Oficina Maker Oficina-Escola de Marcenaria com espaรงo para Coworking
capa: fotografia de Tyson Moore (instagran: tyson_moore) com autorização para uso neste trabalho.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
OFICINA MAKER Oficina-Escola de Marcenaria com espaço para Coworking
trabalho de: GABRIELA QUEIROZ FONTENELE sob orientação de: PAULO COSTA SAMPAIO NETO
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
F763o
Fontenele, Gabriela Queiroz. Oficina Maker : Oficina-Escola de Marcenaria com espaço para Coworking / Gabriela Queiroz Fontenele. – 2017. 108 f. : il. color. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2017. Orientação: Prof. Dr. Paulo Costa Sampaio Neto. Coorientação: Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite. 1. Marcenaria. 2. Oficina. 3. Maker. 4. Coworking. I. Título. CDD 720
GABRIELA QUEIROZ FONTENELE
OFICINA MAKER Oficina-Escola de Marcenaria com espaรงo para Coworking
BANCA EXAMINADORA
PROF. PAULO COSTA SAMPAIO NETO
PROF. RENAN CID VARELA LEITE
ARQ. MARCOS FLร VIO FONTENELLE BARROS FILHO
Fortaleza CE, 21 de dezembro de 2017.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, que guiou os meus passos até aqui. Aos meus pais, Amarilio e Adriana, pelo amor e apoio, por terem me ensinado valores e princípios de vida, por cuidarem de mim sempre. Ao meu esposo, Igor, por tornar esse momento mais leve, me incentivando e pacientemente me ajudando. À minha irmã, Marina, que me ajudou na escolha do tema e tem me encorajado a começar a vida de arquiteta. À minha madrinha, Luciana, que não mede esforços para me ajudar e sempre participou de todas as fases da minha formação. À toda minha família, pelo apoio, paciência e compreensão. Ao meu orientador, Professor Paulo Costa, que esteve sempre disponível para tirar todas as dúvidas e me permitiu traçar o meu projeto. A todos os professores que fizeram parte da minha formação no curso de Arquitetura e Urbanismo, em especial ao Professor Renan Cid, que prontamente se disponibilizou para me orientar sobre a acústica do projeto. Ao Arquiteto Marcos Fontenele, que foi um grande professor fora das salas de aula no meu primeiro estágio, e imediatamente aceitou o convite de fazer parte da banca. Aos amigos, da faculdade, do colégio, da igreja e da vida, por toda paciência e cuidado, e por entenderem minha ausência nos últimos meses. Aos que me auxiliaram na produção desse trabalho, Fábia Reis e Neilton Feliciano, vocês foram muito importantes.
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INTRODUÇÃO apresentação justificativa objetivos metodologia estrutura
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REFERENCIAL TEÓRICO marcenaria movimento maker coworking
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REFERENCIAS PROJETURAIS Red Rocks Community College OficinaLab We Fab Oficina Faiz Ideia Coworking
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ESCOLHA DO LUGAR o terreno legislação
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O PROJETO programa partido oficina maker sistema construtivo materiais conforto ambiental
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
01 Introdução
APRESENTAÇÃO Este trabalho final de graduação tem como principal objetivo a apresentação do projeto Oficina Maker: uma oficina-escola de marcenaria com espaço para coworking, no bairro Meireles, divisa com Praia de Iracema, na cidade de Fortaleza, capital do Ceará. O trabalho foi motivado pela convicção quanto à grande importância do conhecimento “empírico” dos materiais de construção, por parte de uma variada gama de profissionais, os quais, pela lógica da divisão científica do trabalho, se viram distanciados das matérias primas que, abstratamente, modelam em seus projetos. Esse mesmo conceito, alias, compunha o ideário da mais célebre escola de arquitetura e design do século passado, a Bauhaus, cuja formação de um profissional como artífice, de tais materiais, antecedia, necessariamente, a de arquiteto. No presente projeto, a madeira é o material enfocado, cujo conhecimento se reveste de grande importância para estudantes e profissionais de arquitetura, design de interiores, dentre outros.
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O equipamento prevê espaços para cursos profissionalizantes, principalmente na área de marcenaria, estimulando a criatividade e inovação através da disponibilidade de acesso a maquinários, ferramentas e conhecimentos, teóricos e práticos, além de dispor de espaços para experiências pontuais e produção pessoal, o que já acontece em alguns Fab Labs (laboratório de fabricação) através do movimento maker.
A oficina-escola de marcenaria propõe a continuidade desse movimento na cidade de Fortaleza, aberta a todos os interessados em trabalhar em um ambiente colaborativo, onde profissionais, como arquitetos, designers, marceneiros, construtores, ferreiros, entre outros, podem compartilhar seus conhecimentos. Trata-se de um espaço que agrega a eficiência de uma oficina, disponibilizando a ferramenta adequada para a produção e agregação de valor a produtos; o suporte de um laboratório, propiciando a estrutura adequada para a realização de experimentos; e a liberdade de um ateliê, sendo um lugar propício para a concentração e a criatividade.
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Figura 1: Marcenaria. Fonte: https://www.flickr.com
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JUSTIFICATIVA Foi a partir de experiências no intercâmbio que realizei, através do programa Ciências sem Fronteiras, na Austrália, que a vontade de fazer um projeto como esse se consolidou. Na universidade em que estudei, UniSA, os alunos têm a possibilidade de utilizar máquinas, como as de corte a laser e impressoras 3D, para fabricarem suas maquetes, fazerem protótipos, que são moldes para serem replicados, e testarem suas criações. No Brasil, essas oportunidades têm aparecido através do movimento maker, uma ampliação mais moderna da cultura “faça você mesmo”, que vem ganhando espaço no país, desde 2015, através de laboratórios conhecidos como Fab Labs. O conceito principal do movimento baseia-se na ideia de que qualquer pessoa interessada pode criar, produzir e consertar diversos tipos de objetos e projetos com suas próprias mãos, utilizando a tecnologia atual e agregando valor aos produtos. Já existem mais de 40 laboratórios espalhados pelo país. Em alguns casos, como nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, existem laboratórios que oferecem acesso, para pessoas interessadas, a equipamentos de alta tecnologia para trabalhos
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01 Introdução
com marcenaria em troca de taxas mensais. Na cidade de Fortaleza, por outro lado, espaços de criação e aprendizagem nessa área são praticamente inexistentes. Até mesmo para um estudante participar de um simples curso de marcenaria, a oferta é pequena. É no sentido de iniciar a abertura deste campo, em nosso contexto, que este projeto se insere. Em nosso entendimento, ele virá responder a uma demanda (reprimida) existente, mas também fomentar a aproximação e troca de saberes relativos ao material enfocado, potencializando criatividade, inovação e empreendedorismo neste setor.
