Grafico Amador

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Lúcia Gaspar bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco

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O Gráfico Amador foi fundado em maio de 1954, por um grupo de intelectuais criativos formado por Aloisio Magalhães, Gastão de Holanda, José Laurênio de Melo e Orlando da Costa Ferreira, com o objetivo de publicar pequenos textos literários, principalmente poesia, em tiragens artesanais limitadas. Era uma oficina experimental de artes gráficas, que se iniciou com uma antiga prensa manual e uma velha fonte de tipos, adquiridos por seus fundadores pela quantia de dez mil cruzeiros. Esse grupo de intelectuais teve sua importância extrapolada, não apenas para a história do design, mas também da intelectualidade do Recife dos anos de 1950. Através desse seu empreendimento foram impressos livros de jovens intelectuais que se viam excluídos do mercado editorial brasileiro, tendo inclusive o apoio da Le Corbusier Graphique, de Paris, e da Curwen Press, de Londres. Suas edições revelam uma acentuada preocupação artística, quanto à escolha dos tipos, o aproveitamento dos espaços em branco, a composição e a apresentação. Em 1959, suas publicações foram apresentadas em uma exposição realizada pela Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro. Funcionava na Rua Amélia, n.415, no bairro do Espinheiro, no Recife e, para conseguir manter-se atuante, contava com a colaboração de sócios (chegou a ter 57), entre artistas e intelectuais pernambucanos, que contribuíam com uma cota mensal e recebiam alguns livros por ano. Encerrou suas atividades em 1961, quando os seus quatro fundadores mudaram-se do Recife para a cidade do Rio de Janeiro.

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Esse texto consiste na revisão bibliográfica dos poucos livros lançados com este tema. Também foram feitas análises gráficas das peças produzidas pelo grupo e estudos sobre suas matérias publicadas no Diario de Pernambuco. Além disto, cabe salientar que as análises gráficas seguiram o entendimento da semiótica de Charles Peirce, onde “um signo, ou representâmen, é aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa algo para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria, na mente da pessoa, um signo equivalente, ou talvez, mais desenvolvido. Ao signo assim criado denomino Interpretante. O signo representa alguma coisa, seu Objeto” .

Ti a g g o C o r r e i a C a v a l c a n t i Mestre em Design pela UFPE

O Gráfico Amador: Aspectos sociais para a intelectualidade do Recife nos anos 1950

O Recife da década de 1950 viu uma experiência gráfica surgir: nasce O Gráfico Amador. Uma oficina de impressores que teve como núcleo prin-cipal Orlando da Costa Ferreira, Aloísio Magalhães, Gastão de Holanda e José Laurênio de Melo. Os objetivos do grupo estão expressos no seu boletim nº 1, publicado em 1955, onde “O Gráfico Amador reúne um grupo de pessoas interessadas na arte do livro. Fundado em maio de 1954, tem a finalidade de editar, sob cuidadosa forma gráfica, textos literários cuja extensão não ultrapasse as limitações de uma oficina de amadores”. Outro fator, expresso diretamente no Noticiário nº 1, consistia na qualidade dos livros impressos no Brasil. Normalmente eles possuíam um preço alto, em compensação a acuidade era muito baixa. Desmistificar o livro esteticamente bonito com edições de luxo, produzindo obras de qualidade a preços acessíveis. Do mesmo modo, podem ser observadas iniciativas isoladas em diversos locais do Brasil, mas, para as repercussões que as oficinas de amadores tiveram, em muito se destacou as do Gráfico Amador. O grupo mesmo administrando poucas verbas con-seguiu edições de alto nível que lhe conferiram boas críticas, de jornais locais até jornais europeus.

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O Design possui em sua história diversas definições, conceitos marcados pela sua temporalidade e seus objetivos. Pudemos observar as mais diversas definições, desde as funcionalistas da Bauhaus alemã as mais simplistas, como a de Richard Hollis. Contudo definimos Design por sua matriz etimológica latina, do termo designare, que significa tanto desenho quanto designar. Portanto, design não é apenas a realização de um projeto, mas também o sentido criado pelo profissional envolvido. Têm-se aí a evidência da potencialidade criativa do design. Sobre o termo “criar sentido”, este foi uma preocupação constante na história do Gráfico Amador. Eles criavam livros seguindo conceitos desenvolvidos nas próprias obras que estavam a editar. Além desta ligação conceitual, eram observados os princípios da economicidade e estética, uma vez que os poucos recursos disponíveis ao grupo eram sempre otimizados. Foi uma oficina importante porque as suas obras serviram para mostrar os trabalhos da nova e jovem intelectualidade da época, visto que as grandes editoras apenas divulgavam livros de intelectuais renomados e pesava sobre os poetas uma fama de mal vendedores. Foram oficialmente publicados 27 livros, pequenos, no formato in-octavo e também em pequenas tiragens, a maioria oscilando entre 100 ou 200 exemplares. Usavam duas impressoras tipográficas (uma elétrica e outra manual) e uma litográfica. Suas principais fontes foram

