Droga de Praça

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Droga de Praça! IDEALMENTE SERIAM INTRODUZIDAS DE TODOS ESSES MODOS • através dos olhos-visão; • através do ouvido-audição (incrível pensar no ouvido como local de introdução de drogas, mas pode ser); • através da língua-paladar (como comidas, como bebidas, como pastas, como temperos, etc.); • através do nariz-olfato; • através da pele-tato (de injetar, de colar, etc.). É preciso enfrentar as drogas não como indivíduos apenas - já que elas são instrumentos coletivos -, mas sim como PESSOAS (indivíduos em suas famílias, famílias em seus grupos, grupos em suas empresas, empresas em suas cidades-municípios) e como AMBIENTES (cidades-municípios, estados, nações e mundo). No caso, criando essa praça onde sejam passados documentários, onde sejam discutidas as situações (um AA – alcoólicos anônimos – coletivo; um DP, drogados públicos), aonde as pessoas irão para conversar e se livrar mesmo de dependência. Individualmente é muito difícil livrar-se, mas coletivamente, não. Vitória, terça-feira, 19 de setembro de 2006. José Augusto Gava. DROGAS

Brasileiros são mais dependentes em álcool, tabaco e maconha A pesquisa mais recente sobre drogas verificou que 11,2 % da população brasileira é dependente de bebidas alcoólicas, 9% de tabaco e 1% de maconha. No primeiro levantamento domiciliar sobre drogas, realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) e Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), foram ouvidas 8.589 pessoas de 12 a 65 anos, entre outubro e dezembro de 2001, nos 107 municípios com população superior a 200 mil habitantes. Não fizeram parte da estatística, as pessoas que utilizam drogas esporadicamente. A freqüência de uso diferencia o usuário ocasional do dependente. Nem todos os usuários de drogas vão se tornar dependentes. Alguns continuarão usando-as de vez em quando, enquanto que outros não conseguirão controlar o consumo, usando-as de forma intensa, em geral quase todos os dias, e agindo de forma impulsiva e repetitiva. O grande problema é que não dá para saber entre as pessoas que começam a usar drogas, quais serão usuários ocasionais e quais se tornarão dependentes. "Uma grande parte das pessoas se envolverá em uso ocasional, porém outra parte se tornará dependente, possivelmente devido a uma memória que a droga cria no cérebro. Memória esta que é despertada principalmente em diversas situações emocionais e ambientais. Nessas situações, através de mecanismos desconhecidos, o indivíduo sente necessidade da droga. Existem vários modelos propostos para explicar este fenômeno, mas nenhum comprovado definitivamente", afirma Ivan Braun, médico supervisor de 1


