Revista Gravura

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GRAVURA RUBEM GRILLO

Saiba mais sobre um dos maiores gravadores da atualidade

GRANDES ARTISTAS Aqueles que fizeram e que fazem a gravura se destacar

R$ 9,90 Gravura Ano 1, N° 1 - Novembro 2011

REMBRANDT

Conheça algumas das obras do homem que revolucionou a história da arte DESTAQUE

Brasileiros e estrangeiros que se destacam com sua originalidade



LAIROTID ÍNDICE

Editorial 4 Grandes Artistas 5 Perfil 6 Exposições 9 Técnicas 10 Entrevista 12 Mídias 16 Biografia 18 Artigo 22 Obras atuais 23 Nacional 24 Mundo 25 Cursos 26

Rembrandt - Desenhando na Janela, gravura

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EDITORIAL EDITORIAL A revista Gravura inicia sua jornada com esta edição que vem cheia de novidades sobre o mundo da gravura, esta é uma revista especializada, e que se compromete com o leitor que é interessado no assunto, e quer estar sempre atento ao que acontece nessa área. Pretendemos, com esse número, abrir as portas para a Gravura no mercado, e poder tornar a revista reconheci-da entre um determinado público. O leitor encontrará nesta edição, temas de conteúdo primário para quem conhece e quem quer conhecer tudo sobre gravura, como alguns dos principais artistas que já existiram, entre eles Rembrandt. Nossa revista sempre terá em seu conteúdo, perfis, sobre artistas reconhecidos ou artistas da atualidade, até mesmo os que estão começando a ganhar destaque, pois nosso objetivo também é poder ajudar os artistas a crescerem e ganhar o seu merecido reconhecimento, e é claro, um destaque em nossa revista. Acreditamos que nosso trabalho possa atualizar as pessoas que estão por fora, e informá-las sempre sobre o que está acontecendo, divulgando, por exemplo, exposições, seminários e convenções sobre os artistas nacionais e internacionais. Para mostrar que chegamos para ficar, temos como destaque nesta edição, uma entrevista exclusiva com o artista brasileiro Rubem Grillo, contando tudo sobre sua vida e carreira como artista. Esperamos agradar a todos, e que os leitores possam sentir-se satisfeitos com o conteúdo apresentado.

Michael France R. Canal Editor e diretor de redação


LAIROTID GRANDES ARTISTAS

Grandes Artistas

Conheça duas grandes influências do mundo da gravura por Gabriel Kroeff

Andrea Mantegna nasceu em 1431 na cidade de Vicenza. Foi pintor e gravador do Renascimento na Itália. Foi o primeiro grande artista da Itália setentrional. Embora sua obra como pintor seja magnífica, Mantegna não foi menor como gravador, embora, por não ter assinado seus trabalhos (com exceção de um único em 1472), esta parte de sua obra seja mais historicamente obscura. O que nos chegou foi que começou a gravar suas placas em Roma, sob influência de Baccio Baldini e Sandro Botticelli. Mas parece que já em Pádua teria trabalhado sob a tutela de um famoso ourives chamado Niccoló. As principais seriam Triunfos Romanos, Bacanais, Hercules e Antaeus, Deuses Marinhos, Judite com a cabeça de Holofenes, Deposição da cruz, Ressurreição e Madona da gruta. Sua técnica é caracterizada pelas formas fortemente marcadas e as sombras oblíquas e formais. As gravuras eram executadas em folhas de cobre e as edições eram tiradas em duas formas, suave, com pressão manual, e usando prensa, onde a tinta é mais forte.

Andrea Mantegna, Madonna of Humility, 1506

Albrecht Dürer viveu entre 1471 e 1528 e foi a figura central da renascença alemã. Estudou com o seu pai, um ourives húngaro que emigrou para a Alemanha, e em 1486 começou a pintar. Tornou-se aprendiz do pintor Michael Wolgumut com quem iniciou os seus trabalhos de gravura em madeira e cobre. Dürer inspirou-se nos trabalhos dos pintores dos dois maiores centros artísticos europeus (Itália e Holanda), mas sendo muito mais inovador. Suas jornadas permitiram-lhe fundir as tradições góticas do Norte com a utilização da perspectiva dos italianos. Começa aqui o seu interesse pela matemática afirmando que “a nova arte deverá basearse na ciência, em particular na matemática, como a mais exata, lógica e impressionantemente construtiva das ciências”. Mas não foi só a teoria da proporção que influenciou o seus trabalhos artísticos, também a sua mestria em perspectiva conquistada através do estudo da geometria foi de grande importância. Durante dez anos após 1496, Dürer passou de um artista relativamente desconhecido para alguém com uma ampla reputação como artista e como matemático. Continuou interessado em aprender com os italianos, mas desta vez não no domínio das artes, mas sim no domínio da matemática. Visi-tou Luca Pacioli, Jacopo de Barbari e achou que deveria aprofundar ainda mais o seu conhecimento matemático. Albrecht Dürer, Os quatro cavaleiros do apocalipse

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Francisco JosĂŠ

de Goya por Giulliano Kenzo

Asta su Abuelo, gravura, 1797/1799


LAIROTIDE PERFIL

Conhecido como “Goya, o Turbulento” e muitas vezes chamado de “o Shakespeare do pincel”. Pintou de retratos a demônios, de paisagens a cenas obscenas, e hoje é considerado um dos grandes gravador de toda a História. Francisco José de Goya y Lucientes foi um pintor e gravador espanhol nascido em Fuendetodos, Saragoça, um dos grandes mestres da pintura espanhola e da gravura mundial do séculos XIX e do século XX. Filho do mestre decorador José de Goya e de Gracia Lucientes, começou os estudos em Saragoça, ensinado pelo pintor José Luzán, instruído em Nápoles, professor na Academia de Desenho de Saragoça. Ainda jovem conseguiu uma bolsa na Real Academia de San Fernando em Madri, onde se tornou pupilo do pintor da corte espanhola Francisco Bayeu. Foi para Itália continuar os estudos (1770), pelos seus próprios meios, regressando no ano seguinte a Saragoça, onde foi encarregado de pintar os afrescos convencionais da capela de Nuestra Señora del Pilar, em Saragoça. Este grande trabalho foi executado em espaços durante os dez anos seguintes, até que se incompatibilizou com a Junta da Basílica de Nossa Senhora do Pilar. Casou-se (1773) com a irmã de Francisco Bayeu e, chamado pelo seu cunhado, passou a morar na cidade de Madri (1775). Indicado pelo cunhado, foi encarregado de pintar a primeira série de cartões, de um lote que acabaria em 60 pinturas (1792), para a Real