a medieval, garamond, bodoni, kabel, Bernhard tango swash initials, pater noster e romano. Vale salientar que em aspectos técnicos, embora as edições fossem esteticamente experimentais, sua diagramação seguia, muitas vezes, o postulamentos clássicos. Em termos literários o grupo não rompeu padrões, mas também não se prendeu a nenhum critério localista. O Gráfico Amador era mantido em primeiro lugar pelos laços de amizade que mantinham o grupo, e em segundo lugar – em termos financeiros – por sua rede de relações estabelecidas na época em que a uma parte do grupo estudou na Faculdade de Direito do Recife e participou do Teatro do Estudante de Pernambuco. Os sócios (30 em 1955 e 51 em 1961) contribuíam com um pequeno 17 pecúnio mensal, e em troca recebiam os livros quando lançados. Chama atenção a falta de documentação sobre estas relações, devido à grande informalidade existente. As reuniões eram sempre à noite, duas vezes na semana. Esporadicamente havia uma reunião no sábado. Não existiam hierarquias entre o grupo, e


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as reuniões sempre corriam na informalidade, tendo um caráter boêmio. Eles se reuniam tanto para discutir a melhor forma de executar os projetos, como também para falar sobre diversos assuntos filosóficos, artísticos e culturais. Aliás, sobre o projeto sempre prevalecia o consenso e os bons argumentos, sendo o entendimento coletivo a última palavra dada. Logo as reuniões se converteram em um local de passagem obrigatório para a jovem intelectualidade da cidade o que resultou em crescente influência local. No entanto, conforme aponta Flávio Weinstein, o Gráfico também se tornou como um ponto de visitação pública, desestruturando o cerne inicial do grupo. Passados sete anos de atividades, as percepções e intenções dos quatro mudaram sobre o destino que a oficina tipográfica deveria tomar e seus projetos profissionais amadureceram: Gastão de Holanda via nela um momento inicial para dotar a cidade do Recife de uma editora comercial. Possuiu um escritório de design no Recife, a Minigraf, e deu aulas no curso de Artes Visuais na Escola de Belas Artes. Depois

vai também paora Rio de Janeiro, onde funda a Editora Fontana. José Laurênio trabalhou para a editora José Olímpio. Orlando da Costa editou um caderno no Jornal do Commercio até o Golpe Militar de 1964. Após este evento ele vai ao Rio de Janeiro onde se dedicou à pesquisa em comunicação visual. Gastão de Holanda A Aloísio Magalhães, homenageado do carnaval de 2008 de Olinda, cabem algumas palavras mais. O principal ilustrador do grupo tornou-se um dos primeiros grandes designers brasileiros, indo morar no Rio de Janeiro onde, alavancado pela experiência vivida com o Gráfico fundou em 1960 seu pioneiro escritório de design ( Aloisio Magalhães Programação Visual Desenho Industrial Ltda, desde 1976 PVDI Design); em 1963, juntamente com outros intelectuais, funda a primeira Escola de Ensino Superior de Desenho Industrial do Brasil e da América Latina, a ESDI, onde torna-se seu professor.

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Aniki Bobó Hermilo Borba Filho

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O Design possui em sua história diversas definições, conceitos marcados pela sua tempora-lidade e seus objetivos. Pudemos observar as mais diversas definições, desde as funcionalistas da Bauhaus alemã as mais simplistas, como a de Richard Hollis. Contudo definimos Design por sua matriz etimológica latina, do termo designare, que significa tanto desenho quanto designar. Portanto, design não é apenas a reali-zação de um projeto, mas também o sentido criado pelo profissional envolvido.

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Sobre o termo “criar sentido”, este foi uma preocupação constante na história do Gráfico Amador. Eles criavam livros seguindo conceitos desenvolvidos nas próprias obras que estavam a editar. Além desta ligação conceitual, eram observados os princípios dav economicidade e estética, uma vez que os poucos recursos disponíveis ao grupo eram sempre otimizados. Foi uma oficina importante porque as suas obras serviram para mostrar os trabalhos da nova e jovem intelectualidade da época, visto que as grandes editoras apenas divulgavam livros de intelectuais renomados e pesava sobre os poetas uma fama de mal vendedores. Foram oficialmente publicados 27 livros, pequenos, no formato in-octavo e também em pequenas tiragens, a maioria oscilando entre 100 ou 200 exemplares.

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ImprovisaçãoGráfica (experiências tipográficas) Aloísio Magalhães (70 exemplares numerados e assinados).

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O Gráfico Amador era mantido em primeiro lugar pelos laços de amizade que mantinham o grupo, e em segundo lugar – em termos financeiros – por sua rede de relações estabelecidas na época em que a uma parte do grupo estudou na Faculdade de Direito do Recife e participou do Teatro do Estudante de Pernambuco. Os sócios (30 em 1955 e 51 em 1961) contribuíam com um pequeno pecúnio mensal, e em troca recebiam os livros quando lançados. Chama atenção a falta de documentação sobre estas relações, devido à grande informalidade.

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As reuniões eram sempre à noite, duas vezes na semana. Esporadicamente havia uma reunião no sábado. Não existiam hierarquias entre o grupo, e as reuniões sempre corriam na informalidade, tendo um caráter boêmio. Eles se reuniam tanto para discutir a melhor forma de executar os projetos, como também para falar sobre diversos assuntos filosóficos, artísticos e culturais. Aliás, sobre o projeto sempre prevalecia o consenso e os bons argumentos, sendo o entendimento coletivo a última palavra dada.

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