Caderno de projeto apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências e obtenção do título de Graduação em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Prof.ª Vera Lucia Blat Migliorini. Ribeirão Preto 2015
Na consciência é que está a prosperidade.
Aos meus pais, meu maior obrigada, pois definitivamente o esforço deles foi imprescindível para minha formação, tanto acadêmica quanto pessoal e nada seria possível sem o apoio de ambos. Aos amigos, meu mais carinhoso abraço. Sem eles eu poderia considerar este trabalho incompleto, uma vez que cada um está representado aqui em forma de ideais e inspirações. E por último, mas não menos importante, à minha professora e orientadora Vera Lúcia B. Migliorini, que transbordou conhecimento e paciência no decorrer de nossos encontros e apoiou-me em cada etapa de trabalho.
Agradecimentos
Este trabalho final de graduação tem por objetivo oferecer uma proposta de requalificação do espaço para a região da Favela dos Andradas, inserindo a sustentabilidade em seu desenvolvimento e proporcionando tanto à população da favela, quanto às pessoas em geral um espaço que valoriza e respeita a natureza, inserindo-a no dia a dia das pessoas. O projeto envolve a revitalização da área, a relocação dos habitantes da favela para um local mais apropriado e o desenvolvimento de conceitos alternativos relativos às experiências do dia a dia da população da região, como espaços para lazer, educação, saúde e trabalho. Para isso será adotado o princípio da permacultura que abrange todas essas áreas e busca integrar as mesmas usando a natureza como elemento de ligação.
Resumo
Sumário Introdução
............................................................................................................................ 6
QUESTÕES CONCEITUAIS
............................................................................................................................ 8
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
............................................................................................................................ 15
PRESUPOSTOS
............................................................................................................................ 28
Diretrizes
............................................................................................................................ 36
PROJETO
............................................................................................................................ 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
............................................................................................................................ 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
............................................................................................................................ 49
6
Este trabalho apresenta como contribuição acadêmica a discussão sobre a desigualdade social, a desvalorização do meio ambiente resultante da urbanização mal planejada e as possibilidades que a natureza oferece ao buscar sua reabilitação em meio às cidades atuais.
No Brasil existem diversos princípios que visam a regularização urbanística através de leis de zoneamento, códigos de postura e leis de parcelamento do solo, mas que vão de encontro com a realidade instalada, que obedecem parcialmente às obrigações institucionais, não atendendo à população de forma igualitária.
Imagem 1 Favela da Rocinha | Rio de Janeiro Fonte: Wikiwand
Introdução
A urbanização trouxe consigo inúmeros benefícios à sociedade, melhorando de forma progressiva a qualidade de vida e proporcionando comodidade às pessoas ao aumentar as possibilidades quanto às respostas imediatas às demandas da população, tanto em geral, quanto individuais. Como dizia Heráclito,“nada é permanente, exceto a mudança” e isto pode ser presenciado no desenvolvimento das cidades as quais se transformam de acordo com as necessidades dos cidadãos e, com a inserção do capitalismo neste processo, houve a quebra na homogeneidade deste desenvolvimento. Os critérios de distribuição dos espaços da cidade são facilmente percebidos em um simples olhar. As condições econômicas de cada indivíduo é que determinam suas possibilidades e desenham o meio urbano através de contrastes gritantes, tanto nas condições físicas de moradia quanto na cultura de cada território. Entendemos este desenho urbano como sendo um reflexo da desigualdade de classes, ou:
7
Por outro lado, a urbanização acelerada amontoou suas “soluções imediatas” sobre o território, desabilitando a natureza de seguir seu curso e impermeabilizando os espaços onde as cidades se localizam. O que era natural, tornou-se então um elemento de segundo plano o qual só é notado quando existe alguma falha no plano inicial. Ou seja, a natureza foi deixada de lado pela urbanização desenfreada trazida pela industrialização e somente requerida nas situações onde se obteria algum lucro financeiro sobre ela. O problema mais relevante para a discussão aqui introduzida é a densidade demográfica que corrompe a prosperidade das cidades em relação ao bem estar das pessoas ao enfrentar um cotidiano maçante sem qualquer possibilidade de “escape” para com a chamada “selva de pedra”. Os centros urbanos buscam atender todas as necessidades que uma pessoa possa ter em seu dia a dia, aproximando os problemas de suas soluções. Porém, com isso, há a sobrecarga de informações e, consequentemente, o estresse urbano.