Fábrica de Tapeçarias de Santa Bárbara, um trabalho dirigido pelo artista alemão Anton Raphael Mengs, um dos expoentes do neoclassicismo e diretor artístico da corte espanhola, com o título de Primeiro Pintor da Câmara. Tornou-se membro da Real Academia de São Fernando de Madrid, sendo admitido com um quadro intitulado Cristo na Cruz, no ano de 1780. Foi então nomeado pintor da corte (1786) por Carlos III, nomeação confirmada por Carlos IV. Pintou O prado de São Isidro (1787). A partir da década seguinte passou a demonstrar suas inclinações realistas (1792) derivando principalmente para o erotismo da imagem. Viajando pela Andaluzia (1792), adoeceu gravemente, só se restabelecendo no ano seguinte, todavia, ficou surdo. Nomeado primeiro pintor da corte (1799) atingiu

o auge do prestígio, e ficou no cargo até quando o trono foi ocupado (1808) por José Bonaparte. Depois de completar sua coleção mais célebre, Os desastres da guerra (1810-1814), na qual o artista rememora as atrocidades das invasões napoleônicas na Espanha, então voltou mais uma vez ao cargo na corte (1814) com Fernando VII, mas a restauração do absolutismo levou-o a isolarse na Quinta del Sordo. Produziu a coleção de gravuras Tauromaquia (1816) mostrando as façanhas e heróis célebres da Plaza de Toros e depois realizou o último dos seus conjuntos de gravuras e o de mais difícil abordagem, Os Disparates de 1819. Em 1824 mudou-se para Bordéus, na França, onde morreu depois de quatro anos. Também ficaram conhecidos os trabalhos Conde de Floridablanca (1783), os quadros oficiais do novo rei, Carlos IV, e rainha, Maria Luísa (1789), Os Caprichos (1797-1799), obra em áqua-tinta com 80 gravuras e dada ao rei em troca de uma pensão para o filho Francisco Xavier, então com 15 anos, O Manicómio (1799), o seu famoso retrato da família real espanhola (18001801) e terminando nos retratos, do marquês de San Adrián (1804) e de Bartilé Sureda (1806), entre outros tantos trabalhos.

Os Disparates, gravura, 1819

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EXPOSIÇÕES

LAIROTIDE EXPOSIÇÃO

por Samuelly Ribeiro

Exposição Mestres da Gravura Estão expostas no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, 171 gravuras de 82 gravadores estrangeiros, do século XV ao XVIII, pertencentes a Coleção da Biblioteca Nacional. A exposição está dividida por ordem cronológica de nascimento dos gravadores e por coleções, são elas, alemã, holandesa, italiana, francesa, flamenga, inglesa, espanhola e portuguesa. Destacando grandes artistas como Giovanni Battista Piranesi (Itália) e Francisco José de Goya y Lucientes (Espanha), entre outros. A mostra está muito bem organizada, há lupas para que se possa ver detalhes das gravuras, mesmo daquelas que são bem pequenas; há explicações das técnicas, como a gravura à buril; há música ambiente, tudo contribuindo para que o público aproveite a exposição. As gravuras são originais, 27 gravuras foram restauradas para mostra e as 171 peças passaram por processo de limpeza. Curadoria de Fernanda Terra. Informações: Exposição Mestres da Gravura na Coleção da Biblioteca Nacional Período: de 28 de julho a 18 de setembro de 2011 ter. a dom. das 12h às 19h – Entrada Franca Local: Centro Cultural Correios Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro do Rio de Janeiro-RJ

Carceri d´invenzione, 1749-1750, Gravura, Piranesi

ESTUÁRIO - xilogravuras entre a Serra e o Mar A exposição compreende a produção do artista plástico Fabrício Lopez durante a realização do projeto Estuário - xilogravuras entre a Serra e o Mar, com apoio do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura. À partir de percursos náuticos com caiaque pelos rios do estuário da baixada santista, os registros em desenho, foto e vídeo serviram como estrutura para elaboração das xilogravuras em pequeno e grande formato. As xilogravuras em grande formato serão aplicadas diretamente sobre as paredes da galeria. abertura 18 de outubro, terça-feira, 19/22hs de 18 de outubro a 19 de novembro de 2011. galeria Gravura Brasileira segunda a sexta-feira: 10/18hs e sábado: 11/13hs

Estuário, xilogravura, 2011

GRAVURA BRASILEIRA rua Dr. Franco da Rocha, 61 f.11.3624.0301 e 3624.9193 www.gravurabrasileira.com

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EDITORIAL TÉCNICAS

Tipos de

por Samuelly Ribeiro

A gravura em Metal é uma das mais antigas, temos Obras nesta técnica, produzidas por vários gênios da Renascença, como Albert Dürer por exemplo, datando de 1500 d.C. A técnica do Metal consiste na “gravação” de uma imagem sobre uma chapa de cobre. Os meios de obter a imagem sobre a chapa são muitos, pois cada artista desenvolve seu procedimento pessoal. De um modo geral, o artista faz o desenho por meio de uma ponta seca - um instrumento de metal semelhante a uma grande agulha que serve de “caneta ou lápis”. A ponta seca risca a chapa, que tem a superfície polida, e esses traços formam sulcos, micro concavidades, de modo a reterem a tinta, que será transferida através de uma grande pressão, imprimindo assim, a imagem no papel. Esta não é a única forma de trabalhar com o Metal, mas é um procedimento muito usual para os gravadores. Além de ferir a chapa de cobre com a ponta seca, obtendo o desenho, a chapa também pode receber banhos de ácido, que provocam corrosão em sua superfície, criando assim outro tipo de concavidades, e consequentemente, efeitos visuais. Desta forma o artista obtém gradações de tom e uma infinidade de texturas visuais. Consegue-se assim uma gama de tons que vai do mais claro, até o mais profundo escuro. Os dois procedimentos, a ponta seca e os banhos de ácido, são usados em conjunto, e além destes, ainda há outros mais sofisticados, mas que exigem longas explicações, pois envolvem a descrição de operações muito complexas. A ponta seca é o instrumento mais comum, mas existem vários outros para gravar o cobre, cada qual conferindo um possibilidade diferente ao artista.

