Exposição Corpo Caboclo
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corpo caboclo Adriana Varejão | Letícia Parente | Chico Albuquerque | Naiana Magalhães Efrain Almeida | Raimundo Cela | Jonathas de Andrade | Tiago Santana
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Letícia Parente “Marca Registrada”, 1974 | Frame do Vídeo
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A GALERIA MULTIARTE APRESENTA A EXPOSIÇÃO CORPO CABOCLO QUAL A SUA COR? Com esta indagação o
artista Jared Domicio, curador da mostra, faz uma provocação: “Seria possível pensar em um corpo com matriz genuinamente brasileira em seus gestos, sentidos e constituição? Um corpo que carregasse em sí uma maneira singular de se perceber e se relacionar com o mundo? E supondo que fosse possível essa identificação, quais as nuances dessa percepção caberiam à cultura nordestina? De início, tal pensamento já desmonta na medida em que nos reconhecemos como um povo de múltiplas origens, ainda assim o exercício de pensar sobre como somos constituídos nos levou a pensar sobre o que aqui chamamos de corpo caboclo. A palavra caboclo designa o mestiço entre branco e índio, que deriva do tupi caa-boc ,“o que vem da floresta” ou de kari’boca, “filho do homem branco”. Sem a pretensão de definir ou delimitar, tomamos o termo caboclo, muitas vezes usado de forma pejorativa no contexto popular, como ponto de partida para adentrar em um universo de tons de pele, de sentidos que se perdem na multidão e contribuem para pensar sobre a formação de um multicorpo brasileiro. Não oferecemos respostas, apenas levantamos possibilidades de perceber alguns elementos que compõem esses rastros entranhados na pele e surgem de forma frequente nas feições e comportamentos do povo brasileiro. De maneira particular nas regiões norte e nordeste. Investigamos vestígios desse corpo caboclo nos trabalhos de alguns artistas que de maneiras diversas são atravessados em seus processos de criação por questões relativas a observação do corpo em seus diversos aspectos. De uma forma ou de outra esbarram nesse caboclo, seja pela cor, por aspectos políticos, na construção ou reformulação dos nossos preconceitos, no sangue, nas emoções. Quanto de caboclo há em cada um de nós? Talvez nos vejamos ou aos nossos parentes ao observar as imagens desenvolvidas por Raimundo Cela, que busca em suas pinturas retratar não somente caracterís-
ticas físicas, mas todo o gestual impresso na carne através das questões culturais que acabam por moldar corpos, que são fruto dos lugares que habitam. Por meio da fotografia , a mesma sensação é compartilhada em um diálogo direto com as fotografias de Chico Albuquerque que convidam a um passeio por uma maré de corpos e mar e abrem caminho para que possamos perceber o corpo nú do ‘‘auto-retrato’’ de Efrain Almeida, apresentado como uma pequena escultura de madeira que no contexto da exposição surge como emblema de um corpo desobediente aos padrões da mídia. Os corpos aqui exibidos são uma provocação para pensar sobre quem somos, de onde viemos e quem dizemos ser. É o que encontramos nas imagens de Tiago Santana que adentra no universo religioso dos sertanejos ou no vídeo da artista Letícia Parente que marca na pele seu “made in brazil”, em um corpo-identidade-produto que nos leva a outro campo de ideias e onde encontramos o caboclo já dissolvido, plenamente misturado. Naiana Magalhães faz uma mistura delicada de café com leite sobre as peles e na sutileza encontra a potência de uma população cujos tons de pele são tão diversos que não se consegue nomear, como busca fazer Adriana Varejão em sua inventiva atribuição de nomes a tintas com tons de pele. E em uma situação ainda mais peculiar encontramos a obra de Jonathas de Andrade onde o corpo atesta seu discurso através da ausência e da memória que deixamos impressa nos objetos. A cama, reestruturada evoca uma série de questões sobre que corpos a ocupam e que corpos a constroem. Dessa forma, a exposição busca adentrar em aspectos que transitam entre individual e coletivo, entre localz e global para observar um campo de fronteiras permeáveis e contribuir para a formação de um olhar mais atento sobre o que nos faz brasileiros”. Jared Domício
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Raimundo Cela (189O-1954) Óleo sobre madeira, 1944 Coleção particular
Oil on wood Private collection
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Efrain Almeida (1964) “Auto-retrato”, 2OO9 Umburana e óleo Coleção privada