residentes junto ao Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea), do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). A predisposição biológica maior de algumas pessoas pode explicar, em parte, porque alguns usuários se tornarão dependentes. Essa predisposição, de acordo com Braun, está relacionada a diferenças na metabolização das drogas, ou seja, o efeito das drogas sobre o cérebro, mais especificamente, sobre os sistemas de gratificação cerebrais. Há também a predisposição genética. A incidência de alcoolismo em filhos de pais dependentes de álcool é de três a quatro vezes maior do que entre os filhos de não dependentes. Estudos em gêmeos também tendem a confirmar esta predisposição. Dependência é doença As bebidas alcoólicas são as drogas cujo consumo é mais antigo e abrangente. Por isso, a dependência do álcool foi a primeira a ser debatida e foi a que norteou a evolução do conceito da dependência das demais drogas. Na versão atual da Classificação Internacional das Doenças (CID) foram incluídas a síndrome de dependência do álcool - que substitui o termo alcoolismo - e de todas as substâncias psicoativas em uma mesma categoria, a de Transtornos Mentais de Comportamento decorrentes do uso de substâncias. A drogadicção vem sendo considerada uma doença recidivante e crônica, caracterizada pela busca e consumo compulsivo de drogas. Ana Regina Noto, do departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Cebrid, destaca que o início dos debates sobre o uso problemático de bebidas alcoólicas girou em torno de duas posições divergentes: o conceito moral e o conceito médico. Durante muitos anos imperou a visão moralista, para qual o uso de álcool e outras drogas era considerado uma falha de caráter. Esse conceito representou um grande obstáculo na consideração do uso de drogas como um problema de saúde. Atualmente, a síndrome de dependência é definida na CID como "um conjunto de fenômenos fisiológicos ou comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância, ou de uma classe de substâncias, alcança uma prioridade muito maior para um determinado indivíduo que outros comportamentos que antes tinham maior valor. Uma característica descritiva central da síndrome de dependência é o desejo de consumir drogas psicoativas, álcool ou tabaco. Pode haver evidência de que o retorno ao uso da substância, após um período de abstinência, leva a um reaparecimento mais rápido de outros aspectos da síndrome do que o que ocorre com indivíduos não dependentes". Alterações fisiológicas e comportamentais A medicina define droga como sendo qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. As drogas são classificadas como depressoras, estimulantes ou perturbadoras da atividade do Sistema Nervoso Central (SNC). As depressoras da atividade do SNC são as que diminuem a atividade do cérebro, deixando o indivíduo "desligado". Entre as drogas desse tipo estão o álcool, os medicamentos barbitúricos (promovem o sono) e os ansiolíticos (calmantes), inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores).

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As substâncias que aumentam a atividade do cérebro, ou seja, estimulam o funcionamento fazendo com a pessoa fique "ligada", "elétrica" são as estimulantes do SNC. As principais são as anfetaminas, nicotina e cocaína. O terceiro grupo é constituído pelas drogas que agem modificando qualitativamente a atividade do cérebro. As drogas pertubadoras, tais como a maconha e os anticolinérgicos, fazem com que o cérebro funcione fora do seu padrão normal. As alterações cerebrais e os prejuízos no funcionamento do organismo são específicos para cada droga. Os efeitos neurológicos do uso contínuo da maconha são a dificuldade de aprendizado, retardamento de raciocínio e lapsos de memória. Mais graves são as conseqüências da cocaína. Seu uso está associado a complicações cardiovasculares e neurológicas graves. Um estudo realizado pelo Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), do departamento de Psiquiatria da Unifesp, em 30 dependentes de cocaína, verificou que 80% apresentavam alterações funcionais cerebrais, acompanhadas, em alguns casos, de comprometimento de funções cognitivas. No âmbito da saúde pública, as drogas mais preocupantes são o álcool e o tabaco. O álcool é responsável por mais de 80% dos casos de internações hospitalares por dependência. Um em cada 10 homens brasileiros é ou já foi dependente de álcool. Os danos cerebrais causados pelo álcool são provavelmente irreversíveis a partir de um certo grau de comprometimento. Entre as 25 doenças relacionadas ao hábito de fumar são causas de morte, em ordem de incidência, as doenças cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias. A expectativa de vida de um indivíduo que fuma é 25% menor que a de um não fumante. As alterações na função cerebral persistem por muito tempo depois da pessoa parar com o uso da substância. É a síndrome da abstinência. Na falta da droga os dependentes podem apresentar uma série de sintomas. No caso da maconha, os principais sintomas são irritabilidade, ansiedade, dificuldade para dormir, falta de apetite, dor de estômago e depressão. No caso de dependentes de álcool, a abstinência pode ocasionar desde um tremor nas mãos a náuseas, vômitos e ansiedade. Mudanças diferem entre adolescentes A dependência provoca reações comportamentais diferentes entre os adolescentes. As mudanças de comportamento são mais evidentes nos meninos. Envolvimento com a polícia, atraso e abandono escolar são mais comuns entre os garotos. Já os sintomas depressivos são mais freqüentes nas meninas. Pesquisadores do Grea analisaram prontuários de 105 adolescentes de 10 a 17 anos, tratados no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP entre 1993 e 2000, constataram que 90% dos meninos têm atraso escolar acima de um ano, enquanto que nas meninas a porcentagem é de 66%. Por causa das drogas, 78% dos meninos abandonaram a escola contra 52% das meninas. Os meninos e meninas tratados no Instituto de Psiquiatria começaram a usar 3