gravura em metal

O termo “gravura” é muito conhecido pela maioria das pessoas, no entanto, as várias modalidades que constituem esse gênero de arte, costumam confundir-se entre si, ou com outras formas de reprodução gráfica de imagens. De um modo geral, chama-se “gravura” o múltiplo de uma obra reproduzida manualmente. Um processo inteiramente artesanal, desde a confecção da matriz, até o resultado final da imagem impressa no papel, no qual a mão do artista está em contato com a obra em todo momento. Cada imagem reproduzida desta forma, é única em si, independentemente de suas cópias. O fato de ocorrer a reprodução da mesma imagem, nada tem a ver com a questão de sua originalidade. Ao contrário disso, a arte da gravura está justamente na perícia da reprodução da imagem, na fidelidade entre as cópias, este é um dos fatores que distinguem o artista “gravador”. Existem vários tipos de gravura, ou, técnicas distintas de reproduzir uma Obra. As mais utilizadas pelos artistas são: a gravura em Metal, a Litografia, a Xilografia, o Linóleo e a Serigrafia.

Gravura

linóleo

Esta técnica assemelha-se ao entalhe da Xilogravura, no entanto, ao invés de madeira, a matriz é de material sintético - placas de borracha, chamadas “linóleo”. Igualmente a “Xilo”, a placa de linóleo receberá a tinta que ficará nas partes em alto relevo, e sobre pressão será transferida para o papel. Esta técnica é mais recente do que a Xilogravura devido ao material de sua matriz, e foi muito utilizada pelos artistas modernos, como Picasso por exemplo.

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A Serigrafia é a modalidade mais recente das técnicas apresentadas até então. É um meio de impressão muito comum na utilização comercial, servindo para uma larga aplicação, seja em tecidos, plásticos, vidro, cerâmica, madeira ou metal. Quando se trata de uma Obra de Arte no entanto, a Serigrafia se sofistica e recebe tratamento diferenciado em todo seu processo, tanto quanto nas tintas usadas, como também no número de impressões que formam a imagem, ganhando assim qualidade, mais distanciando-se da aplicação comercial em larga escala. O processo de gravação consiste em transferir a imagem desenhada para uma “tela de nylon”. O desenho pode ser feito com tinta opaca (nanquim) em material transparente (acetato ou papel vegetal), obtendo-se o “filme” que servirá para gravar a tela (matriz). Em resumo, o filme desenhado é posto sobre a tela de nylon, que recebeu uma fina camada de líquido (emulsão) sensível à luz. Dentro de uma caixa escura, a tela de nylon com o desenho são expostos a luz muito forte. Passado alguns minutos a emulsão que recebeu a luz seca e adere ao nylon, e a que ficou protegida pelo desenho é retirada com água. O resultado é uma espécie de “peneira”, digamos assim, sendo que a parte desenhada esta livre para a passagem da tinta e o restante está vedado pela emulsão.

serigrafia

litografia

A Xilografia consiste numa matriz em alto relevo produzida em madeira. A imagem é gravada através de goivas, formões e pontas cortantes. O artista “entalha” seu desenho na madeira, ao modo de um escultor, mas tem em mente que essa matriz não é a Obra, e sim o meio para alcançá-la. Depois disso, a matriz recebe a tinta e vai para a prensa com o papel. Há também a impressão com as costas de uma colher. Esta técnica exige grande habilidade do artista e permite a obtenção de detalhes que a prensa não consegue alcançar.

xilografia

Desta vez, a matriz a partir da qual se reproduzem as cópias é uma pedra, que é igualmente polida, como o cobre, e que também receberá banhos corrosivos que criarão micro sulcos para reter a tinta que será impressa no papel. O processo de gravação na pedra litográfica se dá primeiramente através da utilização de material oleoso, com o qual se elabora a imagem. Este material pode ter várias formas diferentes. Existem como “lápis litográficos”; “barrinhas”, como o giz de cera comum com os quais se desenha na pedra; e tintas à base de óleo que também gravam a pedra, usando-se o pincel, como uma espécie de nanquim. O desenho feito na pedra é sempre em preto, as cores só vão surgir na hora de imprimir a imagem no papel. Temos, portanto, em síntese, que a pedra litográfica é sensível à gordura, e que a imagem produzida, pode ser obtida através de inúmeras formas conforme os materiais citados. O que permite uma vasta diferenciação entre as técnicas de cada artista, conferindo assim, sempre efeitos muito pessoais na criação. Além de “gravar” a pedra com “gordura”, é preciso que o artista isole as áreas que ficaram “em branco”, ou seja, que continuam sem desenho. Isto se faz com uma goma, “lacrando” a pedra para o processo de corrosão. Somente as áreas desenhadas sofrerão o ataque corrosivo, de modo a criar micro concavidades para a receber a tinta, as demais continuarão “em branco” e estarão sempre molhadas durante a impressão. A tinta também é oleosa, por isso só adere aonde está o desenho, nas área “em branco” sofre a ação repelente da água. A tinta é transferida para a pedra já “processada” usando-se um rolo de borracha, semelhante ao rolo de esticar massas. Apenas uma fina camada de tinta é suficiente para imprimir a imagem no papel.

