TFG - Jardim São Luís

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Plano Urbano Estratégico

Jardim São Luís

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Carolina Crocco Danielle Furlan Gabriel Beneduci Gabrielle Marconi Isabela Mayer Thais Brochado Victor Hugo Costa Luiza Yuri Oi

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Orientador: Prof. Dr. Claudio Manetti


Plano Urbano Estratégico

Pontifícia Universidade Católica de Campinas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo TFG 2020

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Agradecimentos A coletividade é a essência da sociedade, sendo essa a responsável por lutar por direitos promovendo a dignidade e o bem estar da sociedade em que vivemos. No ano em que vivemos o coletivo ganhou um novo significado. Afinal, as ações coletivas são definidoras durante e pós-pandemia. Dessa forma, à Professora Doutora Mônica Manso e Professor Doutorando José Luiz Roge Grieco pelo compartilhamento de conhecimento, ideias, sugestões e experiências ao longo do processo avaliativo. E especialmente, ao Orientador Professor Doutor Claudio Manetti, pelo ano regado a troca, apoio e conversas sinceras. Obrigado.

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Resumo O processo de urbanização do território brasileiro, definido por um modelo de desenvolvimento urbano excludente em benefício à minoria dominante, surte efeito até este momento. Tendo contribuído para a existência de barreiras relacionadas aos aspectos físicos e socioeconômicos, sendo elas visíveis ou invisíveis. O Plano Urbano estratégico fundamentado na organização de um território através da priorização de vulnerabilidades e fortalecimento de potencialidades, associado aos diversos “res”: requalificação, revitalização, reestruturação, renovação; e à identidade do território onde será implantado, fazendo-se necessário no território urbano brasileiro. Dessa forma, a proposta de intervenção do Jardim São Luís, tem como finalidade o enfrentamento das pressões urbanas das zonas de contato resultantes das barreiras existentes no tecido urbano da região, garantindo maior integração e unidade.

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Sumário 1. Introdução 2. Plano Urbano

I

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Temática e área de estudo

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1.1. Introdução 1.2. Critérios de Interesse 1.3. Estudo de Casos 1.3.1. Jardim Ana Estela - Carapicuíba 1.3.2. Cumbica - Guarulhos 1.3.3. Itaquera - São Paulo 1.3.4. CEAGESP - São Paulo 1.3.5. Paraisópolis - São Paulo 1.3.6. Socorro - São Paulo 1.4. Definição da Área

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3. Conclusão

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4. Referências Bibliográficas

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II

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Leitura territorial

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2.1. Introdução 2.2. Inserção Regional 2.3. Evolução da Mancha Urbana de São Paulo 2.4. Inserção Metropolitana 2.5. Síntese Metropolitana 2.6. Histórico 2.7. Análise Urbana 2.8. Síntese Urbana 2.9. Análise Local 2.10. Síntese Local

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Plano de massas

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3.1. Introdução 3.2. Cortes Gerais 3.3. Mobilidade 3.4. Habitação 3.5. Equipamentos Urbanos 3.6. Sistemas de Áreas Verdes 3.7. Setorização - Conjunto de Forças 3.8. Projetos Selecionados 3.9. Mapa Índice

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1. Introdução O plano urbano estratégico teve seu desenvolvimento fragmentado em três fases, sendo elas a definição da temática de atuação e o território de estudo; leitura e reconhecimento territorial; e o plano de massas. A fase inicial constituiu-se pela definição da temática de atuação através da construção de critérios de interesse baseados no senso coletivo, na espacialidade urbana e na complexidade territorial. Dessa forma, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) foi escolhida como a escala regional de estudo, levando em conta a complexidade urbana da região, e principalmente a presença de pressões urbanas das zonas de contato resultante dos limites e barreiras do tecido urbano. Após a definição da RMSP seis áreas influenciadas pelas pressões das zonas de contato foram analisadas e estudadas, sendo definido o Distrito de Socorro como primeira ampliação.

A fase de levantamento e reconhecimento territorial, portanto, consistiu na leitura e aprofundamento de informações da área, onde considerou-se o desenho urbano atual e os elementos constituintes da dinâmica espacial, como transporte, uso do solo, questões socioeconômicas e meio ambiente. Consequentemente, a leitura detalhada das escalas regional, metropolitana e local da área possibilitou a escolha de uma área de intervenção, marcada pela existência de maiores contrastes e desigualdades. A fase final, dessa maneira, espacializa as intenções e diretrizes, desenvolvendo-se em quatro temas principais, sendo eles Habitação, Mobilidade, Equipamentos e Meio Ambiente, reestruturando as relações urbanas da área de estudo. Além disso, o Plano de Massas conta com a proposta de novos projetos que juntos configuram o espaço e três setores de conjunto de forças.

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Capítulo I Temática e área de estudo

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1.1. Introdução Caracterizado como fase inicial do desenvolvimento do plano urbano estratégico, a definição da temática e da area de estudo se faz necessária para a delimitação da abrangência de estudo. Dessa forma, como apresentado na introdução geral, tal fase se divide em dois âmbitos, sendo eles a definição dos critérios de interesse e a definição da área de estudo, onde posteriormente será desenvolvido o plano urbano.

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1.2. Critérios de Interesse A temática de atuação do plano urbano estratégico foi definida através da construção de critérios de interesse que abordam o senso comum e as relações espaciais urbanas. Os critérios de interesse definidos foram: - A vulnerabilidade social, resultantes da ausência de políticas públicas; - As polaridades do território; - Conflitos urbanos; - Precariedade de infraestruturas urbanas; - Irregularidades ocupacionais; - Fragmentação causada pela segregação; - Complexidade territorial; - Densidade habitacional e construtiva; - Contribuição da área de escolha com o meio acadêmico e a população.de uma mesma barreira, conectados entre si. Dessa forma, através da definição de critérios, chegou-se ao consenso que o interesse principal são as zonas de contato, resultantes das fronteiras criadas pelo desenho urbano, ou seja, pelo território de contrastes. A zonas de contato, por sua vez, podem ser marcadas por barreiras invisíveis como a segregação social, a vulnerabilidade pública e a concentração de usos em uma região; e por barreiras visíveis, como a hidrografia, a infraestrutura viária e as edificações e estruturas urbanas. Demarcando o território de três formas, linear; nuclear; e fragmentada, caracterizada por fragmentos nucleares

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1.3. Estudo de Casos De modo que a busca por áreas não apresentasse uma vasta abrangência, foi definida como porção de estudo, dentro da escala regional, a RMSP (Região Metropolitana de São Paulo). Tal fato deu-se devido a complexidade urbana da região; a alta densidade habitacional e construtiva da mesma, provocando maior desigualdade em seu território; a presença de grandes equipamentos e superestruturas; o território de polaridades e conflitos; a importância da estrutura viária da região, que conecta a metrópole com cidades importantes do Estado de São Paulo e também com outros estados; e o desenho urbano composto por inúmeras barreiras. Logo, para a definição do recorte de estudo, foram apresentadas seis áreas em potencial, cada uma com suas peculiaridades e características enquadradas nos critérios definidos, sendo regiões onde o contraste urbano e os limites e barreiras presentes são inegáveis . Sendo elas:

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1.3.1. Jardim Ana Estela - Carapicuíba Marcado pelo Rodoanel Mário Covas, a ausência de relação do tecido urbano com o mesmo é a peculiaridade existente na região do Jardim Ana Estela, em Carapicuíba. Além desse fator, as barreiras lineares (Rodoanel Mário Covas), nucleares (Zona Industrial) e fragmentadas (Periferias, verticalização e áreas livres); juntamente do desenho urbano definido por contrastes, são prós para a definição da área. Os mesmos, por outro lado, são deixados de lado devido a baixa complexidade, em relação aos outros estudos de caso, considerando a homogeneidade de usos e a baixa densidade da área.