drogas com a mesma idade (em média, aos 12 anos). Não há diferença entre os gêneros quanto ao tipo de substância consumida. O álcool é consumido por 100% deles, a maconha por 86,7% e a cocaína por 73,3% das meninas e 64,4% dos meninos. O motivo para o início do uso da droga, em ambos os sexos, é a curiosidade. Essa foi a razão apontada por 78,3% dos meninos. O índice entre as meninas sobe para 81,8%. Uso de álcool na gravidez traz riscos ao bebê A ingestão de álcool durante a gravidez pode acarretar uma série de problemas na formação do feto. A manifestação mais severa é a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) que causa desde malformações craniofaciais, retardamento no crescimento até a incapacidade de desenvolvimento mental. O fato de um grande número de mulheres beberem socialmente e a maioria das gestações não serem planejadas aumentam o risco de ocorrer a SAF. "Pode haver um desconhecimento do estado gestacional nos primeiros meses. Isso implica muitas vezes na exposição do embrião ao etanol, principalmente no período mais crítico e sensível da gestação", explica Cristiana Corrêa, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Geralmente, a incidência da SAF oscila entre 0,4 a 3,1 casos por 1000 nascimentos. Entre os filhos de mães alcoolistas estima-se que 30% a 40% dos recém nascidos venham a apresentar a doença. Ainda não foi definida a quantidade mínima de álcool ingerida capaz de afetar o feto. As maiores conseqüências da SAF são: restrição no crescimento, com decréscimo inferior a 10% no peso e no comprimento; envolvimento do Sistema Nervoso Central, apresentando, entre outros problemas, disfunção comportamental, hiperatividade e dificuldade de adaptação social, e anomalias faciais. A prevenção da SAF, na opinião de Corrêa, só será possível através de um sistema articulado de intervenção terapêutica na mãe alcoolista, programas educacionais nas comunidades, identificação precoce da doença e acompanhamento das crianças afetadas pela síndrome. Liliane Castelões

O que são Drogas Psicotrópicas? 4


Depressores da Atividade do SNC Estimulantes da Atividade do SNC Perturbadores da Atividade do SNC O que são Drogas Psicotrópicas? Todo mundo já tem uma idéia do significado da palavra droga. Em linguagem comum, de todo o dia ("Ah, mas que droga" ou "logo agora, droga..." ou ainda, "esta droga não vale nada!") droga tem um significado de coisa ruim, sem qualidade. Já em linguagem médica, droga é quase sinônimo de medicamento. Dá até para pensar porque um palavra designada para apontar uma coisa boa (medicamento; afinal este serve para curar doenças), na boca do povo tem um significado tão diferente. O termo droga teve origem na palavra droog (holândes antigo) que significa folha seca; isto porque antigamente quase todos os medicamentos eram feitas à base de vegetais. Atualmente, a medicina define droga como sendo: qualquer substância que é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. Por exemplo, uma substância ingerida contrai os vasos sangüíneos (modifica a função) e a pessoa passa a ter um aumento de pressão arterial (mudança na fisiologia). Outro exemplo, uma substância faz com que as células do nosso cérebro (os chamados neurônios) fiquem mais ativas, "disparem" mais (modificam a função) e como conseqüência a pessoa fica mais acordada, perdendo o sono (mudança comportamental). Mais complicada é a seguinte palavra: psicotrópico. Percebe-se claramente que ela é composta de duas outras: psico e trópico. Psico é fácil de se entender, pois é uma palavrinha grega que significa nosso psiquismo (o que sentimos, fazemos e pensamos, enfim o que cada um é). Mas trópico não é, como alguns podem pensar, referente a trópicos, clima tropical e, portanto, nada tem a ver com uso de drogas na praia! A palavra trópico aqui relaciona-se com o termo tropismo que significa ter atração por. Então psicotrópico significa atração pelo psiquismo e drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre o nosso cérebro, alterando de alguma maneira o nosso psiquismo. Mas estas alterações do nosso psiquismo não são sempre no mesmo sentido e direção. Obviamente elas dependerão do tipo de droga psicotrópica que foi ingerida. E quais são estes tipos? Um primeiro grupo é aquele de drogas que diminuem a atividade do nosso cérebro, ou seja, deprimem o funcionamento do mesmo o que significa dizer que a pessoa que faz uso desse tipo de droga fica "desligada", "devagar", desinteressada pelas coisas. Por isso estas drogas são chamadas de Depressoras da Atividade do Sistema Nervoso Central (SNC – sistema nervoso central é a parte que fica dentro da caixa craniana; o cérebro é o principal órgão deste sistema). Num segundo grupo de drogas psicotrópicas estão aquelas que atuam por aumentar a atividade do nosso cérebro, ou seja, estimulam o funcionamento fazendo com a pessoa que se utiliza dessas drogas fique "ligada", "elétrica", sem sono. Por isso essas drogas recebem a denominação de Estimulantes da Atividade do Sistema Nervoso Central. Finalmente, há um terceiro grupo, constituído por aquelas drogas que agem 5


