Trabalho Final de Graduação - Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana

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GABRIELLY TEIXEIRA SILVA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO CENTRO UNIVERSITÁRIO FMU FIAM-FAAM

CENTRO-ESCOLA DE ARTES PLÁSTICAS DE SANTANA


GABRIELLY TEIXEIRA SILVA

CENTRO-ESCOLA DE ARTES PLÁSTICAS DE SANTANA

Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora do FIAM-FAAM Centro Universitário como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Laura Regina Amaral

SÃO PAULO

2021


Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

GABRIELLY TEIXEIRA SILVA

CENTRO-ESCOLA DE ARTES PLÁSTICAS DE SANTANA Trabalho Final de Graduação apresentado à Banca Examinadora do FIAM-FAAM Centro Universitário como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel, em Arquitetura e Urbanismo. Data de aprovação: ____/____/________. Banca examinadora:

Teixeira Silva, Gabrielly Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana / Gabrielly Teixeira Silva; orientadora Laura Regina Amaral. São Paulo, 2021. 99 páginas. Notas: 1. Centro-Escola 2. Artes Plásticas 3. Santana

______________________ Laura Regina Amaral FIAMFAAM – Orientadora ______________________ Prof.: Felipe de Lima Gonzaga Professor(a) Convidado(a) Interno(a) ______________________ Prof.: Paulo Cássio de Moraes Gonçalves Professor(a) Convidado(a) Externo(a) SÃO PAULO 2021


AGRADECIMENTOS

DEDICATÓRIA

Agradeço à minha mãe, Aparecida, pela minha criação, estudos e oportunidades; à Breno pelo companheirismo, amor e apoio a quem eu sou; e aos meus amigos arquitetos Vitor e Luís, que dentro e fora do curso me mostraram o que é a amizade verdadeira. Agradeço também à Laura, minha orientadora, que me ajudou imensamente na evolução e desenvolvimento do projeto.

Ao meu avô Niva - que sempre se orgulhou da minha trajetória nos estudos e incentivava meu amor pela arte - e às outras vítimas da COVID-19 pelo Brasil e no mundo.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1 TEMA E CONTEXTUALIZAÇÃO 1.1 Centro-Escola de Artes Plásticas 1.2 Análise urbana 1.2.1 Região 1.2.2 Bairro 1.2.3 Entorno imediato 1.3 Análise do terreno CAPÍTULO 2 O PROJETO 2.1 Partido arquitetônico 2.2 Programa arquitetônico 2.2.1 Estudos de caso 2.2.2 Programa 2.3 Características construtivas: Materiais e estrutura 2.4 Peças gráficas REFERÊNCIAS

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12 20 20 24 26 30

44 66 66 74 78 88

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INTRODUÇÃO A presente monografia de Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo tem como objetivo apresentar a proposta do projeto de um Centro-Escola de Artes Plásticas localizado em Santana, na zona norte de São Paulo, se tratando de um equipamento que une espaços livres de convivência e cultura com ambientes de ensino artístico voltado a artes plásticas. A partir de análises do tema, local e necessidades da população, serão apresentadas problemáticas e criadas soluções justificadas por meio das decisões projetuais, com o caderno dividido em dois capítulos. No primeiro capítulo, é contextualizado e explicado o tema de Centro-Escola de Artes Plásticas e suas funções, mostrando e questionando a importância do projeto para a população a partir de sua demanda e valor para a cidade. Em sequência, é apresentada a análise urbana do local em diferentes escalas, começando pelo estudo da região da Zona Norte de São Paulo, a análise dos elementos principais do bairro de Santana e do entorno imediato do terreno. Por fim, é estudado o terreno de inserção do projeto e seus aspectos que direcionaram o projeto desenvolvido. No segundo capítulo é apresentado todo o processo de desenvolvimento das decisões projetuais e seu produto final, mostrando o seu partido e programa arquitetônicos, características construtivas e seu resultado final através de pranchas gráficas. 09


CAPÍTULO 1 Figura 1: Water Lilies, de Claude Monet (1907). Fonte: art.monet.com

TEMA E CONTEXTUALIZAÇÃO


1.1 CENTRO-ESCOLA DE ARTES PLÁSTICAS A arte na sociedade O conceito de arte, do latim ars, pode ser entendido como o resultado da expressão, manifestação e comunicação feitas pelo ser humano de sua história, cultura,

Essa área artística é definida pelo uso de materiais como papéis, tecidos, tintas, lápis, canetas, argila, cerâmica, gesso, madeiras, metais, minerais e rochas como base de criação.

natureza, sentimentos, ideias ou estéticas. Com inúmeros meios de representação, a arte pode se mostrar, por exemplo, como música, teatro, cinema, escrita, escultura, desenho, pintura ou arquitetura.

Com a chegada das novas tecnologias ao longo dos séculos, surgiram novas técnicas e outras definições de tipos de arte, como as artes visuais, que compreendem os produtos criados a partir de técnicas como fotografia, design, animação, artes digitais e entre outros.

Apesar da definição variável de acordo com o tempo, culturas e vivências diferentes, a arte existe desde o início da vida humana e está diretamente ligada à sua evolução. A partir dela, é possível entender o passado, expressar o presente e criar o futuro. Sendo assim, não há duvidas de que a arte, independente da época ou lugar, tem extrema importância na sociedade, sendo fundamental para o desenvolvimento da população.

O ensino de arte na contemporaneidade No âmbito da arte e arquitetura, o século XX foi marcado no mundo pela fundação da escola de Bauhaus, em Weimar, na Alemanha, no ano de 1919 pelo arquiteto Walter Gropius. Fundada numa época de fortalecimento industrial, a escola ousou em unir a máquina ao trabalho artístico, produzir arte de boa qualidade na produção em massa da indústria e trazer à escola artistas de áreas de atuação distintas.

A área de artes plásticas Dentro das diversas possibilidades de expressão artísticas existentes, a área de artes plásticas engloba as técnicas de criação utilizando o manejo de materiais para a construção de imagens e formas como produto final. Podem ser consideradas artes plásticas, em geral as técnicas de: Desenho Colagem Pintura Tecelagem Escultura Gravura 12

Artesanato

Juntos, os membros do grupo começaram a procurar estabelecer uma nova relação entre o artesão e a indústria. Tratou-se de um verdadeiro exercício de renovação cultural. Os alunos da escola eram estimulados tanto ao ensino formal artístico como ao ensino integrado com o artesanato. (CAMPOS, Erika – A escola de Arte Bauhaus. Disponível em: <https://www.culturagenial.com/bauhaus/>. Acesso em: 30 mai, 2021.)

Unindo disciplinas de arquitetura, design, desenho industrial, escultura e pintura, a escola deu voz a técnicas de artes plásticas consideradas inferiores na época, como cerâmica, marcenaria e tecelagem, unindo artistas de diferentes áreas para o ensino da arte, formando uma comunidade artística diversa que influenciou outras instituições do tipo pelo mundo, levando também arte moderna para diferentes níveis 13


sociais e causando impacto na arte do século XX por apresentar grandes nomes no seu corpo docente. Arquitetonicamente, o movimento da escola, percursora do modernismo, apresentou características como o uso de materiais pré-fabricados, volumes simplificados, linhas retas, formas geométricas, paredes lisas, coberturas planas e janelas em fita – elementos que inspiraram a arquitetura do projeto do Centro-Escola de Artes Plásticas proposto. Em 1933, a escola de Bauhaus passou por ataques nazistas, que consideravam suas desafiadoras propostas “anárquicas expressionistas”, o que resultou no seu fechamento na época, comprovando sua importância como escola de artes no contexto político e mostrando a importância de um equipamento de ensino de artes como um marco de resistência.

Equipamentos de ensino de arte em São Paulo Apesar de São Paulo dispor de uma grande diversidade de equipamentos, é constatado um déficit na rede ligada á cultura e artes comparado a outros tipos de infraestruturas, ocasionado pela dificuldade de gestão municipal e falta de investimento público. Além disso, a concentração maior de equipamentos culturais, assim como a maioria dos outros equipamentos, é localizada na região central da cidade, mostrando uma desproporção que causa atraso no desenvolvimento cultural principalmente nas regiões periféricas. Segundo um levantamento do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (2004) “Para a formação de público para as artes e a cultura é necessária uma política educacional que invista nos alunos, de maneira a facilitar a apreciação e a prática, artística e cultural, de forma sistemática nas escolas.”. Através da pesquisa da Gestão Urbana de São Paulo (2018), é apresentado um mapa que uniu a rede de equipamentos públicos culturais em São Paulo, onde foi mostrada a localização dos equipamentos por tipos, sobre faixas de renda média divididas em quatro áreas, de acordo com a renda per capita dos distritos. No mapa também é possível ver a presença de um único equipamento setorizado como Escola de Artes pública, localizado no distrito do Jabaquara, a Escola Municipal de Iniciação Artística.

