Chapütschin & Gion Os primos chapütschin e gion são dois canteiros contemporâneos, modernos e ousados criados pela equipa checa “Pour les Aples”.
ISSUE 45 :: nº 45 :: JUNHO’10 PORTUGAL
Pele Vermelha Os edifícios Flex, em Gualtar, na capital do Minho, são o exemplo de como é possível construir e decorar apenas com uma cor: o vermelho. Os apartamentos são um enorme vermelhão que se destacam do acinzentado betão da cidade de Braga.
A Domus da Aveleda O arquitecto português Manuel Ribeiro reinventa o conceito da Domus Romana com uma casa moderna e arrojada.
EDITORIAL
A “dança” das casas
L
onge vão os tempos em que quatro paredes e um telhado eram suficientes. Quatro paredes despidas e pintadas de branco que, com um tecto, branco também, compunham a maioria das divisões das casas de outrora. Essas mesmas quatro paredes e o tecto, hoje em dia não são suficientes. As mentes contemporâneas, as mais exigentes claro, “lutam” entre si pelo melhor “ninho”. Estas disputas modernas, fazem lembrar os machos, que perfilados, desfilam para as fêmeas para as convencer que a melhor opção é a que eles oferecem. Não falamos de fêmeas, mas falamos de fama. Como vemos, ao folhear esta revista vamos vendo casas premiadas. A Domus da Aveleda, em Braga é um exemplo disso mesmo. Os donos, os senhores da massa, dessas casas querem ter a melhor, querem ter artigos nas revistas de decoração e de arquitectura. “Venham ver a nossa casa que acabamos de construir este mês!” - contava à nossa redacção uma senhora de Coimbra que meio a medo nos convidava, ainda que por meias palavras, a visitar a sua moradia de família. Caros leitores, é a dança das casas. Por outro lado, os arquitectos, apesar de darem um pequeno grande contributo para o assunto, lutam, hoje
em dia, por novos conceitos. Mais uma vez, a Domus da Aveleda vem à ribalta. Manuel Ribeiro, arquitecto português, reinventa as casas dos romanos, adaptando as ideias da Antiguidade Clássica à arquitectura contemporânea, moderna, seguindo a filosofia dos novos materiais. Um arquitecto hoje em dia, não trabalha apenas para ganhar o seu dinheiro; trabalha para ser reconhecido e ganhar uns prémios, ora aqui em Portugal, ou para os mais ousados, fora do nosso país. É a Dança das Casas.... E se bem se lembram das doenças, ou bolas de neve, servem os dois exemplos perfeitamente para exemplificar a metáfora: ambos crescem e contagiam outras pessoas, sendo que algumas delas ainda são meias atropeladas. Eu há um par de anos atrás queria era ser bem reconhecido como jornalista... mas esta febre apanhou-me no momento em que não tinha os medicamentos. Hoje quero ter uma casa melhor que a do meu vizinho da frente. E quando a tiver, pois terei, vou dançar com ela, exibindo-me para que vejam que sei dançar e para que vejam que consigo ter uma “casa”. E aposto que apanho mais alguns desprevenidos. É a Dança das Casas... pois claro que é!
“A” FOTOGRAFIA
Todos os meses elegemos “a” fotografia, aquela. De todas que nos foram enviadas para integrarem os artigos, vamos escolher a melhor. Nós, arkhitekh, e
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um fotógrafo profissional. A Domus Contemporânea de Manuel Ribeiro, via objectiva de Ivo Tavares. Eis “a” fotografia do mês!
OVERVIEW
A “Domus”
da
Aveleda
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Casa L a Campana
11 32
Habitat 825
projecto prazer de chutar
-
FLEX
8
14
custóias fc
Ainda nesta edição nº 45 da arkhitekh: Decoração: Pintar sem pintar com simuladores de cor Ideias: Inspire-se com ALF DA FRE : Estar na sala de estar : E ver o mar tão perto Armazém: Tostadeira Transparente : Wall Press : World Clock : Rua Ramalho Eanes Nº789 : Chapütschin & Gion
Vodafone Porto
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CASAS
A Domus da Aveleda
A “Domus” da Aveleda, é construída com base na elevação natural do terreno, o que lhe confere um aspecto subtil integrado na paisagem rural.
E
rguida em Braga, esta casa na Aveleda é uma casa numa aldeia periférica ao centro da cidade, desenhada para acomodar a luz como uma fonte de uma experiência diferente do conceito casa. A ideia básica do projecto, parte do conceito de estar localizada perto da antiga cidade romana de “Bracara Augusta”, onde as antigas casas romanas, as “Domus” foram construídas dentro de um quadrado. Toda a subtileza eminente desta casa é conseguida com uma distribuição extremamente cuidadosa. Por outro lado, esta Domus contemporânea foi construída para fazer os moradores sentirem os seis sentidos da vida. “ …Nós tentamos tirar o máximo partido da Natureza, do que esta nos oferece e da própria localização da casa para que a área envolvente tivesse uma ligação com o interi-
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Arquitecto: Manuel Ribeiro Localização: Aveleda, Braga, PT Criação: Manuel Ribeiro Engenheiro Estrutural: Alberto Fernandes Ribeiro Arquitecto Paisagista: Manuel Ribeiro, Arquitecto Construção: William Kent Development INC Área do Projecto: 450 m2 Ano do Projecto: 2006 - 2007 Fotografia: Ivo Tavares
CASAS
A sala de estar é a divisão mais imponente da casa, através da qual se tem uma visão superior de toda a moradia e também de todo o terreno.
