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MOSAICO UNIRITTER LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES FACULDADE DE DESIGN PROJETO GRÁFICO 3 - NOITE
SET / 2016 ANTIMATÉRIA
PROFESSORA: Andréa Capra
P.5
ADAPTAÇÃO DO PROJ. GRÁFICO: Gabriela Nonnenmacher
P.6
tudo sobre as medalhas olímpicas
NOVA POTÊNCIA OLÍMPICA P.8
DIAGRAMAÇÃO: Gabriela Nonnenmacher COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Lennon Valinhas
AS MATÉRIAS, REPORTAGENS E IMAGENS AQUI APRESENTADAS SÃO SELECIONADAS DE FONTES DIVERSAS, INDICADAS ABAIXO: MICHAEL PHELPS
ANTIMATÉRIA:
P.10
Medalhas http://goo.gl/0t3F31 http://goo.gl/3oNaVw http://goo.gl/dQg5Fa http://goo.gl/LqJO8E
SOU A 1ª SIMONE BILES
P.12
Michael Phels http://goo.gl/UqJWyr
PANORÂMICA P.16
http://goo.gl/cHrdNU Simone Biles http://goo.gl/8IZnHe http://goo.gl/JuFZac PANORÂMICA Foto http://goo.gl/3Szfut DOSSIÊ Rafaela Silva http://goo.gl/XcTY4W http://goo.gl/FaW0kJ http://goo.gl/eAEcM3 REPORTAGEM PRINCIPAL https://goo.gl/NHDify https://goo.gl/B1IV3u https://goo.gl/3u82MG https://goo.gl/9UWvnA https://goo.gl/uUhKFk
DOSSIÊ
SUPERAÇÃO DE RAFAELA SILVA
+ RACISMO NO BR ESTE TRABALHO É DE USO EXCLUSIVAMENTE ACADÊMICO E SEM FINS COMERCIAIS.
PLAY LIKE A GIRL
PÁGINA 19
P.
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MEDALHAS OLÍMPICAS 09.2016
A preocupação com o meio ambiente é uma das marcas das medalhas dos Jogos POR THIERRY GOZZER Olímpicos Rio 2016
DESIGN
ILUSTRADOR CONVIDADO
GABRIELA NONNENMACHER
LENNON VALINHAS
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INOVADORAS ´ E SUSTENTÁVEIS Medalhas sustentáveis: as de ouro são 100% livres de mercúrio, enquanto as de prata e bronze contém 30% de material reciclado em sua composição. POR THIERRY GOZZER As
medalhas
dos
Jogos
Olímpicos
e
comunicação do Rio 2016.
Paralímpicos Rio 2016 contam com duas
A preocupação com o meio ambiente
novidades: o design das medalhas, que
é uma das marcas das medalhas do Rio
pela primeira vez têm o centro ligeiramente
2016. As peças de ouro são 100% livres de
mais alto que as bordas, e a presença de
mercúrio, e as de prata e bronze contam
guizos no interior das Paralímpicas, uma
com 30% de material reciclado em sua
inovação de acessibilidade.
composição. Já a fórmula da fita que pren-
Mais de 100 funcionários da CMB esti-
de as medalhas nos pescoços dos atletas é
veram envolvidos na produção das 2.488
produzida com 50% de garrafas PET re-
medalhas Olímpicas e 2.642 Paralímpi-
cicladas. Por fim, o estojo que guarda as
cas. O design das medalhas Olímpicas usa
preciosidades é feito de madeira produzi-
folhas de louro para representar a relação
da em áreas com atividade ambiental sus-
entre as forças da natureza e os heróis
tentável e socialmente responsável.
Olímpicos. Já os guizos no interior das Pa-
As medalhas Olímpicos e Paralímpicas
ralímpicas criam uma nova possibilidade
não estão disponíveis para venda. O Co-
de interação e permitem diferenciar ou-
mitê Rio 2016 oferecerá somente a cole-
tro, prata e bronze. “Conquistar essas me-
cionadores a possibilidade de adquirir as
dalhas é um caminho de emoção única”,
medalhas comemorativas.
disse Mário Andrada, diretor executivo de
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500g Com o centro ligeiramente mais alto que as bordas, as medalhas pesam 500g, 100g a mais do que em Londres 2012.