Figura 2 - Escola de arte Bauhaus em Dessau Fonte: Gili Merlin/ArchDaily Brasil, 2017. Acesso em: 30 mai, 2021. 14

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LEGENDA

TIPO Biblioteca CEU Casa de Cultura Espaço Museológico Ponto de Leitura Bosque de Leitura FabLab Teatro/Auditório Centro Cultural Escola de Artes DISTRITOS POR RENDA PER CAPTA (% renda até meio salário mínimo) Área 1 (até 10%) Área 2 (de 10 a 20%) Área 3 (mais de 20%) Área 4 (mais de 20%)

trazem em sua programação cursos livres e oficinas de arte. Outro equipamento notável de ensino público é a ETEC de Artes, localizada próxima ao terreno de projeto, no Parque do Carandiru, Zona Norte, oferecendo os cursos de: canto; dança; design de interiores; eventos; regência; composição e arranjo; arte dramática; paisagismo e processos fotográficos. Também exercem a função as universidades públicas e federais e privadas do estado que oferecem cursos na área de artes. Além da escassez de Escolas de Artes providas pelo ensino público, a grade curricular em sua maioria não abrange o ensino especializado em artes plásticas, que contempla o estudo de técnicas de desenho, pintura, escultura, gravura e entre outros, mostrando necessária a implantação do equipamento na cidade. Na rede privada é encontrada uma maior quantidade de escolas com ensino artístico, mas as mesmas também sofrem da desigualdade em sua distribuição na cidade, sendo apresentadas, em sua maioria, na região central.

Figura 3 - Mapa de equipamentos culturais em São Paulo

Fonte: Marino Projetos Culturais (2018). Acesso em: 24 out, 2021.

Além desse equipamento, a Prefeitura também fornece no ensino de arte o Programa de Iniciação Artística, que abrange as áreas de teatro, dança, música e artes visuais, executado em CEUs e bibliotecas públicas da cidade, que também 16

Figura 4 - Distribuição de Escolas de Arte em São Paulo, contando com a rede privada. Fonte: Google (2021). Acesso em: 18 out 2021. 17


Analisando também os dados da distribuição de centros culturais na capital, é possível observar que o padrão de concentração na região central se repete, mostrando mais uma vez a necessidade da implantação de equipamentos culturais nas outras regiões da cidade.

A importância de um Centro-Escola de Artes em Santana Através da arte, é aprimorada a qualidade de vida, criatividade, raciocínio e bemestar da população. E a área de artes plásticas, que revelou ao longo da história nomes dos maiores artistas já conhecidos, traz na prática diversos resultados positivos para o ser humano e para o meio em que vive, seja encarado como hobby ou como profissão, e aplicável para qualquer faixa etária, desenvolvendo igualmente o intelectual, emocional, social, motor, criativo e cognitivo. A partir dos resultados obtidos na pesquisa sobre o tema e local, revelou-se que a metrópole de São Paulo possui grande carência no âmbito de equipamentos de ensino artístico, com poucas escolas de arte e equipamentos de ensino técnico e superior dessa área. Também foi mostrada a relação da quantidade de equipamentos culturais na capital, que sofre de falta de investimento público se expondo insuficiente para suprir a demanda populacional. Além disso, os dados apresentados mostraram a maior concentração dos poucos equipamentos do âmbito cultural e artístico localizados na região central, realçando a necessidade dos mesmos em outras regiões. Entre elas, foi revelada também uma deficiência maior na zona norte de São Paulo, que sofre com o menor número de centros culturais.

Figura 5 - Mapa de equipamentos culturais em São Paulo. Fonte: Observatório do Turismo [2014?]. Acesso em: 18 out 2021.

Além disso, de acordo com estudo do Observatório do Turismo para a Prefeitura de São Paulo, é mostrado que, dentre os 115 espaços culturais da cidade, constituídos por centros culturais, casas, fábricas e oficinas de cultura, apenas nove são localizados na zona norte da cidade, se mostrando a região com maior precariedade na quantidade desses tipos de equipamento. 18

Fundamentado nesses aspectos, foi escolhida a inserção do projeto na região da Zona Norte, com terreno localizado no distrito de Santana, considerado o principal bairro da zona e possuindo fácil acesso na mobilidade e transporte público, apresentados nos tópicos seguintes. Com isso, a região se abasteceria com um equipamento de convivência e ensino de arte, num local de destaque que possibilita a chegada de outras regiões e partes da cidade e da região norte. 19


1.2 ANÁLISE URBANA 1.2.1 Região A Zona Norte de São Paulo A Zona Norte de São Paulo é a sub-região do município de São Paulo que engloba as subprefeituras da Freguesia do Ó/Brasilândia, Perus/Anhanguera, Pirituba/Jaraguá – distinguidas também como zona noroeste; e as subprefeituras do Jaçanã/Tremembé, Santana/Tucuruvi, Vila Maria/Vila Guilherme e Casa Verde/Cachoeirinha – denominadas por região nordeste.

Brasil > Estado de São Paulo

Estado de São Paulo > Região Metropolitana de SP

Região Metropolitana de SP > Município de São Paulo

Clube Tucuruvi, Parque Estadual do Jaraguá, Parque Vila Guilherme – Trote, Parque Tenente Brigadeiro Roberto Faria Lima, Parque Rodrigo de Gasperi e o Parque Linear Bananal Canivete. (GUIA ZN, 2020)

Município de São Paulo > Zona Norte de SP

Figura 6 - Localização da Zona Norte na capital Fonte: Mapas para Colorir/Adaptado por Gabrielly Teixeira. Acesso em 24 out, 2021. 20

Geograficamente, a zona é localizada ao norte do Rio Tietê e oferece como elementos notáveis o Aeroporto Campo de Marte, Terminal Rodoviário do Tietê e Complexo do Anhembi, que abriga os desfiles de carnaval de São Paulo, possuindo também uma grande quantidade de parques , contando com 18 no total, sendo eles : o Parque Senhor do Vale, Parque Pinheirinho d’Água, Parque Linear do Fogo, Parque Jardim Felicidade, Mirante de Santana, Parque Sena, Parque Cidade de Toronto, Parque Jacintho Alberto, Parque São Domingos, Parque da Juventude, Parque Estadual Albert Lofgren , Parque Estadual da Cantareira, Parque Lions

Figura 7 - Horto florestal, na reserva da Cantareira. Fonte: Portal Ambiente Legal (2016). Acesso em 24 out, 2021. 21


A Região também é abastecida pela linha 1-Azul do Metrô, chegando à zona nordeste, e Linha 7-Rubi da CPTM na noroeste, além dos projetos futuros de linhas do Metrô da nova Linha 6-Laranja, que liga a estação São Joaquim até a Brasilândia e a futura linha 19-Celeste, que vai do Anhangabaú até Guarulhos, passando por bairros da Zona Norte.

LEGENDA

METRÔ - LINHA Linha 1 - Azul Linha 2 - Verde Linha 3 - Vermelha Linha 4 - Amarela Linha 5 - Lilás Linha 15 - Prata TREM - LINHA Coral Diamante Esmeralda Jade Rubi Safira Turquesa

Figura 8: Distribuição das linhas de Metrô na Zona Norte. Fonte: GeoSampa (2021)/Adaptado por Gabrielly Teixeira. Acesso em 24 out, 2021. 22

O distrito de Santana Com população total, em 2020 de 113.253 habitantes (OBSERVASAMPA, 2020), o distrito de Santana é caracterizado por ser um núcleo de lazer, comércio e serviços, marcado pela presença do Parque da Juventude, Terminal Rodoviário do Tietê e o Aeroporto Campo de Marte. Apesar de bem abastecido por moradia, comércio e transporte, o distrito mostra problemas de enchentes e vandalismo, além de ter sofrido com a gentrificação nos últimos anos, que trouxe a verticalização do gabarito, recém-ocupado por empreendimentos residenciais de alto e médio padrão, principalmente na região do Alto de Santana. Delimitada em sua face sul pelo rio Tietê, o distrito também é atravessado por córregos como o Carandiru e Tenente Rocha. As dificuldades com enchentes na região são frequentes, com agravamento na região sul do distrito, causada pelo

LEGENDA

Massa d'água Drenagem Área inundável

enchimento do Rio Tietê, que mostra uma malha de área inundável em todo o seu percurso na cidade.

