Gonzalez Bravo

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GONZALEZ BRAVO O Gesto e o Espaテァo

SテグMAMEDE GALERIA DE ARTE


09 Sem Título 2015 Óleo sb Tela 114x146cm

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Novembro / Dezembro 2015 07 Sem TĂ­tulo 2015 Ă“leo sb Tela 114x162cm



Gonzalez Bravo é um pintor mental, está sempre a trabalhar na sua obra, mesmo quando não tem o pincel na mão. Como ele próprio diz “um quadro é como uma equação não resolvida para a qual temos que encontrar resposta”. E nos componentes desta equação está sempre a cor como condicionante fundamental e, juntamente com ela, a textura e as formas. Estas últimas variam desde um simples muro até formas mais ou menos geométricas. Há uma auréola de misticismo em redor da obra, que é uma narração pertencente ao Eu do artista, com uma espécie de linguagem secreta que o tempo acompanha e que funciona como destilador de toda a obra. Obra de uma coerência muito importante que se desenvolve como uma longa de canção de gesta. Aquilo a que poderíamos chamar a demora mental da pincelada confere à sua pintura uma grande capacidade monumental e um mistério arcaico que são o signo e o símbolo da sua identidade. A precedê-los está uma conscienciosa introspeção solitária que nos remete para uma inequívoca linguagem íntima. O quadro não consiste apenas em camadas de tinta sobre a tela, mas numa reflexão psicológica do momento em que se pinta e do momento em que se pensa; “uma sucessão de momentos de prazer e de dor”, refere Gonzalez Bravo. Adivinham-se componentes emocionais e racionais nestas telas. A estrutura é racional, mas a emoção pulsa na cor e na textura. Rasgo de uma pintura quase metafísica, que se vai impondo no ato de execução até desembocar na obra acabada ou no seu abandono, mas em que no final o vencedor é sempre o artista. Pintura perdurável no tempo, para além das circunstancias e dos vaivéns da moda. Porque como diz Solzhenitsyn: Os escritores e os artistas têm a oportunidade de fazer muito mais: derrotar a mentira. As mentiras podem impor-se sobre muitas coisas deste mundo, mas nunca sobre a arte.

02 Sem Título 2015 Óleo sb Tela 130x170cm

González Bravo modula, assim, a narração em dois registos - um épico e outro lírico - que engendram uma obra de suma lucidez, uma obra de dor e fúria poéticas. Memória vital num repertório calculado de cores puras e complementares, que estabelece visceralmente uma espécie de calculo mágico, de sensações matematicamente paradoxais (…). Pintura acompanhada de um tempo imóvel. Sedutora e enigmática. Pintura que criou um sistema que a identifica e em que a cor com o seu metódico emprego como argumento, confere à tela um pulsar, uma vibração harmoniosa e mágica. A disposição da cor na superfície plana, dos neoimpressionistas a Mondrian ou a Malevich, está na origem desta pintura que se recria no informalismo. Assim, a autonomia da cor, a sua arquitetura, confere à obra de González Bravo a sua singular identidade. E é a cor que caracteriza a maioria das obras que se expõem, a qual se faz acompanhar, muitas vezes, de significativas representações de letras e números. Frases que, embora no inicio tenham precedido de citações de escritores, evoluíram até se converterem em meros signos que ajudam o pintor a compor a sua obra.