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EDITORIAL ENTREVISTA

O Espelho da Ideia Original Com

Rubem Grilo por Michael France e Giulliano Kenzo

Rubem Grilo começou a gravar em 1971, mas tudo o que fez durante aquele primeiro ano cerca de trezentas gravuras ele o destruiu. Sua obra mesmo, segundo ele em conversa que tivemos que você poderá conferir a seguir, co-meça em 1972, porque foi a partir do dia em que passou a fazer ilustrações para jornal que sua gravura tomou o rumo certo. É que, então, passou a criar dentro dos limites impostos pelos temas que lhe eram dados e pelo público a que se dirigia. Esse compromisso com a impressa dura até 1984, quando ter-minou a ditadura militar e, então Grilo considerou que não havia mais razões para trabalhar como ilustrador de temas jornalísticos. Assim começa uma nova fase de seu trabalho, que já àquela altura se definira como um modo muito pessoal de expressar-se através da xilo.


O Espelho da Ideia Original O Espelho da Ideia Original Nós, da revista Gravura estivemos com o artista Rubem Grillo horas. Com o tempo, o desenho em um entrevista especial, que disponibilizamos aqui para preparatório foi ficando mais detalhado e a gravação mais lenta. nossos leitores. Gravura - Quando o senhor começou a desenvolver o interesse por gravuras? Grillo - “No período estudantil fui preso duas vezes por razões políticas e, ao me formar em agronomia em 1969, não consegui me inserir no mer-cado de trabalho, devido às restrições do período militar. Vivi um pro-fundo impasse existencial e o desenho surgiu como uma atitude de superação. Minha escolha era a escultura. A xilogravura, por conciliar, no seu uso, tanto o desenho como a gravação, se tornou, para mim, uma técnica de aprimoramento. “ Gravura - O senhor trabalha com alguma outra técnica, além da xilogravura? Grillo - “Meu principal trabalho permanece sendo feito com o emprego desta técnica. Não sei explicar o que leva a gente a se concentrar num pon-to quando tudo ao redor se torna volátil. Foi uma opção para dentro de mim. Por isto tem durado tanto. Não considerei ser a xilogravura um meio restritivo, que me confinasse, impedindo a possibilidade da experiência. Se a técnica foi usada como um modo de me exercitar, de corrigir minhas deficiências, me preparando para um estágio de amadurecimento, mesmo assim, durante todo este tempo, encontrei vivo interesse no seu uso. A identificação com a técnica se explica pelo envolvimento manual na gravação, pelo método de trabalho em etapas e na elaboração do trabalho até o estágio final da impressão.”

Gravura - O senhor já se inspirou em algum outro artista? Grillo - “A xilogravura brasileira tem duas fontes que influenciam o conjunto de nossa produção: o expressionismo europeu e a xilogravura popular, marcadamente a nordestina. A figura forte do nosso expressionismo, na xilogravura, é Oswaldo Goeldi. Quando iniciei o meu trabalho, na-quele momento, foi necessário entender os conceitos envolvidos na obra deste artista, como paradigma da própria técnica.” Gravura - Como o senhor desenvolve seu trabalho no dia-a-dia? Grillo - “Meu dia se organiza pela rotina de meu trabalho como artista. Consi-dero o desenho a base do meu trabalho, embora eu os faça pouco em papel. Eu desenho diretamente na placa de madeira e após o entita-mento os registros somem. Há dois anos, tenho me dedicado ao uso de colagens, o que me exercita a síntese e a cor. No desenho sobres-sai a linha, na colagem é o plano. No desenho parto do detalhe para a síntese, na colagem é o inverso. O contraponto e a ambigüidade são estimulantes, evitam a cristalização das certezas e abrem comparações internas que enriquecem as possibilidades do processo.” Gravura - Quanto tempo geralmente o senhor gasta para concluir uma obra? Grillo - “Minhas primeiras obras eram realizadas de modo espontâneo, sendo definidas no desbaste da placa, durante poucas

Uma obra de 20 X 30 cm, eu demoro em média 100 horas para realizá-la. Não se trata de um tempo mecânico de trabalho. Envolve a observação em câmara lenta do que está sendo realizado. É o tempo da interação com a imagem.” Gravura - Durante quanto tempo o senhor colaborou em jornais? E como isso influen-ciou na sua carreira? Grillo - “Entre 1973 a 1985 publiquei xilogravuras em vários jornais, como Opinião, Mo-vimento, Folha de São Paulo, Pasquim, Jornal do Brasil, Retrato do Brasil, en-tre outros. Considero esta experiência como determinante no meu trabalho. A diversidade dos temas ilustrados fez com que me abrisse para várias direções. A disciplina do trabalho e a busca de precisão gráfica, como a rotina de criação e a solução visual, tornaram-se inseparáveis para a continuidade do processo. Os jornais, sendo veículos de comunicação, têm uma função social implícita. Neste aspecto, a circulação da obra rompe os limites do sistema de arte e atua diretamente nos leitores, atingindo um espectro difuso, porém, verdadeiro. No período da ditadura, tornou-se o contraponto ao silêncio e a censura, e serviu, para mim, como uma resposta ao sentido de minha opção. Foi a minha escola. Avalio que a influência significativa, resultante desta experiência, foi compreender a importância do humor crítico, entre os ingredientes da criação. “ 13


O Espelho da Ideia Original O Espelho da Ideia Original Gravura - Como o senhor avalia o mercado de arte no país? Grillo - “O mercado se impõe como o meio onde criam consistência dois motivos subje-tivos: a necessidade individual de se expressar e, a outra, a forma como a em-patia de algo realizado atinge uma pessoa. Em nossa sociedade, o mercado constitui-se numa referência determinante. A crise da gravura se explica nesta relação, que como objeto inclui menor expectativa de agregar valor como uma alternativa de investimento financeiro. Quando iniciei, na década de 70, o mer-cado não era tão forte e não pautava as razões de nossas escolhas. Por isto, fazer xilogravura não continha as mesmas restrições que existem no momento. Para mim, foi uma opção desinteressada baseada no envolvimento emocional.” Gravura - Os seus trabalhos possuem um foco em comum, ou estão abertos a mudanças? Grillo - “Mudar faz parte do nosso programa de trabalho. Somos dependentes de uma sociedade sobrecarregada pela ânsia do novo. A experiência criativa se torna um aprendizado constante e temporal que ganha significado pela sedimenta-ção de tentativas. No entanto, olhando em retrospecto, buscamos verificar a continuidade e a coerência no âmago dessas mudanças, como se fosse possível prever de antemão tudo o que aconteceu e a obra estivesse construída a partir de um plano unitário pré-determinado. O fato é que o processo, por mais que se prolongue, continua num estágio permanente de insuficiência.” 14

Gravura - Como surgiu o interesse de inserir sua obra na imprensa? Grillo - “A xilogravura, em sua origem, surge como meio de reprodução de imagens e textos. Por isto, considerei ser uma alternativa inserir meu trabalho em veículos impressos de comunicação, por se tratar de obras com afinidade gráfica, po-tencializando-a pela circulação. Neste universo de espelhos, a xilogravura re-produzida no jornal torna-se o impresso do impresso, onde o sentido original de objeto se perde, em favor de sua função pública, enquanto imagem, como a semente que se lança ao vento.”

