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“ARAME FARPADO” 17 JUN - 17 JUL
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Catálogo: director ANTÓNIO JOSÉ PRATES assistente direção VANDA OLIVEIRA artista TELMO ALCOBIA texto ANA ESTEVENS design TELMO ALCOBIA editor GALERIA ANTÓNIO PRATES impressão e acabamento MAIL BOXES ETC. ano 2016 deste catálogo fizeram-se 200 exemplares Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida.
Capa: Wired, técnica mista sobre tela, 120 x 200 cm, 2016
Avenida António Augusto de Aguiar 58 D, 1050-012 Lisboa Tel. 213 571 167 Telm: 966 821 838 galeria@galeriaantonioprates.com Horário: 2ª a 6ªf das 11h00 - 20h00 2
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WIRED Técnica mista sobre tela 120 x 200 cm, 2016
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A mobilidade humana tem uma história antiga e, por trás, o sonho de encontrar uma vida melhor: “A terra do sonho é distante (…) aqui sou povo sofrido/ lá eu serei fazendeiro”, em ‘Sonho imigrante’ de Milton Nascimento. Uns procuram o sonho de ter um lugar para viver onde não toquem sirenes de aviso de bombardeamentos e onde ossam (re)construir a sua família. Outros procuram o mesmo sonho apesar de não fugirem a uma guerra tão explícita. São sonhos que esbarram com muros, com arames, com políticas, com o poder e os interesses daqueles que decidem. As fronteiras estão abertas para alguns que, muitas vezes, têm de preencher requisitos de classe social ou de cor da pele. Os outros ficam do outro lado ou são levados de volta, para o território de onde partiram, perdendo todos os recursos que aplicaram neste sonho. Um sonho que se desfaz. Porque é que uns têm direito a ir e a passar e outros não?
WARSCAPE Técnica mista sobre tela 60 x 150 cm, 2016 TRAVESSIAS
De quem é este território ou aquele? Eu posso passar, tu não. Porquê? E porque é que tu passas e eu não? Porquê? Todos os dias ouvimos notícias sobre os que morrem ao atravessar o mar Mediterrâneo, ao largo da Líbia ou, mais distante de nós, na fronteira do México com os Estados Unidos da América, para chegar ao outro lado.
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O outro lado onde está o sonho e uma, aparente, vida melhor. Mas não nos esqueçamos dos territórios ocupados, dos muros e dos arames que os palestinianos,
também, não conseguem passar. Parece um filme que só passa na televisão mas é bem real. Já morreram milhares de pessoas nestas travessias e para quê? Ficamos chocados com o que as imagens nos transmitem? Pois sim, mas logo a seguir a rapidez das notícias leva-nos para outra notícia, e para outra e para outra, e daí a pouco já passou. Quem sabe não é uma imagem idealizada? Podemos questionar-nos sobre isso. Estas imagens, pensadas pelos meios de comunicação social são, apenas, mais uma parte que integra toda a maquinaria bélica que se tem vindo a (re)produzir ao longo dos anos. Esta história não é recente, repete-se há anos fruto de sucessivas violências e desigualdades. Actualmente, tornou-se, apenas, mais visível por ser mais massiva e incomodar o coração de quem vê corpos mortos. As imagens ferem o olhar e fazem escorrer lágrimas perante o número de vidas que se perdem a cada hora, sacudindo sentimentos de horror, de culpabilidade, de perda ou de indiferença perante a sua repetição constante.
Porque é que para uns as fronteiras se fecham e para outros se abrem? Diante desta complexa situação muitos movimentos tornam-se invisíveis apesar das rotas estarem bem definidas. Movimentos de cada vez maior vulnerabilidade perante o aumento da exclusão, da segregação, do estigma e da precariedade potenciam fortes tensões. Criam-se espaços e trajectórias de medo e de ansiedade difíceis de visualizar, que tornam ainda mais vulneráveis aqueles que querem ou são obrigados a sair daquele que consideram o seu país. A ambiguidade que se cria entre a visibilidade e a invisibilidade de muitas destas situações tem como base uma violência que se considera ilegítima, à luz dos Direitos Humanos, mas que ao ser produzida por grupos poderosos se torna difícil de combater. Produzem-se ambientes de receio, de medo do ‘outro’ e os instrumentos ideológicos que daí advêm são muito bem pensados, blindando-se na linguagem que utilizam. Constroem um imaginário de medo do ‘outro’, do que 4
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vem, como se cada um de nós não pudesse também ir e chegar a um território onde também seremos ‘o outro’. Através de uma linguagem fácil, que se acomoda a qualquer circunstância, conseguem alcançar um efeito, aparentemente, clarificador e pacificador. Conseguem utilizar argumentos tão hábeis e astutos que, por vezes, neutralizam quem contra-argumenta, retirando-lhe a capacidade de questionar. Os meios de comunicação social mais hegemónicos limitam-se a replicar esta retórica e a reproduzi-la vezes sem conta para que se chegue a um consenso tranquilizador e sem conflito, e para que uma, aparente, paz vazia de significado prospere e o ‘outro’ continue a ser chamado de ‘outro’ e a turbulência que este possa provocar rapidamente seja silenciada. A ilusão e a hipocrisia dos discursos repete-se, mantendo-se igual o que estruturalmente está por resolver. Estes desencontros desencadeiam (in)diferença perante o ‘outro’, sentimentos construídos de insegurança e uma necessidade de vigiar e de controlar todos os espaços. Perante a complexidade destes processos e as rápidas mudanças, também de comportamento, não é de estranhar que muitos procurem a segurança como reacção ao medo, ao ‘outro’, ao estranho, ao desconhecido, não se conseguindo libertar da constante produção de terror. A apropriação dos conceitos de segurança e de insegurança nos discursos apenas estreitam âmbitos semânticos que se reduzem e sedimentam em significados empobrecidos, querendo mostrar uma neutralidade política que não existe.