or da moradia, deixando uma agradável vista do vale e do quadrado que existe entre o corpo das duas partes desta construção…” refere Manuel Ribeiro, arquitecto e autor do projecto e também responsável pela sua implementação na paisagem. O corpo principal, que abriga as funções sociais da casa, situa-se ao mesmo nível de elevação do quadrado construtivo, assumindo o desnível do terreno com o hall mais elevado comparativamente à área social, de modo a criar uma visão periférica de todo o edifício. A área social envolve espaços abertos: a sala comum, sem portas para a cozinha e a casa de banho de serviço, que se desdobra dentro dessa mesma cozinha. No piso inferior, o arquitecto criou um espaço que alberga um ginásio e um escritório, aproveitando a elevação natural do terreno. A área privada conta com quatro dormitórios, repartidos por uma suite e três quartos e uma enorme casa de banho que está ao mesmo nível de elevação do hall de entrada que fica bastante levantada em comparação com o quadrado construtivo exterior, mas sem nunca perder o campo visual. A suite conta ainda com um vestiário e uma grande casa de banho, onde há uma divisão entre a zona de JUNHO 2010 | #45 | arkhitekh | 5
CASAS
A suite da moradia conta com uma casa de banho privativa que é dividida em três partes distintas: a zona de banho, sanitários e lavabos.
banho, os sanitários e os lavabos. No quadrado construtivo exterior, podemos encontrar uma piscina que nos faz relembrar a romana “compluvium” de uma “Domus”, centrada, no meio das duas áreas da casa. Toda a construção é unificada tendo como base o vale e o percurso do Sol ao longo do dia que entra pela casa devido à fachada de vidro. A sala das máquinas, os arrumos e uma cozinha extra situam-se na mesma elevação da piscina, perfeito para dar resposta a eventuais actividades ao ar livre. “… A plasticidade do objecto CASA (construído propositadamente) será sempre substituída pelo aspecto fenomenológico, dando identidade e carácter ao edifício, sendo capaz de dar uma vida funcional e familiar ao mesmo que tempo que explora o prazer das paisagens, dos espaços amplos e dos materiais. Esta não será apenas uma “casa”, mas sempre um “Domus”. Todo o projecto tem a clara intenção de explorar as capacidades do ser humano e todos os seus sentidos: tacto, visão, olfacto, audição, gosto e paixão. Esses são aspectos que nunca forma negligenciados. Pelo contrário, estiveram sempre presentes…”, conclui Manuel Ribeiro. JUNHO 2010 | #45 | arkhitekh | 7
CASAS
Casa La Campana ch
A Casa La Campana é uma casa rústica que explora ao máximo um material: a madeira. Ochoa, uma cidade do Chile, é uma zona rica em madeira.
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ntegrada numa paisagem natural em Ochoa, no Chile, a “Casa La Campana” nasceu pelas mãos dos arquitectos Alejandro Dumay Claro e Francisco Vergara Arthut. O desafio deste projecto foi o de enfatizar a ligação do exterior da casa com o interior da mesma, e basicamente aproveitar a vista e a panorâmica que se ergue ao redor desta casa. Ao mesmo tempo, a casa tinha de ser amiga do ambiente com um plano energético poupado, mas que ao mesmo tempo contribuiria para enaltecer ainda mais a personalidade da casa. O resultado foi um espaço de vida sustentável com formas espectaculares e originais que se integram perfeitamente na paisagem da aldeia. Além disso, a residência tem um enorme pátio coberto com um mobiliário característico de exterior, contando ainda com uma área reservada para o churrasco. O interior é amplo, com janelas que omitem as paredes, desde o chão até ao tecto dando um ambiente rústico e acolhedor.
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CASAS
Madeira no interior, madeira no exterior, madeira na cozinha, madeira no quarto. Todas as divisĂľes tĂŞm este material. Madeira de pinho nesta casa.
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CASAS
Madeira era um dado adquirido. Nesta imagem, a madeira mistura-se com pedra da mesma tonalidade e com madeiras mais escuras. Belo contraste.
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CASAS
Habitat 825, la, eua
Habitat 825, condomínio privado em Los Angeles, nos Estados Unidos da América. A mistura de verdes com negros cria um contraste bem dinâmico.
Arquitecto: Lorcan O’Herlihy Localização: LA, Estados Unidos da América Criação: LOHA, atelier de arquitectura Fotografia: LOHA architecture
Não temos dúvidas que qualquer um de nós adoraria morar neste condomínio. Habitat 825 é um projecto do ateliê de arquitectura californiano Lorcan O’Herlihy (LOHA) que consegue albergar dezanove unidades de habitação num lugar surpreendente desde o conceito até ao resultado final. Cores vibrantes e materiais comuns, uma combinação nada exuberante mas que ao se analisar todo o conjunto desta obra conseguimos perceber como estão bem aplicados e próximos da perfeição. Foi dado tratamento personalizado para cada habitação, possuindo áreas privadas e públicas que se integram com uma área central comum a todos os moradores. Um projecto que merece ser contemplado como grande inspiração arquitectónica Esse projecto permitiu abordar questões críticas de densidade, local e impactos culturais e sociais que se criam a partir da con-
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CASAS
Não só o uso extraordinário dos materiais, mas sim a própria localização do condomínio. Todos os pormenores fazem-no ter a etiqueta de “luxuoso”.
strução ao redor de áreas históricas. Com a ideia de “kick down the bamboo wall”, Habitat 825 e seu uso expansivo de áreas comuns abertas cria um espaço urbano sem barreiras ou linhas de propriedade. Habitat 825, o condomínio de luxo contemporâneo foi imediatamente cobiçado na Kings Road, em West Hollywood. Este edifício oferece aos seus moradores um design moderno e bonito no meio de um dos bairros mais desejados em todo o estado de Los Angeles. Estas moradias e apartamentos elegantes estão lado a lado com uma das secções de moda dos Estados Unidos da América: a famosa Melrose Avenue e Santa Monica Boulevard, com restaurantes, lojas, supermercados, lavandarias, farmácias. Espectacularmente bem localizado, este condomínio tem dois centros de compras muito perto: o centro de Beverly Hills e The Grove, a uns escassos cinco minutos de carro. Perto também se encontram a Sunset Trip, Beverly Hills, Hollywood e a Century City. As casas do Habitat 825 oferecem dezanove plantas únicas que estão adjacentes à Schindler House, um marco histórico da arquitectura e do design. 12 | arkhitekh | #45 | JUNHO 2010
CASAS
As traseiras de todos os apartamentos têm a mesma área em comum. A área social do condomínio tem acesso desde todos os 19 apartamentos.