Tulipa Negra, 2009, colagem

Imago, 2009, xilogravura

Figura estruturada, 2001, xilogravura


O Espelho da Ideia Original O Espelho da Ideia Original Gravura - Qual conselho o senhor poderia dar a artistas que estão começando a de-senvolver um trabalho agora? Grillo - “Ainda me sinto no estágio de ouvir, sem autoridade para ensinamentos. A úni-ca coisa que penso, e afirmo isto para mim, é que qualquer gesto deve ser mo-tivado por algo que nos desafia e temos de nos lançar, neste desafio, com a mesma determinação de alguém que salta no abismo.” Grvaura - O senhor percebe alguma influência cultural em suas obras? Grillo - Temos a sorte de pertencer a um momento em que o acesso à informação faz parte de nossa

rotina. O volume disponível de dados supera a capacidade de assimilação. Mas, diante do desafio da criação, se percebe que existe uma au-sência a ser preenchida. A obra se desenvolve na solidão do ambiente de tra-balho. Há o sentimento de orfandade do m do mundo. O trabalho surge de uma página em branco, de um espaço a ser ocupado pela subjetividade. Na ação, de forma inconsciente, encontram-se presentes as coisas que vi, que me impregnaram e que me comoveram. Como um filtro, tudo o que foi vivido faz parte do que se aflora na obra. Nas coisas que penso e sonho estão as minhas vivências.

Sem isto, minha obra, que é resíduo de nossa cultura, perde perderia a chance de alcançar o outro e, com isto, o seu próprio sentido.

Extase, 2010, xilogravura

Cubo, 2009, desenho e gravacao sobre madeira

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EDITORIAL MÍDIAS

Sugestões

de leitura por Samuelly Ribeiro

Para você que quer ler livros a fim de entender melhor sobre a história da gravura, suas técnicas e artistas; e precisa de dicas de leitura, aqui está uma lista de indicações dos melhores livros. Nela, você encontra alguns dos livros mais vendidos, que você pode comprar e ler em casa ou ainda procurar se estão disponíveis para download.

Imagem Gravada, A: A Gravura no Rio de Janeiro Entre 1808 e 1853 Renata Santos, 2008

Uma narrativa histórica e ilustrada do desenvolvimento da gravura, em suas varias técnicas, promovido pela chegada da Corte Joanina ao Rio de Janeiro e o uso político e artístico da imagem gravada no período de formação da identidade e independência brasileiras.

Maria Bonomi - Da Gravura à Arte Dividido em três partes distintas, este livro documenta a produção Pública Maria Bononi e Mayra Laudanna,2007

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da artista plástica Maria Bonomi, desde seu início nos anos de 1950 até os dias atuais. A primeira parte reproduz integralmente a tese de doutorado de Maria Bonomi. A segunda é composta por textos escritos pela artista, trechos de sua correspondência com outros artistas e agentes de cultura e entrevistas que concedeu. Na terceira e última parte, Mayra Laudanna apresenta uma biografia da artista na forma de ensaio em que se destacam aspectos relevantes da atividade de Bonomi, partilhada entre gravuras, esculturas, painéis, instalações, cenários e figurinos para peças teatrais, capas e ilustrações para livros etc.

Oficinas: Gravura

Elias Fajardo, Felipe Sussekind e Marcos do Vale, 1999 ‘Gravura’ faz parte de um projeto maior, chamado Oficinas, cujo objetivo é incentivar o desenvolvimento da habilidade pessoal, na área da produção artesanal, como uma possibilidade efetiva de trabalho. Mais do que um simples manual de artesanato, o livro conta como a técnica surgiu e sua evolução através da História, traçando um panorama dos movimentos mais significativos e seus principais nomes. Apresenta ainda uma descrição das diferentes técnicas e informações sobre os materiais utilizados, recursos necessários para montagem de ateliês, com indicação de equipamentos e materiais básicos. Além das técnicas, o livro traz reproduções de gravuras de diversos e consagrados artistas do Brasil e do mundo, e o depoimento de três destacados gravuristas brasileiros - Fayga Ostrower, Rubem Grilo e Adyr Botelho.



R BIOGRAFIA

embrandt e as ilusões da luz

Rembrandt Harrnenszoon Van Rijin, pintor e gravador holandês, nasceu no dia 15 de julho 1606, em Leyden. Famoso e rico aos trinta anos, morreu incompreendido e na miséria aos 63. Dono de um moinho à beira do rio Reno, seu pai, Harmen Gerritzt, foi um homem pobre. Em casa, todos moíam o grão, só o quinto filho gostava mais de pintar do que moer e não queria deixar a escola. Fazendo sacrifícios, o pai matriculou Rembrandt na Universidade de Leyden, mas não conseguiu mantê-lo ali por mais que nove meses, e aos quinze anos Rembrandt larga a universidade, mas Van Swanenburgh não permite que largue a pintura. Jacob Isaaksz van Swanenburgh ensina as técnicas básicas, o preparo das tintas, a montagem das telas e a disciplina do desenho. Em 1623 Rembrandt vai para Amsterdam. Passa quase quatro anos freqüentando o atelier do pintor romanista Pieter Lastman, sua primeira grande influência, que desenvolveu no aluno o gosto pelos efeitos violentos e dramáticos. Em 1627 Rembrandt volta a Leyden e instala seu próprio atelier, com Jan Lievens. No ano seguinte chama Gerard Dou-um menino de catorze anos -para trabalhar com eles. As primeiras águas-fortes são desta época. Rembrandt resolve instalar-se em Amsterdam, em 1631. Um ano depois já é pintor famoso, um dos mais caros e procurados da cidade. 18