Figura 9: Mapa do distrito de Santana com indicação da hidrografia e pontos de enchente. Fonte: GeoSampa/Adaptado por Gabrielly Teixeira (2021). Acesso em 30 mai, 2021 23


1.2.1 Bairro O Bairro de Santana Com origem na colonização do Brasil, pela Fazenda de Sant’Ana, construída em 1734, a história do bairro surgiu através da ocupação de jesuítas, com sua ocupação intensificada a partir do século XX (VEJA SP, 2010), causada pela industrialização e a implantação de novos acessos ligando o bairro ao centro da cidade, além do desenvolvimento maior a partir da chegada das estações de metrô (SEMANÁRIO DA ZONA NORTE, 2009). O curso natural do Rio Tietê, com inúmeras curvas e frequentes enchentes, só veio a ser efetivamente retificado nos anos 1940. Criava-se uma nova paisagem ao longo do Tietê. Do bonde puxado a burros, do século 19, à inauguração da primeira estação do metrô, da linha norte-sul, inaugurada na década de 70, o bairro de Santana passou por muitas mudanças até consolidar sua integração à metrópole. (Santana chega aos 227 anos como a locomotiva da Zona Norte – Semanário da Zona Norte, 2009. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20140826114214/http://www.semanariozn.com. br/exibenoticia.asp?idnews=1518>. Acesso em: 31 mai, 2021.)

Figura 10: Localização do bairro de Santana. Fonte: Google (2021). Acesso em 18 out, 2021 24

Dividido em Centro e Alto de Santana, o bairro em sua totalidade possui alta densidade demográfica, com o Centro de Santana caracterizado pela alta concentração de comércios, gabarito baixo e boa infraestrutura de transporte, como o Terminal Metrô Santana, além de importantes vias arteriais que ligam o bairro ao resto da cidade, como as avenidas Braz Leme, Cruzeiro do Sul e General Ataliba Leonel – onde está localizado o terreno do projeto. No âmbito cultural, o bairro tem como elementos de destaque a Biblioteca São Paulo, o SESC Santana, Biblioteca Narbal Fontes, Biblioteca Nuto Santana, Museu Penitenciário no Carandiru e o Museu de Aberto e Arte Urbana, que percorre a Avenida Cruzeiro do Sul com murais de grafite sob os trilhos do metrô. Apesar da existência de equipamentos de ensino de arte próximos ao raio do local escolhido, como a ETEC de Artes, a escola técnica traz formação apenas em outras áreas do meio artístico, não fornecendo cursos e profissionalização na área de artes plásticas, o foco do projeto. Atrações como a ETEC e Museu de Arte Urbana também mostram a vocação da região para a área artística, qualificando o equipamento proposto para o público já frequentador da região.

Figura 11: Museu Aberto de Arte Urbana Fonte: Folha de São Paulo/Edilson Dantas (2015). Acesso em 31 mai, 2021. 25


1.2.2 Entorno imediato Localizado próximo ao centro de Santana, beirando o limite com o distrito da Vila Guilherme, o terreno situa-se na Avenida General Ataliba Leonel, via com grande importância para o bairro e para a Zona Norte, uma vez que, como via arterial, liga a

Além do trajeto de 10 minutos a pé da estação (850 m), o local pode ser acessado por linhas de ônibus, com trajetos de aproximadamente entre 5 a 10 minutos, com pontos também próximos ao terreno – nas duas ruas adjacentes: Avenida General Ataliba Leonel e Rua Duarte de Azevedo - caracterizando-o como um local qualificado em relação à mobilidade e transporte público.

região para o resto da cidade. Além da localização privilegiada numa via de destaque no distrito, o a escolha do local de projeto foi fundamentada na proximidade por transporte público, trazendo o acesso fácil por meio de linhas de ônibus e, principalmente, o metrô. A proximidade com o Terminal Metrô Santana, com estação na linha 1-Azul do Metrô, foi um dos principais condicionantes para a escolha do local, uma vez que se trata de um terminal de grande porte usado como um dos principais meios, pelos moradores e visitantes, de entrada e saída na Zona Norte. ÁREA DO PROJETO

Próximo a linhas de ciclovia que percorrem os canteiros da Avenida General Ataliba Leonel, seu entorno também é equipado com faixas de pedestres bem distribuídas que interligam os quarteirões, mostrando um bom fluxo para quem chega ao terreno a pé.

LEGENDA

Via arterial Via coletora Via local Ponto de ônibus Ciclofaixa

LEGENDA

METRÔ SANTANA

Metrô Ponto de ônibus Ciclovia Praça

Figura 12: Percurso terreno > Terminal Metrô Santana Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 26

Escola Supermercado Restaurante Polícia

Figura 13: Mapa com hierarquização viária e elementos de transporte público e mobilidade. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 27


Quanto à ocupação do solo do entorno do terreno, a região mostra-se de uso misto, com predominância de comércios e serviços na Avenida General Ataliba Leonel, e o início de lotes residenciais a noroeste da Rua Duarte de Azevedo, já próximas à região do Alto de Santana. Seu gabarito de alturas, em geral, se mostra baixo, com edificações de, em sua maioria, até três pavimentos. Por conta da gentrificação sofrida no bairro que gerou o interesse de imobiliárias, existem alguns novos empreendimentos residenciais de condomínios que destoam do gabarito existente, chegando a mais de 10 pavimentos. Figura 15: Vista de satélite do terreno em seu entorno imediato. Fonte: Google/Adaptado por Gabrielly Teixeira (2021). LEGENDA Residencial térreo a 2 pavimentos Residencial 3 a 10 pavimentos evedo de Az uarte Rua D

Residencial 10+ pavimentos Comércio térreo a 3 pavimentos Serviço térreo a 3 pavimentos Institucional térreo a 3 pavimentos

ida en Av

el on Le liba a t A n. Ge

Equipamentos públicos Sem informação

Figura 14: Mapa de gabarito e uso do solo no entorno imediato do terreno. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 28

Portanto, as análises urbanas da cidade, região da Zona Norte de São Paulo, bairro de Santana e entorno imediato do terreno trazem, em resumo, as seguintes problemáticas principais: Necessidade de aumento da quantidade de equipamentos ligados ao âmbito cultural na cidade; Poucas escolas e programas de arte distribuídos na capital; Inexistência de um equipamento completo especializado no ensino de artes plásticas na região; Zona Norte com o menor número de equipamentos culturais da cidade; Déficit na quantidade de locais de convivência seguros próximos ao Terminal Santana, o mais movimentado da região norte; Inexistência de centros culturais no bairro de Santana. 29


1.3 ANÁLISE DO TERRENO Com faces para a Avenida General Ataliba Leonel e Rua Duarte de Azevedo, o terreno de intervenção é ocupado por um lote com estacionamento, um lote vazio e dois lotes ocupados por lojas. Além disso, o projeto também contará com intervenções na praça ao lado, a Praça Orlando Silva, que se tornará parte do paisagismo do projeto, mostrado no próximo capítulo. Potencializado então pelo acesso por várias ruas, numa localização privilegiada no bairro e cidade, próximo a modais de transporte público e numa região carente especializados, o terreno tornou-se ideal para o projeto.

de

equipamentos

Inserido no perímetro de zoneamento ZEMP (Zona Eixo de Estruturação Metropolitana Previsto), o terreno traz o índice de coeficiente de aproveitamento

do Azeve e d e t uar Rua D

Terreno do projeto 4068 m²

máximo dois, resultando num limite máximo de 8136 m² para a área construída. Territórios de transformação: objetiva a promoção do adensamento construtivo e populacional das atividades econômicas e dos serviços públicos, a diversificação de atividades e a qualificação paisagística dos espaços públicos de forma a adequar o uso do solo à oferta de transporte público coletivo. (Gestão Urbana SP (2016) – Novo Zoneamento. Disponível em: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marcoregulatorio/zoneamento/>. Acesso em: 01 jun, 2021.)

Praça do projeto

. Av

a ib al t lA ra e n Ge

el on e L

A zona objetiva a orientação do crescimento das cidades nas proximidades do transporte público, buscando fomentar o desenvolvimento dessas áreas aproveitando a diminuição do tempo de deslocamento, favorecendo a qualidade de vida dos usuários na cidade, além de promover diversidade de atividades e atrair as pessoas para os locais próximos ao transporte público. (ZONEAMENTO ILUSTRADO, 2016) 30

Figura 16: Vista aérea do terreno e seu entorno imediato. Fonte: Google Maps/ Adaptado por Gabrielly Teixeira (2021). 31


A partir da ZEMP como zona de uso, a lei estabalece para o terreno uma taxa de ocupação do solo de 0,70% e gabarito máximo de altura em 28 m. Quanto aos recuos, não são aplicados nas partes frontais do lote, contando apenas com recuos laterais de 3 m, para edificações com mais de 10 m. O perímetro da zona de uso é classificado no perímetro ZCP-A/0004 (zona de centralidade polar), e quanto à qualificação ambiental, é definida como PA 1, que exige 0,25% de taxa de permeabilidade.

