Cruzeiro Seixas - O Infinito Segredo / Guarda

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O INFINITO SEGREDO CRUZEIRO SEIXAS MARÇO A MAIO DE 2010 TEATRO MUNICIPAL DA GUARDA


O INFINITO SEGREDO CRUZEIRO SEIXAS MARÇO A MAIO DE 2010



Um surrealista dos mais ortodoxos, Jean-Louis Bedoim, publicou em 1961 um livro, “Vingt ans de surréalisme”, onde havia um capítulo intitulado “Le surrealisme dans le monde”, onde somente uma breve passagem evocava o surrealismo português, sem referir Mário Cesariny nem Cruzeiro Seixas; as informações provinham de Nora Mitrani, que após uma temporada em Lisboa, onde se tornou companheira de Alexandre O’Neil, pretendeu que era O’Neil quem tinha fundado o grupo surrealismo português com a ajuda de José Augusto França! Se eu tivesse tido conhecimento da existência de Cruzeiro Seixas, teria reservado para ele a minha rubrica “Celui qui sort de l’ombre”, onde tenho posto em lugar de honra surrealistas desconhecidos, como Claude Tarnaud e Georges Hugnet. É necessário levar em conta que os seus três volumes de obra poética não estão traduzidos em francês, e que, assim, é impossível apreciar toda a originalidade da sua obra de escritor, a não ser, através de algumas traduções de Isabel Meyrelles. Nos seus poemas, Cruzeiro Seixas é pintor, pois ele faz ver o que diz; em suas pinturas, ele é poeta, suas imagens despertando no espírito analogias verbais. Os seus poemas são poesia visível. Não temos pois que nos perguntar se Cruzeiro Seixas é pintor ou poeta, ou o inverso; ele é irresistivelmente os dois ao mesmo tempo, em tudo o que faz. Cruzeiro Seixas é um inovador genial do surrealismo, alcançando a perfeita fusão da pintura e da poesia. Refiro uma série de desenhos intitulada “A forma que a matéria toma, na prática história individual”, que são maravilhas de automatismo psíquico, nos quais, as figuras destacam-se sobre um fundo negro, que pertence à noite do inconsciente. Trata-se de uma mitologia nocturna que se abre aos nossos olhos em desdobramento. Nos anos seguintes, Cruzeiro Seixas intitula algumas obras como “L avie est un scandale pour la raison”, dando-lhes um sentido filosófico…” Cruzeiro Seixas fez “Cadavres-exquis” com diversos surrealistas, entre os quais, Mário Botas e Raúl Perez. Há uma visível competição entre dois desenhadores, e assim o desenho terminado, ganha uma unidade que não encontramos nos “Cadavres-exquis”, de vários autores. Não se trata apenas da fusão da pintura e da poesia, mas sim da fusão de duas personalidades.


A obra de Cruzeiro Seixas parecia ficar bem sob a designação de “O sonho”, mas examinando melhor o seu onorismo puro a designação de “conaissance”, porque eles vão mais longe que o sonho. Cruzeiro Seixas procura aprofundar a realidade por meio do sonho. CS procura aprofundar a realidade por meio do sonho. Suas criações são sonhos, dirigidos no sentido da especulação intelectual. Ele pratica o conhecimento pela alucinação provocada. Eis aliás, o que é tipicamente surrealista. Não se trata de caprichos da fantasia, mas de relâmpagos de intuição, revelando o que está sob as aparências. Eu considero-o, não somente como um grande surrealista português, mas sobretudo como uma figura marcante do surrealismo universal. Mais que um pintor ou poeta, trata-se de um homem que manifesta a supremacia da vida interior, o que lhe confere uma qualidade pouco comum no mundo actua. Sarane Alexandrian

Prefácio a uma exposição de Cruzeiro Seixas intitulada “ISTONÃO É UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE”, EM 2008, NO Museu Amadeu Souza Cardoso em Amarante.

