CENTRO ESCOLA DE RECICLAGEM PARI
Uma reflexão sobre a Gestão de Resíduos Sólidos na Cidade de São Paulo GABRIELA BRITO FERNANDES
FIAMFAAM -CENTRO UNIVERSITÁRIO
CENTRO ESCOLA DE RECICLAGEM- Pari: Uma reflexão sobre a Gestão de Resíduos Sólidos na Cidade de São Paulo.
Trabalho Final de Graduação apresentada à banca examinadora da FIAMFAAM Centro Universitário como exigência parcial para obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob orientação do Professor André Luiz Tura Nunes.
SÃO PAULO 2018
Fernandes, Gabriela Brito. Centro Escola de Reciclagem Pari.-- São Paulo: G. Fernandes, 2018. x páginas. Orientador: André Luiz Tura Nunes. Trabalho Final de Graduação - FIAM-FAAM Centro Universitário,2018. 1. Reciclagem. 2.Resíduos Sólidos. 3.Desenvolvimento Sustentável. 4.Meio Ambiente 5.Equipamento Social. 6. São Paulo (cidade). 7.Pari
GABRIELA BRITO FERNANDES
CENTRO-ESCOLA DE RECICLAGEM Uma reflexão sobre a Gestão de Resíduos Sólidos na Cidade de São Paulo.
Trabalho Final de Graduação apresentada à banca examinadora da FIAMFAAM Centro Universitário como exigência parcial para obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob orientação do Professor André Luiz Tura Nunes.
Data:
Prof. André Luiz Tura Nunes FIAMFAAM - Orientador
/
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Prof. Ana Paula C. de Carvalho FIAMFAAM - Professor
SÃO PAULO 2018
Prof.
Gabriel Sepe Camargo Convidado Externo
AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, que sempre estiveram do meu lado, me apoiando incondicionalmente, consolando e dando forças para continuar em horas de extremo cansaço. À Rosana Zetone, pelo suporte e auxílio desde o ensino médio, tornando a graduação um sonho possível. Aos amigos que a FIAMFAAM proporcionou, em especial a Marcela Ludwig, Marina Sousa, Mayara Canola e Vinicius Paes, pela companhia, as noites de trabalho em claro, apoio e risadas em momentos difíceis. Tornando a jornada da Graduação muito mais divertida. Sou grata também ao meu namorado Diogo Miranda,pelo apoio e principalmente pela paciência durante o TFG e acompanhamento nas visitas de campo. Ao orientador André Luiz Tura Nunes, por ter me acompanhado desde o início do ano, auxiliando na busca de referências e decisões a serem tomadas no projeto. E por fim a todos que me auxiliaram de alguma forma na elaboração do projeto do início ao fim. Muito Obrigada!
Os Catadores de Papel Os catadores de papel Pela cidade afora, noite ou dia, a qualquer hora, os catadores de papel são triste paisagem. Vão juntando papel e pobreza, moram assim, nas praças, nos vãos, em casa feita de nada. Tenho tanta pena dos catadores de papel, agora moram aqui, no meu poema. Roseana Murray.
RESUMO Atualmente questões como degradação ambiental e desenvolvimento sustentável vem sendo discutidos com grande frequência em nossa sociedade. Conferências mundiais como a Eco-92 são realizadas com o objetivo de propor diretrizes para reverter este quadro. Dentro deste tema, está a destinação dos resíduos sólidos, um dos principais causadores do efeito estufa. Este trabalho propõe a reflexão sobre a destinação dos resíduos sólidos em São Paulo. Os bairros analisados foram o Brás e Pari, caracterizados pelo comércio popular de confecção/varejo têxtil e a zona cerealista, que contribuem para a grande geração de resíduos na região, cerca de 54 toneladas produzidos por dia e o fluxo constante de catadores de materiais recicláveis. Como alternativa a este cenário, está a criação de um equipamento de uso misto que possui como objetivos o estímulo a educação ambiental, a promoção de inclusão social e o incentivo a uma economia baseada no reaproveitamento de materiais. Palavras chave: Degradação Ambiental, Resíduos Sólidos, Reciclagem, Inclusão Social.
ABSTRACT Currently, issues such as environmental degradation and sustainable development have been discussed with great frequency in our society. World conferences such as the Eco-92 are held with the aim of proposing guidelines to reverse this picture. Within this theme, there is the destination of solid waste, one of the main causes of the greenhouse effect. This work proposes the reflection on the solid waste destination in SĂŁo Paulo. The neighborhoods analyzed were BrĂĄs and Pari, characterized by the popular commerce of textile / retail and the cereal area, which contribute to the large generation of waste in the region, about 54 tons produced per day, and the constant flow of recyclable material pickers . As an alternative to this scene, there is the creation of mixed use equipment that aims to stimulate environmental education, promote social inclusion and encourage an economy based on reuse of materials. Keywords: Ambiental Degradation, Solids Waste, Recycling, Social Inclusion.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01. O lixo..........................................................................25 Disponível
em:<http://www.nhm.ac.uk/visit/wpy/gallery/2012/images/world-in-our-hands/4610/
garbage-picking.html> Acesso em: 07 de nov. de 2018; Figura 02. Tóquio..........................................................................26 Disponível
em:
<https://www.internationaltraveller.com/6-tokyo-worlds-most-incredible-ci-
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<https://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/11/economia/1476178323_104642.
Acesso em 02 de set. de 2018;
Figura 04. O Sistema ENVAC.................................................................30 Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/residuos-solidos/mundo-rumo-a-4-bilhoes-de-toneladas-por-ano/como-alguns-paises-tratam-seus-residuos/> Acesso em 30 de agosto de 2018; Figura 05. O Lixão.........................................................................32 Disponível em:
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mais-de-50-das-cidades-brasileiros-descartam-o-lixo-de-modo-incorreto.html> Acesso em 09 de nov. de 2018; Figura 06 e 07. A Coleta Seletiva...............................................................33 Editado por: Gabriela Fernandes.
Disponível em: <http://cempre.org.br/busca/review> Acesso em: 02 de nov. de 2018; Figura 08. Perfil da População Catadora....................................................35 Elaborado por: Gabriela Fernandes. Figura 09. São Paulo.......................................................................36 Disponível em: < http://www.lopes.com.br/blog/cultura/sao-paulo/> Acesso em: 09 de nov. de 2018; Figura 10. Mapa- Coleta Seletiva em São Paulo..............................................38 Editado por: Gabriela Fernandes. Disponível
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<
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/amlurb/
coleta_seletiva/index.php?p=4623> Acesso em 28 de agosto de 2018; Figura 11. Composição Gravimétrica dos RSD- Município de São Paulo.........................38 Editado por: Gabriela Fernandes. Disponível
em:
<
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/servicos/arqui-
vos/PGIRS-2014.pdf> Acesso em 25 de agosto de 2018; Figura 12. Localização Pontos Viciados x Ecopontos e Centrais de triagem...................40 Elaborado por: Gabriela Fernandes com base em dados da AMLURB e GEOSAMPA; Figura 13. Índice de Reciclagem em cada Prefeitura Regional (%)............................40 Editado por: Gabriela Fernandes. Disponível em: < http://www.fiquemsabendo.com.br/meio-ambiente/quanto-do-lixo-do-seu-bairro-e-reciclado-indice-nao-chega-a-10-em-sp/> Acesso em 30 de jun. de 2018;
Figura 14. Prefeituras Regionais que produzem mais resíduos................................41 Editado por: Gabriela Fernandes. Disponível em: <http://www.fiquemsabendo.com.br/meio-ambiente/bairro-rico-produz-mais-que-dobro-de-lixo-gerado-na-periferia-em-sp/> Acesso em 25 de jun. de 2018; Figura 15. Prefeituras Regionais que produzem menos resíduos...............................41 Editado por: Gabriela Fernandes. Disponível em: <http://www.fiquemsabendo.com.br/meio-ambiente/bairro-rico-produz-mais-que-dobro-de-lixo-gerado-na-periferia-em-sp/> Acesso em 25 de jun. de 2018; Figura 16. Município de São Paulo > Prefeitura Regional da Mooca e seus distritos..........43 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 17. Lixo Têxtil.....................................................................44 Disponível em: < https://modadofuturobackup.files.wordpress.com/2011/09/img_1781.jpg> Acesso em 11 de nov. de 2018; Figura 18. Mapa- Distrito do Pari- Pontos Relevantes........................................46 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 19. Mapa de Uso do Solo.............................................................48 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 20. Mapa de Gabarito/ Áreas Verdes..................................................49 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 21. Mapa de fluxos..................................................................50 Elaborado por: Gabriela Fernandes;
Figura 22. Perspectiva- Rua Rio Bonito x Rua Cel. Emídio Piedade...........................54 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 23. Hall de Entrada.................................................................56 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 24. Terreno e Localização das fotos.................................................60 Editado por: Gabriela Fernandes. Disponível
em:
<
https://www.google.com.br/maps/place/R.+Jo%C3%A3o+Boemer,+S%C3%A3o+Paulo+-
-+SP,+03018-000/@-23.529514,-46.6136197,17.78z/data=!4m5!3m4!1s0x94ce58ddcf732245:0x40abffa99bcd946e!8m2!3d-23.5336919!4d-46.6103483> Acesso em 25 de out. de 2018; Figura 25. Foto: Rua Cel. Emídio Piedade...................................................61 Fonte: Gabriela Fernandes; Figura 26. Foto: Rua Cel. Emídio Piedade...................................................61 Fonte: Gabriela Fernandes; Figura 27. Foto: Rua Rio Bonito..............................................................61 Fonte: Gabriela Fernandes. Figura 28. Foto: Rua Rio Bonito x Rua Cel. Emídio Piedade..................................61 Fonte: Gabriela Fernandes. Figura 29. Foto: Rua Rio Bonito x R Dr. Virgílio do Nascimento.............................61 Fonte: Gabriela Fernandes;
Figura 30. Foto: Rua Dr. Virgílio do Nascimento............................................61 Fonte: Gabriela Fernandes; Figura 31. Zoneamento......................................................................63 Disponível em:< http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx#> Acesso em 25 de out. de 2018; Figura 32 e 33. Parâmetros de ocupação e categorias de uso.................................65 Elaborado por: Gabriela Fernandes, a partir de dados da lei nº 16402/2016; Figura 34. Recuos e Gabarito Máximo segundo LPUOS..........................................66 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 35. Recuos e Gabarito Utilizados no Projeto.........................................66 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 36. Diagrama de Insolação/ Terreno..................................................67 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 37: Diagrama de Divisão de Acessos/Usos.............................................67 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 38: Implantação.....................................................................69 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 39. Etapas da Reciclagem............................................................71 Elaborado por: Gabriela Fernandes com base na cartilha do Ministério das Cidades. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/srhu_urbano/_publicacao/125_publica-
cao20012011032243.pdf> Acesso em: 01 de out. de 2018;
Figura 40. Gillmoss Recovery Center.......................................................72 Disponível em: < https://www.volkerwessels.co.uk/en/projects/detail/gillmoss-materials-recovery-facility> Acesso em 27 de set. de 2018; Figura 41. Gillmoss Recovery Center. Área de Triagem......................................72 Disponível