Outros quadros, por outro lado, são atravessados por listas (horizontais ou verticais) que nos remetem para paisagens essenciais. A força destas listas confere à pintura uma plenitude especial, uma força proteica que nos toma. É também sobre estes campos de cor que se situam formas simples que dão ao quadro espacialidade e profundidade. Principalmente o quadrado e as formas angulosas, embora, por vezes, também formas mais orgânicas, como que precedentes de uma geometria desestruturada. Estas formas, habitualmente de cor mais escura, em vez de impedirem a autonomia da cor, antes a reforçam. O resultado é de uma grande profundidade do espaço que não se limita à inclusão do traço, mas que funciona como um impulso para conferir à obra monumentalidade e uma grande carga simbólica. (…) As suas obras permitem vários níveis de leitura, que se completam com a intencionalidade do espectador, autorizando-o, assim, a ser o participante de uma obra que parece realizada para o seu olhar particular, um olhar absolutamente privado. Os diferentes níveis de leitura a que antes aludíamos vão da superfície da tela aos meandros mais recônditos da mente do artista. Pintura que nos descobre, à laia de palimpsesto, todo o processo de elaboração, todo o processo mental que se revela na última superfície. E o espectador deve ser cúmplice deste processo para o tornar seu; o seu olho deve interiorizar o que vê para ir mais além, elaborando deste modo as suas próprias teses e, sobretudo, mais importante ainda, para que desenvolva a sua sensibilidade. Deve deixar-se levar pelas sugestões que o fazem apreender o aparente e o que se esconde, interrogando-se sobre as emoções que o afetam. Cada tela de Gonzalez Bravo é uma janela que nos descobre o seu mundo mais intimista, a sua mestria no uso da cor e a destreza da sua pincelada. Não existe modelo para além do espelho em que se olha o artista, um olha interior, pleno de lirismo, que constrói o seu universo particular. Uma arquitetura pictórica que se vai desfiando em cada obra para edificar, paulatinamente, a sua conceção do mundo. Numa sociedade tão tecnológica, a janela que abre Gonzalez Bravo é uma janela humanista. Uma janela que nos mostra, num silêncio ativo, que nem tudo é assim tão transparente e compreensível. Que ainda há lugar para o homem para nos deleitarmos numa tela que respira e que pode pulsar ao mesmo ritmo que o nosso coração. (…) Tempo, cor, gesto, espaço, memória, entrelaçados e imbricados de tal modo que fazem com que cada obra seja única, mas ao mesmo tempo possua a qualidade de uma série que se prolonga indefinidamente em si mesma e ao mesmo tempo em permanente diálogo com o espectador, que assim se vê livre para realizar um discurso singular que só ele pode interpretar. A pele da tela como um campo de batalha de todo o repertório expressivo de Gonzalez Bravo. Pedro Pizarro extrato do texto La Piel de Lienzo



GONZALEZ BRAVO

12 Sem Título 2015 Óleo sb Tela 73x92cm

O Gesto e o Espaço

SÃOMAMEDE GALERIA DE ARTE


03 Sem Título 2012 Óleo sb Tela 150x130cm


01 Sem Título 2013 Óleo sb Tela 180x200cm


08 Sem Título 2014 Óleo sb Tela 114x162cm


06 Sem Título 2013 Óleo sb Tela 162x146cm


04 Sem Título 2014 Óleo sb Tela 146x162cm


05 Sem Título 2013 Óleo sb Tela 130x170cm


14 S/ Título 2015 Óleo sb tela 146x114cm


Lista de obras 1. Sem Título 2. Sem Título 3. Sem Título 4. Sem Título 5. Sem Título 6. Sem Título 7. Sem Título 8. Sem Título 9. Sem Título 10. Sem Título 11. Sem Título 12. Sem Título 13. Sem Título 14. Sem Título 15. Sem Título 16. Sem Título 17. Sem Título 18. Sem Título 19. Sem Título 20. Sem Título 21. Sem Título 22. Sem Título 23. Sem Título 24. Sem Título

Grafismo Galeria São Mamede Fotografia Filipe Condado Texto Pedro Pizarro Impressão Gráfica Vilar do Pinheiro Tiragem 300 exemplares

2013 2015 2012 2014 2013 2013 2015 2014 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2014 2014 2014 2015 2015

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180x200cm 130x170cm 150x130cm 146x162cm 130x170cm 162x146cm 114x162cm 114x162cm 114x146cm 101x147cm 100x120cm 73x92cm 146x114cm 146x114cm 110x130cm 120x100cm 100x81cm 100x81cm 65x95cm 65x81cm 65x81cm 65x81cm 65x77cm 46x55cm