Legenda: Vias arteriais Áreas de vulnerabilidade Hidrografia Áreas verdes Enclaves industriais Núcleos fechados de alto padrão Verticalização Barreira linear

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1.3.2. Cumbica - Guarulhos O Aeroporto Internacional de Guarulhos, maior aeroporto do estado de São Paulo, que apresenta uma enorme significância para a região é a peculiaridade do bairro de Cumbica, em Guarulhos, assim como a presença de equipamentos urbanos menosprezados pelas cidades (penitenciárias e as indústrias). Dessa forma, junto com o contraste da superestrutura x ausência, são pontos favoráveis para a definição da área: o fato da mesma não apresentar intervenções e projetos urbanos significativos; a pulverização de barreiras, sendo elas lineares (Rod. Pres. Dutra; Marginal Tietê; e o Pq. Tietê), nucleares (Aeroporto de Guarulhos; a periferia) e fragmentadas (Indústrias, que aparecem conectadas pela Rodovia Pres. Dutra); e a vulnerabilidade social da região. Como pontos contra a definição de Cumbica como área de estudo temos a menor densidade urbana; e o fato da mesma apresentar pontos de maior consolidação urbana.

Legenda: Vias arteriais Áreas de vulnerabilidade Hidrografia Áreas verdes Enclaves industriais Grandes equipamentos

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1.3.3. Itaquera - São Paulo Para a região de Itaquera, temos como peculiaridade a concentração de superestruturas em uma única área, sendo elas a Arena Corinthians, o Shopping Metrô Itaquera e o pátio de manobras do metrô (Pátio Itaquera). Além disso, temos como interesse o fato de ser uma região de bastante conflito e segregação; a falta de planejamento; a falta de equipamentos básicos; a presença de um eixo estruturador importante (Av. Jacú-Pêssego); as barreiras físicas; a ausência de conexões viárias; e o fato de ser uma região com baixa densidade de empregos, sendo definida assim como um bairro dormitório. O fato de ser uma área de grande visibilidade para projetos, decorrente da inserção do estádio na região, por outro lado, é um fator contrário a escolha da área, visto que a mesma já conta com diversos projetos a serem implantados.

Legenda: Vias arteriais Áreas de vulnerabilidade Hidrografia Áreas verdes Enclaves industriais Grandes equipamentos Verticalização

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1.3.4. CEAGESP – São Paulo A peculiaridade da região é o fato de o CEASA estar lá instalado. Outros pontos de interesse para uma potencial intervenção na região são: conflitos e contrastes do território; o contraste Superestrutura x Ausência; a presença de barreiras nucleares, como o CEASA, a periferia e o Pq. Vila Lobos; a presença da barreira linear, causada pela marginal Pinheiros; a ausência de transposições/conexões; e a grande complexidade territorial. Por outro lado, as diversas propostas de recuperação urbana para a área e o fato da mesma apresentar um grande destaque midiático são pontos “contras” para a definição do CEAGESP como área de estudo.

Legenda: Vias arteriais Áreas de vulnerabilidade Hidrografia Áreas verdes Enclaves industriais Grandes equipamentos

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1.3.5. Paraisópolis - São Paulo O fato de ser a segunda maior favela da cidade de São Paulo e ser uma área de alto índice de vulnerabilidade social, inserida em uma região de alto/médio padrão, são as peculiaridades do recorte de Paraisópolis. Além disso, a área apresenta grandes contrastes; zona de contato nítida e conflitante em todo seu entorno; barreiras socioespaciais, enquadrando-a nos critérios definidos. Porém, a mesma apresenta um grande destaque na mídia, resultando na presente ação de diversas organizações na região. Além de se caracterizar por um território já parcialmente urbanizado, com inúmeros projetos propostos; e por uma escala de projeto menor, diferente dos outros casos estudados.

Legenda: Vias arteriais Áreas de vulnerabilidade Hidrografia Áreas verdes Enclaves industriais Grandes equipamentos Verticalização Núcleos fechados de alto padrão

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1.3.6. Socorro - São Paulo Como peculiaridades, a região de socorro apresenta os grandes reservatórios, como a Represa de Guarapiranga e a Represa Billings; e o nó hidrográfico - viário. Além disso, os pontos favoráveis para a área são a diversidade de equipamentos e usos; a grande complexidade urbana; barreiras lineares (Marginal Pinheiros, Rio Guarapiranga e a Av. Guarapiranga) e nucleares ( Grande zona industrial, Favela Jardim Ibirapuera e o Cohab, e os bairros de alto Padrão); a ausência de transposições significativas; o fato de ser uma região sem intervenções e projetos urbanos significativos, além do projeto pinheiros, que definiu o desenho da área; a alta densidade construtiva; e os conflitos viários.

Legenda: Vias arteriais Áreas de vulnerabilidade Hidrografia Áreas verdes Enclaves industriais Grandes equipamentos Núcleos fechados de alto padrão

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1.4. Definição da Área Por apresentar uma maior complexidade urbana, em relação aos casos apresentados; por não contar com projetos urbanos ou destaque midiático; por ser uma região onde o interesse imobiliário tem se intensificado e por ser a região onde há a possibilidade de uma maior contribuição acadêmica e urbana, foi definida como área de estudo a região de Socorro – Guarapiranga.

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CapĂ­tulo II Leitura territorial

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2.1. Introdução A leitura e reconhecimento da área de estudo, constituintes da fase 2 de desenvolvimento do plano urbano apresenta grande necessidade visto que além da presença de barreiras, e de outros dos critérios de interesse já apresentados, a região da represa de Guarapiranga, em São Paulo, apresenta diversas características, abrindo espaço para diferentes projetos e intervenções urbanas. Dessa forma, de modo que o plano urbano apresente intervenções eficazes, a leitura e reconhecimento territorial detalhados faz-se extremamente necessária.

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2.2. Inserção Regional A partir da leitura da escala regional, onde está inserida a cidade de São Paulo, nota-se que a mancha urbana da cidade é um desenho definido pelos mananciais ao sul e ao norte da cidade, visto que o mesmo é uma zona de pressão de grande importância, demarcado pelas curvas de nível. Fundamentado nesse fato, é perceptível que a expansão da cidade, atualmente, ocorre no sentido leste-oeste. Ademais, além de ser observável a forte estrutura hídrica da região, marcada pelos grandes reservatórios de Guarapiranga e Billings, e pelos rios Pinheiros e Tiête, nota-se também uma forte estrutura viária, a qual conecta a cidade de São Paulo com diferentes regiões,

como Minas Gerais, Rio de Janeiro, o Sul do país, o interior do Estado de São Paulo e o Porto de Santos no litoral, transformando São Paulo em uma área de fácil escoamento de mercadorias, explicando assim a existência de diversas áreas industriais, como a de Santo Amaro. Além desses fatores, temos bem marcado a presença do eixo norte-sul, delimitado pelo rio Pinheiros, que atualmente é um importante eixo hídrico-rodoviário de negócios. Através desse levantamento, constata-se que a região de Santo Amaro, no sul da mancha urbana da cidade, sofre a pressão dos mananciais e também do forte eixo do Pinheiros.

Legenda: Estrutura viária Topografia Estrutura ferroviária Hidrografia Manancial Aeroportos

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2.3. Evolução da Mancha Urbana de São Paulo Já em uma escala mais aproximada, analisou-se a evolução da mancha urbana da cidade de São Paulo, percebendo que de 1881 até 1929 a urbanização ocorreu de forma mais fechada, concentrando- se na área central da cidade. A partir de 1930, por outro lado, a urbanização começou a se expandir de maneira mais forte, apresentando uma evolução ainda maior em 1950. Essa expansão pode ser explicada pelo início da industrialização da cidade de São Paulo, que teve seu início em torno de 1945, apresentando uma maior intensificação em 1950. A grande urbanização da cidade pode ser explicada pela quantidade de mão de obra e mercado existente nas cidades, além do fácil escoamento, marcado pela conexão da ferrovia com outras áreas do país. Santo Amaro, por outro lado, apesar de não se encontrar no eixo da ferrovia, sofreu uma

grande industrialização na época, após a retificação do rio Pinheiros, sendo importante ressaltar que as margens dos rios Pinheiros e Tietê eram áreas extremamente privilegiadas para a implantação dessas indústrias. Após a grande industrialização e evolução do desenho urbano da cidade, em 1963, a urbanização passa a ocorrer de forma pontual, devido a grande consolidação das áreas já urbanizadas, ocorrendo dessa forma até os dias atuais. Dessa forma, a partir da evolução da mancha urbana, conseguimos entender o desenho atual de Santo Amaro, e o fato de ser marcado principalmente por uma área industrial, que hoje sofre os processos de desconcentração industrial e de desindustrialização, explicando também um dos pontos para o grande interesse do mercado imobiliário na área, quem vem seguindo o eixo do Pinheiros.

