rua com o dobro de tamanho fez com que essa opção fosse descartada, uma vez que acabaria com a área útil de praça na cota +1,10.

R. J

OÃO DA S

ILV AB

RA GA

PRAÇA

Figura 11. Estudo de volumetria da Praça Comunitária

3. Para liberar novamente o espaço de praça foi proposta uma implantação em formato de ‘L’, liberando o solo na cota +1,10, e permitindo que a arquibancada se desenvolva, conformando um ‘U’ ao redor da praça que se inicia em uma das laterais do terreno com o edifício do centro comunitário e termina na lateral oposta com os patamares da arquibancada. Com esta configuração o edifício se abre totalmente para o centro do terreno, possibilitando espaços que transpõe limites entre o que acontece dentro e fora do centro comunitário.

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Figura 12. Esquema de volumetria x setores da Praรงa Comunitรกria

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Figura 13. Volumetria da Praรงa Comunitรกria

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PROJETO

PAVIMENTO INFERIOR (NÍVEIS 1 E 2) NÍVEL 1 O setor festivo ocorre no nível 1 (cota +1,10), e estendese do edifício para a praça. Este nível difere dos outros por ser uma porção do terreno vasta e plana, envolta pela topografia íngreme que caracteriza a região (Figura 14). A porção construída deste setor contempla uma cozinha comunitária, que pode ser utilizada pela população em dias de festividade, mas no cotidiano funciona como uma lanchonete. O volume deste espaço acontece como uma grande bancada envolta por uma parede de bloco cerâmico baixa, totalmente solta da estrutura do centro comunitário, possibilitando um espaço aberto onde quem está trabalhando consegue interagir a todo momento com a praça (Figura 20). Este volume baixo também possibilita permeabilidade visual - da praça é possível ver a vegetação e o entorno, dando leveza ao volume maciço do setor produtivo que ocorre logo acima da cozinha. Conectada a esta cozinha tem um espaço de depósito/despensa para armazenamento de estoque. Este volume também é proposto solto da estrutura do edifício, reforçando a ideia de permeabilidade visual e de independência estrutural. Ele é constituído por paredes de bloco cerâmico, e acima do nível da porta é proposto o assentamento desses blocos em forma de cobogó, como se o volume fosse se dissolvendo, permitindo ventilação permanente deste espaço.

Ao redor destes volumes a praça em si desenvolvese como uma grande esplanada, palco dos eventos e festividades que darão vida ao espaço. Esta esplanada conecta-se ao nível 2 (cota +2,00) através de uma rampa, a qual dá acesso à escada através de um nível intermediário que dá início à ideia de arquibancada.

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NÍVEL 2 O nível 2 (cota +2,00) é composto pelo setor administrativo e pelo setor funcional. Seu acesso se dá pela Rua João da Silva Braga, levando diretamente ao nível térreo da lamina sudeste, onde o setor administrativo acontece e conecta-se com o setor funcional (Figura 14). O setor administrativo é composto por duas grandes salas que se abrem para a praça, a administração e a sala de reuniões. A implantação destas salas foi pensada para que seu volume surgisse do terreno, validando a conexão entre comunidade e território tão marcante em Parelheiros. Para que este volume se integrasse com o complexo, foi proposto que a vedação da face que se volta para praça fosse feita com painéis de madeira móveis, que se abrem completamente e estabelecem essa conexão entre dentro e fora do edifício (Figuras 21 e 22). Isso é possível pelo fato destas salas utilizarem da grelha estrutural do edifício, que permite uma estrutura independente da vedação. Esta independência também permite a criação de grandes rasgos de iluminação acima do nível da porta, permitindo a entrada de luz e ventilação ao mesmo tempo em que soltam o volume do pavimento superior, dando leveza ao aspecto de lâmina. Na conexão entre os setores administrativo e festivo tem-se uma torre funcional onde são propostos os banheiros e os depósitos do centro. Esse volume maciço

que se estende até o segundo pavimento prevê suprir ambas as lâminas em ambos os pavimentos. Ao lado deste volume estrutura-se o acesso vertical direto entre pavimentos, através de uma escada de madeira. Esta conexão entre os níveis 2 e 3 (cotas +2,00 e +5,00 respectivamente) também acontece na praça através da arquibancada, que se conforma em patamares largos que podem servir também como espaço para mesas durante eventos e festividades. Estes patamares sobem 0,50m cada, e possuem uma escadaria central que conecta não só os patamares, mas qualifica uma conexão direta entre os níveis onde o centro acontece.