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OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS Este trabalho tem como objetivo geral o desenvolvimento do projeto arquitetônico de uma oficina-escola de marcenaria integrada a um espaço para coworking no bairro Meireles, em Fortaleza, Ceará. O projeto visa atender demandas de pessoas interessadas em aprender sobre marcenaria, do básico ao avançado, disponibilizando equipamentos atuais e de fabricação digital. Projetar uma oficina-escola de marcenaria que ofereça serviços, como cursos práticos para criação de móveis e objetos; Oferecer oportunidade de uso das máquinas para pessoas que têm conhecimento e habilidade para utilização das mesmas, em troca de taxa mensal; Propor um espaço coworking que incentive a permanência de profissionais no local;
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01 Introdução
Indicar uma área separada de fabricação de móveis e objetos para venda, para que a oficina também possa oferecer produtos próprios ao mercado; Sugerir área de cafeteria para gerar um ambiente de convivência, onde possam ser expostos produtos da oficina, como a própria mobília do local; Prezar pelo conforto ambiental e acessibilidade do equipamento.
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METODOLOGIA Baseado no que vivenciei no intercâmbio e nas pesquisas feitas a respeito do movimento maker, foi definido um primeiro programa de necessidades, uma lista dos espaços que iriam ser propostos dentro da oficina-escola. Nesse primeiro momento, tive como principal referência arquitetônica a universidade da Austrália, levando em conta principalmente as áreas necessárias para cada ambiente e a diversidade de espaços, pois, na universidade, os alunos também tinham acesso a salas de oficinas onde podiam aprender sobre, por exemplo, gesso, ferro e vidro; não apenas marcenaria. Esse programa de necessidades, com um espaço total de quase 3000m², levou a escolha de um terreno relativamente grande no bairro Meireles, no limiar da Praia de Iracema. Após o desenvolvimento de uma parte do projeto, questionei se a proposta do equipamento era realista, no sentido de ser possível um espaço como aquele ser construído e realmente se desenvolver como modelo de negócio, concluindo pela inviabilidade do mesmo.
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01 Introdução
Então foram feitas duas visitas a marcenarias na cidade de Fortaleza, uma marcenaria de fabricação para venda, e outra que, além da fabricação, oferece esporadicamente um curso de marcenaria básica. A partir dessa visita compreendi melhor as necessidades de um espaço de marcenaria e o programa de necessidades foi refeito. Depois dessa redefinição, fiz um fluxograma para entender a conexão entre os ambientes propostos e então o projeto do equipamento passou a ser desenvolvido. Como produto final desse processo tem-se o projeto arquitetônico da Oficina-Escola de Marcenaria.
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ESTRUTURA
Introdução: capítulo de apresentação do trabalho no qual será mostrado o tema do projeto, as justificativas que levaram a escolha do tema, os objetivos gerais e específicos, a metodologia projetual e de pesquisa utilizada e a estrutura do trabalho.
Referencial teórico: capítulo que expõe sobre o trabalho de marceneiros e de como esse mercado tem crescido; explica sobre o movimento “maker”, como surgiu, o que é e como interfere na sociedade atual; e mostra como os espaços de trabalho coworking têm sido inseridos na sociedade.
Referencial arquitetônico: apresentação de obras que foram usadas como referências para o projeto, duas obras como orientação para criação do programa de necessidades, uma como orientação de um espaço coworking e umacomo referência de espaços para marcenaria.
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01 Introdução
Estudo do terreno: capítulo dedicado a apresentação do terreno no qual o equipamento foi projetado, com estudo da área e legislação atual, com parâmetros urbanísticos. Além disso, o capitulo mostra algumas relações do projeto com o entorno e cidade por meio de mapas e imagens.
O projeto: capítulo é voltado para a apresentação da proposta de projeto da oficina-escola de marcenaria, partindo do programa de necessidades, fluxograma, premissas, partido, e características técnicas da proposta.
Considerações finais: capítulo de conclusão do trabalho.
Referências Bibliográficas.
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REFERENCIAL TEÓRICO
02 Referencial Teórico
MARCENARIA O serviço feito em uma marcenaria é a transformação da madeira em objetos, sejam eles decorativos ou utilitários, e móveis. É visto como a arte de dar forma e tornar essa matéria prima em algo útil ao homem. Há alguns anos, qualquer profissional que trabalhasse com madeira era conhecido como carpinteiro, mas com a modernização que ocorreu ao longo dos anos, através da diversificação de maquinários e variedade de materiais, as profissões foram mais definidas e diferenciadas. Hoje o carpinteiro é o profissional que trabalha com madeira na área da construção civil, e o marceneiro na criação e execução de móveis e objetos. Trabalhar com madeira requer qualificação para que haja o manuseio correto e exige um trabalho delicado, paciente, criativo e artístico, pois a madeira é um material de composição complexa. Mesmo que atualmente, com a existência de laminados de madeira industrializada, como o MDF, aglomerado e compensado, tenha diminuído o trabalho artesanal do profissional, ainda existe a necessidade de uma compreensão do material e de habilidade em visualizar os objetos em perspectiva.
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Uso de EPIs
MARCENEIRO Técnicas de acabamento
Elaboração e execução de plano de corte Figura 2: Noções importantes para um marceneiro Fonte: produzido para autora.
