2011 - Casas de Sonho III - Casa Ilha do Araujo

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Vida nova

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Antes de se mudar para o litoral sul do Rio de Janeiro, a carioca Maria Helena Fernandes da Trindade Henriques Mueller, a Mena, passou um período se despedindo da vida agitada a que estava acostumada nas grandes cidades. Foi uma mudança e tanto. Depois de 39 anos longe do Brasil, trabalhando para a Unesco, ela voltou às raízes, perto do mar. Na casa projetada pela prima e arquiteta Bela Gebara e construída numa ilha a 40 minutos de barco da cidade histórica de Paraty, ela se sente protegida e estimulada a aproveitar a nova fase. “Privilegio o começo da manhã e o fim da tarde como momentos de observação e reflexão”, conta. Para isso, vai até a ponta do píer e observa como o dia e a noite se instalam – “calma, mas de maneira irremediável”. Poder olhar onde céu, Sol, oceano e ilhas se encontram e aprender com a força da natureza é privilégio de quem habita as redondezas. Entre caminhadas, mergulhos, leituras e idas de barco ao continente – onde dá aulas de inglês e francês, faz compras, participa de reuniões e almoça com amigas –, Mena criou uma rotina com outras coordenadas de tempo e espaço. “Os amigos sentem uma energia especial ao chegar aqui”, revela. “Acredito que pelo casamento da construção com o entorno.” Essa união, no entanto, não foi de todo fácil no início: chuvas, mata densa e o transporte dos materiais por barco dificultaram a concretização da empreitada. Mas, já na primeira semana vivida ali, a moradora avalizou gebara conde sinisgalli associados 160

paraty, rj 2008

a própria escolha. “Percebi sua solidez diante de sol, ventos e tempestades, e sua posição de rainha, reinando absoluta na paisagem”, sintetiza.

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Amante do lugar e conhecedora dos recursos construtivos necessários para enfrentar a vida próxima ao mar e à mata, a arquiteta Bela Gebara propôs uma casa típica de Paraty, porém de acento contemporâneo. As janelas e as portas seguem as cores e a receita caiçara, com folhas basculantes e um engenhoso jogo de corrediças que não atrapalha a vista.

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Uma grande mesa reúne informalmente os convidados na sala-cozinha. Mena pretende, cada vez mais, compartilhar a casa com amigos que se encontrem na mesma sintonia que ela. “Ao observar as noites claras de lua cheia ou o céu repleto de estrelas numa semana de lua nova, penso como seria bom desfrutar este presente do Universo com mais gente”, revela.

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Mesmo dentro de casa, a proprietária consegue contemplar o oceano de todos os pontos – inclusive durante o banho. Isso porque o refúgio de 190 m2 conta com amplas janelas emolduradas em batentes de angelimpedra. Os quartos para hóspedes dispostos em um anexo separado facilitam a convivência saudável com convidados de diferentes idades, gostos e horários.

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O grande terraço ao lado do quarto funciona como um mirante particular. Dali, Mena, com tempo e tranquilidade para exercitar o olhar, acompanha os movimentos da natureza, sua companheira de todas as horas, e admira a beleza da paisagem. Segundo ela, as vistas são o maior adorno da casa. Na rede, nas tardes sossegadas, a moradora aproveita para pôr em dia as leituras.

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