em:
<https://www.volkerwessels.co.uk/en/projects/detail/gillmoss-materials-reco-
very-facility> Acesso em 27 de set. de 2018; Figura 42. Gillmoss Recovery Center........................................................73 Disponível
em:
<https://www.volkerwessels.co.uk/en/projects/detail/gillmoss-materials-reco-
very-facility> Acesso em 27 de set. de 2018; Figura 43. Programa de Necessidades....................................................74 e 75 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 44. Porcentagem dos setores no edifício.............................................76 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 45. Setorização do Programa.........................................................76 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 46. Triagem Primária................................................................78 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 47. Biblioteca......................................................................79 Elaborado por: Gabriela Fernandes;
Figura 48. Sala de Aula....................................................................79 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 49. Corredor/ Integração entre os pavimentos........................................80 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 50. Passarela de Visitação- Triagem Secundária......................................81 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 51. Diagrama- Evolução compositiva..................................................83 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 52. Diagrama- Sistema Construtivo....................................................85 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 53. Casa Jardim Paulistano. Suporte Metálico Chumbado na Estrutura de concreto......86 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/782669/casa-no-jardim-paulistano-gruposp/56cd2806e58ece8f810003ac-jardim-paulistano-house-gruposp-photo> Acesso em 02 de out de 2018; Figura 54. Casa Jardim Paulistano. Tirante Conectado à viga do Pav. Superior...............87 Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/782669/casa-no-jardim-paulistano-gruposp/56cd283ee58ecefa91000365-jardim-paulistano-house-gruposp-photo/> Acesso em 02 de out. de 2018; Figura 55. Ed. Corujas.....................................................................88 Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/787289/edificio-corujas-fgmf-arquitetos/
572c23e4e58ece5296000016-corujas-building-fgmf-arquitetos-photo> Acesso em 02 de out. de 2018;
Figura 56. Sede Sebrae DF.................................................................88 Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/01-402/sede-do-sebrae-gruposp/574573bce58ecec987000007-sede-do-sebrae-gruposp-foto> Acesso em 10 de out. de 2018; Figura 57. Diagrama- Cobertura explodida...................................................89 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 58. Vista Noturna- Fachada Rua Rio Bonito...........................................90 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 59. Perspectiva- Rua Rio Bonito x Rua Dr. Virgílio do Nascimento....................92 Elaborado por: Gabriela Fernandes; Figura 60. Terraço........................................................................114 Elaborado por: Gabriela Fernandes.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................23 1. A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS..................25 1.1 Consequências da Sociedade de Consumo x Surgimento de Políticas de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.............................27 1.1.1 A Situação dos Resíduos sólidos no Brasil.................................31
1.2 Resíduos Sólidos em São Paulo...........................................37 1.2.1 O Bairro ............................................................43 1.2.2 Análise Urbana: Entorno Imediato.......................................48
2. O PROJETO..............................................................53 2.1 Partido Arquitetônico..................................................57 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.1.5
O Terreno .........................................................59 Legislação Urbanística..............................................62 Implantação.........................................................67 O Programa..........................................................70 Justificativa do Resultado Formal......................................82
2.2 Características Construtivas.............................................84 2.3 Desenhos...............................................................91
Considerações
Finais..................................................115
Referências Bibliográficas............................................118
INTRODUÇÃO A sociedade vem passando por transformações no decorrer dos anos, isso se deve a consolidação industrial e o desenvolvimento tecnológico no século XX, tendo como consequência a expansão urbana, o consumo em excesso e o crescimento populacional. Este desenvolvimento foi o principal fator causador da produção crescente de resíduos sólidos no mundo, um dos principais causadores da poluição ambiental e o aquecimento global, temas muito discutidos na atualidade. O projeto Centro Escola de Reciclagem busca trazer uma alternativa para o tratamento de resíduos sólidos secos. Trata-se de um equipamento de triagem de materiais recicláveis junto a um centro cultural e educacional voltado a educação ambiental e a conscientização da população. No capítulo 1 denominado A problemática dos resíduos sólidos urbanos, apresenta-se um panorama mundial, nacional e estadual de iniciativas para tratamento de resíduos sólidos. Aborda também a cidade de São Paulo, a partir de comparativos entre os bairros sobre a produção de lixo e o índice de reciclagem em cada prefeitura regional, além de caracterizar o bairro onde o equipamento será inserido. No capítulo 2 denominado o Projeto, expõe os condicionantes que nortearam o projeto Centro Escola de reciclagem. Apresenta as diretrizes que compõe o partido
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Arquitetônico e a análise detalhada dos condicionantes: legislação, terreno, implantação, paisagismo, programa, estrutura, materiais e referências projetuais que auxiliaram nas decisões e na elaboração do edifício. Por fim é apresentada a proposta desenvolvida conjuntamente com o material apresentado neste caderno , com o objetivo de trazer uma reflexão sobre a arquitetura de um centro de triagem de materiais recicláveis.
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1. A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 1.1 CONSEQUÊNCIAS DA SOCIEDADE DE CONSUMO X SURGIMENTO DE POLÍTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. 1.1.1 A SITUAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL.
1.2 RESÍDUOS SÓLIDOS EM SÃO PAULO. 1.2.1 O BAIRRO 1.2.2 ANÁLISE URBANA: ENTORNO IMEDIATO FIG.01. O LIXO.
FIG.02. TÃ&#x201C;QUIO.
1.1 CONSEQUÊNCIAS DA SOCIEDADE DE CONSUMO X SURGIMENTO DE POLÍTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A preocupação com o meio ambiente é uma questão que está ganhando importância nas discussões em vários setores de nossa sociedade. Mudanças climáticas, degradação ambiental e poluição são alguns assuntos discutidos por esta temática. O consumo excessivo, o crescimento populacional, a concentração de pessoas em cidades e a intensa industrialização são os principais fatores para produção crescente de resíduos sólidos urbanos (RSU). Logo, a produção excessiva do lixo junto com uso inconsequente dos recursos naturais configura-se como um problema global, colocando em risco a existência destes recursos e o futuro das próximas gerações. De acordo com Seidel (2010), o aquecimento global é a grande mudança ambiental, gerado a partir do aumento da emissão de gases de efeito estufa, sendo a produção de resíduos responsável pela emissão desses gases. Diante deste cenário, várias conferências foram realizadas com o objetivo de discutir as possíveis soluções para este problema. Em 1972, em Estocolmo, ocorreu a Conferência das Nações Unidas, a primeira a discutir o tema, tendo como objetivos a conscientização e a mudança de postura da sociedade em relação ao meio ambiente, pois antes disso acreditava-se que era uma fonte inesgotável. A partir desta reunião, foram realizadas diversos encontros cujo debate teve enfoque na gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, como a Eco-92 e a Conferência de Johanesburgo em 2002. (TEIXEIRA, 2011).
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A Eco-92 foi a conferência sobre meio ambiente e desenvolvimento realizada no no Rio de Janeiro, em 1992, reunindo mais de 100 chefes de Estados para o retorno das discussões de 1972, estabelecendo um documento composto de diretrizes para a mudança do padrão global no próximo século, denominado Agenda 21. A Agenda 21 brasileira possuía como uma das prioridades a gestão de resíduos sólidos. Para Jacobi e Bezen (2005, p.91), Os três Rs, reduzir a produção de resíduos na fonte geradora, reutilizar visando ao aumento da vida útil dos produtos, reciclar e principalmente, incorporar à cultura dos resíduos sólidos os aspectos voltados à modificação dos padrões de consumo sustentável passaram a integrar a agenda dos movimentos sociais e do setor público.
O papel da reciclagem é fundamental para a mudança deste cenário, pois a conscientização da sociedade a separar os resíduos e reutilizar materiais recicláveis torna-se uma alternativa tanto ambiental, como econômica e social, pois auxilia a redução de lixo e promove inclusão, a partir da promoção de empregos e geração de renda para populações carentes. No contexto global, cerca de 1,4 bilhões de toneladas de RSU é produzido anualmente, sendo que quase metade desse total é gerada pelos países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, que lidera o ranking com 624 mil toneladas por dia, e países emergentes como China, México, Brasil e Índia. Estima-se que em 2025 esse número alcance 2.2 bilhões de toneladas.(Revista em Discussão,2014). 28
QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS POR PESSOA/ANO NO MUNDO.
<200
910
FIG.03. FONTE: ELPAÍS, 2016. EDITADO POR: GABRIELA FERNANDES.
Como já citado anteriormente, estes dados levaram as nações a pensarem em políticas de gerenciamento de resíduos. Estados Unidos, China e parte da União Europeia lideram o ranking de investimento em tecnologias de aproveitamento energético a partir do lixo, ou seja, recuperar o biogás gerado nos aterros para a geração de energia. Alemanha e Suécia são exemplos em relação à coleta seletiva. Em Estocolmo, 100% dos domicílios são atendidos pelo sistema ENVAC, que consiste em lixeiras conectadas por rede de tubos que levam os resíduos às centrais de triagem, onde os RSUs são reaproveitados, encaminhados para compostagem, ou incinerados. Já a Alemanha é líder mundial em tecnologias e políticas de resíduos sólidos, 70% do lixo é reciclado e menos de 1% é encaminhado para aterros sanitários.
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O SISTEMA ENVAC O Sistema ENVAC , foi desenvolvido na Suécia, em Estocolmo, na década de 60. Como já dito no capítulo, o sistema consiste em lixeiras conectadas por rede de tubos, onde é depositado os resíduos a qualquer hora do dia. As lixeiras possuem sensores que são ativados quando estão cheias. Os sacos de lixo são sugados e viajam aos locais de triagem numa velocidade de 70 km/h, nestas centrais são separados, compactados para o reaproveitamento, compostagem ou incineração. Atualmente o ENVAC está instalado em mais de 700 pontos, em diversos países, atendendo hospitais, aeroportos, cozinhas industriais, etc.(Revista em Discussão, 2014).
FIG.04. O SISTEMA ENVAC. FONTE: REVISTA EM DISCUSSÃO, 2014.