Topografia e vegetação Atualmente com parte sendo usado como um estacionamento, o terreno não possui muitas irregularidades na topografia e nem é preenchido com massa arbórea. Em geral, o relevo do bairro se apresenta em algumas partes acidentado, por se localizar perto da Serra da Cantareira, e em outras mais plano, na face próxima ao Rio Tietê. Comparado a algumas partes do entorno imediato, o terreno apresenta poucas curvas de nível, não sendo considerado plano por uma leve inclinação no terreno em sua face transversal.

Avenida General Ataliba Leonel, 1353 - Santana Área total do terreno: 4068 m ² Área máxima construída com CA 2: 8136 m ² Zona de uso: ZEMP

LEGENDA

Coeficiente de aproveitamento máximo (C.A.): 2 Taxa de ocupação máxima (T.O.): 0,70 Gabarito de altura máxima: 28 m Recuos mínimos - frente: N/A - fundos e laterais: 3 (edificação > 10 m) Perímetro da zona de uso: ZCP-A/0004 (zona de centralidade polar)

Qualificação Ambiental: PA 1

Ponto cotado Curva Mestra Curva Intermediária Terreno de projeto

Taxa de permeabilidade: 0,25

Figura 17: Resumo dos índices urbanísticos do terreno. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 32

Figura 18: Topografia do terreno e entorno imediato. Fonte: Geosampa (2021). 33


Quanto à vegetação existente, a análise mostrou que o terreno sofreu mudanças na retirada das massas arbóreas nos últimos anos, chegando a atualmente se encontrar sem nenhuma vegetação. De acordo com o estudo do histórico de imagens da rua através do Google Street View, é mostrado que até maio de 2018 o lote possuída uma faixa de espécies de vegetação em sua lateral, que sofreu modificações e chegou em Novembro de 2018 com apenas uma árvore de grande porte no terreno, permanecendo, pelo último registro, até abril do mesmo ano.

Já a praça, nomeada de Praça Orlando Silva em homenagem a um músico carioca do século XX, encontra-se atualmente em bom estado de conservação e com uma cobertura vegetal abundante, com algumas espécies diversas de árvores e arbustos. Apesar disso, o local não atrai os pedestres por muito tempo, tendo em vista que seu desenho paisagístico é composto apenas por caminhos de passagem, sem áreas de permanência. A Praça Orlando Silva, na Vila Guilherme, Vila Maria, Zona Norte, oficializada pelo Decreto 16.961, de 16/10/1980, relembra o músico conhecido como 'O Cantor das Multidões', que foi considerado um dos maiores artistas brasileiros do início do Século XX (...). (Conhecendo São Paulo (2012) – Praça Orlando Silva. Disponível em: <(historiadesaopaulo.blogspot.com)>. Acesso em: 19 out, 2021.)

Visitando o terreno atualmente, na data de maio de 2021, o mesmo já foi encontrado sem essa espécie que restou, ficando completamente sem vegetação. Mai/2018

Abril/2019

Mar/2021 - Situação atual do terreno

Figura 19: Histórico da vegetação existente no terreno. Fonte: Google Street View (2021). 34

Figura 20: Vista aérea da Praça Orlando Silva, ainda sem vegetação. Fonte: Google (2021).

Figuras 21 e 22: Vistas da Praça Orlando Silva pela Avenida General Ataliba Leonel. Fonte: Google Street View (2021). 35


Acessos e conexões Com as duas entradas do lote atravessando o quarteirão, o terreno tem acesso por duas ruas: a Avenida General Ataliba Leonel e a Rua Duarte de Azevedo. A Avenida General Ataliba Leonel é usada como o principal acesso por todos os usos atuais existentes no terreno, por se tratar de uma via larga, com calçada ampla e mais movimentação de pedestres e de carros, além da importância da avenida para a região. Nela, são comumente vistos durante o dia-a-dia pedestres passeando com segurança e frequência pela calçada e ciclistas no canteiro central. Pela existência de uma instalação da Polícia Militar e um MC Donald's nas duas esquinas em frente ao terreno, o lote tem bastante atenção através da avenida. Ao observar as imagens do acesso na Avenida General Ataliba Leonel, é possível ver melhor a dimensão do terreno e como se comporta atualmente ocupado: parte do terreno é formada por um lote apropriado por um estacionamento junto a um lote vazio (figura 23), contemplados também por uma larga faixa de calçada. A outra parte é formada por lotes que atualmente são ocupados por duas lojas (figura 24), onde, através da imagem, também é possível ver como a área tem a presença ativa de policiais trabalhando no local. Por fim, os lotes são seguidos da praça (figura 25).

Figuras 23, 24 e 25: Vistas dos terrenos e praça pela Av. General Ataliba Leonel. Fonte: Google Maps (2021).

Já na Rua Duarte de Azevedo, acesso secundário, ao norte do terreno, vê-se uma rua menos movimentada, e que, por se tratar de uma via mais estreita seguida de vielas de lotes residenciais em mau estado de conservação, não é vista com a mesma segurança da avenida. Nela, as calçadas mostram irregularidades e as fachadas dos edifícios foram degradadas por pichações em quase todo o seu percurso (figura 26). 36

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Além do outro acesso ao terreno, a rua conta com um ponto de ônibus (figura 27) e um dos muros de um colégio, a Escola Estadual Buenos Aires, que apesar de ficar em frente ao terreno, sua entrada de alunos se dá por outra rua, sendo virado para o local de projeto apenas um dos muros da escola, preenchido por vegetação (figura 28). Na imagens, além de visualizar os fundos do terreno (figura 28) é possível presenciar uma situação frequente de despejo de lixo e móveis descartados (figura 29), situação bastante presente na região após períodos de chuva forte que causam enchentes, características da zona norte, que ocasionam danos nas residências gerando prejuízos no mobiliário, sua perda, e consequentemente, seu descarte incorreto, que se acumula em vários pontos das calçadas do bairro.

Figura 27: Ponto de ônibus da Rua Duarte de Azevedo. Fonte: Google Street View (2021).

Figura 28: Fundos da EE Buenos Aires (esq.) e do terreno de projeto (dir.). Fonte: Google Street View (2021).

Figura 26: Vista da Rua Duarte de Azevedo, mostrando a degradação das fachadas e calçadas. Fonte: Google Street View (2021). 38

Figura 29: Descarte irregular de lixo e móveis na calçada. Fonte: Capturado por Gabrielly Teixeira (2021). 39


Insolação e conforto ambiental Através dos estudos solares, é possível observar como o gabarito das edificações vizinhas ao lote não faz nenhuma sombra significativa no terreno. As árvores existentes na Rua Duarte de Azevedo fornecem sombra e melhora na temperatura naquele acesso. Apesar disso, é necessário investir em elementos de bloqueio solar e massa arbórea no projeto, a fim de melhorar a situação da insolação em alguns ambientes. No entanto, o acesso pelas ruas na direção sudeste e noroeste favorecem o lote na questão da ventilação, uma vez que a predominância de ventos na cidade é da direção sudeste. Solstício de verão - manhã

Rua Duarte de Azevedo el Leon taliba en. A G a id Aven

Rua Duarte de Azevedo

l eone liba L n. Ata e G ida Aven

Solstício de inverno - manhã

Solstício de verão - tarde

Rua Duarte de Azevedo

el Leon taliba en. A G a id Aven

Rua Duarte de Azevedo

l eone liba L n. Ata e G ida Aven

Solstício de verão - tarde

Assim, o terreno do projeto apresenta, em resumo, as seguintes características: Potencialidades Terreno de 4068 m² com potencial construtivo de até 8136 m²; Praça como parte da intervenção do projeto; Terreno sem grandes irregularidades na topografia; Acesso ao terreno por duas ruas com características diferentes; Localização em uma via arterial e ponto influente no bairro e cidade; Proximidade com o Terminal Metrô Santana e acessibilidade com meios de transporte público; Terreno bem localizado, com equipamentos que trazem movimentação em seu entorno; Problemáticas Área com com metade dos lotes ocupados por lojas que interrompem a conexão do terreno com a praça; Praça desenhada atualmente apenas com caminhos de passagem; Inexistência de arborização no terreno de projeto; Rua posterior ao terreno em mau estado, vandalizada e com calçadas irregulares; Acesso secundário com pouca sensação de segurança ao pedestre; Situação de descarte irregular de lixo, proveniente das enchentes que afetam a Zona Norte; Terreno com incidência solar direta, fruto da inexistência de elementos no entorno que fornecem sombra, pelo seu gabarito baixo.

Figura 30: Estudo de insolação no terreno pelos solstícios. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 40

41


CAPÍTULO 2 Figura 31: The Japanese Footbridge, de Claude Monet (1899). Fonte: Google Arts & Culture.