por Giulliano Kenzo

O ano de 1634 é importantíssimo na vida do pintor. Neste ano atinge o auge da fama e prosperidade, e no mesmo ano casa-se com Saskia van Uylenburgh. Instalam-se numa enorme casa na Jodenbreestraat. Seu ateliê é um dos maiores e mais famosos da Europa. Essa tranqüilidade é perturbada pela morte precoce dos filhos que teve com Saskia. De quatro, três falecem antes de um ano; apenas o quarto, Tito, atingirá a idade adulta. Por fim, em 1642, morre-lhe a esposa, Saskia. 1642: ano do primeiro fracasso. Um quadro que fizera por encomenda é recusado pelo capitão Frans Bonninck Cocs. Os debates prejudicam Rembrandt, que é acusado de pintar o que lhe agradasse. Os clientes queriam retratos, e não críticas, imagens do rosto e do corpo e não análises de suas almas. Rembrandt retratava o que queria, o que ele via e sentia. No entanto, de tempos em tempos, Rembrandt sentava-se Bidiante do espelho e - num exercício de estilo e investigação - retratava-se, procurando nos olhos e na boca o sinal do tempo, da paixão, da vida. E as dificuldades aumentam. É exatamente sua capacidade de retratar por completo os clientes que faz com que eles se afastem, te-

merosos de terem em casa ou no escritório uma crítica emoldurada. Assim, no decorrer do tempo, perdeu a clientela; e, não havendo outro campo para um pintor, começou sua desgraça, que duraria centenas de anos. Por séculos afora, Rembrandt é relegado a um esquecimento incompreensível, desprezado, considerado pintor menor, pintor de moda. E m 1645 toma como criada uma jovem, Hendrickje Stoffels, que passa a ser seu modelo e sua amante. Vive com ela muitos anos, mas não se casa: uma cláusula no tes-


tamento de Saskia prevê que ele perderia tudo que ganhou pelo matrimônio, se casasse de novo. E é justamente o dote da mulher que o sustenta, nesses anos de esquecimento. Em dezembro de 1657 Rembrandt está arruinado. Em 1663 morre a sua companheira. Embora sozinho e esquecido, continua a pintar. Em 1668 morre Tito, um mês depois de Rembrandt ter terrninado A Família de Tito. Sozinho, miserável, Rembrandt vive apenas mais

um ano. Seu último Auto-Retrato é a mais extraordinária, penetrante e impiedosa análise que um pintor fez de si mesmo. Morre aos 63 anos, no dia 4 de outubro de 1669. No cavalete, deixou o último quadro, que não conseguiu terminar. Mostrava seu quarto: uma cama simples, uma cadeira quebrada, um espelho sem moldura, uma mesa rústica Hoje, após três séculos, é considerado um dos maiores pintores de todos os tempos.

São Jerônimo em Oração, água forte

Jupiter and Antiope, gravura, 1631

São Jerónimo, gravura, 1648

Johannes Lutma, gravura, 1656

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Rembrandt com Bigode e Barba Pequena, gravura, 1631

As RuĂ­nas, gravura sobre papel, 1645

As trĂŞs cruzes, gravura, 1653

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Mendigo com perna de pau, gravura, 1630


EDITORIAL ARTIGO

a História Porque subestimou a gravura por Giulliano Kenzo

Nem sempre a gravura recebeu da historiografia brasileira o tratamento que lhe conferisse igualdade de posição com as artes consideradas nobres e tradicionais, como a escultura ou a pintura. Ainda assim, o Brasil conseguiu concentrar grandes gravadores. Entender o processo que levou o país a concentrar, principalmente, na metade do século XX, grandes gravadores como Goeldi, Livio Abramo, Marcelo Grassmann, Fayga Ostrower, Iberê Camargo, e tantos outros é fazer um exercício de revisão da arte brasileira. O quanto essa visão prejudicou o desenvolvimento da gravura no Brasil é difícil de avaliar, mas o certo é que grandes nomes como os já citados, construíram ao longo de dezenas de anos uma tradição de qualidade inquestionável comprovando o poder da gravura como linguagem artística expressiva e independente. A criação de gabinetes de gravuras, particulares e públicas, de galerias especializadas, e o empe-

Iberê Camargo - Auto-retrato, gravura, 1943

nho de museólogos, curadores, artistas, editores, críticos e pesquisadores de arte, sobretudo, tem dado maior visibilidade a essa produção. Desde o início do ano, museus, galerias e institutos de São Paulo vêm promovendo inúmeras mostras com alguns dos principais gravadores do país e contribuindo para diminuir a distância entre o público e o maravilhoso universo da gravura. Por meio de um projeto de recuperação de matrizes de gravuras, pertencentes à artista Anita Malfatti ( 1889-1964), o IEB (Instituto de Estudos Brasileiros) revelou através da mostra Anita Malfatti Gravadora: uma recuperação uma produção pouco conhecida pelo público em geral. Os trabalhos de Livio Abramo (1903-1992) estiveram durante três meses no Instituto Tomie Ohtake, na mostra Livio Abramo, Sempre exibindo algumas gravuras inéditas. Centenas de visitantes, incluindo o público estudantil de São Paulo e de outras cidades

Oswaldo Goeldi - Floresta, xilogravura, 1937

do Interior tiveram, pela primeira vez, contato com trabalhos feitos em gravuras e maravilharam-se com o virtuosismo expressivo de Livio Abramo. No Instituto Moreira Salles, em Higienópolis, e na Galeria Unibanco Arpflex, na Bela Vista, Marcelo Grassmann recebe uma justa homenagem aos seus 80 anos de vida e 60 como gravador, com duas mostras de suas gravuras e seus desenhos. No Museu Lasar Segall, a exposição Gravuras de Segall: processos poéticos revela a preocupação dos curadores em mostrar os caminhos da criação percorridos pelo artista na produção de seus trabalhos em gravura. E para completar, 92 trabalhos de Picasso, dentre os quais Jacqueline aux chaveaux flous, foram trazidas pelo Circuito Cultural Banco do Brasil, da Itália, para uma mostra itinerante denominada Picasso: Paixão e Erotismo que já percorre o Brasil afora desde o mês de abril.