Com vizinhos de renome, o Habitat 825 corresponde e bem à exigência da zona com uma arquitectura marcante, criada pelo internacionalmente reconhecido e premiado Lorcan O’Herlihy. O arquitecto conseguiu transmitir elegância e modernismo. Habitat 825 tem um pátio comum e aberto com características de acabamentos de vanguarda. Há duas casas com dois e três quartos, todos com proporções generosas e com um terraço privado, pátios ou varandas e magníficas salas de estar exteriores. As cozinhas de plano aberto, com armários personalizados pelo italiano Bofi e equipamentos em aço inoxidável do famoso fabricante alemão Miele misturamse perfeitamente tornando a cozinha fácil e divertida. Os interiores modernos e sofisticados foram projectados pelo mesmo arquitecto com ajuda do decorador francês Josette Flicker. Toda esta mistura de características só poderia ter um resultado final: está completamente vendido. JUNHO 2010 | #45 | arkhitekh | 13
REPORTAGEM
Flex Project, bra, pt
Vermelho, vermelho e mais vermelho. A pele deste edifício em Braga é completamente vermelha, sobressaindo do vulgar betão acinzentado da cidade.
Arquitectos: André e António Jorge de Moura Leitão Cerejeira Fontes Localização: Gualtar, Braga, Portugal Criação: atelier Imago Engenheiro Estrutural: Siltes - Projectos e Engenharia Construção: JGomes Promoção: CCaldas Ano do Projecto: 2008 Fotografia: CCaldas
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rquitectos pensam de forma original o edifício em Gualtar, Braga. Um edifício de habitação multi-familiar em Gualtar, nos arredores de Braga, da autoria dos arquitectos André e António Jorge de Moura Leitão Cerejeira Fontes, é totalmente dominado pelo vermelho, cor primária que reveste todo o seu exterior. O minimalismo cromático reflecte as intenções projectuais da dupla de arquitectos gémeos que coordenam o atelier Imago: “O edifício foi pensado seguindo os padrões de construção low cost, resultando num exercício do essencial da arquitectura”, explicam. De facto, neste edifício conceito e forma coincidem para racionalizar custo e forma: trata-se de um blo-
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co compacto, de quatro pisos habitacionais, sendo o primeiro semienterrado, de forma a albergar a garagem, e o mais elevado recuado. A forma é de um grande paralelepípedo, longitudinal, ondulante, e perfurado por aberturas dispostas de forma variável. E todos os elementos construtivos, desde o revestimento da fachada até às portas, portadas, caixilhos de janela e guardas de varanda, são vermelhos. A ideia da equipa foi a de criar uma pele uniforme, de fácil construção e que resulta “num edifício de forte personalidade”, afirmam os arquitectos. Por isso, de forma a manter a ideia de “pele”, foram utilizadas pequenas estratégias: por um lado, as diversas tip-
REPORTAGEM
Planta Flex Project, tamanho L, ou seja, um T3
Planta Flex Project, tamanho L, ou seja, um T3
Planta Flex Project, tamanho M, ou seja, um T2
Planta Flex Project, tamanho XL, ou seja, um T4
Planta Flex Project, tamanho S, ou seja, um T1
Planta Flex Project, tamanho S, ou seja, um T1
ologias dos apartamentos não são perceptíveis do exterior e foi utilizado um material único de revestimento, chapa lacada vermelha, disposta verticalmente, marcado pelo ritmo assimétrico dos vãos, também eles dispostos na vertical. Pontualmente, elementos notáveis perturbam esta pele: a entrada do prédio é marcada de forma enfática pelo desvio ondulatório do alinhamento da fachada, enquanto nos cantos e desvios da forma ondulatória coexistem varandas.
Por outro lado, “a garagem concebe-se como um espaço livre e aberto semienterrado onde a chapa perfurada permite a relação visual com a natureza circundante bem como a circulação do ar”, explicam os arquitectos. No interior, os apartamentos são distribuídos longitudinalmente pelos pisos, que por sua vez são estruturados por um eixo de circulação, também ele de forma ondulante. Os pisos são servidos por uma unidade central de acessos verticais,
que inclui caixas de escadas e elevadores, dominados pela cor branca, tanto nas paredes rebocadas e pintadas, como no pavimento de tipo industrial, autonivelante. Conforme sintetizam os arquitectos, “a combinação de materiais de carácter industrial com o purismo do desenho arquitectónico resulta num edifício singular”, que contrasta fortemente com a envolvente urbana e pretende ser o protagonista da pacata Gualtar. A Pele é Vermelha.
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REPORTAGEM
O Flex project ao vivo D
epois de uma primeira impressão deste projecto Flex, a nossa equipa de reportagem visitou cada divisão de um apartamento deste prédio. Foi-nos dada a possibilidade de visitar o Andar Modelo. Era o único disponível para este tipo de ocasiões, de reportagens. Estava completamente mobilado e decorado por um designer do grupo CCaldas, os responsáveis pela divulgação e promoção do edifício Flex de Gualtar. Se fosse apenas uma vontade ou querer, certamente que a nossa equipa de reportagem não pensava duas vezes antes de se mudar. Boa zona, e uma casa em que a monotonia fica à entrada do prédio.