Legenda: 18881 1882 - 1914 1915 - 1929 1930 - 1949 1950 - 1962 1963 - 1974 1975 - 1980 1981 - 1985 1986 - 1992 1993 - 1997

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Legenda: 18881 1882 - 1914 1915 - 1929 1930 - 1949 1950 - 1962 1963 - 1974 1975 - 1980 1981 - 1985 1986 - 1992 1993 - 1997

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2.4. Inserção Metropolitana Através do recorte metropolitano, analisou-se a importância da hidrografia do rio Pinheiros junto ao rio Tiête, podendo-se observar a grande pressão que os mananciais exercem sobre o território, principalmente na área ao norte dos mesmos, junto às represas Guarapiranga e Billings. Além disso, a pressão gerada pode ser muito observada quando se junta ao viário, à zona especial de interesse social, às favelas e áreas de ocupações irregulares, pois estas se concentram na borda do território, onde a topografia apresenta-se de forma acentuada. Dessa forma, o território sul, marcado pela represa de Guarapiranga sofre ao norte a pressão criada pelo desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo, e ao sul do meio ambiente, marcado pelas áreas de Manancial. Essa zona de pressão, por outro lado, é caracterizada pela ausência de infraestrutura

urbana, visto que a maior parte das estruturas viárias concentram-se no centro da cidade, com uma menor influência nas periferias da mesma. Na região de Socorro, o transporte público é marcado pela linha de trem 9/esmeralda da cptm, que conecta Osasco ao Grajaú e pela linha lilás do metrô, que conecta a área da Chácara Klabin à Capão Redondo. Uma grande área de destaque na escala metropolitana, é a operação urbana água espraiada, demarcada pelas margens do rio Pinheiros junto a Avenida Roberto Marinho. Tal operação tem o objetivo de promover a reestruturação da região, sendo muito voltada ao mercado imobiliário, onde o poder público esperava atrair investidores privados, a fim de evitar a ocupação de núcleos de família nas margens do córrego, caracterizadas como ocupações irregulares e favelas.

Legenda: Estrutura viária Estrutura ferroviária Linhas de metrô Linhas da CPTM Planejamento de transporte Topografia Hidrografia Manancial Unidades de conservação Parque Corredores ecológicos Operações urbanas ZEIS Favelas Loteramentos irregulares Aeroporto de Congonhas

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2.5. Síntese Metropolitano Através da síntese metropolitana, entendemos a conexão entre os principais vetores de rodovias, as marginais Tietê e Pinheiros, as linhas da CPTM de metrô e trem, as ferrovias, o hidroviário e como tudo isso se conecta dentro da cidade. Além disso, é perceptível o modo como a pressão da área de manancial da Serra do mar se comporta, além do desenho das áreas de alta vulnerabilidade, que se encontram mais concentradas na porção leste e nas áreas mais periféricas do território. A partir da leitura da escala metropolitana, nota-se também que as áreas de baixa vulnerabilidade estão mais concentradas no centro, onde há maior infraestrutura, coincidindo com a porção onde há maior aglomeração de equipamentos como comércios, serviços e equipamentos públicos.

Legenda: Vias marginais Estrutura ferroviária Estrutura viária Linhas de metrô Linhas da CPTM Hidrografia Manancial Parques Áreas de alta vulnerabilidade social Áreas de baixa vulnerabilidade social Concentração de equipamentos

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2.6. Histórico A região de Socorro apresenta grande notoriedade por estar às margens do rio Pinheiros, próxima a dois grandes reservatórios, porém é uma área cujo desenho urbano sofreu diversas modificações ao longo do tempo. Em 1686, criou-se oficialmente a Capela de Santo Amaro, local de grande valor histórico, atualmente, por ter fundado a região de Santo Amaro, que em 1832 tornou-se um município separado da cidade de São Paulo. Em 1908, a Cia. Light inaugurou a Represa de Guarapiranga com a finalidade de atender às necessidades de produção de energia elétrica na Usina Hidrelétrica de Parnaíba. Decorrente desse fato, na década de 1910, foram inaugurados equipamentos

de lazer como o São Paulo Golf Club e o São Paulo Sailing Club, que deram início às atividades recreativas da região. Em 1928, por outro lado, a inauguração da Avenida Washignton Luís, criou um grande eixo de ligação entre Santo Amaro e o Ibirapuera, impulsionando o desenvolvimento de tais atividades, transformando a represa Guarapiranga em um local de uso recreativo náutico, estimulando a instalação de grandes chácaras, sítios e clubes em suas margens, deixando de ser apenas um reservatório para o abastecimento de água potável. Além disso, nos anos 20 foi feita a retificação do Rio Pinheiros, antes conhecido como rio Jurubatuba, caracterizado como um rio sinuoso,

Catedral de Santo Amaro / Largo 13 São Paulo Golf Club

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Década 1900

Década 1910

Legenda:

Legenda:

Rio Jurubatuba

Rio Jurubatuba

Represa Guarapiranga

Represa Guarapiranga

Distrito de Santo Amaro

Distrito de Santo Amaro


envolto por palmeiras; e a construção da represa Billings, juntamente à construção da Usina Hidrelétrica Henry Borden em Cubatão. Com esse projeto a Companhia Light desapropriou e passou a ter direitos sobre a maior parte das terras ao redor do rio. Essas terras foram parceladas e em sua maioria vendidas para iniciativas privadas, como a Companhia City, responsável pela construção de loteamentos voltados para a alta sociedade, na região. Essas obras, juntamente com as de avenidas e vias expressas, atraíram multinacionais e empresas que antes se localizavam no centro e na Avenida Paulista. Estabelecendo assim, o eixo do setor terciário no sudoeste de São Paulo. Dessa forma, as várzeas

das margens do Rio Pinheiros, aterradas pela construção de fábricas, ferrovias e empreendimentos imobiliários, obtiveram intensa valorização imobiliária. Na década de 1930, o município de Santo Amaro foi integrado à São Paulo e foram construídos o Aeroporto de Congonhas, a Avenida Interlagos e transposições como a Ponte Jurubatuba e a Ponte do Socorro, essa última ligando a Capela do Socorro à região de Santo Amaro. Em 1940, inaugurou-se o Autódromo de Interlagos, estabelecendo o eixo da Avenida Interlagos até a Avenida Washington Luís, enquanto na década de 1950, foi construída a Ponte João Dias, incentivando o início de ocupações irregulares, que cresce exponencialmente a cada década.

