Exposição Reminiscências de Nzinga Maio/2015

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ReminiscĂŞncias de Nzinga Instituto Nangetu 10 Anos

BelĂŠm - PA Maio/2015



Fotos: Eliane Moura


Dilelue dila di muka diangola Dilelue ê ê a... Aruê nganga kara kara Izan kolá Aruê Samba Ngola di Mukongo Ngola

Esta exposição comemora os 10 anos do Instituto Nangetu e traz obras coletiv’afetivas da comunidade do Mansu Nangetu trazendo cores, sons e texturas da resistência ancestral afrofeminina em homenagem e celebração à memória da Rainha Nzinga Mdambi (15821680) - A indomável e inteligente soberana de Matamba e Ngola, que altaneira e silenciosa conseguiu formar uma poderosa coligação com os estados da Matamba, Ndongo, Congo, Kassanje, Dembos e Kissama, juntando vários povos na sua luta contra os invasores portugueses, e comandou a resistência à ocupação colonial e ao tráfico de povos bantu por cerca de quarenta anos. Nossa rainha resistiu ao imperialismo colonizador e ao tráfico de negros para a escravidão na América sem nunca ter sido capturada. A palavra Nzînga vem do verbo zînga, que significa viver muito tempo, durar muito tempo, persistir durante muito tempo, com o sentido que é próprio da noção de autoridade no mundo bantu - o princípio do poder baseia-se no sangue de uma família derivado do ancestral principal - por esse motivo, nos Kôngo, apenas os Nzînga podiam governar. A rainha quilombola de Matamba e Ngola tornou-se mítica e foi uma das mulheres e heroínas africanas cuja memória desafiou tempo, dando origem a uma ancestre cultural que invadiu o imaginário brasileiro com o nome de Ginga. Em nossas tradições afro-amazônidas nós celebramos Kitembo, o Tempo, e o ditado “Tempo é rei de Ngola” é repetido pela comunidade como um mantra. Ginga permanece no nosso povo como um DNA cultural, uma coisa que está ali na memória dos saberes tradicionais, e que aflora em estampas de tecidos, paramentos de Nkisi, ações políticas, ambientalistas e, por que não, também poéticas. Poéticas sim, pois através da manipulação do espaço-tempo em perspectiva sensível, nossas reminiscências se convertem em uma perpetuação de memórias da resistência negra que reconstroem nossa paisagem ancestral calcada em raízes que vem de uma família real, que vem dessa Nzinga. Táta Kinamboji (Arthur Leandro) e Isabela do Lago


As obras aqui expostas são fruto de ações comunitárias do terreiro Mansu Nangetu e seus parceiros, em especial ações ligadas aos projetos institucionais como: Projeto Azuelar - laboratório experimental de comunicação social comunitária; projeto A magia de Jinsaba - sem folhas não tem ritual, com objetivo de criar ambientes para manter o cultivo de plantas medicinais e de uso litúrgico, e incentivar seu cultivo, além da reciclagem de material de produção de vasilhas biodegradáveis, contribuindo com a preservação de matas e de igarapés urbanos; e o Projeto Ancestralidade e Resistência, com objetivo de valorizar a ancestralidade feminina nas Comunidades Tradicionais de Terreiros; Projeto Kiua Nangetu - Poéticas visuais de resistência negra, de vivências poéticas, intervenções midiáticas e outras intervenções urbanas com poéticas de artistas de terreiro. Coordenação geral do projeto: Mametu Nangetu (Oneide Monteiro Rodrigues) Coordenação Técnica: Táta Kafunlumizo (Ângelo Imbiriba) Curadoria: Táta Kinamboji (Arthur Leandro) e Isabela do Lago

Foto: Lucivaldo Sena



Fotos: Lucivaldo Sena



PoĂŠtica Visuais de ResistĂŞncia Negra quando a comunidade interfere poeticamente na cidade

Foto: Eliane Moura


Foto: Arthur Leandro e Lucivaldo Sena

Fundamento

I ntervenção Urbana Canteiro central da Avenida Duque de Caxias Belém - Março/2015 Mametu Nangetu refaz, em “Fundamento”, o bosque por ela plantado desde 1988, bosque que foi ironicamente derrubado pela prefeitura de Belém quando da implantação da via ecológica na Av. Duque de Caxias. Nangetu recria o marco da presença do terreiro na proximidade dessa esquina, e resiste às tentativas de apagamento de memória das tradições de matriz africana na cidade.