Umburana and oil Private collection
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Adriana Varejão (1964) Tintas Polvo, 2O13 Caixa de madeira com tampa acrílica, contendo 33 tubos de alumínio de tinta a óleo Coleção Particular
Wooden box with acrylic cover, containing 33 aluminum tubes of oil paint | Private collection
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Naiana Magalhães (1986) “Café colonial”,2O14 | Vídeo, 3’15’’ Acervo da Artista
Video, 3’15’’ Artist collection
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Sobre os artistas
LETÍCIA PARENTE Letícia Tarquinio de Souza Parente (Salvador BA 1930 - Rio de Janeiro RJ 1991). Videoartista. Formou-se e doutorou-se em química, área a que se dedicou profissionalmente e a que deu importantes contribuições. Estudou arte com Pedro Dominguez, Hilo Krugli e Anna Bella Geiger. Nos anos 1970, participa das mais importantes mostras de videoarte brasileiras, tanto no Brasil como no exterior. Sua primeira individual aconteceu em 1976, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), sob o título Medida. Participou do Projeto Vermelho, da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), São Paulo, com o objeto-instalação Constatação (1986); e do Projeto Arte Postal, na 16ª Bienal Internacional de São Paulo, 1981. Fonte Itau Cultural NAIANA MAGALHÃES Artista visual formada no Curso de Artes Visuais da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), orientada por Jared domício (2012), e no labortório de Artes Visuais da Vila das Artes em Fortaleza, coordenado por Solón Ribeiro (2012), participou de exposições coletivas e residenciais em Fortaleza , como ‘Especific” no Centro Cultural Banco do Nordeste e “Residência em 7” do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, sob tutoria de Waléria Américo. No Rio de Janeiro participou de coletivas como “À Primeira Vista” na galeria Arthur Fidalgo e “Acontecimento” no atelier da estilista Isabela Capeto. Atualmente aluna da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Fonte: Portfólio da artista EFRAIN ALMEIDA Efrain Almeida de Melo (Boa Viagem CE 1964). Escultor. Transfere-se para o Rio de Janeiro em 1976. Dez anos depois, inicia sua formação artística na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage). Em 1990, participa de curso no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), e inicia pesquisas com diversos materiais, e escolhe a madei-
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ra como matéria-prima principal de seus trabalhos, que são compostos de pequenas esculturas. Nesse mesmo ano, trabalha como ajudante do pintor Hilton Berredo (1954). A influência religiosa, recebida na infância em Boa Viagem, e o imaginário popular nordestino são temas presentes em seus trabalhos, que fazem referência a ex-votos. Realiza sua primeira exposição individual, Objetos, no Centro Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, em 1993. Participa da 1ª Bienal do Mercosul, em 1997, Bienal Internacional de Buenos Aires, em 2002 e da 29a Bienal Internacional de São Paulo em 2010. CHICO ALBUQUERQUE Francisco Afonso de Albuquerque nasceu na capital cearense em 1917 e celebrizou-se como um dos pioneiros da fotografia de publicidade no Brasil. Foi ele quem fotografou a primeira campanha publicitária ilustrada por um brasileiro, em 1949, para a empresa Johnson & Johnson de São Paulo Chico Albuquerque, como é mais conhecido, começou a fotografar cedo, por volta dos 15 anos de idade, passando a fotografar profissionalmente em 1934, ainda na cidade natal. Em 1945 mudou-se para São Paulo, abrindo estúdio próprio no ano seguinte, quando também ingressou no Fotocine Clube Bandeirante, e desempenhou papel de liderança no movimento fotoclubista paulistano juntamente com figuras antológicas como Thomaz Farkas, Geraldo de Barros, Eduardo Salvatore e German Lorca. Ao se aposentar em 1975, Chico Albuquerque retornou a Fortaleza, mas não parou de fotografar. Muito ao contrário: montou outro estúdio e permaneceu na ativa e realizou belíssimas naturezas-mortas com frutas tropicais brasileiras. Destacou-se também como retratista com a impressionante exposição 130 Fotos de personalidades paulistanas, realizada na Galeria Fotóptica, em 1982. Seu livro Mucuripe, editado em 1989, com imagens desta conhecida praia em dois momentos distintos (1952 e 1988) é considerado um clássico do gênero.