Aeroporto de Congonhas

Capela do Socorro

Autódromo de Interlagos

Década 1930

Década 1950 Legenda:

Legenda: Rio Pinheiros

Pontes

Rio Pinheiros

Linha 9 CPTM - Esmeralda

Represas Guarapiranga e Billings

Várzea do Rio Pinheiros

Represas Guarapiranga e Billings

Pontes

Avenidas

Favelas déc. 50

Avenidas

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Em 1970, foram iniciadas as construções da Marginal Pinheiros, transformando a região, que recebia cada vez mais investimentos e empreendimentos imobiliários, como shoppings e edifícios comerciais, criando assim um importante eixo Hídrico-Rodoviário de Negócios, que caracteriza a região até hoje. O sistema viário e de transporte público, portanto começou a receber grandes investimentos, inaugurando nas décadas de 70 e 80

avenidas, pontes e terminais rodoviários, além das linhas 1/Azul de metrô e 9/Esmeralda da CPTM, que incentivaram o aumento fluxo de pessoas vindas do centro da Cidade, de Osasco e de diversas regiões da RMSP para o eixo sul do Pinheiros. Nas décadas de 90 e 2000, foram feitas mais intervenções viárias e de transporte público como a extensão da Linha 9/Esmeralda até Grajaú e a construção da Linha 5/Lilás de metrô

Morumbi Shopping Hipermercado Carrefour

Terminal João Dias Centro Empresarial

Hotel Transamerica Terminal Capelinha

Poupa Tempo Terminal Santo Amaro

Shopping Fiesta

SP Market

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Década 1970

Década 1990

Legenda:

Legenda:

Shopping Interlagos

Rio Pinheiros

Linha 1 de Metrô - Azul

Rio Pinheiros

Linha 9 CPTM - Esmeralda

Represas Guarapiranga e Billings

Favelas déc. 60

Represas Guarapiranga e Billings

Favelas déc. 80

Avenidas

Favelas déc. 70

Avenidas

Favelas déc. 90

Pontes

Bens Tombados déc. 90

Pontes


do Capão Redondo até o Largo 13, que alguns anos depois foi estendida à região das Chácaras Klabin. Com a aprovação da Operação Urbana Água Espraiada em 2001, o interesse imobiliário da região sofreu maior intensificação, fortalecendo as margens do Rio Pinheiros como um forte eixo de negócios. Com a aprovação da Operação Urbana Água Espraiada em 2001, o interesse imobili-

Shopping Campo Limpo

ário da região sofreu maior intensificação, fortalecendo as margens do Rio Pinheiros como um forte eixo de negócios. A partir da década de 2010, tem-se a consagração da centralidade histórica do largo 13 para a região. Atualmente, portanto, essa região apresenta grande importância para o desenvolvimento do mercado, principalmente devido a saída das indústrias instaladas na região, abrindo espaço para novos investimentos imobiliários.

Shopping Boa Vista

Terminal Guarapiranga

Terminal Jd. Ângela

Década 2000

Década 2010

Legenda:

Legenda:

Rio Pinheiros

Linha 5 de Metrô - Lilás

Rio Pinheiros

Linha 5 de Metrô - Lilás

Represas Guarapiranga e Billings

OUC Águas Espraiadas

Represas Guarapiranga e Billings

OUC Águas Espraiadas

Avenidas

Bens Tombados déc. 2000

Avenidas

Bens Tombados déc. 2000

Pontes

Pontes

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2.7. Análise Urbana Com base na escala urbana da região de Socorro, verificam-se os contrastes e barreiras existentes na região, estes presentes desde na estrutura físico ambiental, dados através da topografia acidentada na porção oeste do rio pinheiros, e plana na porção leste, como na estrutura de mobilidade, visto que por mais que se trate de um território bem abrangido pelas estruturas modais, ainda sim a porção oeste é menos abrangida, em relação a porção leste. Tratando-se, ainda, do tema de mobilidade, é visível que a região da represa de Guarapiranga é bem atendida pelas linhas da CPTM, através da linha 9/Esmeralda, pelo Metrô, através da linha 5/lilás, pelas vias arteriais da cidade de São Paulo, como a Marginal Pinheiros, e também por diversas vias coletoras. Facilitando, dessa forma, o acesso da área as regiões centrais da cidade, e pontos importantes, como o aeroporto de Congonhas e as regiões empresariais da cidade, como a Av. Faria Lima. Legenda: Hidrografia Manancial Topografia Rodovias Vias arteriais Vias coletoras Corredor metropolitano Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô Linha 1 azul metrô Estações da CPTM Estações do metrô Terminais rodoviários Aeroporto de Congonhas

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Abordando os equipamentos da região, nota-se que assim como as estruturas de mobilidade, a área é bem atendida pelos mesmos, porém, a maior concentração de equipamentos se dá na porção leste da marginal Pinheiros, enfatizando o contraste entre as porções leste e oeste. O maior desenvolvimento da porção leste do rio, por sua vez, justifica a presença da operação urbana água espraiada, que conforme já apresentado, se volta ao mercado imobiliário, a fim de evitar a ocupação de núcleos de família nas margens do córrego, caracterizadas como ocupações irregulares e favelas.

Legenda: Hidrografia

Equipamento de educação

Manancial

Equipamento de lazer

Topografia

Equipamento de segurança

Rodovias

Equipamento de saúde

Vias coletoras

Equipamento de cultura

Corredor metropolitano

Equipamento de serviço

Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô Linha 1 azul metrô Terminais rodoviários Shopping

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Consequentemente, tais fatos esclarecem a maior incidência de ZEIS, favelas, áreas de risco e loteamentos irregulares na porção oeste do rio Pinheiros, que quando contrapostas a densidade habitacional da área, as áreas de maior densidade habitacional coincidem com as áreas de maior carência, aumentando a vulnerabilidade dessa porção. Em vista disso, a escala urbana da área afirma que além dos contrastes referentes às infraestruturas urbanas, relativos à maior abrangência das mesmas no fragmento a leste do rio, em comparação ao fragmento oeste, temos também contrastes referentes a estrutura socioeconômica da área, relativa a maior vulnerabilidade social no fragmento oeste do rio, em comparação ao fragmento leste. Dessa forma, reafirma-se a existência de diversas barreiras na região de socorro, essas que se dão de maneira visíveis, através da topografia e hidrografia, e invisíveis, como a segregação social existente na área.

Legenda: Hidrografia

Equipamento de educação

Manancial

Equipamento de lazer

Topografia

Equipamento de segurança

Rodovias

Equipamento de saúde

Vias arteriais

Equipamento de cultura

Vias coletoras

Equipamento de serviço

Corredor metropolitano

Áreas de risco

Linha 9 esmeralda CPTM

Favelas

Linha 5 lilás metrô

Loteamentos irregulares

Linha 1 azul metrô

ZEIS

Estações da CPTM

Shoppings

Estações do metrô

Densidade habitacional

Terminais rodoviários

Aeroporto de Congonhas

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2.8. Síntese Urbana O mapa síntese urbano sustenta a existência de contradições e contrastes na área, marcado principalmente pela vulnerabilidade social presente na porção oeste do rio Pinheiros. Além disso, são perceptíveis a pressão do interesse imobiliário imposto pelas regiões ao norte do rio; a ausência de centralidades marcantes na porção oeste; e a ausência de conexão dos modais de transporte com a mesma, onde independente da quantidade dos mesmos, estão todos presentes na porção leste, ou nas extremidades da porção oeste, marcadas pelas Avenidas Guarapiranga e João Dias, havendo assim uma parcela da região oeste do rio não abrangida pelos modais de transporte, caracterizada pela ausência de uma centralidade marcante e por uma alta vulnerabilidade social.

Legenda: Hidrografia Manancial Parques Estrutura viária principal Marginal Pinheiros Rodovias Linha 9 Esmeralda CPTM Linha 5 Lilás metrô Área de favela, alta densidade e vulnerabilidade Operações urbanas Centralidades Grande concentração de fluxo Área de interesse imobiliário Aeroporto de Congonhas

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2.9. Análise Local Tratando-se da Análise Urbana da área, foi possível primeiramente observar sua estrutura físico ambiental, onde sobreposto a hidrografia, a topografia e os mananciais e parques resulta em uma compreensão espacial onde o lado oeste é estruturado por um relevo extremamente acidentado em comparação ao lado leste, região majoritariamente plana. Investigando a estrutura de mobilidade, por sua vez, vemos que o território é irrigado pelas linhas 5/Lilás da CPTM e Linha 9/Esmeralda do metrô, possuindo um projeto de expansão destas ao sul. Tratando-se do transporte de ônibus, por outro lado, o território apresenta 3 terminais e linhas associadas a importantes ruas coletoras, enquanto sobre o modal rodoviário, estão presentes a Marginal Pinheiros e duas grandes avenidas, fazendo a transposição entre os extremos, sendo elas as Av. Guarapiranga e Av. João Dias.