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PAVIMENTO SUPERIOR (NÍVEIS 3 E 4) NÍVEL 3 No nível 3 (cota +5,00) ocorre a maior parte das atividades do centro comunitário, compondo os setores didático, funcional e produtivo. Seu acesso se dá em nível pela Rua João da Silva Braga, ou através de escadas partindo do nível 2 (cota +2,00) e da Rua Carlos Christe - ou do mercado público (Figura 15). Neste nível o edifício do centro comunitário acontece totalmente acima do terreno, estruturando-se através de um sistema de pilares que nascem nos níveis 1 e 2 (cotas +1,10 e +2,00 respectivamente) e conformam o formato de “L” do equipamento. Diretamente acima do setor administrativo tem-se o setor didático, composto por um laboratório de mídias e por três ateliês, separados entre si por divisórias móveis, possibilitando a integração do espaço em um grande ateliê único dependendo da demanda da comunidade. Esta lâmina utiliza a mesma linguagem do setor administrativo, com grandes rasgos horizontais que dão leveza ao volume, possíveis devido à independência entre estrutura e vedação. Estes rasgos permitem entrada de luz e possibilitam ventilação cruzada dentro das salas, uma vez que o volume estando solto do terreno permite que as aberturas sejam propostas tanto na face frontal quanto na face posterior (Figura 23). O setor didático liga-se ao setor produtivo através de

um sistema de circulação horizontal voltado para a praça, que se conecta com a circulação vertical que vem do nível 2 (cota +2,00). No encontro entre estes dois setores temse o volume do setor funcional, que ocorre no segundo pavimento da mesma forma em que ocorre no pavimento inferior. O volume do setor produtivo se estabelece como uma forma maciça e pesada que se solta completamente do terreno, e ocorre acima do setor festivo, dando contraste com a leveza deste. O setor produtivo é composto pela rádio comunitária, e pelo jornal comunitário, que se conectam através de um espaço de copa/lounge comum para os dois, que conforma um ambiente descontraído e criativo entre espaços de trabalho. O acesso a este espaço integrado se dá pela copa, que se separa do jornal através de uma parede com elementos vazados, e da rádio através de uma grande janela que permite visualizar o processo de transmissão. A rádio comunitária prevê ser a nova sede da Rádio Futura 87,5 FM, rádio comunitária existente em Parelheiros, que surgiu há 5 anos e vem funcionando com a ajuda de voluntários e doações desde então. O espaço da rádio contempla um estúdio de transmissão, completamente fechado e forrado com revestimentos acústicos para garantir a qualidade do som.

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NÍVEL 4

Folha de Parelheiros, jornal existente que funciona também com o trabalho de voluntários e propõe divulgar o que acontece na região através do meio digital, principalmente através de suas redes sociais. O espaço deste jornal é composto por uma grande sala de redação, iluminada e ventilada através de rasgos horizontais, complementados por uma face vedada por elementos de madeira que se abrem completamente e conformam uma grande varanda que voltada para a Rua João da Silva Braga.

O nível 4 (cota +6,00) não possui atividades do centro comunitário em si, mas faz parte da praça de forma significativa. Com acesso em nível pela Rua João da Silva Braga e através de escadas partindo do nível 3 (cota +5,00) e da Rua Carlos Christe - ou do mercado público, este nível comtempla a pista de skate (Figura 15). A pista de skate foi pensada como uma forma de qualificar um espaço pensado para a retenção de água de chuva, uma vez que a conformação do terreno indica a existência de uma linha de drenagem cruzando o projeto. Esta pista de skate funcionaria normalmente como um equipamento complementar da praça, sendo um atrativo para que a população venha a conhecer o centro e o trabalho desenvolvido nele. Com a incidência de chuvas, esta pista de skate, que pode ser acessada tanto pelo nível 3 quanto pelo nível 4 (cotas +5,00 e +6,00 respectivamente), funcionaria como uma bacia de retenção. Esta bacia reteria as águas provenientes de chuvas por um determinado período de tempo, para depois serem escoadas para um sistema de capitação de água pluvial (Figuras 24 e 25).