exterior
& garagem
Uma novidade que a nossa equipa de reportagem encontrou quando nos dirigimos ao edifício Flex de Gualtar, sabendo que poderíamos visitar o Andar Modelo, foi a de podermos colocar o nosso carro numa das garagens do prédio. Numa altura em que a máquina fotográfica ainda não estava ligada, depois de sairmos do carro, sentimos ar. O ar, a frescura e o cheiro que circulava pela garagem fazia-nos pensar que estávamos ainda fora daquele espaço. Tudo isto se deve à chapa microperfurada que nos “deixa” respirar, sentir mais os arredores deste prédio. O senão é a falta de privacidade, que nestas garagens fica esquecida. No nosso caso, e visto que o Andar Modelo era um apartamento M, ou na nomenclatura habitual um T2, a garagem também se adapta ao tipo de espaço que se adquire. Há de tudo, os T1 não têm garagem e os T4, uma garagem com espaço para três carros. No caso do Andar Modelo, T2, espaço para dois carros. Muito espaço e sobretudo arejada, digamos que este Flex nos começa a apaixonar desde que saímos do carro. E muito bem. Ficamos impressionados pela ideia. Neste momento, todo o espaço envolvente é calmo, longe das principais artérias da cidade, com bastante relva e muito espaço amplo, onde se notam algumas árvores que crescem para tornar a área mais fresca e natural. É uma autêntica mistura de cores, um verdadeiro arcoíris, senão vejamos: o asfalto negro, a relva verde, o céu azul e o Flex vermelho. “BipBip”... carro fechado... Vamos começar a nossa viagem pelo mundo Flex. 16 | arkhitekh | #45 | JUNHO 2010
A chapa microperfurada da garagem é visível nesta imagem. Vê-se tudo!
REPORTAGEM
As portas azuis permitem-nos localizar-nos rapidamente entre todo o branco dos corredores.
acessos Depois da garagem, um elevador, de um conjunto de quatro, esperanos. Há dois tipos de elevadores no Flex e as diferenças residem na capacidade de peso suportada por cada. Enquanto um aguenta com oito pessoas e 800 Kg, o outro consegue transportar quatro e um peso máximo de 400 Kg. Todo o elevador é vermelho. Dois dos membros da arkhitekh seguem pelas escadas, que plenamente funcionais os conduzem ao mesmo local que o meu elevador. Cheguei primeiro e fomos rápidos. A nossa chave, do Andar Modelo indicava o número 102. A própria organização dos números dos apartamentos era minuciosa, visto que foi aproveitada a base que se usa nos hotéis. No nosso caso, o número 102, informa-nos que a nossa chave só abre a fechadura do apartamento dois do primeiro piso. E abriu mesmo. Mas antes disso, o promotor do grupo CCaldas faz-nos um teste: acede ao quadro eléctrico, fecha as persianas dos corredores e apaga as luzes, ficando tudo completamente às escuras. O objectivo deste pequeno teste é descobrirmos as inovações presentes nos
corredores. A fotografa Carla Pimenta foi rápida a reparar o que de diferente estava naquele espaço. O número das portas, estampado num vinil especial brilha no escuro, tal como todos os interruptores para ligar as luzes, contando estes últimos com os tradicionais leds, que neste caso nos transmitem um vermelho vivo. O que vimos foram enormes números e pontos vermelhos, e fomos directos à “nossa” porta. O que pudemos notar também de bom foi a presença de janelas, o que certamente dá uma sensação de mais vida, de mais frescura, muito por culpa do Sol, que naquele dia invadia os corredores e reluzia das paredes brancas. Desde a garagem até aos corredores, estávamos todos muito agradados com a forma como os arquitectos pensaram em tudo, até naqueles pormenores mais pequenos. Quem trabalha assim, só pode ser chamado de um nome: Mestre! Os mestres não deixam passar nada em branco, sempre com um sentido de orientação muito apurado e preciso. A dupla de gémeos trabalha de forma eficiente e inteligente, e usam a política de “duas cabeças pensam melhor que uma”. Uma boa filosofia de trabalho, para que nada falhe, nada mesmo. Os acessos são bem executados e pensados para o bem-estar! JUNHO 2010 | #45 | arkhitekh | 17
REPORTAGEM
Branco, castanho claro, verde alface, azul, vermelho, pastel. São algumas das cores que os nossos olhos podem ver. E todas só neste quarto. Cor!
quarto com wc Depois de caminhar desde a garagem, passando pelos acessos e pelos corredores, é tempo de experimentar a chave. Entrou na fechadura sem problemas e a porta abre-se. Pela frente vemos um corredor que nos leva ao mais amplo espaço desta casa: a sala de estar. O branco misturado com o Sol que brilha, dá-nos um brilho perfeito para acordar numa manhã de Domingo. Antes ainda de entrar na sala de estar, há uma outra divisão, à nossa direita; abrindo a porta podemos ver um quarto de casal, considerado a suite deste apartamento, pois tem um casa de banho privada. A madeira clara, pinho, contrasta com o chão assoalhado de cor bem mais escura. Seguindo os tempos contemporâneos, toda a madeira é simples e colocando de lado grandes adornos e folheados e dando primazia a peças rectas que se evidenciam pela sua rigidez. A cama é uma espécie de três em um, pois mistura as duas mesasde-cabeceira com a própria estrutura da cama, dando a sensação que é apenas uma peça. O roupeiro deste 18 | arkhitekh | #45 | JUNHO 2010
quarto é parte da parede da casa de banho privada. Construído em madeira com um revestimento branco, consegue passar despercebido na parede, mas o seu espaço consegue acomodar toda a roupa e mais alguma que lhe queira colocar. Em frente a uma cama PAULARTE, há duas prateleiras na parede, onde os moradores poderão colocar qualquer tipo de elemento decorativo ou então uma televisão ou outro objecto electrónico. Este quarto está em harmonia com o resto da casa, transmitindo paz, essencial após um dia de trabalho em que o mais importante se torna descansar bem para estar preparado para mais um dia de trabalho.
wc privado Para um hotel passar de três para quatro estrelas, precisa, entre outros requisitos de ter o quarto com espaço para duas ou mais pessoas, uma televisão, e uma casa de banho privada com banheira. Este quarto preenche estes requisitos, por isso podemos afirmar que é um quarto muito bom. Aliada a esta classificação não pode deixar de estar a casa
de banho privada que conta com todas as comodidades necessárias, incluindo uma banheira, da marca Valadares, bem como todas as outras peças de cerâmica. Nesta divisão da casa a neutralidade já é mais visível, muito por culpa dos pretos e dos brancos que a decoram. Mas para que é que precisamos de uma casa de banho super decorada se é dos locais da casa que menos usamos? Uma casa de banho precisa apenas de ser prática e cómoda, e a deste apartamento do edifício Flex passa nesses dois testes.