Legenda: Hidrografia Manancial Topografia Marginal Pinheiros Vias arteriais Vias coletoras Linhas futuras Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô Ciclovia Estações da CPTM Estações do metrô Terminais rodvoviários

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Ao que diz respeito aos equipamentos pontuados na área, conclui-se que em torno do rio Pinheiros há uma série de grandes equipamentos e centralidades, oriundas desse desenho hidrográfico, ademais nota-se maior concentração de escolas públicas no lado leste do território e também de Assistências Sociais indicando menor vulnerabilidade dessa porção do território, aparente quando analisados os raios provenientes das escolas públicas de ensino infantil, sendo eles de 500m, visto que o setor leste é quase todo abrangido por ele, enquanto o setor oeste possui apenas alguns pontos irradiadores. A concentração dos equipamentos de

saúde, por sua vez, também apresenta variação entre as porções leste e oeste do rio Pinheiros, indicando maior vulnerabilidade da porção oeste, marcada por uma menor concentração de equipamentos de saúde, em relação a porção leste. Implementando o estudo de raios, nos postos de saúde (UBS) com uma distância de 1000m, a região oeste apresenta áreas não atendidas, enquanto a região leste do rio apresenta maior área de cobertura. Os equipamentos de serviços, por outro lado, também marcam os contrastes da área, visto que em sua maioria aparecem próximos às margens do rio, como os shoppings center, ou pontuais na porção leste do mesmo.

Legenda: Shopping

Esporte clube da com.

Assistência social

Esporte clube

Poupatempo

Núcleo de alto rendimento esportivo

Receita federal

Ensino público infantil

Ecoponto

Fundação Casa

Correios

EJA

Polícia militar

Ensino técnico

Polícia civil

Telecentro

UBS

CEU

Saúde mental

Escola pública ensino médio e fundamental

CTA - DST/AIDS

CEU

Hospital público

Sala de cinema

Pronto socorro

Sala de teatro

Ambulatório público

Equipamentos públicos

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Através da leitura do uso do solo, constata-se que a região apresenta uma concentração de usos habitacionais, comerciais e industriais, decorrentes principalmente do histórico de intervenções da área, como a crescente industrialização de 1945, que seguia o rio Jurubatuba e Pinheiros. O uso do solo permite também a análise das vulnerabilidades da área, visto que a porção leste é tomada de habitações de alto padrão, sendo elas verticalizadas em grande força e horizontais. Contrastante a porção oeste, principalmente à sudoeste, composta por habitações horizontais de baixo padrão com alguns polos verticalizados majoritariamente de baixo padrão, havendo núcleos de habitações verticalizadas de alto padrão inseridas nesse território, caracterizando a área como um território de barreiras e contrastes.

Legenda: Hidrografia Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô Habitação horizontal de alto padrão Habitação verticalizada de alto padrão Habitação verticalizada de baixo padrão Habitação horizontal de baixo padrão Residencial com indústrias Comércio com indústrias Industrial e armazéns Comércio e serviços Sem predominância Outros

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Concluindo as análises de vulnerabilidade, o mapa da estrutura socioeconômica da região confirma a leitura realizada, demonstrando as questões socioeconômicas do território, onde há predomínio de ZEIS na região oeste, além de diversas ocupações irregulares. As favelas do território se localizam exclusivamente do lado oeste afirmando mais uma vez os contrastes apresentados nesse território. Portanto, ao sobrepor a esse estudo a densidade habitacional, a região de maior adensamento é a região de menor renda, onde estão inseridas favelas e assentamentos precários.

Legenda: Hidrografia Manancial Topografia Marginal Pinheiros Vias arteriais Vias coletoras Linhas futuras Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô Ciclovia Favelas Loteamentos irregulares ZEIS Estações da CPTM Estações do metrô Terminais rodoviários

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2.10. Síntese Local Dessa forma, através da leitura local, o mapa síntese da mesma reafirma a ausência de conexões com os modais de transporte e também a ausência de centralidades é reafirmada na porção oeste, possibilitando a escolha de uma área de estudos que demonstra maior vulnerabilidade, necessitando, assim de um plano estratégico que auxilia a atenuação das fragilidades e precariedades da região.

Legenda: Hidrografia Manancial Parques Estrutura viária principal Transposições Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô Concentração de indústrias Área de favela, alta densidade e vulnerabilidade

Dentre as fragilidades, que serão tratadas no plano urbano estratégico, temos: - Presença de barreiras: geomorfológicas, viárias, industriais e de grandes construções, com poucas possibilidades de transposição das mesmas, ampliando o impasse ao transporte peatonal; - Áreas de ocupações irregulares e favelas, contrastantes com territórios ricos; - Falta de conectividade com o sistema de transporte público; - Escassez de áreas livres; - Ausência de conexão do tecido urbano com o rio e as represas; - Ausência de uma centralidade definida na porção oeste do rio. Por outro lado, dentre as potencialidades da área, que acrescem a qualidade de vida, e o interesse do mercado: - Proximidade a importantes operações urbanas da cidade de São Paulo, e a grandes equipamentos; - Margens do Rio Pinheiros como nova área de ocupação, alinhado ao crescente interesse do mercado imobiliário na área; - Diversidade de usos; - Centro viário articulador, conectado à diferentes regiões da metrópole, marcado pela existência de um eixo consolidado com ligação ao centro da cidade; - Presença de diferentes modais de transporte.

Centralidades Grande concentração de fluxo Grandes equipamentos / Barreiras

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CapĂ­tulo III Plano de massas

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Setor I

Setor II Setor III

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3.1. Introdução A leitura da área, portanto, permite o desenvolvimento do plano de massas. Tal plano compõe a terceira e última fase do plano Urbano estratégico, estabelecendo intervenções e diretrizes eficazes para a área de estudo, tendo como principal objetivo a redução das fragilidades apresentadas, através da diretriz de equalização da porção Oeste do rio Pinheiros, em relação a porção Leste, que hoje se encontra melhor desenvolvida e com maior qualidade de vida. Dessa forma, o plano se desenvolve em quatro temas principais, sendo eles Mobilidade, Habitação, Equipamentos e Meio Ambiente, estando todos ligados com a criação de três setores, onde há a congruência de um conjunto de forças, sendo eles Setor I: Jardim da Felicidade; Setor II: Jardim Santa Josefina ; e Setor III: Av. Guido Caloi.

Legenda: Recorte de estudo

Transposições propostas

Hidrografia

Ciclovia existente

Topografia

Ciclovia proposta

Ocupação irregular

Linha de alta tensão existente

Maciços arbóreos

Linha de alta tensão proposta

Área de favela

Linha 9 esmeralda CPTM

Área de risco

Linha 5 lilás metrô

Área de drenagem

Estações de trem

Centralidade

Estações de metrô

Eixo viário existente

Terminais rodoviários

Eixo viário proposto

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3.2. Cortes Gerais

Corte AA

Corte BB 73


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Corte CC

Corte DD 75


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3.3. Mobilidade De modo que a mobilidade seja abordada corretamente, faz-se necessário o entendimento das relações do bairro com a cidade e os vetores de grande força existentes na área, que exercem a função de delimitadores do mesmo, sendo os eixos Av. Luiz Gushiken a Sul, Av. Guido Caloi a Oeste e Av. Maria Coelho Aguiar a Leste. Através da leitura, reconhece-se que o sistema de transporte público não atende completamente a porção oeste do rio Pinheiros, devido, principalmente, à complexidade topográfica, que transforma as vias de modo que as mesmas acompanhem o desenho das curvas de nível, dificultando o reconhecimento da hierarquia viária intra bairro. Além disso, através da leitura do território, nota-se a existência de diversas escadarias, estas facilitam o transporte peatonal, sendo uma das maneiras de transposição da barreira topográfica. Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Vias arteriais Vias coletoras Ciclovia Transposições Vielas e escadarias Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô Estação de trem Estação de metrô Terminais rodoviários Pontos de ônibus

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Dessa forma, as diretrizes propostas atuam aumentando o fluxo da região, e permitindo a melhora da rede viária, criando, assim, uma hierarquia das mesmas, além de conectarem de forma efetiva o centro da porção de estudo às áreas de maior atuação dos modais de transporte. Sendo elas: - Requalificação de vias; - Criação de uma melhor conexão com as estações de metrô e trem Santo Amaro; - Melhoria do sistema de transporte público, de modo que o mesmo atenda uma maior porcentagem do território; - Criação de uma rede cicloviária, que conecte com as já existentes e com as áreas de lazer propostas; - Além da criação de uma nova avenida, a Av. Jardim da Felicidade, que funcionará como a espinha dorsal do território, conectando norte a sul, intra bairro, e criando novas áreas de interesse imobiliário. Tal avenida está diretamente ligada com os novos equipamentos e áreas habitacionais propostas pelo plano.

