Cruzeiro Seixas - Fauna Flora e Arte

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CRUZEIROSEIXAS Fauna Flora e Arte

SテグMAMEDE PORTO ツキ GALERIA DE ARTE


16. “O momento petrificado”, 2002, Técnica mista sb papel, 30 x 21 cm


OUTUBRO/NOVEMBRO DE 2005

CRUZEIRO

SEIXAS

FAUNA FLORA E ARTE

SテグMAMEDE PORTO ツキ GALERIA DE ARTE



FAUNA FLORA E ARTE

13. “Cá estamos nós outra vez”, 1959, Técnica mista sb papel, 27 x 8 cm

9. "Duas pessoas perfazem um quadrúpede", 2000, Tinta-da-china sb papel, 12 x 12 cm

18. S/ Título, 2002, Técnica mista sb papel, 31 x 34 cm

“A fauna e a flora do surrealismo são inconfessáveis”, disse Breton. Esta citação exprime bem o envolvimento imaginoso da criação plástica (e também poética) de Artur Cruzeiro Seixas. Em suas pinturas, desenhos, colagens, etc., prevalece um universo de formas que se diria “inconfessável”. Com efeito nele há um testemunho que fica interdito, que é impossível porque se torna ambiguamente interior, secreto. Que segredo é esse? Para tudo se dizer numa palavra, poderíamos admitir que ele se encontra relacionado com a nudez. Ela, a nudez, é o que está secretamente descoberto. Afinal um visível e, ao mesmo tempo, invisível lugar de encontro. Assim entendida, ela não diz respeito apenas ao corpo humano; também se refere às coisas. Por outras palvras, corresponde a uma encenação, precisamente a do despojamento. Há uma tradição na representação da nudez que vem, sobretudo, da estatutária grega, clássica. Esta tradição está presente em Cruzeiro Seixas. Mas ela é subvertida. Os corpos ficam contorcionados, imbricados uns nos outros, tornam-se compósitos, estão decepados, sofrem alongamentos, distensões. Os plintos – os lugares onde assentam as composições escultóricas clássicas – são atravessados por esses corpos, tornam-se transparentes, fragmentam-se. As coisas, os seres vivos estão sujeitos a transformações. O universo plástico de Cruzeiro Seixas é, magnificamente, o da metamorfose. Os peixes são a face de alguém ou os seus braços, os cabelos são chamas, as pernas e os pés pertencem a outros seres ou, até, a objectos, a lua atravessa a fronte, as arvores têm ”todos os seus sexos”, nas coisas há um ou mais rostos, corpos dos cavalos fica repartido, enxerta-se noutras figuras. É a “infinita galeria de espelhos”... Há um espaço de ilusão e, também, de plena verdade. Duas afirmações, que são de Cruzeiro Seixas, exprimem precisamente isto: “poucas coisas possíveis acontecem. O que é mais quotidiano é o impossivel”; “prefiro o acaso, mas o acaso que prefiro é um acaso mágico”. Mas há outra espécie de citações. Se considerarmos algumas das suas colagens, poderiamos encontrar fragmentos de Chirico, Luca Signorelli, Miguel Angelo etc. E, ao falar de alquimia, Cruzeiro Seixas refere a propósito a obra de Gustave Moreau ou de Boecklin. É obvio que as raízes de Cruzeiro Seixas são outras, mas indirectamente entrevê-se e “maraviglia” e a “terribilità” (Signorelli, Miguel Ângelo), a pintura metafísica (Chirico), o simbolismo ou, melhor, um certo simbolismo a que os surrealistas, como André Breton, foram sensíveis (Moreau, Boecklin). Surpreender nesta imaginária tradição impossível uma originalidade possível, eis o que Cruzeiro Seixas sempre conseguiu. Mesmo em relação aos próprios artistas plásticos que estiveram ligados ao nosso Surrealismo, ele soube ganhar uma individualidade que lhe é própria, porque, como disse, “o Surrealismo é uma estrada que me segue”. Assim, vai de certo modo sozinho para que seja melhor acompanhado pela sua obra. Fernando Guimarães Porto, Agosto de 2005


22. S/ TĂ­tulo, 2003, TĂŠcnica mista sb papel, 29 x 42 cm


23. "Coisas enormes por dentro", 2002, TĂŠcnica mista sb papel, 29 x 42 cm


3. "A Mulher e a escultura", 1952, Tinta-da-china sb papel, 20 x 16 cm

4. S/ TĂ­tulo, 1957, Desenho sb papel, 27 x 21 cm


6. S/ TĂ­tulo, 1965, Tinta-da-china sb papel, 15 x 10 cm

17. S/ TĂ­tulo, 1954, Desenho sb papel, 40 x 28 cm


24. "Em busca de Cherezade", 2003, TĂŠcnica mista sb papel, 33 x 51 cm


25. "Alguns exemplos Ăşteis", 2003, TĂŠcnica mista sb papel, 33 x 51 cm


5. "Estudo de um desenho perdido", 1955, Tinta-da-china sb papel, 22 x 16 cm

1. S/ TĂ­tulo, 1946, TĂŠcnica mista sb papel, 12 x 21 cm


11. Estudo p/retrato de Cesariny feito a seu pedido para ilustrar um livro que nĂŁo chegou a ser publicado!", 1950, TĂŠcnica mista sb papel, 14 x 11 cm