85mm O Rio optou por ser clássico e no reverso colocou uma coroa de louros e a marca dos Jogos. Mas, se manteve o mesmo diâmetro de Londres, com 85mm.
ESCULTURA AO INVÉS DE FLORES O pódio olímpico também será diferenciado. O Comitê Rio 2016 optou por não entregar ramos de flores aos medalhistas como vinha sendo feito nas edições anteriores das Olimpíadas. Quem subir ao pódio na Olimpíada vai ganhar, além da medalha e do mascote Vinícius, uma escultura da mar-
FITAS As fitas da medalhas são feitas com quase 50% de fios de garrafas PET recicladas. Foram produzidas 2.488 olímpicas.
ca dos Jogos Olímpicos. O pódio carioca é feito em madeira pinus, de reflorestamento, e conta com plantas de verdade à frente dos atletas, representando a natureza exuberante do Rio de Janeiro. Todas serão replantadas depois do uso.
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Medalhas por continentes
POR: JHM
NOVA POTÊNCIA OLÍMPICA
O Reino Unido se tornou o primeiro país-sede de uma Olimpíada a conquistar mais medalhas na edição seguinte dos Jogos: em Londres-2012 foram 65, na Rio-2016 foram 67 medalhas. O recado está dado: existe uma nova potência olímpica no planeta e ela atende pelo nome de Team GB. Após Atlanta-1996, quando o Comitê Olímpico Britânico experimentou sua pior Olimpíada, com 1 ouro, 8 pratas e 6 bronzes, fiasco para a única nação do mundo a ganhar ouro em todas as edições dos Jogos, o então primeiro-ministro John Major iniciou uma série de mudanças na política es-
portiva do país. Na mais tênue delas, foi criada a marca Team GB, nome mais sonoro e vendável, segundo os marqueteiros do comitê. A mais drástica foi dividir o novo esporte britânico em duas frentes: alto rendimento, lastreado por investimento incentivado e loterias, e comunitário. O resultado apareceu em Sydney-2000: 11 ouros, 10 pratas, 7 bronzes e um décimo lugar no quadro de medalhas. O total de premiações só aumentou desde então. Foram 30 em 2004, 41 em 2008 e as 65 de Londres Muito dinheiro investido, mas de maneira profissional: quem ganha mais medalha conta com mais recursos no ciclo olímpico seguinte, quem ganha menos ou não ganha tem a verba reduzida ou até cortada. Na Rio 2016 a A Grã-Bretanha conquistou medalhas em 22 modalidades, cinco a mais do que em Londres 2012.
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MAIORES MEDALHISTAS Michael Phelps 5 ouros + 1 prata: 6 medalhas
Katie Ledecky 4 ouros + 1 prata: 5 medalhas
Simone Biles 4 ouros + 1 bronze: 5 medalhas
Katinka Osszu 3 ouros + 1 bronze: 4 medalhas
Usain Bolt
R A T A B R O N Z E T O T A L
P
U O
QUADRO DE MEDALHAS
R O
3 ouros: 3 medalhas
1
USA Estados Unidos
46
37
38
121
2
GBR
27
23
17
67
3
CHN China
26
18
26
70
4
RUS
Federação da Rússia
19
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19
56
5
GER
Alemanha
17
10
15
42
6
JPN
Japão
12
8
21
41
7
FRA
França
10
18
14
42
8
KOR República da Coréia
9
3
9
21
9
ITA
Itália
8
12
8
28
10
AUS
Austrália
8
11
10
29
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BRA Brasil
7
6
6
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Grã-Bretanha
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O MAIOR ATLETA DA HISTÓRIA POR FLÁVIA TAVARES
Q
uuando a touca negra emergiu da água na
raia 5 e os óculos dourados miraram o placar, a história estava esculpida em 4 centésimos de segundo. Sem sorrir, o americano Michael Fred Phelps usou a mão esquerda para chamar para si a medalha de ouro com um sinal de “Vem, vem” e, em seguida, erguer o indicador para registrar o incontornável: ele é o número 1. Das piscinas, das Olimpíadas, do esporte. Num tempo em que qualquer jogo de campeonato estadual é classificado como “épico” e qualquer vitória é chamada de “histórica”, Phelps nada para recolocar as coisas em seus devidos tamanhos. Um homem que conquista 23 medalhas de ouro em olimpíadas é um mito – em ao menos três definições de dicionário: fábula que relata a história dos deuses, semideuses e heróis; coisa inacreditável; e pessoa ou coisa incompreensível. O que consagrou Phelps não foram os 4 centésimos de segundo de diferença para o segundo colocado na prova dos 200 metros borboleta, no Rio de Janeiro. Tampouco foi o número de medalhas que ele soma, o que o torna o maior vencedor de todos os tempos. O que faz de Phelps um genuíno monstro é a volta por cima que ele deu. Em 2001, Phelps, hoje com 31 anos, se tornou o nadador mais jovem da história a quebrar um recorde mundial na mesma prova, aos 15 anos e 9 meses. Nos Jogos de Londres, em 2012, ele perdeu a hegemonia nessa modalidade, conquistada com ouros em Atenas e