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1.1.1 A SITUAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL No Brasil, a preocupação com a destinação de resíduos sólidos é recente, manifestando-se a partir da implantação da lei nº 11.445/2007, o Plano Nacional de Saneamento Básico que consiste no conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais, definição descrita pelo Ministério do Meio Ambiente.¹ Em sequência, no ano de 2010, foi aprovada a Política Nacional de Resíduos Sólidos -PNRS (lei nº 12.305/2010), que possui como diretrizes a redução na geração de resíduos a partir da conscientização, incentivando o consumo sustentável, a reciclagem, ou seja, a reutilização de resíduos sólidos atribuindo valor econômico e a destinação adequada dos mesmos que não tem condições de ser reciclado ou reutilizado. Segundo dados da ABRELPE² (2016, p.14), em 2016 cerca de 60% dos municípios brasileiros ainda faziam o descarte de lixo em lugares inadequados, como lixões e aterros controlados, locais que não possuem controle para a proteção do meio ambiente contra danos e degradações. Apenas 18%, equivalente a 1055 municípios possuem coleta seletiva, sendo concentrado o incentivo a programas municipais na região Sudeste e Sul, segundo dados da Pesquisa Ciclosoft. (CEMPRE, 2016.)
1. Plano Nacional de Saneamento Básico. Disponível em : <http://www.mma.gov.br/informma/item/485-plano-nacional-de-saneamento-b%C3%A1sico> . Acesso em 30/08/2018 2.Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
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FIG.05. LIXÃO
REGIONALIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS COM COLETA SELETIVA 1%
10%
40%
8%
Total em 2016: 1055 41% Norte (14) Nordeste (102) Centro- Oeste (84) Sudeste (434) Sul (421)
MUNICÍPIOS COM COLETA SELETIVA NO BRASIL 1055 927 766
327
0
81
135
192
405
443
237
1994 1999 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016
FIGURA 06 E 07. COLETA SELETIVA NO BRASIL FONTE: CEMPRE,2016. EDITADO POR: GABRIELA FERNANDES.
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É possível notar um avanço com a preocupação dos municípios em relação ao tema, porém o Brasil ainda tem muito a melhorar. Por exemplo, em 2016 o total anual produzido foi 71,34 milhões de toneladas, e 12,4 milhões de toneladas foram descartados em lixões, a pior forma possível de descarte, responsável pela poluição ambiental e a disseminação de doenças. Grande parte da coleta seletiva é realizada por catadores de materiais recicláveis e cooperativas. Antes da implantação do PNSB, não havia convênios, ou seja, vínculos, entre as associações e as prefeituras.(BEZEN G,et.al.,2014). Estes autores observam que existem 500 mil catadores espalhados pelo país, sendo 40 a 60 mil (cerca de 10%), trabalhando de forma regular, ou seja, cadastrada em cooperativas ou associações. Concentram-se na região Sudeste correspondendo a 41,6%. 20% do total nacional se concentra no estado de São Paulo. De acordo com o Censo de 2010, o perfil dos catadores corresponde à [...] 68,9% de homens e 31,1 % mulheres. A participação de trabalhadores negros era de 66,1%. [...] O Brasil apresentava taxas de 9,4% de analfabetismo e, entre os catadores, estas eram de 20,5 %, o que mostra a necessidade de programas educacionais e de alfabetização para apoiá-los na apropriação do empreendedorismo social na área de resíduos e coleta seletiva [...]. (BENZEN, G. et al., 2014, p.265)
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PERFIL DA POPULAÇÃO CATADORA
41,6% Concentram-se na Região Sudeste.
66,1% Dos catadores são negros.
20% Do total nacional se concentra no estado de São Paulo.
31,1%
dos catadores são mulheres.
90%
10%
Trabalham de forma irregular.
Trabalham de forma regular.
20,5% Entre os catadores são analfabetos.
9,5% É taxa de analfabetismo no Brasil.
68,9%
dos catadores são homens.
FIGURA 08. PERFIL DA POPULAÇÃO CATADORA ELABORADA POR: GABRIELA FERNANDES.
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FIG.09. SÃO PAULO.
1.2 A SITUAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM SÃO PAULO A cidade de São Paulo é o município mais populoso do país, correspondendo a 12,11 milhões, cerca de 5,8 % da população total do Brasil (IBGE,2017). Devido ao crescimento acelerado e o intenso desenvolvimento industrial da cidade no século XX, teve como consequência o aumento na produção de resíduos sólidos. Diante deste quadro, começou a preocupação com a destinação de RSU. Em 1989 ocorreu a primeira experiência pública de coleta seletiva de materiais secos, na região da Vila Madalena. Apenas em 2002 retomou a discussão sobre este problema, a partir da criação do Programa de Coleta Seletiva Solidária na Cidade, definindo as diretrizes e criação de centrais de triagem, convênio com cooperativas de catadores, programa de coleta de resíduos orgânicos das feiras realizadas no município, implantação de ecopontos, gestão de resíduos de construção e demolição, incentivo às áreas de transbordo e triagem, etc.(PGRIS, 2014). Em 2004, a prestação de coleta de resíduos e limpeza urbana foi dividida em 2 agrupamentos (Noroeste e Sudeste), sendo realizado por empresas consorciadas à prefeitura: a Loga e a Ecourbis. A cidade gera 20 mil toneladas de lixo por dia, 60% do total correspondem a resíduos domiciliares, de acordo com dados da PMSP em 2017. Segundo PGRIS, em 2012, o lixo coletado era dividido em: 51,2% resíduos orgânicos, 34,5 % correspondente a lixo seco (papel, plástico, vido, metal, etc) e 14,3% considerados rejeitos.
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A COLETA DE RESÍDUOS EM SÃO PAULO
AGRUPAMENTO NOROESTE 48,3%
13,9%
37,8% AGRUPAMENTO SUDESTE 14,6%
54,1%
31,3% TOTAL MUNICÍPIO 14,3% 51,2% EMPRESAS CONSORCIADAS ECOURBIS - AGRUPAMENTO SUDESTE LOGA- AGRUPAMENTO NOROESTE
EMPRESAS CONSORCIADAS ECOURBIS - AGRUPAMENTO SUDESTE ORGÂNICOS
LogaNoroeste EMPRESAS CONSORCIADAS LOGA-Agrupamento AGRUPAMENTO NOROESTE EcourbisSudeste ECOURBISAgrupamento - AGRUPAMENTO SUDESTE
LOGA- AGRUPAMENTO NOROESTE
FIGURA 10. COLETA DE LIXO EM SÃO PAULO FONTE: PMSP EDITADO POR: GABRIELA FERNANDES.
38
SECOS
34,5%
REJEITOS
FIGURA 11. ANÁLISE GRAVIMÉTRICA DA COLETA. FONTE: PMSP ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES.
Com a implantação do PGRIS, em 2014, que possuía como metas a redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, foram entregues as primeiras centrais de triagem mecanizadas, 1500 pontos de entrega voluntária (PEV’s), 98 ecopontos, foi introduzido a coleta seletiva “de porta em porta” e o cadastro de cooperativas e associações de triagem de materiais secos, que atualmente corresponde a 24 cooperativas vinculadas à prefeitura. (AMLURB,2018) Embora haja melhoras significativas na destinação dos resíduos, dos 96 distritos de São Paulo apenas 49 são contemplados totalmente pela coleta seletiva. A taxa de reciclagem de RSU ainda é bem baixa, apenas 2,04% é reciclado por mês. (AMLURB,2018) Outro problema é a existência de pontos viciados de descarte irregular, que chega ao total de 3026 pontos espalhados pela cidade. O descarte irregular é responsável pela proliferação de moscas, baratas, ratos, que são transmissores de doenças, além de causar a desvalorização dos imóveis do entorno, desconforto à população residente, enchentes e poluição do ar, solo e água. (ARAÚJO E PIMENTEL,2016)
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LOCALIZAÇÃO DE PONTOS VICIADOS/ ECOPONTOS E CENTRAIS DE TRIAGEM
ÍNDICE DE RECICLAGEM EM CADA PREFEITURA REGIONAL (%) PERUS M' BOI MIRIM ITAIM PAULISTA CIDADE TIRADENTES SAPOPEMBA JAÇANÃ SÃO MATEUS ITAQUERA FREGUESIA DO O VILA MARIA CASA VERDE PENHA PIRITUBA ARICANDUVA CIDADE ADEMAR MOOCA CAMPO LIMPO BUTANTÃ SANTANA/TUCURUVI VILA PRUDENTE ERMELINO MATARAZZO IPIRANGA JABAQUARA SÉ CAPELA DO SOCORRO SANTO AMARO LAPA PINHEIROS VILA MARIANA
0,07% 0,09% 0,11% 0,47% 0,59% 0,61% 0,64% 0,80% 0,84% 0,97% 1,07% 1,13% 1,21% 1,44% 1,62% 1,70% 1,89% 2,05% 2,34% 2,40% 2,51% 3,44% 3,52% 3,69% 4,61% 4,65% 6,14% 6,49% 9,69%
FIGURA 13. ÍNDICE DE RECICLAGEM. FONTE: AMLURB ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES.
CENTRAIS DE TRIAGEM/ECOPONTOS
CENTRAIS DE TRIAGEM/ ECOPONTOS CENTRAIS DE TRIAGEM/ ECOPONTOS CENTRAL DEDE TRIAGEM COOPERATIVA CENTRAL TRIAGEM MECANIZADA CENTRAIS DEDETRIAGEM/ ECOPONTOS CENTRAL TRIAGEM MECANIZADA CENTRAL DE COOPERATIVA CENTRAL DETRIAGEM TRIAGEM MECANIZADA CENTRAL DE TRIAGEM MECANIZADA ECOPONTOS ECOPONTO CENTRAL DE TRIAGEM COOPERATIVA CENTRAL DE TRIAGEM COOPERATIVA PONTOS VICIADOS EM SP ECOPONTO ECOPONTO PONTOS EM EM SP SP PONTOS 0 VICIADOS - 50VICIADOS PONTOS VICIADOS EM SP 500 - 100 50 0-50 0100 - 50 50 - 150 100 50 - 100 50-100 150 100- -200 150 100 150 100-150 200 150- -250 200 150-200 150 200 250 200- -300 250 200-250 200 250 300250MAIS - 300 250-300 250 - 300 300- MAIS 300MAIS 300- MAIS
FIGURA 12. PONTOS VICIADOS/ECOPONTOS E CENTRAIS DE TRIAGEM FONTE: AMLURB E GEOSAMPA ELABORADO POR : GABRIELA FERNANDES.
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O gráfico apresenta o percentual reciclado em cada prefeitura regional, esta relação foi composta pela comparação do total de lixo recolhido pela coleta seletiva e o total de lixo gerado em cada prefeitura regional. Para Guaianases, Parelheiros e São Miguel Paulista não há informações sobre a coleta seletiva.
