Noronha da Costa

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NORONHA DA COSTA Na imensa solidテ」o do meu passado Obras de 1970 aos nossos dias

SテグMAMEDE GALERIA DE ARTE



Janeiro / Fevereiro 2014 03 Homenagem a Nietzsch, Heidegger a ao novo cinema alem茫o 1973 tinta celul贸sica sb tela 140x120cm



Noronha da costa Na imensa solidテ」o do meu passado

19 S/ Tテュtulo tinta celulテウsica sb tela 73x92 cm

Obras de 1970 aos nossos dias

SテグMaMEdE GALERIA DE ARTE



Não me posso entender sem me embrenhar na imensa solidão do meu passado, a mesma que vai a par das coisas e não seguindo-as.

capa: 10 S/ Título tinta celulósica (tríptico mais pequeno) 3x(61x37 cm

L. Noronha da Costa

A presente exposição de Luís Noronha da Costa não se define num espaço cronológico único, já que as obras expostas vão desde os anos 70 até à atualidade. No entanto, assiste-lhe uma intrínseca continuidade, que nos permite olhá-la como uma incessante busca de elementos, quer nos domínios do espaço, ou nos da luz e da cor. Da tela em que um muro separa a cabeça do busto, em suaves cromatismos de azul e branco, aos atuais “pores-do-sol americanos”, a obra de Noronha da Costa, está e não está onde está . Donde, a total impossibilidade em estabelecer filiações, quer a nível nacional, quer internacional. No entanto, no primeiro caso, uma tendência surrealizante se faz sentir, com Magritte no horizonte, diferente das fontes poéticas e estéticas do romantismo alemão, presentes na série de pastéis, por vezes bem explicitamente, também eles pertencendo aos anos 70. Estas “integrações” em correntes estéticas conhecidas, não são sequenciais; dir-se-iam “divertissements” do Artista na sua criatividade. A sua pintura constitui-se numa espécie de acontecimento sem fim à vista, que decorre da procura do espaço e da luz, numa dialética entre a obra e o espectador; espécie de lugar ideal entre o pensamento e a sua representação, na solidão absoluta que tal processo significa. Magritte escreveu: “é o mistério que ilumina o conhecimento”, e que melhor definição para este processo criativo em Noronha da Costa? O pintor gosta de pintores da solidão; gosta de Spilliaert, gosta de E.Nolde, gosta sobremaneira de Hopper, imiscui-se na obra de Rothko. Num caso, o simbolismo Belga, noutro o expressionismo Alemão, noutro, uma infinita admiração. Daí que ele se vá imiscuindo por diferentes caminhos na procura da cor, com um estranho conhecimento, a que chamaríamos de “cor do tempo”, mescla de cores ardentes: azuis alaranjados, amarelos/violetas, verdes e vermelhos, confluências do negro (junção final de muitas delas). A cor é potenciadora da tensão na obra de arte, tensão que decorre do efémero e da carga metafísica do “destino” que Gaugin exprime no tríptico; “donde vimos/quem somos/para onde vamos”. A cor em Noronha da Costa, ou a luz, ou a forma, como que se auto justificam num processo criativo aberto, tal como se evidencia na presente exposição.

Em Noronha da Costa a diversidade das obras expostas é uma constante e está bem representada nos seus meandros, através de um “percurso” de diferentes temáticas e feituras. Apontamentos emblemáticos de uma onda em espaços geométricos; superfícies negras que servem de fundo, para por vezes serem rasgadas por cores vibrantes de vermelhos e azuis, fazem-nos retomar o pensamento Magritiano : “os meus quadros foram feitos para se tornarem em sinais materiais da liberdade de pensamento.” Sobre as construções de retângulos sobrepostos, a crítica de arte americana Barbara Rose escreveu: “(…) a imagem de múltiplas portas e janelas é como um corredor a recuar, um espaço que não é um espaço em nenhum modo físico e tangível (…) mas que nos convida a entrar de um outro lado da realidade (…)”.(1) Resta ainda a problemática da luz; a luz (ou a falta dela) que está em toda a pintura de Noronha da Costa: seja uma vela, seja uma tomada elétrica, sejam focos a iluminar figuras. Seja ainda nas suas mais recentes pinturas designadas por “pores-do-sol americanos”. Neles existem três planos: a primeira superfície com uma onda ou figura sobre fundo negro é dramatizada por uma faixa amarela/ laranja que se dissolve com violência no negro esverdeado do céu. Estas “ondas” são bem diferentes de outras, azuis e diurnas, que antes pintara e que lembravam António Carneiro e as suas praias de Leça da Palmeira, com as devidas distâncias de modernidade. Se um certo romantismo figurativo se manteve ao longo da sua obra, como encontros de Noronha da Costa como uma certa necessidade de “descanso”, a sua temática sempre diferente, encontra nos “pores-do-sol” uma inusitada paixão da procura da luz através da cor. “Vou sempre acreditando que nesta fase niilista que nos ocupa, uma nova arte há-de aparecer, que fale a linguagem do próprio Ser”, termina, como de outra forma poderia ter começado, Luis Noronha da Costa. (2)