11 Pequim, para o sul-africano Chad le Clos.
ATENAS 2004
Agora, no Maria Lenk, ele recupera a soberania na prova favorita. E sela o reencontro com a vitória e a alegria de estar na água, seu habitat preferencial desde os 11 anos.
O nadador superou a depressão para se tornar o maior vencedor das Olimpíadas. Não foi só o ouro na borboleta que Phelps
PEQUIM 2008
LONDRES 2012
RIO 2016
perdeu em Londres. Ele anunciou naquela edição dos Jogos que estava se aposentando. Não via mais sentido em seguir. Sua frustração começara a se revelar ainda em 2009, quando uma foto sua fumando o que
COMO LER ESTE GRÁFICO
parece ser maconha em uma festa privada
medalhas de ouro
vazou para a imprensa. Seu técnico, Bob Bowman, diz que foi a partir dali que Phelps passou a desconfiar de todos a seu redor e
medalhas de prata medalhas de bronze
do propósito de dedicar a vida aos treinos exaustivos. Ele se isolou. Phelps chegou a Londres desencantado. “Eu não queria mais estar na água”, ele diria mais tarde. Aos 27 anos, ele tinha 18 medalhas de ouro no peito. E mais nada. Ao vencer sua 13ª medalha de ouro em competições olímpicas individuais - no
CURIOSIDADES NOME COMPLETO: Michael Fred Phelps II NASCIMENTO: 30 de junho de 1985 (31 anos), em Towson, Maryland, EUA
200m medley individual -, o americano
ALTURA: 1,93 m
superou Leônidas de Rodes, um dos mais
ENVERGADURA: 2,01 m
famosos atletas olímpicos da Antiguidade. Leônidas competiu nos jogos de 164 a.C.
PESO: 84 kg
e conquistou a coroa de louros em três corri-
PÉS: 29,8 cm - Nº43 (BRA)
das - o estádio (cerca de 180 metros), o diaulo
INÍCIO DE CARREIRA: 1992
(cerca do dobro do estádio) e na corrida hoplitódromo, na qual os participantes tinham que usar proteção nas pernas, elmo e escudo.
CLUBE: North Baltimore Aquatic Club 37 RECORDES MUNDIAIS PARTICIPOU DE 5 OLÍMPIADAS
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O FENÔMENO BILES “Não sou a próxima Bolt ou Phelps. Sou a 1ª Simone Biles!” POR SÉRGIO GARCIA
P P
rimeira e única. Foi assim, com es-
um espaço curto para correr e tomar impul-
sas palavras, que Simone Biles co-
so para as acrobacias, o que amplia a quan-
memorou as 4 medalhas de ouro
tidade de manobras nas exibições no solo.
que levou, no Rio de Janeiro. Ela não gosta
Seus mortais e giros são mais rápidos e in-
das comparações com os astros do atletis-
tegram um vasto repertório de movimentos.
mo e da natação.