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As guerras não são inócuas, naturais ou inevitáveis. São provocadas por um conjunto de interesses financeiros, económicos e políticos que tornam os mercados mais poderosos e, muitas vezes, aparentemente, indestrutíveis. Os senhores da guerra não aparecem nos noticiários. Esses são invisíveis mesmo estando lá. Escondem-se por detrás de fachadas bonitas que os protegem deste ou daquele
inconveniente para que não sejam importunados. E quem interessa nestes processos? Não são, certamente, aqueles que fogem, que migram ou que pedem asilo. As pessoas sempre se moveram, migraram, deram o ‘salto’ na procura de um sonho. Sabemos que esse sonho pode não corresponder, posteriormente, à realidade de muitos. Sabemos que as pessoas e os próprios governos de cada país estão, muitas vezes, condicionados por muros, barreiras, arames e poderes que se tornam constantemente mais robustos. As políticas que têm por detrás interesses e as guerras que se produzem, para que uns se tornem mais fortes e outros mais fracos, são apenas dois eixos desta questão. Muitas outras linhas se podem definir se começarmos a levantar o pano. As perguntas que se colocam são muitas e para algumas temos resposta. Para outras, a resposta é mais difícil, apesar de podermos ter algumas ideias. As obras da exposição “Arame Farpado” do Telmo Alcobia colocam-me ainda mais questões. Um questionamento
URBAN BORDER Técnica mista sobre tela 60 x 150 cm, 2016 permanente e crítico perante a invisibilidade das situações, da exclusão e da marginalização só porque há uns que são diferentes de outros e porque há interesses políticos e económicos que ultrapassam tudo. As perguntas colocam-se em permanência, não havendo respostas ou soluções simples, evidentes e a preto e branco. Mas é neste questionamento que reside a resistência e a luta por um mundo mais livre, democrático e liberto de arames e fronteiras, um mundo de todos e onde todos possam questionar-se e agir perante as respostas. Ana Estevens Investigadora no Centro de Estudos Geográficos do IGOTUL. Tem trabalhado, entre outros temas, as relações entre cidade, arte, criatividade e conflito, em particular nos casos de Lisboa e Barcelona. 5
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HOMO HOMINI LUPUS (O homem é o lobo do homem) Técnica mista sobre tela 81 x 60 cm, 2016
ECCE HOMO Técnica mista sobre tela 81 x 60 cm, 2016
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A JANGADA DE LAMPEDUSA Técnica mista sobre tela 200 x 250 cm, 2015 7
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CONTACTÁVEL Técnica mista sobre tela 125 x 190 cm, 2014 8
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BARREIRA Técnica mista sobre tela 90 x 160 cm, 2014
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DIRECÇÕES Técnica mista sobre tela 90 x 180 cm, 2016
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PLATÓNICO Técnica mista sobre tela 150 x 200 cm, 2014 11
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MEDIA LANDSCAPE Técnica mista sobre tela 90 x 180 cm, 2014 12
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Prémios
2008 Menção honrosa em Pintura, 62º Salon des Artistes du Hurepoix, Ville de Sainte- Geneviàve-des-Bois, Paris, França 2006 1º Prémio Pintura Mundiglobo, conjunto c/ Miguel Noronha, Torres Campo Grande, Lisboa 2005 Menção honrosa em vídeo, “Prémio Salúquia às Artes”, Moura Telmo Alcobia, Lisboa, 1980. Licenciado em Pintura, 2004, e mestre em Desenho, 2009, pela Fac. de Belas Artes da Univ. de Lisboa. Workshops: Des. Cientifico (FBAUL, 2005) Ambientes interactivos (FBAUL, 2005) Des. Pré-colombiano (FBAUL, 2006) Digital Story Telling (3M, Belgrado, Sérvia, 2016). Trabalha com o Centro Português de Serigrafia e a Galeria António Prates. Colabora com a revista Umbigo. É formador do projecto Pa-Redes, na rede PARTIS, da Fundação Calouste Gulbenkian. Exposições individuais