Imagem 2 Crítica à densidade demografica | SINGER Fonte: Google
Nesta ilustração de Singer é possível observar o contraste entre o tumulto dos dias atuais, onde a maioria das pessoas passa a maior parte de seu tempo presas em situações caóticas, e o remanso de uma cidade mais permeável e arborizada.
8
Imagem 3 Ecovila Dança Coelho | EUA Fonte: nopatio.com.br Site Oficial: www.dancingrabbit.org
Imagem 5 Ecovila Sítio das Águias | RS Fonte: CATRACALIVRE
Questões Conceituais
Imagem 4 Ecovila Dança Coelho | EUA Fonte: nopatio.com.br Site Oficial: www.dancingrabbit.org
9
Buscando uma forma alternativa de ocupação, foi possível encontrar o modelo da ECOVILA, “um assentamento humano sustentável” onde são adotadas práticas de vida instauradas pela PERMACULTURA como forma de usufruir do meio ambiente com o mínimo de impacto possível e buscar a autonomia o suficiente para se tornar um “microcosmo”. As ecovilas existem no planeta há mais de quarenta anos e justificam sua existência através dos estudos de alguns cientistas os quais apontam que a sobrevivência da espécie humana só será possível se aprendermos a viver de forma sustentável, uma vez que dependemos dos elementos naturais que estão cada vez mais escassos. ”(...) uma grandeza humana, um povoado autônomo no qual as atividades humanas são harmoniosamente integradas na natureza de forma a promover um desenvolvimento humano saudável e que possa ser mantido indefinidamente.” Ecovilas Sustentáveis | Gaia Trust A sustentabilidade de uma ecovila começa com a bioconstrução e permanece em todas as etapas de sua formação, sendo continuada pelo modo de vida dos moradores e de seus descendentes. Os materiais a serem utilizados em sua construção devem ser obtidos na região, favorecendo o comércio local e dispensando transporte automotivo pesado destes. Assim como a utilização de mão de obra da cidade ou até mesmo dos próprios moradores. A ecovila é uma extensão da ecocasa, onde não há somente a preocupação na resolução do espaço físico, mas também há o pensamento sustentável em relação à convivência social e à trabalhos comunitários. O segredo da prosperidade em uma comunidade como esta está na “descentralização de nossas necessidades”, ou seja, é preciso perceber a comunidade como um todo, diminuindo o pensamento individualista. O objetivo é atingir um equilíbrio de forma que atenda a todas as necessidades humanas, gerando trabalho, conforto, saúde e educação com o mínimo de impacto ambiental possível. Os assentamentos populares devem ter um grande desempenho em se auto sustentar, reciclando o próprio lixo, reaproveitando água e encontrando formas alternativas de obtenção e economia de energia.