Um deles foi batizado com seu sobrenome:
A esses ouros somam-se dez títulos mun-
“The Biles”. O salto consiste em um duplo
diais - em aparelhos, por equipes e com três
mortal estendido para trás com uma meia
campeonatos no individual geral. Ela é a pri-
volta antes do pouso. Assim, por extenso,
meira atleta a ganhar três títulos consecutivos.
parece pouco. Mas Simone é a única ginasta
Um grupo microscópico de participantes
capaz de executá-lo.
nesta Olimpíada merece ser chamado de fe-
Com técnica e força física, a ginasta
nômeno. São aqueles atletas que empurram
americana muda o curso do esporte e leva
as fronteiras do esporte para um novo ho-
as acrobacias a um grau inédito de dificul-
rizonte. Simone Biles agora faz parte deste
dade, primeira e única.
grupo. Quem foi à Arena Olímpica ver as competições de ginástica artística talvez tenha tido dificuldade em crer no que seus olhos testemunhavam. Simone Biles é outra espécie de ginasta. O que torna Simone superior? Seu estilo combina potência e precisão nos movimentos – em detrimento de um tanto de graça. Na trave, cuja superfície tem 10 centímetros de largura, ela executa movimentos que mui-
quarenta e sete kilos
tos atletas não conseguem fazer nem mesmo
Com 47 kg, seu quadríceps e sua panturrilha têm uma
no solo. Chama a atenção também a altura
porcentagem elevada de fibras musculares lb, um
que atinge nos saltos, chegando a flutuar a
tipo de fibra de contração rápida.
mais de 3 metros do chão em meio a rodopios que constrangeriam Isaac Newton. Outra vantagem sobre as demais: ela precisa de
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COMO TUDO COMEÇOU Uma excursão de escola teve que ser cancelada de-
impressionados com a menina que “ela voltou para a
vido ao mau tempo e o colégio decidiu, então, fazer
casa com um bilhete para os pais que dizia: Vocês já
um passeio em um centro de ginástica artística. Si-
pensaram em colocar sua filha na aula de ginástica?”
mone, com apenas 6 anos, mostrou espontaneamen-
Dois anos depois, ela foi descoberta por Aimee
te alguns movimentos e os instrutores ficaram tão
Borman, seu técnica até hoje.
AS MELHORES NOTAS DE SIMONE BILES NA RIO 2016
16.050 15.000 15.633 15.733
salto barras assimétricas barra de equilíbrio solo
um metro e quarenta e cinco centímetros O fato dela ser tão baixa pode ser uma vantagem competitiva em alguns aparelhos, já que ela tem o centro de gravidade mais próximo ao solo.
adotada pelos avós quando tinha 3 anos Sua mãe era dependente de drogas e álcool, então as autoridades retiraram dela seus filhos. Seus avós maternos adotaram todos.
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PANORÂMICA FOTO: GUARDIAN LIBERTY VOICE
O nadador superou a depressão para se tornar o maior vencedor das Olimpíadas.
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A história das piscinas divide-se agora entre “Antes de Phelps” e “Depois de Phelps”
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TEXTO: L I U C A YO NA HA DESIGN: G A BRI ELA N.
SILVA SÓ MAIS UMA
POBRE
NEGRA
FAVELADA
A judoca brasileira que superou a infância pobre na Cidade de Deus, uma derrota olímpica, a humilhação pública e a depressão para ganhar o ouro do lado de casa. Diante do pódio, a judoca
primeira brasileira a ga-
derrota em 2012, e o quan-
Rafaela Silva tem o olhar
nhar uma medalha de ouro
to a mesma prejudicou sua
concentrado. Balança de
nos Jogos. “Medalha de
vida. Em seguida, um sor-
um lado para o outro, como
ouro, representando o Bra-
riso começa a se desenhar
no início de uma luta. Pare-
sil: Rafaela Silva”, anun-
no rosto da judoca de 24
ce estar pronta para enfren-
cia a locutora. Ela sobe no
anos. Rafaela recebe a me-
tar mais uma adversária.
pódio. Levanta os braços,
dalha, alisa-a, aperta, sen-
Estamos na Arena Carioca
acena para o público. Ela
te seu peso. Os olhos se
2, no Parque Olímpico do
se vê era assombrada pela
enchem de lágrimas. Ela
Rio de Janeiro, diante da
lembrança
venceu.
recorrente
da
20
COMO RAFAELA VENCEU SEU PASSADO
O QUE ACONTECEU EM 2012?
