Ausência e Significações

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

Governador: Helder Barbalho

FUNDAÇÃO CULTURAL DO ESTADO DO PARÁ

Presidente: Guilherme Relvas

Diretora de Interação Cultural: Cláudia Pinheiro

GALERIA THEODORO BRAGA

Gerente: Fabíola Feio

Equipe: Carolina Ribeiro, Eliane Moura

João Paulo do Amaral, Laís Bezerra, Renato Torres

Estagiários: Aluizio Neto, Monique Silva

EXPOGRAFIA

Eliane Moura e Renato Torres

MONTAGEM E ILUMINAÇÃO

Renato Torres, Aluizio Neto Monique Silva

ARTE GRÁFICA

Monique Silva, Renato Torres

TEXTO

Renato Torres

Agradecimentos Especiais

Ana Sant’Anna, And Santtos, Camila Fialho, Elisa Arruda, Evna Moura Eduardo Vasconcelos, Glauce Santos, Igor Oliveira, Jean Ribeiro, João Paulo Baliscei, Julia da Mota, Madalena Ramos, Samir Dams

Uma obra de arte exposta na galeria nos sugere uma presença inquestionável: sua materialidade nos sinaliza a um só tempo um devir, e o marco monolítico de uma trajetória criativa que a gerou. Por outro lado, há essa imanência da qual suspeitamos - o ser humano por detrás de sua engenharia, que mormente nunca está presente - como fossem outras ausências sugeridas pelos espaços entre as obras. A convenção do cubo branco, aliás, é também um dado referencial para o pensamento que propomos com esta mostra, que reúne as obras doadas pelos/as artistas premiados/das no Edital Branco de Melo 2022.

O referido Prêmio chegou, neste ano, a um formato bastante sonhado pela equipe das galerias GTB/GBN/GRM: um recurso financeiro capaz de oportunizar exposições de arte contemporânea onde toda a carpintaria fosse controlada pelo próprio artista, na escolha de seus parceiros profissionais e colaboradores. O resultado, ainda que com imperfeições e ajustes necessários para o Edital 2023, foram 11 exposições, distribuídas entre as galerias Theodoro Braga, Benedito Nunes (Centur) e Ruy Meira (Casa das Artes), com excelente presença do público, em especial nas aberturas.

Como parte das políticas públicas estaduais voltadas ao fomento da cena das artes visuais, o Edital, naturalmente, é um recorte avalizado por escolhas feitas por uma comissão de seleção, ou seja: necessariamente pressupõe ausências, mais do que se pretende representativo do que há “de melhor” ou de “mais importante” na produção dos artistas inscritos (e aqui, é bom lembrar da ausência de tantos que, por uma razão ou outra, nem ao menos conseguiram se inscrever). Em suma, ter um projeto escolhido para financiamento com verba pública dentro de um Edital deste porte significa carregar uma imensa responsabilidade - o peso de tantas ausências. Ainda que esse fato nos pareça óbvio sob o prisma ético, ainda sentimos ser importante tocar neste ponto nevrálgico de forma didática e dialógica, haja vista a imensa demanda de artistas que almejam - e necessitam - de tal subvenção. Em cada obra aqui exposta, o testemunho de um esforço que honra esses recursos gerados por todos nós, cidadãos, e que também apontam, na vacuidade silenciosa onde nossos olhares percorrem a atmosfera do espaço expositivo, o que significam essas ausências, e até que ponto cada um de nós está (ou não) implicado nelas. E ainda, por fim, o que faremos (queremos?) para que um dia estejam presentes.

Camila Fialho

Encontro de dois fluxos de linhas em movimento expandido I

75X110cm nanquim sobre papel 2022

Exposição: Linhas em Movimento

“Não há algo acabado, há transbordamentos, ciclos que emigram para outros ciclos. Os corpos dos desenhos jorram do papel, alongam-se pelas paredes ou tornam-se suspensos, quase flutuantes. O espectador, na exposição, não é apenas espectador, mas parte integrante de um conjunto de desenhos, seu corpo está em movimento ad infinitum com as linhas, com os planos, com o próprio espaço.” Mariza Mokarzel.

Camila Fialho, Porto Alegre/RS, 1980. Radicada em Belém desde 2014, é artista, curadora, gestora cultural e articuladora de processos artísticos. Tem graduação e mestrado em Letras pela UFRGS e especialização em Práticas Curatoriais e Gestão

Cultural pela Faculdade Santa Marcelina/SP

Quem é Camila Fialho? @cnfialho

Evna Moura

Sem titulo, da serie Folhas

70X50cm Antotipias 2019

Exposição: Olhares Ilhados

“Eu considerei: sim, a coletividade é nossa defesa contra o obscurantismo, contra os crimes que tingem nossas comunidades e lideranças. Em meio ao luto cotidiano de nossas florestas, florestas tão antigas como o tempo, acessar estas emoções visuais pode nutrir vidas inteiras em nossos corpos. As árvores, Evna, guardam em suas seivas o carvão de nossas feridas.”

é Evna Moura?