O PROJETO


2.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO Proposta A partir da contextualização do tema, foi possível ver a importância da arte para a sociedade e a necessidade da implantação de equipamentos que a tragam para a população, mostrando também como a região da Zona Norte de São Paulo tem maior carência nesse quesito. Seguido disto, o bairro de Santana foi analisado e escolhido como local de intervenção, onde um terreno na Avenida General Ataliba Leonel foi definido de acordo com suas potencialidades. Apesar de características no bairro e no terreno que impulsionam e valorizam a implantação do equipamento, também foram apontadas algumas problemáticas, que serão agora solucionadas através das decisões projetuais. Assim, a proposta do projeto do Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana tem como fundamento se tornar um refúgio artístico na Zona Norte da cidade, onde, através de um espaço acolhedor, envolva não apenas ambientes educacionais voltados à artes plásticas, como também espaços de convivência e relação com a arte e cultura. Com isso, o projeto, acessível por transporte público, num local de destaque para atrair frequentadores e suprir as necessidades da região, traria espaços especializados de ensino com foco em artes plásticas, estrutura de criação e acolhimento artístico, em conjunto com áreas de convívio e lazer de qualidade, estimulando assim a educação e valorização cultural e artística, de forma aberta e acessível para todos. 44

LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA Acessível por meio de transporte público (metrô e ônibus); Santana = referência principal de bairro da Zona Norte; Região de fácil acesso pela população do distrito e de outras regiões da capital; Existência de equipamentos na região que trazem o público já afeito ao tema; Suprir a insuficiência de equipamentos culturais da região; Terreno em localização de destaque privilegiada; Equipamento em potencial para solucionar problemas do entorno próximo.

+ ESCOLA DE ARTES PLÁSTICAS

Ensino especializado em artes plásticas (pintura, desenho, escultura, artesanato, etc.); Ateliês especializados para cada técnica artística; Espaços livres de criação acessíveis à todos; Estrutura completa de acolhimento à criatividade; Promover o progresso profissional da classe artística; Abastecer a cidade com um equipamento de ensino com foco na área.

CENTRO ARTÍSTICO

Áreas de convivência, encontros e permanência; Equipamento acessível, aberto e de uso livre; Incentivo à arte e cultura como meio de combate à problemáticas urbanas; Estímulo à educação através de espaços de estudo de qualidade; Incentivar o convívio social e conexões entre os indivíduos; Gerar movimentos de apoio à diversidade e atividades inclusivas.

Figura 32: Objetivos do projeto. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 45


Terreno O projeto se inicia no estudo e reorganização da implantação, num processo de transformação do terreno atual. Atualmente, a situação é de um terreno fragmentado em diferentes lotes, conforme imagem (1): no lote 1, uma faixa estreita de terra livre sem uso, com o total de 1219 m². O lote 2 atualmente é ocupado por um estacionamento, e junto a ele, o lote 3, também desocupado, que totalizam 3026m². Em seguida, o local tem sequência aos lotes 4 e 5, que por sua vez, possuem duas lojas ativas, com área construída de 840 m². Por fim, á direita a Praça Orlando Silva. Diante dessa situação, teríamos disponível inicialmente o terreno composto pelos 3 primeiros lotes, já que se encontram livres para a iniciação de um projeto. Porém, através dos estudos apresentados anteriormente, a análise resultou em uma alternativa de solução projetual que traria um melhor aproveitamento do local, aumentando o terreno, seu potencial construtivo, a qualidade do projeto e o melhor uso da praça.

2

3

4

5

1 - SITUAÇÃO ATUAL DOS LOTES

2 - PROPOSTA DE REMANEJAMENTO

TERRENO DO PROJETO S JA LO

A nova proposta para o local, então, partiria do remanejamento das lojas existentes (lotes 4 e 5) para o terreno à esquerda (lote 1) (2), que possui metragem suficiente para repor a área construída atualmente das lojas. Com isso, o terreno disponível para o projeto resulta numa área de 4068 m², agora junto à praça, que também se torna parte da intervenção, como continuidade do Centro-Escola de Artes Plásticas, fazendo parte da sua implantação e desenho paisagístico, trazendo qualidade ao projeto e consequentemente, valorizando a região (3).

1

3 - SITUAÇÃO FINAL DO TERRENO Figura 33: Diagrama de reorganização do terreno. Fonte: Google (2021)/Adaptado por Gabrielly Teixeira.

46

47


Volumetria Partindo então da base de 4068 m² de terreno, o projeto foi crescendo primeiramente sob os índices de zoneamento nele aplicados. Se tratando de uma ZEMP (Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana Prevista), foram seguidos recuos nos fundos e laterais do terreno, todos com distância de 3 metros da calçada. Quanto ao gabarito máximo de altura, o projeto ao seu final atingiu cerca de 27 m, respeitando o limite máximo permitido, de 28 m. Já em relação ao coeficiente de aproveitamento máximo, que partindo do C.A. 2 traz ao terreno um potencial construtivo de até 8136 m², foi preenchido com o projeto com total de 8104,67 m², distribuídos entre térreo + 5 pavimentos. 48

A volumetria foi dividida em 3 blocos principais, de modo a, em partes, setorizar e dividir o programa, mas principalmente separar a edificação em função de criar acessos diferentes e espaços de área verde, formando também espaços de passagem e permanência através do paisagismo. 3

3

Figura 33: Diagrama de recuos. Fonte: Zoneamento Ilustrado (2016)/Adaptado por Gabrielly Teixeira (2021).

A partir da divisão da edificação em três blocos, foram adotadas alturas diferentes para cada, a fim de diversificar a volumetria e valorizar o projeto. Os mesmos foram unidos por meio de passarelas que, sem interromper os acessos do térreo, unem os ambientes e agregam valor para a estética das fachadas. Além disso, os terraço de dois dos blocos contam com cobertura verdes visitáveis, uma delas junto a um restaurante, formando mais espaços de permanência e contemplação com vista para a praça.

27

Figura 34: Diagrama de gabarito de altura. Fonte: Zoneamento Ilustrado (2016)/Adaptado por Gabrielly Teixeira (2021).

Figura 35: Vista geral do projeto e sua volumetria. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 49


Acessos A definição da volumetria também deu-se em função dos acessos, onde, através dos estudos do entorno, que mostrou a Avenida General Ataliba Leonel com grande potencial, trouxe nela o acesso para a entrada principal do projeto. Partindo também da premissa de melhorar a qualidade da outra rua adjacente ao lote, a Rua Duarte de Azevedo, a implantação traz como um dos pontos principais a interligação entre as duas ruas, através de um caminho de destaque que atravessa o terreno. Com isso, também se forma um acesso secundário para o público na rua, além da possibilidade de uma entrada de serviço, com região de carga e descarga nos fundos, que conta com uma ligeira correção da topografia, que apesar de não afetar muito o terreno, fez necessária a implantação de uma ligeira rampa, com inclinação de 7,9% nessa entrada do projeto. Outra passagem importante fica entre a edificação do projeto e as lojas realocadas, valorizando-as após o remanejamento através uma conexão com o Centro-Escola de Artes Plásticas pela criação de uma nova via, que também tem acesso pelas duas ruas, interligando-as. Com isso, também foi definida a distribuição da setorização, que, como vista com mais detalhes nos próximos tópicos, traz o térreo contemplando um café na entrada principal, atraindo a população para o equipamento, formando uma fachada ativa com atividade constante, seguida pelos ambientes de uso livre para o público. Em contrapartida, próximo ao acesso secundário/entrada de carga e descarga, foram colocados parte dos ambientes do setor de serviço, sem interromper os usuários que vêm pelo acesso da avenida. 50

Praça/Paisagismo Com o espaço da Praça Orlando Silva como parte da intervenção projetual, o paisagismo do Centro-Escola de Artes de Santana, que une-se com a praça existente, torna-se um dos principais destaques do projeto. Anteriormente projetada apenas com espaços de passagem, a premissa da nova praça é, através de seu desenho, formar espaços com funções diversas, trazendo entre seus canteiros de área verde, áreas de permanência, passagem e espaços expositivos. Tais espaços e caminhos foram diferenciados através do desenho de piso e seus diferentes materiais, que, detalhados posteriormente no capítulo, se formam através de pisos semi-permeáveis que, além de auxiliar na absorção da água da chuva - que atualmente traz problemas de enchentes na região - também diferenciam a hierarquia dos acessos do projeto, através de cores diferentes. Para comunicar-se com o entorno, o piso base segue a mesma cor da calçada, diferenciando-se apenas por um material diferente, mas na mesma tonalidade. Para os acessos principais, foram usados pisos em um tom de rosa semelhante a um dos tons da fachada, que surgiram baseados no estudo do circulo cromático, que mostra os tons de vermelho complementares ao verde, que marca presença no projeto através da vegetação, principalmente na cobertura verde presente na praça.