modificando qualitativamente a atividade do nosso cérebro; não se trata, portanto, de mudanças quantitativas como de aumentar ou diminuir a atividade cerebral. Aqui a mudança é de qualidade! O cérebro passa a funcionar fora do seu normal, e a pessoa fica com a mente perturbada. Por esta razão este terceiro grupo de drogas recebe o nome de Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central. Resumindo, então, as drogas psicotrópicas podem ser classificadas em três grupos, de acordo com a atividade que exercem junto ao nosso cérebro: 1. Depressores da Atividade do SNC; 2. Estimulantes da Atividade do SNC; 3. Perturbadores da Atividade do SNC. Esta é uma classificação feita por cientistas franceses e tem a grande vantagem de não complicar as coisas com a utilização de palavras difíceis, como geralmente acontecem em medicina. Mas se alguém achar que palavras complicadas, de origem grega ou latina tornam a coisa mais séria ou científica (o que é uma grande besteira) abaixo estão algumas palavras sinônimas: 1. Depressores – podem também ser chamadas de psicolépticos; 2. Estimulantes – recebem também o nome de psicoanalépticos, noanalépticos, timolépticos, etc; 3. Perturbadores ou psicoticomiméticos, psicodélicos, aluginógenos, psicometamórficos, etc. As principais drogas psicotrópicas, e que são usadas de maneira abusiva, de acordo com a classificação mencionada aqui, estão relacionadas abaixo: Depressores da Atividade do SNC Álcool Soníferos ou hipnóticos (drogas que promovem o sono): barbitúricos, alguns benzodiazepínicos; Ansiolíticos (acalmam; inibem a ansiedade). As principais drogas pertencentes a essa; classificação são os benzodiazepínicos. Ex.: diazepam, lorazepam, etc Opiáceos ou narcóticos (aliviam a dor e dão sonolência). Ex.: morfina, heroína, codeína, meperidina, etc Inalantes ou solventes (colas,tintas, removedores, etc) Estimulantes da Atividade do SNC Anorexígenos (diminuem a fome). principais drogas pertencentes a essa classificação são as anfetaminas. Ex.: dietilpropriona, femproporex, etc Cocaína Perturbadores da Atividade do SNC - de origem vegetal:

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mescalina (do cacto mexicano) THC (da maconha); psilocibina (de certos cogumelos) lírio (trombeteira, zabumba ou saia branca) - de origem sintética: LSD-25; "Êxtase" anticolinérgicos (Artane® , Bentyl®)

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