Breve nota biográfica; Sarane Alexandrian, 1927-2009, natural do Iraque, participa na acção da “Exposition International du Surréalisme”, Paris 1947. Publica “Poesie et Objectivité”, “Les Liberateurs de L’amour”, etc. Co-redator de “Ropture inaugurale” e de “A la niche dês glapisseurs de Dieu”. É um dos fundadores da revista “Neon” e “Superieur inconnu”.


“Dito isto, fica um grande espaço vazio” | 2004 | Técnica mista sb papel [49 x 37 cm]


“Histórias sem fim nem princípio” | 2004 | Técnica mista sb papel [28 x 21 cm]


“Aprenderemos até ao fim” | 2002 | Técnica mista sb papel [28 x 21 cm]


“Finalidade sem fim” | 2004 | Técnica mista sb papel [33 x 51 cm]


“Todos os dias à mesma hora…“ | 2002 | Técnica mista sb papel [40 x 52 cm]


“Ora as estrelas lhe pareciam homens…” | 1984 | Técnica mista sb papel [44 x 59 cm]


“A noite de uma palavra” | 1999 | Técnica mista sb papel [30 x 42 cm]


“Tisife me fit mieux que lui…” | 2001 | Técnica mista sb papel [29 x 42 cm]


“A realidade espera-te” | 2006 | Técnica mista sb papel [25 x 35 cm]


“Na extensa, tão tensa linha do horizonte do teu corpo” | 2004 | Técnica mista sb papel [25 x 35 cm]


“Aparecem e desaparecem…” | 2005 | Técnica mista sb papel [28 x 42 cm]


Colagem | 1972 | TĂŠcnica mista sb papel [34 x 19 cm]


S/ TĂ­tulo | 1960 | Pintura a tempera sb cartĂŁo em tela [23 x 30 cm]


“Memórias diárias (32)” | 1987 | Técnica mista sb papel [25 x 16 cm]


“Memórias diárias (42)” | 1987 | Técnica mista sb papel [16 x 25 cm]


“Memórias diárias (39)” | 1987 | Técnica mista sb papel [16 x 25 cm]


NOTA BIOGRÁFICA Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas nasceu na Amadora em 1920. Começou por atravessar uma fase expressionista-neo-realista mas desde cedo (1948) tomou parte no movimento Surrealista quer na pintura quer na poesia, tendo constituído o grupo “Os Surrealistas” em 1949. Entre 1952 e 1964 viveu em Angola e foi bolseiro da Gulbenkian em 1968 ano em que inicia a sua actividade como consultor artístico da Galeria São Mamede, até 1974. Posteriormente, de 1976 a 1983 dirige a Galeria da Junta de Turismo do Estoril, bem como entre 1985 e 1988 a Galeria de Vilamoura, no Algarve. Em 1999 doa a totalidade da sua colecção à Fundação Cupertino de Miranda, de V. N. de Famalicão, com vista à constituição do Centro de Estudos do Surrealismo e do Museu do Surrealismo. Actualmente vive em Lisboa.

Principais exposições: 1948

toma parte na actividade dos surrealistas de Lisboa (António Maria Lisboa, Mário Cesariny,

1949 e 1950

exposições de «Os Surrealistas».

1953 e 1959

expõe em Luanda.

1955

«Retrato Homenagem», a António Maria Lisboa incluído na edição de a Verticalidade e a Chave».

1967

Retrospectiva na Galeria Bucholz.

Mário Henrique Leiria, Pedro Oom, Fernando José Francisco, Risques Pereira, Fernando Alves dos Santos, Carlos Eurico da Costa, Carlos Calvet e António Paulo Tomás).

Galeria Divulgação, Porto, expõe com Cesariny.

1970 e 1972

Expõe na Galeria São Mamede.

1975

Galeria da Emenda, expõe guaches de África.