Figura 36: Escolha da cor do piso e fachadas através de estudo do círculo cromático. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 51


Enquanto isso, as áreas de permanência da praça trazem pisos de deck de madeira contornados por bancos contínuos, trazendo em alguns pisos a possibilidade também de espaços para mobiliários de apoio, como mesas e cadeiras. Juntando então as propostas de trazer uma praça interligada com o projeto, formando caminhos hierarquizados com diferentes pisos e também espaços que cumprem funções diversas, como passagem, permanência, exposições e contemplação, o novo projeto da praça teve como principal inspiração, no seu desenho, o jardim do grande pintor Claude Monet, que viveu entre 1840 e 1926 e deu origem ao movimento artístico do impressionismo. No ano de 1883, Monet mudou-se com a família para Giverny, onde descobriu-se também um talentoso paisagista, ao criar seus famosos jardins que serviram de inspiração para várias de suas obras de sucesso. No terreno de sua casa, criou um jardim com caminhos retilíneos e regulares formados por canteiros com uma grande diversidade de espécies. Já no outro terreno, dividido pela estrada Chemin du Roy, um desvio do Rio Sena formou seu lago, compondo então um paisagismo diferente com caminhos sinuosos, e que atravessa o lago através de uma ponte, conhecida também em pinturas de referência ao artista. A partir da inspiração de Monet, a praça do Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana traz uma mistura de canteiros sinuosos e caminhos retilíneos, que se assemelham também com a volumetria retangular, contrastando com a irregularidade do paisagismo, que traz também, no centro da praça, um lago com ponte que atravessa o jardim. 52

Figura 37: Ilustração do jardim de Claude Monet em Giverny, inspiração para a praça do projeto. Fonte: Giverny.org (2015). 53


Implantação Com as ideias de volumetria, acessos e paisagismo aplicados, a implantação se configura de modo a, a partir dos diferentes pisos, levar os usuários à diferentes entradas e caminhos, que atravessam o terreno, levam aos decks, e atravessam a praça. A nova viela criada junto ao novo posicionamento das lojas as conectam ao projeto através de um dos caminhos em seu centro, com a possibilidade de atravessar de uma rua à outra, como o outro caminho de destaque no meio do terreno. Atravessando pelo foyer do bloco do auditório, o pedestre é levado a praça, que traz diferentes possibilidades no seu percurso, formado a partir do lago central - que estendeu o desenho para a criação dos decks e seus caminhos secundários - criando espaços independentes. Duas áreas de exposição também foram alocadas no terreno, de modo a surgirem entre o percurso e a paisagem, levando o público a conhecer

Figura 38: Implantação. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

as obras dos artistas locais. 54

55


Térreo Com o acesso principal pelo térreo, na Av. General Ataliba Leonel, os ambientes dos setores abertos ao público foram posicionados nele e nos pavimentos mais próximos, de modo que, ao entrar, juntamente ao hall de entrada existe um café, dando movimento ao equipamento e trazendo a possibilidade de uma fachada ativa. Atravessando para o próximo bloco, o acesso é controlado por uma recepção e seguido pelos meios de circulação vertical, um núcleo de banheiros acessíveis e um grande espaço para eventos, que pode ser acessado de forma independente e traz em uma das partes um ambiente cercado por vidro, com vista para o jardim. Ao fundo, no mesmo bloco, está parte dos ambientes do setor de serviço, próximo ao seu acesso - pela Rua Duarte de Azevedo e a área de carga e descarga.

Figura 39: Perspectiva do projeto. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 56

Figura 40: Implantação - ampliação do térreo. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

Enquanto isso, no outro bloco da entrada principal está o auditório, também podendo ser acessado independentemente, contando com foyer, salão semi-escavado com capacidade para 174 lugares e ambientes de apoio ao fundo, trazendo todo o pavimento térreo com pé direito de 6 metros. 57


1° Pavimento Os próximos pavimentos são acessados através dos seguintes núcleos de circulação vertical: um conjunto de 3 elevadores; uma escada principal - que se destaca com o tom rosa do projeto; uma terceira escada de incêndio para o bloco acima do auditório, junto a outro elevador; e uma escada externa, que dá acesso independente também aos ambientes sob o auditório.

2° Pavimento Com exceção da livraria, que fica no bloco do auditório e é aberta a todos também de forma independente, o segundo pavimento do Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana começa a trazer os ambientes do setor educacional, onde, através de salas amplas, são criados os diferentes ateliês, salas e estúdios. Os

O

primeiro

segue a proposta do térreo de trazer mais acessíveis os ambientes abertos ao público, portanto, conta com uma loja de materiais; uma biblioteca livre ao público, com parte das paredes com fechamento em vidro canelado; uma gráfica, uma loja de arte para comercializar as obras dos alunos da escola; e duas áreas de

58

de

pintura,

localizados próximos a um grande ateliê de uso livre, dão acesso a uma varanda com vista para o jardim, trazendo a possibilidade de pintar junto às salas, ao ar livre. Além de uma sala de apoio para materiais, atravessando os blocos através de outra passarela são encontrados os ateliês de desenho, salas

pavimento

exposições, ligadas por uma passarela fechada em vidro.

ateliês

de informática e um estúdio de fotografia, todos pensados com um Figura 41: 1° Pavimento. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

Figura 42: 2° Pavimento. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

layout dinâmico e amplo de acordo com cada uso. 59


3° Pavimento O terceiro pavimento traz as últimas salas de aula concentradas em um dos blocos: os ateliês de escultura, artesanato e gravura. Além disso, o piso também dá acesso a duas coberturas visitáveis com área verde e mobiliários, uma delas junto a um restaurante, servindo como mais um espaço de permanência, contemplação e área para criações ao ar livre.

4° Pavimento O quarto e penúltimo pavimento do projeto, também concentrado em um único bloco, traz agora os ambientes do setor administrativo, reservado para os funcionários, com exceção da secretaria, que também pode atender ao público e faz um controle do acesso. A sala dos professores fica em um ambiente conjunto com a coordenação, seguido da secretaria e uma sala de reuniões, que possuem fechamento em vidro para um corredor que também divide acesso à

Como referência de uso do terraço, o jardim suspenso do Centro Cultural São Paulo, que serviu como inspiração ao projeto.

administração, que traz um espaço de trabalho coletivo e em separado, a sala da diretoria.

Figura 43: Terraço do CCSP. Fonte: Vírgula (2015). Acesso em 20 out, 2021. 60

Figura 44: 3° Pavimento. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

Figura 45: 4° Pavimento. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

Por fim, assim como nos outros pavimentos este também segue com o mesmo bloco de circulação vertical, banheiros e DML. 61


5° Pavimento O último pavimento do projeto, que segue o mesmo padrão de pé direito de 3,60 m dos outros pisos - com exceção do térreo - traz o final dos ambientes administrativos e os do setor de serviço. Nele, estão localizados

Cobertura A cobertura do último pavimento do projeto é terminada em uma laje plana impermeabilizada, contornada por platibanda e ralo de escoamento de água. Sob ela, a casa de máquinas geral e elevador, junto ao reservatório superior do projeto.

o

almoxarifado, sala de T.I, vestiários para os funcionários e um amplo refeitório com uma copa para refeições. Além disso, o local conta com uma área de convivência para os funcionários que funciona como uma varanda coberta,

Figura 47: Ático e cobertura. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

trazendo um guarda corpo em seu fechamento, a área permite a vista para o jardim e parte da cidade, por se localizar no nível a mais de 20 metros do térreo. Assim, os funcionários tem um espaço restrito também para permanência, contemplação e descanso 62

Figura 46: 5° Pavimento. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

Figura 48: Vista do projeto. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 63


Resultado O Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana, implantado na Zona Norte de São Paulo traz além de uma escola artística e equipamento de cultura, um ambiente de lazer, aprendizado e acolhimento à população. Com a localização acessível para todos os meios de transporte, num ponto influente da região, o projeto além de suprir a necessidade de um equipamento cultural na área também se torna uma atração no bairro e uma ferramenta de solucionar questões do entorno próximo. Ao redesenhar a praça e integrá-la com o projeto, a região também ganhou um espaço verde de qualidade e programa de lazer, funcionando também como um grande atrativo para o uso do centro-escola. Através da integração do terreno com suas duas ruas adjacentes, a Rua Duarte de Azevedo - que trazia problemáticas como insegurança, vandalismo e descarte irregular de lixo - ganhou mais vida e movimentação através dos novos acessos ao