Marcelo Grassmann - Peixes, gravura, década de 60

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AIFAATUAIS RGOIB OBRAS

A gravura brasileira atual está repleta de artistas geniais, que trabalharam pesado para demonstrar seu potencial. SWuas obras são complexas e cheias de conceito, e estão surpreendendo críticos e colecionadores do mundo inteiro. Para que vocês entendam do que estamos falando, a Gravura separou um conteúdo especial sobre dois desses artistas, e está disponibilizando para vocês.

Sobre os artistas por Michael France

Altina Felício - Atualmente Altina freqüenta o ateliê de gravura em metal de Evandro Carlos Jardim no SESC Pompéia, em São Paulo. Participou de numerosos salões de arte, entre os quais os de Jundiaí, SP (1979); São José do Rio Preto, SP (1985); Piracicaba, SP (1985 - Prêmio Aquisição); Santo André, SP (1986); Sorocaba, SP (1987); Piracicaba, SP (2007 - Premio Aquisição); São Bernardo do Campo, SP (2007 - Prêmio Aquisição). Participou ainda do I Salão da Aquarela da FASM, SP (1988-premiada); da I Quadrienal Internacional da Aquarela, FASM (2003-premiada); da III Bienal da Gravura no Museu Olho Latino, Atibaia, SP (2007); da VIII International Grafic Art Biennale (2007), Sérvia; e do Salão de Pequenos Formatos, Belém, Pará (2009).

Tortuga, Paris, serigrafia, 56x76cm/41,8x55cm, edição 23,2007 Serigrafia, 56x76cm

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Da série Olhos D´Agua, ponta seca sobre aquarela, Técnica Mista, 40cmx30cm

Ballena, Almeria, serigrafia, 76x56cm/55x41,8cm, edição 23,2009 Serigrafia, 76x56cm

Da série Olhos D´Agua, ponta seca sobre aquarela, Técnica Mista, 40cmx30cm

Ibrahim Miranda Ramos (Pinar del Rio, Cuba, 06 de julho de 1969) Ibrahim Miranda, gravador, pintor e professor, é um dos mais requisitados artistas cubanos. Com a poesia inspirada em "islandness" como um conceito com todas as conotações temáticas e psicologia implica, Miranda reinterpreta a sua visão desta ilha, expandindo suas fronteiras e limites físicos de modo a torná-lo universal. Ícones tão sugestivos como o jacaré, o índio dormindo, o refazer da história como uma forma de conhecer a nós mesmos interior, nos faz refletir sobre nossas origens e do seu valor, a geografia que cada um de nós carrega onde quer que vamos e nos define como seres humanos .


CLEBER ALEXSANDER Bacharelado e Licenciatura no curso de História da USP. Cursos: Ateliê de Gravura em Metal ministrado por Evandro Carlos Jardim. Sesc Pompéia. Curso de Extensão Universitária na modalidade: Práticas de Ateliê em Metal. Ministrado por António Albuquerque. ECA-USP. Exposições coletivas: 5º Bienal Internacional de Gravura de Santo André. De 18 de novembro até 29 de janeiro de 2011. Luzes e Sombras Arte sobre Papel. Parque da Água Branca, São Paulo. De 15 de setembro até 13 de outubro de 2009. Paisagens Gráficas. Museu Florestal “Octavio Vecchi”, São Paulo. De 25 de outubro até 29 de novembro de 2009 A Linha Revelada. Galeria Polytheama. Jundiaí. De 12 a 27 de setembro de 2009. Intervenção Coletiva no parque da Água Branca. De 18 de abril até 21 de maio. Exposições Individuais: O Movimento Estático da Cor. Parque da Água Branca, São Paulo. De 30 de março até 25 de maio de 2010. Prêmios: Prêmio Cidade de Santo André. 5º Bienal Internacional de Gravura de Santo André. Próxima exposição: Cor: A Expressão Rítmica do Movimento. Galeria Polytheama, Jundiaí. De 24 de março até 17 de abril de 2011. Trabalhos Coletivos: Projeto “Entre La Havana e São Paulo” com artistas do Taller Experimental de Gráfica de Cuba.

sem título (vermelho), xilogravura em 3 cores sobre papel japonês, 2009 Xilogravura, 83cm x124cm

sem título, xilogravura em 3 cores sobre papel japonês, 2011 Xilogravura, 83cm x93cm

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Artistas Nacionais

BIOGRAFIA NACIONAL

por Gabriel Kroeff

Lívio Abramo nasceu em Araraquara, no interior de São Paulo, em 1903. Filhos de pais italianos, Lívio cresceu em um ambiente especial e tornou-se um artista cujas contribuições foram importantes para o ambiente cultural brasileiro. Foi um gravador, desenhista e pintor brasileiro de renome internacional. Realizou suas primeiras gravuras em 1926 quando, bastante influenciado pelos temas

humanos e sociais do expressionismo europeu, introduz no Brasil a gravura moderna. Viajou para a Europa com o prêmio de viagem do Salão Nacional de Arte Moderna de 1950, onde conheceu o não-figurativismo, que traduziu para uma linguagem pessoal. Neto do anarquista italiano Bortolo Scarmagnan, é parte de uma família muito influente na arte, na imprensa e na política brasileira.