A REA (Rede de Ecovilas das Américas) é uma rede que tem por objetivo estreitar as relações entre as comunidades já formadas, organizando encontros e atividades entre elas, e também aperfeiçoar e expandir a quantidade de assentamentos em diversos países. A proposta da REA, ou ENA (Ecovillage Network of the Americas) é basicamente: • Dar suporte e criar integridade, sustentabilidade e evolução de ecovilas nas América; • Facilitar a criação de novas ecovilas; • Favorecer e facilitar cooperação e diversas trocas entre ecovilas das América com outras ecovilas de outras partes do mundo; • Dar suporte a participantes do movimento de ecovilas em seu crescimento pessoal e integridade profissional; • Explorar e criar formas de organizações inovadoras e sustentáveis; • Delegar representação de ecovilas nos fóruns de discursos públicos, perante governos de suas respectivas nações e em conselhos internacionais; • Promover pesquisa, desenvolvimento e uso de tecnologia apropriada; • Encorajar a experiência, a compreensão e o conhecimento de caminhos para se viver em harmonia com todos e com a Terra. O Ecocentro IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado) é um núcleo de atividades empreendedoras voltado à disseminação da ideia de um sistema ideal de sustentabilidade. “Aberto à visitação de grupos e indivíduos, o centro demonstra as tecnologias e estratégias para qualquer pessoa ou organização que pretenda o equilíbrio entre recursos e o empreendimento sustentável. Desde habitação ecológica a sistemas biológicos de tratamento de efluentes. De Tecnologias Sociais a segurança alimentar, o Ecocentro é um laboratório vivo de experiências sustentáveis.” (<http://www.ecocentro.org/o-ipec/o-ecocentro/#sthash. n1j08VhT.dpuf>).
10
Imagem 6 Flor da Pemacultura Fonte: IPOEMA
11
A Permacultura é um método de agricultura permanente criado pelos cientistas australianos, Bill Mollison e David Holmgren, nos anos 1970 e trazida ao Brasil com a visita de Mollison, que realizou cursos no Amazonas e no Rio Grande do Sul em 1990. Segundo Bill Mollison (1999), a Permacultura consiste na ‘elaboração, implantação e manutenção de ecossistemas produtivos que mantenham a diversidade, a resistência, e a estabilidade dos ecossistemas naturais, promovendo energia, moradia e alimentação humana de forma harmoniosa com o ambiente’. Instalar a Permacultura é trabalhar com a natureza e não contra ela, é introduzir-se ao ecossistema sem que ele seja corrompido por sua exploração e isto se torna cada dia mais possível devido às tecnologias modernas, como fontes de energia sustentáveis e reutilização de resíduos. A Permacultura apresenta alguns princípios a serem seguidos para que seu objetivo possa ser alcançado: (Fonte: David Holmgren, em Permacultura – Princípios e caminhos além da sustentabilidade) 1. Observar e interagir; É preciso que a natureza seja observada, pois através dela é possível encontrar soluções para a maioria dos problemas que se podem ter em uma comunidade. 2. Captar e armazenar energia; Desenvolver sistemas que coletem recursos que estejam no pico de abundância, podendo utiliza-los quando houver necessidade e trazendo segurança à comunidade. 3. Obter rendimento; Focar em atividades que ofereçam um bom retorno à si mesmo e à todos da comunidade, otimizando o tempo e evitando trabalhos não funcionais. 4. Praticar auto regulação e aceitar retornos; Desencorajar atividades inapropriadas para garantir que os sistemas continuem funcionando bem, sem que hajam conflitos desnecessários. 5. Utilizar e valorizar recursos e serviços renováveis; Reduzindo comportamentos consumistas e potencializando a utilização dos recursos disponíveis na natureza. 6. Evitar o desperdício; 7. Projetar dos padrões aos detalhes; Dando um passo atrás, podemos observar padrões na natureza e na sociedade. Estes padrões podem formar a espinha dorsal de nossos projetos, com os detalhes sendo preenchidos conforme avançamos.