PREFEITURAS REGIONAIS QUE PRODUZEM MAIS RESÍDUOS (em kg por hab. por ano) PINHEIROS
489
MOOCA
446
SÉ
441
SANTO AMARO
438
LAPA
412
VILA MARIA/V. GUILHERME
389
BUTANTÃ
380
ARICANDUVA/VILA FORMOSA
358
VILA MARIANA
356
SANTANA/TUCURUVI
354
CIDADE TIRADENTES SÃO MATEUS ITAIM PAULISTA
216 255 261
GUAIANASES
270
PERUS
274
PARELHEIROS
280
SÃO MIGUEL PAULISTA CAPELA DO SOCORRO
FIGURA 14. MAIOR PRODUÇÃO DE RESÍDUOS FONTE: AMLURB EDITADO POR: GABRIELA FERNANDES.
283
294
ITAQUERA
296
SAPOPEMBA
300
FIGURA 15. MENOR PRODUÇÃO DE RESÍDUOS. FONTE: AMLURB EDITADO POR: GABRIELA FERNANDES.
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As regiões que produzem mais resíduos são as com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Pinheiros lidera o ranking das prefeituras regionais que produzem mais resíduos, com o total de 489 kg de lixo domiciliar por ano, seguido de Mooca, com 446 kg, e Sé com 441 kg. (AMLURB,2016). Os gráficos a seguir mostram as Prefeituras Regionais que mais produzem RSU e as que menos produzem. Nota-se que as prefeituras com o índice mais baixo são as que possuem menor IDH da cidade de São Paulo, como Cidade Tiradentes, ocupando 87ª posição, e Parelheiros, na 95ª posição. A Prefeitura Regional da Mooca é a 2ª a produzir mais resíduos, e a 4ª que mais possui pontos viciados. O percentual reciclado chega a 1,7% na região. Grande parte dos resíduos produzidos concentram-se nos distritos Brás e Pari, devido a existência do comércio têxtil e de cereais. Segundo dados da Loga, empresa responsável pela coleta, mais de 54 toneladas são geradas por dia nesta região. Neste contexto, é coerente potencializar a implantação de equipamentos destinado a triagem de resíduos sólidos nas prefeituras regionais com maior produção (Pinheiros/ Mooca/ Sé). A prefeitura regional escolhida para a inserção do equipamento é a Mooca, pois além de ser a 2ª colocada no ranking é caracterizada pela existência do comércio popular que colabora para a grande produção de RSUs na região. A justificativa da escolha será apresentada a partir de dados e análises nos capítulos seguintes.
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1.2.1 O BAIRRO O Pari é um dos distritos mais antigos da cidade de São Paulo, localizado entre os rios Tamanduateí e Rio Tietê. É subdividido em Alto do Pari, Canindé e Pari. Até o início do século XX a paisagem era rural, caracterizada, pela existência de pastos, chácaras e várzeas. Posteriormente a tipologia de ocupação configurou-se a partir de casas térreas e sobrados geminados mesclados com indústrias de pequeno e médio porte, característica básica da urbanização realizada no período. O que diferia era o padrão elevado das construções em relação aos bairros do entorno como Bom Retiro e Brás.
PARI BELÉM
TATUAPÉ
BRÁS
O distrito do Pari está localizado no setor Leste 1 , na prefeitura regional da Mooca, que abrange 5 distritos além do Pari: Mooca, Água Rasa, Brás, Belém e Tatuapé. A área total é de 35,2 km² e sua população é de 343,980 habitantes. (IBGE 2010).
MOOCA AGUA RASA
FIGURA 16. MUNICÍPIO DE SÃO PAULO > PREFEITURA REGIONAL DA MOOCA E SEUS DISTRITOS ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES.
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FIG.17. LIXO TÃ&#x160;XTIL.
De acordo com Meyer e Grostein (2010, p.189): Os dados do SEADE mostram um número significativo de unidades locais e de empregos formais relacionados à atividade industrial concentrado na porção nordeste desse vetor, exatamente na região que apresenta um uso predominante ligado à indústria de confecção de artigos de vestuário e acessórios[...].
A predominância do comércio têxtil, como fábricas de confecção de roupas e o comércio de cereais, são os responsáveis pelo grande número de resíduos gerados. Em 2015, foram produzidos todos os dias 20 toneladas de lixo têxtil pelas fábricas localizadas no Brás e Bom Retiro. Grande parte destes resíduos é recolhida por caminhões de lixo comum. (Folha, 2015). A separação é feita por catadores de forma desordenada, pois acabam espalhando os tecidos nas calçadas que consequentemente acabam indo parar em bueiros, ocasionando inundações, segundo Alfredo Bonduki, diretor da Siditêxtil-Sp. ³
3. Siditêxtil-SP é uma empresa que reúne fabricantes de roupas e tem como projeto a reutilização de tecidos.
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DISTRITO DO PARI- PONTOS RELEVANTES Pontos viciados de descarte irregular de lixo Perímetro de + geração de resíduos (54 ton./dia) Demarcação- Terreno
Linha Férrea
ECOPONTO HIDROGRAFIA
ÁREAS RELEVANTES DO ENTORNO 12º DP. DO PARI Biblioteca Adelpha Figueiredo Escola de Educação Física da polícia Militar Estádio da Portuguesa Hospital Nossa Senhora do Pari Paróquia Santo Antônio do Pari Têxtil Abril Zona Cerealista IFSP- Instituto Federal de São Paulo Museu dos Transportes Secretaria Municipal dos Transportes Shopping D Comércio/Cooperativa/Ferro-velho Centro de Acolhimento (Albergues)
FIGURA 18. ENTORNO. ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES.
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O mapa apresentado se refere ao entorno do terreno escolhido para o projeto. O Pari é demarcado por importantes vias de fluxo intenso, Marginal Tietê e Avenida do Estado que facilitam a logística de transporte de cargas na região. O perímetro delimitado identifica a área com maior produção de resíduos (54 toneladas por dia) e também de concentração de lojas e fábricas de confecção têxtil, colaborando com um problema recorrente na região: pontos viciados de descarte de lixo e retalho pelas ruas. Outro ponto levado em consideração é a proximidade com comércio, locais de vendas de materiais recicláveis e centros de acolhimento para pessoas em situação de rua, justificando o grande fluxo de catadores na região. Grimberg (2007), observa que em 2004 a média salarial dos catadores que trabalhavam em cooperativas era de R$ 240,00 a R$ 520,00 por mês, comprometendo os gastos com alimentação, transporte e principalmente moradia, obrigando-os a morar em albergues e abrigos provisórios.
47
1.2.2 O ENTORNO IMEDIATO USO DO SOLO
DEMARCAÇÃO DO LOTE
USODEMARCAÇÃO DO SOLO DO LOTE TÊXTIL USOFÁBRICAS/COMÉRCIO DO SOLO Demarcação do Terreno
Fábricas/Comércio Têxtil
ARMAZEM S/USO FÁBRICAS/COMÉRCIO TÊXTIL COMERCIAL ARMAZEM S/USO ESTACIONAMENTO COMERCIAL IMÓVEL S/ USO ESTACIONAMENTO INDUSTRIAL- PEQUENO PORTE IMÓVEL S/ USO INDUSTRIAL-MEDIO PORTE INDUSTRIAL- PEQUENO PORTE INSTITUCIONAL INDUSTRIAL-MEDIO PORTE MISTO INSTITUCIONAL RESIDENCIAL MISTO S/INFORMAÇÃO RESIDENCIAL SERVIÇOS S/INFORMAÇÃO SERVIÇOS
Armazém S/Uso Comercial
Estacionamento
Imóvel S/Uso
Industrial- Pequeno Porte Industrial- Médio Porte Institucional
Misto
Residencial
S/Informação Serviços
FIGURA 19. MAPA DE USO DO SOLO. ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES.
O uso do solo é diversificado, havendo comércio, indústrias de pequeno e médio porte, residencial de baixo e médio padrão. O comércio de confecção e venda de produtos têxteis é dominante no entorno, logo esta área possui maior circulação de catadores devido o descarte desses estabelecimentos de materiais como papelão, plástico, retalhos, etc.
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GABARITO (EM METROS) E ÁREAS VERDES 0.0 - 10.0 10.0 - 20.0 20.0 - 30.0 30.0 - 40.0 Canteiros Arborização Viária
DEMARCAÇÃO DO LOTE
Demarcação do Terreno
USO DO SOLO
FÁBRICAS/COMÉRCIO TÊXTIL ARMAZEM S/USO COMERCIAL ESTACIONAMENTO IMÓVEL S/ USO INDUSTRIAL- PEQUENO PORT FIGURA 20. MAPA DE GABARITO/ ÁREAS VERDES. INDUSTRIAL-MEDIO PORTE ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES. INSTITUCIONAL O entorno é caracterizado pela densidade da ocupação, predominando lotes pequeMISTO nos geminados de ambos os lados, com gabarito baixo, entre 1 a 4 pavimentos, RESIDENCIAL existindo a tipologia de vilas, contrastando com grandes lotes, onde funcionam S/INFORMAÇÃO galpões industriais e empresas transportadoras. Há falta de espaços de permaSERVIÇOS nência e áreas verdes, como praças e parques.
49
Marginal tietê
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DEMARCAÇÃO DO LOTE USODEMARCAÇÃO DO SOLO DO LOTE TÊXTIL USOFÁBRICAS/COMÉRCIO DO SOLO ARMAZEM S/USO FÁBRICAS/COMÉRCIO TÊXTIL COMERCIAL ARMAZEM S/USO ESTACIONAMENTO COMERCIAL IMÓVEL S/ USO ESTACIONAMENTO INDUSTRIALPEQUENO PORTE IMÓVEL S/ USO INDUSTRIAL-MEDIO PORTE INDUSTRIAL- PEQUENO PORTE INSTITUCIONAL INDUSTRIAL-MEDIO PORTE MISTO INSTITUCIONAL RESIDENCIAL MISTO S/INFORMAÇÃO RESIDENCIAL SERVIÇOS S/INFORMAÇÃO SERVIÇOS
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FACHADAS-CEGAS Demarcação do Terreno DEMARCAÇÃO DO LOTE PONTO ÔNIBUS Fachadas DE cegas FACHADAS-CEGAS Ponto de Ônibus FLUXOS PONTO DE ÔNIBUS Baixo Fluxo (vias de carga/descarga) BAIXO FLUXO (VIAS DE CARAGA/DESCARGA) FLUXOS Feira Livre aos AOS Sábados FEIRA LIVRE SÁBADOS BAIXO FLUXO (VIAS DE CARAGA/DESCARGA) Fluxo Baixo FLUXO BAIXO FEIRA LIVRE AOS SÁBADOS Fluxo Baixo de Veículos FLUXO BAIXO DE VEÍCULOS FLUXO BAIXO Fluxo Alto de Pedestres e Carroceiros FLUXO ALTO DE FLUXO BAIXO DEPEDESTRES VEÍCULOS E CARROCEIROS Fluxo Médio FLUXO ALTO MÉDIODE PEDESTRES E CARROCEIROS FLUXO Fluxo Alto FLUXO ALTO FLUXO MÉDIO FLUXO ALTO
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FLUXOS DEMARCAÇÃO DO LOTE
Av. do Estado
Av. Celso Garcia Metrô Brás e Bresser Mooca.