NO PÓDIO DO RIO, ANTES DE GANHAR A MEDALHA, RAFAELA ERA ASSOMBRADA PELA LEMBRANÇA RECORRENTE DA DERROTA EM 2012
O O
que se passava em sua cabeça naquele momento? Rafaela conta que ali, diante do pódio, para ganhar sua medalha de ouro, foi
tomada por uma lembrança recorrente. Do fatídico 30 de julho de 2012, na Olimpíada de Londres, quando perdeu nas oitavas de final. Aquele momento terrível, diz ela, voltou ali, na frente do pódio do Rio. Mas desta vez o fantasma que a perseguira nos últimos quatro anos estava derrotado. Hoje, Rafaela é orgulho nacional. Escapou de uma infância pobre na Cidade de Deus para ser aclamada a alguns metros dali, no Parque Olímpico. Mas não foi uma trajetória fácil nem linear. A história de Rafaela é a saga de uma superação. Para derrotar suas adversárias no tatame do Rio,
Com três minutos para o final da luta, Rafaela conseguiu um WAZARI ao desequilibrar a adversária e catar suas pernas para derrubá-la. Entretanto, após a revisão em vídeo, a pontuação não só foi revogada, como a brasileira foi desclassificada por GOLPE ILEGAL.
“ACHEI QUE ELA FOSSE DESMAIAR” ROSICLÉIA CAMPOS, A TREINADORA, ACHOU QUE TERIA DE ENTRAR NA ÁREA DE COMPETIÇÃO PARA CARREGÁ-LA.
ela precisou vencer o trauma de Londres. Depois da eliminação na Olimpíada, ela foi vítima de ofensas nas redes sociais. Muitas delas racistas. Foi chamada de “macaca”. Disseram que ela devia “ficar na jaula”. Desanimada, passava os dias no sofá. Pensou em abandonar o esporte. “Foi muito triste para a família”, diz Raquel, irmã de Rafae-
“Fiquei muito triste porque vinha treinando e tinha condições de pegar até uma medalha. É minha primeira edição de Olimpíadas e serve como experiência” disse Rafaela.
la. “A gente tentava fazê-la esquecer, mas daí vi-
VÍTIMA DE RACISMO Em 2012, após ser desclassificada, Rafaela foi vítima de ra-
AINDA
cismo. Pelo Twitter, a atleta foi chamada de “macaca” e rea-
EXISTE
giu com palavrões aos xingamentos. “Vai se f... filho da p...
RACISMO
Perdi, sim, sou humana como todos. Errei e sei que tenho capacidade de chegar e conquistar uma vaga para 2016”.
NO BRASIL
21 nham essas coisas da internet”, conta. Em alguns
processo, Nell pediu a Rafaela que
momentos, diz Raquel, Rafaela esquecia que Lon-
contasse como se via assistindo à
dres já tinha passado e perguntava: “Quando é a
Olimpíada do Rio pela TV, dali a qua-
Olimpíada mesmo?”.
tro anos. “Ela chorou muito. E dis-
Para tentar reerguer a caçula, Raquel a apresen-
se que seria uma dor insuportável.”
tou à coach esportiva Nell Salgado, que começava
Mas aquele reconhecimento foi o mo-
um trabalho no Instituto Reação, projeto social
mento de virada de Rafaela. Naquele
tocado por Flávio Canto (bronze em Atenas) e
instante, Rafaela percebeu que devia
Geraldo Bernardes, técnico que descobriu as ir-
estar no tatame dos Jogos que acon-
mãs Silva. “Ela não acreditava mais em si mesma.
teceriam tão perto do lugar em que
Achava que ela era uma vergonha para a família,
venceu tantas dificuldades, a Cidade
uma vergonha nacional”, afirma Nell. A psicóloga
de Deus. Rafaela voltou a treinar for-
diz que foi devagarinho fazendo Rafaela relembrar
te. Durante as lutas, Nell gritava da
a história dela, perguntando se tinha sido fácil
arquibancada: “Sua história!” “Sua
chegar a uma Olimpíada, conquistar todos os tí-
pipa!”. Rafaela tatuou em seu bíceps
tulos que ela tinha ganho. Nell puxou as recorda-
direito os anéis olímpicos e a frase:
ções de infância de Rafaela. A judoca contou que
“Só Deus sabe o quanto eu sofri e o
brigava muito na rua. E confidenciou que batia em
que eu fiz para chegar até aqui”.