8. Integrar ao invés de segregar; A intenção é criar um conjunto de pessoas que interajam entre si exercendo cada uma a sua função, colaborando umas com as outras sem estabelecer hierarquias. 9. Utilizar soluções pequenas e lentas; Os grandes sistemas tem maior probabilidade de fugir das condições particulares da natureza, necessitando de resoluções mecânicas e atropelando o tempo natural das coisas. 10. Utilizar e valorizar a diversidade; A diversidade reduz a vulnerabilidade em relação à diversas ameaças e trabalha com a integração de toda a população. 11. Utilizar bordas e valorizar elementos marginais; A interface entre as coisas é onde os eventos mais interessantes ocorrem. É onde frequentemente estão os elementos mais valiosos, diversificados e produtivos de um sistema. 12. Utilizar e responder criativamente às mudanças. Podemos ter um impacto positivo nas mudanças inevitáveis se as observarmos com atenção e intervirmos no momento certo. Estes princípios são baseados no comportamento da população em relação às ações da natureza e à conduta que cada um deve seguir para que seja possível a conivência com o mínimo de problemas possíveis. A “Flor da Permacultura” (imagem 6) ilustra estes princípios, organizando-os em setores e apontando elementos formadores de cada setor, sendo eles: • Manejo da terra e da natureza; • Espaço construído; • Ferramentas e tecnologias; • Educação e cultura; • Saúde e bem estar espiritual; • Economia e finanças; • Posse da terra e governo comunitário. “Muito mais do que uma habitação, se trata da ocupação humana sustentável, uma proposta metodológica para um modo de vida sustentável” - Cláudio Jacintho, engenheiro florestal, permacultor e idealizador do Instituto de Permacultura: Organização, Ecovilas e Meio Ambiente (Ipoema).
12
Imagem 7 Habitação sustentável | Chácara Asa Branca Fonte: IPOEMA Site Oficial: www.ipoema.org.br
Imagem 8 Manejo da terra | Chácara Asa Branca Fonte: IPOEMA Site Oficial: www.ipoema.org.br
Imagem 9 Centro de visitantes | Chácara Asa Branca Fonte: IPOEMA Site Oficial: www.ipoema.org.br
13
Imagem 10 Mapa esquemรกtico | Chรกcara Asa Branca Fonte: www.asabranca.org.br
14
Localizada a 23km do centro de Brasília, o Centro de Permacultura Asa Branca foi o berço do IPOEMA (Instituto de Permacultura: Organização, Ecovilas e Meio Ambiente) e envolve sustentabilidade nas habitações, turismo, educação, tratamento de água e produção de alimentos, sendo exemplo da aplicação da Permacultura no país. A elaboração, a implantação e a manutenção de ecossistemas produtivos da Asa Branca promovem a diversidade, a força e a estabilidade dos ecossistemas naturais. Esse processo alinha os sistemas humanos – energia, moradia, alimentação e cultura – com a maneira pela qual a vida funciona de forma harmoniosa. Através do mapa esquemático (imagem 10) pode-se observar a distribuição das atividades as quais são abertas à visitas agendadas e servem de exemplo para a criação de novas comunidades sustentáveis.
A sustentabilidade ecológica da permacultura estendeu-se à sustentabilidade dos assentamentos humanos ao integrar a natureza às comunidades indígenas da Austrália, foi assim que a ideia principal tomou sua forma: a inter-relação entre plantas, animais, construções e infra-estruturas deixam de ser tratadas como elementos individuais e tornamse partes de um único organismo. Ou seja, “o princípio básico da Permacultura é trabalhar ‘com’ e ‘a favor de’, e não contra a natureza”. (IPEMA, em “Permacultura” <http://novo. ipemabrasil.org.br/sobre/permacultura>, acesso em 29 de abril de 2015).
Imagem 11 O símbolo da permacultura Fonte: IPOEMA “O formato oval, do símbolo da permacultura, representa o ovo da vida; aquela quantidade de vida que não pode ser criada ou destruída, mas que é expressada e emana de todas as coisas vivas. Dentro do ovo está enrolada a serpente do arco-íris, a formadora da terra dos povos aborígines. No centro está a árvore da vida, a qual expressa os padrões gerais das formas de vida. Suas raízes estão na terra e sua copa na chuva, na luz do sol e no vento. O símbolo inteiro e o ciclo que representa, é dedicado à complexidade da vida no planeta Terra.” (MOLLISON, B. “Introdução à Permacultura”).