Evna Moura, é uma artista visual, pesquisadora e arte educadora paraense. Prioriza em sua criação narrativa, dialogos entre personagens, lugares e experimentações artesanais da fotografia. Mestra em artes visuais pelo instituto de artes UNESP/SP.

Quem @evna moura

Coleção Eduardo Vasconcelos

Desperfecto

João Victor Seixas, Macaé/RJ, 1994 42X30cm

Gravura Digital - Tiragem Única. Impressão em papel fotográfico s/placa de PVC

Exposição: Desnudo

“Esta seleção de trabalhos desperta questões relevantes para a sociedade através da representatividade de 28 artistas LGBTQIA+, mais 30 mulheres e 6 negros. No grupo tem também a presença de artistas internacionais, nacionais e nortistas, que perfazem, ao todo, mais de 50 anos de arte. A coleção é uma forma de fazer o justiçamento histórico com humanidade e diversidade, tão necessário na agenda atual - que se movimenta pelas questões de gênero e sexualidade.”

Quem é Eduardo Vasconcelos?

Atua na área de negócios e gerenciamento de projetos acadêmicos e mercadológicos e também como palestrante. É colecionador de arte contemporânea, tendo como foco principal, artistas plásticos e fotógrafos paraenses, possuindo em seu acervo mais de 560 peças (pinturas, desenhos, esculturas, gravuras e fotografias)

@vasconceduardo
@coleçãoeduardovasconcelos

Igor Oliveira

Casa Descanso

42X30cm stêncil sobre papel 2014

Casa Jardim

42X30cm stêncil sobre papel 2016

Casa Viva

42X30cm stêncil sobre papel 2022

Exposição: Casas Flutuantes

"Assim, Igor humaniza e sensibiliza este contexto citadino através de um lirismo próprio, lúdico, a atingir um patamar onírico e transcendental que acessa e evidencia lugares de memória e pertencimento que denotam uma verdadeira identidade cultural urbana singular, própria, nossa.”

Quem é Igor Oliveira?

Artista visual autodidata, trabalha e estuda de forma independente diversas técnicas a partir dos estudos, cursos e formações - especialmente na antiga Fundação Curro Velho e Casa da Linguagem. Atua como instrutor de oficinas e workshops, especialmente sobre a técnica do stencil. participou de grupos de intervenção urbana, exposições e outros eventos coletivos e individuais.

@igo.oli

João Paulo Baliscei

2018 d.C: agride com chute no peito "2018 d.C: joga no chão" "2018 d.C: segurando criança"

40X44cm cada bordado sobre páginas de livro, objeto e fotografia. 2020

Exposição: Saber de Cor

"As diretrizes elaboradas pelo bojo de uma sociedade que valoriza a heterossexualidade como norma e repudia, censura e corrige qualquer expressão de gênero que sugira outras sexualidades vêm adotando, desde o início do século XX, o azul e o rosa como marcadores de masculinidades e feminilidades, respectivamente. Equivocadamente, pensa-se que a adoção e a repetição dessas cores, desde a infância, farão do menino masculino e da menina, feminina – e de ambos, heterossexuais."

Quem é João Baliscei

?

Nascido em Maringá, em 1989. Doutor em educação pelo programa de pós-graduação da Universidade Estadual de Maringá com estudos na Facultat de Bellas Artes/ Universitat de Barcelona, Espanha. Graduação em Artes visuais pelo Centro Universitário de Maringá, é professor e coordenador do Grupo de pesquisa em Arte, Educação e Imagens - ARTEI. É artista visual com produções que versam sobre gênero e infâncias.

@joaopaulobaliscei

Julia da Mota

Sem título, da série Fumo

54X40cm

Monotipia sobre papel japonês Masa tiragem única 2016

Ana Sant'anna

Séries Amorfos, 2020

Pigmento mineral sobre papel 10,5 x 14,8cm / 10,5 x 7,4cm (cada) 10,5x109,8 (conjunto)

Exposição: Vazios Incompletos

“Ana Sant’ Anna deriva entre o mar e as esquinas da cidade, ocasionalmente coletando objetos – sementes para a nova realidade que nascerá em seu ateliê. Julia da Mota submerge em memórias e coletas fotográficas da urbanidade que a circunda, experimentando cores e formas em aquarelas e gravuras. O mínimo é um convite à imaginação, e o abstrato é o que emancipa a produção das artistas, sem amarras com a representação fiel da realidade.”

Quem são Ana Sant'anna e Julia da Mota?

Ana Sant'anna é uma artista visual nascida e residente em Salvador, Bahia. trabalha com as linguagens da pintura e da fotografia. A produção da artista parte de um incômodo perante aos excessos, onde há uma fuga ao se deparar com questões referentes ao acúmulo.

Julia da Mota nasceu e cresceu em São Paulo, uma cidade quase totalmente desprovida de horizontes. Trabalha com pintura e gravura, e para a criação de suas obras parte da vontade de encontrar um respiro na paisagem urbana paulistana.