todo mundo porque as únicas coisas que ela tinha eram uma pipa e um par de chinelos. E que as outras crianças tentavam tirar isso dela. No fim do
3,2%
NEGROS
4,6%
5,3%
11,8%
21%
9,1%
BRANCOS
VÍTIMAS DE HOMICÍDIOS
Analfabetismo
Matrículas no Ensino Superior
41.127 29.656
Trabalho infantil
19.846 14.928 2004
2014
Fonte: Mapa da Violência 2014
(CRIANÇAS ENTRE 5 E 15 ANOS)
(PESSOAS COM 15 ANOS OU MAIS)
(PESSOAS ENTRE 18 E 24 ANOS)
Fonte: Elaboração do Ipea, com base na Pnad 2014
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O OURO QUE É A CARA DO BRASIL “NÃO ADIANTA VOCÊ SER ATLETA SE A SUA EDUCAÇÃO E VIDA SOCIAL NÃO BATEM COM O ESPORTE” DISSE RAFAELA Entre os agradecimentos, uma homenagem es-
batem com o esporte”, contou Rafae-
pecial às crianças que são suas companheiras de
la, que também é uma das atletas que
treino no Instituto Reação, projeto social de Fla-
representam o Brasil nos Jogos Mili-
vio Canto, medalhista de bronze em Atenas 2004.
tares. Ela é terceiro sargento da Ma-
Criado em 2003, o Instituto atende mais de 1.200
rinha e faz parte do Programa de Alto
alunos, entre os quais está Rafaela. Lá, explicou
Rendimento do Ministério da Defesa.
nesta terça, foi amparada desde que começou. Ga-
“É muito bom para as crianças que
nhou um quimono de presente — “bem maior que
estão assistindo ao judô agora. Ver al-
o meu corpo!” — e, como sua família não tinha di-
guém como eu, que saiu da Cidade de
nheiro, seus professores tiravam do próprio bolso
Deus, que começou o judô com cinco
para que ela pudesse viajar para competir. Lembrou
anos como uma brincadeira, ser cam-
também que “era uma criança muito agressiva” e
peã mundial e olímpica, é algo inex-
que, se não a deixavam brincar, começava a bri-
plicável. Se essas crianças têm um
gar. “Lá no instituto eles me cobravam muito. Não
sonho, têm que acreditar que pode se
só treino, mas também a parte social. Não adianta
realizar”, disse Rafaela Silva.
você ser atleta se a sua educação e vida social não
EM FOTOS Rafaela Silva não foi à Rio 2016 para brincadeira. Venceu as cinco lutas que disputou na categoria leve (até 57 kg) e conquistou o ouro, o primeiro do Brasil nesta Olimpíada. Bateu a atual líder do ranking mundial, a mongol Sumiya Dorjsuren, e superou o gosto amargo deixado por sua experiência em Londres.
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PLAY LIKE
faz parte do time de refugiados
DESIGN GABRIELA NONNENMACHER TEXTO DIOGO MAGRI FOTOS GETTY IMAGES
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KATIE LEDECKY MAJILINDA KELMENDO maior medalhista mulher na Rio 2016
ELAINE THOMPSON YUSRA MARDINI GRAEL / KUNZE
5.185 mulheres competiram na Rio 2016 o que representa 45% do total de atletas
MELANIE LEUPOLZ DOAA / NADA MÓNICA PUIG MICHELLE CARTER FORMIGA
A primeira edição das Olimpíadas modernas aconteceu em 1896 e contou com um total de zero atletas mulheres. Quatro anos depois, em 1900, elas eram 22. Já em 1904, pasmem, o número diminuiu e apenas seis guerreiras estiveram presentes. De lá para está em sua 6º participação em Olimpíadas
cá muita coisa mudou e no Rio de Janeiro elas chegaram em número recorde: são 5.185 garotas competindo, o que representa 45% do total de atletas.