15
ReferĂŞncias Projetuais
16
value farm Thomas Chung
Imagem 12 Value Farm | Thomas Chung | China Fonte: Archdaily
17
Imagem 13 Value Farm | Thomas Chung | China Fonte: Archdaily VALUE FARM: O cultivo da terra como um esforço coletivo. O intuito deste projeto é explorar as possibilidades de um cultivo urbano, podendo ser aplicado nas cidades como veículo para reconectar os moradores da cidade à natureza e à experiência manual terapêutica do cultivo, bem como estimular o uso do recurso de terras artificiais aplicadas aos telhados, criando um oásis verde sobre as cidades e até melhorando o microclima em zonas urbanas de alta densidade. Configurações de telhado são considerados como “novos caminhos” para cultivar um futuro pós-urbano viável. O conceito é transplantado para um local aberto de 2,100 m² dentro de instalações como “campos de testes”. Caixas de tijolo são “parcelas de cultivo de telhado” compactas e abstratas cujas diferentes alturas permitem a variação da profundidade do solo para diferentes espécies. Núcleos de escadas originais são convertidos em plataformas de tijolos e pavilhões abertos para acomodar atividades futuras. Um tanque de irrigação alcança a fonte de água subterrânea natural do local, um sistema de irrigação integrado, assim como são adicionadas instalações de sala de projeção e exposições. – Fonte: Archdaily
18
Imagem 16
Imagem 14
Imagem 17 Value Farm | Thomas Chung | China Fonte: Archdaily “Enquanto revaloriza terrenos industriais em desuso em Shenzhen, Value Farm cultiva alimentos frescos para todos. Com entusiasmo local em abundância, apoiado por grupos comunitários e bem recebido pela mídia, há grandes chances de que Farm Value possa permanecer e transformar permanentemente o local para continuar produzindo novo valor para todos. Mais importante, pode funcionar como um teste para propagações futuras de um conjunto performático, participativo e urbano de arquitetura de cultivo.” Fonte: Archdaily Imagem 15
19
INHOTIM ESCOLA Fernando Maculan e Mariza Machado Coelho
Imagem 18 Inhotim Escola | Fernando Maculan e Mariza Machado Coelho | Praรงa da Liberdade - Savassi, Belo Horizonte | MG Fonte: Archdaily
20 “Projeto de arquitetura cênica para o sarau de lançamento do programa Inhotim Escola.”
“Uma plataforma de atividades voltadas à formação em arte e meio ambiente, o Inhotim Escola promove conhecimento aberto e não seriado aos mais diversos públicos, em um contexto de valorização da educação e da cidadania. A programação do Inhotim Escola acontece para além do espaço físico do Instituto em Brumadinho e inclui exposições de arte, mostras de vídeos e filmes, palestras e cursos, oficinas e encontros com artistas, entre outras atividades.” Fonte: Inhotim Site oficial: www.inhotim.org.br
Imagem 19 | Fonte: Archdaily
Imagem 21 | Fonte: Archdaily
Imagem 20 | Fonte: Archdaily
Imagem 22 Inhotim Escola | Fernando Maculan e Mariza Machado Coelho | Praça da Liberdade - Savassi, Belo Horizonte | MG Fonte: Archdaily
21
Imagem 23 Inhotim Escola | Fernando Maculan e Mariza Machado Coelho | Implantação do projeto Fonte: Archdaily
22
O projeto apresenta um espaço para apresentações delimitado por um “piso-território” em meio à Praça da Liberdade que é permeável em todas as direções dos percursos. Não há exatamente um palco delimitado, trabalhando com a horizontalidade na disposição e proporção dos elementos constituintes do projeto, assim como o grid de lâmpadas, que forma uma rede de iluminação suspensa, ajustando a escala vertical em meio à vegetação. (ver imagem 24) A distribuição circular da plateia é com o intuito de favorecer a participação espontânea das pessoas e a facilitar a visibilidade de todos, assim como a ergonomia dos acentos, que foram projetados de forma que um não atrapalhe na visibilidade e locomoção do outro.