Galeria Ottolini, cinquenta anos da Revolução Surrealista, exposião de «cadavres-exquis» e «pinturas colectivas» (Com Samouco, Raúl Perez, Laurens Vancrevel, Paula Rego, Mário Botas, entre outros)

1972, 1974 e 1976 Exposições colectivas em Paris, no Brasil, em Bruxelas, em Chicago, em Londres, em Madrid, na Alemanha e no México. 1977

Expõe em Amsterdão com Raúl Perez e Philip West.

1994

Colabora na organização e participa numa importante exposição do Surrealismo em Portugal, realizada na Galeria São Mamede, intitulada«Surrealismo ou Não»

1995

Galeria São Mamede, exposição de «Homenagem a Mário Henrique Leiria.


2000

Exposição retrospectiva e de homenagem a Cruzeiro Seixas, por ocasião do seu 80º aniversário

2001

Galeria Sacramento, em Aveiro, exposição conjunta com Eugenio Granell

2003

Fundación Eugenio Granell, em Santiago de Compostela, grande exposição retrospectiva, sendo paralelamente publicado o livro biográfico «Cruzeiro Seixas. Centro de Arte e Espectáculos da Figueira da Foz, grande exposição retrospectiva da obra de Cruzeiro Seixas.

Galeria Municipal Artur Bual, Amadora, exposição retrospectiva e de homenagem.

Galeria São Mamede, exposição conjunta com Raúl Perez.

2005

“Fauna, Flora e Arte”, exposição de inauguração da Galeria São Mamede do Porto.

2008

“Obra plástica”, exposição retrospectiva, Gal Vieira da Silva, Câmara Municipal Loures.

“Isto não é uma exposição de arte”, Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso

2009

“O Infinito Segredo”, Galeria São Mamede, Lisboa e Porto.

Tapeçaria e Desenho, Reitoria da Universidade de Lisboa

Outras participações artísticas: Participa em várias mostras colectivas como em 1979 «Presencia Viva de Wolfgang Paalen» no Museu do México (cidade do México); em 1984 «Le Surréalisme Portugais» organizada por Moura Sobral, no Canadá (Montreal); em 1994 «O Rosto da Máscara» no Centro Cultural de Belém (Lisboa), e de tapeçarias de Portalegre com Eugenio Granell na galeria desta manufactura em Lisboa; em 1997 «Le Surréalisme et l’Amour» no Pavillon des Artes, em França (Paris); em 1998 «O que há de Português na Arte Moderna Portuguesa» no Palácio Foz (Lisboa); em 1999 «Desenhos de Surrealistas em Portugal» no Museu Nacional Soares dos Reis (Porto) e “Confrontos” com Carlos Calvet e Manuel Moura na livraria Ler Devagar (Lisboa); em 2000 «Le Mouvement Phases de 1952 à l’horizon 2000» em França, exposição itinerante, «Neo-realismo Versus Surrealismo», na Galeria Municipal de Vila Franca de Xira (Póvoa de Sta. Iria) e «Parenté n’est pas hériditaire (Surréalisme et Liberté)» na República Checa, exposição itinerante; em 2001 «Surrealismo em Portugal 1934-1952» no Museo Extremeño Iberoamericano de Arte Contemporáneo, em Espanha (Badajoz), posteriormente no Museu do Chiado, em Lisboa e na Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, ou «Os passos lado a lado» no Hospital Júlio de Matos, em conjunto com três artistas utentes deste estabelecimento de saúde mental. Executa ilustrações para diversos livros como «A Afixação Proibida» de António Maria Lisboa, «A Cidade Queimada» e «Titânia» de Mário Cesariny, «Antologia Erótica e Satírica» de Natália Correia, «Kunst en Anarchie» de Edgar Wind (Holanda), «Casos de Direito Galáctico» de Mário Henrique Leiria, «História Trágico Marítimo» e «Mulher de Luto» de Gomes Leal ou «Le Livre du Tigre» de Isabel Meyrelles. Colabora nas revistas surrealistas francesa «Phases», holandesa «Brumes Blondes» e na canadiana «La TurtueLièvre»