@anasantanna
@juliadamota

Samir Dams

Sem titulo, da série Esboço-Paisagem

139X86cm técnica mista sobre saco de ráfia 2022

Exposição: Possíveis paisagens de um lugar comum

"Andarilhar por paisagens, por memórias, um fluxo humano que parece rio, a paisagem do centro histórico carrega essas antíteses, bela e arquitetônica, com paisagem humana movente, uma grande performance que se reconstrói todas as manhãs, a feira e seus personagens, as instalações que se remontam para anunciar as novidades, para vender os frutos da terra, ou mesmo os produtos importados que se juntam aos montes.”

Quem é Samir Dams?

Artista de Belém/PA, conservador de fotografia, comerciante. Graduado em Artes Visuais e tecnologia da imagem pela UNAMA, graduando em Museologia pela UFPA. Atua como colaborador na Associação Fotoativa.

@samirdams

And Santtos

Sem titulo, da série Caranguejeiras

140X100cm acrílica s/tela 2022

Exposição: Odivelismo

“Em telas, murais ou objetos tridimensionais, And Santtos abre uma fenda, uma janela. Odivelismo instiga o olhar atento do espectador para que, desta janela, observemos sob a ótica do artista a rotina de um outro lugar, que tensiona o perto e o distante mediante a referências tão dispares: a linguagem de uma pintura canônica tradicionalmente europeia e as referências culturais de um local afastado dos grandes centros hegemônicos”.

Quem é And Santtos?

Artista visual brasileiro, autodidata, natural da cidade de São Caetano de Odivelas, região do salgado paraense. É conhecido pelo estilo poético e colorido, cravado em seus painéis e telas que retratam de maneira original o imaginário popular. Criou seu próprio conceito e estilo, o "Odivelismo".

@andsanttos arte

Glauce Santos

das séries As águas e A mulher cujo os filhos são peixes

140X100cm acrílica s/tela 2022

Jean Ribeiro

Hands, Coração Máquina 2, Coração Máquina 1, Coração-Ferramentas, Cérebro e Pulmões

dimensões variáveis Xilogravura. 2015-2018

Exposição: 20 anos

“...Trata-se de obras que estabelecem relações entre memórias pessoais, vivências afro-diaspóricas, experimentações e fusões entre elementos da arte, nossa identidade afroamazônida, uma síntese de tudo o que produzimos neste percurso até o presente momento. Estamos seguindo em frente, sobreviventes de um tempo, celebrando a vida, e com toda certeza, arte é fundamental, traz o alívio necessário, a cura, o regozijo para a mente e o corpo, partilhamos com vocês nossas trajetórias de vida e arte tão perto uma da outra.”

Quem são Glauce Santos e Jean Ribeiro?

Glauce Santos é artista, curadora, arte educadora, Mestra em Artes, Afro-amazônida. Realizou diversas exposições coletivas desde 2002 até o ano corrente (2022) e exposições individuais desde 2006. Ganhadora do Prêmio-Bolsa do Ateliê Livre do Instituto de Artes do Pará-IAP, do Prêmio da 10ª Edição da Bolsa de Pesquisa, Experimentação e Criação Artística, do IAP; entre outros.

Jean Ribeiro é artista visual, curador independente, estudante de licenciatura plena em artes visuais, gravador, escultor, arte educador, sócio-fundador do ateliê Obatalá Nilá, ministra cursos de gravura em metal, xilogravura, estamparia em tecido com carimbos xilográficos; fez parte de dois coletivos artísticos: “Ferreiros de Ogum” e “Nós de Aruanda - artistas de terreiro”.

@atelieobatalanila

Elisa Arruda

Uma casa onde a memória se levanta das paredes

gravura e cola sobre papel destacado e dobrado tiragem: único 29H x 40L x 14,5P cm 2022

Exposição: A Inversão do Cotidiano

"Significativamente, estes espaços emanam a presença feminina na perspectiva da lida e da labuta da casa, a ambiência doméstica sobre o corpo que, em muitas vezes, é de mulheres que dividem o íntimo ao público, as atividades do lar e as violentações domésticas e a sobrecarga corriqueira da rotina.”

Quem é Elisa Arruda?

Elisa Arruda (1987) é uma artista visual nascida em Belém do Pará. É mestre em Arquitetura e Urbanismo pela FAUUSP (2017) e atualmente vive e trabalha entre Belém e SP. Seu trabalho faz uso de múltiplas linguagens, a gravura é um dos braços de sua atuação.

@elisaarrudaaa

Madalena Ramos

Fotografia 78x53 cm Data indefinida Sem título

Exposição: Geraldo Ramos: o registro além do fotógrafo

“Hoje comecei uma nova casa, a rede verde estendida, a camisa lavada a chinela calada num canto

Um dia ela pode desabar Mas agora É a serenidade dos móveis Que ordena o mundo.”

Madalena Ramos.

Quem é Madalena Ramos?

Madalena Ramos desenvolve pesquisa no campo das artes em diálogo com arquivos, concomitante às suas atividades acadêmicas. Suas pesquisas apresentam carácter interdisciplinar e tem como propósito desenvolver projetos de pesquisa e reflexões teórico-metodológicas que associem diferentes áreas do saber ao campo artístico a partir de reflexões em torno da Amazônia.

@madalena felinto ramos

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