Mikaia te espera na Kalunga Intervenção poética de Isabela do Lago

Saudação à resistência afrofeminina na Amazônia realizada na praia de São Francisco, Ilha de Mosqueiro, Belém, 08 de março de 2015


Mavambo Ke Vivo Imaginando o imaginário de Mavambo Performance de Táta Kafunlumizo (Angelo Imbiriba)

Realizado no trajeto: Av. Centenário da Assembléia de Deus e Feira do Conjunto da Providência no Bairro de Val-de-Cães Belé-m - Abril/2015


Fotos: Arthur Leandro


As mata tem moradô Totem monumento obra invisível para população invisível espectador específico. Mata da CEASA Belém - Abril/2015 Táta Kinamboji (Arthur Leandro)

A mata da CEASA é considerada como área vermelha para a polícia do Pará, tida como ponto de desova de defunto e temida pela maioria da população, mas um lugar frequentado pelos povos tradicionais de matriz africana, um lugar de oferendas. Um marco monumento escondido numa clareira da mata, para Táta Kinamboji é uma obra invisível, para um povo invisível, para espectador específico, arte para ser vista apenas por quem frequenta o local, ou por seus irmãos e irmãs de terreiros


Magudia

à margem do alimento Vivência gastronômica de Carlos Vera Cruz Mercado do Ver-o-peso Belém - Abril/2015

Fotos: Arthur Leandro


Papo de Griot Histórias cantadas de Nego Banjo

Intervenção midiática com o cantor e compositor e, mais Huntó, que entre uma música e outra conta lendas e histórias do Candomblé de Belém. Realizada no Ilê Asé Omolu Sadé, Icoaraci, Maio/2015.


Foto: Luana Peixe


Morada de Mamãe Intervenção poética da Táta Kitauanje (Delleam Cardoso)

Realizada na Orla do Portal da Amazônia no domingo do dia das mães, 2015

Lembra os lugares de morada das encantarias e divindades afro-brasileiras, ao demarcar um lugar na orla do Portal da Amazônia, às margens do Guamá como uma, dentre tantas, morada de mamãe, de todas as mães de terreiro, de onde parte uma frota de brinquedos carregando mensagens ancestrais.


Fotos: Arthur Leandro


Nkossi

Escultura Monumento de TĂĄta Kafungeji (Rodrigo Ethnos)

Fotos: Arthur Leandro

Homenagem aos povos Bantus com uma obra em ferro e fogo implantada no encontro das Rodovias Augusto Montenegro e Transcoqueiro. BelĂŠm - Maio/2015



Ficha Técnica Governo do Estado do Pará Simão Jatene Presidente da Fundação Cultural do Pará Dina Oliveira Diretor de Interação Cultural Walter Figueredo Gerente da Galeria Theodoro Braga Guilherme Teixeira Equipe da Galeria Theodoro Braga Eliane Moura Renato Torres San Rodrigues Gonçalo Netto Coordenação Geral do Projeto Mametu Nangetu (Oneide Monteiro Rodrigues) Coordenação Técnica Táta Kafunlumizo (Ângelo Imbiriba) Curadoria Táta Kinamboji (Arthur Leandro) e Isabela do Lago. Projeto Gráfico Isabela do Lago / Eliane Moura Fotografia Lucivaldo Sena / Luana Peixe / Eliane Moura / Evna Moura / Arthur Leandro Montagem e Iluminação San Rodrigues e Gonçalo Netto



Realização

Projeto contemplado pelo Edital de pautas 2015 da GTB/FCP Galeria Theodoro Braga 02 de maio a 09 de junho de 2015 Av. Gentil Bittencourt, 650 (91) 3202-4313 galeriatheodorobraga@gmail.com gtb@fcp.pa,gov.br


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