02 Referencial Teórico
Um marceneiro deve ser, portanto, um profissional com capacidade para leitura de projetos, que é o ponto de partida para a execução. É importante também que o
Leitura de projeto
marceneiro saiba elaborar traçados com formas e dimensões para conseguir executar os cortes nas peças de madeira corretamente. Além disso, precisa conhecer e dominar a utilização das máquinas, ferramentas e instrumentos, e saber técnicas de acabamento, revestimento e montagem. O profissional deve, também, ter conhecimento das normas de segurança acerca do uso de todos os instrumentos, de forma a reduzir os riscos concernentes ao seu manuseio e usar os equipamentos de
Uso de ferramentas
proteção individual (EPI).
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Figura 3 e 4: Apartamento integrado e funcional. Fonte: https://archinect.com/mkca/project/5-to-1-apartment (adaptado pela autora)
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02 Referencial Teórico
Nos dias de hoje, devido ao crescimento da população mundial e ao acentuado fluxo de pessoas para as áreas urbanas, as moradias verticalizadas estão
acontecendo
cada
vez
mais,
com
apartamentos ocupando menos metros quadrados. Essa realidade tem aumentado o mercado de trabalho do marceneiro, pois as pessoas querem ter as mesmas necessidades atendidas de antes, que eram em espaços maiores, através da confecção de móveis projetados sob medida, de forma funcional, aproveitando todos os espaços disponíveis no ambiente, com cada detalhe do projeto sendo útil para atender a conveniência do cliente.
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Além de ambientes residenciais, marceneiros também têm muita demanda para atuar em meio corporativo e comercial, fabricando os mais diversos tipos de móveis, como painéis, armários, balcões, prateleiras, nichos, entre outros. O caráter autônomo como, no mais das vezes, esta profissão é exercida, a torna atrativa ao crescente ingresso de novos profissionais e empreendedores no setor. Ademais, o profissional empreendedor pode diversificar e inovar a fabricação de seus produtos, de forma a agregar valor ao serviço, nos mais variados aspectos deste processo produtivo: seja no âmbito da concepção, com a elaboração de peças customizadas e/ou exclusivas; seja no âmbito da fabricação, com o emprego de revestimentos modernos, de acabamento diferenciado devido ao sistema de usinagem de sua manufatura; seja, ainda, no âmbito da responsabilidade social de sua empresa, a partir do uso de produtos certificados e da redução da produção de resíduos.
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RESIDENCIAL
CORPORATIVO
COMERCIAL
Figura 5, 6 e 7: Espaรงos com mรณveis planejados. Fonte: http://www.planejaremoveis.com.br
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MOVIMENTO MAKER O movimento maker surgiu ainda nos anos 70 quando as pessoas começaram a ter computadores pessoais, mas era algo muito restrito e com poucos adeptos, além de ser pregado como estilo de vida. Nos anos 2000, houve o lançamento da impressora 3D que desenvolveu ainda mais a cultura do “faça você mesmo” e o movimento passou a ser mais conhecido através do desenvolvimento e lançamento da revista Make nos Estados Unidos da América, que publicou muitos conteúdos sobre o assunto (KATCHBORIAN, 2017). A partir desses acontecimentos, o que antes era pregado apenas como um estilo de vida, que estimulava o baixo consumo, ou consumo consciente para a sustentabilidade do planeta e que reafirmava a capacidade que temos de “fazer nós mesmos” quase tudo aquilo que precisamos para viver, se desenvolveu e passou a ser visto como um fenômeno tecnológico. A cultura maker passou a acontecer dentro de espaços colaborativos, onde as máquinas são compartilhadas para desenvolvimento de ideias nas mais diversas áreas de atuação, como
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02 Referencial Teórico
robótica e marcenaria. Criou-se então uma rede internacional de fabricação digital, que é formada por espaços conhecidos como Fab Labs, que oferecem oportunidades para que as pessoas explorem as novas tecnologias, instigando o conhecimento, além de compartilhar e conectar criações e soluções por meio da rede.
Figura 8: Fab Lab de Sarasota. Fonte: https://fablabfloripa.wordpress.com
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Figura 9: The Fremont Lab. Fonte: http://www2.dxarts.washington.edu/
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A importância desse fenômeno tecnológico se deu principalmente no campo do trabalho uma vez que traz uma tecnologia avançada e de fácil acesso, que o trabalhador entende e controla, e no qual se apropria de cada etapa do processo de produção, não estando alienado do produto final. Essa nova forma de produzir traz novas relações de trabalho, mais propícios à colaboração e ao compartilhamento de informações. No âmbito do ensino, o movimento maker se manifesta com a propagação de um método de aprendizagem que alia o pensamento lógico à criatividade, fornecendo a ferramenta necessária para que o aluno aprenda também através de experimentos em sala de aula, o que aumenta o interesse e melhora o aprendizado. Um exemplo ocorre na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo, que tem um Fab Lab que oferece atividades para alunos de graduação. No quesito sustentabilidade, apesar do movimento não pregar de forma incisiva o consumo consciente, continua influenciando positivamente para uma vivência sustentável. Isso acontece porque as pessoas são incentivadas a realizarem seus projetos de
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02 Referencial Teórico
maneira que gerem menos resíduos, e, até mesmo, os softwares são formatados para mostrar propostas neste sentido. Além disso, a cultura maker também incentiva o reuso e o reaproveitamento de materiais. O autor Mark Hatch, cita, em seu livro The Maker Movement Manifesto (2013), alguns pontos importantes para evoluir a cultura maker com inovação. Entre eles o autor fala sobre a importância de um maker fazer, criar e experimentar, se expressando mediante fabricação de objetos. Além disso, para que o desenvolvimento dos envolvidos ocorra, o autor incentiva o compartilhamento de informações, ideias e protótipos; afinal, o trabalho de maneira colaborativa se constitui como um dos principais valores do movimento. A inovação pode ser desenvolvida, portanto, através da junção de pessoas que produzem e põem a mão na massa, em trabalho colaborativo, que pode envolver diferentes profissões, em espaços de coworking, com acesso a máquinas e equipamentos tecnológicos. Algumas dessas máquinas são: cortadoras a laser, que podem produzir objetos com MDF, acrílico, tecido, entre
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outros; cortadoras de vinil, que podem cortar adesivos tradicionais ou de cobre, usados para circuitos eletrônicos; impressoras 3D, que podem fabricar coisas pequenas, enfeites, e até mesmo próteses; e fresadoras, que constroem desde moldes para construções, até barcos e casas. O universo de ação do movimento maker se torna muito amplo com a utilização dessas máquinas, e essa é uma das intenções dessa cultura: dar a pessoas comuns a possibilidade de desenvolverem os mais diversos projetos, através da democratização da tecnologia, com educação horizontal e colaborativa, que todos ensinam e aprendem, e promovendo uma inovação social (NEVES, 2014).