FIGURA 21. MAPA DE FLUXO ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES.
Há proximidades com as principais vias estruturais: Av. do Estado. Av. Cruzeiro do Sul e Marginal Tietê, possibilitando a logística de carga e descarga. As vias paralelas a Av. Carlos de Campos (Rua Doutor Virgílio do Nascimento, Cel. Emídio Piedade, Rua Sousa Caldas) são vias com fluxo baixo, funcionando como ruas de carga e descarga das empresas existentes, devido a fácil conexão com a Marginal Tietê. As entradas de veículos e as fachadas cegas dos edifícios
50
são voltadas para essas ruas, contribuindo para a falta de segurança e o fluxo de pedestre.
baixo
Rua João Boemer e Rua Bresser são mais movimentadas, devido a conexão com a Av. Celso Garcia As vias a sudoeste da Rua Bresser, são caracterizadas pelo fluxo intenso de pessoas e de carroceiros por conta do comércio existente, porém fora do horário de funcionamento dos estabelecimento torna-se pouco movimentado, não há incentivo para as pessoas permanecerem. Para Jan Gehl (2015, p.139): (...) as zonas mais atraentes da cidade são aquelas onde o espaço de transição e os detalhes das fachadas trabalham juntos. Nem todas as fachadas convidam à permanência. Fachadas fechadas, lisas, sem detalhes tem o efeito oposto, indicando, “por favor, prossiga.
Segundo a afirmação de Gehl, é necessária a existência de áreas de permanência em um edifício, tornando essa característica um ponto a ser levado em consideração na elaboração das diretrizes do partido arquitetônico do projeto.
51
2. O PROJETO 2.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.1.5
O TERRENO. LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA. IMPLANTAÇÃO O PROGRAMA JUSTIFICATIVA DO RESULTADO FORMAL
2.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS 2.3 DESENHOS
FIG. 22. PERSPECTIVA- RUA CEL. EMÍDIO PIEDADE X RUA RIO BONITO. ELABORADO: GABRIELA FERNANDES.
Nos últimos 40 anos, nota-se a crescente preocupação com a degradação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Dentro deste tema está a destinação de resíduos sólidos, um dos principais fatores causadores do efeito estufa. Em São Paulo, são notórios os investimentos em políticas públicas voltadas a destinação dos resíduos sólidos (PGRIS), tendo sido implantada a coleta seletiva, o cadastro das cooperativas de reciclagem para auxílio da coleta e separação do lixo, criação de ecopontos, etc. Porém, apenas 2,07% do lixo é reciclado e há o problema de pontos viciados de descarte irregular, totalizando 3026 pontos espalhados pela cidade. A proposta do Centro Escola de Reciclagem no Pari parte da premissa de que a região onde o projeto será inserido é uma área caracterizada pelo comércio popular, destacando a predominância do comércio de confecção/varejo têxtil e a zona cerealista, que contribuem para a grande quantidade de resíduos gerados e o grande fluxo de catadores na região. A existência de instituições de ensino próximas, como o Instituto Federal de São Paulo - IFSP, escolas de ensino fundamental, médio e infantil, também contribuíram na escolha do local,já que seus alunos podem ser um dos grupos de possíveis frequentadores do Centro Escola de Reciclagem. O edifício é um equipamento local de uso misto, apoiando-se nos usos educacional, cultural e industrial, possuindo como objetivos o estímulo da educação ambiental, ou seja, a conscientização sobre a importância da reciclagem, a promoção de inclusão social a partir de cursos de capacitação e a melhoria das condições de trabalho dos catadores da região.
55
FIG. 23. HALL DE ENTRADA ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
56
2.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO Para a elaboração do partido foi levado em consideração às características da região como o gabarito baixo, a falta de fachada ativa, entorno densamente ocupado, carecendo de espaços de permanência e áreas verdes. Diante destas características foram estabelecidas as diretrizes do projeto. Em relação ao gabarito, o entorno é caracterizado pela predominância de edificações baixas, possuindo o gabarito entre 1 a 4 pavimentos, portanto o projeto visa respeitar esta característica, ou seja, o edifício não ultrapassará a altura em relação às edificações existentes. Os acessos serão divididos, por se tratar de um edifício que possui públicos distintos (Visitantes/ Funcionários/ Carga e Descarga), evitando conflito entre eles. No que diz respeito à fachada ativa, os usos do programa com caráter mais público serão localizados no térreo, estabelecendo dinâmicas entre espaço público e privado. Os itens como salas de aula, oficinas e administração serão voltados para a fachada noroeste e nordeste, porque ambientes voltados para essa orientação recebem o sol do dia todo, ou seja, garante a iluminação natural durante o dia, gerando economia de energia elétrica.
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Outro ponto a ser levado em consideração é a integração visual, tendo como diretriz a proposição de vazios entre os pavimentos, possibilitando saber o que está acontecendo entre um piso e outro. O entorno carece de locais de permanência, praças, áreas verdes e é marcado pela intensa circulação de pedestres no horário comercial. Como diretriz será criada uma praça de acesso ao edifício, incentivando a permanência e o interesse do pedestre em conhecer o edifício.
58
2.1.1 O TERRENO Com 3580,15 m², atualmente funciona como um estacionamento conveniado com a Têxtil Abril. Em relação a topografia da região, há pouca variação de níveis. O lote encontra-se num ponto estratégico, pois se localiza próximo de importantes vias como Av. do Estado (1,6 km) e Marginal Tietê (1,0 km). Possui as testadas correspondentes as ruas Coronel Emídio Piedade, Doutor Virgílio do Nascimento e Rio Bonito. Como dito anteriormente, a região é caracterizada pelo comércio popular de confecção têxtil, indústrias de pequeno porte, presença de pontos viciados de descarte irregular e comércio voltado a venda de material reciclável. A pesquisa de campo revelou que o entorno imediato do terreno é caracterizado pelo baixo fluxo de pedestres, falta de atrativos e locais de permanência, sendo justificada pela existência de pessoas que trabalham na região ou pedestres sentados nas calçadas. As vias Cel. Emídio Piedade e Rua Dr. Virgílio do Nascimento são caracterizadas pelo baixo fluxo de pedestres,sendo vias possíveis para a logística do edifício. A rua Rio Bonito possui uso diversificado e é marcada pela existência de edificações de gabarito baixo e geminadas.
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2)
FIGURA 25. R. CEL. EMÍDIO PIEDADE. FONTE: GABRIELA FERNANDES
3)
FIGURA 26. R. CEL. EMÍDIO PIEDADE. FONTE: GABRIELA FERNANDES
4)
FIGURA 28. R. RIO BONITO. FONTE: GABRIELA FERNANDES
FIGURA 27. R. RIO BONITO. FONTE: GABRIELA FERNANDES
5)
6)
FIGURA 29. R. RIO BONITO X R. DR. VIRGÍLIO DO NASCIMENTO. FONTE: GABRIELA FERNANDES
FIGURA 30. R DR. VIRGÍLIO DO NASCIMENTO. FONTE: GABRIELA FERNANDES
61
2.1.2 LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA A área de estudo está demarcada como ZDE-1 (Zona de Desenvolvimento Econômico), caracterizada pela concentração de usos industriais de pequeno e grande porte, além de usos residenciais e comerciais. De acordo com a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo- LPUOS (lei nº 16.402/2016), essa zona é destinada à manutenção e ao incentivo à modernização desses usos, às atividades produtivas de alta intensidade em conhecimento e tecnologia e aos centros de pesquisa aplicada e desenvolvimento tecnológico. A ZDE foi criada no Plano Diretor Estratégico- PDE (lei nº 16.050/2014) com o intuito de promover o desenvolvimento econômico na cidade e aproximar o emprego à moradia. Está inserida na Macroárea de Estruturação Metropolitana- MEM, no Setor Arco Tietê, denominada no PDE, como um território estratégico de reorientação, ampliação, redistribuição dos processos de transformação urbana e adensamento da cidade. (SP-URBANISMO, PIU-ARCO TIETÊ, 2016). No mapa a seguir nota-se que grande parte do entorno em direção ao Brás está demarcada como ZDE-1, região onde se concentra o comércio têxtil. O perímetro da MEM é delimitado a partir de elementos estruturantes fluvial (Rio Tietê, Tamanduateí e Pinheiros), Eixos de transporte avenidas e rodovias) e territórios produtivos. As diretrizes e a das mudanças são definidas por Operações Urbanas Consorciadas- OUC de Intervenção Urbana- PIU.
62
como a orla (ferrovias, implantação ou Projetos
Fig.31. ZONEAMENTO FONTE: GEOSAMPA
O perímetro da MEM é delimitado a partir de elementos estruturantes como a orla fluvial (Rio Tietê, Tamanduateí e Pinheiros), Eixos de transporte (ferrovias, avenidas e rodovias) e territórios produtivos. As diretrizes e a implantação das mudanças são definidas por Operações Urbanas Consorciadas- OUC ou Projetos de Intervenção Urbana- PIU. O Arco Tietê é marcado pela concentração de áreas subutilizadas originadas pela retificação do rio Tietê. O PIU possui como diretrizes o aumento da oferta de empregos na região, a partir do estímulo ao uso diversificado, promoção de novas tipologias habitacionais, implantação de equipamentos sociais e institucionais, ampliação da oferta de espaços e áreas verdes públicas, transformação de áreas ociosas e melhoria da mobilidade. (SP-URBANISMO, PIU-ARCO TIETÊ, 2016). Na ZDE-1, apenas dois grupos de atividades não são permitidos, conforme a tabela ao lado. O edifício não tem uma categoria definida, porém é compatível as categorias nRa e nR2. Na
64
tabela
apresenta
os
parâmetros
de
ocupação
permitidos
no
lote:
PARÂMETROS DE OCUPAÇÃO ENDEREÇO ÁREA
Zona
Rua Rio Bonito x R. Cel. Emídio Piedade x R. Dr. Virgilio de Nascimento, Pari, São Paulo-SP /Distrito : Pari / Prefeitura Regional: Mooca 3580,15 m² Recuos mínimos (m)
Coeficiente de T.O p/ imóveis Gabarito Aproveitament acima de 500 Máximo o m² (m) Frente
ZDE-1 QA= PA1 Total à construir (máx.)
Categoria Uso
2
0,7
28
5
Taxa de Permeabilidade lotes > 500 m²
Usos compátiveis com o equipamento a ser projetado (Quadro 4) - D Categoria Uso
Não residencial
Fundos/Laterais 3
0,25
7160,30 m² Usos não permitidos (Quadro 4) - Decreto nº 57.378/2016 Grupo de Definição atividades
Sub.Categoria nRa
nRa-6
Ind-2
TODAS
Não residencial
Local para reunião ou eventos de natureza social, esportiva, religiosa, ecoturística, lazer, agropecuária, entre outros
Atividade industrial geradora de impactos urbanísticos e ambientais. Como fabricação de alimentos, bebidas, fabricação de produtos têxteis ,fabricação de papel, edição, impressão e reprodução de gravações, fabricação de produtos químicos, borracha, materiais metálicos e não metálicos( metalúrgica).