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Figura 14. Planta pavimento tĂŠrreo (nĂ­vel 1 e 2)

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Figura 15. Planta pavimento superior (nĂ­vel 3 e 4)

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Figura 16. Corte AA

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Figura 17. Corte BB

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Figura 18. Corte CC

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Figura 19. Praรงa Comunitรกria

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Figura 20. Nível 1 - Cozinha comunitária e praça

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Figura 21. NĂ­vel 2 - Acesso arquibancada

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Figura 22. Nível 2 - Administração e Sala de reunião

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Figura 23. Nível 3 - Circulação horizontal voltava para os ateliês e laboratório de mídia

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Figura 24. NĂ­vel 3 - Acesso pista de skate e escadaria, escadaria e arquibancada

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Figura 25. NĂ­vel 4 - Acesso pista de skate e escadaria

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MATERIALIDADE A materialidade do centro foi pensada visando a intenção de que a própria população pudesse construir o equipamento. Foi através de mutirões e de fins de semana assentando tijolos, que a urbanização chegou a Parelheiros. Com técnicas construtivas simples e usuais na região, prever a autoconstrução permite que a população possa ser responsável pelo edifício desde fundação até a utilização, sem depender necessariamente de fundos ou mão-de-obra do governo. Para a concretização desta intenção é prevista uma parceria entre os lideres da comunidade local e a Escola de Construção Civil, proposta pelo plano urbano Arco Parelheiros. A população interessada em fazer parte da construção do centro aprenderia as técnicas necessárias na escola através de workshops voltados especificamente para o projeto. Os professores responsáveis pelos workshops também acompanhariam e coordenariam a população na construção em si, contando com ajuda de outros profissionais voluntários. Contando com essa parceria e a não-dependência do governo que foram escolhidos os materiais para a concepção do centro comunitário. Assim a estrutura, tanto do centro quanto da cobertura, foi proposta em concreto armado moldado in loco. Concreto é a matéria prima básica da construção civil no Brasil, é simples de ser encontrada e moldada de acordo com o

projeto. Sendo uma estrutura relativamente pequena e que se adapta ao terreno, necessitando de módulos únicos que se adequem aos diferentes níveis e topografia, que veio a ideia de que o material deveria ser moldado in loco. A localização do equipamento também influenciou esta escolha. A própria declividade e largura da rua de acesso ao terreno poderia dificultar, ou até mesmo impossibilitar, a chegada de caminhões com pilares e vigas pré-fabricadas. Fazer toda a estrutura in loco facilitaria a logística da construção, e também seria bem mais didático e palpável para os voluntários. O material escolhido para vedação foi o bloco cerâmico aparente. A alvenaria marca o cenário de Parelheiros; grande parte das edificações locais são em bloco de concreto ou tijolo baiano, materiais de baixo custo e de fácil manuseio. O custo do reboco também resulta em diversas construções com material aparente, por isso a ideia de fazer o mesmo com o bloco cerâmico (Figura 26). Primeiramente foi considerado o uso de bloco de concreto para a construção do centro, mas o bloco cerâmico acabou sendo escolhido. Embora este seja um pouco mais caro, suas propriedades térmicas são bem melhores do que as dos blocos de concreto, e o acabamento da cerâmica é mais suave, machucando menos as mãos de quem vai assentar as paredes. Em alguns volumes foi proposta a utilização do bloco

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Figura 26. Autoconstrução e a materialidade

como elemento vazado. Virando o material em 90o os furos do bloco ficam aparentes (cobogós), possibilitando a passagem de ar e luz. Desta forma tem-se um espaço com ventilação permanente, por isso é proposta a colocação de telas mosquiteiras no interior dos ambientes, para possibilitar a circulação de ar sem o incomodo de insetos. Para a estrutura da cobertura foi proposto o uso da madeira. Utilizando peças metálicas para o encaixe, vigas de madeira com seções que variam de 30x15cm até

7x7cm foram articuladas visando uma montagem simples. A leveza do material em conjunto com um sistema de encaixes possibilita seu fácil manuseio. Já a cobertura em si foi pensada como uma grande pérgola de madeira, buscando proteger o espaço sem fechá-lo inteiramente. Para isto foram propostas ripas de 3x3cm próximas umas das outras, encobertas por uma placa de policarbonato translúcido, permitindo a entrada de luz de forma filtrada.

