museu da colonizacao do ES

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Museu da Colonização do ES Por colonização as pessoas têm entendido o estabelecimento de colônias e o período inicial do processo, por exemplo, o Brasil colônia, quer dizer, antes de ser reino unido com Portugal e Algarves. No modelo tenho escrito coloniz/ação, o ato permanente de colonizar, de criar colônias. Uma colônia de pólipos não é transitória, é duradoura, e colonização poder ser entendida como o processo contínuo de criação. Desse jeito a colonização do ES nunca teria terminado, uma vez começada pelos portugueses. Nem sequer a colonização pelas sucessivas cargas de índios, a mais antiga, segunda consta agora, de 15 mil anos antes de Cristo sendo substituída por outra leva de 12 mil a.C. (ambas vindo pelo gelo que cobriu o Estreito de Bering na mais recente glaciação), que deslocou e matou parte dos migrantes precedentes, e ainda outras vindo da Ásia e Oceania já em tempos históricos, que também destruíram as anteriores, por certo estabelecendo as culturas maia, inca, chimú, etc. A partir de 1500 os portugueses e outros europeus entraram e mataram as turmas anteriores todas. Os portugueses abriram espaço para os europeus em geral, trouxeram pela escravização os negros, submeteram os índios e finalmente vieram os asiáticos e hispano-americanos do oeste da América do Sul, criando uma mescla extraordinária de que o futuro fica encarregado. O resultado é que o Brasil todo, em especial o ES, está em processo de colonização, que não termina nunca. Falar desse processo, e dos objetos que gerou, seria tarefa de um museu. Como tudo no modelo, cada palavra se separa (e se junta) através dos pares polares opostos/complementares. Os museus (Museu: em maiúsculas conjunto ou família ou grupo de museus) podem ser de todas as palavras do dicionário. Em particular, podem ser dos ambientes (mundo, nações, estados, municípios/cidades) e das pessoas (empresas, grupos, famílias e indivíduos – dificilmente há tanto interesse em criar um museu para os indivíduos,


mas há-os tão grandes e destacados da massa que é mesmo importante, e até fundamental, como para os maiores sábios e santos, e os iluminados, fazê-lo). Podem ser patrocinados tanto por ambientes quanto por pessoas, e podem analisar tanto uns quantos outros. Podem ser abertos e fechados a visitação pública ou a pesquisadores. Podem ser estáticos, dinâmicos e estáticos/dinâmicos, mecânicos. Estáticos seriam os de guarda, apenas, e dinâmicos seriam os de visitação e aprendizado. Ora, sugeri outrora que no antigo (depois vendido ao eES) Clube Saldanha da Gama fosse construído um Museu de Colonização do ES, e as pessoas logo entenderam que seria um museu de coisas antigas, nos quais os visitantes chegam, olham (“é, interessante”), viram as costas e vão embora. Não precisa ser assim, pode ser um museu ativo, particip/ativo, co-labo/ativo, cri/ativo, superl/ativo – mágico/artístico, teológico/religioso, filosófico/ideológico, científico/técnico e matemático do ES, povo e elites, povelite/nação. Pode ser um grande museu, respeitado e amado. Como é que as pessoas quase sempre apequenam as coisas? É desse apequenamento que vem o fracasso, pela falta de projeção própria e alheia, pelo desinteresse, pela existência sombria e pessimista, pela renúncia, pelo afastamento. Não!, podemos ser vibrantes, emocionantes, gigantes, comunicantes, tocantes. Podemos contar tudo como uma geo-história das emoções, dos sentimentos, das razões, das percepções, das dores, das decepções dos capixabas. Por que essa diminuição contínua do que é nosso? A colonização é para sempre. Vitória, quarta-feira, 15 de maio de 2002. José Augusto Gava.


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