Usos compátiveis com o equipamento a ser projetado (Quadro 4) - Decreto nº 57.378/2016 Grupo de Categoria Uso Sub.Categoria Atividade Definição atividades Usos compátiveis com o equipamento a ser projetado (Quadro 4) - Decreto nº 57.378/2016
nRa
nRa-1: Atividades de pesquisa e educação ambiental
Não residencial
nR2
nR2-4: Oficinas
Educação profissional de nível tecnológico, outras Serviços de atividades não educação especificadas anteriormente. Recuperação de sucatas de alumínio, de materiais Reciclagem metálicos, materiais artesanal de plásticos, recuperação de produtos em materiais não geral especificados anteriormente.
FIGURA 32 e 33. PARÂMETROS DE OCUPAÇÃO E CATEGORIAS DE USO FONTE: LPUOS Nº 16402/2016. ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
65
Gabarito máx. permitido: 28 m.
Recuo frontal= 10m.
Recuo min. frontal= 5m.
FIGURA 34: RECUOS E GABARITO MÁXIMO SEGUNDO LPUOS. ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
Gabarito Utilizado no projeto: 15,80m
Recuo Frontal: 13,50 m.
FIGURA 35: RECUOS E GABARITO UTILIZADOS JETO. ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
NO PRO-
Os recuos laterais de 3 metros não foram utilizados, pois de acordo com o Art. 66 da LPUOS no caso de edificações vizinhas estarem encostadas na divisa do lote o recuo é dispensável. O recuo frontal a ser utilizado na Rua Dr. Virgílio do Nascimento é de 10 m e para a Rua Cel. Emídio Piedade é de 13,5 m. O acesso de carga e descarga será para Rua Dr. Virgílio do Nascimento, sendo necessária a área de manobra para os caminhões. Na Rua Cel. Emídio Piedade será a entrada principal, ou seja, onde haverá a praça de acesso ao edifício, justificando a utilização do recuo acima do mínimo permitido. 66
2.1.3 IMPLANTAÇÃO INSOLAÇÃO
ACESSO E DIVISÃO DE USOS NO TÉRREO
FACHADAS COM MAIOR INSOLAÇÃO. ACESSO CARGA/ DESCARGA
TRIAGEM PRAÇA
ACESSO PÚBLICO
EDUCACIONAL/ CULTURAL
TESTADAS CORRESPONDENTES A TRÊS RUAS.
FIGURA 36: DIAGRAMA INSOLAÇÃO/TERRENO ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
FIGURA 37: DIAGRAMA DIVISÃO DE ACESSOS/USOS ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
A implantação do edifício foi determinada de acordo com a divisão dos acessos, recuos estabelecidos na legislação vigente e partido arquitetônico. Como já dito no subcapítulo anterior, o terreno possui desnível de 1 metro e tem testadas para três vias (Rua Cel. Emídio Piedade, Rua Rio Bonito e Rua Dr. Virgílio do Nascimento), e isso facilitou a divisão de fluxos, possibilitando o acesso de carga e descarga pela a rua Doutor Virgílio do Nascimento, devido a conexão com a Marginal Tietê e por ser uma via de mão única.
67
De acordo com Afonso Celso Bueno Monteiro, presidente do CAU em 2014, as fachadas voltadas para orientação norte são importantes para ambientes de permanência prolongada, pois recebem maior quantidade de iluminação solar ao longo do ano e no inverno recebem a luz solar por mais tempo durante o dia . Este fato justifica a disposição de ambientes do programa como salas de aulas, oficinas e administração voltadas para esta orientação, pois garante maior iluminação natural,gerando economia de energia. As fachadas mais voltadas para o norte são correspondentes as ruas Rio Bonito e Dr. Virgílio do Nascimento. Uma das características do entorno apontadas no partido é a falta de áreas verdes e locais de permanência, sendo proposto uma praça de acesso ao edifício. O paisagismo foi definido de acordo com os acessos e a geometria da edificação. Os canteiros estão dispostos desta maneira com o objetivo de definir os acessos de carroceiros, funcionários , carga/descarga e público. Na rua Rio Bonito, foi feito um talude com o intuito de iluminar e ventilar o pavimento inferior. O canteiro nesta via impede a passagem das pessoas para esta área. As Palmeiras existentes foram mantidas. Como mobiliário urbano, além de bancos foram acrescidos um paraciclo para uso dos funcionários e visitantes do edifício e um Ponto de entrega voluntária- PEV para moradores da região.
68
1
PEV
2
PARACICLO
3 4
CARGA/DESCARGA CAFÉ
ÍL
IO
DO
NA
SC
IM
EN
TO
VISITANTES ACESSO FUNCIONÁRIOS ACESSO CARROCEIROS ACESSO CARGA/DESCARGA
1 RU
A
RI
O
BO
RG
NI
RU
A
DR
.
VI
TO
PI E
DA
DE
2
ÍD IO
4
RU A
CE L
.
EM
3
FIG.38. IMPLANTAÇÃO ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES.
2.1.4 O PROGRAMA O Centro Escola de Reciclagem tem como objetivos atender as demandas do entorno ,como a falta de espaços de permanência, e o problema com o descarte de materiais secos. Trata-se de um espaço voltado a triagem de materiais recicláveis apoiando-se no uso educacional e cultural, ou seja, promover a educação ambiental, a conscientização da população e o amparo a população catadora. O público alvo contempla desde alunos das escolas do entorno, como catadores que possam ser funcionários do centro de reciclagem ou que trabalham de forma autônoma, pesquisadores, pessoas interessadas ao tema, empresas que buscam parcerias com o equipamento e indústrias de reciclagem. Para atender esses diferentes públicos, a proposta é criar um espaço adequado ao trabalho dos catadores e a triagem dos materiais, onde acontecem as etapas fundamentais para a reciclagem: triagem, separação por tipo, processamento, compactação e despacho para indústrias recicladoras ou empresas interessadas na compra da matéria reciclada. O uso educacional está voltado à capacitação dos agentes de catação, a partir de cursos técnicos direcionados a reciclagem, alfabetização, etc. Engloba também espaços para visitas guiadas, palestras, oficinas com o intuito atrair os moradores e frequentadores do bairro sobre a reciclagem.
70
ETAPAS DA RECICLAGEM
1) RECEPÇÃO DE RESÍDUOS.
3)
TRIAGEM
SECUNDÁRIA
2) TRIAGEM PRIMÁRIA
(SEPARAÇÃO
POR
4) PRENSAGEM + ENFARDAMENTO
TIPO.
5) ESTOQUE DE FARDOS PARA DESPACHO
6) DESPACHO PARA INDÚSTRIAS RECICLADORAS.
Fig.39. DIAGRAMAS ETAPAS DA RECICLAGEM ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES.
71
Para elaboração do programa, foram utilizados referências como o Centro de Recuperação Gillmoss, localizado em Liverpool, Inglaterra. O mecanismo de recuperação deste centro classifica 40% dos resíduos domésticos, sendo o programa composto por área de processamento e apoio, que possui vestiários para funcionários, administração e centro de educação destinado a visitação de escolas e público geral.
FIG.40. GILLMOSS RECOVERY CENTER. ÁREA EDUCACIONAL FONTE: VOLKERWESSEL UK.
72
FIG.41. GILLMOSS RECOVERY CENTER. ÁREA DE TRIAGEM FONTE: VOLKERWESSEL UK.
FIG.42. GILMOSS RECOVERY CENTER FONTE:VOLKERWESSEL UK.