O equipamento também traz em seu programa ambientes que atendem não só a artistas e estudantes, mas também a população em geral, ao trazer de forma mais acessível, nos ambientes próximos ao térreo, espaços de uso livre e independentes, como o café na entrada - que impulsiona a chegada ao equipamento através do comércio e fachada ativa -, o grande espaço para eventos, o auditório, biblioteca, lojas de materiais, gráfica e livraria, que atendem a necessidades diversas. Contudo, o projeto, em seu tema principal, é uma grande fonte de apoio à comunidade artística, uma vez que, trazendo espaços expositivos distribuídos na implantação, ao centro do projeto; na praça, entre o caminho de destaque que a atravessa e a avenida; e nas salas de exposição internas, interligadas pela passarela, que também serve de atrativo, faz do Centro-Escola de Artes Plásticas uma grande vitrine para os artistas, complementados também pela loja de artes, possibilitando a comercialização das obras.

equipamento e áreas da praça voltadas para a calçada. Por ela, também estão as entradas de carga e descarga, que dão acesso ás áreas técnicas como depósito de lixo. Além disso, o projeto traz em suas fachadas empenas cegas que servem como

Através da escola, além de trazer a população junto à arte e criatividade, o equipamento auxilia na profissionalização da classe artística, seja como professores e funcionários da escola, ou como aperfeiçoamento e aprendizado através dos

telas em branco para grafitti, com a possibilidade de, através da escola de artes, reverter a situação do vandalismo, presente na rua, para arte.

cursos e aulas disponíveis no setor educacional. Por outro lado, o projeto também traz diversas áreas de permanência equipadas que possibilitam não-alunos a usar o espaço para produzir e criar, como na biblioteca, decks da praça e ateliês livres.

64

A análise também mostrou que a região também sofre muito com a presença de enchentes, problema também presenciado nas ruas do terreno. Como forma de

Assim, o projeto realiza além de benefícios para a cidade, região e entorno,

amenizar a situação, os pisos externos do projeto, além da grama, foram idealizados como semi-permeáveis, absorvendo a água da chuva e aliviando o cenário.

vantagens para a população em busca de contato com a natureza, passeios, descanso, cultura, comércio, aprendizado, criatividade e arte. 65


2.2 PROGRAMA ARQUITETÔNICO 2.2.1 Estudos de caso Centro de Artes de Águeda Outras referências ao projeto do Centro-Escola de Artes de Santana vieram para a criação do seu programa. Um deles é o Centro de Artes de Águeda, localizado em Portugal, projetado pelo escritório de arquitetura AND-RÉ no ano de 2017. O edifício, com cerca de 5000 m² mostra um projeto baseado na funcionalidade, visando trazer um equipamento cultural de importância para a região. O programa principal surge através do auditório, área expositiva e café, que definem um núcleo central. O projeto também traz uma livraria, estúdios e espaços de administração e apoio. Com isso, o processo de desenvolvimento do programa do Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana trouxe de inspiração do Centro de Artes de Águeda as referências dos setores de vivência, auditório e áreas expositivas, uma vez que têm presença forte no programa estudado. Assim, contendo no projeto proposto ambientes abertos de suporte à população, vivência e exposição, o Centro de Artes de Águeda serviu como referência nestes setores. 66

Figura 50: Auditório do Centro de Artes de Águeda. Fonte: ArchDaily (2018).

Figura 51: Escada do Centro de Artes de Águeda. Fonte: ArchDaily (2018).

CENTRO DE ARTES DE ÁGUEDA Presença forte de áreas comuns, expositivas e auditório. CENTRO-ESCOLA DE ARTES PLÁSTICAS DE SANTANA Escola artística de ensino especializado. + Equipamento cultural com espaços de uso livre e independentes.

Figura 49: Diagrama comparativo 1. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

Figura 52: Centro de Artes de Águeda. Fonte: ArchDaily (2018). 67


TÉRREO

A análise do programa do projeto, através do estudo das plantas e criação de quadro com seus ambientes, dividindo-os em setores, mostra o auditório - que ocupa grande parte da volumetria da edificação e área expositiva no primeiro pavimento como os pontos fortes do programa, seguido das áreas comuns de vivência, como o grande hall de entrada e salas administrativas distribuídas no térreo.

1° PAV.

2° PAV.

Figura 53: Tabela de programa do Centro de Artes de Águeda. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 68

Figura 54: Plantas setorizadas do Centro de Artes de Águeda. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

Figura 55: Diagrama de setorização do Centro de Artes de Águeda. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 69


Escola de Arte Glassell O segundo projeto usado como referência para a elaboração do programa do projeto foi a Escola de Arte Glassell, nos Estados Unidos desde 2018, criados pelo escritório de Steven Holl. Com 8639 m², a volumetria em "L" com terraço verde traz também uma praça em seu centro, voltada para as fachadas com elementos envidraçados que iluminam naturalmente o interior da edificação. Apesar dos conceitos de terraço e praça que se assemelham ao do Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana, o projeto serviu de grande inspiração para a criação de parte do programa. Trazendo uma grande área expositiva no térreo e café voltado para a entrada principal, diferentemente do estudo de caso anterior, o auditório é pequeno e não tem tanto destaque no projeto. Apesar disso, a Escola de Arte Glassell traz em seu programa uma maior ênfase no setor educacional. Com ateliês de diferentes tamanhos distribuídos por todos os pavimentos, as salas de aulas suportam diversas técnicas artísticas, com oficinas de escultura de madeira e metal; ateliês de cerâmica, joalheria, desenho e design, moda, desenho, gravura e pintura; estúdios de fotografia, multimídia e salas/ateliês de uso livre. A partir dos estudos do projeto, foi possível aplicar no Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana as referências do projeto de Steven Holl no âmbito do seu setor educacional, que assim como o projeto proposto, traz diversas salas de aulas equipadas e ateliês com foco na área de artes plásticas. 70

Figura 56: Sala de aula da Escola de Arte Glassell. Fonte: ArchDaily (2018).

Figura 57: Arquibancada na escadaria da Escola de Arte Glassell. Fonte: ArchDaily (2018).

Figura 58: Escola de Arte Glassell. Fonte: Walter P Moore (2019). 71


TÉRREO

Figura 59: Diagrama de setorização da Escola de Arte Glassell. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

1° PAV.

ESCOLA DE ARTE GLASSELL Setor educacional completo com diversos ateliês de artes plásticas. CENTRO-ESCOLA DE ARTES PLÁSTICAS DE SANTANA

2° PAV.

Escola artística de ensino especializado. + Equipamento cultural com espaços de uso livre e independentes.

Figura 60: Tabela de programa da Escola de Arte Glassell. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 72

Figura 61: Diagrama comparativo 2. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021).

Figura 62: Plantas setorizadas da Escola de Arte Glassell. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 73


2.2.2. Programa O programa do Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana foi dividido em 8 setores: Vivência/Áreas comuns; Auditório; Exposições; Café/Lojas; Educacional/Criação; Administração; Serviço e Circulação. No setor de vivência, foram alocados o hall de entrada e espaço para eventos; no auditório também os seus espaços de apoio; a área de exposições contempla os dois salões expositivos do projeto; no setor de lojas o café, a loja de arte, loja de materiais, gráfica, livraria e restaurante; no setor educacional a biblioteca, ateliê livre, ateliês de pintura, sala de apoio, ateliês de desenho, estúdio de fotografia, salas de informática, ateliês de escultura, ateliê de artesanato e ateliê de gravura; no setor administrativo a sala de administração, diretoria. secretaria, sala de reuniões, coordenação e sala dos professores, sala de T.I e almoxarifado; no setor de serviço os vestiários de funcionários, refeitório, copa, área de convivência dos funcionários, depósitos de material de limpeza, depósito geral, sala de segurança, depósito de lixo, sala de medidores, reservatórios e salas de máquinas; e no setor de circulação, foi dividida a circulação geral e núcleos verticais. Nisso, como apresentado anteriormente, os projetos de referência estudados deram base a, principalmente o setor educacional - no caso da Escola de Arte Glassell - e sua diversidade de técnicas atendidas pelos ateliês, e o estudo do Centro de Artes de Águeda, com referência aos setores de áreas comuns e auditório, pontos fortes do projeto de inspiração. 74

Figura 63: Tabela de programa. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 75


Com o programa definido, a setorização serviu de grande importância para o projeto como um todo, onde, definiu a implantação, os acessos e a própria volumetria. Sobretudo, a setorização do equipamento tem relação direta com os diferentes pavimentos, onde foi seguida uma lógica de relacioná-los dividindo os acessos. A distribuição dos setores teve início na premissa de trazer os ambientes de acesso livre ao público, sendo alunos da escola ou não, próximos ao térreo. Assim, o setor de vivência e áreas comuns se localiza mais próximo a entrada, trazendo por exemplo, o café no acesso principal. Nisso, o auditório e seu apoio também está localizado no térreo, uma vez que, além de ser acessível a todos, também pode ser usado de forma independente. O mesmo acontece no pavimento seguinte, que sendo o mais próximo ao térreo, também traz ambientes para o livre público. Nele, estão os ambientes do setor de lojas, exposições e a biblioteca, que apesar de ser do setor educacional, também é aberta ao público, podendo ser usada de forma independente. Por último, no próximo pavimento a livraria, que, também aberta ao público, fica no bloco sobre o auditório e parte das exposições, e também tem possibilidade de entrada independente. Acima dela um restaurante, localizado no terraço para proporcionar também a vista para a praça. LEGENDA Vivência/Áreas comuns Auditório Exposições