REPORTAGEM
wc de serviço Regressando ao corredor por onde entramos no quarto/suite temos mais uma porta que nos liga a outra casa de banho. Desta feita, estes lavabos são “públicos”, não dependendo de nenhuma outra divisão. “Os arquitectos ao idealizar o edifício tentaram colocar as casas de banho de todos os pisos o mais próximo possível do centro do apartamento para que seja mais rápido e mais acessível de lá chegar” explica Jorge Mourão, promotor do grupo CCaldas. Esta afirmação espelha completamente a realidade, pois é possível aceder a essa divisão de forma rápida, tendo também a porta do apartamento como referência. Esta casa de banho, em pouca ou nada se diferencia da que acabamos de reportar. Todas as boas características do espaço anterior, esta consegue manter o nível de exigência, conseguindo cumprir a sua tarefa numa casa: a da higiene. “Não era necessário muito luxo pois o que se espera de uma casa de banho é funcionalidade e eficiência, e não beleza e luxo. Mas mesmo assim, temos um meio-termo entre tudo isso” - conclui.
Branco: a cor de todas as casas de banho e da monotonia, bem quebrada pele decoração azul.
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REPORTAGEM
Depois dos quartos e das casas de banho, volta a cor e a luz a dominar os nossos olhos. Desde o branco ao roxo mas sem nunca esquecer o vermelho.
sala de estar Há mais um quarto nesta sala, muito semelhante ao que lhe mostramos, apenas mudando o facto de não ter casa de banho privado, pelo que passamos desde já a mostrar a sala de estar. Do espaço de convívio deste apartamento já se pede muito mais que os quartos e as casas de banho, pois é o local onde recebe as visitas e talvez o sítio onde se passa mais tempo. Pelo menos mais tempo acordado. A sala é construída à volta de uma mesa de centro que faz com que tudo se organize à sua volta. Sofás com espaço para muita gente e vários móveis embutidos nas paredes para que a falta de espaço nunca seja uma queixa. Cada vez mais comum é o reaproveitamento dos costumes antigos de fazer as refeições na sala 20 | arkhitekh | #45 | JUNHO 2010
de estar. O edifício Flex, se é uma das pessoas que tem esse hábito, dá-nos a oportunidade de comer nesta divisão da casa. Uma rígida mesa negra e seis cadeiras erguem-se logo a seguir aos
sofás. É dois em um que Jorge Mourão explica: “ Neste caso, como se trata de um T2, é claro que não é o nosso topo em termos de luxo, por isso temos de estar e jantar na sala”.
REPORTAGEM
A cozinha deste apartamento T2 é ampla e com todas as comodidades para preparar refeições com rapidez. Quase que nem precisa de se mexer.
cozinha A cozinha foi idealizada para que todas as refeições sejam preparadas de forma rápida. Construída em forma de rectângulo, esta divisão é um bom exemplo de como os arquitectos tentam simplificar a vida das pessoas que irão habitar as casas desenhadas e idealizadas por eles. Jorge Mourão à medida que nos mostrava todas as funcionalidades deste espaço ia falando: “Mais uma vez, a dupla de arquitectos pensa na comodidade dos futuros habitantes da casa. Digamos que aqui, a filosofia seguida é a de «cozinha mas sem te mexeres muito»”. Enquanto falava da afirmação ia exemplificando. “Eu estou neste momento a fazer o pequeno-almoço, por exemplo, e preciso de leite, dou dois passos para a direita, abro o frigorífico e tiro o leite. Agora preciso de pôr a malga no microondas, é simples, viro-me de costas e coloco no microondas...” conclui. Tudo que afirmava, Jorge Mourão exemplificava para que não nos restassem dúvidas da qualidade do serviço. A lógica seguida tem toda a razão de ser: as pessoas querem tudo fácil e se puderem eliminar tempo na cozinha de certeza que o irão fazer sem pensar várias vezes. Por último e afirmando ser o problema que levou a esta
solução, o promotor do espaço diz: “ O facto de esta cozinha não ter uma mesa aqui no meio ajuda muito. Porque se tivesse, eu para colocar a malga no microondas tinha de lhe dar a volta e parecendo que não já é algum tempo perdido. Há sim uma mesa pequena ao fundo da cozinha para as refeições rápidas ou para as refeições onde a família não queira ir para a sala de estar/ sala de jantar.” A mesa de que fala Jorge serve apenas para quatro pessoas, mas é ideal para aqueles dias onde há menos paciência para preparar tudo na outra mesa.
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REPORTAGEM
Do lado oposto à banca e aos armários estão os fornos e os microondas desta cozinha que prima primeiro pela eficiência e só depois pela beleza e luxo.
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REPORTAGEM
As luzes iluminam na direcção do tecto branco que irradia a luz recebida de forma muito subtil.
detalhes À medida que visitávamos a casa ficamos sempre com uma óptima opinião dos detalhes que podem passar despercebidos aos olhos de uns, mas que na óptica de outros dão o toque final sublime aos apartamentos. Com uma pequena vista dos pormenores, conseguimos ver que a forma como a iluminação é pensada e a forma como os armários são colocados na casa têm sempre por base um estudo. Falando nas luzes por exemplo, como podemos ver na imagem acima apresentada, a lâmpada está virada para o tecto para que este tenha uma acção de reflector. Ainda nas lâmpadas e no sector da iluminação, as tomadas são inteligentes e há a hipótese de escolher a percentagem de luz que se deseja, poupando deste modo também a factura ao fim do mês e o meio ambiente. Os armários destes apartamentos são embutidos na parede, dando a sensação que ocupam menos espaço. Só este simples facto levava-nos a pensar que não estávamos num T2, mas a verdade é que estávamos mesmo.