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02 Referencial Teรณrico
Figura 10, 11, 12 e 13: Mรกquinas ultilizadas em Fab Labs. Fonte: http://www.garagemfablab.com.br
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COWORKING Os coworkings são espaços de trabalho colaborativo, normalmente frequentados por profissionais independentes que procuram ambientes democráticos para trabalhar, desenvolvendo seus projetos em um local inspirador, sem as distrações existentes em um espaço público, como também sem o isolamento do home office. A partir do censo Coworking Brasil 2017 é possível entender sobre o mercado de escritórios compartilhados no Brasil e sua relevância para economia no país. Em seu terceiro ano de edição, analisa a adesão de espaços como esses sendo usados ao redor do país, e mostra como esse formato inovador tem revolucionado a maneira como trabalhamos, sendo locais que oferecem mais que vantagens econômicas, propiciam a conectividade. Em um mesmo ambiente, podem trabalhar freelancers, proprietários de pequenos negócios e empreendedores, que tendo um espirito colaborativo podem desenvolver grandes negócios.
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02 Referencial TeĂłrico
Figura 14: Sala coworking em SĂŁo Paulo. Fonte: https://coworkingbrasil.org/spaces/ace-campus/
Figura 15: Salas coworking em Curitiba.. Fonte: https://coworkingbrasil.org/o-que-e-coworking/
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De acordo com o censo, são mais de 56 mil estações de trabalhos que movimentam em torno de 82 milhões de reais e geram aproximadamente 3.500 empregos diretos e indiretos. Esses espaços além de estarem se espalhando para o interior das grandes cidades, também estão ocupando bairros menos conhecidos e diminuindo o fluxo de pessoas nas zonas comerciais. Em média, os coworkings brasileiros têm 384 m² de área, com 69 estações de trabalho, distribuídos em “mesas compartilhadas”, que são alugadas por hora ou turno, e “mesas privadas”, alugadas mensalmente, e a maioria com acessibilidade para cadeirante, espaços ao ar livre, estacionamento próprio e acesso 24 horas. Em relação ao ano de 2016, o crescimento de espaços de coworking foi de 114%, o que já havia aumentado em 52% em relação a 2015, isso mostra que a adesão a esses tipos de ambiente de trabalho tem sido grande, principalmente nas capitais dos estados, onde a demanda é maior. Outra vantagem para o usuário optar por um espaço compartilhado de trabalho é a redução de custos, pois o espaço já é disponibilizado com a mobília, internet, serviços de limpeza e manutenção. Além disso, os coworkings também podem
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02 Referencial Teórico
oferecer serviços para agilizar a rotina do cliente, disponibilizando impressoras, salas de reunião e multimídia, serviços de conveniência como motoboys, sistema de telefonia e secretárias.
+114%
810
+52%
378 238 2015
2016
Figura 16 e 17: Dados do Censo Coworking 2017. Fonte: Censo Coworking 2017.
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2017
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
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RED ROCKS COMMUNITY COLLEGE Faculdade localizada no estado de Colorado, nos Estados Unidos da América, que oferece formação em marcenaria e luthier, profissional que trabalha com a construção e manutenção de instrumentos musicais. Esse espaço foi uma das inspirações para o meu trabalho, pois a escola oferece mais de 50 tipos de cursos que são realizados de formas rotativas, em um único espaço amplo, com mobília flexível e grande variedades de ferramentas. Além disso, a área onde os cursos acontecem é fechada, climatizada, com exaustores e com toda a estrutura necessária para manter a sala arejada, com o ar o mais limpo possível. O ventilador é, normalmente, contraindicado para áreas onde se trabalha com madeira, pois espalha toda a poeira que é gerada com o corte do material, podendo ser perigoso para o aluno em diversos aspectos.
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03 ReferĂŞncias Projetuais
Figura 18: Sala de aula do Red Rocks Community College. Fonte: http://www.rrcc.edu/fine-woodworking
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Figura 19: OficinaLab. Fonte: https://www.oficinalab.com.br
03 Referências Projetuais
OFICINALAB É uma escola localizada na Barra Funda, na cidade de São Paulo, que oferece cursos na área de marcenaria, principalmente com madeira maciça ou compensado, e incentivam a propagação do movimento maker. Esse projeto me inspirou por seu modelo de negócio, pois é uma escola que também oferece o local, ferramentas e conhecimento para qualquer pessoa interessada em transformar, com as próprias mãos, a matéria prima em objetos úteis. Além de escola, é também um ateliê aberto, que disponibiliza aluguel de máquinas, e uma oficina colaborativa, formada por profissionais com diferentes atuações, como construtores, arquitetos, marceneiros e designers, com o objetivo de conectar pessoas para criar soluções inteligentes. Uma das premissas básicas dos fundadores da oficina é de oferecer oportunidades, tanto para pessoas que querem produzir algum objeto e ter acesso de forma pontual aos equipamentos, quando para as que querem ampliar o seu conhecimento, e podem até continuar produzindo no local após o termino das aulas.