JUSTO GONZALEZ BRAVO – Nota biográfica 1944 Nasceu em Badajoz (Espanha) 1970 Reside e trabalha em Portugal Exposições Individuais: 1981 Sala Ibéria Lisboa 1982 Galeria do Casino do Estoril 1983 Galeria Studio Cascais; Galeria Ramon Dúran, Madrid; Galeria O País, Lisboa 1985 Galeria Casino do Estoril 1987 Galeria de S. Mamede, Lisboa; Galeria Marion Scott, Vancouver, Canadá; Galeri Obaja, Girone, Espanha 1989 Galeria de S. Mamede, Lisboa; Galeria L’Occhio, Veneza 1990 Galeria Viciana, Milão; Galeria S. Mamede (obra s/ papel) Lisboa 1991 Galeria Alfama, Madrid 1992 Casa Museu Nogueira da Silva, Braga, Portugal; Galeria de S. Mamede, Lisboa; Galeria Damien Boquet, Paris; Galeria Neupergama, Portugal 1994 Galeria Ara, Lisboa; Galeria Got, Paris 1995 Galeria Got, Paris; Galeria Pilar Parra, Madrid 1996 Galeria Mário Sequeira, Braga, Portugal; Galeria Got, Paris 1997 Galeria Rocha, Saint Paul de Vince 1988 Galeria Ara, Lisbonne; Galeria Got, Paris; Galeria 204, Dusseldorf 2000 Galeria Pilar Parra, Madrid 2001 Frederic Got, Fine Art, Paris, França 2002 Galeria Kashya Hildebrand, Genebra, Suiça; Sala XIII, Torrelodones, Madrid, Espanha 2003 Galeria ARA, Lisboa, Portugal; Galeria Art 204, Dusseldorf, Alemanha 2004 Art Fair Spring, Frèderic Got Fine Art E.U.A. 2005 Frederic Got Fine Art, Paris 2005 Galeria de São Mamede 2006 Galeria 204, Dusseldorf 2007 Galeria S.Mamede, Porto, Galeria Got, Paris; “La piel del Lienzo”, MEIAC, Museu de Arte contemporânea de Badajoz, Espanha. 2008 Galeria S. Mamede, Lisboa 2009 Etienne Gallery, Oisterwijk, Holanda; Galeria Frédéric Got, Paris 2010 Museo Provincial de Cáceres, Espanha 2011 Galeria S. Mamede, Lisboa Portugal 2012 Galerie art-204, Dusseldorf, Germany; Galeria Frédéric Got, Paris 2013 Galeria São Mamede, Lisboa 2014 Galeria São Mamede, Porto 2015 Fundacón El Brocense Cáceres, Espanha; Galeria São Mamede, Lisboa Principais Exposições Colectivas: 1980 Salão de Outono do Estoril, Portugal 1981 Salão de Outono do Estoril, Portugal 1982 III Bienal de Vila Nova de Cerveira, Portugal 1983 Galeria de S. Francisco, Lisboa 1984 IVª Bienal de Vila Nova de Cerveira, Portugal 1986 Galeria Alfama, Madrid; IIIª Exposição de Artes Plásticas C. Gulbenkian, Lisboa; Caixa de Aforros de Salamanca, Espanha 1988 Galeria Alfama, Madrid 1989 IIª Forum Picoas, Lisboa 1992 Nouvelles Abstraction, La Boule, França; Galeria de S. Mamede, Lisboa 1993 Galeria Santa Joana, Aveiro, Portugal; Galeria ARA, Lisboa; Galeria Got, Paris 1994 Galeria Mário Sequeira, Braga, Portugal; Lineart, Feira Internacional de art de Gand, Bélgica 1995 Galeria Ara, Lisboa; Galeria Kunsthuis Loosveldt, Ostende, Bélgica; LineartFoire International d’Art de Gand, Belgica; F.A.C., Feira de Arte Contemporanêa de Lisboa 1996 Galeria Kunsthuis Loosveldt, Ostende, Bélgica 1997 F.A.C. Feira de Arte Comtemporanêa; Lineart, Feira Internacional de arte de Gand, Belgica; Grands et Jeunes d´aujourd’hui, Espaço Eiffel, Paris 1998 Grands et Jeunes d´aujourd’hui, Espaço Eiffel, Paris 1999 Galeria Got, Paris; Galeria Art 204, Dusseldorf, Alemanha; Forum Atlantico, Galeria Ara, Pontevedra, Espanha; Feira de Strasburg, Galeria Got 2000 F.A.C. Feira de Arte de Lisboa 2001 Galeria SalaXIII Torrelodones, Madrid, Espanha 2002 I.A.F. Internacional Art Fair, Palm Springs, E.U.A; Galeria Kashya