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TIAGO SANTANA Tiago Santana atua como fotógrafo profissional desde 1989, e é fundador da Editora Tempo D’Imagem (1994), especializada em livros de fotografia. Foi contemplado com o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, Funarte (RJ), em 2005. Recebeu o Prêmio Conrado Wessel de ensaio Fotográfico (São Paulo), pelo ensaio O Chão de Graciliano, editado em 2006. Em 2008 e 2009 foi o ganhador do Prêmio O Melhor da Fotografia do Brasil, como melhor documentarista do país. Tiago tem seu trabalho publicado em jornais, revistas e livros no Brasil e no exterior, e tem participado de importantes acervos de fotografia. Atualmente desenvolve projetos editoriais na Editora Tempo D’Imagem e é curador do IFOTO – Instituto de Fotografia em Fortaleza, Ceará, Brasil. Fonte: Fotospot ADRIANA VAREJÃO Adriana Varejão (Rio de Janeiro RJ 1964). Pintora. Freqüenta cursos livres na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage, no Rio de Janeiro, entre 1981 e 1985. Faz sua primeira exposição individual em 1988, na Galeria Thomas Cohn, no Rio de Janeiro. Em sua produção, evoca repertório de imagens associadas à história do período colonial brasileiro, como azulejos e mapas. Em obras que se situam entre a pintura e o relevo, emprega freqüentemente cortes e suturas em telas e outros suportes que permitem entrever materiais internos que imitam o aspecto de carne. A artista evoca também o barroco, associando pintura, escultura e arquitetura em seus trabalhos. Atualmente exibe o trabalho “Caixa Polvo” no galpão da Galeria Fortes Villaça, São Pauo, SP. JONATHAS DE ANDRADE Jonathas de Andrade (1982 Alagoas), através de instalações, vídeos e fotopesquisas, se aproxima de questões sociais, políticas, culturais e ideológicas
que estão sob tensão ou risco de desaparecimento da memória coletiva. Participou de exposições coletivas como a 12a Bienal de Lyon (2013), a 2nd New Museum, a 29a Bienal de São Paulo (2010) e a 7a Bienal do Mercosul (2009). Recebeu o prêmio especial do júri por sua participação no Future Generation Art Prize, Kiev e finalista do prêmio PIPA 2011. Vive e trabalha em Recife. RAIMUNDO CELA Raimundo Cela (Sobral CE 1890 - Niterói RJ 1954). Pintor, gravador, professor. Forma-se em ciências e letras no Liceu do Ceará. Em 1910, muda-se para o Rio de Janeiro e matricula-se como aluno livre da Escola Nacional de Belas Artes - Enba. É aluno de Zeferino da Costa (1840 - 1915), Eliseu Visconti (1866 - 1944) e Baptista da Costa (1865 - 1926). Nessa época, titula-se em engenharia, pela Escola Politécnica. Entre 1917 e 1922, viaja a Paris para aperfeiçoar-se. Quando volta ao Brasil, por problemas de saúde, reside em Camocim, no interior do Ceará, e trabalha como engenheiro. Em 1938, cria um painel sobre a abolição da escravatura para o Palácio do Governo do Estado, em Fortaleza. Volta a dedicar-se à carreira de artista plástico de forma mais enfática após 1940, quando se muda para Niterói, no Rio de Janeiro. A partir dessa data leciona gravura em metal na Enba. Realiza a primeira mostra individual em 1945, no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA, no Rio de Janeiro. São temas constantes em sua produção as paisagens, os tipos populares e o trabalho de vaqueiros e pescadores de sua terra natal. Destaca-se também sua obra gráfica, na qual retoma a mesma temática. Após sua morte, é criada a Casa Raimundo Cela, Centro de Artes Visuais, em Fortaleza, onde ocorre, em 1970, uma mostra de artistas cearenses com o lançamento de uma monografia sobre o artista. Em 2004, é lançado o livro Raimundo Cela: 1890-1954, de autoria de Estrigas, pela editora Pinakotheke.
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Projeto e curadoria: Victor Perlingeiro e Jared Domício Período da exposição: 11 de junho a 15 de julho de 2014 Segunda a sexta feira das 10 às 18 horas Rua Barbosa de Freitas, 1727 | Aldeota 60170-021 | Fortaleza | Ceará Telefone: 85 3261 7724 | galeriamultiarte@uol.com.br