O Centro Escola de Reciclagem possui 3 pavimentos e subsolo, ou seja, irá respeitar o gabarito baixo do entorno. A disposição do programa foi estabelecida a partir da divisão dos fluxos dos diferentes públicos (carga e descarga, público geral e funcionários). O edifício é composto por Administração, Educacional/ Capacitação, Cultural/ Eventos, Apoio a triagem e Triagem. QUADRO-DE-ÁREAS PROGRAMA DE NECESSIDADES - CENTRO ESCOLA DE RECICLAGEM SUBSETOR
SETOR
ADMINISTRAÇÃO
Recepção Administração Direção Gerência Sala de Reunião Depósito geral
Arquivo Almoxarifado
ÁREA ÁREA (m²) (m²) por TOTAL unidade
QTDE. 1 1 1 1 1 1 1
TOTAL Sala de Aula
EDUCACIONAL/ CAPACITAÇÃO
3
Oficinas
3
Laboratório informática
1
74
25,53 94,1 26,2 26,2 32,04
8,90 32,81 9,14 9,14 11,17
0,41 1,52 0,42 0,42 0,52
82,72
28,84 100,00
1,34 4,63
201,36
26,40
3,25
254,22 83,5
33,33 10,95
4,10 1,35
223,66
3,61 12,31 7,16 1,39 0,34
22,53 148,24 52,89 762,74
Hall de entrada Café Recepção
1 1 1
443,55 85,97 21,03
443,55 85,97 21,03
29,32 100,00 30,38 5,89 1,44
Sala de Uso Múltiplo
1
137,16
137,16
9,39
2,21
1
210,23
210,23
14,40
3,39
1 1
215,39 290,8 17,86 17,86
215,39 290,8
14,75 19,92
3,48 4,70
35,72
2,45
0,58
TOTAL
CULTURAL/EVENTOS
67,12 67,12 67,12 83,81 83,81 86,6 83,55
(%) em relação a área construída
1 1 1
Biblioteca
Recepção/Apoio Área de leitura Acervo
25,53 94,1 26,2 26,2 32,04 41,36 41,36 286,79
(%) em relação ao setor
Área de exposições temporárias (Galeria) Auditório (160 lugares) Auditório
Foyer Antecâmara
2 Sala de projeção
FIG.43. PROGRAMA DE NECESSIDADES. ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
EDUCACIONAL/ CAPACITAÇÃO
Oficinas
3
Laboratório informática
1
3,61 12,31 7,16 1,39 0,34
1 1 1
443,55 85,97 21,03
443,55 85,97 21,03
Sala de Uso Múltiplo
1
137,16
137,16
9,39
2,21
1
210,23
210,23
14,40
3,39
1 1
215,39 290,8 17,86 17,86
215,39 290,8
14,75 19,92
3,48 4,70
35,72
2,45
0,58
Área de exposições temporárias (Galeria) Auditório (160 lugares) Foyer Antecâmara
2
1
20,14 1459,99
20,14
1,38 100,00
0,33 23,57
1 1 1 1 1 1 1
13,97 17,9 6,75 28,31 13,88 13,88 11 105,69
13,97 17,9 6,75 28,31
13,22 16,94 6,39 26,79
0,23 0,29 0,11 0,46
27,76 11 153,42
26,27 10,41 100,00 6,16
0,45 0,18 1,71 2,48
46,72 181,45 848,36 90,8
1,88 7,28 34,06 3,65
0,75 2,93 13,70 1,47
96,96 96,96 115,05 115,05 58,4 58,4 58,4 58,4 841,3 841,3 2490,86
3,89 4,62 2,34 2,34 33,78 100,00 64,78 23,48 3,36 6,94
1,57 1,86 0,94 0,94 13,58 40,22 11,37 4,12 0,59 1,22
1,43 100,00 100
0,25 17,56 100,00
TOTAL Recepção/controle de acesso funcionários Refeitório Cozinha Sala de Treinamento Feminino Masculino Vestiário Primeiros- socorros TOTAL Recepção material à triar Doca (carga/descarga)
Armazenamento p/despacho Triagem Primária Passarela de visitação Pesagem/Prensagem/ Enfardamento Estoque de fardos Depósito de Equipamentos Sala de Manutenção Triagem Secundária TOTAL
OUTROS ESPAÇOS
223,66
Hall de entrada Café Recepção
Sala de projeção /tradução simultânea
TRIAGEM
4,10 1,35
29,32 100,00 30,38 5,89 1,44
Auditório
APOIO À TRIAGEM
33,33 10,95
22,53 148,24 52,89 762,74
TOTAL
CULTURAL/EVENTOS
254,22 83,5
1 1 1
Biblioteca
Recepção/Apoio Área de leitura Acervo
83,81 86,6 83,55
Circulação Horizontal Circulação Vertical Depósito Geral Banheiro Depósito de material de limpeza TOTAL TOTAL
1
4 1 1 1 1 1 1 1 1
1
2
153,42 11,68 11,68 11,68 11,68 181,45 848,36 90,8
704,52 255,42 36,54 75,51 7,8 1087,59 6193,66
704,52 255,42 36,54 75,51 15,6
FIG.43. PROGRAMA DE NECESSIDADES (CONT.) ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
75
PORCENTAGEM DOS SETORES DO EDIFÍCIO 1,71% 4,63%
COBERTURA
12,31%
PAVIMENTO 2
40,22%
PAVIMENTO 1 17,56% 23,57%
ADMINISTRAÇÃO
TÉRREO
EDUCACIONAL CULTURAL/EVENTOS SUBSOLO 1
APOIO À TRIAGEM TRIAGEM
SUBSOLO 2
OUTROS ESPAÇOS FIG.44. PORCENTAGEM DOS SETORES NO EDIFÍCIO. ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
76
FIG.45. SETORIZAÇÃO DO PROGRAMA. ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
Foi designada para a fachada sul a entrada principal, localizada na rua Cel. Emídio Piedade, onde foi projetada uma praça de acesso ao edifício. Neste local se encontra o hall de entrada e o café que está relacionado a praça, estabelecendo a fachada ativa. A rua Dr. Virgílio do Nascimento, (fachada noroeste), será destinada ao acesso de carga e descarga, devido a conexão direta com a marginal Tietê, facilitando a logística de transporte do edifício. Voltada para essa orientação está o setor de triagem, que se divide em dois pavimentos: Térreo e Subsolo. No térreo está a recepção dos materiais, a triagem primária e o armazenamento para despacho. No subsolo encontra-se a triagem secundária, ou seja, a separação por tipo, pesagem, prensagem e enfardamento. A triagem acontecerá a partir de silos e mesas, pois este método reduz os gastos com equipamentos e rejeitos, já que as esteiras mecânicas geram 20% a mais de rejeitos do que o processo manual, além de promover a inclusão social e empregos, segundo a cartilha do Ministérios da Cidades.4 No pavimento 1, denominado como setor cultural/eventos, estão locadas as oficinas, laboratório de informática, área expositiva e sala de múltiplo uso.
4. Ministério das Cidades. Cartilha: Elementos para a organização da coleta seletiva e projeto dos galpões de triagem.
77
FIG.46. TRIAGEM PRIMÁRIA ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
As salas de oficinas oferecerão cursos, workshops referentes ao reaproveitamento de resíduos secos, e estão orientadas para a fachada noroeste, por receber mais iluminação natural. O pavimento 2 está dividido em educacional e setor administrativo. A disposição de tais usos neste piso é justificada pela necessidade de ambientes com menos movimentação e barulho, pois exigem concentração. Trata-se de um local de estudo e trabalho. Estes pavimentos possuem vazios que possibilitam a integração visual do edifício, ou seja, a interação entre o público que esteja nos andares superiores para com o térreo e vice-versa.
FIG.47. BIBLIOTECA ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
FIG.48. SALA DE AULA ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
79
FIG.49. CORREDOR- INTEGRAÇÃO ENTRE PAVIMENTOS ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
80
No subsolo está locado o auditório para 160 lugares, destinado à palestras, mostra de documentários, filmes, etc. Foi colocado neste piso como estratégia acústica, promovendo isolamento do barulho dos demais pavimentos e do entorno. Neste piso há uma passarela que permite a visão para o pavimento inferior onde ocorre a triagem secundária.
FIG.50 PASSARELA DE VISITAÇÃO- TRIAGEM SECUNDÁRIA ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
81
2.1.5 JUSTIFICATIVA DO RESULTADO FORMAL No partido arquitetônico foram estabelecidas diretrizes para a elaboração do projeto, como a divisão dos acessos de diferentes públicos, respeitar o gabarito do entorno, fachada ativa, criação de áreas de permanência, etc. A partir da análise da legislação, foram definidos os recuos a serem utilizados no projeto, estabelecendo os acessos de carga e descarga e o acesso público definido pela praça. Com a divisão de acessos foi organizado o programa (educacional e triagem). A volumetria obedeceu a geometria do terreno e foi definida a partir dos recuos estabelecidos. Buscou-se liberar parte do térreo a partir de um recorte na edificação, criando um pátio de pé direito triplo, que marca o acesso principal do edifício. O mesmo foi feito no pavimento 2, criando um terraço que se conecta à biblioteca. Um dos enfoques do partido, é a integração entre a área de triagem e os demais usos. Para isso, foram feitos vazios que estabelecem a relação visual entre os pavimentos. Os usos educacional e cultural foram organizados no entorno do vazio central, possibilitando a vista para o setor de triagem. A iluminação natural foi priorizada no projeto, a partir de uma claraboia localizada no vão central. Os ambientes de permanência como administração, salas de aula e oficinas são orientadas para as fachadas de maior incidência solar (fachada nordeste e noroeste). 82
EVOLUÇÃO COMPOSITIVA 1)
2)
Volumetria: A partir dos estudos gerou-se um volume que segue a geometria do terreno, além de respeitar a ambiência do entorno.
3)
Recortes na edificação: promovem a integração visual entre os pavimentos,o acesso principal,iluminação zenital e terraço no pavimento 2.
4)
Fachada ativa: Acesso principal e café são voltados para a praça, criada a partir do grande recuo frontal. A fachada é envidraçada, possibilitando as relações entre o interior e o exterior.
FIG.51. DIAGRAMAS EXPLICATIVOS. ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
83
2.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS A estrutura segue a modulação de pilares de 9,25 x 9,25m e 9,25 x 8,20m e dois vãos de 17,45 m, permitindo a integração visual entre os pavimentos e a ausência de pilares internos no auditório. O sistema construtivo é composto de lajes nervuradas de 40 cm nos vãos uniformes e no vão do auditório de 60 cm de altura. Optou-se pelo uso da laje nervurada, pois é a solução mais econômica, sendo utilizada em vãos uniformes como é o caso do projeto, permitindo a existência de grandes vãos e efeito arquitetônico interessante se a estrutura for aparente. (REBELLO,2008) As lajes se submetem a grandes esforços devido a presença dos vãos e os usos do edifício, como biblioteca, setor de triagem e auditório. Para suportar essas cargas foram definidos dois grupos de pilares: No primeiro grupo são os pilares de sessão circular centrais que possuem 65 cm de diâmetro, enquanto o segundo grupo são os pilares localizados na borda do edifício, possuindo 50 cm de diâmetro. Os pilares são afastados das paredes, permitindo que a fachada seja contínua.
84
ESTRUTURA
Cobertura Pavimento 2 Pavimento 1 Térreo Subsolo 1 Subsolo 2
1º grupo de pilares (65 cm de diâmetro) 2º grupo de pilares (50 cm de diâmetro)
FIG.52. DIAGRAMA- SISTEMA CONSTRUTIVO ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
85
A passarela de visitação é de estrutura metálica e foi inspirada na passarela da Casa Jardim Paulistano do Grupo SP Arquitetos. A casa foi construída em 2012 e possui 3 pavimentos distribuídos num lote de 370 m². A estrutura é mista em concreto armado e aço, presente em elementos como na passarela e o revestimento do edifício. A passarela conecta um extremo do edifício ao outro e está apoiada nas empenas estruturais da residência, possuindo tirantes que são conectados a viga do pavimento superior.
FIG.53. CASA JARDIM PAULISTANO. SUPORTE METÁLICO FIXADO A ESTRUTURA DE CONCRETO. FONTE: ARCHDAILY.
86
Fig.54. CASA JARDIM PAULISTANO TIRANTE CONECTADO A VIGA DO PAV. SUPERIOR FONTE: ARCHDAILY.
A cobertura de vidro de 16,70x18,65 m localizada no vão central do edifício é apoiada pelos pilares da edificação e estruturada por um conjunto principal composto de 7 vigas metálicas de perfil I de 40 cm de altura e um conjunto secundário de 5 vigas metálicas de perfil I de 20 cm que se cruzam, criando uma malha onde os perfis de vidros são fixados. A cobertura foi elaborada a partir de duas referências projetuais que usaram um sistema semelhante, o Edifício Corujas (FGMF Arquitetos) e a Sede do Sebrae Nacional em Brasília (Grupo SP Arquitetos).
FIG. 55- ED. CORUJAS. FGMF ARQUITETOS. FONTE: ARCHDAILY
88
FIG. 56- SEDE SEBRAE DF. GRUPO SP FONTE: ARCHDAILY
COBERTURA EXPLODIDA
Vidro com proteção solar Caixilho para fixação dos vidros Estrutura metálica secundária
Estrutura metálica primária
Laje impermeabilizada
FIG. 57- DIAGRAMA COBERTURA EXPLODIDA. ELABORADA POR: GABRIELA FERNANDES
89
A fachada será composta por superfícies envidraçadas, tendo como objetivo a integração dos ambientes internos com o entorno do edifício. As fachadas com maior incidência solar (fachadas Nordeste e Noroeste) serão protegidas por chapas perfuradas. No período noturno a fachada com chapa perfurada torna-se mais transparente, devido a iluminação interna, sendo possível que o pedestre que esteja de passagem pelo entorno veja as atividades que ocorrem dentro do edifício.