Imagem 24 Inhotim Escola | Fernando Maculan e Mariza Machado Coelho | Implantação do Projeto Fonte: Archdaily
23
“O Material escolhido para o projeto é o compensado de madeira. A iluminação possui baixa potência, com pequena variação de intensidade para a área de apresentações, preservando a ausência de uma hierarquia deliberada.”
Imagem 25 Inhotim Escola | Fernando Maculan e Mariza Machado Coelho | Perspectiva do Projeto Fonte: Archdaily
24
RIO LA PIEDAD e CIDADE ESPORTIVA Taller 13 Arquitectura Regenerativa
Imagem 26 Projeto Rio La Piedad e Cidade Esportiva | Taller 13 Arquitectura Regenerativa Viaducto Miguel Alemán, Cidade do México | México Fonte: Archdaily
25
Imagem 27 Projeto Rio La Piedad e Cidade Esportiva | Taller 13 Arquitectura Regenerativa Fonte: Archdaily
Imagem 28 Projeto Rio La Piedad e Cidade Esportiva | Taller 13 Arquitectura Regenerativa Fonte: Archdaily
26
Imagem 29 Projeto Rio La Piedad e Cidade Esportiva | Taller 13 Arquitectura Regenerativa Fonte: Archdaily
Imagem 30 Projeto Rio La Piedad e Cidade Esportiva | Taller 13 Arquitectura Regenerativa Fonte: Archdaily
27
Imagem 31 Projeto Rio La Piedad e Cidade Esportiva| Taller 13 Arquitectura Regenerativa Fonte: Archdaily
28
A ambientação da ideia inicial para este trabalho sucedeu-se no transcorrer da graduação, onde foi possível observar que a sustentabilidade é uma questão totalmente significativa uma vez que envolve o futuro das construções, considerando a situação ecológica em que o planeta se encontra. O adensamento das cidades afasta cada vez mais a natureza do dia a dia das pessoas e o planejamento urbano pode trazer de volta este contato crucial para uma qualidade de vida melhor. A requalificação das áreas degradadas e a inserção de projetos sustentáveis em áreas públicas são um passo em direção à reincorporação das virtudes da natureza às cidades e, através de estudos de caso, é possível chegar a este objetivo. No caso deste trabalho, o objeto de estudo foi configurado através da leitura de um outro trabalho no qual Jéssica Corrêa, graduanda, apresenta uma área na cidade de Ribeirão Preto | SP onde sugere a relocação da comunidade de duas favelas e a recuperação da vegetação que fora degradada pela urbanização. Jéssica propõe que a área se torne um parque urbano, recebendo zonas de lazer, cultura, convívio, ecologia e urbanização e este conjunto cabe ao presente trabalho afim de ser desenvolvido através de conceitos sustentáveis.
Presuposto
Imagem 32 Foto aérea da área de estudo Vila Guiomar – Ribeirão Preto | SP Fonte: Google Earth
29
Imagem 33 Projeto Parque Cidade – Cidade Parque | Jéssica Corrêa Apresentação da área em estudo com a indicação das favelas a serem trabalhadas e os pontos relevantes do projeto, como o Horto Florestal e o rio Ribeirão Preto.
Imagem 34 Projeto Parque Cidade – Cidade Parque | Jéssica Corrêa Premissas de projeto com a indicação dos usos sugeridos para cada área.
30
Imagem 35 Projeto Parque Cidade – Cidade Parque | Jéssica Corrêa Proposta de urbanização para receber os habitantes das favelas da Lagoa e dos Andradas.