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WE FAB Um espaço aberto para conexão entre pessoas de diferentes profissões com o objetivo de desenvolver o movimento maker nas empresas. É um Fab Lab localizado em Pinheiros na cidade de São Paulo. No local são oferecidas programações de workshops, cursos e prototipagem relacionados ao movimento maker. O foco desse Fab Lab é atuar com empresas para transformar a forma que trabalham. A proposta desse equipamento influenciou a configuração do programa de necessidades do meu projeto, devido à oportuna oferta de espaço de coworking inserido no ambiente de produção. Há que se destacar a multifuncionalidade deste espaço (de coworking), que também é disponibilizado, em horários específicos, para realização de eventos. Assim, o diferencial que sublinhamos neste empreendimento é o uso multifuncional e intensivo da sua (relativa) pequena área construída; características, estas, que valorizam este projeto quanto à sua elevada eficiência.
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03 Referências Projetuais
Figura 20, 21 e 22: planta baixa, lab. de prototipagem e lab. de inovação (coworking). Fonte: http://wefab.cc/espaco2
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Figura 23: Ă rea de trabalho dos profissionais da Oficina Faiz. Fonte: acervo da autora.
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03 Referências Projetuais
OFICINA FAIZ É uma oficina de marcenaria, metalurgia e eletrônica instalada no bairro Meireles, na cidade de Fortaleza. Ela se propõe a executar as mais diversas ideias dos clientes, em modelos únicos e exclusivos. Além da fabricação de artefatos, a Oficina Faiz oferece um pequeno curso de marcenaria básica para iniciantes, em formato de workshop, com periodicidade mensal e vagas para apenas três participantes. No desenvolvimento do presente trabalho, este exemplar foi tomado, também, como uma espécie de “estudo de caso” mais detalhado. A partir de visitas ao local e de entrevistas com os profissionais responsáveis, as questões referentes ao dimensionamento dos espaços e à ergonomia foram devidamente trabalhadas para aplicação no projeto em tela.
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IDEIA COWORKING É um espaço para coworking no bairro Edson Queiroz, na cidade de Fortaleza. Os serviços são oferecidos por hora ou mensal, e o objetivo da empresa é incentivar o compartilhamento de ideias, oferecer o desenvolvimento do networking do cliente e promover a colaboração entre diferentes profissionais. O projeto foi utilizado como referência para entender as necessidades de um espaço para coworking, e para definir as áreas de alguns ambientes, compreendendo o que um local como esse precisa oferecer para o cliente e quais os diferenciais que podem ser inovadores no plano de negócio. Foi interessante perceber que a empresa tem agregado valor ao seu espaço oferecendo cursos, workshops e eventos no local.
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03 ReferĂŞncias Projetuais
Figura 24: Sala no Ideia Coworking . Fonte: http://www.ideiacoworking.com.br
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ESCOLHA DO LUGAR
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TERRENO Para a inserção do projeto, foi escolhido uma parcela de 1500m² de um grande terreno com total de 7938m², que atualmente funciona como estacionamento, no bairro Meireles, próximo ao bairro Praia de Iracema. O terreno escolhido apresenta um perfil topográfico de pequena declividade; entretanto, devido à grande extensão do mesmo, a diferença de nível entre pontos extremos chega a alcançar a ordem de dois metros. A quadra é rodeada pela avenida Monsenhor Tabosa, e ruas Antônio Augusto, Padre Climério e João Cordeiro, e o terreno se localiza na esquina entre avenida Monsenhor Tabosa e rua Antônio Augusto. A escolha desse local foi guiada por alguns fatores julgados fundamentais para o funcionamento e dinamismo do espaço. O primeiro fator foi a facilidade do acesso ao equipamento, pois além de ser localizado próximo a avenidas que permitem um fluxo relativamente fácil de veículos, como a Avenida Leste Oeste e a Dom Manuel, também pode ser acessada por algumas opções de transporte público, pois no raio de 500m, existem 27 linhas de ônibus disponíveis. Há também um projeto de uma nova ciclofaixa na avenida que vai ser interligada com a já existente na Beira Mar e na avenida Leste Oeste. Essa proposta está inserida dentro do programa Anel Cicloviário, que propõe a construção de mais de 50 quilômetros de ciclofaixas em até dois anos.
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04 Escolha do lugar
Figura 25: Mapa dos bairros prรณximos ao terreno. Fonte: desenvolvido pela autora com base no Google Maps.
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Figura 26: Mapa do entorno do terreno. Fonte: desenvolvido pela autora com base no Google Maps.
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04 Escolha do lugar
O segundo fator visto foi em relação à proximidade com o SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, um local que oferece atendimento para o desenvolvimento de empresas através de consultorias, cursos e material para estudo em diversas áreas. O órgão tem como um dos objetivos promover a articulação, estruturação e fortalecimento das redes tecnológicas, que geram e difundem conhecimento para os pequenos empreendimentos, o que pode somar grandemente com a atuação da oficina-escola. Outro fator importante para a escolha foi a flagrante subutilização da área em estudo, destinada para estacionamento (improvisado) de veículos, porém de baixíssima demanda, aferida por observação do local em diversas oportunidades e em horários variados. Tais características, aliadas à baixa qualidade, ambiental, o configuram como vazio urbano. O projeto deste equipamento sugere, portanto, a abertura de uma nova potencialidade para o local e seu entorno, contribuindo para a requalificação da área.
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A quarta premissa foi relacionada ao (suposto) público alvo da oficina-escola de marcenaria. Um dos públicos identificados foram os alunos de graduação dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Design de Interiores dos diversos cursos ofertados na Cidade. A partir da localização geográfica dos mesmos, pode-se observar certa condição de centralidade da área em estudo em relação a estes. Além disso, entendendo que a oficina-escola tem potencial para atender a um público significativamente diversificado, foi importante perceber que a região escolhida para implantação do projeto já apresenta grande afinidade com esta característica, não se distinguindo por homogeneidade de faixa etária, classe social ou outra segmentação referente aos seus habitantes e transeuntes.