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KATIE LEDECKY A nadadora, de apenas 19 anos, ganhou quatro medalhas de ouro na Rio 2016. Além de ter um grande futuro pela frente, nesta edição dos Jogos, ela foi o motivo de uma das melhores respostas a um comentário sexista, segundo o qual, ‘Katie Ledecky nada como homem’. A ele, o comentarista da rede de TV NBC disse ‘Ela não
12 WR Atualmente Ledecky soma 12 recordes mundiais, entre jogos olímpicos e campenatos mundias de natação.
nada como homem, ela nada como Katie Ledecky!’.
MAJLINDA KELMENDI Conquistou
a
primeira
medalha
olímpica da história do Kosovo e já foi um ouro de cara! Só que a saga de superação dela não se limita ao reconhecimento no esporte, pois Majlinda nasceu e cresceu em meio à guerra. O Comitê Olímpico Internacional (COI) só reconheceu a filiação do Kosovo em 2014 e essa é a primeira vez que o país participa da competição.
“Sou uma sobrevivente de guerra, assim como meu povo. Várias crianças do Kosovo perderam seus pais. Muitas crianças não têm livros para ir para uma escola. E eu virei campeã olímpica vindo desse país. Mesmo sem dinheiro, mesmo sem estrutura você pode acreditar em si mesmo e trabalhar muito duro para atingir seus sonhos”
ELAINE THOMPSON Primeira mulher a vencer as duas provas
olímpicas
de
velocidade
desde a norte-americana Florence
100m
10,71 segundos
200m
21,78 segundos
Griffith-Joyner nos Jogos de Seul, na Coreia do Sul, em 1988. Da predecessora, a jamaicana sabe pouco. “Eu vi alguns vídeos e fotos dela, Mas serei a mesma Elaine de sempre. Não acho que alguma coisa vai mudar”, comentou a jamaicana.
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YUSRA MARDINI
“Eu quero representar todos os refugiados para mostrar a todos que, depois da dor, depois da tempestade, vem a calmaria. Eu quero inspirá-los a fazer algo bom de suas vidas”. Aos 18 anos, a garota síria é a atleta mais jovem da delegação dos refugiados. E, em 2015, ela ajudou a salvar um grupo de refugiados que cruzava o Mar Mediterrâneo! Rumo à Grécia, o barco em que ela estava começou a afundar e, junto com a irmã Sarah, Yusra foi uma heroína! As duas nadaram durante três horas e meia para salvar a embarcação. Em sua estréia como atleta olímpica, a garota ficou longe de se classificar nos 100 m borboleta, mas ela já é, sem dúvida, uma vencedora! “A bandeira Olímpica une todos nós, que agora representamos 60 milhões de pessoas pelo mundo”, conta ela a respeito do Time dos Refugiados, composto também por atletas do Congo, do Sudão do Sul e da Etiópia.
MARTINE GRAEL E KAHENA KUNZE As velejadoras da classe 49er FX ganharam o primeiro ouro feminino brasileiro do esporte. Além desse feito, Martine, que é filha de Torben Grael, cinco vezes medalhista olímpico, é a primeira a atleta, na hostória das Olimpíadas, a repetir o feito de um dos pais. “Ainda não caiu a ficha da medalha. Esperamos estimular outras meninas. Não só na vela, mas em outros esportes. Estou orgulhosa. Sempre sonhei estar na Olimpíada e representar nosso país. E fomos além”, falou Martine, com a medalha de ouro no peito.
ATUAIS Nº1 DO MUNDO Martina e Kahena são as atuais nº1 do mundo na classe 49er FX pelo ranking da FIV (Federação Internacional de Vela.
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MELANIE LEUPOLZ Melanie é a capitã e principal jogadora da seleção alemã de fute-
GOOOL
bol, que conquistou o ouro inédito na Rio 2016. Ela atua como meia e joga no time feminino do Bayern de Munique. Ela joga na seleção alemã desde os 15 anos, passando por várias categorias sub, marcando mais
Em 2015, num amistoso, Melanie marcou um gol na vitória de 4x0 da Alemanha sobre o Brasil.
de 25 gols.