A madeira escura do chão contrastava sempre com o tom claro de todo o apartamento e com a madeira das camas por exemplo. Importada do Brasil a madeira de secupira foi e continua a ser muito famosa em Portugal. Toda a física já existente por todo o edifício Flex aliada a uma decoração colorida é o que basta para dar a estas moradias um toque juvenil, colorido e pleno de vida. Jorge Mourão, sempre que nos mostrava qualquer coisa fazia-o com gosto, e é certo que parte desse gosto em mostrar-nos o Flex é culpa do próprio espaço. A metodologia low cost seguida pelos arquitectos gémeos fez com que os materiais mais modestos em comunhão com um design pensado e eficiente criassem um conceito de “barato e muito bom”. Certamente não é por acaso que todos os apartamentos deste edifício estavam completamente vendidos ainda antes da conclusão das obras. Da parte da arkhitekh foi um gosto poder estar neste projecto, desenhado, idealizado e construído por portugueses na cidade de Braga. uiçá um dia haja mais Flex’s por aí pois a procura foi enorme.
Q
A madeira escura vem do Brasil, secupira negra
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REPORTAGEM
Sucessor de sucesso
Prevendo o êxito do Flex Project em Gualtar, CCaldas e JGomes rapidamente acordaram a construção de um novo Flex. Flex Living em Merelim, Braga.
D
os mesmos criadores do Flex Project em Gualtar, Braga, rapidamente surge outra ideia dentro do mesmo conceito: low cost mas com requinte. Este Flex, de nome, Flex Living, na mesma cidade de Braga, na freguesia de S. Paio de Merelim é mais uma construção com materiais baratos mas que cumprem exemplarmente a sua função e criando uma atmosfera bela e aprazível. Este Flex Living, ao contrário do seu parente de Gualtar é um conjunto de casas geminadas com três pisos. Se alguém pensava que era complicado criar algo mais inovador que o Flex já existente engane-se. Há algumas particularidades interessantes nesta nova aposta de entre as quais destacamos a interactividade entre os pisos, o espaço envolvente, e o sentimento. Quando falo de interactividade entre os pisos refirome às escadas que passando do último para o primeiro andar atravessam a cozinha. Há duas escadas nas vivendas, não havendo uma que passa pelos três pisos. Como a própria física e nome da casa o “dizem”, vivenda, normalmente conta com um bonito espaço envolvente e neste caso também podemos ver isso mesmo. Jardins exteriores com muitas flores e relva que de certa forma sobressaem da cor escura do edifício havendo novamente o jogo do contraste. 24 | arkhitekh | #45 | JUNHO 2010
Por último, e isto é uma opinião minha, o sentimento que este Flex me desperta é bem mais superior ao Flex que foi abordado nas páginas anteriores. Este novo membro da família, apesar de ser completamente negro e de poder dar a sensação de edifício sem personalidade, ao abrir as portas do mesmo reparamos que é apenas uma má impressão. Os verdes da região aliados aos verdes da decoração interior criam um sentimento de nostalgia e de paz. Também não vemos um vermelhão, mas sim um enorme negro seguindo a lógica do primeiro edifício com esta filosofia: é possível criar e decorar apenas com uma cor. Aquando desta edição da arkhitekh o Andar Modelo estava perto de ser finalizado e o grupo CCaldas ia começar a promoção do mesmo. Mas antes de tudo e de todos, a nossa revista foi convidada, em sequência da reportagem que viu nas páginas anteriores a visitar as o andar modelo para que pudéssemos mostra-lo também ao mundo. A partir do próximo mês estão abertas as portas para as visitas ao Flex Living. Entre em contacto com o Grupo CCaldas para saber horários e pormenores acerca destas vivendas low cost. A família Flex está a crescer.
PATRIMÓNIO
O pequeno mundo da Vodafone no Porto
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hamado de Oporto Vodafone Building, a construção tem oito pisos, três deles estão no subsolo. O edifício é uma casca de betão de formas irregulares, formando uma espécie de mosaico que brinca com a forma aguda dos vidros tornando-se uma peça única e formidável de arte. “Em Julho de 2006, quando fomos convidados para a nova competição através dos media, da rádio, da televisão e dos jornais pudemos observar o seguinte slogan: “VODAFONE LIFE, LIFE EM MOTION”, que pode ser traduzido em algo como “Vida da Vodafone? Vida com Movimento”. Esta frase reflecte a atitude e a filosofia da Vodafone.” Barbosa & Guimarães Acreditamos que o novo edifício devia transmitir essa mesma ideia, adoptando uma imagem dinâmica transmitindo a sensação de movimento ao mesmo tempo que desafiava a estática. Procurar a inspiração na pintura, escultura, fotografia, a arte já passou por este dilema, o prédio, projectado geralmente linear, começa a tornar-se um corpo irregular, fora de equilíbrio, com muitos rostos em movi28 | arkhitekh | #45 | JUNHO 2010
Arquitectos: Barbosa & Guimarães Localização: Porto, Portugal Cliente: Vodafone Estrutura: Alfaconsult/Carlos Quinaz Sistema Eléctrico: RGA/Luís Fernandes Mecânica: RGA/Pedro Albuquerque Contratante: Teixeira Duarte Gestão da Construção: Pedro Coelho Ano do Projecto: 2006-2008 Ano de Construção: 2007/2009 Fotografias: FG+SG - Fernando e Sérgio Guerra mento. A formalização deste conceito é baseada no concreto, que através da sua plasticidade, permite criar formas irregulares e de forma livre, trabalhando tanto como uma solução estrutural e aparência exterior, criando uma forma única, um prédio monolítico, a realização da coesão e da unidade do conjunto. A complexidade técnica do edifício, leva a uma solução
REPORTAGEM
estrutural, uma concha de betão, como um ovo, redução do apoio interno para as duas escadas e três pilares centrais, permitindo uma grande versatilidade na sua utilização do espaço interior. No piso zero, para além de um auditório, há uma loja de frente para a Avenida da Boavista, o refeitório e o acesso aos escritórios. Nos quatro pisos dos escritórios de trabalho há um espaço aberto, é um terraço. No subsolo, os pisos -3 e -2 servem como parque de estacionamento e o piso -1 é ocupado por áreas técnicas e salas de treino.