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Fametro
Oficina Maker
Estácio
Unichristus FFB
UFC
Maurício de Nassau
FAC
FANOR
Estácio UNIFOR UNI7 Maurício de Nassau
Ateneu
65 Figura 27 . Mapa dos lugares que ofertam cursos de graduação. Fonte: desenvolvido pela autora com base no Google Maps.
500m
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PARÂMETROS DA LEGISLAÇÃO Segundo a lei de uso e ocupação do solo de Fortaleza, o terreno encontra-se inserido na Zona de Ocupação Consolidada que possui os seguintes parâmetros urbanísticos de ocupação:
Figura 28: Parâmetros urbanos da ocupação . Fonte: LUOS.
Os afastamentos adotados de acordo com o uso foram de cinco metros para o afastamento frontal e três metros para os outros afastamentos (lateral e fundos), com a possibilidade de redução do recuo lateral no pavimento térreo, sendo respeitados os parâmetros de ocupação.
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04 Escolha do lugar
Em relação a classificação do sistema viário, a principal via de acesso ao local, Avenida Monsenhor Tabosa, é classificada como via arterial do tipo 1, garantindo a adequação de uso do projeto em
Figura 29: Sistema viário do entorno. Fonte: desenvolvido pela autora com base no Google Maps.
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O PROJETO
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05 O Projeto
Figura 30: Oficina Maker e seu entorno. Fonte: desenvolvido pela autora em conjunto com Fรกbia Reis.
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PROGRAMA Partindo das informações citadas até aqui, algumas diretrizes foram levantadas para servirem de guia para o projeto. Primeiramente, a garantia do uso regular do equipamento através da variedade de serviços oferecidos no local, atendendo também à possibilidade de ser utilizado por um amplo público, de diferentes classes sociais e faixas etárias. Para isso, quatro diferentes usos foram definidos como principais: escola de marcenaria, oficina de fabricação, cafeteria e coworking. A partir de cada um desses usos, o programa de necessidades do equipamento foi feito, atendendo às exigências de espaço para cada função. Para a escola de marcenaria, uma sala ampla para utilização de máquinas de corte de mesa e a laser, impressora 3D, fresadora, torno, desengrossadeira, além de todos os equipamentos menores como furadeira, parafusadeira e lixadeira. A escola também conta com um depósito de materiais e duas salas para aulas teóricas, com divisória móvel, aumentando a diversidade de usos.
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05 O Projeto
Para a oficina de fabricação, foi projetada uma sala ampla para o uso das máquinas, com duas salas acopladas, uma para soldagem e outra para pintura, além do depósito para materiais e estoque para guardar produtos prontos para venda. A área de coworking conta com duas salas, que se tornam diferentes pela mobília instalada em cada sala; três salas para uso de multimídia e um terraço aberto como área de convivência. A cafeteria conta com ambiente climatizado para mesas, espaço para preparo de alimentos, despensa, área de carga e descarga. Além desses espaços, alguns ambientes de uso comum foram projetados, como a recepção, banheiro, área de estar, descanso para funcionários e varanda. Para melhor compreensão, desenvolvi uma tabela com os ambientes projetados e áreas referentes a cada espaço, um fluxograma que demonstra como os ambientes estão conectados e uma descrição mais detalhada de cada um dos ambientes
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Figura 31: Programa de necessidades da Oficina Maker. Fonte: desenvolvido pela autora.
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05 O Projeto
Estacionamento/ Carga e Descarga
Varanda
Cafeteira Área de Preparo
Recepção Banheiros Área de Funcionários
Despensa
Marcenaria Escola
Carga e Descarga Circulação Vertical
Área de Máquinas
Sala de Estar Banheiros
Depósito Estoque Oficina de Fabricação
Pintura Soldagem
Multimídia Coworking Terraço
Sala de Aula
Figura 32: Fluxograma da Oficina Maker. Fonte: desenvolvido pela autora.
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MARCENARIA ESCOLA: uma grande área dedicada aos alunos que participarão dos cursos ofertados e às pessoas que querem alugar máquinas por hora marcada. No espaço são propostos equipamentos e máquinas nos mais diversos tipos, a maioria podendo mudar de lugar na sala de acordo com a necessidade do momento. As paredes são preenchidas por armários e painéis para dispor os instrumentos de forma clara e de fácil acesso. A sala também tem uma bancada com bancos e um armário com nichos para Partindo das informações citadas até aqui, algumas diretrizes foram levantadas para servirem de guia para o projeto. Primeiramente a garantia do uso regular do equipamento através da variedade de serviços oferecidos no local, atendendo também à possibilidade de ser utilizado por um amplo público, de diferentes classes sociais e faixas etárias. OFICINA DE FABRICAÇÃO: uma grande área dedicada aos alunos que participarão dosuma sala ampla para fabricação de móveis e objetos para venda, onde os profissionais contratados poderão exercer sua atividade. Além do espaço para máquinas e equipamentos, a sala também tem dois espaços acoplados para trabalhos com soldagem e pintura. Esses dois espaços menores têm bancadas de trabalho,
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armários para armazenagem de materiais e os instrumentos necessários para a realização do trabalho, como estação de solda e pistola pulverizadora de pintura. SALAS DE AULA: Duas salas amplas que são divididas com vedações móveis, podendo se tornar um único espaço. Essas salas podem ser usadas para oferecimento de aulas teóricas, palestras e eventos. São compostas por mesas e cadeiras, lousa digital e equipamentos de multimídia. ÁREA DE ESTAR: área de espera para utilização de alunos, clientes do coworking e de pessoas que podem participar dos eventos oferecidos nas salas de aula. Funciona como um pequeno foyer com poltronas, sofás e mesas de apoio. COWORKING: espaço para estações de trabalho em uma área coletiva a fim de atender profissionais de diferentes áreas de atuação e conectar pessoas por meio da colaboração. Essa área é composta por duas salas amplas para trabalho, com mesas, cadeiras, armários para apoio de materiais que podem ser utilizados, como folha de papel, grampeador,
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perfurador e facilidades como impressoras e scanners. Além disso, esse espaço também conta com três salas menores que podem ser utilizadas como salas de reunião, onde terão acesso a equipamentos de multimídia, e uma área de terraço aberto, uma área de convivência com bancos e jardins, com cobertura articulada para controle de incidência solar. CAFETERIA: espaço climatizado aberto ao público com diversidade na disposição de conjuntos de mesas e cadeiras, área de cozinha com armários, bancadas, expositores de alimentos e despensa. A cafeteria tem conexão com a varanda, proposta como uma continuidade do espaço interno, uma área aberta onde são dispostas algumas mesas e cadeiras. ÁREA PARA FUNCIONÁRIOS: espaço exclusivo para utilização de funcionários, com mesa e cadeiras, sofá, bancada de cozinha, televisão e banheiro.