FIG. 58- VISTA- RUA RIO BONITO ELABORADA POR: GABRIELA FERNANDES
90
2.3 DESENHOS
FIG. 59- PERSPECTIVA- RUA RIO BONITO X RUA DR. VIGÍLIO DO NASCIMENTO ELABORADA POR: GABRIELA FERNANDES
+725,89
+725,85
Rua Dr. Virgílio do Nascimento
04 05
R
+7
26
,5
8
+725,76
Rua João Boemer
Rua Rio Bonito
03
02
01
Rua Cel. Emídio Piedade
IMPLANTAÇÃO Escala 1/750
+726,24
+726,04
+726,61
+727.10
01- Praça/Acesso Visi-
04- P.E.V- ponto de
tantes
entrega voluntária
02- Paraciclo
05- Acesso Carga e
03- Acesso Carroceiros
Descarga
+72
ELEV. 03
1
2
3
8,20
4
9,25
5
8,20
9,25
6
A
9,25
A
19
19
19 9,25
19
B
06- Controle/Acesso 20
18
07- Sala de Treinamento
9,25
17
08- Café 09- Hall de entrada
C
10- Cozinha 9,25
11- Refeitório 12- Vestiário
16
B
B
13- Primeiros Socorros
PROJEÇÃO COBERTURA s
DD
9,25
ELEV. 02
15
carga 17- Armazenamento p/ despacho
12
18- Recepção material à triar
9,25
09
S
19- Doca
C
12
F
20- Triagem primária
10
8,20
11 08 06
07
PROJEÇÃO COBERTURA
A
C
15- D.M.L 16- Elevador de carga e des-
E
14
13
14- W.C
ELEV. 01
TÉRREO G
Nível: +725,88 Escala 1/400
ELEV. 03
2
9,25
8,20
3
9,25
4
8,20
5
9,25
6
A
1
24
24
9,25
A
24
9,25
B
23
9,25
C
B
B S
9,25
+730,90
ELEV. 02
D
22
14- W.C E
15
21- Lab. De Informática 9,25
14
22- Galeria/Exposição 23- Múltiplo Uso
C
14
F
24- Oficina
8,20
21
PAVIMENTO 1 G
A
C
15- D.M.L
ELEV. 01
Nível: +730,90 Escala 1/400
ELEV. 03
4
9,25
8,20
5
9,25
6
A
3
9,25
A
32
31
9,25
B
33 31
C
14- W.C
9,25
15- D.M.L 31
fado
B
+734,62
29 27
15
9,25
30 26
27- Administração 28- Direção 29- Gerência
28
E
30- Sala de Reunião 31- Sala de Aula
14
32- Biblioteca
9,25
S
33- Terraço
C
14
8,20
F
25
PAVIMENTO 2 F
A
C
26- Recepção ADM.
D ELEV. 02
B
25- Depósito geral/Almoxari-
ELEV. 01
Nível: +734,62 Escala 1/400
ELEV. 03
2
9,25
8,20
3
4
9,25
8,20
5
6
9,25
A
1
9,25
A
B
9,25
+722,98
C
9,25
39
B
S
9,25
ELEV. 02
D
15
38
E
15- D.M.L 35- Antecâmara. 36- Sala de Projeção
C
37
14
37- Auditório
9,25
35
38- Foyer F
39- Passarela de Visitação
+721,07
36
8,20
C
14- W.C 34- Depósito geral
+722,98
14
34
SUBSOLO 1
35 G
A
B
ELEV. 01
Nível: +722,98 Escala 1/400
ELEV. 03
1
2
8,20
3
9,25
4
8,20
5
6
9,25
A
9,25
A
42 9,25
41
+719,88
B
44
9,25
40 43
9,25
C
S
16
B
B
16- Elevador de carga e desELEV. 02
A
D
carga 40- Estoque de Fardos 41- Prensagem/enfardamento/ pesagem 42- Depósito Geral. 43- Sala de Manutenção 44- Baías de Separação por Tipo (Triagem Secundária)
SUBSOLO 2
Nível: +719,88 Escala 1/400
ELEV. 01
31323334353844-
Sala de Aula Biblioteca Terraço Antecâmara Sala de Projeção Passarela de visitação Triagem Secundária
A
A
08- Café 20- Triagem Primária 21- Lab. De informática 23- Sala de Múltiplo Uso 24- Oficina. 25- Depósito/ Almoxarifado 27- Administração
G
F
8,20
9,25
E
9,25
D
C
9,25
9,25
B
32
27
25
A
9,25
DET.1
21
734,62
24 730,90
08 RUA CEL. EMÍDIO PIEDADE
20
727,23
726,61
RUA DR. VIRGÍLIO DO NASCIMENTO
725,88
34
38
34
35
722,98
44
719,88
CORTE AA Escala 1/400
B
3
B
4
9,25
5
8,20
6
9,25
DET.2
DET.3
31
33
734,62
23 730,90
20
727,23 725,88
CORTE BB Escala 1/400
44
DET.4
43
719,88
RUA RIO BONITO
09- Hall de Entrada 12- Vestiário 14- W.C 22- Galeria/Exposição
3 C
9,25
4
8,20
5
2736ção 3744-
Administração Sala de ProjeAuditório Reservatório
6
9,25
C
44 14
27 734,62
14
22 730,90
12 09 14
36
725,88
RUA RIO BONITO
37 721,07
CORTE CC Escala 1/400
725,76
ELEVAÇÃO 1 Escala 1/400
RUA RIO BONITO
RUA CEL. EMÍDIO PIEDADE
726,61
725,85
ELEVAÇÃO 2 Escala 1/400
RUA RIO BONITO
ELEVAÇÃO 3 Escala 1/400
725,76
RUA DR. VIRGÍLIO DO NASCIMENTO
Claraboia Laje Impermeabiliza
Brise em chapa metálica perfurada Esquadria em Alumínio Pilar em concreto
Laje nervurada Parede de alvenaria Passarela de Manutenção
Piso em concreto polido
725,88
RUA RIO BONITO
Talude Gramado Esquadria Basculante em Alumínio Canaleta em alumínio. Contenção em concreto
Corte BB- AMPLIAÇÃO Escala 1/150
,72
,17 ,20 ,27,06
Piso em orsograde
Barra chata p/ fixação do brise e= 10mm Estrutura Piso orsograde perfil metálico “C” 10 x 20 cm Estrutura Piso orsograde perfil metálico “C” 10 x 20 cm
4,55
3,51
Brise em chapa metálica perfurada
Esquadria em alumínio
Guarda-corpo metálico h= 1,2m
Piso em orsograde
,06,27 ,20
Barra chata p/ fixação do brise e= 10mm
Detalhe 01- Fachada Escala 1/50
Estrutura Piso orsograde perfil metálico “C” 10 x 20 cm Estrutura Piso orsograde perfil metálico “C” 10 x 20 cm
Vidro com proteção solar Perfil de alumínio de fixação dos vidros 1,50
,20
,40 ,12
1,50
Estrutura Secundária: Viga de aço h= 200mm Estrutura Primária: Viga de aço h= 400mm Perfil de fixação chumbado no pilar de concreto e aparafusada na viga de aço.
Pilar em concreto
Detalhe 02- Cobertura Zenital Escala 1/50
,90
Arbusto Terra Adubada Suporte para a terra
,40 ,16 ,24
1,29
Rufo com pingadeira
Camada Impermeabilizante Laje Nervurada
Detalhe 03- Canteiro Terraço ,40
Escala 1/50
Tirante metálico fixado a laje Pilar em concreto
1,16
Guarda-corpo metálico
,15
,40
,04
Piso em orsograde Chapa metálica para fixação de suporte chumbado no pilar de concreto e aparafusada.
Suporte metálico de Fixação chumbado no Pilar Viga Metálica perfil I
Detalhe 04- Passarela de Visitação Escala 1/50
FIG. 60- TERRAÃ&#x2021;O ELABORADO POR: GABRIELA FERNANDES
CONSIDERAÇÕES FINAIS A preocupação com a gestão de resíduos sólidos vem sendo discutido com grande frequência por nossa sociedade, este problema é decorrente da mudança dos padrões de consumo, ou seja, as pessoas passaram a consumir mais, gerando grande quantidade de resíduos, que são os responsáveis pela degradação ambiental, poluição do solo, água, aquecimento global, consequências que já vem sendo sentidas pelo planeta. O presente trabalho apresenta uma série de dados referentes as iniciativas para reversão deste quadro. A reciclagem é uma alternativa ambiental, pois além de ser barato reduz a quantidade de lixo e promove empregos para a população mais carente. O Brasil possui políticas para incentivo ao reaproveitamento de materiais, nomeado Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Porém, a política ainda é ineficiente devido a presença de descarte em lixões, a negligência em relação aos catadores, pois grande parte trabalha de forma informal, e os dados desiguais entre as regiões sobre a coleta seletiva. A pesquisa CEMPRE (2016) aponta que 81% dos municípios brasileiros com coleta seletiva concentram-se nas regiões Sudeste e Sul. Em São Paulo, desde a década de 80 há iniciativas para a destinação de RSU, a partir da implantação da coleta seletiva, o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ,porém a cidade sofre com o problema de pontos viciados de descarte
115
irregular, mostrando a necessidade da criação de políticas públicas voltadas a conscientização, o incentivo ao consumo consciente e o reaproveitamento de materiais. Portanto, a resposta para este tema, além do investimento em políticas públicas, é o envolvimento da população e o reconhecimento dos profissionais de catação, pois exercem papel fundamental para a reciclagem. O projeto Centro Escola de Reciclagem- Pari, partiu desta premissa e propôs uma alternativa que estimula a educação ambiental, a inclusão dos catadores atuantes no bairro e a aproximação da população e frequentadores da região com a temática apresentada.
116
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRELPE. Panoramas dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016. São Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/panorama_apresentacao.cfm> Acesso em : 30/08/2018. ARAUJO, Karina; PIMENTEL, Kelly. A problemática do Descarte Irregular dos Resíduos Sólidos Urbanos nos Bairros Vergel do Lago e Jatiúca em Maceió, Alagoas. Universidade do Sul de Santa Catarina. Florianópolis, SC. 2015. Disponível em: <http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/gestao_ambiental/article/view/2762> Acesso em: 12/09/2018. BENZEN, G. et Al. Coleta Seletiva na Região Metropolitana de São Paulo: Impactos da politica nacional dos resíduos sólidos. Ambiente & Sociedade. São Paulo v. XVII nº. 3. São Paulo, 2014. CEMPRE. Review 2015. São Paulo, 2015. busca/review> Acesso em: 02/09/2018.
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