Legenda: Raio de 400 m de abrangência da estação de trem Raio de 400 m de abragência da estação de metro Raio de 400 m de abrangência do terminal de ônibus Raio de 150 m de abrangência dos pontos de onibus existentes Raio de 150 m de abrangência dos pontos de ônibus propostos

Legenda: Recorte de estudo

Linha 9 esmeralda CPTM

Hidrografia

Linha 5 lilás metrô

Topografia

Estação de trem

Vias arteriais

Estação de metrô

Vias coletoras

Terminais rodoviários

Ciclovia

Pontos de ônibus

Transposições

Vias propostas

Vielas e escadarias

Ciclovia proposta

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3.4. Habitação Conforme observado previamente, dentre as características habitacionais da área, temos uma grande concentração de ocupações irregulares e uma vasta área de ZEIS. Além disso, na região encontramos três principais favelas, cujas implantações coincidem com as áreas de risco geomorfológico da região. Dessas favelas é estimado 7.800 habitantes, divididos em 1.498 domicílios no Jardim Ibirapuera e Erundina Pinhal, totalizando uma quantidade aproximada de 5.250 habitantes; e 729 domicílios no Jardim Santa Josefina, totalizando uma quantidade aproximada de 2.550 habitantes. Além disso, ao observarmos a estrutura física ambiental dessa porção territorial, nota-se que as áreas de favela apresentam relação com as áreas de drenagem, estando a oeste das mesmas, devido a topografia mais acentuada.

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Ocupações irregulares ZEIs Área de favela Área de risco

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Portanto, foram criadas três diretrizes principais, relacionadas ao tema habitacional, estas visam a melhora habitacional e a redução do contraste da região, visível tanto no desenho do tecido urbano ao compararmos o desenho urbano consolidado de algumas áreas com o desenho urbano das regiões de favelas, quanto no levantamento socioeconômico da área, notado pelos tipos de ocupações existentes contrapostos aos condomínios fechados existentes na área. Sendo elas::

- Remoção de 1.100 unidades habitacionais em áreas de risco, com realocação distribuída em quatro áreas de acordo com os setores propostos, sendo duas delas próximas às áreas de remoção, para que parte das famílias possam permanecer no local; enquanto as outras duas áreas selecionadas apresentam a proposta de adensamento, associado aos domicílios de realocação. Dentre essas, as áreas entre as avenidas Guido Caloi e Luiz Gushiken, que já vem sendo alvo de especulação imobiliária e onde as fábricas e galpões estão perdendo o uso. - Urbanização das favelas, completa no caso do Jardim da Felicidade, onde não se prevê remoções, e das áreas remanescentes do Jardim Ibirapuera e Jardim Santa Josefina. - Requalificação das estruturas de drenagem.

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Urbanização de favela Área de remoção Área para projeto de habitação Área de drenagem

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3.5. Equipamentos Urbanos Ao analisar e entender a relação dos equipamentos urbanos existentes com o tecido urbano da área e os deslocamentos por parte dos moradores, nota-se que os equipamentos existentes não atendem totalmente à população quanto à sua abrangência. Devido, principalmente, à topografia acidentada do recorte, observa-se grande dificuldade de acesso aos equipamentos existentes, dados por longas distâncias, escadarias e insuficiência no transporte público. Analisando por temáticas, nota-se uma forte carência de equipamentos de educação, saúde, cultura e assistência social. Se tratando dos equipamentos de educação, entre os de maior abrangência destaca-se a existência de um CEU, porém há mais de um quilômetro e meio de distância do recorte de estudo. Porém,

o que chama atenção é a carência de escolas de educação infantil. Apesar de um grande número de equipamentos dessa categoria identificados na área, é importante destacar a carência a partir de um raio de abrangência de 300 m, levando em conta a necessidade de crianças serem acompanhadas pelos pais, que dessa forma exige menores distâncias entre as escolas. Em relação aos equipamentos de saúde e assistência social, apesar dos raios de abrangência de 1000 m e 800 m, respectivamente, cobrirem toda a área, a demanda ainda não é suprida levando em conta a densidade e a vulnerabilidade social. É importante ressaltar também que alguns equipamentos próximos ao local, principalmente os relacionados à lazer e cultura, são de acesso privado ou muito restritos em relação à faixa etária.

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Educação infantil

Raio de 300 m de abrangência

Ensino fundamental e médio

Raio de 1000 m de abragência

Ensino técnico público

Raio de 1500 m de abrangência

Fundação CASA Equipamento de saúde - UBS

Raio de 1000 m de abrangência

Assistência social

Raio de 800 m de abrangência

Equipamento de cultura

Raio de 2000 m de abrangência

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Dessa forma, a proposta consiste na inserção de sete novos equipamentos, localizados em terrenos estratégicos, próximos não somente às principais avenidas do plano, mas também às áreas residenciais mais desfavorecidas atualmente. Com o objetivo de buscar a integração e qualificação desses espaços, atendendo as carências dos temas saúde, educação, cultura e assistência social, as diretrizes propostas são: - Fácil acesso aos equipamentos, levando em consideração a topografia acidentada; - Acesso pleno dos moradores à educação e saúde; - Implantação de espaços comuns em que as pessoas possam se reunir; - Proporcionar auxilio, apoio e assistência social aos moradores do bairro, a partir de espaços voltados à jovens e à mulheres; - Criação de um espaço cultural destinado para a população local e da região.

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Educação infantil Ensino fundamental e médio Ensino técnico público Fundação CASA Equipamento de saúde Assistência social Equipamento de cultura Equipamentos Propostos

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3.6. Sistemas de Áreas Verdes Através da análise das áreas livres existentes na área, percebe-se a presença de uma série de manchas verdes espalhadas no território, causando uma falsa sensação de sistema de áreas livres já vivente, porém, essas manchas, em sua maioria, são maciços arbóreos de acesso restrito, os quais a população não usufrui livremente como espaços públicos. A real estrutura do sistema de áreas livres pré-existente é de fato observada quando analisamos a presença e distribuição de praças públicas, as quais são totalmente escassas dentro do perímetro de estudo, tendo apenas pontuais existências externas a ele, revelando uma grande fragilidade e déficit de lugares públicos de ocupação livre pela população. Outra questão observada, através da leitura do sistema de áreas livres existentes é a existência de uma série de áreas verdes subutilizadas as margens do rio Pinheiros, e da represa de Guarapiranga, as quais possuem uma ciclovia e alguns acessos durante seu trajeto, contudo sem nenhum tipo de infraestrutura, possibilitando uma proposta de readequação.

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Áreas verdes de margem Praças pré-existentes Maciços arbóreos de acesso restrito

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A partir da leitura do existente, portanto, foi desenvolvido um novo sistema de áreas livres para a área de estudo, o qual conta com uma série de praças, parques e equipamentos de área pública associados de diretrizes as quais preveem: a criação de áreas livres e de lazer em áreas de remoção para a recuperação das áreas de drenagem; a qualificação da margem esquerda do Rio Guarapiranga, criando uma linearidade de áreas verdes públicas; a requalificação e abertura para a cidade de áreas verdes de acesso restrito; e por fim a implantação de uma Cooperativa de Reestruturação Ambiental, visando a reestruturação das águas e do sistema de resíduos sólidos na bacia do Córrego Ponte Baixa. Portanto, a criação de espaços públicos voltados à comunidade e às práticas civis relacionado a essa série de diretrizes conceberão um novo ocupar e viver voltado a um até então inexistente sistema de espaços livres.