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ESTRUTURA A estrutura do complexo foi pensada em dois níveis: edifício e cobertura. Essa independência estrutural foi proposta para dar ao espaço autonomia, visando a possibilidade de alterações futuras na construção de acordo com as necessidades do programa e da própria população. Conforme citado anteriormente, é previsto que o complexo seja construído através de mutirões organizados pela Escola de Construção Civil, então mesmo não estando conectadas fisicamente em nenhum momento, foi proposto um sistema de eixos comum para ambas as estruturas para facilitar este processo. Este sistema de eixos forma uma grelha base de 7,8x7,8m, que define a localização dos pilares que sustentam a cobertura. Já os pilares propostos para o edifício do centro comunitário trabalham com meio eixo no sentido em que se alinham com os pilares da cobertura, formando uma grelha secundária de 3,90x4,35m, que articula os espaços propostos (Figuras 27 e 28). A estrutura da cobertura trabalha com um espaçamento maior entre pilares para liberar o térreo da praça e permitir maior fluidez nas áreas abertas. Esses pilares de concreto armado moldado in loco, que chegam a 8m de altura na cota mais baixa (+1,10), se conectam por uma estrutura de madeira que comtempla os sistemas de vigas e de cobertura. Sendo esta estrutura a única carga atuante

sobre os pilares, foi proposta a utilização de pilares de seção redonda com diâmetro de 30cm. Para a cobertura em si foi proposto então esse sistema em madeira, que prevê o uso de peças metálicas para formar um esquema de encaixes simples de ser executado. Primeiramente são propostas peças metálicas saindo dos pilares moldados in loco para o encaixe das vigas de madeira, com seção de 30x15cm, que têm sua atuação reforçada por tirantes metálicos conformando uma viga vagão. Nestas vigas são colocadas abraçadeiras metálicas com um sistema de apoio para a estrutura do telhado. Essas abraçadeiras, colocadas com um espaçamento de 1,95m, apoiam um primeiro nível de terças de madeira de seção 15x7cm. Sobre essas se apoiam um segundo nível de terças, que variam entre 15x7cm e 7x7cm. Acima deste nível apoiam-se as ripas de madeira de 3x3cm, que espaçadas em 10cm umas das outras caracterizam essa cobertura como um grande pergolado. Neste pergolado são encaixadas placas de policarbonato translucido com espessura de 4mm, prevendo a proteção contra chuvas. Para o edifício do centro comunitário foi proposta uma estrutura de concreto armado moldado in loco. Foi utilizada uma grelha estrutural de 3,90x4,35m, prevendo uma proporção de dois pilares do edifício para cada pilar da cobertura. Pilares estes que se apresentam em dois

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formatos: embutidos na alvenaria, e pilares independentes da vedação, ambos com seção retangular de 15x30cm. Essa modulação permite construção de paredes não estruturais entre pilares, utilizando blocos cerâmicos de 14x19x29cm. As vigas apoiadas nestes pilares são previstas em concreto armado, e possuem seção de 15x40cm, estruturadas a lajes de concreto, também moldadas in loco, com espessura de 15cm. No segundo pavimento foram propostas vigas invertidas, excluindo a necessidade de mais uma fiada de blocos acima da laje de cobertura para a conformação da platibanda. É proposto que a laje desse segundo pavimento seja impermeabilizada e possua inclinação de 2%, uma vez que a cobertura não encosta no edifício e existe a possibilidade de chuvas de vento acabarem atingindo esta estrutura (Figuras 29 e 30).

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Figura 27. Perspectiva explodida estrutura centro comunitรกrio

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DET. 1

Figura 28. Detalhe construtivo setor administrativo e setor didรกtico

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DET. 2

DET. 1

Figura 29. Detalhe construtivo setor festivo e setor funcional

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DET. 1 - ENCAIXE ENTRE PILAR E VIGA

DET. 2 - ENCAIXE ENTRE VIGA E TERÇA Figura 30. Detalhe encaixes estrutura da cobertura

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Figura 31. Vista dos setores festivo e produtivo, estrutura independenta da vedação

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Figura 32. Vista da circulação horizontal e do setor didático, estrutura independente da vedação