DOAA ELGHOBASHY E NADA MEAWAD Doaa e Nada formaram a primeira dupla do Egito a disputar uma Olimpíada no vôlei de praia. Doaa, atleta de 19 anos que usa hijab (espécie de véu sobre a cabeça) e calça leg em respeito à sua religião. Nada, companheira dela, também entrou em campo com o corpo coberto, mas explicou que não competiu usando o hijab, pois segue uma linha religiosa diferente. Questionada após o jogo, Doaa disse que o hijab em nada atrapalha seu desempenho nas competições.
O hijab, segundo o islã, serve para preservar a privacidade e os princípios da mulher.
MÓNICA PUIG Mónica entrou para a história de Porto Rico por ser a primeira atleta do país – seja homem ou mulher – a levar uma medalha de ouro em uma Olimpíada. Antes dela, uma mulher porto-riquenha sequer havia alcançado um bronze ou uma prata.
ZEBRA CARIBENHA
Ela foi a tenista com o pior ranking – é a número 34 do mundo – a disputar uma medalha de ouro olímpica, tendo vencido apenas um jogo contra o top 10 na vida. Na Rio 2016 bateu a nro 4 e 2 do ranking.
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MICHELLE CARTER A medalhista de ouro do arremesso de peso, embora não tenha brilhado tanto sob os holofotes da mídia internacional, transmitiu uma mensagem muito importante sobre amor póprio. Em entrevistas, ela disse que a força exigida pelo esporte faz com que as atletas sejam vistas como menos femininas, mas que ela nunca deixou de ser uma garota, e que não consegue ver uma separação entre o esporte e ser mulher. Michele, que também
20.63m
entrou para a história por ser a primeira negra a ganhar um ouro olímpico na modalidade, disse
Michelle conquistou a medalha de ouro no último dos seus seis lançamentos, atingindo a marca de 20,63 m, sua me-
que deseja ser exemplo para outras meninas, que
lhor marca pessoal e recorde nacional, derrotando Valerie
vejam que arremesso de peso também é uma mo-
Adams que lutava pelo tricampeonato olímpico.
dalidade para mulheres.
FORMIGA Na Rio 2016, Formiga bateu 3 recor-
+ RECOR DES Ao lado da japonesa Homare Sawa, tem o recorde de participações em Copas do Mundo: 6. Em 9 de Junho de 2015, tornou-se a jogadora mais velha a marcar um gol em Copas do Mundo: 37 anos, 3 meses e 6 dias.
des. Se tornou a brasileira com mais participações em Olimpíadas, com seis – superando assim Fofão, do vôlei, que disputou cinco entre 1992 e 2008. A meio-campista natural de Salvador também será a única atleta do futebol feminino mundial a disputar todas as edições dos Jogos desde que a modalidade foi incluída no calendário olímpico, em Atlanta, em 1996. Desde então, Formiga é nome certo nas Olimpíadas. Por fim, Formiga também alcançou o feito de ser a futebolista, entre masculino e feminino, com maior número de jogos pela Seleção Brasileira, segundo dados da CBF. Ao todo, ela jogou 151 partidas pelo Brasil, ultrapassando o lateral Cafu.
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TCHAU ZINHO TOCHA OLÍMPICA
VAI DEIXAR SAUDADE
RESUMINHO DO QUE NÃO FOI CITADO AO LONGO DA REVISTA, NÃO SEJA O DESINFORMADÃO
CERIMÔNIA DE ABERTURA
TORCIDA BR
Toda a empolgação a
Na melhor linguagem paulistana de ser: “o
Teve quem gostasse, quem
Olimpíadas começou lá
bagulho foi louco”. Foi lacre atrás de lacre,
odiasse, quem não se
trás, quando a gente estava
com cenografia, coreografia, fogos de artifício,
importou e quem participou
acompanhando a rota da
comentários, memes e muito choro de tão bo-
junto. Teve vaias e muitos
Tocha Olimpíca pelo país.
nito. Não sabemos, ainda, o que dizer - apenas
competidores (e resto do
Teve Sandra Annenberg
sentir. O tema que conduziu a abertura foi a
mundo) reclamando. Torcer
quebrando a internet, Maria
história do Brasil e como se deu a construção
como a gente torce, não é
da Penha e Juliana de Faria.
da identidade do povo brasileiro, destacando
para qualquer um!
a migração e a miscigenação.
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