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PARTIDO ARQUITETÔNICO Foram tomados alguns pontos de partida para a elaboração do projeto. O primeiro refere-se à visualização da marcenaria, tendo em vista que é a principal atividade oferecida pelo equipamento e que é necessário demonstrar que o espaço é aberto, com oferecimento de cursos para níveis iniciais, e que qualquer pessoa interessada pode participar. O terreno de esquina oferece a possibilidade de integração e permeabilidade visual do edifício com os dois logradouros que lhe são lindeiros; aspecto, este, que nos interessava considerar no desenvolvimento do projeto, levando-se em conta, também, as questões oriundas da orientação solar e do potencial conforto térmico dos ambientes. Quanto ao aspecto de visualização, cabe salientar a característica de fluxo de veículos em sentido único, apresentada por ambas as vias; a maior intensidade de fluxo é verificada na Avenida Monsenhor Tabosa. Foi importante, também, já considerar as possíveis áreas destinadas a estacionamento de veículos e carga e descarga, de maneira a estas não interferirem na almejada (e já referida) permeabilidade visual interior/exterior. Neste mesmo sentido, a fluidez dos espaços internos e a transparência de boa parte da envolvente tornaram-se estratégicas a este fim.
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Figura 33, 34 e 35: Croquis. Fonte: desenvolvido pela autora.
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Outro ponto do partido se refere à inclusão de diferentes tipos de uso ao equipamento, objetivando o aumento do fluxo de pessoas no local, a aproximação e conhecimento da população quanto às questões do movimento maker e dos cursos oferecidos pela escola, além de uma maior exposição dos objetos fabricados pela marcenaria. Foram, assim, definidos alguns espaços comerciais voltados ao uso do público em geral (como é o caso da cafeteria) e o oferecimento de um espaço coworking (possibilitando o uso mais intensivo da edificação e o aumento da permanência de profissionais relacionados à sua atividade); além de áreas de convivência para os referidos públicos. A terceira premissa foi de tentar aproveitar a situação topográfica do terreno, de forma que permita uma boa visualização do equipamento por aqueles que transitam pela avenida, além de ultilizar a estratificação de níveis, mas de forma a respeitar a acessibilidade e a fluidez do projeto. O quarto e ultimo ponto do partido foi em relação a ideia de demonstrar uma arquitetura fabril no meu equipamento, o que tem uma relação forte com o movimento maker. Essa intenção pôde ser respondida através dos materiais utilizados nas fachadas e na utilização de uma malha estrutural, com vãos mais generosos e uma planta livre.
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OFICINA MAKER Área do terreno: 1500,8 m² Área costruída: 960,2 m² Taxa de ocupação: 0,41 Coeficiente de aproveitamento:0,64 Materialidade: concreto, madeira, vidro, alumínio e telha Estrutura: laje maciça, vigas e pilares de concreto
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Figura 36: Oficina Maker e seu entorno. Fonte: desenvolvido pela autora em conjunto com Fรกbia Reis.
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SISTEMA CONSTRUTIVO O sistema construtivo foi definido de forma a racionalizar o processo da construção. Na estrutura, predominantemente de concreto, as lajes foram projetadas para vencer os vãos entre as vigas, com proposta de serem lajes maciças. As vigas são contínuas, com pilares dispostos em malha com vãos generosos. Foram empregadas vigas invertidas em parte da laje superior com o intuito de possibilitar a diminuição da altura da platibanda, destinada à ocultação da telha trapezoidal utilizada na coberta. Com relação às vedações externas, foi utilizada a alvenaria convencional com diversificados revestimentos. Internamente, as divisões são feitas em drywall, utilizando-se as espessuras e os componentes complementares adequados às diferentes situações de uso. No caso específico das oficinas, os seus vedos foram trabalhados num sistema misto, em sanduíche, com alvenaria de tijolos, lã de vidro de 50mm e chapas duplas de drywall, de forma a minimizar a propagação de ruídos para os demais ambientes, como visto no detalhe a seguir.
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Figura 37: Detalhe. Fonte: desenvolvido pela autora.
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Na coberta da varanda (a área externa de entrada para convivência, que tem conexão com a cafeteria), foi utilizada estrutura em aço de vigas metálicas treliçadas. Esse tipo de estrutura é leve quando comparado a de concreto, o que torna a área mais livre de apoios, de forma que as vigas são opoiadas com o esgaste nas paredes (indicado em pontos azuis na imagem a seguir) e em um pilar circular de concreto. Essa estrutura é toda revestida por lâminas de alumínio composto, Alucobond, e para a coberta, telha trapezoidal.
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CONFORTO AMBIENTAL Com objetivo de promover conforto ambiental ao projeto de arquitetura da oficina-escola, ofertando o bem-estar físico aos alunos, clientes e profissionais que frequentarem o local e de forma a minimizar o consumo de energia, a orientação das aberturas estão predominantemente voltadas para leste e sul, de onde vem os ventos dominantes. As aberturas da fachada sul são propostas com proteção por meio de pergolados e brises fixos externos. No terraço (localizado no pavimento superior), foi projetada a instalação de um cobertura articulada Zetaflex, com um sistema de perfis de alumínio estrutural anodizado, dotado de mecanismos que permitem que as chapas girem de 0 a 90 graus, permitindo um controle da incidência dos raios solares. Na fachada oeste, há apenas uma porta para acesso de funcionários e carga e descarga. Essa porta foi protegida com recuo de 1,5 metros do alinhamento da parede. Já na fachada norte, uma grande abertura em vidro foi projetada para permitir uma conexão visual com o exterior, e a proteção dessa abertura foi proposta através de brises móveis de correr no interior para regulação dos níveis de luz solar. Além disso, na varanda, uma grande coberta protege as vedações em vidro da cafeteria.