A partir de trabalhos de Cruzeiro Seixas, os escultores Alberto Trindade e Bruno Trindade têm vindo a executar diversas esculturas. Redige prefácios diversos, dos quais se cita para as exposições de Cesariny em 1969, de Raúl Perez em 1981, de Philip West em 1988 e de Eugenio Granell em 1996. Realizou cenários para a Companhia Nacional de Bailado e para a Companhia de Bailado de Gulbenkian. Em 2009 participa no documentário “Cruzeiro Seixas – O Vício da Liberdade”, da autoria de Alberto Serra e Ricardo Espírito Santo, exibido pela RTP 2 em Fevereiro de 2010. Livros: 1973

livro «Cruzeiro Seixas», por Mário Cesariny, da colecção Escritores e Artistas de Hoje.

1986

Edição do livro de poemas de Cruzeiro Seixas «Eu Falo em Chamas».

Publicação de álbum referindo 230 obras de diversos autores, da colecção de Cruzeiro Seixas, adquiridas pela Fundação Cupertino de Miranda.

1989

Publicação do álbum ilustrado «Cruzeiro Seixas», sobre a sua vida e obra (SOC-TIP) por ocasião da atribuição do prémio soc-tip “Artista do Ano”.

2000

Edição do álbum «O que a Luz Oculta» com poemas e desenhos de Cruzeiro Seixas.

Edição «Retrato sem Rosto», exposição retrospectiva e de homenagem a Cruzeiro Seixas, por ocasião do seu 80º aniversário, álbum biográfico «Cruzeiro Seixas».

2001

Edição de «Viagem sem Regresso» poemas e desenhos, paralelamente é feita uma edição de luxo, em formato de álbum acompanhado de serigrafia;

«Galeria de Espejos - Galeria de Espelhos» livro de poemas prefaciados e traduzidos para castelha no por Perfecto E. Cuadrado;

«Local Onde o Mar Naufragou» de desaforismos e serigrafias

«Cruzeiro Seixas», Livro biografico editado pela Fundación Eugenio Granell, de Santiago de Com postela, por ocasião de uma grande exposição retrospectiva.

2002

É editado o livro de poesia «Artur do Cruzeiro Seixas - Obra Poética vol. I».

2003

Edição do segundo volume de poesia: «Artur do Cruzeiro Seixas - Obra Poética vol. II».

Encontra-se representado em diversas colecções privadas e em instituições como o Museu do Chiado (Lisboa), Centro de Arte Moderna da Fundação Caloust Gulbenkian, Biblioteca Nacional, Biblioteca de Tomar, Fundação Cupertino de Miranda (V. N. de Famalicão), Museu Machado de Castro (Coimbra), Fundação António Prates, (Ponte de Sor), Fundación Eugenio Granell (Galiza), ou o Museu de Castelo Branco.


O INFINITO SEGREDO CRUZEIRO SEIXAS Exposição patente na Galeria de Arte do Teatro Municipal da Guarda de 27 de Março a 16 de Maio de 2010 TEATRO MUNICIPAL DA GUARDA / CULTURGUARDA Rua Batalha Reis, Nº 12, 6300-668 Guarda, Portugal www.tmg.com.pt DIRECÇÃO ARTÍSTICA Américo Rodrigues CATÁLOGO Grafismo Tiago Rodrigues Texto Sarane Alexandrian Fotografias Galeria São Mamede Impressão XXXXXX Tiragem 300 EXEMPLARES ISBN 978-989-XXXX-XX-X Depósito legal XXX-XXX-XXX

EXPOSIÇÃO Assistente de Programação Sílvia fernandes Produção Lucinda Gomes Montagem Armando Neves, Alcides Fernandes Assistente de Galeria de Arte Tânia Gama APOIO

PATROCINADOR DA GALERIA DE ARTE


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