Lívio Abrano, Operário, 1935

Mestre Noza nasceu em Pernambuco, em 1897. Em 1912 foi a pé, como romeiro, da cidade Quipapá até Juazeiro do Norte, no Ceará, onde trabalhou como funileiro e, em seguida, numa oficina de rótulos. Aprendeu a fazer cabos de revólver e, atendendo a pedidos de romeiros, começou a fazer pequenas esculturas de santos. Na década de quarenta do século XX, começou a fazer capas de madeira para ilustrar folhetos de

cordel. Nascia o xilógrafo Mestre Noza. Em 1961 participou da primeira exposição em Paris. Em 1965 seu álbum Via Sacra foi editado em Paris e obteve excelente recepção. Noza se tornou conhecido como escultor, artesão, xilógrafo, santeiro, imaginário. Seus trabalhos participaram de diversas exposições no Brasil. Algumas xilogravuras de Mestre Noza fazem parte do Museu de Arte do Ceará e do Instituto de Estudos

Brasileiros da USP. Mestre Noza morreu em São Paulo no dia 21 de dezembro de 1983, de parada cardiorrespiratória.

no Rio Grande do Sul, na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria, com Parlagreco e Frederico Lobe. Já em Porto Alegre estudou pintura com João Fahrion. Em 1942 ele chegou ao Rio de Janeiro, onde cursou a Escola Nacional de Belas Artes. Mas, insatisfeito com Iberê Camardo, Estrutura em movimento 5, 1962 a metodologia ali adotada, juntou-se a outros artistas e com seu Iberê Camardo nasceu em Resprofessor de gravura, Guignard, tinga Seca e falecido em Porto para fundar o Grupo Guignard. Alegre. Pintor, desenhista e graEm 1953 tornou-se professor de vador. Iniciou seus estudos ainda gravura no Instituto de Belas Ar-

tes do Rio de Janeiro, lecionando mais tarde essa técnica em seu próprio ateliê ou em permanências mais ou menos longas em Porto Alegre e em outras cidades, inclusive do exterior. Embora tenha estudado com figuras marcantes representativas de variadas correntes estéticas, não se pode afirmar que tenha se filiado a alguma. Suas obras estiveram presentes, e sempre reapresentadas, em grandes exposições pelo mundo inteiro.

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Rubem Grilo, Bad boy, 1998


Artistas Internacionais

AMUNDO IFARGOIB

por Gabriel Kroeff

Matilde Pérez Cerda nasceu em Santiago, Chile, em 1920 e hoje, aos 91 anos, continua trabalhando. É a principal expoente da arte cinética no Chile. Começou sua formação artística em 1938, quando teve aulas com Peter Reszka. Em 1939 ingressou na Escola de Belas Artes, onde recebeu os ensinamentos dos mestres Pablo Caballero Burchard e Jorge. Começou como pintora figurativa, intensificando a sua participação nas artes na década

de 40. Mais tarde, ela aprendeu as técnicas da pintura mural com Laureano Guevara, uma especialidade que despertou o seu interesse na simplificação das formas. Matilde enfocava efeitos visuais com cores e formas abstratas e geométricas para criar a ilusão de movimento. A partir de 1970 incorporava em suas obras a eletricidade proporcionando o movimento real por peças e fontes de luz. De 1970 a 1972 foi contratada pela Universidade do Chile para continuar suas pesquisas e seus estudos da arte cinética, em Paris. Em 1974 foi nomeada professora

Renascimento espiritual, 1971

Alda Maria Armagni, gravadora de renome internacional, Alda Armagni recebeu dezenas de prêmios, como o “Prêmio Aquisição” do Museu de Arte Moderna de Nova Yorque -USA- (1961). Participou, entre outras, da I Bienal Internacional de Arte, Paris (França), da II, III, IV e V Bienal de Gra-

Ramon Carulla nascido em 1938, autodidata, recebeu premiações na 6ª Bienal de San Juan Del Grabado Latinoamericano, Porto Rico, (1983), no Fourth Annual Pan American Art Exhibition, Miami, Florida, USA, (1972 / 73) e em muitos outros eventos. Foi agraciado com o prêmio “Melhor Artista”, outorgado em 1965 pelo Ministério de Obras Públicas de Cuba. Suas obras estão espalhadas em significativos acervos, tais

como: Museu de Arte Contemporânea de São Paulo; Museu de Arte Moderna da América Latina em Washington, EUA; Museu Tamayo no México e Fundação Juan Miró, Barcelona, Espanha. Suas gravuras, tanto as litografias como as calcográficas, mostram uma figuração expressiva, aliando pitadas do grotesco a muita ingenuidade, conseguindo com mestria mostrar o âmago das situações criadas.

Noite de Verão, 1978

pesquisadora da Arquitectura de la Universidad de Chile. No ano seguinte formou o Centro de Investigaciones Cinéticas en la Escuela de Diseño de la Universidad de Chile. Em 1984 foi professora de pintura do Instituto Cultural de Providencia. vura Latino-Americana de Porto Rico, da IV e V Bienais de Arte Moderna de São Paulo. Suas obras figuram em importantes acervos, como o Museu de Arte Moderna de Tóquio (Japão), Biblioteca Nacional de Paris (França) e Castelo Sforzesco em Milão (Itália).

Noite Promenade, 1978

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Cursos

CursosDisponíveis por Gabriel Kroeff

Para você que está em busca de curos profissionalizantes, a Revista Gravura, trará em todas as suas edições, uma lista com os melhores e mais atualizados cursos do mercado. Secetraria da Cultura do Estado e Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura - Objetivo: Uma oportunidade para atualizar técnicas e conceitos, compartilhar idéias e vivenciar novas experiências. - Carga horária: 5 horas - Preço : Gratuito - Contato: (21) 2598-1653, cursos@sce.gov.br

APECV- Associação Professores Expressão e Comunicação Visual - Objetivo: Introdução de técnicas de impressão a partir de matrizes tais como a gravura, o linóleo e a monotipia. - Carga horária: 25 horas - Preço: 200 reais - Contato: (11) 2332-6617, centrodeformacao@apecv.pt

Centro Pintar - Objetivo: Desenvolver técnicas de Gravura para estimular a criatividade e desenho. - Carga horária: 3 horas - Preço: 50 reais - Contato: (11) 3673-0099, pintar@pintar.com.br

Escola de Belas Artes / UFRJ - Objetivo: Conhecer os diferentes procedimentos técnicos da gravura. - Carga horária: 20 horas - Preço: 80 reais - Contato: (21) 2598-1638, eba@eba.ufrj.br

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28/11 a 2/11

14/11 a 25/11

12/12 a 16/12

19/12 a 23/12




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