(1) e (2): in Barbara Rose, “Noronha da Costa” – A transformação da imagem”. Edição de 22 Novembro de 2011, projeto de José Luis Rueda Jiménez e comissariado de Bernardo Pinto de Almeida. Isabel Oliveira e Silva Janeiro de 2014


04 S/ T铆tulo 1973 tinta celul贸sica sb tela 140x120 cm


05 S/ T铆tulo 2006 tinta celul贸sica sb tela 97x130 cm


17 S/ T铆tulo 1978 tinta celul贸sica sb tela 80x100 cm


08 S/ T铆tulo 1979 tinta celul贸sica sb tela 130x97 cm


16 S/ T铆tulo 2005 tinta celul贸sica sb tela 80x100 cm

15 S/ T铆tulo 2005 tinta celul贸sica sb tela 80x100 cm


12 S/ T铆tulo 2013 tinta celul贸sica sb tela 100x80 cm

11 S/ T铆tulo 2013 tinta celul贸sica sb tela 100x80 cm


27 S/ Título 1970 pastel sb papel 50x65 cm

28 S/ Título 1970 pastel sb papel 50x65 cm

29 S/ Título 1970 pastel sb papel 50x65 cm

30 S/ Título 1970 pastel sb papel 50x65 cm


Noronha da Costa – Nota biográfica Luís Noronha da costa nasceu em Lisboa em 1942. Pintor, cineasta e arquiteto, é diplomado pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Em 1969 representa Portugal na X Bienal de são Paulo e em 1970 na Bienal de Veneza. Expõe individualmente desde os 20 anos, destacando-se em 1983 a sua primeira retrospetiva na Fundação Gulbenkian e em 2003 no Centro Cultural de Belém. Prémios : 1968 – Menção Honrosa do Prémio Soquil; 1969 – Grande Prémio Soquil; 1999 – Prémio Europeu de pintura atribuído pelo Parlamento Europeu; 2003 – AICA Exposições Individuais : 1962 – Lisboa, Munique, Paris; 1967 – Galeria Quadrante, Lisboa; Galeria 111, Lisboa (texto Fernando Pernes); 1968 – Galeria Buchholz, Lisboa (texto de José Augusto França); 1969 – Representa Portugal na X Bienal de São Paulo; 1970 – Representa Portugal na XXXIV Bienal de Veneza; 1971 – Galeria Zen, Porto (texto Fernando Pernes); 1972 – Galeria 111, Lisboa (texto Fernando Pernes); Galeria 111 e Sociedade de Belas Artes (texto de Luis Noronha da Costa e Fernando Pernes); 1973 – Galeria Christoph Durr, Munique, (texto de Costa Pinheiro e Fernando Pernes); Expões com Eduardo Nery, no Centro Cultural Português, F:C:G, Paris; 1975 – “À procura do Espaço-pátria perdido”, Lisboa; Cinemateca de Paris (texto de José Augusto França); 1976 – Galeria Christoph Durr, Munique; “Dois anos de trabalho”, Galeria Quadrum, Lisboa e na Ar.Co, Lisboa “Uma reflexão sobre Noronha da Costa”; 1978 – “Noronha da Costa”, Christoph Durr, Munique (texto de José Augusto França); Centro Nacional de Cultura, Lisboa, (textos de Marc Le Botr e de José Augusto França), texto da Diretora Helena Vaz da Silva; 1980 – Centro Nacional de Cultura, Lisboa; 1981 – Exposição galeria Roma e Pavia, Porto (texto de Manuel Antunes); 1982 – Galeria da Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa; Galeria Arcano XXI, Lisboa (textos de Teresa Alçada, Hellmut Whol, Noronha da Costa e João Sousa Monteiro; 1983 – Grande Exposição Retrospetiva na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Galeria Rencontre, Bruxelas; Osuna Gallery, Washinton; “História Trágico-marítima”, satira à guerra colonial Portuguesa, exposição individual na SNBA, Lisboa; 1984 – “Noronha da Costa” Galeria Arcano XXI, Lisboa; 1985 – Exposição de Pedras, Museu Tavares Proença Juniro, Castelo-Branco; 1987 - Galeria da Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa (textos de Noronha da Costa); Galeria Nasori, “Pintura Fria”, Porto (textos de Fernando Pernes); 1990 – Galeria Nasoni, Porto, Texto José Augusto França; 1991 - Galeria Nasoni, Porto; 1992 – Museu Amadeu Sousa Cardoso, Amarante; 1993 - Galeria Nasoni, Porto; Exposição individual em Lisboa (textos de Bernardo Pinto de Almeida); 1994 - Galeria Nasoni, Porto; 1996 – Exposição Individual Galeria Artela, Lisboa; 1997 – Cooperativa Árvore, Porto, Fundação Oriente, Macau; Galeria Artela, Lisboa; 1999 – Galeria Nasoni e Galeria Atlântica, Porto; 2001 – Galeria Valbom, Lisboa (texto Rui Mário Gonçalves); Galeria de Arte de São Bento, Lisboa (texto Maria João Fernandes), Galeria Bonheur du Jour, Lisboa (texto Isabel de Oliveira e Silva); “Porto 2001”.Ultimos trabalhos,