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2013 Intervenção, Galeria António Prates, Lisboa 2011 Vulpes et corvus, Fabula Urbis, Lisboa 2010 Agência Stealthy, Galeria São Bento, Lisboa 2008 Stencil, Galeria São Bento, Lisboa 2005 Igualdade, Fraternidade, Liberdade, Galeria Boavista 132, Lisboa 2003 Rebanho , Galeria AEAPD, FBAUL 2002 Identidade, Galeria AEISPA, ISPA, Lisboa
Algumas das Exposições Colectivas: 2015 DWELLING, Antagonist Movement, Galeria 107 Projects, Sidney, Australia Mural Le Monde Diplomatique com Dalaiama e Eusboço, Fábrica Braço de Prata, Lisboa Ultraje, Tiago Pimentel e Telmo Alcobia, Eka Palace, Lisboa Le Monde Diplomatique - edição portuguesa nº 100, Fábrica Braço de Prata, Lisboa 2014 Arte no bolso, Galeria 7, Coimbra (M)Ostra, Central Station, Cais do Sodré, Lisboa PREC, Galeria António Prates, Lisboa Venham mais sete, Galeria Arte Urbana, Calçada da Glória, Lisboa ViveArte 6, Sala Taller de María de Nieves Martin, Villa Franca de Los Barros, Espanha 2013 Beam me up, Robotarium, Lisboa 18ª Exp. Internacional de Vendas Novas 8º Local Cultures, Galeria Pod Piatka, Stary Sacz, Polónia Provas Dadas, Palácio do Egipto, Oeiras 2012 DVD Lisbon Dolls, Ethan Minsker/N.Y. Antagonist Movement
2011 Iniciativa X, Arte Contempo, Lisboa I fell lucky, Galeria Adélia Matos, Porto Ruído, Galeria São Bento, Lisboa 25 anos do Centro Português de Serigrafia, Quai de La Batterie, França 2010 Bienal Int. de Artes Plásticas e Design da Marinha Grande Cem República, Gal. António Prates, Lisboa Lisbon Dolls, Palácio Verrides, Lisboa 5 dif. de 5, Fundação Paes Teles, Ervedal 2009 Art Mix , Castelo de São Jorge, Lisboa Ebulição criativa, Gabriel Garcia e Telmo Alcobia, CPS Twin Towers, Lisboa Galeria de Arte Urbana, Lisboa Subsolo, Underground Lisbon, Lisboa ViveArte 09, Sala Taller de María de Nieves Martin, Villa Franca de Los Barros, Espanha 63º Salon des Artistes du Hurepoix, Paris, 2008 Mestrado de Desenho, AAAFBAUL., Lisboa Articum, Casa do Alentejo, Lisboa Inueendo, Espaço Tuatara-Lounge, Lisboa 14º Exp. Int. de Vendas-Novas 2007 (Re)presentações, da FBAUL, Fábrica Braço de Prata, Lisboa Grupo Articum, Galeria 9 Ocre, Montemoro-Novo Fabrica, Interpress, Bairro Alto, Lisboa Articum, Centro de Doc. da C.M.Lisboa Ilustração Científica: Mestrado de Desenho da FBAUL, Reitoria Universidade de Lisboa Pintura&Fotografia, Casa Cultura Olivais, Lisboa 2006 Ilustração Científica, Museu Nacional de História Natural, Lisboa
Torres Campo Grande, Pinturas integradas na arquitectura, Lisboa Prémio Artur Bual, Gal Artur Bual, Amadora 2005 Out. Fest. Barreiro Jovem Criador Aveiro Prémio Salúquia às Artes, Moura Don Quijote- heute, Kunsthalle Dominikanerkirche Statt, Osnabruck, Alemanha Finalistas de Pintura 03.04, Galeria Mitra, Lisboa Mostra de vídeo 04, da C.M.L., Etic, Lisboa 2004 Viseu Arte Jovem 04, C.M.Viseu Videocor´2004, Corroios 2ª Mostra de Vídeos FBAUL, Lisboa 2003 Jovens Artistas, Pal. Correio Velho, Lisboa Jovens Finalistas de Pintura, Galeria Matos Ferreira, Lisboa Mercado da Juventude, Mercado Municipal de Oeiras Projecto Sentidos, Reitoria da Universidade de Lisboa 001, Galeria Portal Verde, Sintra 2002 1ª Mostra de Vídeo FBAUL, Lisboa SURB - Colectiva de fotografia, FBAUL 2001 Pintura conjunta, Congresso Nacional do Ano Internacional dos Voluntários, na Culturgest, 2001
Avenida António Augusto de Aguiar 58 D, 1050-012 Lisboa Tel. 213 571 167 Telm: 966 821 838 galeria@galeriaantonioprates.com Horário: 2ª a 6ªf das 11h00 - 20h00
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