Café/Lojas Educacional/Criação Administração

Serviço Circulação vertical

Figura 64: Plantas com setorização. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 76

O setor educacional, principal pilar do projeto, se dá início no terceiro pavimento, onde nele e no quarto pavimento são distribuídos os ateliês e salas de aula, agora com o acesso mais restrito aos alunos da escola. Já nos dois últimos pavimentos, agora o acesso se torna restrito aos funcionários, que usam os setores administrativo e de serviço, onde o quarto pavimento é mais focado no trabalho e o último traz ambientes de refeição e descanso dos mesmos. 77


2.3 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS: MATERIAIS E ESTRUTURA Estrutura O sistema estrutural do projeto foi adotado de forma a vencer os diferentes vãos do projeto, que teve sua malha formada a partir da volumetria, variando com vãos de aproximadamente 7 e 8 metros nos eixos longitudinais e 10 a 11 nos transversais. Em sua totalidade, o edifício é constituído por lajes maciças de concreto e pilares quadrados, também de concreto, com dimensão de 50x50 cm - que também tiveram

Além disso, a estrutura também é reforçada por dois núcleos rígidos de circulação vertical, contendo as caixas de elevadores e escadas, presentes em todos os pavimentos e funcionando como um grande pilar estrutural.

a escolha baseada na estética, tendo em vista que, ao percorrer as paredes externas, de 20 cm, também se sobressaem em todas as fachadas. A estrutura da edificação, em sua maior parte, também é formada por vigas de aço pré-moldadas, de 50 cm de altura. As exceções são encontradas no bloco do auditório, que apesar de seguir a mesma malha do outro bloco no sentido horizontal, no vertical traz um grande vão de 15 metros, que trouxe como solução um sistema de treliças planas sob esse eixo, também em aço e com 50 cm de altura. Tal sistema também é visto em uma das passarelas, que apesar de pequena - com cerca de 7 metros é posicionada sob um vão livre, ligando dois dos blocos do projeto, sendo então também solucionada através um sistema de vigas treliçadas. 78

Figura 65: Exemplo de estrutura com vigas de treliça plana. Fonte: Estruturas e BIM (2020). Acesso em 28 nov, 2021.

Figura 66: Corte ampliado da estrutura do projeto. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 79


Materiais Em resumo, a materialidade da edificação busca trazer conexão com os elementos usados no paisagismo, que, como apresentado anteriormente, traz componentes de vegetação, decks de madeira, tons de cinza e destaques em rosa. Também são adicionados às fachadas elementos em vidro e murais de grafitti. Um grande destaque no projeto é o tom de rosa, também presente nos caminhos de destaque da implantação. No caso das fachadas, ele é usado com uma textura que

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Já nos pavimentos seguintes, a pintura é branca com faixas horizontais padronizadas em toda a largura das janelas em cinza, da mesma cor também dos pilares de concreto, aparentes nas fachadas. Juntamente com floreiras formadas por uma estrutura de madeira, esses elementos ajudam a trazer uma sensação de unidade com as janelas, que formam um elemento único e horizontal nas fachadas. As mesmas também contam com persianas, também em madeira para o controle solar nos ambientes internos.

imita tijolos, destacando todo o pavimento do térreo e também na empena que aparece na fachada principal, a fim de tornar a volumetria mais interessante. Como referência, também foi usado o projeto da Escola Enrico Fermi, na Itália, que traz a mesma tonalidade em toda a sua volumetria.

Com as floreiras, também é trazido às vistas o elemento da madeira presente no paisagismo, além da vegetação, que não se limita à praça. Tais elementos também combinam com o vidro, presente, além das janelas, em algumas paredes com portas maiores em lugares de destaque na edificação, como na entrada principal, espaço de eventos, biblioteca - que traz um vidro canelado para evitar ofuscamento - espaço de convivência dos funcionários e nas passarelas.

Figuras 67, 68 e 69: Escola Enrico Fermi. Fonte: Simone Bossi/ArchDaily (2019).

Figura 70: Fachada principal e sua materialidade. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 81


As fachadas também trazem algumas empenas cegas, algumas em decorrência da localização do núcleo rígido e ambientes que não tem janelas. A partir disso, nesses espaços foram destinados murais de grafitti, que além de destacar o edifício para a rua mostrando seu uso, trazem diferentes pontos de cores para o projeto. As quatro fachadas do edifício foram contempladas com os murais, onde, para ilustrar a aplicação dos grafittis, foram criadas artes autorais a partir de colagens digitais, cada uma com a temática de um artista plástico importante, sendo eles os pintores: Claude Monet, Frida Kahlo, Vincent Van Gogh e Tarsila do Amaral. Além disso, na parede do bloco do auditório presente na entrada principal, também é destacado o uso do equipamento através de um letreiro com o nome do CentroEscola de Artes Plásticas e mais um grafitti ilustrando seus usos.

Figura 71: Arte do grafitti 1: Centro-Escola de Artes Plásticas de Santana. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 82

Figura 72: Arte do grafitti 2: Claude Monet. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 83


Figura 73: Arte do grafitti 3: Frida Kahlo. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 84

Figura 74: Arte do grafitti 4: Vincent Van Gogh. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 85


Figura 75: Arte do grafitti 5: Tarsila do Amaral. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 86

Figura 76: Fachadas do projeto. Fonte: Elaborado por Gabrielly Teixeira (2021). 87


2.4 PEÇAS GRÁFICAS

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REFERÊNCIAS LOPES, Adriana. Artes Plásticas. Educa Mais Brail, 2019. Disponível em: <https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/artes-plasticas> Acesso em 30 mai 2021. CAMPOS, ERIKA. Afinal, o que foi a Bauhaus e que legados ela deixou no Design contemporâneo? Medium, 2019. Disponível em <https://medium.com/cesar-update/afinal-o-que-foi-a-bauhaus-e-que-legados-eladeixou-no-design-contempor%C3%A2neo-e0d91c0b11e2> Acesso em 30 mar 2021. FULKS, Rebeca. A escola de arte Bauhaus. Cultura Genial, 2019. Disponível em: <https://www.culturagenial.com/bauhaus/> Acesso em 30 mai 2021. Equipamentos culturais por tipo no município de São Paulo. Marino Projetos Culturais, 2018. Disponível em: <https://marinoprojetosculturais.carto.com/builder/42554e90-9025-11e6-bbb80e98b61680bf/embed> Acesso em 30 mai 2021. Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública. Itaú Cultural, 2004. Disponível em: <https://www.itaucultural.org.br/osequipamentos-culturais-na-cidade-de-sao-paulo> Acesso em 30 mai 2021.

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Estudo mostra déficit de espaços culturais e propõe gestão compartilhada. Rede Nossa São Paulo, 2016. Disponível em: <https://www.nossasaopaulo.org.br/2016/12/21/estudo-mostra-deficit-de-espacosculturais-e-propoe-gestao-compartilhada/ Acesso em 30 mai 2021. Diagnóstico sobre gestão compartilhada de equipamentos públicos. Gestão Urbana SP. Disponível em: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marcoregulatorio/planos-regionais/gestao-compartilhada-de-equipamentos-publicos/>

Apresentação da linha 6. Move São Paulo, 2016. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20160503121743/http://www.movesaopaulo.com.br/linh a-6-laranja/apresentacao-da-linha/> Acesso em 30 mai 2021. Praça Orlando Silva. Conhecendo São Paulo, 2012. Disponível em: <http://historiadesaopaulo.blogspot.com/2012/11/praca-orlando-silva.html> Acesso em 20 out 2021.

Acesso em 30 mai 2021. Espaços culturais em São Paulo. Observatório do Turismo. Disponível em: <http://www.observatoriodoturismo.com.br/pdf/infografico_centrosculturais.pdf> Acesso em 30 mar 2021. Equipamentos da CSMB por Região/Subprefeitura/Distrito. PMSP/SMC/CSMB. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/equipamentos%20csmb%20por%20 regiao%20subpref%20distrito%20setembro_1441735507.pdf> Acesso em 30 mai 2021. MEIER, RICARDO. Metrô relança licitação de elaboração do projeto básico da Linha 19-Celeste. Metrô CPTM, 2020. Dispoível em <https://www.metrocptm.com.br/metro-relanca-licitacao-de-elaboracao-do-projetobasico-da-linha-19-celeste/> Acesso em 30 mai 2021.

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