Galeria Atlântica (texto Bernardo Pinto de Almeida); 2002- “Porto 2002”, Galeria Nasoni, (texto de Bernardo Pinto de Almeida); 2003 – “Noronha da Costa Revisitado” 1965-83, Exposição Centro Cultural de Belém, Lisboa; 2004 – “Noronha da Costa, Tributo a “, Galeria Nasoni, Porto; 2005 – “Piero Della Francesca após Lúcio Fontana” na SNBA, Lisboa; 2006 – “20 quadros 1985-2005”, com o titulo “Piero Della Francesca após Lúcio Fontana”, Galeria Nasoni, Porto; “A grande janela de Kiev”, Galeria António Prates, Lisboa; 2007 – “Elementos primordiais: Espaço, Imagem, Luz”, Galeria Nasoni, Porto, “Noronha da Costa em Coimbra”, Galeria Sete, Coimbra; 2009 – “Obra recente: pintura e objetos”, Galeria António Prates, Lisboa; 2011 – “La Imagem Elegante”, Fundação Arpad Szenes- Vieira da Silva, Lisboa; 2013 – Fundação Manuel de Brito, Oeiras; 2014 – Na Imensa Solidão do meu Passado – Obras de 1970 aos nossos dias, Galeria São Mamede, Lisboa. Exposições Coletivas – 1966 – Salão De Maio, SNBA, Lisboa; 1967 – Galeria Quadrante, Lisboa; Galeria Buchholz, Lisboa; Salão de Maio, SNBA, Lisboa; 1968 – “Pintores Portugueses”, Galeria Dinastia, Lisboa, Exposição Coletiva SNBA, Lisboa; 1969 -. Exposição coletiva Salão de Maio, SNBA, Lisboa; 1970 – Exposição Coletiva Artes Plásticas, Banco Português do Atlântico, na SNBA, Lisboa; 1973 – “26 Artistas de Hoje”, na SNBA, Lisboa; “Pintura Portuguesa de hoje” – Abstratos e Neo- figurativos, Barcelona, Salamanca, Lisboa; Exposição de artistas modernos Portugueses, Galeria Quadrum, Lisboa; 1976 – “Arte Portuguesa Contemporânea”, no Museu de Arte Moderna, Paris; “Arte Portuguesa Contemporânea”, em Brasilia, São Paulo, Rio Janeiro, Brasil; 1977 – “Alternativa Zero”, Galeria Nacional de Arte Moderna, Lisboa; “A Fotografia na Arte Moderna Portuguesa”, no Centro de Arte Moderna, Porto; “Arte Fiera”, Galeria Quadrum, Bolonha, Itália; “Pintura e Escultura”, Palácio de Congressos, Madrid; 1978 – XXXIV Bienal de Veneza: “Da Natureza à Arte, da Arte à Natureza”; “Arte Portuguesa desde 1910”, Real Academia de Arte, Londres; 2Arte Portuguesa Contemporânea, Instituto dos Inocentes, Florença; 1987 – FIAC 88, Paris (galeria Nasoni); 1989 – ARCO 89, Madrid(galeria Nasoni); “Portugal hoje”, Centro cultural do Conde Duque, Madrid; 1999 – Inauguração Museu de Serralves, Porto, “grande exposição: Eis a arte do XX séc” , Maison des Baux; 2000 – Exposição Coletiva Centro Cultural Cantanhede; 2011 – “Diálogos com a coleção Gereldo Rueda”, Galeria Municipal de Matosinhos Coleções, Museus e Bancos : Banco Espirito Santo, Lisboa; Banco Internacional de Crédito, Lisboa; Banco Português de Investimento, Lisboa; Banco Português de Negócios Lisboa; Bnco Tatta e Açores, Lisboa; Caixa Geral de Depósitos, Lisboa; Deustche Bank, Lisboa, Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian; Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto; Museu Nacional do Chiado, Lisboa; Museu do Oriente, Lisboa; Museu Amadeu de Souza Cardoso, Amarante; Centro Cultural de Belém, Lisboa; Coleção Palácio de Buckingam, Londres; Fundação António Prates, Lisboa; Fundação Berardo, Lisboa; Fundação Cupertino de Miranda, Vila Nova Famalicão; Fundação Oriente, Lisboa; Fundação Arpad-Szenes, Lisboa; Coleção Arte Moderna Gerardo Rueda, Matosinhos; Coleção Estado Português, Lisboa; Coleção de Arte Moderna Gerardo Rueda, Madrid