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Áreas verdes de margem Praças pré-existentes Maciços arbóreos de acesso restrito Sistema de áreas verdes públicas proposto Equipamentos de áreas públicas proposto

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Setor I

Setor II Setor III

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3.7. Setorização - Conjunto de Forças Concluindo a organização do plano, foram setorizadas três áreas que compreendem conjuntos de forças, em decorrência das propostas apontadas, distintas por suas características e peculiaridades: Setor I: Jardim da Felicidade, o Setor II: Santa Josefina e o Setor III: Av. Guido Caloi.

1 - Acolhimento Social à Mulher 2 - Área de lazer e Campo de futebol 3 - Núcleo Comercial / Transposição 4 - Equipamento de Saúde 5 - Mercado Central 6 - Centro Comunitário 7 - Centro Educacional Infantil 8 - Habitação Multifamiliar com Uso Misto 9 - Conjunto Esportivo e de Lazer 10 - Acolhimento à Jovens e Crianças 11 - Habitação Multifamiliar 12 - Equipamento Cultural 13 - Parque 14 - Praça 15 - Habitação Multifamiliar com Uso Misto 16 - Centro Cívico 17 - Parque

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Ocupação irregular

18 - Cooperativa de Água, Saneamento e Resíduos 19 - Parque 20 - Habitação Multifamiliar com Uso Misto

Maciços arbóreos Transposições Ciclovia Linha de alta tensão Centralidade Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô Estação de trem Estação de metrô Terminal rodoviário

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O Setor I: Jardim da Felicidade, engloba projetos de assistência social, saúde, cultura, educação, serviços, espaços livres e de lazer e habitação, além da proposta de uma transposição conectando esse setor às estações de ônibus e metrô, à leste. Tal setor também abrange grande parte da Av. Jardim da Felicidade, proposta pelo plano, cuja finalidade é de integrar o bairro e possibilitar mais uma rota do transporte público, atendendo também as áreas de atuais favelas onde haverá urbanização. As novas conexões propostas farão um rearranjo das lógicas vigentes no território e proporcionará novas dinâmicas. Além destas, o Setor I é marcado pela proximidade com os meios de transporte de grande porte, como o metrô e o terminal de ônibus, situados a Norte do recorte de estudo, além de ser uma área cercada de barreiras, como as barreiras topográficas, o pátio de manobras e a linha de alta tensão.

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Ocupação irregular Maciços arbóreos Transposições Ciclovia Linha de alta tensão Centralidade Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô

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O Setor II: Santa Josefina engloba os equipamentos propostos de assistência social, habitação, cultura e espaços livres e de lazer, qualificando a área e conectando o bairro à Av. Luís Gushiken que atualmente não possui essa relação. Esse setor é marcado por abranger a favela Santa Josefina, onde os moradores serão removidos e realocados, por se encontrar em uma área de risco geológico, e se converterá em um grande espaço livre. Parte da favela Jardim Ibirapuera que se encontra nesse setor passará por uma urbanização com o intuito de qualificá-la e integrá-la ao tecido urbano, além da proposição de conexão à Av. Luis Gushiken através dos equipamentos propostos.

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Ocupação irregular Maciços arbóreos Transposições Ciclovia Linha de alta tensão Centralidade Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô

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O Setor III: Av. Guido Caloi abrange os equipamentos de cultura, espaços livres e de lazer e habitação. Os grandes terrenos a serem ocupados permitem que os projetos requalifiquem as áreas que margeiam a Av. Guido Caloi e o Rio Guarapiranga, as quais possuem uma importante conexão com a porção sudoeste de São Paulo. Sendo caracterizado também pela localização entre dois eixos viários estruturadores, a Av. Guarapiranga e a Av. Guildo Caloi, cujas áreas industriais, marcada por galpões obsoletos, vem dando espaço a projetos de diferentes escalas urbanas e a projetos residenciais, seguindo a influência do mercado imobiliário na área. Além disso, o setor III tem como peculiaridade a ausência de favelas no mesmo, o contato com a água, a verticalização, e a proximidade com a “ilha” onde se concentram as fábricas e galpões ainda ativos.

Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Ocupação irregular Maciços arbóreos Transposições Ciclovia Linha de alta tensão Centralidade Linha 9 esmeralda CPTM Linha 5 lilás metrô

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3.8. Projetos Selecionados Centro de Apoio Dengo

Biblioteca Jardim São Luís

O Centro de Apoio e Acolhimento à Crianças e Adolescentes configura um espaço seguro, de encontro, estar e acolhimento para o desenvolvimento pessoal das crianças e adolescentes das comunidades do Setor II: Santa Josefina. O projeto se torna elemento chave para o diálogo do entorno urbano e em escala local se coloca em contraposição à Fundação CASA e ao pesado muro que a cerca. Essa barreira que nos relembra o tempo todo o que contém, também empresta uma unidade ao espaço público e impõe um fluxo retilíneo que faz a ligação da movimentada Avenida Luiz Gushiken aos novos acessos propostos para o Jardim Ibirapuera aos fundos do lote. O projeto, implantado na encosta e na confluência dos fluxos propostos, articula diferentes níveis e platôs de forma fluida, ora pelo interior do edifício, ora por elementos externos, possibilitando uma frequente relação do dentro com o fora e do coletivo com o público. A arquitetura oferece um setor seguro e reservado voltado para a assistência social e apoio psicológico, além de um abrigo temporário. Mas oferece também amplos espaços multifuncionais que criam oportunidades de convivência, estimulando a realização de palestras, debates, oficinas de capacitação, aulas e oficinas artísticas, a fim de trazer às crianças e adolescentes dessas comunidades representatividade, empregabilidade e expressividade artística e corporal.

Observando a carência de equipamentos culturais, visto que os equipamentos próximos ao local são em sua grande maioria de acesso privado, e visando o desenvolvimento social e cultural da região, este espaço conta com espaços para biblioteca, cursos técnicos e auditório, para que todos possam ter acesso a esse equipamento, pensando num espaço que não seja apenas voltado à leitura, mas para compartilhar conhecimento e conectar as pessoas. Devido à sua implantação no território, possui conexões voltadas a três eixos principais, um voltado para uma avenida principal do bairro, a Avenida Luiz Gushiken, de fácil acesso; através do próprio bairro, pela rua Macedônio Fernandes com uma conexão pelo próprio edifício; e através da rua Acédio José Fontanete, passando pelo edifício de assistência social. A proposta do projeto foi a de conectar o edifício ao bairro e a praça, fazendo com que ele tivesse uma ligação direta através da circulação vertical, pelo próprio edifício, onde as pessoas podem percorrer este caminho tendo toda a visão do local existente e projetado.

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Centro Marias do Jardim

Estação Intermodal Santo Amaro

O Centro Especializado de Atendimento à Mulher tem como finalidade urbana fazer a conexão entre eixos, pré existentes e proposto, vencendo um grande desnível de cerca de 30m através de espaços acolhedores, livres e acessíveis entre eixos, contribuindo para o sistema de áreas públicas da área. Além de sua função conectora, o Centro possui uma grande responsabilidade social perante a mulher, solucionada através de seus núcleos de atuação os quais buscam prevenir a violência contra a mulher através de eventos e diálogos abertos, acolher pessoas vulneráveis através de abrigos e uma série de outros equipamentos, apoiar psicologicamente e juridicamente essas vítimas, e por fim ajudá-las a se reerguer e restabelecer socialmente e financeiramente por meio de cursos diversos e outras atividades que incitam o agir em comunidade.

A proposta do plano busca integrar o local de estudo à cidade, dentro desse panorama, a transposição e conexão com as grandes infraestruturas dos modais de transportes existentes é um dos projetos estruturadores do mesmo, já que ela faz a ligação do local com a macrometrópole paulista. Dessa forma, o projeto do Polo intermodal de conexão e integração parte da interpretação dos fluxos e influências das várias escalas e de suas diferentes reverberações para compreender as relações existentes entre a comunidade, o Terminal de ônibus Guido Caloi, as estações de metrô e trem Santo Amaro, o Terminal de ônibus Santo Amaro e o centro histórico do Largo Treze. Nessa perspectiva, o plano de projeto redesenha as articulações das duas margens do rio, juntamente com as estações Santo Amaro, o Terminal Guido Caloi e uma travessia de acesso livre e gratuito sobre o Rio Pinheiros, nesse sentido, o projeto propõe, sobre o território, novos usos e conexões para fazer uma integração holística entre os acessos de transporte público, as áreas lindeiras ao Rio pinheiros e suas infraestruturas de lazer e espaços comerciais propostos.