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MODELO FÍSICO

1 EXISTENTE

O modelo esquemático da praça comunitária foi produzido em escala 1:200. Foi feita uma peça removível no terreno onde o equipamento foi implantado, com o intuito de reforçar a ideia de que o terreno original foi primordial para o desenvolvimento do edifício em sua forma final. Para a construção da maquete foram utilizados materiais simples e de fácil manuseio, mostrando a importância da materialidade para o projeto. Assim como o centro comunitário pode ser construído pela própria população, o modelo que representa este edifício poderia ser feito inteiramente à mão, desde que a intenção e a materialidade fossem compatíveis. E foi assim que com caixas de papelão usadas, papel tríplex e arames nasceu o modelo físico da praça comunitária. 58

2 PROPOSTA Figura 33. Modelo físico - implantação


1 EXISTENTE

2 PROPOSTA Figura 34. Modelo fĂ­sico - perspectiva

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RELAÇÃO DE IMAGENS 6 Figura 1. Área de implantação da Praça Comunitária, representada em curvas de nível 10 Figura 2. Contruções informais na Rua João da Silva Braga, Parelheiros - SP FONTE: Google Street View 2017 12

Figura 3. Inserção regional de Parelheiros

17 Figura 4.Mapa síntese do plano urbano Arco Parelheiros 19 Figura 5. Inserção local da praça comunitária. FONTE: Google Earth 2017 21 Figura 6.Topografia da área escolhida para implantação do centro comunitário 22 Figura 7. Implantação praça comunitária + mercado público de Parelheiros 23

Figura 8.Corte implantação

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Figura 9.Esquemas de fluxos (existentes x propostos)

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Figura 10.Esquema de setores da Praça Comunitária

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Figura 11. Estudo de volumetria da Praça Comunitária

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Figura 13.Volumetria da Praça comunitária

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Figura 14. Planta pavimento térreo (nível 1 e 2)

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Figura 15. Planta pavimento superior (nível 3 e 4)

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Figura 16. Corte AA

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Figura 17. Corte BB

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Figura 18. Corte CC

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Figura 19.Praça comunitária

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Figura 20.Nível 1 - Cozinha comunitária e praça

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Figura 21.Nível 2 - Acesso arquibancada

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Figura 22. Nível 2 - Administração e Sala de reunião

45 Figura 23. Nível 3 - Circulação horizontal voltava para os ateliês e laboratório de mídia 46 Figura 24. Nível 3 - Acesso pista de skate e escadaria, escadaria e arquibancada

30 Figura 12.Esquema de volumetria x setores da Praça Comunitária

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Figura 25. Nível 4 - Acesso pista de skate e escadaria

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Figura 26. Autoconstrução e a materialidade

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BIBLIOGRAFIA 52 Figura 27. Perspectiva explodida estrutura centro comunitário 53 Figura 28. Detalhe construtivo setor administrativo e setor didático 54 Figura 29. Detalhe construtivo setor festivo e setor funcional 55

Figura 30. Detalhe encaixes estrutura da cobertura

AUTOCONSTRUÇÃO: a arquitetura possível. Revista Construção, São Paulo, v.1494,1976. Páginas 14-23. Disponível em: https://erminiamaricato.files.wordpress.com/2016/12/autoconstrucao-a-arquiteura-possivel.pdf DUDUCH, Jane Victal. Pósfacio: Territorialidade e Permanência. Oculum Ensaios. Edição 1. 2000. Páginas 136-138. Disponível em: http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/oculum/article/view/1751

56 Figura 31. Vista dos setores festivo e produtivo, estrutura independente da vedação

FIM de Semana. Ermínia Maricato. São Paulo - SP, 1975. 30min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gDm-vajAtrM&feature=youtu.be

57 Figura 32. Vista da circulação horizontal e do setor didático, estrutura independente da vedação

LEFEBVRE, H. O direito à cidade. 5. ed. São Paulo: Centauro, 2011.

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Figura 33. Modelo físico - implantação

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Figura 34. Modelo físico - perspectiva

LOTEAMENTO Clandestino. Ermínia Maricato. São Paulo SP, 1978. 24min. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=FKZY5yDyWS4&feature=youtu.be

Todas as figuras foram produzidas pela discente ou pelos demais integrantes do grupo responsável pelo plano urbano Arco Parelheiros. As figuras provenientes de fontes externas estão devidamente identificadas na própria legenda.

ROMERO, Hélvio. IDH: Os 20 melhores e os 20 piores distritos de São Paulo. 2016. Disponível em: http://fotos.estadao.com. br/galerias/cidades,idh-os-20-melhores-e-os-20-piores-distritosde-sao-paulo,24925

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