Imagem 36 Projeto Parque Cidade – Cidade Parque | Jéssica Corrêa Proposta de uma horta comunitária
31
Imagem 37 Localização da área de estudo Ribeirão Preto | SP
Imagem 38 Localização da área de estudo Vila Guiomar | fundo de vale Entre as avenidas: Av. Prof João Fiusa Av. Caramuru Av. Luzitana Av. dos Andradas
32
Imagem 39 Foto aérea da área de estudo Vila Guiomar – Ribeirão Preto | SP Fonte: Google Earth
Imagem 41 A área é rodeada por condomínios residenciais fechados e isso faz com que ela seja relativamente isolada do restante da cidade. A classificação dos condomínios é considerada, sendo necessário a implantação de equipamentos urbanos que atendam à demanda desta população imediata, assim como as necessidades das pessoas que passam por ali diariamente.
Imagem 40 Indicação da área disponível para a implantação do projeto
33
Imagem 42 As imediações da área apresentam o predomínio de lotes residenciais, com o comércio próximo às avenidas. Esta disposição permite que o programa seja distribuído conforme as necessidades de cada setor, como por exemplo o setor do trabalho/comércio que será locado próximo à rotatória das avenidas onde o fluxo de pessoas é maior. As habitações, por sua vez, carecem de uma área mais tranquila.
Imagem 43 O fluxo viário é outro fator a ser considerado na fase de planejamento do projeto, pois é ele que define a melhor distribuição dos equipamentos sendo o elemento de ligação entre o projeto e a cidade.
34
Imagem 44 A área localiza-se em uma zona de expansão urbana, segundo arquivo disponibilizado no site da Prefeitura de Ribeirão Preto, sendo legal e possível o trabalho com os espaços disponíveis.
35
Imagem 45 Na região da área de estudo notam-se: 4 creches particulares 2 centros comunitários 1 escola para educação especial 2 creches municipais 1 hospital estadual
36
Diretrizes
37
Foram adotados cinco pontos a serem desenvolvidos para a área de intervenção (habitação, saúde, educação, trabalho e lazer) e para isso foi preciso analisar as necessidades físicas de cada um, considerando principalmente suas respectivas vias de acesso e fluxo de pessoas. A área em amarelo (imagem 00) indica a predominância de habitações no bairro, atraindo assim o setor habitacional para esta região, prezando pela bonança do local. As vias destacadas em vermelho indicam onde é instaurado o maior fluxo de veículos, sendo preferível que o comércio/trabalho se aproxime das extremidades da área, assim como os pontos de lazer comercial. O setor de saúde necessita de acesso rápido e fácil, contudo dispensa o fluxo intenso de automóveis, sendo então locado próximo à uma avenida já existente, porém não considerada como principal (a Avenida dos Andradas). Os acessos para veículos são limitados a estes pontos (representados pelas flechas em rosa na imagem 00), fazendo com que os demais sejam restritos à pedestres e ciclistas (flechas brancas representadas na imagem 00). Cortando a área de uma extremidade à outra, há uma via simples, sem pavimento nem sinalização que será consolidada e trabalhada com materiais os quais não permitirão o fluxo rápido dos automóveis, zelando pela segurança dos pedestres. Os cursos d’água existentes deverão ser reestruturados e preservados, recuperando a vegetação nativa e trabalhando com a nascente anteriormente localizada próxima à onde será locado o setor de saúde, considerando a implantação de um lago. A vegetação existente será mantida e complementada por novas mudas, considerando as espécies nativas e o clima da região.