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UPA Jardim São Luís

Esplanada Jardim da Felicidade

A necessidade de um equipamento de saúde está presente em praticamente todo o território nacional. Em recortes com uma maior precariedade, como no Jardim São Luís, isso se torna ainda mais evidente. Dentro do Sistema Unificado de Saúde (SUS) encontra-se a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) como a melhor proposta para atendimento da região, visto que se configura em um espaço de fácil acesso, em sequência a uma série de equipamentos institucionais e próximo ao sistema de transportes públicos metrô linha 5 lilás e CPTM linha 9 esmeralda. Seu objetivo é favorecer não somente o entorno imediato mas também fronteiras além do Rio Pinheiros. Em um terreno caracterizado pela topografia acidentada, o projeto se desenvolve de duas formas, em um bloco administrativo e outro de atendimento. Apropriando-se dos desníveis para separar os tipos de fluxos e a configuração do atendimento sendo bem linear, o edifício propõe dois tipos de acesso, um para o público no geral e outro para o atendimento emergencial. Condicionado a atender uma demanda alta, a UPA se estrutura a partir de uma métrica mínima de atendimento e circulação, que pode se expandir ou reduzir de acordo com novas demandas ou necessidades.

A proposta de um Centro Comunitário vem a partir da necessidade de lugares de convívio e que estimulem a interação, a coletividade e a vivência do espaço público. Os levantamentos mostram a escassez de projetos do tipo na região, fazendo com que a implantação no conjunto de equipamentos que compõem o Setor I, exerça o papel de principal espaço livre de apropriação que a comunidade tem. É proposto então como um espaço aberto, que fortalece e reafirma as relações do entorno, das forças do lugar e do Plano Urbano Estratégico. O perímetro de implantação é um platô de frente para a Rua Jardim da Felicidade e colado à encosta. Essa foi a área selecionada por sua configuração já demonstrar potencialidade para atividades do coletivo, como jogos de futebol e grandes encontros. A superfície está na parte mais alta da favela, fazendo com que a partir dela seja possível ver e ser visto, o que caracteriza um marco de referência para a comunidade. Contornando o platô é proposto parte do projeto de habitação, fazendo com que o Centro Comunitário tenha frente para os dois lados, e seja o espaço entre as casas e a rua, potencializando os acessos e a relação dentro/fora. Ao lado se implanta o Centro Educacional Infantil e mais abaixo, às margens da encosta, a UPA. Neste contexto o projeto se insere como o vazio estruturador, que dialoga entre suas relações, possibilidades e significados.

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Centro Educacional Infantil Jd. da Felicidade

Novo Bairro de Moradia - Jardim da Felicidade

Apesar da área contar com uma quantidade significativa de equipamentos educacionais, conforme observado nos levantamentos apresentados, a topografia acidentada do Jardim da Felicidade prejudica o acesso e transporte a esses, diminuindo a área de abrangência das escolas da região. Além disso, a proposta de um novo conjunto habitacional de uso misto, que influenciará no aumento da densidade habitacional da área, justifica a proposta de implantação do Centro Educacional Infantil na Rua Jardim da Felicidade. Ademais, contrariamente às escolas do Jardim da Felicidade, o Centro Educacional infantil proposto não emprega o método de ensino tradicional, mas sim a pedagogia Waldorf, que tem como um de seus princípios o comprometimento com a cultura e a comunidade, agregando assim, a criação do senso de coletividade da região. O projeto do Centro Educacional Infantil, por sua vez, tem como partido a vista da cidade, dessa forma sua área de ingresso conta com um pátio coberto atuando como uma extensão da calçada e um mirante, tornando-se em um lugar acolhedor para a comunidade e, principalmente, para as crianças.

Este projeto de um novo bairro de habitação foi pensado para a realocação das famílias que viviam em condições precárias e em área de risco geológico na encosta da favela do Jardim Ibirapuera. Um dos partidos para todos os projetos na encosta foi preservar a vista da cidade que se tem por ser um dos pontos mais altos do bairro, então os blocos de habitação também foram pensados de maneira que possam ser integrados na paisagem e vencer o grande desnível. O conjunto possui comércios e grandes blocos de apartamentos com tipologias diferentes e organizados de modo a criar um novo lar aconchegante e funcional, contando também com ambientes de convivência e lazer agradáveis, que funcionam como um grande quintal para seus moradores.

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3.9. Mapa Índice

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Legenda: Recorte de estudo Hidrografia Topografia Projetos Selecionados: 1 - Centro de Apoio Dengo 2 - Biblioteca Jardim São Luís 3 - Centro Marias do Jardim 4 - Estação Intermodal Santo Amaro 5 - UPA Jardim São Luís 6 - Esplanada Jardim da Felicidade 7 - Centro Educacional Infantil Jardim da Felicidade 8 - Novo Bairro de Moradia - Jardim da Felicidade

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3. Conclusão A região do Jardim São Luís apresenta-se como um território complexo, modelado pelas zonas de pressão dos modais de transporte lindeiros, onde o fragmento interno encontra-se desconectado do seu entorno, configurando, portanto, o cenário de desigualdade territorial. Fundamentado na leitura do território, o plano urbano estratégico Jardim São Luis compõem-se de diretrizes que tecem o inerte fragmento interno ao mosaico de riqueza e concentração de infra e superestruturas externo, caracterizado pelo eixo do rio Pinheiros, prevendo a atenuação da desigualdade e a requalificação do tecido urbano consolidado. O presente trabalho, portanto, concebe um sistema fluído e integrador.

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4. Referências Bibliográficas PREFEITURA DE SÃO PAULO. Arquivos da Lei. Disponível em: <https:// www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/urbanismo/legislacao/plano_diretor/index.php?p=201796> Acesso em 24 de março de 2020 GESTÃO URBANA. Operações Urbanas. Disponível em: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/estruturacaoterritorial/operacoes-urbanas/> Acesso em 01 de abril de 2020 GESTÃO URBANA. Operação Urbana Consorciada Água Espraiada. Disponível em: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/estruturacao-territorial/operacoes-urbanas/> Acesso em 01 de abril De 2020 INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE. Modelo Digital de Elevação (MDE) do estado de São Paulo. Disponível em: <https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/cpla/modelo-digital-de-elevacao-mde-do-estado-de-sao-paulo/> Acesso em 03 de abril de 2020 GEOSAMPA. Mapa Digital da Cidade de São Paulo. Disponível em: <http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx> Acesso em 20 de março de 2020 PREFEITURA DE SÃO PAULO. Histórico: Conheça um pouco da História de Capela do Socorro. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/subprefeituras/capela_do_socorro/historico/index. php?p=916> Acesso em 24 de março de 2020 GARCIA, Maiza. A Usina Henry Borden e o Projeto da Serra. “Memória” da newsletter “Fique Ligado” - Ano 1 nº09/2009. Disponível em: www.museudaenergia.org.br/media/26397/a_usinahenrybordenprojetoserra.pdf > Acesso em 05 de abril de 2020 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE, SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Guarapiranga: Caderno Ambiental. São Paulo : SMA/CEA, 2008. Disponível em: <arquivos.ambiente.sp.gov.br/cea/2015/06/ Caderno-AmbientalGuarapiranga.pdf> Acesso em 07 de abril de 2020 EMPLASA. Mapa da Expansão Urbana da Região Metropolitana de São Paulo 2002. Disponível em: <067_Mapa_da_Expansao_Urbana_da_Regiao_Metropolitana_de_Sao_Paulo_2002.pdf> Acesso em 04 de abril de 2020 KAYO, ANGELA. Rio Pinheiros: onde passava o rio pinheiros. Disponível em: <https://riopinheiros.wordpress.com/ondepassava-o-rio-pinheiros/> Acesso em 02 de abril de 2020 108


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