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PATRIMÓNIO
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PATRIMÓNIO
Pelo prazer de chutar
Arquitecto: Guilherme Vaz Localização: Custóias, Matosinhos, Portugal Cliente: Câmara Municipal de Matosinhos Engenharia Civil: A400 Engenharia Design Gráfico: Ezzo design Custo: 1,500,000 euros Ano do Projecto: 2006-2008 Ano de Construção: 2008-2009 Fotografia: Leonardo Finotti
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ste projecto tenta harmonizar as elevações naturais do terreno com o terreno de jogo sempre super nivelado com nove mil metros quadrados. A melhor solução foi colocar esta plataforma num nível intermédio, possibilitando a criação de um piso por baixo do relvado sintético, onde se localizavam todas as instalações do Custóias Futebol Clube, deixando deste modo um espaço amplo no exterior para a criação um jardim que delimita a área de construção. A cor foi utilizada como uma tentativa para alcançar aquela plasticidade e aquele carácter que reforçam a ideia de massa, uma massa de materiais pesados, que era quase esculpida por uma faca. Esta massa estática é o cenário onde os jogadores se movem com uma dinâmica excelente.
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PATRIMÓNIO
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PATRIMÓNIO
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PATRIMÓNIO
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DECORAÇÃO
Pinte sem pintar com simuladores de cor Q
uantas vezes já lhe aconteceu tentar imaginar a parede do seu quarto ou da sua sala noutra cor? Tem o desejo antigo de pintar, mas não sabe como será o efeito especial e os desejos morrem por ai… é-lhe familiar esta história? Para isso existem os simuladores de cor online. Tem apenas de fazer o upload de uma fotografia do espaço que quer pintar e simular com cores diferentes, diferentes resultados e depois tomar a sua decisão final. Pintar nunca foi tão fácil. A seguir mostramos aqueles que na nossa opinião são os melhores simuladores que podemos encontrar na Internet. Confira a lista.
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DECORAÇÃO
1# colorjive
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imples e prático, o Colorjive nem requer o registo do utilizador para começar a personalizar. Pode começar de imediato a testar uma enorme variedade de cores de tintas, nas suas fotografias pessoais ou então nas fotografias já existentes que o site disponibiliza. Com milhares de tonalidades disponíveis pode criar um sem fim de ambientes até chegar à cor que procura. Depois é só adquirir a tinta na tonalidade escolhida, pintar e admirar o resultado final.
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DECORAÇÃO
2# behr
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BEHR disponibiliza um dos mais completos simuladores de cores que existem na internet, sendo aquele que apresenta resultados finais mais realistas. O processo é igual a todos os outros simuladores: fazer o registo, efectuar o upload da fotografia do seu espaço e começar a pintar virtualmente a sua divisão. Com um vasto leque de cores por onde escolher, o BEHR permite a pesquisa através do nome ou número da tinta e apresenta, automaticamente, outras cores que combinam com a tinta por si escolhida. Para os indecisos, há também uma biblioteca enorme de inspiração para que se deixe influenciar. Boas influências claro.
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DECORAÇÃO
3# cin
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a língua de Camões também há variedade nos simuladores de cor online. O ponto de partida é o site da CIN, conceituada marca de tintas em território nacional. O simulador “Pinte antes de Pintar” é prático e intuitivo, permitindo criar projectos com base em fotografias pessoais ou simulando com as fotografias da galeria da CIN. Depois de experimentadas e testadas as milhares de cores do catálogo pode calcular ainda as áreas a pintar de forma a determinar a quantidade de tinta necessária para o projecto. No final, é criada uma folha de obra com todos os detalhes pormenorizados referentes ao espaço a pintar. E o melhor de tudo? Não gasta nem uma pinga de tinta.
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DECORAÇÃO
4# barbot
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ontinuando na onda de simuladores portugueses, a Barbot, apesar de não poder fazer o upload de fotografias, este simulador de cor das tintas Barbot apresenta imagens com seis espaços modelo (exterior, sala, quarto, quarto de criança, cozinha e casa de banho) onde é possível fazer experiências coloridas nas paredes, nos tectos, nos pilares e até nos azulejos. Apesar de ser rápido e prático e de incluir também a opção de calculadora de tinta, a quantidade de cores disponibilizada é pequena. Mesmo assim, quem pretende uma visualização rápida e em poucos passos este é o simulador indicado.
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DECORAÇÃO
5# robbialac Considerado o simulador de cor mais básico de todos os que apresentamos aqui, o site de tintas Robbialac disponibiliza apenas quatro ambientes (duas salas, um quarto e um quarto infantil) para testar cores nas paredes e até nos têxteis para o lar, como os tapetes ou os lençóis e edredões. Com inúmeras cores disponíveis, a simplicidade desta ferramenta pode agradar a uns, mas não ser suficiente para outros.
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IDEIAS
Inspire-se comAlf da Fre
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e o leitor admira o moderno design de interiores italianos, certamente já ouviu falar de um nome, ou melhor, de três sílabas: Alf da Fre, uma marca importante nesta vertente do design. A ARKhitekh esteve em Itália, mais precisamente na cidade de Milão, onde na semana da Moda foi convidada pela marca italiana de decoração Alf Da Fre para presenciar as suas mais recentes criações. É com enorme gosto que nesta edição mostramos algumas das ideias
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IDEIAS
da marca, com um design minimalista e contemporâneo na forma de “vestir” a casa por dentro. Estas imagens em particular são salas de estar bem diferentes, cada uma com a sua personalidade, incrivelmente conseguida pela Alf da Fre. A redação da ARKhitekh ficou impressionada com o uso fantástico das
cores que se sobressaem dos interiores mas mantendo uma enorme subtileza. Quer seja pelas cores ou pelo preto e branco, a marca italiana surpreende sempre. Há também algumas salas de estar decoradas apenas a preto e branco, para os adeptos desta vertente.
Alguns detalhes são mesmo espectaculares como as almofadas pensadas para as pessoas se sentarem, as lâmpadas originais e sem dúvida uma série de objectos decorativos que certamente irão despertar o interesse de qualquer pessoa que passe por esta página. Qual destas salas prefere?