2. Estudo, 1947, Tinta-da-china sb papel, 21 x 17 cm


33. S/ Título, 1987, Técnica mista sb papel, 21 x 15 cm

15. S/ Título, 2002, Técnica mista sb papel, 22 x 31 cm


12. S/ Título, 1951, Técnica mista sb papel, 8 x 7 cm

14. "Os devedores do azul", 2001, Técnica mista sb papel, 21 x 29 cm


8. S/ TĂ­tulo, 1963, Tinta-da-china sb papel, 14 x 14 cm

21. "Quando o vento parecia maduro", 1998, TĂŠcnica mista sb papel, 26 x 27 cm


10. S/ Título, 1958, Tinta-da-china sb papel, 16 x 9 cm

20. S/ Título, 1982, Técnica mista sb papel, 25 x 30 cm


19. "Foi exactamente assim que tudo aconteceu no dia 31 de Janeiro de 1938", 2003, TĂŠcnica mista sb papel, 33 x 35 cm


NOTABIOGRÁFICA Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas nasceu na Amadora em 1920. Começou por atravessar uma fase expressionista-neo-realista mas desde cedo (1948) tomou parte no movimento Surrealista quer na pintura quer na poesia, tendo constituído o grupo “Os Surrealistas” em 1949. Entre 1952 e 1964 viveu em Angola e foi bolseiro da Gulbenkian em 1968 ano em que inicia a sua actividade como consultor artístico da Galeria São Mamede, até 1974. Posteriormente, de 1976 a 1983 dirige a Galeria da Junta de Turismo do Estoril, bem como entre 1985 e 1988 a Galeria de Vilamoura, no Algarve. Em 1999 doa a totalidade da sua colecção à Fundação Cupertino de Miranda, de V. N. de Famalicão, com vista à constituição do Centro de Estudos do Surrealismo e do Museu do Surrealismo. Actualmente vive em Lisboa. Principais exposições: 1948 toma parte na actividade dos surrealistas de Lisboa (António Maria Lisboa, Mário Cesariny, Mário Henrique Leiria, Pedro Oom, Fernando José Francisco, Risques Pereira, Fernando Alves dos Santos, Carlos Eurico da Costa, Carlos Calvet e António Paulo Tomás). 1949 e 1950 exposições de “Os Surrealistas”. 1953 e 1959 expõe em Luanda. 1955 “Retrato Homenagem”, a António Maria Lisboa incluído na edição de a Verticalidade e a Chave”. 1967 Retrospectiva na Galeria Bucholz. Galeria Divulgação, Porto, expõe com Cesariny. 1970 e 1972 Expõe na Galeria São Mamede. 1975 Galeria da Emenda, expõe guaches de África. Galeria Ottolini, cinquenta anos da Revolução Surrealista, exposião de “cadavres-exquis” e “pinturas colectivas” (Com Samouco, Raúl Perez, Laurens Vancrevel, Paula Rego, Mário Botas, entre outros) 1972, 1974 e 1976 Exposições colectivas em Paris, no Brasil, em Bruxelas, em Chicago, em Londres, em Madrid, na Alemanha e no México. 1977 Expõe em Amsterdão com Raúl Perez e Philip West. 1994 Colabora na organização e participa numa importante exposição do Surrealismo em Portugal, realizada na Galeria São Mamede, intitulada “Surrealismo ou Não” 1995 Galeria São Mamede, exposição de “Homenagem a Mário Henrique Leiria. 2000 Exposição retrospectiva e de homenagem a Cruzeiro Seixas, por ocasião do seu 80º aniversário 2001 Galeria Sacramento, em Aveiro, exposição conjunta com Eugenio Granell Fundación Eugenio Granell, em Santiago de Compostela, grande exposição retrospectiva, sendo paralelamente publicado o livro biográfico “Cruzeiro Seixas”. 2003 Centro de Arte e Espectáculos da Figueira da Foz, grande exposição retrospectiva da obra de Cruzeiro Seixas. Galeria Municipal Artur Bual, Amadora, exposição retrospectiva e de homenagem. Galeria São Mamede, exposição conjunta com Raúl Perez. Outras participações artísticas: Participa em várias mostras colectivas como em 1979 “Presencia Viva de Wolfgang Paalen” no Museu do México (cidade do México); em 1984 “Le Surréalisme Portugais” organizada por Moura Sobral, no Canadá (Montreal); em 1994 “O Rosto da Máscara” no Centro Cultural de Belém (Lisboa), e de tapeçarias de Portalegre com Eugenio Granell na galeria desta manufactura em Lisboa; em 1997 “Le Surréalisme et l’Amour” no Pavillon des Artes, em França (Paris); em 1998 “O que há de Português na Arte Moderna Portuguesa” no Palácio Foz (Lisboa); em 1999 “Desenhos de Surrealistas em Portugal” no Museu Nacional Soares dos Reis (Porto) e “Confrontos” com Carlos Calvet e Manuel Moura na livraria Ler Devagar (Lisboa); em 2000 “Le Mouvement Phases de 1952 à l’horizon 2000” em França, exposição itinerante, “Neo-realismo Versus Surrealismo”, na Galeria Municipal de Vila Franca de Xira (Póvoa de Sta. Iria) e “Parenté n’est pas hériditaire (Surréalisme et Liberté)” na República Checa, exposição itinerante;

