( L o u )
C U R E - S E
Introdução Registros de "(Lou)cure-se", grupo de teatro da UFRN. Fotografias sobre o denominado ser louco, sua corporeidade e as relações intersubjetivas de corpos vividos em instaurações cênicas no Hospital Colônia Dr. João Machado. Uma articulação entre a loucura e a arte, entre o ser humano e a linguagem.
“Uma fábula oriental conta a história de um homem em cuja boca, enquanto ele dormia, entrou uma serpente. A serpente chegou ao seu estômago, onde se alojou e onde passou a impor ao homem a sua vontade, privando-o assim da liberdade. O homem estava à mercê da serpente: já não se pertencia. Até que uma manhã o homem sente que a serpente havia partido e que era livre de novo. Então, dá-se conta de que não sabe o que fazer da sua liberdade. [...] ‘Em vez de liberdade ele encontra o vazio’, porque “junto com a serpente saíra a sua nova essência, adquirida no cativeiro’[...]”. (BASAGLIA apud AMARANTE, 1996, p.70)
O que ĂŠ felicidade pra vocĂŞ?
O que ĂŠ felicidade pra vocĂŞ?
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Apague as luzes, jogue fora as definições. Diga agora tudo o que vê na escuridão
Acenda as luzes, há um livre arbítrio aqui. Veja bem, há um mundo que pulsa em nosso interior.
Coração
Nervos
"No ponto de desgaste a que chegou nossa sensibilidade, certamente precisamos antes de mais nada de um teatro que nos desperte: nervos e coração." ARTAUD, 1999, p.95.
As vivências artísticas em si nos permite evidenciar a subjetividade, despertando assim, dentro do hospital psiquiátrico, observar a dimensão afetiva, subjetiva e estética do mesmo. Pode-se ainda pensar na arte entrelaçada a psicologia como caminho criativo e afetivo para as expressões, sentimentos e entendimentos sobre si mesmo e sobre o mundo.
Sobre a condição humana de existir no mundo, consideramos conforme Bock (2002, p. 25) que há "um mundo objetivo, em movimento, porque seres humanos o movimentam permanentemente com suas intervenções; um mundo subjetivo em movimento porque os indivíduos estão permanentemente se apropriando de novas matérias-primas para constituírem suas subjetividades. "
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Assim, nesse entrelaçamento de corpos, não só observei os movimentos, como também fui movimentado por uma dança de almas, almas despidas, na sua maior virtuosiarte e 'loucura'. Curou-me. É sensato dizer o quanto me vi tão familiar naquele lugar, que por vezes, me fez sentir longe de qualquer sistema, a medida em que minha humanidade era afetada. E assim, foi inegável ver a tristeza de alguns e alegria de outros, que apesar de estarem ali, estavam em completa comunhão, ao contrário do lugar que me esperava depois daqueles muros.
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Felipe GalvĂŁo