Imagem 46 Vegetação existente na área Fonte: Google Earth
38
Imagem 47 Foto aérea da área Fonte: Google Earth
O Projeto
Sem escala
39
Sem escala
40
Sem escala
41 As pontes serão trabalhadas de acordo com sua dimensão e necessidade, para atender às pessoas de forma confortável e segura. As edificações voltadas ao comércio terão obrigatoriamente sistemas de captação de energia fotovoltaica, tratamento e/ou reaproveitamento de resíduos, lixeiras padronizadas de coleta seletiva, utilização da madeira plástica nos espaços comuns e telhado verde. Os estacionamentos terão pavimento permeável, assim como os acessos sinalizados e as calçadas do entorno, permitindo que a água da chuva escoe para a terra, evitando alagamentos. A ciclovia não será necessariamente ligada aos caminhos de pedestres, percorrendo trilhas dentre as árvores e proporcionando aos ciclistas uma experiência de maior contato com a natureza. O espaço voltado à educação será projetado a partir de três extremidades, havendo a possibilidade do aproveitamento do pátio entre eles e distribuindo as atividades de forma organizada e sem interferir uma na outra. O deck contemplativo servirá como espaço de lazer e descanso para os frequentadores da região, uma vez que será elevado do chão e receberá mobiliários voltados ao repouso. O solo será trabalhado pelos moradores da ecovila.
Imagem 48 Green School Construída na ilha de Bali | Indonésia
Imagem 49 Projeto de cobertura Fonte: Google Imagens
42
Sem escala
43
Imagem 53 Placa fotovoltaica Fonte: Wordpress
Imagem 50 Telhado verde Fonte: 2030STUDIO
Imagem 51 Telhado verde Fonte: 2030STUDIO
Imagem 52 Construção em superadobe Fonte: <jardinaria.com.br>
44
Imagem 54 Estação individual de tratamento de resíduos Fonte: O Globo
45
Imagem 55 Fonte: Ecovila Clareando
46
47
Sem escala
48 O setor de saúde oferecerá variedades alternativas de atendimento, trabalhando com medicina holística e oferecendo palestras sobre este modelo de tratamento. As edificações terão características semelhantes às construções voltadas ao comércio, seguindo as normas de segurança e higiene estabelecidas pela lei. Será criado um espaço de convívio sobre o deck elevado voltado às praticas da medicina holística e às concepções da permacultura que buscam a saúde física, mental e espiritual de todos. O lago receberá peixes e sua manutenção será de responsabilidade dos moradores da ecovila. O deck servirá para acolher em foco o público externo, oferecendo atrações musicais e gastronômicas e aproveitando da vista privilegiada para o parque. O material a ser utilizado é a madeira plástica, que é altamente resistente à corrosão de intempéries e imune à pragas, cupins, insetos e roedores. Apesar da aparência lembrar muito a madeira comum, sua fabricação é feita com diversos tipos de plásticos reciclados e resíduos vegetais de agroindústrias. “A madeira plástica não empena, não racha e não solta farpas, como a madeira comum. Além disso, não absorve umidade e, portanto, não cria fungos nem mofa. Também não precisa de pintura ou qualquer outra manutenção.” Fonte: <ecocasa.com.br>
Imagem 56 Deck de madeira plástica Fonte: Google
Imagem 57 Dormitórios temporários Fonte: Archdaily
49
O intuito deste trabalho foi desenvolver um projeto que respeitasse a natureza de forma que a mesma se refletisse no cotidiano dos habitantes da ecovila e das pessoas que passam pela área diariamente sem perceber o quão grandiosa e abundante ela é. Ao trabalhar com os ideais da permacultura foi possível instaurar a importância de se trabalhar com a natureza relacionando-a diretamente com o ser humano e suas qualidades.
Considerações Finais
50
Referências Bibliográficas
CORBUSIER, L. Planejamento Urbano. São Paulo: Editora Perspectiva S. A. 1971. CHOAY, F. O Urbanismo: Utopias e realidades, uma antologia. 6.ed. São Paulo: Editora Perspectiva S. A. 2011. SUMMA, Topografias Construídas: Mímesis-Profundidades-Percursos. Edição em português. São Paulo: Ação Editora. 2011. TUBINO, D. Ecovila EKOA. 2008. Trabalho de conclusão de curso – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. ZEOTI, G. N. Ecovila RP: Projeto de uma ecovila em um loteamento de Ribeirão Preto, SP. 2009. Trabalho de conclusão de curso – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário Moura Lacerda, 2009.