em 2001 “Surrealismo em Portugal 1934-1952” no Museo Extremeño Iberoamericano de Arte Contemporáneo, em Espanha (Badajoz), posteriormente no Museu do Chiado, em Lisboa e na Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, ou “Os passos lado a lado” no Hospital Júlio de Matos, em conjunto com três artistas utentes deste estabelecimento de saúde mental. Executa ilustrações para diversos livros como “A Afixação Proibida” de António Maria Lisboa, “A Cidade Queimada” e “Titânia” de Mário Cesariny, “Antologia Erótica e Satírica” de Natália Correia, “Kunst en Anarchie” de Edgar Wind (Holanda), “Casos de Direito Galáctico” de Mário Henrique Leiria, “História Trágico Marítimo” e “Mulher de Luto” de Gomes Leal ou “Le Livre du Tigre” de Isabel Meyrelles. Colabora nas revistas surrealistas francesa “Phases”, holandesa “Brumes Blondes” e na canadiana “La Turtue-Lièvre” A partir de trabalhos de Cruzeiro Seixas, os escultores Alberto Trindade e Bruno Trindade têm vindo a executar diversas esculturas. Redige prefácios diversos, dos quais se cita para as exposições de Cesariny em 1969, de Raúl Perez em 1981, de Philip West em 1988 e de Eugenio Granell em 1996. Realizou cenários para a Companhia Nacional de Bailado e para a Companhia de Bailado de Gulbenkian. Livros: 1973 livro “Cruzeiro Seixas”, por Mário Cesariny, da colecção Escritores e Artistas de Hoje. 1986 Edição do livro de poemas de Cruzeiro Seixas “Eu Falo em Chamas”. Publicação de álbum referindo 230 obras de diversos autores, da colecção de Cruzeiro Seixas, adquiridas pela Fundação Cupertino de Miranda. 1989 Publicação do álbum ilustrado “Cruzeiro Seixas”, sobre a sua vida e obra (SOCTIP) por ocasião da atribuição do prémio soc-tip “Artista do Ano”. 2000 Edição do álbum “O que a Luz Oculta” com poemas e desenhos de Cruzeiro Seixas. Edição “Retrato sem Rosto”, exposição retrospectiva e de homenagem a Cruzeiro Seixas, por ocasião do seu 80º aniversário, álbum biográfico “Cruzeiro Seixas”. 2001 Edição de “Viagem sem Regresso” poemas e desenhos, paralelamente é feita uma edição de luxo, em formato de álbum acompanhado de serigrafia; “Galeria de Espejos - Galeria de Espelhos” livro de poemas prefaciados e traduzidos para castelhano por Perfecto E. Cuadrado; “Local Onde o Mar Naufragou” de desaforismos e serigrafias “Cruzeiro Seixas”, Livro biografico editado pela Fundación Eugenio Granell, de Santiago de Compostela, por ocasião de uma grande exposição retrospectiva. 2002 É editado o livro de poesia “Artur do Cruzeiro Seixas - Obra Poética vol. I”. 2003 Edição do segundo volume de poesia: “Artur do Cruzeiro Seixas - Obra Poética vol. II”. Encontra-se representado em diversas colecções privadas e em instituições como o Museu do Chiado (Lisboa), Centro de Arte Moderna da Fundação Caloust Gulbenkian, Biblioteca Nacional, Biblioteca de Tomar, Fundação Cupertino de Miranda (V. N. de Famalicão), Museu Machado de Castro (Coimbra), Fundação António Prates, (Ponte de Sor), Fundación Eugenio Granell (Galiza), ou o Museu de Castelo Branco.

FICHATÉCNICA Gráfismo RCO - Produções, Lda.

Fotografia Eduardo Tomé

Tiragem 1000 exemplares


R. D. Manuel II, 260 4050-343 Porto Tef. 226 099 589 R. Escola Politécnica, 167 1250-101 Lisboa Tef. 213 973 255 Fax 213 952 385

www.saomamede.com galeria@saomamede.com

Capa: 24. “Em busca de Cherezade”, 2003, Técnica mista sb papel, 33 x 51 cm

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