Hildebrand, Geneve, Suiça 2003 Art Fair Palm Springs, E.U.A., Galeria Got; Kashya Hildebrand Gallery, Nova Iorque, E.U.A. 2004 Galeria de S. Mamede, Lisboa, Portugal; F.A.C. Feira de Arte Contemporânea, Lisboa, Portugal 2005 ARCO 2005, Madrid, Espanha; Art Fair Palm Springs, E.U.A. (Galeria Got) 2007 Galeria Etienne Van den Doel Oisterwijk, Holanda; Feira de arte de Lisboa (Galeria São Mamede); pAN -- Etienne Gallery, Oisterwijk, Holanda; Caligrafias, Fundación de las Telecomunicaciones 2008 Galeria Art-204, Dusseldorf, Alemanha; ArtMadrid Feira de Arte Contemporanea (Galeria São Mamede); ArteLisboa, Feira de Arte Contemporânea (Galeria São Mamede); pAn, Etinne Gallery, Oisterwijk, Holanda 2009 ArteLisboa, Feira de Arte Contemporânea (Galeria São Mamede); Art Fair Palm Spring EUA (Galeria Frederic Got); Besharat Gallery, Atlanta, EUA 2010 Galerie art204, Dusseldorf, Alemanha; ArteLisboa, Feira de Arte Contemporânea (Galeria São Mamede); Art Fair Palm Spring EUA, (Galeria Frédéric Got) 2011 ArteLisboa, Feira de Arte Contemporânea (Galeria São Mamede) 2012 Centro Cultural São Lourenço, Almancil; Feira de Arte e Antiguidades de Lisboa (Galeria São Mamede) 2013 Museo de Huelva, Primavera da Pintura 2014 Feira de Arte e Antiguidades de Lisboa (Galeria São Mamede); 2015 Art Toronto, (Galerie Frédéric Got), Canada; Feira de Arte e Antiguidades de Lisboa (Galeria São Mamede).

Colecções Públicas: MEIAC – Museu Extremeño Ibero-Americano de Arte Comtemporânea. Banco de Portugal, Lisboa, Portugal Palácio Municipal de Congresso, Madrid, Espanha Banco Comercial Português, Lisboa, Portugal Colecção A.I.T. Madrid, Espanha Ministério do Planeamento e Ordenamento do território, Lisboa, Portugal Companhia de Seguros Bonança, Lisboa, Portugal I.E.P., Lisboa, Portugal BHF, Bank, Dusseldorf, Alemanha Ahorro Corporación, Madrid, Espanha Moore Managment Capital, Nova Iorque, EUA Banco do Funchal (BANIF) Lisboa BIG Banco Investimento Global Lisboa Fundação D. Luís Cascais Portugal Publicações recentes: González Bravo, Oeuvres 1990-2000, texto de Patrick-Gilles Persin, Edition Got, Paris González Bravo, La piel del Lienzo 1985-2007 texto by Pedro Pizarro y Mariano Navarro, Museo Extremeño y Iberoamericano de Arte Comtemporáneo, Badajoz González Bravo Obra en papel texto de Fernando Castro Flores, Miguel Fernández-Cid, Museo Provincial de Cáceres Caligrafias (nascentes dos nomes), texto de Mª João Fernandes 75 artists in Portugal, texto de Margarida Botelho Diccionario de artistas y escultores del siglo XX


09 Sem Título 2015 Óleo sb Tela 114x146cm

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