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MATERIAIS Os materiais utilizados para revestimento da fachada são madeira Muiracatiara em táboas com acabamento para área externa, telha trapezoidal de aço zincado pré-pintada na cor azul, placas cimentícias e alumínio composto. Internamente, o uso de pintura com tinta acrílica na cor branca e azul, e textura de cimento queimado. Em relação ao piso, externamente propõe-se o piso permeável de concreto poroso, bloco intertravado, com o intuito de manter o máximo de área permeável. Internamente, o uso de concreto polido nas salas de oficina, porcelanato e laminado de madeira nos outros ambientes. O forro tradicional foi utilizado na maior parte do projeto, mas nas salas de marcenaria o forro foi proposto direto na laje para não diminuir o pé direito e deixar um conceito industrial no ambiente. A proposta é que o forro também seja instalado com lã de vidro entre a laje e o gesso, para melhoria no isolamento acústico, e abaixo do forro tenham peças de espuma acústica para absorver as ondas sonoras, reduzindo a reverberação.
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Madeira Muiracatiara Telha Trapezoidal de aço pré-pintado azul Placas cimentícias Alumímio composto Tinta acrílica azul Tinta acrílica branca Textura cimento queimado Lâminado de madeira Porcelanato Concreto Polido Bloco intertravado Figura 39: Materiais. Fonte: desenvolvido pela autora.
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PRAIA IRACEM A
OR TABOSA
RUA
JOÃ OC
ORD EIR O
AVENIDA MONS ENH
AN TÔ NIO
GSPublisherVersion 0.0.100.100
1:500
RUA
planta de implantação
AU GU ST O
ANT ÔNI O
AUG U
STO
TR AV TV. .
0
5
10
D
C
0,00
SOLDAGEM
B
A: 13.89 m2
OFICINA DE FABRICAÇÃO
MARCENARIA-ESCOLA
A: 104.07 m2
A: 104.07 m2
VARANDA A: 84.25 m2
+1,00 PINTURA A: 13.89 m2
A
+1,70 RECEPÇÃO A: 37.53 m2
DEPÓSITO
DEPÓSITO
A: 12.83 m2
A: 9.00 m2
ESTOQUE A: 28.32 m2
CAFETERIA A: 65.46 m2
BANHEIROS A: 18.04 m2
DISPENSA A: 4.65 m2
ÁREA DE DESCANSO
+0,50
A: 22.60 m2
BHO A: 3.53
planta pavimento térreo 1:125
GSPublisherVersion 0.0.100.100
D
GÁS A: 1.10 m2
m2
C
0
1
2
3
D
C
MULTIMÍDIA 03 A: 9.70 m2
MULTIMÍDIA 02 A: 9.70 m2
COWORKING 02
B
COWORKING 01
A: 83.16 m2
A: 94.27 m2
MULTIMÍDIA 01 A: 8.50 m2
A SALA DE AULA 02 A: 35.06 m2
ÁREA DE ESTAR
TERRAÇO
A: 37.38 m2 5,70
A: 74.39 m2
SALA DE AULA 01 A: 35.06 m2
BANHEIROS A: 18.04 m2
ÁREA DE MÁQUINAS A: 29.81 m2
planta pavimento superior D 1:125
GSPublisherVersion 0.0.100.100
C
0
1
2
3
D
C
B
A
planta coberta 1:125
GSPublisherVersion 0.0.100.100
D
C
0
1
2
3
corte A-A 1:125
0
1
2
3
0
1
2
3
corte B-B 1:125 GSPublisherVersion 0.0.100.100
corte C-C 1:125
corte D-D 1:125 GSPublisherVersion 0.0.100.100
0
1
2
3
0
1
2
3
telha trapezoidal
placa cimentícia
madeira muiracatiara
alumínio composto
placa cimentícia
fachada norte 1:125
0
1
2
3
telha trapezoidal madeira muiracatiara
alumínio composto
tinta branca
fachada leste 1:125 GSPublisherVersion 0.0.100.100
0
1
2
3
tinta branca madeira muiracatiara
telha trapezoidal
placa cimentícia
alumínio composto placa cimentícia
fachada sul 1:125
0
1
2
3
tinta branca
madeira muiracatiara
fachada oeste 1:125 GSPublisherVersion 0.0.100.100
placa cimentícia
0
1
2
3
telha trapezoidal
Figura 40. Oficina Maker e seu entorno. Fonte: desenvolvido pela autora em conjunto com Fรกbia Reis.
Figura 41. Interior da sala de marcenaria-escola. Fonte: desenvolvido pela autora em conjunto com Fรกbia Reis.
Figura 42. Interior da sala coworking. Fonte: desenvolvido pela autora em conjunto com Fรกbia Reis.
Figura 43: Oficina Maker e seu entorno. Fonte: desenvolvido pela autora em conjunto com Fรกbia Reis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
06 Considerações finais
CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluo este trabalho com satisfação por ter tido o privilégio de projetar um equipamento que me trouxe novas experiências e ampliou meu campo de visão do mercado de trabalho de um arquiteto. Passei a compreender ainda mais sobre marcenaria e o movimento maker, o que tem inspirado a pesquisar sobre o assusto de forma aprender e me inserir nesse meio aos poucos, buscando novos conhecimentos e experiências. Este anteprojeto foi finalizado de forma a atender o público esperado, com oferta de serviços diferenciados para a cidade de Fortaleza, em uma região que seria favorecida com essa implantação.
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BIBLIOGRAFIA  
07 Bibliografia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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