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IDEIAS
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IDEIAS
Estar na sala de estar D
epois de Itália com as ideias da marca Alf Da Fre decidimos aprofundar o tema das salas de estar. Nas próximas páginas temos várias ideias diferentes para a sua sala de estar. A sala de estar é o lugar mais popular numa casa. Quer seja para entreter os seus convidados, ou para reunir a família no final do dia de cada um, para relaxar após uma semana cansativa de trabalho ou apenas para se divertir a ver um programa de televisão, faz tudo isso na sala de estar! Estamos certos, não estamos? Em muitos dos casos, esta divisão da casa é a principal, pois é de onde nascem as outras divisões e é onde há uma enorme actividade. Estas são algumas das razões porque esta divisão deve
ser bem decorada e tornada numa atmosfera amigável para assegurar o conforto de todos. Quando é planeado o design de uma sala de estar o primeiro e mais importante factor é o propósito da divisão. Uma coisa a nunca esquecer quando se planeia uma sala de estar é que quem se deve sentir mais confortável é o leitor, gostando do estilo que o rodeia pois de todas as pessoas no mundo, provavelmente é a pessoa que mais tempo vai passar nessa mesma divisão. Finalmente, e depois das sempre úteis dicas, mostramos algumas salas de estar com as suas decorações e ideias que esperamos que ajudem a dar o toque de estilo que falta na sua sala de estar, fazendo-a o lugar mais importante da sua casa. Boas decorações!
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IDEIAS
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IDEIAS
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IDEIAS
E ver o mar tão perto
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er uma fachada da sua casa virada para a praia é uma característica desejada por muitas pessoas porque é entendida como uma comodidade rara e apenas para algumas pessoas. Nem todos podemos ter o privilégio de ter uma casa ou uma propriedade que esteja pertinho da praia pois este tipo de moradias é caro e limitado. Passando ao lado dessas condicionantes de peso, casa com uma vista panorâmica do oceano continua a ser um dos melhores investimentos que qualquer pessoa pode fazer. A propriedade retém quase sempre o seu valor e raramente é afectada pela recessão ou por outros factores económicos. Praia é Praia, Mar é Mar! A crise recente é mais um entrave para a compra deste tipo de imóveis. Mas neste artigo não queremos de forma alguma incentivar o leitor a comprar uma casa com vista para o mar; o que gostaríamos
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IDEIAS
era de mostrar uma série de quartos que nos dão uma bela visão panorâmica do oceano, do céu azul-claro e das praias tropicais de areia e água clara. Algumas pessoas são sortudas o suficiente para viver junto ao oceano e maravilharem-se com a beleza circundante, mas para aqueles que apenas sonham e não podem ter este privilégio, a arkhitekh ajuda-o a estar mais perto da realidade, nem que seja apenas com os olhos. Esta é a nossa selecção de quartos com as fantásticas vistas sobre o oceano. Respire!
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IDEIAS
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IDEIAS
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ARMAZÉM
chapütschin
& gion
Esta peça, de nome Chapütschin, foi desenhada pela equipa checa Pour les Aples. Uma mini jardim orgânico misturado com a contemporaneidade geométrica dos tempos actuais. Um canteiro que salta do vulgar pois faz uso das linhas geométricas irregulares para tirar partido de um material oferecido pela Natureza: a madeira A Gion, segue a mesma dinâmica que a peça anterior sendo mais um belo exemplo de como a geometria irregular pode criar resultados finais inovadores e arrojados.
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ARMAZÉM
wall press O Studio Manzano, através dos designers Jérôme Groove e Johann Aumaitre, dá-nos a solução ideal para guardar trinta revistas na parede. Esta peça, de nome “Wall Press”. Como grande parte das criações do grupo, esta peça é “apenas um pedaço de uma folha de aço cortada de uma forma arrojada e dobrada para formar uma forma”.
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ARMAZÉM
tostadeira transparente Quantas e quantas vezes deixamos queimar as nossas tostas e torradas de manhã? As não práticas torradeiras vulgares não nos deixam ver o petisco que estamos a cozinhar e o inevitável é comer qualquer coisa com um sabor mais para o queimado. Esta fantástica ideia do estúdio Inventables Concept Studio, permite-nos acompanhar em directo o progresso do nosso pequeno-almoço, ou do lanche, impedindo que este fica mais escuro que o desejado. Este é um excelente conceito especialmente para todos aqueles que queimam as suas tostas, como eu.
world clock O que têm em comum os seguintes lugares: Anchorage, Hawaii, Amesterdão, Londres, Açores, Rio de Janeiro. Buenos Aires, Santiago, Nova Iorque, Chicago, Denver, Los Angeles, Moscovo, Jerusalém, Samoa, Wellington, Noumea, Sidnei, Tóquio, Hong Kong, Jakarta, Dhaka, Kabul e Abu Dhabi? Se pensa que nada, então está enganado. Estes vinte e quatro locais estão separados por uma hora de diferença. E se pensa que eram precisos vinte e quatro relógios diferentes para saber a hora de cada local, engana-se também. O World Clock, produzido na Holanda, é ideal para quem viaja muito e faz chamadas para várias partes do globo. Os vinte e quatro lados deste relógio representam os vinte e quatro fusos horários da Terra. Para saber que horas são basta rodar o relógio e saberá a hora da cidade do topo. À venda na MoMa store.
:: Restaurante Rocha Azul - Areal Praia dos Três Castelos - Praia da Rocha - Algarve - Portugal :: 54 | arkhitekh | #45 | JUNHO 2010
IDEIAS
Rua Ramalho Eanes Nº 789
Os números das portas são apenas para ajudar as outras pessoas e o carteiro a encontrar a sua casa, certo? Isso não significa que eles tenham de ser feios. Há para todos os
gostos e uma grande variedade de tipos de letra que remontam para outras épocas ou plenos de modernismo. Há também exemplos interessantes e diferentes, como é
exemplo o painel que usa luz solar para iluminar os números durante a noite. Abaixo confira alguns exemplos de como pode localizar a sua casa, com estilo!
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