Lista de obras

Galeria São Mamede Filipe Condado Texto Isabel Oliveira e Silva Impressão Tiragem 300 exemplares

01 S/ Título 2013 tinta celulósica sb tela 200x360 cm 02 S/ Título 2007 tinta celulósica sb tela 160x130 cm 03 Homenagem a Nietzsch, Heidegger a ao novo cinema alemão 1973 tinta celulósica sb tela 140x120 cm 04 S/ Título 1973 tinta celulósica sb tela 140x120 cm 05 S/ Título 2006 tinta celulósica sb tela 97x130 cm 06 S/ Título 2008 tinta celulósica sb tela 97x130 cm 07 S/ Título 2008 tinta celulósica sb tela 97x130 cm 08 S/ Título 1979 tinta celulósica sb tela 130x97 cm 09 S/ Título tinta celulósica sb tela (tríptico grande) 3x(64x50 cm 10 S/ Título tinta celulósica (tríptico mais pequeno) 3x(61x37 cm 11 S/ Título 2013 tinta celulósica sb tela 100x80 cm 12 S/ Título 2013 tinta celulósica sb tela 100x80 cm 13 S/ Título tinta celulósica sb tela 80x100 cm 14 S/ Título tinta celulósica sb tela 100x80 cm 15 S/ Título 2005 tinta celulósica sb tela 80x100 cm 16 S/ Título 2005 tinta celulósica sb tela 80x100 cm 17 S/ Título 1978 tinta celulósica sb tela 80x100 cm 18 S/ Título tinta celulósica sb madeira 80x60 cm 19 S/ Título tinta celulósica sb tela 73x92 cm 20 S/ Título tinta celulósica sb madeira 94x72 cm 21 S/ Título tinta celulósica sb tela 80x60 cm 22 S/ Título tinta celulósica sb tela 80x60 cm 23 S/ Título 2013 tinta celulósica sb tela 41x33 cm 24 S/ Título 2013 tinta celulósica sb tela 33x41 cm 25 S/ Título 2013 tinta celulósica sb tela 33x41 cm 26 S/ Título 1970 pastel sb papel 65x50 cm 27 S/ Título 1970 pastel sb papel 50x65 cm 28 S/ Título 1970 pastel sb papel 50x65 cm 29 S/ Título 1970 pastel sb papel 50x65 cm 30 S/ Título 1970 pastel sb papel 50x65 cm



07 S/ Título 2008 tinta celulósica sb tela 97x130 cm

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R. MIGUEL BOMBARDA, 624 4050-379 PORTO TEL/FAX +351 226 099 589 M +351 934 388 500

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